Temas Selecionados TS-001 (180) TRATAMENTO DA INFECÇÃO CRÔNICA PELO GENÓTIPO 1 DO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV-1) COM PEG-INTERFERON E RIBAVIRINA (PEG+RBV): A COORTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ALMEIDA PRL, MATTOS AA, ZANIN P, AMARAL KM, FELTRIN AA, TOVO CV, PICON PD Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES-RS); Curso de Pós-Graduação em Hepatologia da FFFCMPA; Hosp Fundamento: A literatura é escassa no que diz respeito a trabalhos fora do contexto dos ensaios clínicos e, por conseqüência, destituídos do viés de seleção que os caracteriza. Objetivos: Avaliar a resposta sustentada (RS) ao tratamento de pacientes com hepatite crônica pelo HCV-1 no programa do Ministério da Saúde. Métodos: Estudo de coorte misto, sendo analisados os tratamentos de pacientes com HCV-1 com PEG+RBV por 48 semanas. Não havendo a resposta virológica precoce (RVP) o tratamento era interrompido. Foram avaliados fatores preditivos de RS (sexo, idade, IMC, grau de fibrose, carga viral e assistência médica privada) através de análise de regressão logística (ARL). O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: A coorte constituiu-se de 323 indivíduos, a média de idade foi 51,1 ± 10,1 anos. O IMC médio foi de 26,8 ± 4,4kg/m2. A carga viral mediana foi de 645.000UI/ml, sendo que 57% da população apresentava alta carga viral. Houve elevado percentual de pacientes com fibrose avançada (43,6% com F3 e 30,3% com F4). O tratamento foi interrompido em 33 (10,2%) pacientes por efeitos adversos e em 75 (23,2%) devido à ausência de RVP. Completaram as 48 semanas de tratamento 215 (66,6%) pacientes, dos quais 114 (35,3%) com RS por intenção de tratamento. Na ARL, foram preditivos de RS os fatores relacionados à menor idade, fibrose avançada e carga viral menor de 600.000UI/ml. Fator Sexo feminino Idade até 40 anos IMC (kg/m2) até 25 25,1 a 30,0 > 30,0 Instituição privada Fibrose F1 + F2 F3 F4 Carga viral < 600.000 N RS no % p 143 54 53 29 37,1 53,7 0,33 0,03 100 167 56 163 30 65 19 61 30,0 38.9 33,9 37,4 0,09 0,77 0,97 82 137 95 184 43 49 18 57 52,4 35,8 18,9 31,0 0,02 < 0,01 0,03 Conclusões: O tratamento com PEG+RBV em pacientes portadores de hepatite crônica pelo HCV-1, no contexto de programa de saúde pública, não reproduz as taxas obtidas nos grandes ensaios clínicos, na medida que trata-se de população não selecionada e, por conseqüência, mais freqüentemente portadora de fatores preditivos de má resposta. TS-002 (530) YKL-40 E ÁCIDO HIALURÔNICO COMO MARCADORES NÃO-INVASIVOS DE FIBROSE HEPÁTICA EM TRANSPLANTADOS RENAIS COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO HCV aqueles com E > = 2, foram encontradas maiores prevalências de diabetes mellitus (43% vs. 16%, P = 0,030) e de APP > = 2 (85% vs. 28%, P < 0,001). Apesar de não ter alcançado diferença estatística, foram observadas maiores médias de YKL-40 entre os pacientes com E > = 2 (292+/-163ng/dL vs. 233+/-154ng/dL, P = 0,198). Níveis significativamente mais elevados de AH foram encontrados naqueles com E > = 2 (medianas de 108ng/dL vs. 37ng/dL, P = 0,002). As áreas sob as curvas ROC foram: YKL-40 = 0,615 e AH = 0,765. Para o ponto de corte inferior, a sensibilidade, a especificidade, o VPP, o VPN e a acurácia foram, respectivamente: YKL-40 < = 105: 93%, 32%, 21%, 96% e 42%; AH < = 27: 93%, 32%, 21%, 96% e 42%. Para o ponto de corte superior, a sensibilidade, a especificidade, o VPP, o VPN e a acurácia foram, respectivamente: YKL-40 > = 418: 29%, 87%, 31%, 86% e 78%; AH > = 120: 50%, 85%, 39%, 90% e 80%. Restringindo-se a indicação de biópsia hepática aos indivíduos com valores intermediários de cada marcador, esta poderia ser corretamente evitada em 32% com o YKL-40 e 35% com o AH. Conclusões: O YKL-40 e o AH são marcadores não-invasivos promissores de fibrose hepática em transplantados renais com infecção crônica pelo HCV. TS-003 (532) TX-3: MODELO PREDITIVO DE FIBROSE HEPÁTICA AVANÇADA EM TRANSPLANTADOS RENAIS COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO HCV SCHIAVON LL, CARVALHO FILHO RJ, NARCISO-SHIAVON JL, BARBOSA DV, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, SP Fundamentos: Transplantados renais possuem prevalência elevada de infecção pelo HCV. A evolução e o manejo terapêutico desta população são controversos. A invasividade e as variabilidades de amostra e interpretação inerentes à biópsia hepática limitam sua indicação rotineira na avaliação destes indivíduos. Nosso objetivo foi identificar marcadores não-invasivos de fibrose hepática em transplantados renais com HCV. Métodos: Estudo transversal que incluiu transplantados renais com HCV-RNA (+) e biópsia hepática avaliada segundo critérios da SBP/SBH. Análises uni e multivariada foram usadas para identificar os fatores associados à presença de fibrose significativa (estadiamento > = 2). O desempenho diagnóstico das variáveis incluídas no modelo final foi avaliado por curvas ROC. Resultados: Foram incluídos 102 pacientes, sendo 60% homens. A média de idade foi 44,1+/-9,4 anos. O tempo médio de transplante foi de 6,7+/-4,8 anos. Fibrose significativa foi identificada em 20 pacientes (20%). A análise de regressão logística identificou o tempo de transplante (OR 1,226, IC95% 1,073–1,402, P = 0,003), o nível de AST (OR 2,123, IC95% 1,253–3,598, P = 0,005) e o número de plaquetas (OR 0,990, IC95% 0,981–0,999, P = 0,048) como variáveis independentemente associadas à fibrose significativa. A fórmula de regressão resultante foi: Escore de Risco = [0,204 x Tempo de Tx (anos)] + [0,753 x AST (xLSN)] – (0,010 x Plaquetas/1.000) – 2,442. A área sob a curva ROC (AUROC) para este modelo foi 0,869+/-0,081. Baseando-se na fórmula da regressão, um modelo simplificado foi proposto: TX-3 = [Tempo de Tx(anos) x AST(xLSN)]/Plaquetas(x100.000). A AUROC para o novo modelo foi 0,867+/-0,081. Para o ponto de corte inferior (< = 4,0), a sensibilidade, a especificidade, o VPP, o VPN e a acurácia foram, respectivamente: 90%, 70%, 42%, 97% e 74%. Para o ponto de corte superior (> 9,6), a sensibilidade, a especificidade, o VPP, o VPN e a acurácia foram, respectivamente: 60%, 94%, 71%, 91% e 87%. A proporção de classificações incorretas foi de apenas 9%. Restringindose a indicação de biópsia aos pacientes com valores intermediários, esta poderia ser corretamente evitada em 68% dos casos. Conclusões: Um índice de fácil aplicação, criado a partir de variáveis simples como tempo de Tx, nível de AST e número de plaquetas podem sugerir a presença de fibrose hepática significativa em transplantados renais com infecção crônica pelo HCV. SCHIAVON LL, NARCISO-SHIAVON JL, CARVALHO FILHO RJ, LANZONI VP, SILVA AEB, FERRAZ MLG Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, SP Fundamentos: Transplantados renais possuem prevalência elevada de infecção pelo HCV. A história natural e o manejo terapêutico desta população são controversos. A invasividade e as variabilidades de amostra e interpretação inerentes à biópsia hepática limitam sua indicação rotineira na avaliação destes indivíduos. Nosso objetivo foi avaliar o desempenho do YKL-40 e do ácido hialurônico (AH) como marcadores não-invasivos de fibrose hepática em transplantados renais com infecção crônica pelo HCV. Métodos: Estudo transversal que incluiu transplantados renais com HCVRNA (+) e biópsia hepática avaliada segundo critérios da SBP/SBH. Análise univariada foi usada para identificar fatores associados à presença de fibrose significativa (E > = 2). O desempenho diagnóstico do YKL-40 e do AH e os seus melhores pontos de corte foram avaliados por curvas ROC. Resultados: Foram incluídos 85 pacientes, sendo 60% homens. A média de idade foi 44,9+/-9,4 anos. O tempo médio de transplante foi de 6,5+/-4,9 anos. Fibrose significativa foi identificada em 14/85 pacientes (17%). À análise univariada, o achado de E > = 2 foi associado a maior média de idade (48,6+/-5,1 anos vs. 44,2+/-10,0 anos, P = 0,020) e a maior tempo de transplante (10,1+/-5,4 anos vs. 5,7+/-4,5 anos, P = 0,002). Além disso, entre GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 TS-004 (384) TRATAMENTO DA HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS C (HCV) EM COINFECTADOS PELO HIV COM O ESQUEMA DE INTERFERON ALFA-2 α ) E RIBAVIRINA: RESULTADOS DE ESTUDO MULTICÊNTRICO (IFN-α NACIONAL BRANDÃO-MELLO CE1,2, AMENDOLA PIRES MM1, RIGO JFO3, PAVAN MH4, TOVO CV3, GONÇALES JR F4, COELHO HSM2, MATTOS AA3 1 Ambulatório de Doenças do Fígado (UNIRIO); 2 - Serviço de Hepatologia (UFRJ) 3 – Curso de Pós-Graduação em Hepatologia - FFFCM d Fundamentos: A imunodeficiência induzida pelo HIV parece acelerar o curso da infecção pelo vírus HCV e é habitualmente acompanhada de rápida progressão para cirrose e insuficiência hepática. O tratamento com interferon-α (IFN-α) e ribavirina (RBV) é acompanhado, principalmente naqueles com títulos de CD4 > 350 céls/ mm3, de resposta virológica sustentada (RVS) entre 12-20%. Objetivo: Avaliar a RVS ao tratamento com IFN-α2 e RBV para co-infectados pelos vírus HCV-HIV em 3 centros de referência nacionais. Pacientes e métodos: No período compreendido S1 entre Junho 2001- 2004 foram tratados co-infectados HCV - HIV, entre 16 e 65 anos, com IFN-α2 (3.0 milhões UI/3 x sem.) e RBV (1-1.2 gr/dia) por 6 a 12 meses, que preenchessem os seguintes critérios de inclusão: a) infecção pelo HCV comprovada pela presença do HCV-RNA por PCR; atividade de doença avaliada pelos níveis séricos de ALT (> de 1,5 x o LSN) e por biópsia hepática. b) infecção pelo HIV confirmada por anti-HIV positivo (Elisa, W.Blot). A genotipagem do HCV foi realizada por técnica de seqüenciamento. Foram considerados para fins de tratamento aqueles pacientes com CD4 > 200 céls/mm3 e infecção HIV e HCV compensada. Resultados: 178 pacientes preencheram os critérios para o tratamento. A média de idade foi 42,4 anos, sendo que 79% eram do sexo masculino e 65% com genótipo 1. A média de títulos de CD4 variou entre 459 a 529 céls/mm3 e a grande maioria dos pacientes encontrava-se em uso de TARV (85%). Dos 178 pacientes, 163 foram biopsiados, sendo que 48% exibiam fibrose em pontes ou cirrose. A RVS por ITT foi 19.6%, sendo respectivamente de 12%, 27% e 23% nas cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre e Campinas, sendo de 10% para os co-infectados pelo Gen.1 e de 33% para os com Gen.3. Conclusão: Os índices de RVS obtidos com IFN-α e RBV foram similares aos encontrados nos estudos internacionais (12-20%) e justificam, portanto, a procura por outros esquemas que ofereçam melhores taxas de RVS. TS-005 (476) INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV) E O CONTEXTO DA PRIMEIRA INJEÇÃO DE DROGAS ILÍCITAS E PRÁTICAS CORRENTES DE INJEÇÃO OLIVEIRA MLA, HACKER M, OLIVEIRA SAN, DO Ó KR, YOSHIDA CFT, TELLES P, BASTOS FI Fundação Oswaldo Cruz e Universidade do Estado do Rio de Janeiro Usuários de drogas injetáveis (UDIs) desempenham papel chave na epidemiologia da infecção pelo HCV. Alguns autores sugerem que circunstâncias e comportamentos da primeira injeção de drogas são cruciais e provavelmente se reproduzam ao longo da "carreira" de injeção de drogas. Contudo, este enfoque tem sido escasso na literatura ao redor do mundo e ausente no Brasil. O contexto e o comportamento na primeira injeção de drogas e sua relação com práticas de injeção subseqüentes, assim como a associação destes comportamentos com a infecção pelo HCV entre injetadores recentes foram investigadas. A prevalência e o s fatores preditores de infecção pelo HCV entre UDIs foi também explorada. UDIs (n = 606) foram recrutados em "cenas" de uso de drogas do Rio de Janeiro, entrevistados e testados para infecção pelo HCV. Análises descritivas de variáveis sociodemográficas e comportamentais da primeira e da mais recente injeção (últimos 6 meses) foram levantadas. Tabelas de contingência foram empregadas para investigar associações entre variáveis de primeira injeção e comportamento de injeção de UDIs ativos (n = 272) e infecção pelo HCV entre jovens injetadores (n = 292). Teste de McNemar foi utilizado para explorar mudanças no compartilhamento de seringas/agulhas entre a primeira e a mais recente injeção. Regressões logísticas múltiplas foram realizadas para identificação de fatores preditivos da infecção pelo HCV (UDIs ativos). O compartilhamento de agulhas foi mais prevalente na primeira injeção (51.3%) do que na entrevista inicial (36.8%). Aqueles que compartilharam seringas/agulhas na primeira injeção mostraram-se ainda engajados em práticas diretas ou indiretas de compartilhamento. Entre injetadores jovens (< 30 anos), aqueles que reportaram compartilhamento na primeira injeção apresentaram-se com chance 4 vezes maior de infecção pelo HCV. Um declínio na prevalência do HCV foi observada entre UDIs ativos (11%), considerando um estudo prévio da mesma população (1994-1997). História de prisão e maior duração do uso injetável de drogas foram identificados como fatores preditivos independentes para a infecção pelo HCV. Para bloqueio efetivo da transmissão do HCV, políticas de prevenção devem ser focadas às necessidades dos indivíduos no início do uso injetável, desde a sua primeira injeção até o desencorajamento da transição de rotas nãoinjetáveis para auto-injeção de drogas ilícitas. TS-006 (557) freqüentes entre os idosos (35% vs. 9%, P < 0,001 e 9% vs. 1%, P = 0,004, respectivamente). Dentre as citopenias, Hb < 10g/dL (46% vs. 19%, P < 0,001) e neutropenia < 750/mm3 (31% vs. 14%, P = 0,002) foram mais comuns entre os idosos. Os idosos também apresentaram maior incidência de tonturas (20% vs. 11%, P = 0,050) e de diarréia (26% vs. 12%, P = 0,009). Quanto aos efeitos psiquiátricos, observouse menor freqüência de irritabilidade nos idosos (13% vs. 25%, P = 0,041), não havendo diferença em relação à incidência de depressão (22% vs. 28%, P = 0,330). Da mesma forma, não foi identificada maior de incidência de infecções em idosos (18% vs. 13%, P = 0,255). As taxas de RVS em idosos e nos jovens foram semelhantes (71% vs. 60% P = 0,112). Conclusões: Indivíduos > = 60 anos apresentam maior incidência de vários efeitos colaterais associados à terapia combinada IFN + RBV, particularmente anemia e neutropenia significativas, as quais comumente necessitam de redução e/ou interrupção dos antivirais. Entretanto, a maior gravidade das lesões histológicas e a probabilidade significativa de RVS sustentam a indicação de tratamento neste subgrupo de portadores de hepatite C crônica. TS-007 (120) IMPORTÂNCIA DA ULTRA-SONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA BOENTE LA, MATTEONI LA, LEAL RA, CAMPOS FD, SOARES D, ARAÚJO C, D’ALMEIDA F, ATHAYDE ACM, COTRIM HP Faculdade de Medicina – Universidade Federal da Bahia Fundamentos: A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) está relacionada a múltiplos fatores, elevada freqüência e amplo espectro, que inclui esteatose, esteatohepatite e cirrose. A esteatose é considerada sua forma de melhor prognóstico, mas com potencial evolutivo. A DHGNA é em geral assintomática e a ultra-sonografia de abdômen (USA) é um dos principais métodos diagnóstico. Objetivos: Avaliar a prevalência de esteatose hepática em ultra-sonografias de abdômen em uma amostra da população; determinar a freqüência da DHGNA nestes indivíduos. Métodos: Estudo retrospectivo avaliou resultados de USA realizados entre agosto de 2004 a julho de 2005 em um serviço de referência em diagnósticos por imagem em Salvador-Bahia. Das USA realizadas foram selecionados casos com diagnóstico de esteatose hepática, consultados prontuários clínicos dos pacientes, e preenchido um questionário previamente preparado. A esteatose foi graduada como leve, moderada, intensa, difusa ou focal. Critérios diagnósticos para DHGNA: ausência de etilismo, presença de fatores de risco, e exclusão de outras causas de doença hepática. Resultados: De 11.474 USA realizadas, 18,05% (568) tiveram diagnóstico de EH. A esteatose foi classificada como grau leve em 61,6%, moderada em 27,1% e intensa em 4,9. Dados clínicos foram obtidos de 185 dos 568 (32,57%) casos de EH, que apresentavam uma média de idade de 55,9 anos. Destes, 65,4% (121) apresentavam critérios para DHGNA, 9,2% (17) relatavam história de consumo alcoólico de moderada a grande, e em 25,4% (47) o consumo alcoólico não foi documentado. Dos indivíduos com critérios para DHGNA, 56,2% eram do gênero masculino com idade média de 56,46. O IMC médio foi de 31,8kg/m². Destes, obesidade ou sobrepeso esteve presente em 45,5% dos casos, dislipidemia em 42,2%, diabetes mellitus ou intolerância a glicose em 15,7%, e hipertensão arterial em 41,2%. A glicemia média dos pacientes foi de 101,41; a média do colesterol total foi de 227, 17, do HDL foi de 46, 87, e o LDL foi de 144,36mg/dl. AST estava aumentada em 12,5% (8). ALT estava aumentada em 23,1% (15). Conclusões: O estudo mostra elevada freqüência da DHGNA entre os indivíduos com diagnóstico de esteatose em ultra-sonografias de abdômen. Mostra também que obesidade, diabetes e hiperlipidemia foram os fatores de risco importantes nestes casos, e corrobora com a hipótese de que a DHGNA é hoje uma das principais causas de doença hepática em todo o mundo. TS-008 (454) DOENÇA DE WILSON: ANÁLISE DO GENÓTIPO ATP7B E CORRELAÇÃO COM FENÓTIPO NUMA SÉRIE DE 95 CASOS TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA EM IDOSOS EVANGELISTA AS, BÜTTNER J, BARBOSA ER, PORTA G, MACHADO AAC, BOCHOW B, CARRILHO FJ, SCHMIDT HJ, CANÇADO ELR, DEGUTI MM PINHEIRO-ZAROS IM, NARCISO-SHIAVON JL, CARVALHO FILHO RJ, SCHIAVON LL, BARBOSA DV, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Departamentos de Gastroenterologia, Neurologia e Pediatria da FMUSP; Charité, campus Mitte, Univ Humboldt, Berlim, Alemanha Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina (UNIFESP) Fundamentos: A doença de Wilson (DW) caracteriza-se pelo acúmulo de cobre no organismo, lesando cérebro e fígado. Mais de 300 mutações no gene ATP7B já foram associadas à DW. Em nossa instituição, análise prévia de 58 casos-índice detectou 25 mutações distintas. Objetivo: Avaliar a associação entre genótipo e forma clínica de apresentação na DW. Casuística e métodos: Foram estudados 95 casos de DW, 83 dos quais casos-índice. Consideraram-se as formas de apresentação inicial: hepática (H), n = 34; neurológica (N), n = 39; assintomática (A), n = 21; bem como o principal órgão acometido (H ou N). Pesquisaram-se mutações no gene ATP7B por seqüenciamento direto dos 21 éxons e respectivas bordas intrônicas, em DNA leucocitário de sangue periférico. Para cálculo de freqüências alélicas, consideraram-se apenas os casos-índice. Resultados: Foram identificadas 38 mutações distintas. As mais freqüentes foram p.A1135fs (28,31%) e p.L708P (13,85%). A mutação p.H1069Q, que atinge freqüências superiores a 80% na Europa, ocorreu em apenas 4,81%. As demais mutações ocorreram em freqüências menores ou iguais a 4,21%. Os portadores de genótipo A1135fs homozigoto (n = 11) apresentaram inicialmente forma N em 55% (n = 6) e H em 45% (n = 5); os portadores de genótipo L708P homozigoto (n = 10) manifestaram inicialmente forma H em 30% (n = 3) e N em 40% (n = 4). O padrão N Fundamentos: Embora a progressão da fibrose hepática seja acelerada a partir da quinta década de vida, há poucos dados na literatura sobre a segurança e eficácia do tratamento da hepatite C crônica em idosos. Este estudo tem como objetivo, avaliar a eficácia e o perfil de segurança da terapia antiviral em pacientes idosos com hepatite C crônica. Métodos: Foram analisados pacientes tratados entre 1996 e 2006, exclusivamente no âmbito do SUS, com RBV associada ao IFN convencional (IFNc), Peg-IFN α-2a ou Peg-IFN α-2b, seguindo protocolo padronizado pelo nosso Serviço. Resultados: Foram incluídos 382 pacientes, sendo 56% homens. A média da idade foi 47,4 ± 11,2 anos. Quanto ao tipo de IFN, 201 (52%) receberam IFNc, 64 (17%) Peg-IFN 2a e 117 (31%) Peg-IFN 2b. Cinqüenta e cinco (14%) apresentavam idade > = 60 anos. Comparados aos pacientes mais jovens, os idosos apresentaram maiores prevalências do gênero feminino (61% vs. 27%, P < 0,001), de APP 3/4 (63% vs. 44%, P = 0,011) e de estadiamento 3/4 (50% vs. 36%, P = 0,053). Além disso, indivíduos > = 60 anos mostraram menor hemoglobina (Hb) basal (P < 0,001) e menor atividade de protrombina basal (P = 0,032). Durante o tratamento, necessidade de redução de dose da RBV e interrupção da terapia por citopenia foram mais S2 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 representou 41% (39/95) da casuística total. Conclusões: As duas mutações mais freqüentes representam apenas 42,26% dos alelos, e não determinam, por si só, a forma de apresentação clínica (H ou N). Outros genes que determinam a susceptibilidade ao depósito de cobre e fatores ambientais adicionais devem estar envolvidos na fisiopatogenia da DW. A peculiaridade dos genótipos dos brasileiros com DW e a baixa freqüência das mutações encontradas enfatizam a necessidade de se ampliar o número de casos estudados em nosso país. TS-011 (63) RELAÇÃO ENTRE A FUNÇÃO RENAL E A CONCENTRAÇÃO SÉRICA DE CREATININA EM PACIENTES COM CIRROSE. IMPORTÂNCIA PARA AVALIAÇÃO DO PROGNÓSTICO TERRA C, TORRE A, MARTÍN-LLAHÍ M, BACCARO ME, GUEVARA M, CALAHORRA B, RESTUCCIA T, ARROYO V, GINÈS P Hospital Clínic de Barcelona – Barcelona – Espanha TS-009 (513) ANÁLISE FENOTÍPICA E GENOTÍPICA DE PACIENTES COM HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA: RESULTADOS DE ESTUDO MULTICÊNTRICO NACIONAL COUTO CA, BITTENCOURT PL, VIEIRA CM, CANÇADO ELR, MARIN MLC, PALÁCIOS SA, COUTO OFM, FERRARI TCA, GOLDBERG AC, CARRILHO FJ Faculdade de Medicina da UFMG, Hospital Português de Salvador, Bahia e Faculdade de Medicina da USP Introdução: A hemocromatose hereditária (HH) é uma doença autossômica recessiva caracterizada por sobrecarga sistêmica de ferro responsável pelo desenvolvimento de cirrose hepática (CH), diabetes melito (DM), miocardiopatia (MCP), artrite e hiperpigmentação cutânea. No Brasil, 53% dos pacientes com HH apresentam homozigose para a mutação C282Y (C282Y+/+) ou heterozigose combinada para as mutações C282Y e H63D (C282Y+/H63D+) do gene HFE. Objetivos: Descrever as características clínicas e laboratoriais da HH nos pacientes brasileiros e correlacionar a expressão clínica da doença com o genótipo. Pacientes e métodos: Foram avaliados pacientes com HH provenientes de três centros nacionais de referência que aceitaram participar do estudo com diagnóstico baseado nos seguintes critérios: índice de saturação de transferrina (IST) > 45%, ferritina > 300µg/l e siderose graus III-IV. A pesquisa das mutações C282Y e H63D do HFE foi realizada por PCR-RFLP. Resultados: Trinta pacientes (27 homens, idade mediana de 49 [20-81] anos foram incluídos no estudo. Avaliação clínico-laboratorial revelou presença de CH, DM e MCP, respectivamente em 72%, 36% e 12%. As medianas do IST e ferritina foram, respectivamente, de 86 [36-100]% e 2228 [576-13170]µg/l. A presença de C282Y+/ + foi observada em 47% dos pacientes, enquanto que C282Y+/H63D+ foi apresentada por 10% dos casos. Comparação de variáveis clínicas e laboratoriais dos pacientes, com e sem C282Y+/+, revelou que os indivíduos com homozigose para C282Y exibiram níveis mais altos de ferro (350 vs. 185mg/ml nos pacientes sem C282Y+/+, p = 0,01) e ferritina (3091 vs. 1365µg/l nos pacientes sem C282Y+/+, p = 0,05) quando comparados com aqueles pacientes sem homozigose para C282Y. Conclusões: O fenótipo da HH no Brasil é semelhante ao encontrado nos EUA e Europa do Norte, a despeito da ausência de C282Y+/+ em mais da metade dos pacientes acometidos pela doença. No entanto, pacientes com C282Y+/+ apresentam maior sobrecarga laboratorial de ferro. O diagnóstico de HH no nosso meio é tardio, sendo realizado freqüentemente após o desenvolvimento de CH. TS-010 (166) RESPOSTA HIPERTENSIVA PORTAL HEPÁTICA À ANGIOTENSINA II E À BRADICININA EM RATOS ESPONTANEAMENTE HIPERTENSOS KIMURA DC, RECK JR J, BORGES DR, KOUYOUMDJIAN M UNIFESP Fundamentos: Os sistemas calicreína-cinina e renina-angiotensina estão envolvidos em ações fisiológicas e patofisiológicas de maneira interativa. Um dos pontos de interação é a enzima conversora de angiotensina (ECA), envolvida na conversão da angiotensina I em angiotensina II (AII) e na hidrólise da bradicinina (BK). Os peptídeos vasoativos, AII e BK, causam resposta hipertensiva portal (RHP). O efeito desses dois peptídeos em fígado de ratos SHR (espontaneamente portadores de hipertensão arterial) ainda não havia sido estudado. Nosso objetivo foi estudar a RHP hepática à AII e à BK em SHR. Método: Foram utilizados 12 ratos Wistar (W) normotensos e 16 SHR que tiveram sua pressão arterial caudal aferida, sendo de 117 ± 3,0 e de 193 ± 12,7mmHg, respectivamente (teste t, P = 0,0005). A RHP foi avaliada em modelo de perfusão de fígado isolado e exanguinado de rato. Amostra de sangue da aorta abdominal foi retirada para dosagem sérica da ECA. As veias porta e cava inferior torácica e o ducto biliar foram canulados. A viabilidade hepática foi avaliada através da depuração de bromosulfaleína (BSP) e produção de bile. BK (200nmol) ou AII (2nmol) foram injetadas na veia porta e a pressão portal foi monitorada. A ação das substâncias vasoativas foi analisada segundo dois parâmetros: ganho máximo de pressão (GMP) obtido pela diferença entre a pressão inicial e o máximo valor registrado e RHP (área sob a curva do gráfico “ganho de pressão x tempo de perfusão”). Resultados: A produção de bile (µl/min.g fígado) e a depuração de BSP (t½, min) foram de 0,9 ± 0,06 e 2,3 ± 0,1 e de 0,9 ± 0,05 e de 2,1 ± 0,1 nos grupos W e SHR, respectivamente (teste-t, p > 0,05). A atividade da ECA sérica (U/ml) foi também igual nos dois grupos de ratos: W (n = 12) 38,6 ± 4,4 e SHR (n = 16) 32,3 ± 3,4 assim como o GMP e a RHP induzida por AII. O GMP (cmH2O) assim como a RHP (cmH2Oxmin) à BK foram maiores (teste-t, p = 0,0120 e p = 0,0075, respectivamente) nos SHRs (n = 6) (6,3 ± 0,5 e 9,5 ± 1,3) quando comparada aos ratos Wistar normotensos (n = 6) (4,0 ± 0,6 e 4,9 ± 0,2). Conclusão: A resposta hipertensiva portal aumentada à BK nos SHRs é compatível com a hipótese de número aumentado de receptores de BK no fígado. Apoio Financeiro: CNPq, FAPESP, FADA. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Fundamento: O deterioro da função renal é uma complicação freqüente dos pacientes com cirrose. A creatinina sérica é o parâmetro mais utilizado clinicamente para avaliar a função renal. Entretanto, a relação entre a função renal e a creatinina sérica em pacientes com cirrose não foi avaliada criteriosamente até a presente data. Além disso, ainda que esteja bem estabelecido que o desenvolvimento de insuficiência renal grave determina péssimo prognóstico em pacientes com cirrose, se desconhece se uma alteração moderada da função renal tem algum significado prognóstico. Métodos: Para determinar a relação entre a função renal, a creatinina sérica e a sobrevida, 539 pacientes com cirrose foram estudados, 246 (46%) dos quais tinham determinação de filtrado glomerular (FG) por técnicas muito sensíveis (clearance de inulina ou iotalamato). Se construíram curvas ROC para determinar os valores de creatinina sérica com maior sensibilidade e especificidade para um determinado valor de FG. Resultados: O valor de creatinina sérica que melhor se relacionou com uma função renal normal (FG > 80ml/min) foi de 1mg/dl (área abaixo da curva – AAC: 0,76). Por outro lado, o valor de creatinina sérica que melhor predisse uma alteração grave da função renal (FG < 40ml/min) foi de 1,5mg/dl (AAC: 0,91). No conjunto dos 539 pacientes, o grau de alteração da função renal se correlacionou com a sobrevida. Os pacientes com função renal normal (creatinina sérica ≤ 1mg/dl) tiveram uma mediana de sobrevida de 713 dias em comparação com 383 dias dos pacientes com alteração moderada da função renal (creatinina sérica entre 1 e 1,5mg/dl) (p < 0,001). Os pacientes com alteração severa da função renal (creatinina sérica > 1,5mg/dl) tiveram péssimo prognóstico, com uma mediana de sobrevida de apenas 88 dias (p < 0,001). Em uma análise multivariada, a creatinina sérica foi um fator preditivo independente de mortalidade. Conclusões: Em conclusão, em pacientes com cirrose o valor máximo de creatinina sérica indicativo de uma função renal normal é 1mg/dl. Valores entre 1 e 1,5mg/dl são indicativos de insuficiência renal e se associam com redução da sobrevida. TS-012 (156) ESTUDO PILOTO CONTROLADO RANDOMIZADO PARA AVALIAR A EFICÁCIA DO TRANSPLANTE DAS CÉLULAS TRONCO AUTÓLOGAS MONONUCLEARES EM PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA AVANÇADA LYRA AC1,2, SOARES MBP1,3, SILVA LFM1, BRAGA EL1,2, OLIVEIRA SA3, FORTES MF1, SILVA AGP1, BRANDÃO PSA1, SANTOS RRS1,3, LYRA LGC1,2 1. Hospital São Rafael; 2. Serviço Gastro-Hepatologia, Universidade Federal da Bahia; 3. FioCruz – Bahia Estudos em modelos animais de doença hepática demonstraram que o transplante de células mononucleares (CMN) melhora a fibrose hepática. Recentemente verificamos que a terapia com CMN autólogas nos pacientes com hepatopatia crônica é segura, exequível e pode alterar a função hepática. Objetivo: Avaliar a eficácia do transplante de CMN nos pacientes com doença hepática crônica avançada. Métodos: 30 pacientes em lista de transplante hepático foram randomizados, de forma não-cega, sendo 15 para receber terapia com CMN e 15 controles sem terapia. Cerca de 50ml de sangue da medula óssea foram coletados e preparados com gradiente de ficoll-hypaque para isolamento de CMN. Um mínimo de 100 milhões de CMN enriquecidas foi introduzido na artéria hepática. A análise basal incluiu avaliação clínica, laboratorial e de imagem. Albumina sérica, bilirrubinas, RNI, escore de Child-Pugh e MELD foram escolhidos como “endpoints” para avaliar eficácia. Após a terapia os pacientes foram avaliados durante 90 dias quanto a eventos clínicos e testes laboratoriais. A análise estatística foi feita com analise das mudanças relativas aos achados basais e utilização de modelos de efeitos randômicos. Resultados: Média de idade, perfil hepático basal, escore Child-Pugh e MELD foram similares m ambos os grupos, exceção aos níveis da albumina (g/dl) que foram mais elevados no grupo controle (3,31 vs 2,79, p = 0,053). Durante o acompanhamento, no grupo controle (GC), um paciente faleceu e outro em estado grave, foi transplantado. No grupo intervenção (GI), um paciente faleceu. Os níveis séricos da albumina aumentaram no grupo intervenção enquanto permaneceram estáveis no grupo controle (p = 0,034 com mudança relativa (MR) do achado basal de +16% no GI e +2% no GC). O Child-Pugh diminuiu no grupo intervenção comparado ao grupo controle (p = 0,017, com MR de -8% no GI e +4% no GC). Os níveis das bilirrubinas aumentaram no GC e diminuíram no GI durante os primeiros 60 dias após o tratamento, mas retornaram para níveis basais ao término de 90 dias. O RNI foi semelhante nos dois grupos. Conclusões: A infusão de CMN autólogas na artéria hepática parece melhorar a função hepática dos pacientes com hepatopatia crônica avançada durante pelo menos 90 dias e pode ser uma opção promissora de tratamento para estes indivíduos. Estudos maiores e mais longos são necessários para validar nossos resultados, para definir a duração deste efeito benéfico e para determinar se haverá uma melhora da sobrevida. S3 Temas Livres TL-013 (109) ASSOCIAÇÃO ENTRE MARCADORES INFLAMATÓRIOS SOLÚVEIS E ALTERAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS HEPÁTICAS EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA MOURA AS, CARMO RA, TEIXEIRA JUNIOR AL, LEITE VHR, CHAVES DE RESENDE HA, CARDOSO LER, ROCHA MOC Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Infectologia e Medicina Tropical – da Faculdade de Medicina da UFMG – Belo Horizonte Introdução: O padrão de resposta inflamatória de pacientes com hepatite C crônica pode influenciar a progressão da doença já que a agressão hepatocitária é principalmente imuno-mediada. Esse padrão pode ser avaliado pela dosagem sérica de quimiocinas, subgrupo de citocinas responsável pelo recrutamento de leucócitos, e dos receptores solúveis de fator de necrose tumoral (sTNF-R1 e sTNF-R2), que atuam como moduladores da ação desse fator. Objetivo: Investigar a associação entre os níveis séricos de quimiocinas e de receptores solúveis de TNF e alterações histopatológicas presentes na biópsia hepática. Material e métodos: Foram analisados pacientes com hepatite C crônica, mono-infectados, virgens de tratamento, sem comorbidades hepáticas, acompanhados no Ambulatório de Referência em Hepatites Virais do CTR-Orestes Diniz. Os níveis séricos de quimiocinas (eotaxina, IP-10, MCP1, MIG, MIP1-alfa) e de receptores solúveis de TNF foram dosados, utilizando-se técnica de ELISA. A biópsia hepática, realizada em intervalo inferior a 12 meses da colheita do plasma analisado, foi classificada de acordo com o METAVIR. Resultados: Dos 53 pacientes analisados, 50% eram do sexo masculino, a média de idade foi de 46,5 anos e 72% eram genótipo 1. Atividade inflamatória moderada/acentuada (A ≥ 2) estava presente em 40% dos pacientes e fibrose acentuada/cirrose (F ≥ 3) em 24%. Observou-se associação entre maior atividade inflamatória e níveis séricos mais elevados de eotaxina (p = 0,02), de sTNF-R1 (p = 0,03) e sTNF-R2 (p = 0,01). Apenas os níveis séricos de sTNF-R2 estiveram associados com fibrose hepática (p = 0,04). Os demais marcadores analisados (IP-10, MCP-1, MIG e MIP1-alfa) não se correlacionaram com inflamação ou fibrose à biópsia hepática. Conclusão: Níveis séricos elevados de eotaxina e de receptores solúveis de TNF parecem refletir uma atividade inflamatória mais intensa à biópsia hepática, enquanto apenas a elevação de sTNF-R2 associou-se à fibrose mais intensa. TL-014 (134) INFLUÊNCIA DOS GENES DAS CÉLULAS NK E DOS LIGANTES HLA-C NA RESPOSTA À TERAPIA ANTIVIRAL DE PACIENTES COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C CARNEIRO VL1, LEMAIRE D1, SOUZA SS2, BENDICHO MT1, CAVALCANTE L2, SANTANA N, LYRA LGC2, LYRA AC2 1. Pós-Graduação Imunologia – Instituto de Ciências da Saúde (ICS) – Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brasil. 2. Serviço de Gastrohepatologia Hospital Universitário Prof. Edgar Santos (HUPES)-Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brasil Fatores imunológicos e genéticos do hospedeiro podem ter um papel importante na resposta ao tratamento antiviral na hepatite crônica C. A ativação das células natural killer (NK) é importante para limitar a replicação viral no fígado. A terapia com interferon parece ser mais efetiva em pacientes com hepatite C em que as células NK são ativadas por esta droga. A função das células NK é regulada por um equilíbrio entre os sinais gerados por seus receptores celulares (KIR) de ativação e inibição através da interação com moléculas de HLA classe I nas células-alvo. Khakoo et al (Science, 2004) mostraram que a presença do par receptor-ligante KIR2DL3/ HLA-C1 têm um papel na eliminação do VHC na infecção aguda. Objetivos: Avaliar o papel dos genes KIR incluindo o par receptor-ligante KIR2DL3/HLA-C1 em pacientes com hepatite C crônica submetidos à terapia antiviral. Métodos: Foi comparada a freqüência dos genes KIR e seus pares receptores-ligantes entre 41 pacientes nãorespondedores e 45 pacientes respondedores à terapia antiviral; 102 doadores voluntários de sangue foram utilizados como controles. A genotipagem do KIR e HLAC foi realizada com o Kit PCR-SSO (One Lambda, EUA). Resultados: Não houve diferença entre respondedores e não-respondedores em relação à etnia; houve uma predominância de mulheres entre os não-respondedores. O grupo controle apresentou uma maior freqüência de indivíduos não-brancos. Foi observada uma menor freqüência dos genes KIR2DL5 (38% vs 64%) (p = 0,018) e KIR2DS3 (24% vs 46%) (p = 0,03) entre respondedores quando comparados com não-respondedores e, em contrapartida, uma maior freqüência do par receptor-ligante KIR2DL3/HLA-C1 entre pacientes respondedores (64% vs 39%) (p = 0,018). A aplicação do teste de Mantel-Hazel revelou que o genótipo do VHC não foi um fator determinante das diferenças encontradas. Quando todos os pacientes com hepatite C foram comparados com os controles, foi observada uma maior freqüência dos genes KIR2DL5 (OR = 1,79; CI = 1,01-3,19), 2DS5 (OR = 1,96; CI = 0,98 – 4,05) e 3DL3 (OR = 2,39; CI = 1,05 – 5,83) nos pacientes com hepatite C. Conclusões: Fatores do hospedeiro como os genes KIR2DL5 e KIR2DS3 estão associados com uma ausência de resposta S4 à terapia antiviral ente os pacientes com hepatite crônica C. O par receptor-ligante KIR2DL3/HLA-C1 pode favorecer a resposta à terapia antiviral. Além disso, os genes KIR2DL5, 2DS5 e 3DL3 podem contribuir na predisposição para o desenvolvimento da infecção crônica pelo VHC. TL-015 (220) RELAÇÃO ENTRE HLA E ESTADIAMENTO DA INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV) SILVA PM, HANNA KL, BARBOSA HPP, CAMPOS CFF, FABRICIO-SILVA GM, BARQUETTE FRS, PORTO LCMS, PEREZ RM, FIGUEIREDO FAF Laboratório de Histocompatibilidade/IBRAG e Serviço de Gastroenterologia/HUPE – Universidade do Estado do Rio de Janeiro Fundamentos: Alguns alelos do HLA já foram identificados como relacionados à gravidade da fibrose em pacientes com hepatite crônica C, como, por exemplo, HLA-DRB1*11, DQB1*03, Cw*04 e DRB1*08. Entretanto, até o momento, há poucos estudos na população brasileira. O objetivo deste estudo é pesquisar a existência de associação entre o HLA da classe I e II e o grau de fibrose hepática em pacientes brasileiros com infecção crônica pelo HCV. Métodos: Foram estudados 90 pacientes com infecção crônica pelo HCV (HCV-RNA positivo) submetidos à biópsia hepática. Em todos os pacientes foi realizada determinação dos HLAs: A, B, Cw, DRB1 e DQB1. Os achados histológicos foram relatados, conforme a classificação de Ishak. A amostra foi dividida em 2 grupos quanto à fibrose: grupo com fibrose ausente/ leve - FL (F ≤ 3 de Ishak) e grupo com fibrose avançada/cirrose hepática - FA (F ≥ 4 de Ishak). Análise estatística foi realizada utilizando o teste Qui-quadrado e teste Exato de Fisher. Resultados: Na amostra estudada, 46 pacientes (51%) apresentavam fibrose leve ou ausente (FL). Na análise comparativa, não houve diferença quanto ao sexo (masculino 48% vs. 50%; p = 0,99) e quanto à duração da doença (24 9 vs. 25 6; p = 0,65). O grupo com FA era composto por doentes mais velhos (48 11 vs. 53 11; p = 0,02). No grupo FA, observou-se maior freqüência dos alelos da classe I HLA A*24 (80% vs. 20%; p = 0,02) e do alelo da classe II DRB1*06 (59% vs. 42%; p = 0,04) quando comparados ao grupo FL. Por outro lado nesse grupo, houve menor freqüência dos alelos HLA A*32 (0% vs. 100%; p = 0,03) e HLA Cw*02 (21% vs. 79%; p = 0,04). Conclusão: Os resultados desse estudo demonstraram que existe associação do estadiamento com alelos HLA. A identificação de alelos “protetores” (associados à doença mais leve ou inicial) e de alelos “facilitadores” (associados à doença mais avançada) reforça o conceito de que os fatores relacionados ao hospedeiro têm uma participação importante na progressão da hepatite crônica C. O HLA-A*32 na fibrose leve e HLA-A*24 na fibrose avançada foram identificados como novos alelos relacionados à fibrose ainda não descritos em outras populações. TL-016 (248) ESTUDO ABERTO, RANDOMIZADO E MULTICÊNTRICO, DE GRUPOS PARALELOS PARA AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA E SEGURANÇA DAS DOSES DE 135 E 90MCG DE PEG IFN ALFA-2A ADMINISTRADAS PARA PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C E DOENÇA RENAL EM HEMODIÁLISE CHEINQUER H1, FERREIRA ASP2, SILVA R3, TREVIZOLI J4, TATSCH F5, FERRAZ M6 1. FFFCMPA, 2. UFMA, 3. FAMERP, 4. H. BASE, 5. Roche, 6. UNIFESP Fundamentos: Pacientes com doença renal crônica em hemodiálise têm uma maior prevalência de infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) em comparação com a população geral. A hepatite C está relacionada a diminuição da sobrevida do enxerto após o transplante renal. Como a ribavirina é mal tolerada, o uso de interferon peguilado (PEG IFN) em monoterapia parece ser a alternativa preferencial nesta população. Métodos: Oitenta e cinco pacientes com HCV em hemodiálise em 8 países foram randomizados 1:1 para PEG IFN alfa-2a 135 ou 90mcg/semana por 48 semanas de tratamento. Destes, 38(45%) foram avaliados em centros brasileiros. O desfecho primário foi a resposta virológica sustentada (RVS), definida por HCV RNA < 50UI/mL 24 semanas após o término do tratamento. Os desfechos secundários foram a proporção de pacientes com HCV RNA < 50UI/mL e diminuição ≥ 2log no HCV RNA nas semanas 12, 24 e 48 do tratamento. Resultados: Dos 85 pacientes 4 não receberam medicamento e 7 descontinuaram (2 recusas em participar, 2 respostas insuficientes, 2 óbitos e 1 evento adverso). Nos grupos 135 e 90mcg, respectivamente, a média da idade era 43 e 44 anos; genótipo 1: 76 e 74%; gênero masculino: 61 e 69% e carga viral média: 5,6 log10 em ambos grupos. A análise interina da resposta virológica dos pacientes dos grupos 135 e 90mcg mostrou os seguintes resultados: 1) semana 12: diminuição ≥ 2log10 em 71 e 70% e HCV RNA negativo em 61 e 37% dos pacientes, respectivamente; 2) semana 24: diminuição ≥ 2log10 em 66 e 72% e HCV HCV RNA negativo em 58 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 e 49% dos pacientes, respectivamente. Cinqüenta e cinco e 44% dos pacientes com genótipo 1 e 67 e 64% dos pacientes com genótipo não-1 apresentavam HCV RNA negativo na semana 24, respectivamente. Verificou-se neutropenia entre 500 e 750cel/mm3 em 7% e hemoglobina < 8,5g/dL em 13% dos casos. Houve dois óbitos: cardiomiopatia hipertrófica e consumo deliberado de substâncias. Conclusões: A análise interina da resposta virológica mostra que um percentual significativo de indivíduos com doença renal crônica em hemodiálise apresenta viremia indetectável durante o tratamento com PEG IFN alfa-2a nas doses de 135 e 90mcg. Aguardam-se os resultados da RVS. Considerando-se as características específicas desta população, o perfil de tolerabilidade do medicamento foi aceitável. TL-017 (259) ESTUDO MULTICÊNTRICO E RANDOMIZADO AVALIANDO A EFICÁCIA E TOLERABILIDADE DA COMBINAÇÃO PEG-IFN ALFA-2A E RIBAVIRINA POR 48 OU 72 SEMANAS DE TRATAMENTO EM PACIENTES COM HEPATITE C CO-INFECTADOS COM HIV: ANÁLISE INTERINA DE EFICÁCIA E POPULACIONAL CHEINQUER H, BRANDÃO C, PILOTTO J, FIGUEIREDO J, GONÇALES F, MEIRELLES A, MENDES-CORREA MC, MORAES E, TATSCH F, BARONE A FFFCMPA (Porto Alegre, RS) 1, Gaffree e Guinle (Rio de Janeiro, RJ) 2, Fiocruz RJ (Rio de Janeiro, RJ) 3, USP Ribeirão Preto (Ribeir Fundamentos: em pacientes com infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV), a chance de alcançar a resposta virológica sustentada (RVS) ao interferon peguilado (PEG IFN) e ribavirina (RBV) depende fundamentalmente da cinética viral do HCV nas fases iniciais do tratamento. Sabe-se que pacientes sem resposta virológica precoce (RVP), definida como HCV RNA negativo ou queda ≥ 2 log no HCV RNA na semana 12 de tratamento, apresentam mínima possibilidade de RVS. O objetivo deste estudo foi avaliar o percentual de RVP e as características dos pacientes co-infectados incluídos em estudo multicêntrico nacional para tratamento com PEG-IFN alfa -2a e RBV, em comparação com os mesmos dados obtidos em estudo multicêntrico internacional (Apricot). Metodologia: 180 pacientes com hepatite crônica C foram randomizados 1:1 para 48 ou 72 semanas de tratamento com PEG- PEG-IFN alfa-2a e ribavirina. Resultados: a análise interina de 145 pacientes nos braços 48 e 72 semanas, mostrou respectivamente: 66,7 e 70,9% dos pacientes do gênero masculino; 68,2 e 31,8% brancos; 78,9 e 77,9% com carga viral basal ≥ 800.000 cópias/mL; 5,8 e 12,1% com cirrose (Metavir F3/F4). Dos 145 pacientes, 141 foram analisados quanto ao HCV RNA na semana 12, sendo verificada RVP em 94 pacientes (66,7%). Destes, 36 (38,3%) apresentaram HCV-RNA qualitativo negativo na semana 12 e 58 (61,7%) apresentaram HCV-RNA positivo com queda ≥ 2log. O estudo internacional de PEG-IFN alfa-2a e RBV em pacientes co-infectados HCV/HIV (Apricot) apresentou RVP de 71%. O estudo brasileiro apresentou maior prevalência de homens, de não-brancos e maior média basal de HIVRNA em comparação com o estudo internacional. Conclusões: a associação PEGIFN alfa-2a e RBV promoveu RVP em percentual significativo de pacientes co-infectados com HCV e HIV. Os resultados forma semelhantes aos encontrados no estudo internacional Apricot, embora com algumas diferenças nas características da população estudada. Dados de resposta virológica sustentada são aguardados para definir se a RVP possui o mesmo significado em pacientes co-infectados tratados por 48 ou 72 semanas. TL-018 (285) COMPARAÇÃO ENTRE ÍNDICES NÃO INVASIVOS NA PREDIÇÃO DE FIBROSE AVANÇADA EM PACIENTES COM HEPATITE C MANHÃES FG, LUZ RP, SCHMAL AR, RIBEIRO JC, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, COELHO HSM HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A avaliação do grau de fibrose de pacientes com hepatite C é imprescindível para a decisão sobre o tratamento. A biópsia hepática, apesar de ser o método ouro nesta avaliação, não é isenta de riscos e, em certos casos, não pode ser realizada devido à presença de contra-indicações. Assim, diversos índices não-invasivos de avaliação vêm sendo propostos para selecionar pacientes com graus mais avançados de fibrose e evitar a biópsia hepática. O objetivo deste estudo foi comparar o desempenho diagnóstico de diferentes índices não invasivos na detecção de graus mais avançados de fibrose em pacientes com hepatite C. Metodologia: Foram incluídos pacientes com infecção crônica pelo vírus C submetidos à biópsia hepática. Foram coletados retrospectivamente valores de AST, ALT e plaquetas, referentes à época da biópsia hepática. Os índices avaliados foram: AST/ALT, a combinação de AST/ALT com diferentes níveis de corte de plaquetas e o APRI (AST to platelet ratio index). O APRI foi calculado pela seguinte fórmula: AST/LSN x 100/plaquetas (109/L), onde LSN corresponde ao limite superior da normalidade da AST. Estes índices foram comparados ao grau de fibrose, classificado segundo Ishak. Resultados: Foram avaliados 253 pacientes, 54% do sexo masculino, com idade de 47 ± 11 anos (19-73). Nesta amostra, 34 (13%) apresentavam fibrose avançada (F4-F6). Os valores de sensibilidade (S), especificidade (E), valores preditivos positivo (VPP) e negativo (VPN) e acurácia (A) dos diferentes índices na detecção de fibrose avançada estão representados na tabela abaixo: GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 AST/ALT AST/ALT & Plaq < 200 AST/ALT & Plaq < 150 AST/ALT & Plaq < 125 AST/ALT & Plaq < 100 APRI > 1,5 APRI > 2 S E VPP VPN A 27% 18% 15% 12% 3% 50% 38% 91% 31% 93% 29% 96% 36% 98% 44% 98% 20% 88% 39% 92% 41% 89% 82% 88% 83% 88% 85% 88% 86% 87% 85% 92% 83% 91% 85% A área sob a curva ROC (AUROC) da relação AST/ALT foi de 0,679 e do APRI foi de 0,781. Valores de APRI maiores de 1,5 apresentaram a maior sensibilidade e valor preditivo negativo. Conclusão: O APRI mostrou-se superior na detecção de fibrose avançada em comparação à relação AST/ALT isolada e AST/ALT combinada à contagem de plaquetas. Este índice pode ser útil na prática clínica para evitar a realização de biópsia hepática em uma parcela de pacientes. TL-019 (306) DINÂMICA DA ALT DURANTE O TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA COM INTERFERON CONVENCIONAL (IFNC) E INTERFERONS PEGUILADOS (PEG-IFN) EL BATAH PN, CARVALHO FILHO RJ, SCHIAVON LL, NARCISO-SCHIAVON JL, SAMPAIO JP, BARBOSA DV, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina Fundamentos: A avaliação periódica dos níveis de ALT é rotina durante o tratamento da hepatite C crônica. Embora redução da ALT durante a terapia antiviral seja usual, exacerbações e dissociação bioquímico-virológica têm sido observadas. Nosso objetivo foi avaliar a dinâmica da ALT durante o tratamento e sua relação com a resposta virológica sustentada (RVS). Métodos: Foram analisados pacientes tratados no âmbito do SUS entre 1996 e 2006 com RBV associada ao IFNc, Peg-IFN α-2a ou Peg-IFN α-2b, seguindo protocolo padronizado pelo nosso Serviço. Resultados: Foram incluídos 239 pacientes, 51% homens e 43% com estadiamento ≥ 3. A média da idade foi 47,1 ± 10,8 anos. Quanto ao tipo de IFN, 58 (24%) receberam IFNc e 181 (64%) foram tratados com Peg-IFN 2a ou 2b. Foram identificados 4 padrões de comportamento da ALT até a 24a semana de terapia: G1) ausência de normalização: 18 (31%) com IFNc e 65 (36%) com PEG-IFN; G2) elevação superior ao nível basal: 16 (28%) com IFNc e 36 (20%) com PEG-IFN; G3) normalização persistente: 21 (36%) com IFNc e 66 (36%) com PEG-IFN; e G4) ALT normal antes e durante a terapia: 3 (5%) com IFNc e 14 (8%) com PEG-IFN (P = 0,593 para todos os grupos). Dos tratados com IFNc, 7 obtiveram RVS (12%) e 6 destes mostraram o padrão G3 (P = 0,032 vs. demais padrões). Dentre os tratados com PEG-IFN, o padrão de comportamento da ALT não influenciou a RVS (P = 0,216); entretanto, comparando-se os pacientes que permaneceram com ALT normal durante a terapia (G3 e G4) com aqueles que mantiveram ALT elevada (G1 e G2), observou-se uma tendência de maior RVS entre os pacientes com ALT normal (P = 0,071). Apenas 1/20 (5%) dentre os tratado com IFNc que apresentaram elevação de ALT superior à ALT basal durante o tratamento evoluiu com RVS, enquanto que 17/49 (35%) dos que receberam PEG-IFN e que mostraram elevação de ALT alcançaram RVS (P = 0,001). Conclusões: A ausência de normalização da ALT com o uso de IFNc+RBV é um bom preditor de falha terapêutica. Embora a RVS seja mais freqüente entre os tratados com PEG-IFN+RBV que têm sua ALT normalizada, a RVS pode ser obtida com padrões variados de comportamento da ALT. TL-020 (223) EVENTOS ADVERSOS DURANTE O TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INTERFERON CONVENCIONAL (IFNC), INTERFERON PEGUILADO (PEG-IFN) ALFA-2A E PEG-IFN ALFA2B SAMPAIO JP, CARVALHO FILHO RJ, SCHIAVON LL, NARCISO-SCHIAVON JL, EL BATAH PN, BARBOSA DV, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina Fundamentos: Eventos adversos (EA) são comuns durante a terapia da hepatite C crônica. Prejudicam a qualidade de vida e podem comprometer a RVS, tanto pela menor aderência como pela eventual redução da dose ou suspensão das drogas. Este estudo determinou as incidências de EA durante o uso de 3 esquemas de terapia da hepatite C crônica. Métodos: Foram analisados pacientes tratados no âmbito do SUS entre 1996 e 2006 com RBV associada ao IFNc, Peg-IFN α-2a ou Peg-IFN α-2b, seguindo protocolo padronizado pelo nosso serviço. Resultados: Foram incluídos 382 pacientes, 56% homens. A média da idade foi 47 ± 11 anos. Quanto ao tipo de IFN, 201 (52%) receberam IFNc, 64 (17%) Peg-IFN 2a e 117 (31%) Peg-IFN 2b. Comparados aos que receberam IFNc, aqueles tratados com Peg-IFN (2a/2b) apresentaram menor prevalência de E 3/4 (32% vs. 44%, P = 0,021) e de APP 3/4 (40% vs. 53%, P = 0,014). No grupo PEG-IFN (2a/2b), reduções de dose de IFN e RBV foram mais freqüentes que no grupo IFNc (10% vs. 3%, P = 0,002 e 21% vs. 6%, P < 0,001, respectivamente). Os tratados com Peg-IFN mostraram maior incidência de sínd. gripal (94% vs. 67%, P < 0,001), dermatite/prurido (53% vs. 27%, P < S5 0,001), emagrecimento > 10% (37% vs. 7%, P < 0,001), diarréia (18% vs. 10%, P = 0,029), uso de antidepressivos (27% vs. 6%, P < 0,001), infecções (19% vs. 8%, P = 0,001), Hb < 10g/dL (29% vs. 16%, P = 0,003), neutropenia < 750/mm3 (23% vs. 10%, P = 0,001) e plaquetopenia < 50.000/mm3 (12% vs. 5%, P = 0,010). Os tratados com Peg-IFN 2a exibiram maior incidência de sínd. do pânico (5% vs. 0%, P = 0,043) e aqueles que receberam Peg-IFN 2b tiveram maior freqüência de alopécia (19% vs. 3%, P = 0,003). As incidências de citopenias não foram diferentes entre os pacientes tratados com os dois Peg-IFN. Conclusões: Apesar de ter sido empregada em pacientes com doença menos significativa, a terapia com Peg-IFN, quando comparada ao IFNc, resultou em > incidência de citopenias significativas e de vários outros EA. Entre os Peg-IFNs, a incidência de citopenias parece ser semelhante, mas o perfil de sinais/sintomas colaterais pode variar conforme o tipo de Peg-IFN. TL-021 (226) HEPATITE C EM PORTADORES DE DOENÇA RENAL CRÔNICA: PACIENTES EM TRATAMENTO CONSERVADOR APRESENTAM EVOLUÇÃO HISTOLÓGICA MAIS AGRESSIVA? LEMOS LB, PEREZ RM, LEMOS MM, DRAIBE SA, LANZONI VP, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: As características da infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) entre portadores de doença renal crônica (DRC) em tratamento conservador (prédiálise) são pouco conhecidas e não se sabe se as características observadas nos pacientes em hemodiálise podem ser extrapoladas para esse grupo. Os objetivos desde estudo foram avaliar as características demográficas, laboratoriais e histológicas da infecção crônica pelo HCV entre portadores de DRC em tratamento conservador e compará-las com as observadas em pacientes em hemodiálise. Métodos: A partir de uma coorte de 1041 portadores de DRC em tratamento conservador, foram selecionados para inclusão no estudo 39 pacientes que apresentavam anti-HCV positivo e HCV-RNA positivo. Estes pacientes foram comparados com pacientes em hemodiálise com infecção pelo HCV (relação 1:3) quanto às características demográficas, laboratoriais e histológicas. Foi calculada a taxa de progressão de fibrose (TPF) através do quociente entre o escore de fibrose e o tempo de infecção. Resultados: Portadores de DRC em tratamento conservador apresentavam idade mais avançada (57 ± 10 vs. 45 ± 12; P < 0,001) e maior freqüência de ALT elevada (71,8% vs. 41,0%; P = 0,001) e AST elevada (64,1% vs. 26,5%; P < 0,001). Na análise histológica, havia maior proporção de hepatite de interface (67% vs. 47%; P = 0,033) e de estadiamento mais avançado (71,8% vs. 16,2%; P = 0,001) entre os portadores de DRC em tratamento conservador. Nos pacientes nos quais o tempo de infecção pôde ser estimado, observou-se que os pacientes na fase pré-dialítica apresentavam tempo de infecção mais prolongado (22 vs. 6 anos; P < 0,001), não sendo observada diferença na TPF entre os grupos (P = 0,692). Conclusão: Portadores de DRC em tratamento conservador com infecção crônica pelo HCV apresentam aminotransferases mais elevadas e lesão histológica mais grave que os pacientes em hemodiálise. Entretanto, como a TPF entre os grupos foi semelhante, essa maior gravidade histológica provavelmente reflete o maior tempo de infecção nesse grupo, não havendo evidências de que a hepatite C apresente uma evolução mais agressiva entre portadores de DRC em tratamento conservador. TL-022 (460) ANÁLISE DA FREQÜÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À ANEMIA DURANTE O TRATAMENTO DA HEPATITE CRÔNICA C COM INTERFERON PEGUILADO E RIBAVIRINA PACE F, MEIRELLES DE SOUZA AF, OLIVEIRA JM, BARBOSA KVBD, MORAES JP, SOUZA MH, LIMA TS, SANGLARD LAM, AMARAL JR FJ Serviço de Gastroenterologia – Centro de Referência em Hepatites Virais – HU/CAS - Universidade Federal de Juiz de Fora (CRH-U Fundamentos: O tratamento da hepatite crônica C (HCc) com IFN peguilado e ribavirina obtém cerca de 50% de resposta virológica sustentada (RVS). O desafio imediato consiste na otimização das doses e do tempo de tratamento, paralelamente à redução e controle dos eventos adversos. O objetivo deste estudo é verificar a freqüência de anemia e as variáveis correlacionadas a este evento em portadores de HCc tratados com IFN peguilado e ribavirina. Métodos: Estudo retrospectivo, baseado no banco de dados do CRH-UFJF. Foram incluídos pacientes em tratamento para HCc em uso de IFN peguilado e ribavirina com pelo menos três meses de tratamento. Níveis de hemoglobina foram dosados no pré-tratamento, 15°, 30°, 60° e 90° dia de tratamento. Considerou-se anemia taxa de Hb menor ou igual a 10g/dl e/ou uma queda da Hb superior ou igual a 3g/dl do nível basal. Foram correlacionadas variáveis demográficas, laboratoriais e histológicas na tentativa de identificar fatores associados ao desenvolvimento de anemia. Resultados: Entre os 96 pacientes tratados no CRH-UFJF neste período, 54 foram incluídos no estudo. A média de idade observada foi 52,4 ± 8,9 anos e 30 (44%) pacientes eram do sexo masculino. O genótipo 1 do HCV foi observado em 42 (78%) e a carga viral prétratamento foi superior a 850.000UI em 17 (31%) pacientes. A presença de fibrose graus 3 ou 4 de METAVIR foi encontrada em 25 (50%) dos 50 pacientes submetidos à análise histológica. IFN peguilado α-2a foi utilizado em 27 (50%) pacientes. Anemia foi observada em 25 (46%) pacientes. Nenhuma das variáveis analisadas mos- S6 trou-se associada ao surgimento da anemia. Conclusões: Anemia é um achado freqüente entre portadores de hepatite crônica C tratados com IFN peguilado e ribavirina. Neste estudo, não foi possível a identificação de fatores associados ao desenvolvimento de anemia. TL-023 (477) DECLÍNIO DA PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO PELO HCV ENTRE USUÁRIOS DE DROGAS INJETÁVEIS DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISE COMPARATIVA DE DOIS ESTUDOS SECCIONAIS OLIVEIRA MLA, TELLES PR, MIGUEL JC, OLIVEIRA SAN, DO Ó KR, YOSHIDA CFT, BASTOS FI Fundação Oswaldo Cruz Usuários de drogas injetáveis (UDIs) estão freqüentemente engajados em comportamentos de risco, favorecendo uma rápida e extensiva transmissão do HCV entre redes de UDIs. Desta forma, uma alta prevalência de infecção pelo HCV (65,0%98,0%) tem sido encontrada em diferentes cenários. Recentemente, um declínio da prevalência de patógenos transmitidos pelo sangue tem sido descrita entre algumas amostras de UDIs dos EUA, Espanha e Brasil. O objetivo deste estudo foi investigar mudanças no perfil sociodemográfico, padrão de injeção de drogas e infecção pelo HCV entre UDIs do Rio de Janeiro, considerando dados de 2 estudos seccionais. Um total de 772 UDIs foram recrutados em "cenas de uso" do Rio de Janeiro, durante os períodos de 1994 a 1996 e 1999 a 2001: “Projeto Brasil" (N = 166) e Estudo Multicêntrico Fase II/Organização Mundial de Saúde (N = 606), respectivamente. Diferenças no padrão sociodemográfico, padrão de injeção de drogas e infecção pelo HCV entre os dois períodos estudados foram explorados usando o teste qui-quadrado. Um relevante declínio na prevalência de infecção pelo HCV foi encontrada entre UDIs do Rio de Janeiro. Isto pode ser explicado parcialmente pela redução das freqüências totais de injeção de drogas e compartilhamento de agulhas, associados com grande engajamento dos UDIs em iniciativas de redução de riscos relacionados ao uso injetável de drogas. Adicionalmente, outros fatores podem ter contribuído para este cenário, incluindo saturação e mudanças na cena de uso injetável. Estes resultados preliminares demonstram a importância de iniciativas correntes de redução de riscos, as quais devem ser reforçadas e expandidas constantemente. TL-024 (471) AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DA RECORRÊNCIA DO VÍRUS DA HEPATITE C (VHC) APÓS TRANSPLANTE DE FÍGADO EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA MORAES ACP¹, JUCÁ N², CARVALHO M¹, SILVA CCC², BARRETO VST², PEREIRA LMMB¹,² 1-Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco, Brasil Fundamentos: A recorrência da hepatite C após transplante hepático varia em relação à evolução da fibrose e alguns pacientes rapidamente desenvolvem cirrose hepática. Objetivo: Avaliar as alterações histopatológicas da recorrência do VHC nos pacientes submetidos ao transplante de fígado no serviço de transplante hepático do Hospital Universitário Oswaldo Cruz-PE e Instituto do Fígado de Pernambuco (HUOC/IFP) no período de maio de 2000 a maio de 2006. Pacientes e métodos: Apenas casos de recorrência de hepatite C diagnosticados por HCV-RNA qualitativo no soro e características histopatológicas consistentes com hepatite C foram considerados. 44 pacientes foram submetidos à biópsia no sexto mês e anualmente até o quinto ano de seguimento, com uma média de 34,8 meses. O índice de atividade histológica foi avaliado de acordo com a classificação METAVIR. Resultados: Diagnóstico precoce da recorrência da hepatite C foi obtida no sexto mês da biópsia em apenas 3 casos e durante o período de seguimento, treze pacientes (29,5%) mostraram fibrose 1 e apenas 2 (4,5%) apresentaram níveis de fibrose 2 e nenhum paciente apresentou padrão histológico de cirrose hepática ao final desse período. Avaliação histopatológica nos demais pacientes evidenciou apenas lesões hepáticas mínimas em todo o período de seguimento. Conclusão: Apesar da recorrência sorológica do VHC em todos os pacientes, a avaliação histopatológica atingiu índices de fibrose hepática (34%) inferiores ao relatado na literatura. TL-025 (388) AVALIAÇÃO DA RESPOSTA VIROLÓGICA AO FINAL DO TRATAMENTO (RVF) E SUSTENTADA (RVS) COM O ESQUEMA COMBINADO DE INα ) E RIBAVIRINA EM CO-INFECTADOS HCV E HIV TERFERON α - 2 (IFN-α AMENDOLA PIRES MM1, BRANDÃO-MELLO CE1,2, SOUZA CT1, GRIPP K1, BRASIL-NERI C, BERGAMASCHI I, COELHO HSM2 Ambulatório de Doenças do Fígado do HU Gaffreé e Guinle (HUGG)-UNIRIO; 2 - Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia - HU Cleme Fundamentos: A história natural da co-infecção pelos vírus HCV e HIV é habitualmente acompanhada de rápida progressão para cirrose e insuficiência hepática. O emprego do interferon-α2 (IFN-α) e da ribavirina (RBV) é acompanhado de resposta virológica sustentada (RVS) em 12-20% dos casos, principalmente, entre aqueles com títulos de CD4 > 350 céls. por mm3. Objetivo: Avaliar a resposta virológica ao final do tratamento (RVF) e sustentada (RVS) com a terapia combinada de IFN-α (standart) e RBV para co-infectados pelos vírus HCV-HIV na cidade do Rio de Janeiro. Pacientes e métodos: No período compreendido entre 2001-2006 foram incluídos GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 e tratados portadores de co-infecção HCV e HIV matriculados nos ambulatórios de doenças do Fígado do HUGG e HUCFF. A infecção pelo HCV foi comprovada através da presença do HCV-RNA por PCR. A atividade da doença foi avaliada pelos níveis séricos de ALT (> de 1,5 x o LSN) e por biópsia hepática. A infecção pelo HIV foi confirmada por anti-HIV positivo (Elisa e W.Blot). A genotipagem do HCV foi obtida por seqüenciamento. Foram considerados para fins de tratamento aqueles pacientes com CD4 > 200 céls e infecção HIV e HCV compensada. Resultados: Dentre 265 pacientes avaliados, 84 preencheram os critérios para o tratamento. A média de idade foi de 42,5 anos, sendo que 80% eram do sexo masculino e 69% com genótipo 1. A média de títulos de CD4 e carga viral do HCV-RNA foi, respectivamente, de 457 células por mm3 e 9.12 x 105UI. e, 64% exibiam fibrose em pontes ou cirrose. A grande maioria dos pacientes encontrava-se em uso de TARV (86%). A média de ALT e γGT foi de 90UI e 147UI. Dos 84 pacientes, 16% alcançaram RVF e 12,3% RVS, sendo este último grupo de co-infectados pelo HCV Gen.3. Conclusão: Os índices de RVS com IFN-α e RBV foram similares aos encontrados nos estudos internacionais (12-20%), porém, ainda assim justificam a procura por novas drogas que ofereçam melhores taxas de RVS. TL-026 (391) IMPACTO POSITIVO DA TERAPIA ANTIVIRAL NA EVOLUÇÃO A LONGO PRAZO DE PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C E FIBROSE AVANÇADA CARDOSO AC, MOUCARI R, ASSELAH T, RIPAULT MP, BOYER N, MARTINOT-PEIGNOUX M, MAYLIN S, FIGUEIREDO-MENDES CG, BEDOSSA P, MARCELLIN P Service d’Hépatologie et INSERM CRB3, Hôpital Beaujon, France, Service d’Anatomie Pathologique et de Microbiologie, Hôpital Beau Introdução: A principal conseqüência da hepatite crônica C (HC-C) em fases avançadas de fibrose (F) hepática F3 e F4 são suas potenciais complicações: hemorragia digestiva alta (HDA), ascite (ASC) e carcinoma hepatocelular (CHC). A influencia da terapia antiviral (TAV) na evolução a longo prazo da HC-C ainda não foi determinada. Objetivo: avaliar a influencia da TAV na morbidade de pacientes F3 ou F4. Pacientes e métodos: 244 pac com HC-C e METAVIR F3 ou F4 foram avaliados retrospectivamente. Todos receberam no mínimo um tratamento (TTO) com Interferon (convencional ou PEG), com ou sem Ribavirina, por pelo menos 12 sem. A incidência cumulativa de HDA, ASC e CHC foi comparada entre os pac que atingiram, ou não, RVS. A influencia da resposta ao TTO na lesão hepática foi avaliada por 64 biópsias pareadas. Resultados: Características da amostra: masc (68%), media de idade (55 ± 10 a), media de IMC (26 ± 6kg/m2). Média de HCV RNA - 1,08 ± 1,34 106 IU/ml. Genótipos (GEN): 1 (60%), 2(9%), 3 (16%), 4 (14%). A media de tempo de acompanhamento foi 5 a (1-18) após a primeira biópsia, e 2 a após o ultimo TTO (1-15). A RVS ocorreu em 34% dos pac, e foi mais freqüente naqueles com F3 em comparação aos F4 (44% vs. 21%, p < 0,001), e em pac com GEN 2 ou 3 que nos GEN 1 ou 4 (56% vs. 23%, p < 0,001). A RVS não se associou com idade, IMC, HCV RNA, inflamação ou esteatose. Os pac sem RVS desenvolveram com maior freqüência complicações da cirrose quando comparados aqueles que a alcançaram: HDA (7% vs. 1%, p = 0,05), ASC (21% vs. 5%, p = 0,005). A incidência cumulativa de CHC foi maior em pac que falharam ao TTO (p = 0,06). A segunda biópsia foi realizada, em media, 2 anos após o termino do TTO (1-15). A analise pareada mostrou diminuição de no mínimo 1 ponto no score de F em 41% dos pac com RVS e de apenas 11% naqueles sem RVS (p = 0,005). Conclusão: Em pac com F3 ou F4, RVS a TAV estão associadas com significativa regressão da F e menor numero de complicações a longo prazo. TL-027 (402) TRATAMENTO DA CRIOGLOBULINEMIA SINTOMÁTICA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA COM MONOTERAPIA COM RIBAVIRINA E PLASMAFERESE–RELATO DE CASO MACHADO JR, OLIVEIRA AC, EL BACHA I, PARISE ER Setor de Hepatologia da UNIFESP-São Paulo Introdução: A crioglobulinemia mista (CGM) representa a principal complicação extra-hepática da hepatite C crônica (HCC), acometendo cerca de 20% dos pacientes em nosso meio (PARISE ER, et al. 2007). A terapêutica com Interferon e Ribavirina (RBV) é o tratamento ideal dessa condição. Apesar disso, alguns pacientes que alcançam resposta virológica sustentada (RVS) permanecem com CGM sintomática, enquanto pacientes não respondedores (NR) podem apresentar reativação do quadro clínico com a interrupção do mesmo. Métodos: 5 portadores de HCC confirmada por HCV-RNA e biópsia hepática, não etilistas, sem outras hepatopatias e com idades entre 50-68 anos foram avaliados. Apenas 1 deles era do gênero masculino, todos apresentavam genótipo 1, 3 casos tinham fibrose avançada (F3,F4) e 4 deles tinham carga viral elevada pré-tratamento. A dosagem de crioglobulinas foi estimada pelo método de Lowry e classificada conforme os critérios de Brouet. Resultados: Todos apresentaram CGM (policlonal) com manifestações de vasculite, especialmente púrpuras em MMII, 2 deles também com neuropatia periférica e artralgias. Nenhum apresentou acometimento renal. 1 paciente recusou o tratamento e os demais receberam PEG Interferon+RBV 48 semanas. Destes, 1 com RVS e 2 NR que permaneceram CGM positivos e o paciente GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 não tratado receberam monoterapia com RBV, na dose de 0,75 a 1,0g/d por 1-2 anos, sem efeitos adversos significativos no período. Apenas o paciente com RVS não respondeu à monoterapia. Os demais apresentaram importante redução de ALT e AST, mas não da carga viral e redução significativa dos níveis de CGM com desaparecimento dos sintomas. Em um dos casos, a retirada da RBV foi prontamente seguida de elevação dos níveis de CGM, das enzimas hepáticas e reaparecimento da vasculite, resolvidos após a reintrodução da medicação. Os 2 pacientes que mantiveram CGM após RVS foram submetidos a 3 sessões de plasmaferese no primeiro caso e 8 no segundo. O primeiro tem dosagens negativas de CGM há 2 anos e o segundo há 1 ano. Conclusões: A monoterapia com RBV representa uma alternativa terapêutica segura e eficaz no controle da CGM sintomática em pacientes com infecção viral ativa, enquanto a plasmaferese pode ser utilizada com sucesso nos pacientes sintomáticos com RVS. TL-028 (64) HEPATITE C CRÔNICA: AVALIAÇÃO DA DIVERSIDADE GENÉTICA VIRAL E DO HOSPEDEIRO RAMOS JA1, HOFFMANN L2, RAMOS AL3, SOARES JAS4, VILLELA C5, ÜRMÉNYI TP6, SILVA R7, PORTO LCMS8, COELHO HSM9, RONDINELLI R10 1,2,6,7,10. Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, UFRJ; 8. UERJ; 3,4,5,9,10. Faculdade de Medicina, UFRJ; Rio de Janeiro (RJ) A Hepatite pelo Vírus C é um problema de saúde no Brasil com 3 milhões de infectados. A evolução da infecção e a resposta ao tratamento variam por fatores genéticos do hospedeiro e/ou características da população heterogênea de HCV (quasispecies). O trabalho tem como objetivo avaliar a diversidade genética do hospedeiro (polimorfismo de IL-10) assim como as quasispecies virais em pacientes com HCV genótipo 1 nos extremos de resposta terapêutica. Os produtos de RT-PCR, realizados com iniciadores específicos para regiões do genoma correspondentes as proteínas E2, NS5A e NS5B, foram diretamente seqüenciados para avaliação da quasispecie predominante e clonados para avaliação das quasispecies individualizadas. Cerca de 60 clones foram seqüenciados para identificar mutações nestas regiões. Os resultados observados nos primeiros pacientes mostraram diversidade de quasispecies individualizadas por apresentarem uma ou mais mutações pontuais entre os clones que resultaram em alterações sinônimas e não sinônimas nas proteínas estudadas. Para avaliação de polimorfismo de IL-10 foi analisado o DNA de 35 pacientes para os polimorfismos –592, –819 e –1082. Para o polimorfismo –592, 12 pacientes foram genotipados como CC (34,3%), 20 como AC (57,15%) e 3 como AA (8,55%). Para o polimorfismo –819, 12 pacientes foram genotipados como CC (34,3%), 20 como TC (57,15%) e 3 como TT (8,55%). Para o polimorfismo –1082, 9 pacientes (25,14%) eram heterozigotos GA e 26 (74,86%) homozigotos AA. Nenhum indivíduo –1082 GG foi encontrado. As freqüências alélicas para os polimorfismos –1082 (A 0,87 e G 0,13), –819 (T 0,38 e C 0,62) e –592 (A 0,38 e C 0,62) foram feitas com o programa GDA versão 1.1. Essas freqüências foram comparadas com as de um grupo de indivíduos saudáveis onde somente o genótipo do locus –1082 apresentou diferença significativa (p = 0,02). Os resultados sugerem que diferenças nas quasispecies podem fornecer um fator preditivo de resposta ao tratamento dos pacientes e que fatores do hospedeiro, como o polimorfismo no promotor do gene da IL-10, podem influenciar o curso da infecção por HCV. Apoio Financeiro: CNPq, FAPERJ. TL-029 (525) SEGUIMENTO A LONGO PRAZO DE PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA COM RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA (RVS) A DIFERENTES FORMAS DE INTERFERON: EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO – HCFMRP-USP FERREIRA SC, ARRAES LRG, CARNEIRO MV, SOUZA FF, TEIXEIRA AC, SECAF M, VILLANOVA MG, FIGUEIREDO JFC, PASSOS AD, RAMALHO LNZ, MARTINELLI ALC Divisão de Gastroenterologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Introdução: Terapia antiviral combinada da hepatite C crônica tem como objetivo atingir RVS (negativação do HCV-RNA após 6 meses do término da terapia). Estudos controlados demonstram aumento das taxas de RVS de 6-20% com monoterapia com Interferon (IFN) a 42-82% com IFN peguilado e ribavirina. No entanto, a durabilidade da resposta ainda é desconhecida e o tempo de seguimento destes pacientes permanece a ser definido. Objetivos: Avaliar a durabilidade da resposta virológica em pacientes com hepatite C crônica acompanhados por pelo menos 12 meses após a RVS, tratados no HC-FMRP-USP. Material e métodos: Foram estudados 77 pacientes com hepatite C crônica tratados com diferentes esquemas e que tiveram RVS. Os seguintes genótipos foram observados: 38,9%: genótipo 1, 38,9%: genótipo 3, 9,1%: genótipo 2 e 12,9% genótipo indeterminado). Cirrose hepática foi observada em 14,2%. Dez pacientes receberam monoterapia com IFN, 45 IFN e ribavirina e 22 IFN peguilado alfa-2a ou 2b e ribavirina. Sessenta e três pacientes (81,8%) receberam um esquema de tratamento, 12 pacientes (15,5%) dois tratamentos e 2 pacientes (2,7%) três tratamentos. O HCV-RNA qualitativo no soro foi realizado utilizando-se o kit comercial COBAS AMPLICOR HCV, v2.0. Resultados: S7 Houve predomínio do sexo masculino (70,1%) e da raça branca (89,6%), com média de idade de 45,6 ± 10 anos. O tempo médio de seguimento foi de 43 meses (12–144). A recorrência de infecção pelo HCV não foi observada em nenhum dos 77 pacientes. Um paciente cirrótico desenvolveu carcinoma hepatocelular (CHC) durante o seguimento. Conclusão: Não houve recorrência da infecção pelo HCV em nenhum paciente, reforçando o bom prognóstico a longo prazo dos pacientes com RVS, exceto naqueles com doença hepática avançada e risco de CHC. Mais estudos a longo prazo se fazem necessários. Palavras Chave: Hepatite C, Resposta Virológica, HCV-RNA. TL-030 (538) TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA NO ÂMBITO DO SUS: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INTERFERON CONVENCIONAL (IFNC) E INTERFERONS PEGUILADOS (PEG-IFN) CARVALHO FILHO RJ, SCHIAVON LL, NARCISO-SHIAVON JL, SAMPAIO JP, EL BATAH PN, BARBOSA DV, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, SP Fundamentos: Até novembro de 2002, o tratamento da hepatite C com genótipo 1 consistia da associação de IFNc e ribavirina (RBV). Com a portaria 863, tornouse disponível o uso dos Peg-IFNs para estes indivíduos. Nosso objetivo foi analisar o impacto da terapia combinada Peg-IFN + RBV na taxa de RVS e os fatores preditivos de falha no tratamento da hepatite C crônica. Métodos: Foram analisados apenas pacientes tratados no âmbito do SUS com infecção pelo genótipo 1 do HCV, entre 1996 e 2006, com RBV associada a IFNc, Peg-IFN α-2a ou Peg-IFN α2b, seguindo protocolo utilizado em nosso Serviço. Resultados: Foram incluídos 239 pacientes, 51% homens e 43% com estadiamento (E) > = 3. A média da idade foi de 47,1+/-10,8 anos. Quanto ao tipo de IFN, 58 (24%) receberam IFNc, 64 (27%) Peg-IFN 2a e 117 (49%) Peg-IFN 2b. Em relação às características prétratamento dos 3 grupos, não houve diferença quanto ao gênero, à idade e às prevalências de carga viral > = 800.000UI/mL, de E > = 3 e de APP > = 3. O IMC foi menor no grupo que recebeu Peg-IFN 2b quando comparado aos tratados com Peg-IFN 2a (25,1+/-3,6 vs. 26,4+/-4,3, P = 0,041). A RVS global (análise intention to treat) foi de 35%, assim distribuída: IFNc + RBV = 12%; Peg-IFN 2a + RBV = 41%; e Peg-IFN 2b + RBV = 44% (P < 0,001 entre o IFNc e os Peg-IFNs; P = 0,700 entre o Peg-IFN 2a e o Peg-IFN 2b). Na análise univariada, E > = 3 (P = 0,044), APP > = 3 (P = 0,002), presença de esteatose (P = 0,041), maior nível de GGT (P < 0,001), menor atividade de protrombina (P = 0,008), menor albuminemia (P = 0,024) e tratamento com IFNc (P < 0,001) foram associados à não-obtenção de RVS. O IMC basal não influenciou a RVS. Na análise de regressão logística, maior nível de GGT (P = 0,002; OR 1,443; IC 95% 1,140–1,825) e tratamento com IFNc (P = 0,001; OR 7,388; IC 95% 2,319–23,531) foram associados de forma independente à falha terapêutica. Conclusões: A terapia com Peg-IFN resulta em aumento considerável na RVS no tratamento de pacientes com hepatite C crônica com genótipo 1. O nível elevado pré-tratamento de GGT é importante fator preditivo negativo de RVS. Não foi observada diferença significativa de eficácia entre os 2 tipos de Peg-IFNs. TL-031 (131) POLIMORFISMO DO GENE DA LINFOTOXINA ALFA EM CRIANÇAS COM HEPATITE AUTO-IMUNE TIPO 1 OLIVEIRA LC, RAMASAWMY R, PORTA G, BITTENCOURT PL, OKAY TS, KALIL J, GOLDBERG AC Laboratório de Investigação Médica – LIM36-FMUSP; Laboratório de Imunologia – InCor-FMUSP; Departamento de Hepatologia – ICr-FMU Introdução: A susceptibilidade genética à hepatite auto-imune tipo 1 (HAI-1) no Brasil foi associada aos alelos HLA-DRB1*1301 e DRB1*0301. No entanto, apesar desses alelos serem encontrados em 90% dos pacientes brasileiros, é possível haver suscetibilidade adicional conferida por genes próximos, situados no Complexo Principal de Histocompatibilidade (CPH), em desequilíbrio de ligação com o lócus DRB1. O gene da linfotoxina alfa (LTα) está situado na região de classe III do CPH e codifica uma citocina que apresenta um importante papel na reação inflamatória. Alguns dos seus polimorfismos acarretam modificação na produção da citocina e foram recentemente associados a várias doenças auto-imunes. Objetivos: Avaliar a influência dos polimorfismos do gene da LTα na susceptibilidade genética a HAI-1. Pacientes e métodos: Cento e cinco crianças (75 mulheres, idade média 9,3 + 0,6 anos) com o diagnostico de HAI-1 estabelecido de acordo com critérios internacionais e 246 indivíduos saudáveis provenientes da região metropolitana da cidade de São Paulo foram investigados. A pesquisa dos polimorfismos do gene da LTα nas posições +80 e +252 do MCP-1 foi realizada por PCR-RFLP. Resultados: Não foram observadas diferenças nas freqüências dos genótipos do gene da LTα na posição +80 nos pacientes com HAI-1, quando comparados ao grupo-controle. Porém, a variante polimórfica G na posição +252 apresentou freqüência aumentada nos pacientes com HAI-1 (p = 0,03). A distribuição dos alelos AA e AG + GG nos pacientes e no grupo-controle foi, respectivamente, de 33% e 65% e 48% e 49%. Conclusões: A variante G na posição +252 do gene da LTα, localizado próximo ao gene majoritário HLA-DRB1, contribui para a susceptibilidade genética a HAI-1 o CPH. Financiado pela FAPESP. S8 TL-032 (315) CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA ANTI-MITOCÔNDRIA NEGATIVO: POSITIVIDADE DOS AUTO-ANTICORPOS ANTINUCLEARES (ANA) E ANTISP100 OLIVEIRA EMG, BADIANI R, BECKER VR, PEREZ RM, LEMOS LB, ANDRADE LE, DELLAVANCE A, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: A cirrose biliar primária (CBP) é uma doença auto-imune colestática do fígado, caracterizada histologicamente por destruição dos ductos biliares interlobulares levando a uma ductopenia progressiva. O diagnóstico é baseado em critérios clínicos, histológicos e imunológicos. O anticorpo anti-mitocôndria (AMA) é marcador sorológico da doença com alta sensibilidade e especificidade, sendo encontrado em 90 a 95% dos pacientes. O perfil imunológico da CBP pode também apresentar anticorpos antinucleares (ANA) com diferentes padrões, dentre os quais se destaca o padrão de múltiplos pontos nucleares (MPN), cuja especificidade antigênica pode ser atribuída a proteínas de um mesmo domínio celular: Sp-100 e antígeno leucocitário promielítico (PML). A especificidade dos anticorpos anti-sp100/ PML é de 97% e a sensibilidade é de 30% na CBP. O objetivo deste estudo foi avaliar a reatividade do anti-Sp100/PML em pacientes com diagnóstico de CBP AMA-negativo. Métodos: Foi realizada pesquisa do anti-Sp100 em 8 pacientes com diagnóstico clínico, laboratorial e histológico de CBP AMA-negativo. Primeiramente foi realizada pesquisa ANA. Amostras com padrão MPN fortemente sugestivo de anti-Sp100/PML foram submetidas à imunofluorescência indireta em células HEp-2 com soro humano diluído a 1/80 e soro de coelho anti-Sp100 (Chemicon) 1/200, respectivamente marcados com conjugado FITC (anti-Ig humana) e Alexa 568 (anti-Ig de coelho). Foram considerados como anti-sp100/PML positivos os soros que apresentaram total colocalização de acordo com dois examinadores. Resultados: Os 8 pacientes estudados eram do sexo feminino, com média de idade de 43 ± 8 anos. O diagnóstico de CBP foi estabelecido por colestase associada a achados histológicos típicos. Os níveis de fosfatase alcalina observados eram de 2,8 ± 2,1 xLSN e de GGT de 7,5 ± 5,8 xLSN. Sete (88%) pacientes apresentavam FAN positivo, com títulos de 1/80 a 1/2560 e padrões variados, com predomínio do centromérico. O anti-Sp100 foi negativo em todos os casos. Conclusão: O anti-Sp100 não se mostrou útil para o diagnóstico de cirrose biliar primária em pacientes com AMA negativo nesta amostra de pacientes. TL-033 (359) MELD COMO PREDITOR DE EVOLUÇÃO PARA FORMA FULMINANTE NA HEPATITE AGUDA GRAVE PEREIRA GHS, ROMA J, GONZALEZ AC, ZYNGIER I, FOSSARI RN, COELHO M, CARIÚS LP, MOREIRA LFP, BALBI E, PEREIRA JL Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia – Hospital Geral de Bonsucesso (RJ) Fundamentos: Hepatite aguda grave é uma condição caracterizada por rápida deterioração da função hepática em indivíduos previamente hígidos, com potencial de evolução para forma fulminante e necessidade de transplante hepático (TxH) em caráter emergencial. Não existem critérios prognósticos definidos que prevejam a evolução destes pacientes. Métodos: Análise prospectiva dos pacientes internados por hepatite aguda grave (definida como afecção aguda associada a icterícia, com duração inferior 12 semanas, cursando com TAP inferior a 50%, na ausência de encefalopatia hepática) no período de Fevereiro de 2006 a Julho de 2007. O grupo foi comparado conforme a evolução (recuperação ou forma fulminante) e os resultados expressos como média + DP. Resultados: Foram incluídos 19 pacientes (14 do sexo feminino), com média de idade de 29,1 + 15,9 anos. Hepatite auto-imune (n = 6) e droga (n = 5) foram as etiologias mais comuns. O tempo entre a instalação da icterícia e o critério de gravidade (TAP < 50%) foi de 13,8 +10,8 dias (variação 349 dias). 13 pacientes recuperaram-se, 7 dos quais submetidos a tratamento específico, saindo do critério de gravidade em 7,7+13 dias (1-33 dias). Evoluíram para forma fulminante 6 pacientes, os quais preencheram critérios para TxH após período de 2,5+1,7 dias de internação. Destes, 5 foram transplantados após um período de 4,4 + 1,7 dias (3-7dias). Idade, sódio sérico e número de critérios do King´s College na admissão não foram diferentes entre os grupos. A instituição de tratamento específico (0% vs 50%, p = 0,024), e MELD inicial (33,3+6,8 vs 25+5,5, p = 0,011) foram as únicas variáveis diferentes entre os grupos. Analisando especificamente o MELD, o ponto de corte de 29, com sensibilidade de 91% e especificidade de 83%, foi o que apresentou o melhor poder discriminativo quanto a evolução. Conclusões: Hepatite aguda grave foi comumente uma doença de mulheres jovens, com instalação e evolução para forma fulminante em curto espaço de tempo. A instituição de tratamento específico, conforme a etiologia, conferiu melhor prognóstico. O MELD mostrou-se útil em prever quais pacientes evoluíram para forma fulminante. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 TL-034 (576) AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE 2.245 PRÉ-DOADORES DE SANGUE ENCAMINHADOS PARA A LIGA DE HEPATITES DA UNIFESP NARCISO-SHIAVON JL, CARVALHO FILHO RJ, EMORI CT, MELO IC, MARIYA FA, SCHIAVON LL, SILVA AEB, FERRAZ MLG Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Candidatos a doadores de sangue são freqüentemente encaminhados para centros de referência em Hepatologia para o esclarecimento de sorologias positivas para HBV/HCV e de ALT elevada (excluída da triagem em 2004). Este estudo descreve a avaliação de tais pacientes pela Liga de Hepatites da EPM/UNIFESP. Métodos: Estudo transversal de pré-doadores com ALT elevada, HBsAg(+), antiHBc(+) e anti-HCV(+) atendidos na Liga de Hepatites entre set/1997 e ago/2006. Os dados foram obtidos por revisão de prontuários padronizados. Resultados: Foram incluídos 2.245 pacientes com idade de 37 ± 11 anos, 71% homens. Os motivos do encaminhamento foram: ALT elevada – 322 (14%); HBsAg(+) – 217 (10%); antiHBc(+) – 1.055 (47%); e anti-HCV(+) – 651 (29%). Pacientes com ALT elevada mostraram > IMC (29,1?4,5, P < 0,001), > proporção de homens (90%, P < 0,001) e > porcentagem de etilistas (37%, P < 0,001), diabéticos (6%, P < 0,001) e dislipidêmicos (51%, P < 0,001). Os indivíduos com anti-HBc(+) apresentaram > média de idade (39 ± 11 anos, P < 0,001). Entre aqueles com anti-HCV(+), houve > prevalência de uso de drogas intravenosas (8%, P < 0,001) e de transfusão de hemoderivados (14%, P < 0,001). Dentre os encaminhados por ALT elevada, os principais diagnósticos foram: doença hepática alcoólica (31%) e esteatose não-alcoólica (16%). Daqueles HBsAg(+), 74% eram portadores crônicos do HBV e 21% foram caracterizados como HBsAg falso-(+). Entre os com anti-HBc(+), 75% apresentavam imunidade natural ao HBV e 23% mostraram-se falso-(+). Dos pacientes com anti-HCV(+), a viremia foi confirmada em 54%. As proporções de diagnóstico, abandono, alta e seguimento foram: ALT elevada HBsAg(+) 105 (33%) 217 (67%) 052 (16%) 053 (17%) 153 (70%) 064 (30%) 046 (21%) 107 (49%) Diagnóstico Abandono Alta Seguimento Anti-HBc(+) Anti-HCV(+) 838 (79%) 217 (21%) 823 (78%) 015 0(1%) 440 (68%) 211 (32%) 219 (34%) 221 (34%) P < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 Conclusões: Serviço de atendimento especializado em pré-doadores recusados com indícios de hepatopatias apresenta significativa resolutividade. A alta taxa de abandono daqueles encaminhados por ALT elevada pode refletir características específicas desta subpopulação. TL-035 (132) POLIMORFISMOS DOS GENES DA QUIMIOCINA MCP-1 E DO RECEPTOR DE QUIMIOCINA CCR-5 NÃO ESTÃO ENVOLVIDOS NA SUSCEPTIBILIDADE A HEPATITE AUTO-IMUNE EM CRIANÇAS OLIVEIRA LC, PORTA G, BITTENCOURT PL, GOLDBERG AC, OKAY TS, KALIL J, RAMASAWMY R Laboratório de Investigação Médica – LIM36-FMUSP; Departamento de Hepatologia – ICr-FMUSP; Hospital Português, Salvador, Bahia Introdução: O gene MCP-1 codifica uma quimiocina envolvida na migração de monócitos para sítios inflamatórios, cuja síntese encontra-se aumentada em várias doenças inflamatórias do fígado. Por outro lado, o receptor 5 de quimiocina (CCR5) tem importante papel de regulação de células T, sendo que sua variante CCR5β32 é não-funcional e está associada a várias doenças auto-imunes, incluindo esclerose múltipla, artrite reumatóide e colangite esclerosante primária. Objetivos: Avaliar a influência do polimorfismo do gene MCP-1 na posição -2518 e da variante β32 do gene CCR5 na susceptibilidade genética a hepatite auto-imune tipo 1 (HAI-1). Pacientes e métodos: Cem crianças (75 mulheres, média de idade 9,3 + 0,3 anos) com o diagnostico de HAI-1 estabelecido de acordo com critérios internacionais e 278 indivíduos saudáveis provenientes da região metropolitana da cidade de São Paulo foram investigados. A pesquisa dos genótipos do MCP-1 na posição -2518 e do alelo CCR5 β-32 foi realizada por PCR-RFLP. Resultados: As freqüências do alelo CCR5 Ä-32 foram similares nos pacientes com HAI-1 quando comparados ao grupocontrole (10% vs. 16%, p = NS), assim como também a distribuição dos genótipos do gene MCP-1 na posição -2518. As freqüências dos genótipos AA, AG e GG nos pacientes com HAI-1 e no grupo-controle foram, respectivamente, de 49%, 41% e 10% e 48%, 40% e 12%. Conclusões: A susceptibilidade genética a HAI-1 não está associada à deleção de 32 pares de base do CCR-5 ou a polimorfismos funcionais do gene MCP-1. Financiado pela FAPESP. TL-036 (554) ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA, BIOQUÍMICA E HISTOLÓGICA DA HEPATITE B CONFORME O GENÓTIPO DO HBV ALVARIZ RC, CARVALHO FILHO RJ, PACHECO MS, SILVA GA, PINHO JRR, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites (EPM/UNIFESP) e Instituto Adolfo Lutz Fundamentos: Estudos asiáticos comparam as características da hepatite B entre infectados com os genótipos B e C, enquanto no Ocidente, essas comparações são feitas entre os indivíduos com genótipos B e D. Em São Paulo, onde convivem ociGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 dentais e orientais, a possibilidade de infecção pelo HBV com os diferentes genótipos nos levou a este estudo. Objetivos: Determinar a prevalência dos genótipos do HBV em portadores de infecção crônica pelo HBV e correlacioná-los com dados epidemiológicos e alterações bioquímicas e histológicas. Métodos: Foram incluídos pacientes com infecção crônica pelo HBV com HBV-DNA detectado no soro por PCR qualitativo (limite de detecção: 1000 cps/mL) e prontuários adequadamente preenchidos. Portadores de outras hepatopatias foram excluídos. Todos foram submetidos a avaliações demográficas (idade, gênero, etnia), epidemiológicas (fator de risco para a infecção, consumo de álcool), bioquímicas (testes bioquímicos e funcionais) e histológicas [diagnóstico, atividade necroinflamatória periportal (APP) e fibrose]. A pesquisa dos genótipos do HBV foi feita por seqüenciamento direto da região S do HBV. Resultados: Dos 73 pacientes estudados, 57 (78%) eram homens. A média da idade foi 39,1 ± 13,2 anos. Quanto à etnia, 59 (81%) pacientes eram ocidentais e o consumo excessivo de álcool esteve presente em 7 (9,6%). 50 pacientes (68,5%) não apresentaram fator de risco para a infecção, enquanto que transmissões vertical e horizontal foram identificadas em 4 (5,5%) e 19 (26%), respectivamente. Em 69,9%, a ALT encontrava-se alterada e 69 (94,5%) foram submetidos à biópsia hepática. Alterações mínimas ou esteatose hepática foram encontradas em 16 pacientes (23,2%), hepatite crônica em 37 (53,6%) e cirrose hepática em 16 (23,2%). Fibrose hepática significativa (E > ou = 2) foi encontrada em 30 pacientes (47,6%), enquanto hepatite de interface (APP > ou = 2) foi identificada em 37 (62,7%). Os genótipos do HBV ficaram assim distribuídos: A (44%), B (6%), C (14%), D (27%) e F (7%). O genótipo G foi encontrado em 2 pacientes (1 associado ao D). Em relação às variáveis analisadas, não se observaram diferenças entre os diversos genótipos, exceto pelo predomínio da etnia oriental naqueles com genótipos B e C (P < 0,001). Conclusões: Nos pacientes de etnia oriental, houve predomínio da infecção pelos genótipos B e C do HBV. Além disso, ao se revisar a literatura, esta é a primeira vez que a infecção pelo genótipo G do HBV foi descrita em nosso país. TL-037 (467) MARCADORES SÉRICOS DE FIBROSE HEPÁTICA NA ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA SILVA CCCC, DOMINGUES ALC, LOPES EPA, LINS CN, BORGES R, MARTINS JR, LUNA CF, MOURA IF Hospital das Clínicas – Universidade Federal de Pernambuco-Recife-PE Fundamentos: A esquistossomose mansônica (EM) é doença hepática que constitui relevante problema de saúde no nordeste brasileiro. Para diagnostico da fibrose hepática (FH) desta enfermidade é utilizado de modo rotineiro a ultra-sonografia (USG) de abdômen, e a biópsia hepática não é exame utilizado de rotina em seu diagnóstico. Atualmente marcadores biológicos vêm sendo empregados para o diagnóstico da FH na EM no intuito de avaliar a gravidade da doença. Objetivo: Correlacionar os níveis séricos de gama-GT, ácido hialurônico (AH), relação AST/ALT e contagem de plaquetas com o grau de fibrose periportal estabelecido pelo exame ultra-sonográfico em pacientes com esquistossomose mansônica. Métodos: Foram incluídos 61 pacientes com EM sendo 59% do sexo feminino, com idade média de 46,7 anos, e 16 indivíduos (funcionários) serviram como controle. As dosagens de AST, ALT e gama-GT foram realizadas por método cinético automatizado, a contagem de plaquetas no Celldyn e o ácido hialurônico foi dosado por fluoroensaio. O exame de USG (ALOKA SSD-500) foi realizado pelo mesmo investigador, empregando as classificações do Cairo e Niamey. Resultados: Observou-se correlação entre o número de plaquetas e o grau de fibrose hepática pela classificação do Cairo (p = 0,002) e de Niamey (p = 0,054), bem como entre os níveis séricos de AH com a classificação do Cairo (p = 0,001) e de Niamey (p = 0,001) O nível sérico de AH de 11µg/dL foi capaz de distinguir os pacientes com grau I de fibrose daqueles com graus II/III (Cairo) com sensibilidade de 87% e especificidade de 83%. Já o nível sérico de AH de 20µg/dL foi capaz de distinguir os pacientes com grau C/D de fibrose daqueles com graus E/F (Niamey) com sensibilidade de 60% e especificidade de 65%. Não se encontrou correlação entre os níveis séricos de gama-GT e a relação AST/ALT com o grau de fibrose hepática. Conclusão: A contagem de plaquetas e o nível sérico de AH revelaram boa correlação com o grau de fibrose periportal em pacientes com EM podendo distinguir pacientes com formas leves de fibrose das formas graves. TL-038 (370) PREVALÊNCIA DOS ALELOS S E Z DA DEFICIÊNCIA DE ALFA-1-ANTIRIPSINA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DOENÇA HEPÁTICA BALDO G, NONNEMACHER K, LIMA L, SEGAL SL, KIELING CO, VIEIRA SMG, FERREIRA CT, SILVEIRA TR, GIUGLIANI R, MATTE U Centro de Terapia Gênica e Laboratório Experimental de Hepatologia e Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Fundamentos: Alfa-1-antitripsina (A1AT) é uma protease produzida pelos hepatócitos, e sua deficiência está relacionada a um amplo espectro de manifestações hepáticas. Os alelos mais freqüentemente associados a essa deficiência são o Pi*S e o Pi*Z. Tem sido atribuído ao alelo Pi*Z, mesmo em heterozigose, um papel de gene modificador. Objetivos e métodos: Avaliar a freqüência das mutações E264V (Pi*S) e E342K (Pi*Z) no gene da A1AT em um grupo de crianças com doenças hepáticas de diversas causas (n = 200 pacientes) e em uma amostra de indivíduos normais (n = S9 150), através das técnicas de PCR (Reação em cadeia da polimerase) e RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism). Os dados foram descritos em freqüência e comparados pelo teste do qui-quadrado, com nível de significância de 0,05. Resultados: As freqüências genotípicas para o alelo Pi*Z foram de 10% para homozigotos e 7,5% heterozigotos. Entre os controles, nenhum homozigoto foi diagnosticado e somente 1 heterozigoto (p < 0,001 e 0,003). Para o alelo Pi*S as freqüências não se mostraram diferentes entre os hepatopatas e os controles, tanto para homozigotos (1,3% x 0,7%) quanto para heterozigotos (15,3% x 12,0%). A prevalência geral do alelo Pi*Z mostrou-se significativamente maior nos pacientes (13,8%) que nos controles (0,3%, p < 0,001). Não foi constatada diferença entre os grupos para o alelo Pi*S (6,8% x 6,7% nos hepatopatas e controles, respectivamente; p = 0,99). Conclusões: Houve maior prevalência do alelo Pi*Z nas crianças com hepatopatia, o qual poderia estar contribuindo, como gene modificador, para a doença. O alelo Pi*S parece não elevar o risco de hepatopatia em crianças. TL-039 (185) EXPRESSÃO DO VEGF EM ESTRUTURAS HEPÁTICAS NA ATRESIA BILIAR SANTOS JL, MEURER L, MATTE U, KIELING CO, LORENTZ A, LINHARES AR, EDOM PT, SILVEIRA TR Laboratório Experimental de Hepatologia e Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Introdução: Na maioria dos casos de Atresia Biliar (AB) a colangiopatia se mantém progressiva após a portoenterostomia (POE), evoluindo para cirrose, falência e transplante hepáticos. Há heterogeneidade clínica, com um subgrupo de pacientes apresentando malformações extra-hepáticas (MEH), entre as quais anomalias de lateralidade (ALAT). Recentemente descrevemos espessamento de túnica média (TMA) em ramos arteriais hepáticos na AB, progressivo, sugerindo anomalia vascular com remodelagem da TMA. O transcriptoma na AB comparado com outras causas de colestase neonatal (OCN) mostrou sobre-expressão de VEGF. Neste estudo avaliamos a expressão imunoistoquímica do VEGF nas estruturas hepáticas de pacientes com AB. Material e métodos: Foram avaliadas biópsias em cunha parafinizadas obtidas na POE de 52 pacientes com AB, incluindo casos sem (n = 38) e com MEH (n = 14), entre estes, 5 com ALAT, marcadas por imunoistoquímica com VEGF (DAKO, 1:400, ABC-peroxidase). Biópsias de 8 OCN com idade semelhante e necropsias de 8 pacientes sem hepatopatia (SH) serviram de controles. Um patologista, “cego” quanto aos diagnósticos, analisou a expressão do VEGF em estruturas hepáticas, incluindo ductos biliares (DB) e ramos arteriais hepáticos. Realizou-se quantificação morfométrica da espessura da parede (Esp) e do diâmetro luminal (DI) arteriais (n = 450 vasos), calculando-se a Razão Esp/DI (REDI). A extensão da fibrose foi avaliada por escore específico para AB. Resultados: As expressões do VEGF em DB e TMA correlacionaram-se com a extensão da fibrose hepática (r = 0,52; P < 0,001 e r = 0,58; P < 0,001, respectivamente). Em DB a expressão do VEGF correlacionou-se ainda com a REDI (r = 0,32; P = 0,011). VEGF expressou-se mais em DB e TMA na AB que nas OCN (P = 0,020 e P = 0,010, respectivamente) e nos SH (P < 0,001 para ambos). O grupo com MEH não diferiu das OCN quanto à expressão do VEGF em DB e TMA (P = 0,355; P = 0,222) e, especificamente, o grupo com ALAT não diferiu das OCN nestas estruturas (P = 978; P = 0,655). Porém, as expressões do VEGF em DB e TMA foram significativamente maiores nos casos sem MEH em relação às OCN (P = 0,019; P = 0,010). Conclusão: A heterogeneidade da expressão do VEGF em DB e artérias na AB sugere que o insulto causador da doença atua em distintas etapas de desenvolvimento nos diferentes subgrupos. TL-040 (211) NÍVEIS SÉRICOS DE CORTISOL EM PORTADORES DE CIRROSE HEPÁTICA LUZ RP, MANHÃES FG, SCHMAL AR, CARVALHO JR, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Foi descrita freqüência elevada de insuficiência adrenal em portadores de cirrose hepática avançada com sepse grave, porém ainda não está estabelecido se este achado está relacionado ao quadro infeccioso ou à disfunção hepática. O objetivo deste estudo foi avaliar níveis séricos de cortisol basal em portadores de cirrose hepática e sua relação com a função hepática. Metodologia: Foram estudados pacientes com cirrose hepática que realizaram determinação dos níveis de cortisol pela manhã por técnica de quimioluminescência. Foi realizada análise comparativa entre os pacientes com níveis de cortisol basal < 10mg/dL (G1) e aqueles com cortisol ≥ 10mg/dL (G2) em relação às variáveis demográficas, MELD e Child. Resultados: Foram avaliados 42 pacientes (75% homens, idade 56 ± 9 anos) com cirrose hepática (58% HCV, 19% álcool, 13% HBV, 10% outras), sendo 41% Child A, 48% B e 11% C. A média do cortisol basal foi de 15,0 ± 5,2mg/dL (mediana = 15,3mg/dL) e 8 (19%) pacientes apresentavam cortisol < 10mg/dL (G1). Na análise comparativa, não havia diferença entre os grupos quanto ao sexo (p = 0,99) e idade (p = 0,14). Entre os pacientes com cortisol < 10mg/dL, observou-se maior proporção de Child B e C (100% vs. 50%; p = 0,05) e MELD mais elevado (19 ± 7 vs. 12 ± 5; p = 0,04). Conclusões: Níveis séricos de cortisol basal apresentaram associação inversa com o grau de disfunção hepática. Estes dados podem representar reserva adrenal reduzida pela própria doença hepática, e sinalizam um risco elevado de insuficiência adrenal em pacientes com cirrose avançada em situações críticas, mesmo na ausência de quadros infecciosos. S 10 TL-041 (127) FATORES DE RISCO PARA RECIDIVA DE VARIZES ESOFÁGICAS APÓS ERRADICAÇÃO COM TRATAMENTO ENDOSCÓPICO EM PACIENTES CIRRÓTICOS MONICI LT, SOARES EC, MEIRELLES-SANTOS JO Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – Campinas – SP Fundamento: A ligadura elástica endoscópica (LE) é o método mais utilizado para profilaxia secundária da hemorragia por varizes esofágicas. Um dos problemas deste tratamento é o elevado grau de recidiva varicosa após a erradicação, que varia de 20 a 48% dos pacientes já no primeiro ano. A recidiva está associada a risco de ressangramento e exige um seguimento endoscópico destes pacientes e retratamentos. A associação de LE com escleroterapia por injeção reduz a chance de recidiva em relação à LE utilizada isoladamente. Os fatores de risco para a recidiva de varizes nestes pacientes não haviam sido previamente estudados. Métodos: Setenta pacientes cirróticos com antecedente de hemorragia varicosa tratados com a associação de LE com escleroterapia seqüencial foram seguidos endoscopicamente após a erradicação, num intervalo de 1-3-6-12 meses, por um período mínimo de um ano para detecção de recidiva de varizes. Foi realizada análise univariada e uma análise multivariada do tipo “stepwise” dos fatores que poderiam estar associados à recidiva: idade, gênero, classificação de Child-Pugh, calibre inicial das varizes, presença de gastropatia da hipertensão portal e de varizes gástricas, piora na severidade da hipertensão portal durante o tratamento e ressangramento durante o mesmo. Resultados: O tempo médio de seguimento foi de 33 meses. A recidiva de varizes ocorreu em 18,6% dos pacientes no primeiro ano de seguimento, aumentando para 22,8% no segundo ano. O único fator que apresentou risco significativo para recidiva varicosa foi a presença de varizes gástricas, com um odds ratio de 3,98 (p = 0,029). Nesta casuística, a recidiva de varizes esofágicas ocorreu em 16% dos pacientes sem varizes gástricas contra 44% daqueles com varizes gástricas. Conclusões: A presença de varizes gástricas aumenta o risco de recidiva de varizes esofágicas após erradicação com tratamento endoscópico. Pacientes com varizes gástricas devem merecer seguimento endoscópico mais rigoroso após erradicação das varizes esofágicas. TL-042 (552) ANÁLISE DOS SCORES DE GRAVIDADE COMO PREDITORES DE MORTALIDADE EM CIRRÓTICOS HOSPITALIZADOS: RESULTADOS PRELIMINARES GALPERIM B, VOLPATO RC, RODRIGUES CA, TOVO CV, ALMEIDA PRL Serviço de Gastroenterologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) de Porto Alegre – RS Introdução: A mortalidade dos pacientes cirróticos hospitalizados é elevada. Diversos índices têm sido propostos na avaliação da gravidade da doença hepática. Objetivo: Analisar os scores de Child, APACHE II e MELD como índices prognósticos de mortalidade hospitalar em pacientes cirróticos. Material e métodos: Foram avaliados prospectivamente todos os pacientes cirróticos que internaram através da emergência no Serviço de Gastroenterologia no HNSC, em um período de 6 meses. Os scores CHILD, MELD e APACHE II foram registrados, bem como o desfecho (alta ou óbito). O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: Foram avaliados 51 cirróticos neste período. Trinta e quatro eram homens (66,7%). A média de idade foi 54,6 ± 12,0 anos. Álcool e/ou o vírus da hepatite C (HCV) foram responsáveis pela etiologia de 43 (84,3%) casos. Quanto ao Child, 26 (51,0%) eram A ou B, e 25 (49,0%) C. A mediana do score MELD foi 15, sendo que 22 (43,1%) apresentavam MELD < 15 e 29 (56,9%) MELD = 15. A mediana do score APACHE II foi 9, sendo que 13 (25,5%) apresentavam índice < 9 e 38 (74,5%) índice = 9. A mortalidade hospitalar foi 31,4% (16 casos). Quanto ao score Child, houve 06 (23,7%) óbitos naqueles A ou B e 10 (40,0%) naqueles C (p = 0,19). Quanto ao score MELD, houve 02 (9,1%) óbitos dentre aqueles com índice < 15 e 14 (48,2%) naqueles com MELD = 15 (p < 0,01). Quanto ao score APACHE II, não houve óbitos dentre aqueles com score < 9, e houve 16 (42,1%) dentre aqueles com score = 9 (p < 0,01). Conclusões: Os scores MELD e APACHE II se mostraram bons preditores de mortalidade em cirróticos hospitalizados. TL-043 (141) INFECÇÃO OCULTA PELO VIRUS DA HEPATITE B (HBV) EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM HEMODIÁLISE MOTTA JS, PEREZ RM, MELLO FCA, LAGO BV, GOMES AS, FIGUEIREDO FAF Serviço de Gastroenterologia/HUPE – Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Laboratório de Virologia Molecular-IOC-FIOCRUZ Fundamentos: A presença de HBV-DNA detectável em pacientes HBsAg negativo, independente da presença de anticorpos contra o HBV (anti-HBc e/ou anti-HBs), caracteriza a infecção oculta pelo HBV. Sua prevalência e significado clínico ainda são pouco conhecidos, sobretudo em grupos específicos, como os pacientes em hemodiálise. Os objetivos foram avaliar a prevalência de infecção oculta pelo HBV em pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) em hemodiálise, comparar a prevalência de infecção oculta entre pacientes com anti-HCV positivo e negativo, e comparar as características demográficas, epidemiológicas e laboratoriais entre pacientes com e sem infecção oculta pelo HBV. Métodos: Foram estudados 100 paGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 cientes com IRC em hemodiálise com HBsAg negativo, sendo 50 com anti-HCV positivo. Em todos os pacientes foi realizada pesquisa de HBV-DNA por técnica de PCR qualitativo, com limite de detecção estimado de 100 cópias/mL. Nos casos positivos, foi realizada determinação da carga viral em duplicata, por PCR em tempo real, e o seqüenciamento genético. Resultados: A média de idade foi de 51 ± 16 anos (21-92 anos), 51% eram do sexo feminino e a média de tempo de hemodiálise foi de 6 ± 4 anos (0-20 anos). A presença do HBV DNA foi detectada em 15 pacientes (15%). A média da carga viral foi de 1634 ± 318 cópias/mL (150-4557). Dos 15 casos, só foi possível o seqüenciamento de 5 e, destes, 4 apresentaram mutação YMDD (nenhum tinha uso prévio de lamivudina). A infecção oculta foi detectada em 12% dos pacientes com anti-HCV positivo e em 18% daqueles com anti-HCV negativo (p = 0,40). Não houve diferença entre os pacientes com e sem infecção oculta pelo HBV quanto ao sexo (p = 0,45), idade (p = 0,79), tempo de diálise (p = 0,22), ALT (p = 0,59), anti-HBc (p = 0,17) e anti-HBs (p = 0,33). Conclusões: A prevalência de infecção oculta pelo HBV em pacientes portadores de insuficiência renal crônica em hemodiálise foi de 15%. Não houve diferença na prevalência entre pacientes anti-HCV positivo e negativo. Nenhuma variável foi capaz de identificar a presença de infecção oculta pelo HBV. em pacientes com NDAG/CHC e 3 sem NDAG/CHC (p = 0,0713). A DPC esteve presente em 3 pacientes, todos com NDAG/CHC (2 com CHC e 1 com NDAG) e não foi encontrada em pacientes sem NDAG/CHC (p = 0,0631). A DGC foi identificada em 5 casos com CHC e 2 sem CHC ou NDAG (p = 0,0805). A RI foi na grande maioria dos casos (91%) um achado difuso, enquanto a DPC e DGC apresentaram uma distribuição predominantemente focal no parênquima. Conclusão: No nosso estudo, a RI, DGC e DPC foram observadas com maior freqüência em explantes hepáticos com NDAG/CHC. A regeneração irregular parece ser, pela sua distribuição difusa no parênquima hepático, entre as alterações estudadas, o marcador de risco para CHC mais promissor para avaliação em biópsias hepáticas percutâneas. Porém, um aumento da casuística é importante para uma melhor avaliação do papel dessas lesões como fatores de risco para CHC. TL-046 (364) DETERMINAÇÃO QUANTITATIVA SIMULTÂNEA DO AGHBE E DO DNAVHB SÉRICOS EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA B (HCB) SUBMETIDOS A DIFERENTES ESQUEMAS ANTIVIRAIS DA SILVA LC, DA NOVA ML, ONO-NITA SK, PINHO JRR, CARRILHO FJ TL-044 (488) CORRELAÇÃO ENTRE OS GENÓTIPOS DO VÍRUS DA HEPATITE B (HBV) E A PRESENÇA DE MUTAÇÃO NA REGIÃO PRÉ-CORE ALVARIZ RC, CARVALHO FILHO RJ, PACHECO MS, SILVA GA, PINHO JRR, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina (UNIFESP) e Instituto Adolfo Lutz Fundamentos: Os genótipos do HBV são definidos por uma divergência na seqüência completa dos nucleotídeos > ou = a 8%. Até o momento, 8 já foram reconhecidos (A até H). Vários trabalhos vêm mostrando a relação entre os genótipos do HBV e a prevalência de mutantes na região pré-core. No Brasil, a prevalência desse mutante em pacientes HBeAg-negativo é baixa (45%) e uma das causas seria a distribuição genotípica do HBV. Objetivos: Determinar a prevalência dos genótipos do HBV em portadores de infecção crônica e correlacionar com a presença do mutante précore. Métodos: Estudo retrospectivo que incluiu pacientes com infecção crônica pelo HBV atendidos no Ambulatório de Hepatites com HBV-DNA detectado no soro por PCR qualitativo (limite de detecção = 1000 cps/mL) e prontuários adequadamente preenchidos. Aqueles com outras hepatopatias foram excluídos. Todos fizeram avaliações virológicas (presença da mutação pré-core nt 1896 e genótipo do HBV). A pesquisa do mutante foi feita com a enzima de restrição BSU36 I e o genótipo foi determinado por seqüenciamento da região S do HBV. Resultados: 73 pacientes foram analisados, 57 (78%) homens. A média de idade foi 39,1 +/- 13,2 anos. Trinta e dois pacientes (43,8%) apresentavam HBeAg positivo e 41 (56,2%) negativo. A mutação pré-core nt 1896 foi identificada em 16/35 pacientes HBeAgnegativo (45,7%) e em 1/29 HBeAg-positivo (3,4%). Houve predomínio dos genótipos A (43,8%) e D (27,4%) no grupo estudado. Genótipo F foi encontrado em 5 pacientes (6,8%). Genótipos B e C corresponderam a 20% da amostra (6% e 14%, respectivamente). O genótipo G foi encontrado em 2 pacientes, sendo 1 associado à infecção pelo genótipo D. Não foram encontrados pacientes com genótipos E e H. Não houve diferenças entre os diversos genótipos em relação às variáveis analisadas. Ao se comparar separadamente pacientes com genótipos A e D, observou-se maior proporção de pacientes HBeAg-negativo (80% vs. 47%, P = 0,018) e maior prevalência de mutação na região pré-core (39% vs. 10%, P = 0,030) naqueles com genótipo D. Conclusões: Os genótipos A e D foram os mais prevalentes na população estudada. A maior freqüência do genótipo A pode justificar a baixa prevalência do mutante pré-core encontrada (45% dos pacientes HBeAg-negativo). TL-045 (339) REGENERAÇÃO IRREGULAR É UM ACHADO DIFUSO E POSSIVELMENTE RELACIONADO COM CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA E HEPATITE C MELLO ES*, CHAGAS AL#, BARBOSA AJ*, KIKUCHI LOO#, VEZOZZO DCP#, CARRILHO FJ#, ALVES VAF* Departamentos de Gastroenterologia # e Patologia*, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil Fundamentos: Regeneração irregular (RI), displasia de pequenas células (DPC) e displasia de grandes células (DGC) são lesões não nodulares frequentemente encontradas em fígados cirróticos e em associação com o carcinoma hepatocelular (CHC). Estudos prévios associaram a presença dessas lesões com um risco aumentado de CHC. Entretanto, o seu papel na hepatocarcinogênese ainda permanece incerto. Objetivo: Avaliar a associação de nódulos displásicos de alto grau (NDAG) e CHC com a presença de RI, DGC e DPC no tecido não-tumoral de explantes de fígados cirróticos secundários a hepatite C (VHC). Material e métodos: Analisamos a presença e distribuição da RI, DGC e DPC no tecido hepático não-tumoral de 21 explantes de fígados cirróticos secundários a hepatite C, com ou sem NDAG/CHC. Todas as amostras foram avaliadas pelo mesmo patologista, com experiência em patologia hepática, que desconhecia a presença ou não de NDAG/CHC no explante hepático. O teste exato de Fisher foi aplicado para análise estatística. Resultados: Dos 21 casos analisados, sete apresentavam CHC (com ou sem NDAG), 2 apenas NDAG e 12 nenhuma das duas lesões. A RI foi observada em 9 explantes, sendo 6 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Disciplina de Gastroenterologia Clínica - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Fundamentos: As recomendações atuais sobre a monitorização de pacientes com HCB sob tratamento com anti-virais (Lok et al, Hepatology 2007; Lai et al, Ann Int Med 2007) não mencionam a necessidade de quantificar o AgHBe sérico concomitantemente à dosagem do DNA-VHB. Em acompanhamento a longo prazo de pacientes tratados com lamivudina (LAM), nosso grupo observou uma dissociação entre DNA-VHB e o AgHBe sérico (Da Silva et al, DDW 2005) em alguns pacientes. Objetivo: Determinar a freqüência dos três padrões diferentes de comportamento do AgHBe x DNA-VHB. Padrão I: queda concomitante de ambos marcadores virais (intervalo entre ambos, inferior a 6 meses); padrão II: negativação do AgHBe mas persistência de detecção do DNA-VHB (em prazo superior a 6 meses); padrão III: negativação do DNA-VHB mas persistência do AgHBe (> 6 meses). Casuística e Métodos: Analisamos 23 pacientes, 21 tratados com LAM e 2 outros com PegIFN + LAM. A resistência à LAM (todos com mutação no domínio YMDD) em 9 pacientes levou-nos a administrar PegIFN a 7 pacientes e adefovir (ADV) a 2 pacientes, totalizando 32 séries de tratamento. Para a quantificação do DNA-VHB utilizamos o PCR (Amplicor-Monitor Roche ou PCR “in house”, por diluição) e do AgHBe a técnica do MEIA AXSYM (Abbott). Pacientes que não apresentaram negativação do DNA-VHB e do AgHBe foram considerados não-respondedores sendo excluídos da presente análise, à exceção dos 9 pacientes que receberam nova série terapêutica. Consideramos resposta viral a negativação do DNA-VHB e do AgHBe. Resultados: Cinco de 21 pacientes tratados com LAM (23,8%) e cinco de seis (83,3%) pacientes tratados com PegIFN + LAM apresentaram padrão I (Teste Exato de Fischer, p = 0,015). O padrão II foi observado em apenas 3 pacientes dos quais um paciente apresentou uma negativação espontânea do AgHBe, com persistência do DNA-VHB. O padrão IIIA (queda lenta mas progressiva do AgHBe) foi observado em 5 séries (4 pacientes) e o IIIB (sem queda do AgHBe) em 4 séries de tratamento (3 pacientes). Conclusão: A determinação simultânea do DNA-VHB e do AgHBe fornece dados preditivos importantes, pois os padrões I e IIIA tendem a mostrar evolução para uma resposta viral. TL-047 (453) PESQUISA DO VÍRUS DA HEPATITE B EM ENXERTOS DE DOADORES ANTI-HBC POSITIVOS SITNIK R, MEIRA-FILHO SP, PANDULLO FL, FONSECA LEP, ZURSTRASSEN MPC, HIDALGO R, REZENDE MB, AFONSO RC, REBELLO PINHO JR, FERRAZ-NETO BH Hospital Israelita Albert Einstein – São Paulo Fundamentos: Fígados provenientes de doadores anti-HBc positivos/AgHBs negativos são implantados em receptores Anti-HBs positivos utilizando lamivudina no pósoperatório. Iniciamos um estudo piloto para determinar a presença do DNA do vírus da Hepatite B (HBV-DNA) em enxertos provenientes de doadores Anti-HBc positivos por uma metodologia recentemente padronizada na instituição. Métodos: De março de 2006 a agosto de 2007, foram obtidos, durante a cirurgia de banco, 11 espécimes de biópsia hepática por agulha de enxertos procedentes de doadores anti-HBc positivos/AgHBs negativo. Um dos pacientes realizou uma segunda biópsia hepática 1 ano após o transplante hepático. Os fragmentos de biópsia foram colocados em um tubo com 300ul de Brazol (LGC do Brasil) preservando os ácidos nucléicos. Utilizamos PCR em tempo real para pesquisa do HBV-DNA, com primers que cobrem a região S e amplificam todos os genótipos virais conhecidos. Como controles da reação, foram utilizados os kits “TaqMan Exogenous Internal Positive Control Reagents” e “Pre Developed TaqMan Assays Reagents Human PO” (Applied Biosystems, EUA), sendo que o primeiro amplifica um DNA exógeno e controla possíveis inibições da reação de PCR, enquanto o segundo amplifica uma região do DNA genômico e controla o processo de extração. Ambos devem ser amplificados para o resultado ser considerado válido. Resultados: A pesquisa do HBV-DNA no tecido foi positiva em 3 casos estudados. Em uma amostra, o controle interno não foi amplificado, não sendo possível determinar a presença do HBV. Um dos enxertos positivo para HBV-DNA, após 1 ano continua positivo na biópsia, embora negativo no plas- S 11 ma. Nenhum paciente apresentou sinais de infecção pelo vírus da Hepatite B no pós-operatório. Conclusões: Em 27,3% das amostras de enxertos hepáticos provenientes de doadores de fígado Anti-HBc positivos foi detectado HBV-DNA. A presença do HBV-DNA não foi um fato incomum. O potencial benefício que o teste prévio de HBV-DNA no tecido possa trazer aos receptores não foi ainda elucidado. TL-050 (462) ACURÁCIA DO ÍNDICE DE RISCO DO DOADOR NA SOBREVIDA DO ENXERTO DE PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE DE FÍGADO NO ESTADO DE SÃO PAULO BOIN IFSF, LEONARDI MI, LEONARDI LS, PEREIRA LA TL-048 (526) AVALIAÇÃO DO GRAU DE LESÃO HEPÁTICA EM PACIENTES COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE B (HBV) EM FASE REPLICATIVA CURSANDO COM DIFERENTES PADRÕES DE ALT FERREIRA SC, SOUZA FF, TEIXEIRA AC, CHACHA SGF, SECAF M, VILLANOVA MG, FIGUEIREDO JFC, PASSOS AD, ZUCOLOTO S, MARTINELLI ALC Divisão de Gastroenterologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Introdução: Avaliação seriada da ALT é indicada na infecção crônica pelo HBV como parâmetro de detecção de lesão hepática e orientação de realização de biópsia. Por outro lado, é reconhecida a falta de correlação entre níveis de ALT e grau de lesão hepática. Objetivos: Avaliar a lesão hepática em pacientes com infecção pelo HBV em fase replicativa cursando com diferentes padrões de ALT. Material e métodos: Foram estudados 95 pacientes com infecção crônica pelo HBV [HBeAg positivos(+) e HBeAg negativos(-)] em fase replicativa (HBVDNA > 104cópias/ml), atendidos no Ambulatório de Hepatites, HCFMRP (1992-2006), com biópsia hepática. Os pacientes foram divididos de acordo com o padrão de ALT: ALT elevada (ALT > 1,5xlimite da normalidade) e ALT normal ou levemente elevada (< 1,5xlimite normalidade), média de 4 dosagens, em tempo médio de 51 meses. Resultados: Grupo HBeAg(+): 35 pacientes, 66% homens, 32 ± 12 anos, 25 com níveis elevados de ALT e 10 com ALT normal. Os valores médios de ALT foram 96,5UI/L (40-545). Houve tendência a idade maior (p = 0,06) nos paciente com ALT alterada. Não houve diferença na distribuição dos casos quanto à atividade necroinflamatória comparando-se ALT alterada (mínima/leve 9/25; moderada/grave: 16/25) e ALT normal (mínima/leve 4/ 10; moderada/grave: 6/10), bem como quanto aos graus de fibrose (ALT alterada: fibrose mínima/leve: 20/25 e moderada/grave: 5/25; ALT normal: mínima/leve: 8/ 10 e moderada/grave: 2/10). Os níveis de HBV-DNA foram maiores nos com ALT alterada (p < 0,0001). Grupo HBeAg(-): 60 pacientes; 71,7% homens; 39 ± 11 anos; 34 com níveis normais de ALT e 26 com ALT elevada. Os valores médios de ALT foram 70UI/L(35-877). Não houve diferença na idade do paciente com ALT normal ou alterada. Não houve diferença na distribuição dos casos quanto à atividade necroinflamatória comparando-se ALT alterada (mínima/leve: 10/26; moderada/grave: 16/26) e ALT normal (mínima/leve 21/34; moderada/grave: 13/34), bem como quanto aos graus de fibrose (ALT alterada: fibrose mínima/leve: 19/26 e moderada/ grave: 7/26; (ALT normal: mínima/leve: 32/34 e moderada/grave: 2/34). Os níveis de HBV-DNA foram maiores nos com ALT alterada (p < 0,0001). Conclusão: Níveis de ALT persistentemente normais ou minimamente alterados não implicaram em graus diferentes de lesão hepática tanto em pacientes HBeAg positivos ou negativos com replicação viral. Palavras-Chave: HBV, ALT, HBV-DNA, Fibrose. TL-049 (371) OS PRIMEIROS SEIS MESES DE UTILIZAÇÃO DO LIFALTACROLIMUS NO TRANSPLANTE HEPÁTICO KIELING CO, VIEIRA SMG, FERREIRA CT, SILVEIRA TR Serviço de Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Fundamentos: O tacrolimus (TAC) é atualmente a principal medicação imunossupressora utilizada no transplante (Tx) de fígado de crianças e adolescentes. Recentemente, a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul passou a fornecer TAC produzido por um laboratório brasileiro (Lifal®) em substituição ao produzido pela Janssen-Cilag®. Objetivos: Avaliar os efeitos da substituição do Prograf® (PT) pelo Lifaltacrolimus® (LT) no nível sanguíneo (NS), na dose e na função do enxerto em crianças e adolescentes do Programa de Transplante Hepático Infantil do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Materiais e métodos: Foram incluídos pacientes com mais de 6 meses de Tx, dose de TAC estável e sem disfunção do enxerto. Prospectivamente, após a substituição do fornecedor, foi verificada a ocorrência de alteração da ALT, necessidade de ajuste da dose para manter o NS (1 a 7ng/mL), rejeição, perda do enxerto e óbito. Foi comparado o NS anterior com o da primeira coleta posterior a troca do TAC (teste t, P < 0,05). Resultados: Dos 62 transplantados em acompanhamento ambulatorial, 53 (85,5%) utilizam TAC. Destes, 29 (54,7%) passaram a usar o LT. Sete (24,1%) não foram incluídos na análise por apresentarem disfunção do enxerto (6) e dose de TAC estável (1). Nos 22 estudados, o tempo de uso do LT variou de 21 a 243 dias, sendo que 16 (72,7%) utilizaram por mais de 90 dias e que em 7 (31,8%) o uso já ultrapassou 180 dias. Não ocorreu nenhum óbito, perda do enxerto e rejeição e nenhum paciente apresentou alteração de ALT, uréia e creatinina. Foi necessário ajustar a dose em 7 pacientes (31,8%), sendo aumentada em 1 e diminuída em 6. Não houve diferença (P = 0,603) do NS antes (4,6+-1,3ng/mL) e após (4,9+-2,5ng/mL) a troca da TAC. Conclusões: Durante os 6 meses de acompanhamento, a utilização do LT tem se mostrado efetiva e segura, fornecendo NS adequado. Um maior número de paciente acompanhado por um maior período poderá consolidar esses resultados. S 12 Unicamp - SET-SP Fundamentos: Algumas características dos doadores têm sido estudadas em relação ao prognóstico dos receptores. Um risco quantitativo associado a alguma destas características foi relatado por Feng (2006) que sugere que este índice de risco do doador (IRD) seja informado no processo de doação para melhor adequação do binômio doador/receptor buscando uma sobrevida maior dos receptores. Objetivo: Verificar a sobrevida e fatores preditivos utilizando-se o IRD em São Paulo. Método: Através de dados coletados pelo Sistema Estadual de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo analisamos, no período de janeiro de 2003 a junho de 2007, retrospectivamente 1500 doadores de fígado. Destes 1264 foram estudados por apresentarem os dados necessários para o cálculo do IDR (idade do doador: idade, procedência (local, regional ou nacional), raça (branca, negra ou outra), causa da morte (hipóxia, TCE, AVCH ou outras), altura (cm), tempo de isquemia total (horas) e tipo de enxerto (split, reduzido, cadavérico ou coração parado). Do receptor foram avaliados a idade e a sobrevida do enxerto. O IDR foi estratificado em faixas de 0 a 1,25 (A), de 1,26 a 1,50 (B) e acima de 1,51(C). Resultados: A idade média dos doadores foi de 37,1 ± 16,3 e a idade média do receptor foi de 43,1 ± 18,4. O tempo de isquemia médio foi de 9,7 ± 3,2. Detectamos 504 (39,9%) óbitos e 760 (60,1%) vivos.: A análise de regressão de Cox mostrou como fatores preditivos a idade do doador (p = 0,003), a distância da procedência (p = 0,04) e a altura do doador (p = 0,03). A sobrevida está na tabela abaixo: A B C 1º 2º 3º 69,1% 64%,0 58%,0 65% 60% 57% 63%,0 56%,0 54,1% (p = 0,01; qui-quadrado = 9,11) Conclusão: O IDR foi capaz de distinguir com acurácia o grupo de doadores que apresentaram a menor sobrevida do enxerto e a idade e altura do doador e o local de captação do enxerto. Isto pode ser transposto para que doadores de maior risco possam ser informados durante o processo de alocação de órgãos. TL-051 (485) FATORES PREDITIVOS DE PERDA PRECOCE DO ENXERTO EM TRANSPLANTE HEPÁTICO COM DOADOR VIVO ALVES RCP, ANTUNES EAF, MATTOS CAL, PUGLIESE V, SALZEDAS A, GODOY AL, SEDA J, KONDO M, CHAPCHAP P, CARONE E Hospitais A.C. Camargo-Sírio Libanês O número de pacientes adultos submetidos a transplante hepático com doador vivo tem aumentado. A seleção adequada de candidatos, assim como os aspectos técnicos da cirurgia são importantes para determinar os fatores de risco relacionados ao procedimento. O objetivo deste estudo foi analisar os fatores preditivos de perda precoce do enxerto, definido como mortalidade do receptor ou retransplante até o primeiro trimestre após o procedimento em receptores adultos. Foram analisados setenta e três pacientes transplantados nos Hospitais AC Camargo e Sírio-Libanês – São Paulo, durante o período de novembro de 1997 à maio de 2007. A sobrevida cumulativa dos receptores durante este período foi de 71,2% e dos enxertos de 65,7% com mediana de 17,3 meses (0 à 117 meses). Os procedimentos foram divididos em 2 grupos: Grupo 1 – pacientes que apresentaram perda precoce do enxerto – 15 (20,5%) e Grupo 2 – pacientes que não apresentaram perda precoce do enxerto – 58 (79,5%). Foram analisados os fatores preditivos de perda precoce do enxerto, os relacionados ao receptor: Idade, Meld (Model of End-stage Liver Disease) acima de 18 pontos, Status UNOS (United Network for Organ Sharing), etiologia da hepatopatia, Classificação de Child-Turcote e Hiponatremia (Sódio sérico < 130mEq/L). Os fatores relacionados ao enxerto foram: GRWR (Graft Ratio Weight Ratio) > ou < que 1%, tipo de enxerto (Lobo Direito com ou sem veia hepática média e Lobo Esquerdo) e a associação destas variáveis. Na análise univariada somente variáveis relacionadas ao receptor tiveram correlação com perda precoce do enxerto: Meld > 18 pontos, com valor de p = 0,003 e Hiponatremia com valor de p = 0,000. Quando comparada a sobrevida dos diferentes tipos de enxertos, observamos menor sobrevida para enxertos do tipo Lobo Direito com GRWR < 1% sem veia hepática média log rank, valor de p < 0,005. Pacientes com função hepática comprometida (Meld > 18) devem ser candidatos à receber enxertos com a veia hepática média (lobo direito ou esquerdo) e de preferência com GRWR superior a 1% visando diminuir a perda precoce dos enxertos. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 TL-052 (572) INFUSÃO DE CÉLULAS MONONUCLEARES DERIVADAS DA MEDULA ÓSSEA AUTÓLOGA EM PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA: ASPECTOS RADIOLÓGICOS E EVIDÊNCIAS LABORATORIAIS DE MELHORA DA FUNÇÃO HEPÁTICA REZENDE GFM1, COUTO BG1, FONSECA LMB2, GUTFILEN B2, SCHMIDT FMG1, ALVES ALA2, RESENDE CMC2, COELHO HSM1, CARVALHO ACC3, GOLDENBERG RCS3 1 Departamento de Clínica Médica, UFRJ; 2 Departamento de Radiologia, UFRJ; 3 Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, UFRJ Conduzimos um ensaio clínico fase 1 para avaliar exequibilidade, segurança e cinética celular na terapia com células mononucleares derivadas de medula óssea autóloga (CMMOA) em pacientes (pcts) adultos com cirrose hepática listados para transplante. (ClinicalTrials.gov ID NCT00382278). Métodos: Foram incluídos pcts com escore Child-Pugh B7-C10 e com baixo MELD, sem expectativa de transplante hepático em 12 meses. Tomografia computadorizada (TC) e ultra-sonografia com Doppler (USD) excluíram a presença de hepatocarcinoma e trombose de vasos hepáticos. Sob anestesia local, foram aspirados 100ml de medula óssea da crista ilíaca. As CMMOA foram isoladas por centrifugação em gradiente de Ficoll-Hypaque, 10% das células foram marcadas com SnCl2-99mTc, outra pequena amostra foi utilizada para contagem e teste de viabilidade. As células foram infundidas na artéria hepática por cateterismo. Cintilografia de corpo inteiro (CCI) foi realizada 3 e 24 horas pós infusão. Os pcts foram submetidos a avaliação clínica, bioquímica e de imagem periódicas ao longo de um ano. Resultados: Oito pcts foram incluídos, recebendo 2,0 a 7,8 x 108 células. A CCI mostrou relação entre o local de infusão e a distribuição das células. O fígado reteve, em média, 41% da radiação total. A USD mostrou acentuada queda da resistência da artéria hepática em três pcts, mantida por pelo menos 6 meses. Os pcts mostraram aumento médio do nível sérico de albumina de 2,96 a 3,47g/% (= +17,2%). Houve redução transitória do nível sérico de bilirrubina na maioria dos pcts. Um pcte apresentou dissecção da artéria hepática durante o cateterismo, com reperfusão espontânea. Um pcte foi submetido ao transplante hepático e faleceu uma semana após. Um pcte apresentou sangramento por varizes gástricas 10 semanas após a infusão. Um pcte desenvolveu diabetes mellitus e nódulos subcutâneos recorrentes em mãos e antebraço no 10º mês de evolução, compatíveis com fasciite eosinofílica. Nenhum pcte desenvolveu nódulos hepáticos, por USD ou TC, durante o acompanhamento. Conclusão: A infusão de CMMOA na artéria hepática de pcts cirróticos é exequível e parece ser segura, podendo contribuir para a melhoria da função hepática. Não há evidência de correlação entre as complicações observadas e a terapia com CMMOA. Nas pesquisas com células tronco, a cintilografia com células marcadas pode ser útil para conhecermos a cinética celular, enquanto a USD pode revelar as conseqüências hemodinâmicas de sua distribuição. TL-053 (194) doença hepática não tão avançada pelos parâmetros convencionais (MELD < 15 e Child B), representando, portanto, um marcador mais precoce de gravidade e risco de óbito. Sua utilização na prática clínica pode auxiliar na identificação de pacientes com maior risco de complicações. TL-054 (420) VÍRUS C E TRANSPLANTE HEPÁTICO: 12 ANOS DE EXPERIÊNCIA NO TRATAMENTO DA HEPATITE CRÔNICA STUCCHI RSB, ANGERAMI RN, BOIN IFSF, LEONARDI MI Unidade de Transplante Hepático – UNICAMP Objetivos: Descrever a experiência de 12 anos de um Hospital Universitário no tratamento da recidiva da hepatite crônica pelo vírus C (VHC). Material e métodos: De setembro de 1991 a julho de 2006 todos os pacientes submetidos a transplante de fígado no HC da UNICAMP com diagnóstico histológico de recidiva de hepatite crônica C foram submetidos a tratamento antiviral. O tempo mínimo de tratamento proposto foi de 18 meses. No período de 1995 a setembro de 2003 todos os pacientes foram tratados com interferon convencional (IFN) e ribavirina (RBV). A partir de outubro de 2003, os pacientes com genótipo 1 foram tratados com RBV e IFN peguilado (alfa 2a se peso > que 75Kg e alfa 2 b no demais). Os pacientes com genótipo 3 foram tratados com IFN convencional e RBV. A escolha do esquema de drogas imunossupressoras foi feita pela equipe cirúrgica. Resultados: 47 pacientes foram tratados neste período. Trinta e sete pacientes do sexo masculino (78,7%) e dez do sexo feminino (2,3%). A idade média na época do transplante foi de 48 anos. Vinte e quatro pacientes (51,1%) eram genótipo 1, 12 genótipo 3 (25,5%) e em 11 pacientes (23,4%) não foi possível pesquisar genótipo. O tempo médio entre o transplante e o início do tratamento do VHC foi 30 meses. O tempo médio de tratamento foi 16 meses, variando de 4 a 36 meses. Trinta e cinco pacientes (74,5%) receberam IFN convencional, três (6,4%), peguilado alfa 2 a e 9 (19,1%), peguilado alfa 2 b. A resposta virológica sustentada (RVS) ocorreu em 21 de 43 dos pacientes (48,8%). Em 4 pacientes não foi possível obter a análise da RVS. Dos 21 pacientes com RVS, 20,9% eram genótipo 3, 9,3%, gen1 e 18,6% não foram genotipados. RVS foi observada em 16,7% (4 de 24) dos pacientes com genótipo 1, em 75% no genótipo 3 (9 de 12) e em 72,7% nos pacientes não genotipados (8 de 11). A RVS foi observada em 85,7% dos pacientes com F1/F2 (18 de 21), 9,5% com F3 (2 pacientes) 4,8% com F4 (1 paciente). A sobrevida em 5 anos foi de 79,2% nos pacientes com genótipo 1 e de 100% no genótipo 3. A sobrevida em 5 anos dos pacientes com RVS foi de 94% (20 em 21) e de 68,2% nos pacientes sem RVS. Conclusões: É possível conseguir boas taxas de sobrevida em 5 anos nos pacientes transplantados de fígado com recidiva de hepatite C tratados por longos períodos. Deve-se instituir biópsias hepáticas protocolares buscando alcançar melhores taxas de RVS. TL-055 (115) VALOR PROGNÓSTICO DO SÓDIO SÉRICO NOS PACIENTES EM LISTA DE TRANSPLANTE HEPÁTICO INFLUÊNCIA DA CIRURGIA BARIÁTRICA NA EVOLUÇÃO DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM OBESOS GRAVES SCHMAL AR, TORRES ALM, BASTO ST, LUZ RP, MANHÃES FG, CARVALHO JR, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, RIBEIRO J, COELHO HSM ANDRADE AR, COTRIM HP, SOARES DD, ALVES E, ALMEIDA AM, MELO V, ALMEIDA CG Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A cirurgia bariátrica tem sido preconizada como uma das formas de tratamento da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) em obesos graves. Entretanto, este é ainda um tema em discussão. Este estudo teve como objetivo avaliar a evolução da DHGNA em obesos submetidos à cirurgia bariátrica. Método: Estudo coorte, onde foram avaliados obesos graves com diagnóstico histológico de DHGNA após perda de peso. Foram incluídos pacientes antes e após a perda de peso, e foram utilizados para análise, os critérios HAIR e BAAT, que são considerados marcadores de gravidade da DHGNA. HAIR: Hipertensão arterial, ALT > 40 e resistência à insulina (HOMA ≥ 3); Critérios BAAT; idade > 50 anos, IMC ≥ 28, ALT > 2X valor de referência, triglicérides > 150. A presença de pelo menos 2 critérios em qualquer dos escores foram são considerados marcadores de doença avançada. Resultados: Foram avaliados 44 pacientes com idade média de 38,9 ± 12,7 anos, sendo 63,8% do sexo feminino, com IMC médio de 45,4 ± 5,8. Antes da cirurgia 61,4% dos pacientes apresentavam síndrome metabólica e 50% esteatose à ultra-sonografia. Após perda de peso médio de 46kg em uma média de 20,9 ± 5,75 meses (12 a 20). Na avaliação inicial 50% (22) dos pacientes apresentavam critérios de gravidade (HAIR). Após a perda de peso, 1 (4,5%) paciente tinha apresentava mais de 2 destes critérios de gravidade. Houve controle da pressão arterial em 47,7% (21) dos pacientes, queda da ALT em 31,8%, e controle da resistência à insulina. Dos 28 (63,6%) dos pacientes com HOMA ≥ 3, antes da cirurgia, apenas um continuou com resistência a insulina. Na avaliação pelos critérios BAAT 70,45% (31) dos obesos com DHGNA apresentavam critérios de gravidade. Após a perda de peso observou-se queda do IMC em 100%, sendo que 70,4% ficaram com IMC < 28kg/m2. Houve melhora da ALT em 31,8% e triglicérides em 52,3% dos pacientes. Conclusão: Os resultados mostram que considerados os principais critérios de gravidade, o tratamento da obesidade através da cirurgia bariátrica influencia na evolução clínica e no prognóstico de pacientes com diagnóstico de DHGNA. Fundamentos: O MELD score vem sendo utilizado como fator prognóstico nos pacientes em lista de transplante hepático. Entretanto, muitos pacientes com doença hepática avançada, apresentam MELD baixo e alta taxa de mortalidade. Complicações graves da cirrose como síndrome hepatorrenal e ascite estão relacionadas de forma significativa à hiponatremia, com prognóstico reservado. Entretanto, o valor prognóstico do sódio sérico como parâmetro isolado tem sido pouco avaliado. O objetivo deste estudo foi avaliar o valor preditivo de mortalidade do sódio sérico, relacionando-o com Child-Pugh e MELD. Metodologia: Foi realizado estudo retrospectivo com pacientes listados para transplante hepático no período de janeiro/ 1997 a julho/2006, sendo selecionados para inclusão os pacientes que apresentavam informação sobre sódio sérico no momento da inscrição (+/- 6 meses) e dados para cálculo do MELD. Foi realizada análise comparativa da mortalidade entre pacientes com sódio sérico inferior a 135 e aqueles com sódio acima deste valor (testes de Qui-quadrado). Foi aplicada análise de regressão de Cox. Resultados: Foram incluídos 472 pacientes (61% homens, idade 51+/-13 anos). A média do sódio sérico foi de 139+/-5mEq/L (120-149). Setenta e sete (16%) apresentavam Na < 135mEq/L e a mortalidade foi mais elevada neste grupo (53% vs. 36%; p = 0,005). Pacientes com hiponatremia apresentavam MELD mais elevado (18 vs 13; p < 0,001) e maior proporção de Child-Pugh C (58% vs. 33%; p = 0,001). Quando selecionados exclusivamente pacientes com Child B, observou-se maior mortalidade entre os pacientes com Na < 135mEq/L (55% vs. 30%; p = 0,029). Entre os pacientes Child C, não houve relação entre o valor do sódio sérico e a mortalidade. Da mesma forma, quando analisados especificamente pacientes com MELD < 15, também se observou maior mortalidade entre os pacientes com Na < 135mEq/L (46% vs. 24%; p = 0,032). Na análise de regressão de Cox, Na < 135 permaneceu como variável independentemente associada à mortalidade (p < 0,001; OR: 2,0, IC: 1,4 -2,9). Conclusão: O sódio sérico se associou à mortalidade, mesmo em pacientes com GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 FAMEB-Universidade Federal da Bahia; FIOCRUZ; Núcleo Obesidade-Bahia S 13 TL-056 (113) TL-058 (143) PERFIL DE EXPRESSÃO GÊNICA NA PROGRESSÃO DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA): DA ESTEATOSE AO CARCINOMA HEPATOCELULAR (CHC) DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM ADOLESCENTES: RELEVÂNCIA DO SOBREPESO COMO FATOR DE RISCO STEFANO JT1, OLIVEIRA CPMS1, CORRÊA-GIANNELLA ML2, KUBRUSLY MS1, BELLODI-PRIVATO M1, MELLO ES3, OLIVEIRA AC1, BACCHELLA T1, CALDWELL SH4, ALVES VAF3, CARRILHO FJ1 Faculdade de Medicina da Bahia – Universidade Federal da Bahia 1. Departamento de Gastroenterologia – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil Fundamentos: A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) abrange um largo espectro de doença, desde casos de esteatose simples até, esteato-hepatite (ENA), cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC). Os aspectos fisiopatológicos desta progressão ainda são pouco conhecidos. O objetivo desse estudo foi caracterizar o perfil de expressão gênica e delinear vias moleculares e processos celulares nos diferentes estágios de evolução da DHGNA. Métodos: Dentre 408 pacientes diagnosticados com CHC no momento da ultra-sonografia, identificamos 7 casos (1,7%) com CHC secundário a ENA. O diagnóstico de CHC foi baseado na classificação do “Barcelona Clinic Liver Cancer” (BCLC) e confirmado histologicamente. Para a hibridização dos microarranjos de cDNA [CodeLink™ Human Whole Genome Bioarrays (GE Healthcare Biosciences, Chalfont St. Giles, UK)] utilizou-se tecidos hepáticos de 3 pacientes diagnosticados com CHC moderadamente diferenciado (> 3,5cm) secundário a ENA e comparados a 9 pacientes com diagnóstico de DHGNA (3 esteatose simples, 3 ENA e 3 cirroses secundárias a ENA) e, 3 fragmentos hepáticos normais provenientes de doadores de fígado para transplante. Os valores de expressão gênica foram normalizados individualmente e os dados analisados pelo programa GenMapp/MAPPFinder (http://www.genmapp.org/), o qual utiliza informações provenientes do Gene Ontology Consortium (http://www.geneontology.org/ GO.doc.html). Resultados: As vias moleculares com alterações mais significativas foram às relacionadas à atividade mitocondrial e apoptose nas seguintes comparações: 1) controle e esteatose; 2) esteatose e ENA, e 3) cirrose secundária a ENA e CHC secundário a ENA. Porém, não se observou diferenças significativas na modulação destas vias entre ENA e cirrose secundária a ENA. As vias relacionadas à resposta imune estavam significantemente alteradas somente na comparação cirrose secundária a ENA e CHC secundário a ENA. Conclusão: Apesar das alterações mitocondriais na patogênese da DHGNA já estarem bem estabelecidas, nenhum estudo demonstrou sua participação no desenvolvimento do CHC secundário a ENA. O conhecimento destas alterações na evolução do CHC pode vir a ser clinicamente útil como marcador molecular para diagnóstico precoce e tratamento. TL-057 (331) IDENTIFICAÇÃO DA ESTEATOEPATITE NA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA ATRAVÉS DE TESTES NÃO INVASIVOS HABITUALMENTE EMPREGADOS NO ESTUDO DESSES PACIENTES PARISE ER, OLIVEIRA CPMS, SILVA GF, CARRILHO FJ, SANTOS VN, FURUYA JR CK, SALGADO ALF Universidade Federal de São Paulo, Universidade de São Paulo e Universidade Estadual de Botucatu Fundamentos: A DHGNA acomete cerca de 20% da população mundial, mas apenas 10-15% desses pacientes apresentam esteatoepatite não alcoólica (NASH), com potencial evolutivo para a cirrose e a insuficiência hepática. Vários testes têm sido empregados com o objetivo de identificar os portadores de NASH. Objetivo: Estudo multicêntrico em portadores de DHGNA submetidos à biópsia hepática percutânea, para avaliar retrospectivamente a capacidade de testes habitualmente empregados na prática médica em identificar de forma não invasiva portadores de NASH. Métodos: Pacientes com diagnóstico de DHGNA caracterizados à biópsia de acordo com os critérios de Matteoni et al. para identificação da esteatoepatite. Dosagens de ALT, AST, GGT, glicemia, colesterol total e HDL colesterol e triglicérides através de método automatizado. Insulina plasmática de jejum através de imunofluorimetria. Índice de resistência insulínica calculada pelo modelo homeostático, HOMA-IR. Análise estatística pelo χ2, regressão binária e curva ROC. Resultados: foram incluídos no estudo 253 pacientes. A idade média foi de 52+13 anos, sendo 51% do gênero masculino. O diagnóstico de NASH foi estabelecido em 65% dos casos. Em análise univariada estiveram significantemente associados à presença de NASH na biópsia as variáveis idade, IMC, Insulina, Glicose, Homa-IR, AST e Diabetes Após regressão binária estiveram independentemente associadas ao diagnóstico de NASH [OR(IC95%)] o IMC 2,438 (1,098-5,414) p = 0,029; AST 1,005 (1,001-1,009) p = 0,029; Diabetes 3,649 (1,42-8,112) p = 0,001. Com esses dados foi calculado fórmula: (IMCx2,4)+(AST)+(Diabetes x 3,6). Com essa fórmula foi construída curva ROC para 296 pacientes (casuística original + 43 casos novos) que mostrou ASC = 0,709 (0,648-0,769), p < 0,001. O diagnóstico de NASH para valores > 2,9 apresentou sensibilidade de 70% e especificidade de 62,5%. Conclusão: A presença de sobrepeso, diabetes mellitus e AST alterada em pacientes com DHGNA podem ser preditivos de NASH na biópsia hepática. Estudos em populações com diferentes prevalências de NASH à biópsia devem ser efetuados. ROCHA R, GUIMARÃES I, BITENCOURT A, BARBOSA D, ALMEIDA A, SANTOS A, CUNHA B, FERRAZ AC, COTRIM HP Fundamentos: O aumento da freqüência de obesidade entre adolescentes tem contribuído para o aparecimento de doenças crônicas como a Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA). Entretanto, também é de interesse avaliar a relação entre sobrepeso e esta doença. Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar a importância o sobrepeso como fator de risco para DHGNA em adolescentes assintomáticos. Métodos: Estudo observacional transversal, onde foram estudados adolescentes entre 11 e 18 anos com sobrepeso de escolas públicas e privadas em Salvador-Bahia, no período de outubro de 2005 a outubro de 2006. A avaliação incluiu circunferência da cintura (CC), índice de massa corporal (IMC), níveis séricos de aminotransferases (ALT, AST e GGT), glicemia, insulina, HDL-c e triglicérides, medida pressão arterial e ultrasonografia abdominal. Foram critérios para diagnóstico de DHGNA: presença de esteatose em métodos de imagem, história negativa ou ocasional de ingestão de bebidas alcoólicas (≤ 140g/semana), e investigação negativa para outras doenças hepáticas. A resistência à insulina foi avaliada pelo HOMA [homeostasis model assessment], considerando ponte corte HOMA ≥ 3,16. Resultados: De 648 adolescentes avaliados, 158 apresentavam sobrepeso e foram incluídos no estudo. A média de idade foi de 14,2 ± 2,1 anos, e 65,8% eram do sexo feminino. Nestes, 0,6% (n = 1) tinha AST elevada, 1,3% (n = 2) GGT elevada e 0,6% (n = 1) AST, ALT e GGT elevadas. A ultra-sonografia foi normal em todos os casos. Nenhum dos adolescentes com elevação de aminotransferase apresentou CC aumentada ou resistência à insulina e apenas o adolescente com AST, ALT e GGT elevadas tinha síndrome metabólica. O HOMA apresentou fraca correlação estatisticamente significante com GGT (r = 0,2; p < 0,05). Conclusão: No presente estudo não foi observado correlação entre DHGNA e sobrepeso em adolescentes assintomáticos. O acompanhamento destes indivíduos através de um estudo longitudinal é de interesse, pois houve associação do sobrepeso com obesidade central e resistência à insulina, fatores comumente relacionados à DHGNA. TL-059 (146) DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA): COMPARAÇÃO ENTRE PACIENTES COM E SEM DIABETES MELLITUS (DM) LEITE NC, FERNANDES TP, BATISTA AD, SEGADAS-SOARES JA, NABUCO LC, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: DM é um fator de risco para a DHGNA, podendo estar presente em 10 a 55% dos pacientes com DHGNA, porém ainda não está estabelecido seu impacto na gravidade da doença hepática. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de DM em portadores de DHGNA e comparar as características demográficas, laboratoriais e ultra-sonográficas em pacientes com e sem DM. Metodologia: Foram incluídos pacientes com US revelando fígado hiperecogênico, com redução da atenuação do feixe sonoro compatível com infiltração gordurosa hepática e/ou biópsia hepática (BH) sugestiva de DHGNA pelos critérios propostos por Brunt (1999). Os pacientes que apresentavam cirrose à BH e/ou redução volumétrica do fígado, esplenomegalia, veias hepáticas portalizadas, aumento do diâmetro (> 1,2cm) e/ou redução do fluxo portal (< 15cm/seg) foram considerados portadores de doença avançada. Foram excluídos pacientes com ingestão alcoólica ≥ 20g/dia. Os critérios para o diagnóstico de DM foram aqueles definidos pela Associação Americana de Diabetes (2006). Foi realizada análise comparativa entre os pacientes com e sem DM em relação às variáveis demográficas, laboratoriais e achados ultra-sonográficos. Resultados: Foram avaliados 366 pacientes com DHGNA, sendo 221 (60%) do sexo masculino, com média de idade de 52+13 (21-86) anos. Nessa amostra, 78 pacientes (21%) apresentavam DM. Os pacientes com DM apresentavam idade mais elevada (59+11 vs. 50+12; p < 0,001), maior freqüência do sexo feminino (53% vs. 36%; p = 0,008), assim como de níveis anormais de AST (54% vs. 38%; p = 0,015), de relação AST/ALT > 1 (37% vs. 18%; p < 0,001) e de achados ultra-sonográficos de doença hepática avançada (35% vs. 11%; p < 0,001). Considerando-se os pacientes com evidências ultra-sonográficas e/ou histopatológicas de DHGNA, os pacientes diabéticos apresentaram maior prevalência de doença avançada (36% vs. 13%; p < 0,001). Conclusões: DM é um importante fator associado à DHGNA e sua presença se associa a níveis mais elevados de enzimas hepáticas e sinais de doença hepática avançada. Estes achados ressaltam a importância de se adotar condutas diagnósticas e terapêuticas mais efetivas nesse grupo de pacientes. TL-060 (172) MODELO EXPERIMENTAL DE CARCINOMA HEPATOCELULAR (CHC) NA ESTEATO-HEPATITE NÃO ALCOÓLICA (ENA) EM RATOS SPRAGUEDAWLEY LIMA VMR, OLIVEIRA CPMS, CALDWELL SH, OLIVEIRA EP, MATSUMOTO PT, CHAMMAS C, CERRI G, ALVES VAF, CARRILHO FJ Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, SP, Brasil Fundamentos: O carcinoma hepatocelular (CHC) ocupa o 5o lugar em prevalência de câncer no mundo e o 3o lugar na mortalidade global. Sua incidência vem aumen- S 14 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 tando especialmente em países ocidentais devido ao aumento da hepatite C, da obesidade e do Diabetes Mellitus. A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) constitui uma epidemia mundial, podendo evoluir desde esteatose simples até esteato-hepatite (ENA), cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC). Baseando-se nestas evidências, faz-se necessário o desenvolvimento de modelos experimentais que possibilitem o entendimento da hepatocarcinogênese na DHGNA. Métodos: Foram utilizados 7 ratos Sprague-Dawley (4 machos e 3 fêmeas), pesando 200-250g, submetidos à dieta hiperlipídica deficiente em colina por 16 semanas, associada à solução aquosa de N-Nitrosodiethylamine (Sigma Co.) 13-15mg/kg/dia. Os animais foram anestesiados com cloridrato de S(+) cetamina 100mg/kg e Xylazina 10-13mg/ kg por via intraperitoneal para realização da ultra-sonografia de abdome e, posterior sacrifício. Fragmentos de tecidos hepáticos previamente fixados em solução de Formol 4% foram processados e submetidos às colorações de hematoxilina-eosina (HE) e Tricromo de Masson. A análise histológica foi realizada por um único patologista experiente para definir a presença de: esteatose macro/microvesicular, focos de necrose, fibrose perivenular e portal, infiltrado inflamatório, cirrose, displasia e carcinoma hepatocelular. Resultados: Ao término do experimento a sobrevida dos animais foi 100%. No exame ultra-sonográfico constatou-se a presença de esteatose em todos os animais e a presença de lesões nodulares focais em 6 deles. No exame macroscópico verificou-se esteatose em todos os animais e cirrose, com distribuição não uniforme nos lobos hepáticos, em 86% (6/7) dos animais. Este achado foi comprovado posteriormente pelo exame histológico. Na microscopia todos os animais apresentaram ENA definida como: presença de esteatose, inflamação, fibrose e balonização. Nos animais com cirrose foram evidenciados nódulos displásicos e CHC. O CHC variou de moderadamente diferenciado a indiferenciado. Conclusão: Desenvolveu-se experimentalmente um modeloanimal de cirrose e CHC associado à DHGNA. Este modelo torna-se útil para estudos futuros da carcinogênese hepática na DHGNA e de suas abordagens terapêuticas. TL-061 (175) POLIMORFISMO NO GENE DA SUBUNIDADE CATALÍTICA DA GLUTAMATO-CISTEINA LIGASE (GCLC) NA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) OLIVEIRA CPMS, STEFANO JT, CAVALHEIRO-LUNA AM, LIMA VMR, SANTOS TE, VIEIRA SM, SANTOS VN, PARISE ER, CORRÊA-GIANNELLA ML, CARRILHO FJ Faculdade de Medicina USP/UNIFESP Fundamentos: Recentemente, especial atenção tem sido dada ao papel do estresse oxidativo e a disfunção nas defesas celulares antioxidantes na etiopatogênese da Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA). O gene glutamato-cisteína ligase (GCLC) codifica uma subunidade da enzima que catalisa a primeira etapa na síntese da glutationa. O polimorfismo na região -129 C/T no gene GCLC está associado à baixa atividade desta enzima na doença coronariana e na lesão renal no Diabetes tipo I. O objetivo deste estudo foi examinar o efeito deste polimorfismo no metabolismo antioxidante na DHGNA. Métodos: Após extração de DNA de sangue periférico de 75 pacientes com diagnóstico histológico de DHGNA [16 esteatose simples e 59 esteato-hepatite (ENA)] e de 100 indivíduos saudáveis (controles), a região promotora do gene GCLC foi amplificada por PCR em tempo real e o polimorfismo -129C/T foi determinado por polimorfismo no comprimento dos fragmentos de restrição com a enzima Tsp45I. A freqüência deste polimorfismo foi comparada à freqüência observada nos controles. Resultados: A presença de pelo menos um alelo T no polimorfismo -129 C/T no gene GCLC, que está associada com menor atividade da região promotora, foi identificada em maior percentagem em pacientes com ENA (22%) que em pacientes com esteatose (6,3%). Após análise de regressão logística das variáveis independentes: sexo, idade, IMC, presença de diabetes, dislipidemia, HOMA (Homeostasis Model Assement) e hipertensão arterial, apenas o HOMA conferiu risco para esteato-hepatite nesta população (p = 0,016; OR > 2,0-2,5, e IC com 95%). Conclusões: (1) Embora sem diferença estatisticamente significante, o polimorfismo na região -129 C/T no gene GCLC esteve presente em maior percentagem na esteato-hepatite; (2) O HOMA > 3 foi a única variável que conferiu risco para esteato-hepatite; (3) A ausência de diferença estatisticamente significativa para pelo menos 1 alelo T e esteato-hepatite, provavelmente se deve ao pequeno número de amostras. Para que possa evidenciar esta diferença a partir dos dados atuais é necessária a ampliação da casuística para 59 indivíduos no grupo de esteatose. TL-062 (549) FREQÜÊNCIA DE ACHADOS ULTRA-SONOGRÁFICOS DE ESTEATOSE EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 (DM2) aqueles definidos pela Associação Americana de Diabetes (2006). Todos os pacientes foram submetidos à US com o mesmo examinador e os critérios utilizados para esteatose foram fígado com ecogenicidade aumentada em comparação aos rins, redução da visualização do lume de veias hepáticas e diafragma. Foram excluídos pacientes com infecção pelo HBV, HCV, HIV e ingestão alcoólica = 20g/dia nos últimos 5 anos. Foi realizada análise comparativa entre os pacientes com e sem esteatose à US em relação às variáveis clínico-demográficas e laboratoriais. Resultados: Foram avaliados 161 pacientes com DM2, sendo 113 (70%) do sexo feminino, com média de idade de 55+8 (29-65) anos. Nesta amostra, 136 (84%) tinham hipertensão arterial, 144 (89%) dislipidemia e 110 (68%) apresentavam algum grau de esteatose à ultra-sonografia. Os pacientes com esteatose apresentaram maior freqüência de obesidade (61% vs. 18%; p < 0,001), do uso de metformin (82% vs. 55%; p < 0,001), maiores medidas de circunferência abdominal (106+12 vs. 95+8; p < 0,001), relação cintura/quadril (mediana: 1,0 vs. 0,98; p = 0,006), assim como de níveis de triglicerídeos séricos (mediana: 162 vs. 113; p = 0,01) e ALT (mediana: 39 vs. 36; p = 0,013).. Não houve associação entre sexo (p = 0,50), idade (p = 0,34), tempo de diagnóstico de DM2 (p = 0,15), valores de glicemia (p = 0,19), hemoglobina glicosilada (p = 0,80), níveis de AST (p = 0,83) e gamaglutamil-transferase (p = 0,23) com a presença de esteatose. Conclusões: A freqüência de esteatose à ultrasonografia é muito elevada em pacientes portadores de DM2. As medidas antropométricas, os níveis de triglicerídeos séricos e ALT foram os fatores associados à presença de esteatose. As variáveis relacionadas ao controle e tempo de DM2 não correlacionaram-se com os achados utra-sonográficos de esteatose. TL-063 (565) INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA FULMINANTE EM PACIENTES OBESO-MÓRBIDOS APÓS CIRURGIA BARIÁTRICA OLIVEIRA E SILVA A DE, CARDOZO VDS, ROCHA BS, WAHLE RC, NÉSPOLI PR, SOUZA EO, DAZZI FL, MANCERO JPM, LARREA FIS, PERÓN JR G, RIBEIRO JR MAF, COPSTEIN JLM, GONZALEZ AM, D’ALBUQUERQUE LAC Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: A cirurgia da obesidade pode induzir em obesos mórbidos o aparecimento de insuficiência hepática fulminante irreversível, onde está indicada a realização de transplante de fígado (TxF). Métodos: Descrever a ocorrência de hepatite fulminante em pacientes obeso mórbidos após realização de cirurgia bariátrica. No Centro Especializado em Terapia do Fígado (CETEFI) estudaram-se 5 mulheres com IMC > 40Kg/m2, 2(40%) tratadas pela cirurgia de Fobi-Capela e 3(60%) pela cirurgia de Scopinaro. A amostra estudada apresentava extremos de idades entre 21-38 anos e MELD variando entre 16-38, com IMC antes da cirurgia bariátrica variando de 42-67,6Kg/m², e que cursaram com perda de peso de 30 a 93Kg ao longo do 1º trimestre de pós-operatório, com tempo de instalação da insuficiência hepática variando de 2 a 18 meses após a cirurgia bariátrica. Resultados: Dos 5 pacientes, 3 (60%) foram a óbito antes do TxF e 2 (40%) submeteram-se ao TxF valendo-se de doador vivo ou cadáver. As duas pacientes transplantadas haviam sido submetidas a cirurgia de Scopinaro, sendo que em uma delas tal cirurgia foi preservada, entretanto a paciente faleceu no 1º mês de pós-transplante, e no outro caso, a cirurgia bariátrica foi desfeita antes do TxF, visando não dificultar a absorção dos imunossupressores empregados usualmente e tal pacientes permanece viva após um ano do TxF em acompanhamento ambulatorial. Conclusões: As técnicas de Fobi-Capela e Scopinaro mostram-se efetivas na indução de perda de peso. Tem o inconveniente de associar-se ao desenvolvimento de complicações graves, tais como supercrescimento bacteriano em segmento de intestino delgado desviado resultando em produção aumentada de endotoxinas. Quando cursam com mobilização maciça dessas moléculas, além de outras como TNF , interleucinas 1 e 6, fibrinogênio e proteína C reativa liberadas a partir da gordura intraperitoneal, a qual funciona como órgão endócrino, desenvolvem necrose hepatocelular extensa, com falência funcional do parênquima, levando a que sejam conduzidos pelo transplante de fígado. É recomendável que aqueles conduzidos por cirurgia bariátrica do tipo disabisortivas como na técnica de Scopinaro, devem ser cuidadosamente avaliado do ponto de vista funcional hepático, por isso o grupo sugere que aqueles pacientes com esteatose avançada ou esteato-hepatite com cirrose estão contra-indicada este tipo de cirurgia pelo risco elevado de grave disfunção hepática celular no pós-operatório imediato. TL-064 (52) INCIDÊNCIA DE CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES COM CIRROSE PELO VÍRUS C COM E SEM RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA CHEINQUER H, CHEINQUER N, COELHO-BORGES S, FALAVIGNA M, WOLFF FH, ZWIRTES RF, DORIGON G, SILVA CA, STIFT J, SILVEIRA ECZ LEITE NC, CARDOSO CRL, SALLES GFC, ARAÚJO ALE, NOGUEIRA CAV, FREITAS L, DIAS SB Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Porto Alegre, RS, Brasil Serviço de Clínica Médica - HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: O tratamento com interferon convencional (IFN) ou interferon peguilado (PEG-IFN) com ou sem ribavirina (RBV) é capaz de alcançar resposta virológica sustentada (RVS) em pacientes com cirrose causada pelo vírus da hepatite C (VHC). Estudos recentes indicam que pacientes com cirrose pelo VHC que alcançaram a RVS parecem apresentar menor incidência de carcinoma hepatocelular (CHC) durante o seguimento. Métodos: Foi analisada coorte de 151 pacientes VHC positivos com diagnóstico de cirrose compensada (Child A) tratados com algum esquema Fundamentos: DM é um fator de risco para a doença hepática gordurosa nãoalcoólica (DHGNA), porém ainda não está estabelecida a prevalência de DHGNA em pacientes diabéticos. O objetivo deste estudo foi determinar a freqüência de esteatose à ultra-sonografia (US) em portadores de DM2 e identificar os fatores que se correlacionaram com a sua presença. Metodologia: Foram incluídos pacientes entre 18 e 65 anos portadores de DM2. Os critérios para o diagnóstico de DM foram GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 S 15 a base de IFN ou PEG-IFN, com ou sem RBV. Foram incluídos apenas pacientes com seguimento ≥ 12 meses após o final do tratamento com visitas semestrais contendo ultra-sonografia, alfa-fetoproteína e testes laboratoriais hepáticos. Definiu-se RVS por RNA-VHC negativo seis meses pós-tratamento medido no soro por técnica de PCR qualitativo com limite de detecção de 50UI/mL. CHC foi definido por exame anatomopatológico e/ou achado de nódulo hepático em pelo menos dois métodos de imagem, havendo captação do contraste na fase arterial em pelo menos um deles. O estudo foi aprovado pela comissão de ética da instituição e todos pacientes assinaram consentimento informado. Resultados: A média de idade foi de 53,1 ± 9,5 anos; 91 (60,3%) eram homens; 41 (30,8%) com genótipo 1 (de 133 avaliados). RVS foi alcançada em 71 pacientes (47%). Os grupos com e sem RVS apresentaram distribuição semelhante de idade e sexo, porém houve maior prevalência de portadores do genótipo 1 no grupo sem RVS (39,7 vs 21,5%). O seguimento médio foi de 38,6 ± 25,7 meses nos pacientes com RVS e 31,6 ± 21,5 meses nos pacientes sem RVS (P = 0,1). A incidência global de CHC foi de 15,3% (23 casos), sendo 4 casos (5,6%) no grupo com RVS e 19 casos (23,8%) no grupo sem RVS (P = 0,002). A redução de risco para CHC associada a RVS foi de 76% (risco relativo: 0,24; IC95%: 0,08-0,66). Conclusões: Pacientes cirróticos com RVS apresentaram menor incidência de CHC em comparação àqueles que não obtiveram sucesso terapêutico. Esse achado sugere que a eliminação do VHC exerce efeito protetor contra o desenvolvimento dessa neoplasia, conferindo melhor prognóstico. TL-065 (114) IDENTIFICAÇÃO DE POTENCIAIS MARCADORES MOLECULARES NO CARCINOMA HEPATOCELULAR RELACIONADO À INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE B OU C E TUMORES NÃO VIRAIS BELLODI-PRIVATO M, KUBRUSLY MS, STEFANO JT, OLIVEIRA AC, MACHADO MCC, BACCHELLA T, CARRILHO FJ Departamento de Gastroenterologia – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil Fundamentos: O Carcinoma Hepatocelular (CHC) é um processo complexo associado a mudanças na expressão gênica. A hepatite crônica relacionada à infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) e C (VHC) é o principal fator associado à carcinogênese do CHC. Alguns CHC não estão relacionados com infecção viral prévia. Os aspectos moleculares deste tipo raro de CHC, ainda não estão bem estabelecidos. O objetivo desse estudo foi evidenciar semelhanças e diferenças na quantidade de RNAm entre os três tipos de CHC: não viral (NV-CHC) e virais (VHB-CHC ou VHC-CHC) utilizando-se microarranjos de cDNA. A determinação do perfil molecular permitirá distinguir alterações genéticas comuns e vias metabólicas envolvidas na carcinogênese hepática desses três tipos de CHC. Métodos: Amostras de tumor isoladas cirurgicamente de nove pacientes (3 VHB-CHC, 3 VHC-CHC e 3 NV-CHC) foram avaliadas quanto à expressão do RNAm utilizando-se a plataforma CodeLink™ Human Whole Genome Bioarrays (GE Healthcare Biosciences). O número de genes diferencialmente expressos em todas as condições foi selecionado utilizando-se dois critérios: a diferença de expressão de pelo menos duas vezes e o teste t com p < 0,05. As vias metabólicas moduladas nas diferentes condições foram determinadas utilizando-se o KEGG Pathway Database (http://www.genome.jp/kegg/pathway.html). Resultados: Diferenças significativas nos níveis de expressão gênica foram encontradas nas seguintes comparações: 1.671 genes para VHB-CHC vs NV-CHC, 2.257 genes para VHB-CHC/VHC-CHC vs NV-CHC, 1.141 genes para VHB-CHC vs VHC-CHC e 1.584 genes para VHC-CHC vs NV-HCC. Nenhuma via metabólica comum com genes diferencialmente expressos foi evidenciada nos grupos comparados. Vias metabólicas específicas foram moduladas: VHB-CHC vs NV-CHC (2,4-Dichlorobenzoate degradation, Ascorbate and Aldarate metabolism, Coumarine and phenylpropanoid biosynthesis, Fatty acid biosynthesis, Glycosaminoglycan degradation, Heparan sulfate biosynthesis), VHB-CHC/VHC-CHC vs NV-CHC (Amyotrophic lateral sclerosis-ALS), VHB-CHC vs VHC-CHC (Alkaloid biosynthesis I, Novobiocin biosynthesis, O-Glycan biosynthesis) e VHC-CHC vs NV-HCC (Glyoxylate and dicarboxylate metabolism, Nicotinate and nicotinamide metabolism). Conclusões: Este estudo revela diferenças na assinatura molecular entre CHC não virais (NV-CHC) e virais (VHBCHC ou VHC-CHC). Estudos complementares estão sendo realizados para caracterizar marcadores moleculares específicos para as diferentes etiologias de CHC. TL-066 (500) AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO PRÉ-TRANSPLANTE HEPÁTICO EM PACIENTES COM CARCINOMA HEPATOCELULAR SECUNDÁRIO ÀS HEPATITES VIRAIS CRÔNICAS CARREIRO G, DOTTORI M, SANTORO-LOPES G, COELHO HS, BASTO S, RAMOS AL Programa de Transplante Hepático do H. U. Clementino Fraga Filho - UFRJ Fundamentos: O transplante hepático (TH) é hoje, provavelmente, a melhor opção terapêutica no tratamento do carcinoma hepatocelular (CHC) em fígado cirrótico. Muitas vezes, principalmente na era pré-MELD (“Model of End-stage Liver Disease”modelo de doença hepática terminal), é necessário a administração de um método terapêutico local até a disponibilização de um órgão para o TH. Objetivo: Série de casos demonstrando o resultado histopatológico, avaliado no explante, do tratamento neoadjuvante do CHC em pacientes com hepatite viral B ou C. Pacientes e métodos: Avaliamos 27 pacientes com diagnóstico pré-TH de CHC. Havia 20 pacientes do sexo masculino, a idade média dos pacientes foi de 55,3 anos, 22 pacien- S 16 tes tinham hepatite C e 26 pacientes tinham até 3 tumores identificados. Utilizamos a quimioembolização transarterial (QETA), a alcoolização e a ablação por rádiofreqüência (ARF) ou como terapêutica única ou em combinação. O resultado do tratamento foi expresso como o grau de necrose encontrado nos nódulos tratados. Quando havia necrose de todo o nódulo, sem visualização de células viáveis de CHC ao exame microscópico do explante, consideramos o resultado como NECROSE TOTAL. Quando havia, à microscopia do explante, pequenos nichos de células de CHC viáveis no nódulo tratado, principalmente encontrados na periferia do mesmo, consideramos o resultado como NECROSE SUBTOTAL. Quando encontrado, à microscopia do explante, células de CHC viáveis nos nódulos tratados que não preenchessem os dois critérios supracitados, consideramos o nódulo como ATIVO. Resultados: Dos pacientes avaliados, 21 foram submetidos a pelo menos uma sessão de QETA, 7 submeteram-se a pelo menos uma sessão de alcoolização e 2 pacientes foram submetidos a ARF. A mediana de tempo entre o diagnóstico do CHC e o início de algum tratamento paliativo foi de 71 dias (IIQ 43- 111 dias). A mediana de tempo entre o diagnóstico do CHC e a listagem foi de 66 dias (IIQ 16- 131 dias). Observamos que 18 pacientes (66,7%) obtiveram necrose total ou subtotal dos nódulos quando analisados o explante. Nos 18 pacientes que se submeteram exclusivamente à QETA, obtivemos necrose total ou subtotal em 12 casos (66,7%). A taxa de exclusão em fila de espera no período de 1 ano foi de 26%. Conclusão: Em nossa série, observamos que o tratamento neoadjuvante, principalmente a QETA, teve boa eficácia em provocar necrose total ou subtotal dos tumores tratados. TL-067 (582) MULHERES PRÉ-DOADORAS DE SANGUE COM ANTI-HCV POSITIVO: EXISTEM DIFERENÇAS SIGNIFICATIVAS EM RELAÇÃO AOS HOMENS? NARCISO-SHIAVON JL, CARVALHO FILHO RJ, EMORI CT, MELO IC, MARIYA FA, SCHIAVON LL, SILVA AEB, FERRAZ MLG Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Estudos sugerem que as mulheres infectadas pelo vírus C apresentam progressão mais lenta da fibrose hepática. Poucos estudos compararam as características epidemiológicas e histológicas de homens e mulheres pré-doadores de sangue. Métodos: Estudo transversal de pré-doadores com anti-HCV (+), atendidos na Liga de Hepatites entre set/1997 e ago/2006. Os dados foram obtidos por revisão de prontuários padronizados. Resultados: Foram incluídos 651 pacientes com média de idade de 36 ± 11 anos, sendo 66% homens. As mulheres apresentaram maior proporção de profissionais de saúde (12% vs. 3%, P < 0,001) e de antecedentes transfusionais (18% vs. 12%, P = 0,049). Por outro lado, exibiram menores prevalências de promiscuidade sexual (3% vs. 22%, P < 0,001) e de uso de drogas injetáveis (2% vs. 11%, P < 0,001) e menor porcentagem de etilistas (5% vs. 29%, P < 0,001). Não houve diferença entre as médias de idade (36,0 ± 11,4 vs. 35,7 ± 11,1 anos, P = 0,776). Laboratorialmente, as mulheres mostraram maior contagem de plaquetas (mediana de 236.500 vs. 209.500/mm3, P < 0,001) e menores níveis de AST (mediana de 0,78 vs. 0,92 xLSN, P = 0,001), ALT (mediana de 0,84 vs. 1,14 xLSN, P < 0,001) e de GGT (mediana de 0,75 vs. 1,12 xLSN, P < 0,001). Na repetição da sorologia, não houve diferença na porcentagem de anti-HCVs (-) entre mulheres e homens (32% vs. 28%, P = 0,650). Contudo, a pesquisa de HCV-RNA sérico foi mais freqüentemente negativa em mulheres (41% vs. 26%, P = 0,002). Quanto à histologia, houve menor proporção de casos de estadiamento avançado (E3/4) entre as mulheres (23% vs. 37%, P = 0,044). Entretanto, não houve diferenças em relação à APP (57% vs. 60%, P = 0,664). Conclusões: Apesar de serem mais expostas à transmissão transfusional, as mulheres pré-doadoras de sangue com anti-HCV (+) apresentam menor prevalência de HCV-RNA (+), sugerindo maior taxa de clareamento espontâneo do HCV entre as mulheres. Além disso, as mulheres apresentam evidências de doença hepática menos avançada, o que pode estar associado a características próprias do sexo feminino ou à menor prevalência de fatores associados, como o uso abusivo de álcool. TL-068 (574) PROGRESSÃO DA FIBROSE HEPÁTICA EM DIFERENTES POPULAÇÕES DE PORTADORES DE INFECÇÃO CRÔNICA PELO HCV: O VALOR DA ALT OLIVEIRA EMG, BADIANI R, PEREZ RM, CARVALHO-FILHO RJ, MELO IC, BECKER VR, LANZARA G, LEMOS LB, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: A ausência de correlação entre níveis de ALT e achados histológicos na infecção crônica pelo HCV tem tornado a determinação dos níveis desta enzima pouco útil no manuseio desses pacientes. Além disso, o comportamento da ALT pode mostrar particularidades entre diferentes grupos de pacientes, tornando seu emprego ainda mais questionável. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da ALT na taxa de progressão da fibrose em diferentes grupos populacionais. Métodos: Foram avaliados pacientes com diagnóstico de hepatite C crônica com biópsia hepática e tempo de infecção conhecido, de três diferentes grupos populacionais: não-urêmicos, portadores de insuficiência renal crônica (IRC) e transplantados renais. Foram avaliados sexo, idade, tempo de infecção, níveis de ALT, estadiamento e taxa de progressão de fibrose (TPF) nos diferentes grupos. A TPF foi calculado diviGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 dindo-se o grau de fibrose (estadiamento) pelo tempo de infecção em anos. Resultados: Foram estudados 445 pacientes: 219 (49%) nao-urêmicos, 173 (39%) com IRC e 53 (12%) transplantados renais. Dos 445 pacientes, 53% eram homens, com mediana de idade de 47 anos. Na amostra total 65% apresentavam ALT elevada (86% dos não-urêmicos, 44% dos IRC e 51% dos transplantados renais). A TPF foi de 0,09 em não-urêmicos, 0,08 em IRC e 0,07 UF/ano em transplantados renais. Quando pacientes com ALT normal e elevada foram comparados quanto a TPF (UF/ ano) e tempo estimado para desenvolvimento de cirrose, observou-se, respectivamente: em não-urêmicos, 0,045 e 89 anos para ALT nl e 0,1 e 40 anos para ALT elevada (P < 0,001); em IRC, 0,05 e 80 anos para ALT nl e 0,012 e 32 anos para ALT elevada (P = 0,006); em transplantados renais, 0,000 e ∞ (infinito) para ALT normal e 0,16 e 24 anos para ALT elevada. Conclusão: A despeito da conhecida baixa correlação entre níveis de ALT e achados histológicos na infecção crônica pelo HCV, a ALT se mostrou um bom marcador da taxa de progressão da fibrose hepática em diferentes grupos populacionais com infecção pelo HCV. TL-069 (121) HEPATITE B E DELTA: AVALIAÇÃO DE UMA SÉRIE DE CASOS NA REGIONAL DO JURUÁ - ESTADO DO ACRE VALLE SN, PEDREIRA H, KAY A, BRAGA W, PARANÁ R Universidade do Estado do Amazonas Hepatite B e Delta: avaliação de uma série de casos na regional do Juruá – estado do Acre. Estima-se que aproximadamente 1/3 da população mundial já teve contato com o vírus da hepatite B e que cerca de 350 a 500 milhões são portadoras e desses 18 milhões estão infectados pelo vírus da hepatite delta (VHD). A região Amazônica é caracterizada como uma das regiões do mundo de maior ocorrência dos dois vírus. A caracterização clínica de ambos é variada, desde formas assintomáticas até fulminantes. Evidências clínicas e laboratoriais de surtos de hepatite fulminante em comunidades fechadas na Amazônia brasileira demonstram a presença marcante da doença na região, justificando assim o presente estudo. Estudo de base populacional aponta os municípios da regional do Juruá com maior prevalência. Objetivo: Descrever biologia molecular e aspectos clínicos e epidemiológicos da infecção pelo vírus da hepatite B e Delta em pacientes atendidos no ambulatório de infectologia do Hospital Geral de Cruzeiro do Sul. Metodologia: Estudo descritivo de uma série de casos, foi aplicado um questionário para coleta de dados de prontuário médico e da Ficha de Notificação para as Hepatites Virais, lançadas no SINAN. Amostras coletadas previamente foram processadas para biologia molecular (genotipagem). Resultados: Avaliado 355 pacientes, 243 foram originados do prontuário médico, 104 de fichas de notificação e 8 de atestado de óbito. Taxa de incidência de hepatite B na região variou de 42/100.000hab/ano à 117/100.000hab/ano. Todas as formas clínicas foram identificadas, com maior número de pacientes (84%) na forma crônica, com média de idade 28 anos. Reatividade de 55,6% para Anti-VHD e 78,1% para o Anti-HBe. O óbito foi associada a co-infecção VHB/VHD. A resposta terapêutica, através da soroconversão de HBeAg e resposta bioquímica foi de 66,6%, mas nos pacientes Anti-HBe a resposta variou de 36,8 a 44,6%. A cura ocorreu em 1,7% (6/ 353). Os genótipos VHB encontrados foram A, F e D, com predomínio para o genótipo A, enquanto para o VHD o genótipo encontrado foi o III. Conclusões: Os doentes dessa casuística são compostos de adultos jovens, com idade média de 28 anos. A transmissão intrafamiliar parece ser a via mais importante. Associação entre óbito e história familiar de hepatite demonstra a importância desse vírus como agente etiológico de doença ictérica em nossa região. A co-infecção VHB/VHD foi expressiva em todas as formas clínicas. Os pacientes Anti-VHD e Anti-HBe foram maus respondedores ao tratamento. TL-070 (575) MARCADORES NÃO-INVASIVOS DE FIBROSE HEPÁTICA AVANÇADA EM PORTADORES DE HEPATITE B CRÔNICA CARVALHO FILHO RJ, SCHIAVON LL, CORAINE LA, NARCISO-SHIAVON JL, NISHIYAMA KH, CARA NJ, BARBOSA DV, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina Fundamentos: A biópsia hepática é um procedimento rotineiro na avaliação de pacientes com hepatopatias. Entretanto, trata-se de um método invasivo e sujeito a variabilidades amostral, intra- e interobservador. Assim, marcadores indiretos de fibrose hepática têm sido cada vez mais avaliados, com disponibilidades e acurácias variáveis. Nosso objetivo foi avaliar o desempenho de testes sanguíneos simples como preditivos de fibrose hepática avançada em portadores de hepatite B crônica. Métodos: Estudo transversal que incluiu pacientes com HBsAg (+) e alguma evidência de replicação viral (HBeAg (+), HBV-DNA > 105 cp/mL, HBcAg (+) no tecido e/ ou atividade histológica). Os achados histológicos foram avaliados conforme SBH/ SBP. Fibrose avançada foi definida como estadiamento = 3. Três modelos foram avaliados: APRI = (AST[xLSN]/Plaquetas[109/L]) x 100; FIB-4 = (Idade[anos] x AST[U/ L])/(Plaquetas[109/L] x ALT[U/L]½); e GAPRI = GGT[xLSN] x APRI. Curvas ROC avaliaram a performance diagnóstica destes modelos com o intuito de predizer a presença de fibrose avançada ao estudo histológico. Resultados: Foram incluídos 120 pacientes, 73% homens, 20% orientais e 75 (65%) HBeAg (+). A média de idade foi 40,9 ± 14,4 anos. Fibrose avançada foi identificada em 45 pacientes (38%). As áreas GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 sob as curvas ROC foram: APRI = 0,835 ± 0,039; FIB-4 = 0,827 ± 0,039; e GAPRI = 0,851 ± 0,039 (P > 0,05 entre os modelos). Considerando pontos de corte clássicos para APRI e FIB-4, suas acurácias, VPP e VPN foram, respectivamente, 81% e 83%, 68% e 81% e 84% e 84%. Usando-se pontos de corte definidos por curva ROC, o GAPRI mostrou acurácia = 87%, VPP = 78% e VPN = 92%. A proporção de classificações incorretas foi de 20%, 17% e 13% para APRI, FIB-4 e GAPRI, respectivamente. Restringindo-se a indicação de biópsia hepática aos indivíduos com valores intermediários de cada modelo, esta poderia ser corretamente evitada em 62% com o APRI, 61% com o FIB-4 e 66% com o GAPRI. Conclusões: Índices de fácil aplicação, criados a partir de variáveis simples como idade, GGT, ALT, AST e número de plaquetas, podem sugerir a presença de fibrose hepática avançada na hepatite B crônica. TL-071 (534) APLICAÇÃO DO SCORE MELD NA HEPATITE FULMINANTE ROMA J, GONZALEZ ACG, GUEDES C, ZYNGIER I, VEIGA ZST, POUSA F, PAN MCC, ENNE M, PACHECO LM, BALBI E Hospital Geral de Bonsucesso Fundamento: A indicação de transplante hepático (TH) na insuficiência hepática aguda é baseada nos Critérios de King’s College e Clichy. Recentemente o índice MELD, um score de gravidade de doença hepática crônica, tem sido estudado para indicação de TH de urgência na insuficiência hepática fulminante (IHF). No entanto, não existe um valor máximo estabelecido que defina morbimortalidade e risco cirúrgico proibitivo. Nosso objetivo é estabelecer uma pontuação máxima, através do score Meld nos casos de IHF de alto risco. Pacientes e métodos: Foram realizados 238 transplantes hepáticos no período de novembro de 2001 a agosto de 2007 em nosso serviço. Destes, foram analisados 29 transplantes por hepatite fulminante, dentre os quais 19 eram adultos (idade maior que 18 anos). O score MELD dos pacientes falecidos após transplante, grupo 1 (n = 9) foi comparado com o score MELD do grupo 2 (n = 10), sobreviventes. Também tentamos definir qual valor MELD contra-indicaria o transplante hepático de urgência. Os valores MELD foram comparados usando teste- t student, com p < 0,05, definido como estaticamente significante. Resultados: A média do score MELD foi 59 ± 12 para o grupo 1 e 38 ± 7,1 para o grupo 2 (p < 0,05). Todos os pacientes com score MELD > 51 faleceram no período pós transplante. Conclusão: Muitas variáveis influenciam no prognóstico do paciente com IHF tais como infecção, disponibilidade do órgão, qualidade do enxerto, falência de múltiplos órgãos e status neurológico do receptor. Em nossa cidade, onde a captação de órgãos é muito baixa e a mortalidade em urgência zero é alta, o score Meld poderia nos auxiliar na identificação de pacientes nos quais o benefício de transplantar seria desprezível. TL-072 (116) DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM OBESOS GRAVES: RELAÇÃO ENTRE CONSUMO DE ÁLCOOL E FIBROSE HEPÁTICA COTRIM HP, ALMEIDA A, MAY D, ALVES E, BITTENCOURT A, CALDWELL SH, FREITAS LA FAMEB – Universidade Federal da Bahia; CPqGM-FIOCRUZ-BA; Núcleo de Cirurgia e Obesidade-BA Fundamento: O consumo moderado de álcool tem sido associado a uma menor freqüência de resistência à insulina (RI) e diminuição de risco cardiovascular em obesos graves. Este estudo teve como objetivo principal avaliar a relação entre pequeno ou moderado consumo de álcool e gravidade da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) em obesos graves. Pacientes e métodos: Estudo de corte transversal, que avaliou obesos graves que se submeteram a cirurgia bariátrica entre outubro de 2004 a maio de 2005. Os pacientes foram classificados em 3 grupos: G1: consumo moderado de álcool (> 20g/ e < 40g/dia); G2: consumo baixo (< 20g/dia); G3: sem consumo de álcool. O consumo de álcool foi determinado através de entrevistas seriadas e questionários. RI foi determinada pelo homeostasis model assessment (HOMA). HOMA ≥ 3 foi considerada com RI. DHGNA foi classificada nas biópsias como: esteatose isolada (Tipo I); esteatose + inflamação (Tipo II); esteatohepatite ou esteatose e balonização (Tipo III); esteato-hepatite com fibrose e/ou cirrose (Tipo IV). O projeto foi aprovado pelo CEP CPqGM- FIOCRUZ, Bahia). Resultados: Foram avaliados 132 pacientes, 83 (63,8%) do sexo feminino com média de idade de 37.27 +/- 11.06. O IMC médio foi de 43.9 +/- 5.6kg/m2. G1, G2 e G3 incluíram 19, 56 e 57 pacientes respectivamente. Os diagnósticos histológicos do G1 (moderado de álcool) foram: 10,5% (2) dos casos apresentavam fígado normal, 89, 5% (17) DHGNA TIPO III ou IV. G2 (consumo baixo de álcool): 10,7% (6) fígado normal e 1,8% (1) Tipo I e II, e 87, 5% (49) Tipo III ou IV da DHGNA. G3 (sem consumo de álcool): 10,5% (6) fígado normal, 3,5% (2) Tipo I ou II e 86% (49) Tipo III e IV. Um paciente do G3 (sem consumo de álcool) apresentava cirrose. RI foi avaliada em 102 pacientes e se correlacionou com consumo moderado ou negativo de álcool em 81,3% e 78,7% casos respectivamente (p < 0,05). Em pacientes com baixo consumo alcoólico 55% não apresentavam RI. Conclusões: a) baixo ou moderado consumo alcoólico não foi associado com gravidade da DHGNA em obesos graves; b) a freqüência de esteato-hepatite com fibrose foi semelhante em pacientes com e sem história de ingestão alcoólica; c) o baixo consumo alcoólico se correlacionou com ausência de resistência à insulina em mais da metade dos casos. A dissociação entre os efeitos da RI versus histologia é consistente com a complexa e ainda não bem compreendida interação entre álcool, obesidade e doença hepática. S 17 Posters Complicações da Cirrose Hepática PO-001 (126) ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE CIRROSE DO HUT BARBOSA WF, WATANABE APF, LOPES TP, MOREIRA ME, RUIVO GF, CAPPELLANES CA Universidade de Taubaté Fundamentos: A cirrose hepática é o estágio final comum de uma série de processos patológicos hepáticos de diversas causas, como o etilismo e as hepatites crônicas virais. A incidência global e a mortalidade da cirrose são altas em diversos países. A doença tem alto custo social e graves complicações. O objetivo deste estudo foi determinar a etiologia da cirrose hepática nos pacientes atendidos no Ambulatório de Cirrose Hepática do Hospital Universitário de Taubaté (HUT). Métodos: Estudo transversal prospectivo. Foram avaliados pacientes atendidos consecutivamente no ambulatório, durante um ano. Resultados: A amostra foi de 80 pacientes, 66,3% do sexo masculino com 51 ± 13 anos. O consumo de álcool foi a etiologia prevalente da cirrose hepática (46,3%), seguida da hepatite C (15,0%) e da associação entre consumo de álcool e hepatite C (13,8%). A cirrose de etiologia criptogênica bem como a esteatohepatite foram encontradas em 7,5% dos casos cada uma, seguida da hepatite auto-imune (2,5%). Etiologias como Síndrome de Render Osler Weber, Síndrome de Budd-Chiari, hepatite B isoladamente, associação de hepatite B com hepatite C e álcool, bem como Doença de Wilson e associação esquistossomose e hepatite C foram diagnosticadas, cada uma, em apenas 1 paciente. Conclusão: São de suma importância o diagnóstico precoce, o conhecimento das etiologias mais freqüentes e o prognóstico estimado dos pacientes com cirrose hepática devido à escassez de dados na literatura científica. Essas estimativas proporcionam benefícios na medida em que promovem diminuição no número de internações e os custos ao Sistema Público de Saúde. PO-002 (184) ASCITE COMO MANIFESTAÇÃO ISOLADA DE HIPOTIREOIDISMO – RELATO DE CASO LIMA VERDE ABL, ROLIM TML, MACEDO MRF, CORSINO GA, OLIVEIRA ALST, PESSOA FSRP Hospital Geral de Fortaleza – Fortaleza/CE Fundamentos: Ascite é uma manifestação incomum do hipotireoidismo. Apenas 4% dos pacientes com hipotireoidismo apresentam ascite, e apenas 1% dos casos de ascite é devido ao mixedema. Uma revisão de literatura mostrou a descrição de 44 casos de ascite mixedematosa, sendo que em 17 a ascite foi a primeira manifestação do hipotireoidismo. Na maioria dos casos relatados, pacientes com ascite mixedematosa, requerendo paracentese de alívio, têm hipotireoidismo bastante sintomático, de longa data. A análise do líquido ascítico usualmente mostra um exudato, com alto teor de proteínas e de colesterol e com predominância de linfócitos. O aumento da permeabilidade capilar parece desempenhar um papel importante na patogênese da ascite. Uma característica consistente com o diagnóstico é a boa resposta à reposição com hormônio tireoidiano, que leva a completa resolução da ascite. Métodos: Revisão de prontuário. Relato do caso: Paciente do sexo feminino, 57 anos, com aumento do volume abdominal e adinamia há 6 meses, já tendo realizado paracentese de alívio, sem esclarecimento diagnóstico. Negava edema de membros inferiores. Ao exame físico estava hipocorada, com bulhas cardíacas hipofonéticas e apresentava piparote positivo. A paciente tinha a função hepática preservada e o gradiente soro-ascite de albumina foi 0,3. O US abdominal e pélvico mostrava apenas ascite volumosa e a EDA evidenciou esofagite erosiva leve. O RX de tórax mostrava área cardíaca aumentada, sem derrame pleural. O ecocardiograma evidenciou derrame pericárdico discreto e FE 32%. A função tireoidiana mostrou um TSH elevado (73,8) com T3 e T4-livre diminuídos (< 40 e < 0.3, respectivamente). Foi então firmado o diagnóstico de ascite mixedematosa e iniciada reposição de levotiroxina em doses crescentes, bem como terapêutica para ICC. A paciente evoluiu com redução completa da ascite após o início da reposição hormonal. Conclusão: A ascite mixedematosa é rara, mas deve ser lembrada no diagnóstico diferencial de casos de ascite de origem peritoneal, já que existe terapia simples e eficaz com reposição hormonal. PO-003 (191) RELATO DE CASO: TROMBOSE DE VEIA PORTA TADDEO EF, RASSLAN Z, SEPARELLO FJ, GOLIM V, LIMA CA, KIM DK Hospital Central I. Santa Casa de São Paulo – SP A trombose da veia porta provoca muitas vezes descompensações hepáticas graves como ascite, hemorragia digestiva alta e insuficiência hepática dependendo do grau de acometimento. Tem como causas trombos sanguíneos ou infiltração tumoral. S 18 Trata-se de paciente do sexo feminino, 52 anos, procedente de São Paulo, do lar; história de dor abdominal há 1 semana com aumento do volume abdominal e aparecimento de manchas em tórax e membros superiores; sem febre e vômito. Ao exame: icterícia 2+, hipocorada 2+, pele com telangiectasia (tórax, face e membros superiores); abdome: ascite 4+, circulação colateral cava-cava. Nos exames laboratoriais: AST: 600U/L; ALT: 800U/L; BT: 2,50; BD: 1,70; FA: 250; gama GT: 180; HbsAg +, anti HBsAg < 10, HBe +, anti HBe Ag +, anti HBc IgM +, anti HCV -; TP: 46%. USG abdome: volume lobo hepático direito reduzido, trombose veia porta e ascite. Tratada com diuréticos, evoluiu com redução da ascite e desaparecimento das telangiectasias. Neste caso trata-se de paciente portadora de HBV crônica que fez “flair” com insuficiência hepática, coagulopatia e trombose de veia porta. PO-004 (192) SANGRAMENTO GASTROINTESTINAL NO DEPARTAMENTO DE EMERGÊNCIA: ESTUDO DEMOGRÁFICO E ETIOLÓGICO ATRAVÉS DA ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA FONSECA NETO OCL, ROCHA JÚNIOR ET, ARCOVERDE LCA, MIRANDA AL Serviço de Cirurgia Geral e do Trauma do Hospital da Restauração, Recife - PE Fundamentos: A hemorragia digestiva alta necessita de uma rápida definição diagnóstico/terapêutica para obter-se bom prognóstico. A endoscopia digestiva é o principal aliado nessa condição, podendo contribuir de forma diagnóstica e/ou terapêutica. A etiologia varia com aspectos epidemiológicos como: idade, sexo, local de origem e hábitos sociais e, em 8-10% dos casos, tem causa desconhecida. São agentes etiológicos: doença ulcerosa péptica, varizes esofágicas, tumores, esofagite, dentre outras causas. Objetivo: Demonstrar o perfil epidemiológico da hemorragia digestiva alta dos pacientes admitidos no setor de emergência do Hospital da Restauração, Recife - PE. Material e método: Selecionamos laudos de endoscopias digestivas altas realizadas no Serviço de Endoscopia do Hospital da Restauração-PE, período entre setembro e novembro de 2005 (986 laudos), analisamos as variáveis: sexo, idade, indicação, diagnóstico, procedimentos realizados e complicações. Realizamos cálculos matemáticos nesses dados, elaborando tabelas com auxílio de programas de computador (Excel e SPSS) e confeccionamos gráficos para exposição dos resultados. Resultados: Das 986 endoscopias digestivas altas, 540 eram pacientes do sexo masculino (54,8%) e 446 do sexo feminino (45,2%). A média de idade geral foi 47,7 anos (47,3 anos para o sexo masculino e 48,3 anos para o feminino). A indicação mais freqüente foi hemorragia digestiva alta (394 casos – 39,9%), 252 pacientes do sexo masculino (63,9%) e 143 do sexo feminino (36,1%). A média geral de idade foi 54,5 anos, tendo-se uma média de 52,6 anos para os homens e 57,5 anos para as mulheres. Quanto à origem, 251 casos decorreram de varizes esofágicas (64%), 41 pacientes de úlcera duodenal (10,5%), 31 casos por úlcera gástrica (8%), Síndrome de Mallory-Weiss em 10 pacientes (2,5%), esofagite em 37 indivíduos (9%), em 7 casos, tumores Bormann III (2%), gastrite em 13 pacientes (3%), etiologia desconhecida 10 casos (2,5%). Dos pacientes com varizes esofágicas, 225 (90%) procediam de zonas endêmicas (esquistossomose) e em 26(10%) não se controlou o sangramento com esclerose ou ligadura. Conclusão: A hemorragia digestiva alta é bastante incidente e prevalente em nosso meio, tendo a participação de fatores epidemiológicos na sua etiologia. No nosso meio, varizes do esôfago constituem a principal etiologia. PO-005 (208) PERFIL DA CELULARIDADE DA ASCITE CIRRÓTICA COMPLICADA POR PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA GUZZO PL, ROSA JMS, MOCHCOVITCH MD, CARVALHO JR, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: O diagnóstico da peritonite bacteriana espontânea (PBE) se baseia na celularidade do líquido ascítico, com uma contagem de polimorfonucleares (PMN) igual ou superior a 250 células/mm3. O objetivo deste estudo foi descrever a variação do número de leucócitos e a ocorrência de predomínio de células mononucleares em relação aos PMN em amostras de líquido ascítico de pacientes cirróticos com PBE. Metodologia: Foram analisadas retrospectivamente 1060 amostras de líquido ascítico coletadas entre novembro de 2003 e agosto de 2006. Foram excluídas 236 por pertencerem a pacientes sem hepatopatia e 66 por dados incompletos. Das 758 amostras restantes 158 apresentavam critério diagnóstico de PBE (PMN maior ou igual a 250 células/mm3). Resultados: Das 158 amostras incluídas no estudo, 38,6% apresentavam celularidade do líquido ascítico até 1000 células/mm3 com a seguinte distribuição: 13,3% com contagem até 500 células/mm3 e 25,3% de 501 até 1000 células/mm3. Nos líquidos restantes, a distribuição foi: 20,3% de 1001 até 2000 células/mm3, 19,6% de 2001 até 5000 células/mm3, 13,9% de 5001 até 10000 células/mm3 e 7,6% acima de 10000 células/mm3. Dessa forma, 78,5% apresentaGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 vam celularidade até 5000 células/mm3. Em 18% das amostras, a porcentagem de polimorfonucleares era menor que 50%, com predomínio de mononucleares. Conclusões: A PBE geralmente se apresenta com baixa celularidade, na maioria dos casos até 5000 células/mm3. Contagens mais elevadas, sobretudo acima de 10000 células/mm3, são raras e indicam a necessidade de investigação de outras causas de infecção abdominal. A porcentagem de polimorfonucleares é maior que 50% na maior parte das amostras. No entanto, o predomínio de mononucleares não exclui o diagnóstico de PBE. PO-006 (209) ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE PROTEÍNA DO LÍQUIDO ASCÍTICO E DIAGNÓSTICO DE PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA EM CIRRÓTICOS ROSA JMS, GUZZO PL, MOCHCOVITCH MD, CARVALHO JR, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Valor de proteína no líquido ascítico inferior a 1g/dl é considerado fator preditivo de peritonite bacteriana espontânea (PBE). O objetivo deste estudo foi comparar os níveis de proteína do líquido ascítico em pacientes portadores de cirrose hepática com e sem PBE, e avaliar se existe relação entre a ocorrência de PBE e proteína < 1g/dl no líquido ascítico. Metodologia: Foram analisadas retrospectivamente 1060 amostras de líquido ascítico coletadas entre novembro de 2003 e agosto de 2006. Foram excluídas 236 amostras por pertencerem a pacientes sem hepatopatia e 481 por não terem informação sobre proteína no líquido ascítico. Foram incluídas no estudo 343 amostras. Pacientes com diagnóstico de PBE foram comparados com aqueles sem PBE. O diagnóstico de PBE foi definido pela contagem de polimorfonucleares no líquido ascítico igual ou superior a 250cels/mm3. Resultados: Entre as 343 amostras incluídas, 86 (25,1%) apresentavam critério para PBE. A mediana da proteína no líquido ascítico foi de 1,2g/dl. Não houve diferença entre a mediana em cada um dos grupos (p = 0,56). A proteína do líquido ascítico foi menor que 1g/dl em 40,1% do grupo sem PBE e em 40,7% do grupo com PBE (p = 0,92). Conclusões: Apesar da proporção elevada de líquidos ascíticos com níveis de proteína inferior a 1g/dl, não houve associação entre este dado e o diagnóstico de PBE. Os dados deste estudo sugerem que a proteína do líquido ascítico não deva ser utilizada como critério isolado para indicação de profilaxia antibiótica primária em portadores de cirrose hepática com ascite. PO-007 (210) NÍVEIS SÉRICOS DE COLESTEROL-HDL EM PORTADORES DE CIRROSE HEPÁTICA LUZ RP, MANHÃES FG, SCHMAL AR, CARVALHO JR, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Embora já tenha sido demonstrado que portadores de cirrose hepática avançada apresentam níveis mais baixos de colesterol total, a associação entre colesterol-HDL e função hepática ainda não está claramente estabelecida. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre níveis séricos de colesterol-HDL e função hepática. Metodologia: Foram analisados os dados de pacientes com cirrose hepática, acompanhados no ambulatório de cirrose no período 2005 a 2007, que realizaram determinação dos níveis de colesterol-HDL. Foram excluídos os pacientes com doença hepática colestática. Os pacientes com níveis de colesterol-HDL < 40mg/ dL foram comparados com aqueles com colesterol-HDL ≥ 40mg/dL em relação a variáveis demográficas, clínicas e laboratoriais. A função hepática foi avaliada pelo Child, que foi calculado utilizando exames laboratoriais realizados no mesmo dia em que o colesterol-HDL foi medido. Resultados: Foram avaliados 191 pacientes com cirrose hepática, 58% homens, com idade de 57 ± 11 anos, sendo 69% Child A, 25% B e 6% Child C. As principais etiologias observadas foram: HCV em 72%, álcool em 8% e HBV em 5%. A média do colesterol-HDL foi de 45 ± 17mg/dL e 76 (40%) pacientes apresentavam colesterol-HDL < 40mg/dL. Na análise comparativa entre os grupos, observou-se que não houve diferença quanto à idade (p = 0,82) e presença de diabetes mellitus (p = 0,47). Os pacientes com colesterol-HDL < 40mg/ dL, apresentaram maior prevalência do sexo masculino (67% vs. 52%; p = 0,04), de ascite (29% vs. 13%; p = 0,01) e de Child B ou C (41% vs. 25%; p = 0,02). Conclusão: Existe relação entre os níveis de colesterol-HDL e a função hepática, independente da presença de diabetes. Estes dados reforçam o conceito de que o colesterolHDL possa ser um marcador prognóstico em pacientes com cirrose hepática. PO-008 (237) O GRADIENTE DE ALBUMINA SORO-ASCITE (GASA) TEM ALTO VALOR PREDITIVO PARA DIAGNÓSTICO DE SÍNDROME DE HIPERTENSÃO PORTA EM PACIENTES COM ASCITE ABAS N, FERREIRA ASP, DINIZ NETO, JA, CARVALHO CSF, MELO IC, ARRAES SEGUNDA ZF, LEITÃO V, BRITO JA, CAMPOS DC, DOMINICI AJ Serviço de Gastroenterologia do Hospital Universitário da UFMA Fundamentos: O fator envolvido na formação da ascite é a vasodilatação esplâncnica, resultando em aumento na resistência do fluxo portal, formação de colaterais e shunts para a circulação sistêmica. Tem sido mostrado em vários estudos que GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 o GASA tem importância no diagnóstico da ascite causada por hipertensão porta. Este estudo visa identificar o valor diagnóstico do GASA ≥ 1,1 na hipertensão porta, determinando especificidade, sensibilidade e valores preditivos deste teste. Métodos: Foram revisados 186 prontuários no arquivo do Serviço de Gastroenterologia do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA) cujos pacientes eram portadores de ascite de etiologias variadas, internados no intervalo de janeiro de 2000/ 2005. Sessenta e oito pacientes foram excluídos por não apresentarem dados suficientes para o estudo. Resultados: Participaram do estudo 118 pacientes, com predominância do sexo masculino (61%). A média de idade foi de 52 anos e desvio padrão de 17. Cento e dois (86,5%) pacientes tinham diagnóstico de hipertensão porta (presença de varizes de esôfago e/ou evidencias aos exames de imagem), 16 tinham ascite de outras etiologias (tuberculose e carcinomatose peritoneal). Entre os 102 pacientes com hipertensão porta o GASA ≥ 1,1 foi observado em 98 (sensibilidade de 96%). Entre os pacientes sem evidências de hipertensão porta (n = 16), observou-se GASA > 1,1 em apenas um paciente (especificidade de 94%). Foram ainda calculados os valores preditivos positivo e negativo do teste, que foram 99% e 79% respectivamente Conclusão: O GASA foi confirmado como um teste de alto valor diagnóstico para ascite causada por hipertensão porta. Em situações onde não é possível a realização de exames de imagem ou endoscopia digestiva este teste simples pode confirmar a presença de hipertensão porta em pacientes com ascite. PO-009 (266) CONTRIBUIÇÃO DA CÁPSULA ENDOSCÓPICA NO DIAGNÓSTICO DE HEMORRAGIA DIGESTIVA DE ORIGEM NÃO ESOFÁGICA NA HIPERTENSÃO PORTAL POLETTI PB, PALOMO LM, MUCARE M, SIPAHI HM, GUZ B Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo Introdução: Hemorragia digestiva causada por varizes esofagianas e/ou por gastropatia hipertensiva são complicações freqüentes da Hipertensão Portal. Sangramento com origem em outros locais do trato gastrointestinal não é comum; quando o sangramento ocorre no intestino delgado, geralmente não é diagnosticado e é denominado Sangramento de Origem Obscura. Com o advento da Cápsula Endoscópica, tem sido possível detectar varizes ectópicas em intestino delgado, localizando assim o sítio do sangramento e evitando exames endoscópicos repetidos e/ou procedimentos mais invasivos como arteriografia. Diferentemente do sangramento por varizes esofágicas, o sangramento por varizes ectópicas é raro (1-5% de todos os sangramentos por varizes). Relatamos 2 casos de Sangramento de Origem Obscura em pacientes com Hepatopatia Crônica com Hipertensão Portal, cujo sítio de sangramento não foi identificado por endoscopias e colonoscopias repetidas. Os pacientes foram submetidos ao exame com Cápsula Endoscópica e observou-se alterações vasculares com sangramento ativo em intestino delgado. Diante disso, podemos concluir que a Cápsula Endoscópica pode auxiliar no diagnóstico de Hemorragia Digestiva de Origem Não Esofágica na Hipertensão Portal. PO-010 (267) ESTUDO COMPARATIVO ENTRE FITAS DE REAGENTE PARA ESTEARASE LEUCOCITÁRIA E A CITOMETRIA CONVENCIONAL NO DIAGNÓSTICO DE PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA BASTOS FAM, SILVERIO AO, ABREU GO, BROKESTAYER E, BRANCO AB, MORAES LM, MESQUITA MM Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia e do Hospital Geral de Goiânia; Faculdade de Fundamento: A peritonite bacteriana espontânea (PBE) é a mais séria complicação infecciosa nos pacientes cirróticos, com elevada taxa de morbidez e mortalidade. Sendo, portanto, necessário o diagnóstico e tratamento precoce. O presente estudo objetiva comparar as fitas de reagente para estearase leucocitária (FREL) com a citometria convencional para o diagnóstico de PBE. Métodos: Foram analisadas 68 amostras de líquido ascítico (LA) de 34 pacientes cirróticos internados na SCMG e HGG. Para o estudo utilizamos a FREL da MAKROMED 10 . Parte do LA depois de coletado era utilizado para a FREL, aguardando cerca de 120 segundos para posterior leitura, os resultados anotados em número de cruzes, de acordo com a especificação do fabricante, e, simultaneamente, outra parcela do LA era encaminhado para a citometria. Consideramos como portadores de PBE aqueles pacientes que apresentavam 250 polimorfonucleares/mm no LA. Resultados: Dos 34 pacientes, 22 (64,7%) eram do sexo masculino com idade variando de 8 a 70 anos. Cinco (7,35%) líquidos preenchiam critérios diagnósticos de PBE pela citometria, a FREL foi positiva um (20,0%). A FREL foi negativa em todas as outras 63 amostras com contagem de polimorfonucleares ≤ 250/mm3. A sensibilidade da FREL foi de 20,0%, a especificidade de 100,0%, o valor preditivo positivo de 100,0% e o valor preditivo negativo de 94,02%. Conclusão: A baixa prevalência de PBE na população ora estudada dificultou uma melhor avaliação do papel das FREL no diagnóstico de PBE, não obstante, o referido teste mostrou ser um teste específico (100,0%) e com bom valor preditivo positivo (100,0%) e negativo (94,02%). Portanto o método torna-se uma opção atraente no diagnóstico da PBE por ser prático, rápido e barato. S 19 PO-011 (276) ÍNDICES PROGNÓSTICOS DA CIRROSE EM INFECÇÃO BACTERIANA: COMPARAÇÃO DA RELAÇÃO AST/PLAQUETAS (APRI) COM CHILD-PUGH RIBEIRO MFGS, NETO EMVS, STRAUSS E Clínica de Gastroenterologia – Hospital Heliópolis, São Paulo, SP Fundamentos: A relação entre AST e plaquetas tem sido utilizada para predizer graus de fibrose e cirrose, principalmente em Hepatite C. Sua eventual utilização em cirrose, particularmente em processos infecciosos e sua relação com a classificação de ChildPugh, ainda não investigadas, merecem avaliação. Pacientes e Métodos: Foram avaliados 280 pacientes com cirrose hepática diagnosticada por dados clínicos, bioquímicos, endoscópicos, de ultra-som e/ou histopatológicos, num período de cinco anos. 205 pacientes (73,2%) eram do sexo masculino e 75 (26,8%) feminino, com idade média de 51.7 anos. Em todos os pacientes foram analisados, além dos dados clínicos e laboratoriais para APRI e Child-Pugh, as prevalências de ascite, hemorragia digestiva alta, encefalopatia hepática e percentual de óbitos. Os índices de APRI e Child foram calculados quando da internação dos pacientes e também de sua alta. Infecção bacteriana estava presente 104 pacientes (37,1%) e esse grupo foi comparado aos 176 casos sem infecção bacteriana, em termos dos índices prognósticos e outros dados clínicos. Resultados: A distribuição por sexo e idade foi semelhante entre os pacientes infectados e não infectados. Foram mais prevalentes nos infectados: ascite (89.4% x 74,4%), encefalopatia hepática (37,5% x 15,3) e letalidade (7,7% x 2,3%) enquanto HDA foi semelhante nos dois grupos (19,2% x 19,9%). No grupo de infectados a classificação de Child-Pugh foi: A (0%) B (36,5%) e C (63,5%) enquanto naqueles sem infecção A (3,4%), B (53,4%) e C (43,7%). Os valores de APRI no grupo infectado foram menores que 0,5 em 41,3%; de 0,5 – 1,5 em 38,5% e > 1,5 em 20,2%, enquanto no grupo sem infecção foram < 0,5 em 47,2%, de 0,5-1,5 em 34,7% e > 1,5 em 17,0%. Quando comparados entre si, não foi encontrada qualquer relação entre os valores de Child-Pugh e APRI, ou seja, valores baixos de APRI coincidem com Child C, assim como valores altos de APRI são encontrados em pacientes A, B ou C de Child. Os dados evolutivos mostraram que houve melhora dos índices de APRI e Child nos não infectados, enquanto nos infectados houve piora do APRI com discreta melhora do Child. Conclusões: 1) O índice APRI, de fácil acesso, mostrou valores preditivos no acompanhamento de pacientes com cirrose. 2) Na presença de infecção bacteriana houve piora do APRI, indicativo de seu mau prognóstico. PO-012 (279) FATOR DE CRESCIMENTO SÍMILE À INSULINA DO TIPO 1 (IGF 1) COMO MARCADOR DE GRAVIDADE EM PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA BATISTA AD, TAPAJOS M, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia - HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamento: IGF1 é um polipeptídeo sintetizado no fígado, essencial em diversas funções anabólicas teciduais. Há relatos da redução dos seus níveis na cirrose hepática. Este trabalho teve como objetivo avaliar os níveis de IGF1 em portadores de cirrose hepática e sua relação com a função hepática e evolução clínica. Métodos: Foram incluídos pacientes com cirrose hepática, acompanhados em serviço de hepatologia. Em todos foi realizada dosagem do nível sérico de IGF1 por método imunoradiométrico pós-extração (valores normais até 50 anos: 101-303ng/ml; acima de 50 anos: 78258ng/ml). Os níveis de IGF1 foram comparados entre os pacientes segundo o escore de Child-Pugh, presença de carcinoma hepatocelular (CHC) e evolução para óbito. Resultados: Foram avaliados 186 pacientes, 103 (55%) do sexo masculino, com idade de 58 ± 11 anos (23-90), sendo 72% Child A, 22% Child B e 6% Child C. Vinte e um pacientes (11%) apresentavam CHC. Os níveis de IGF1 estavam baixos em 71 (38%) e normais em 115 (62%) pacientes. Observou-se IGF1 baixo em 52% dos pacientes com Child A e em 85% daqueles com Child B/C (p < 0,001). Quando comparadas, as medianas do IGF1 mostraram-se menores nos pacientes com Child B/ C (74ng/mL no Child A, 25ng/mL no Child B e 25ng/mL no Child C; p < 0,001). Pacientes com diagnóstico de CHC apresentavam níveis mais baixos de IGF1 quando comparados aos portadores de cirrose sem CHC (mediana de 25 vs. 61ng/ml; p = 0,01). A mortalidade foi de 20% entre os pacientes com IGF1 baixo e de 3% entre aqueles com IGF1 normal (p = 0,001). Em 68 pacientes foi realizada uma segunda determinação de IGF1 com intervalo médio de 16 ± 7 meses. Em 57% destes houve queda dos níveis de IGF1, com redução significativa na comparação entre a primeira e a segunda dosagem (p = 0,04). Conclusão: Os níveis de IGF1 se associaram ao grau de função hepática e à mortalidade em pacientes com cirrose, podendo ser utilizado como um indicador de gravidade no seguimento clínico desses pacientes. PO-013 (360) – PRÊMIO LUIZ CARLOS DA COSTA GAYOTTO PO-014 (465) ESTUDO DO LIQUIDO ASCÍTICO EM PACIENTES INTERNADOS NO HUUFS GARCEZ SRC, FIGUEIREDO NETO R, SANTOS EHS, SANTOS IM, PACHECO MS, NASCIMENTO TVB Núcleo de Hepatites da Universidade Federal de Sergipe Introdução: A ascite é uma complicação comum e representa um importante evento na doença hepática. Ela se desenvolve tardiamente durante o curso da doença, S 20 estando associada a altas taxas de mortalidade. Outras doenças, porém, também são causas de ascite, apesar de serem muito menos freqüentes. Dessa forma, a paracentese com estudo do líquido ascítico é de fundamental importância para o diagnóstico diferencial desses pacientes. Destaca-se a relevância da determinação do nível de proteínas totais e do gradiente de albumina soro-ascite (GASA), como também do exame citológico com contagem de células que servirão como guia para avaliação do paciente. Objetivos: Avaliar etiologia da ascite com base no estudo do liquido ascítico e a importância do GASA como preditor de hipertensão portal (HP), alem de estimar a prevalência de PBE. Pacientes e métodos: Foram revisados 57 prontuários no período de jun/06 a mai/07 no HU-UFS. Os pacientes foram analisados considerando história patológica pregressa analise bioquímica e citológica do liquido ascítico e dosagem de componentes séricos. Resultados: Os pacientes estudados apresentavam media de idade de 58,3 anos. 70,2% eram homens. 54 ascites (94,7%) tinham etiologia por HP (17 esquistossomoses, 21 alcoólicas, 7 hepatites virais, 3 Doença de Wilson, 3 Neoplasia de vias biliares, 3 cirrose idiopática) e 3 de etiologia peritoneal (3 casos de carcinomatose peritoneal). 51 pacientes (89,4%) apresentavam GASA > 1,1 e 6 pacientes (10,4%) apresentaram GASA < 1,1. O GASA > 1,1 apresentou VPP de 100% e sensibilidade de 94,4% para etiologia HP. 8 pacientes (14%) apresentaram peritonite bacteriana espontânea (PBE). Destes, todos apresentaram proteína total no liquido ascítico < 1,0g/dl. Conclusão: 1- Alta prevalência de ascite por HP no HU-UFS 2- PBE esteve diretamente relacionada à proteína total < 1g/dl no liquido ascítico 3- Elevada acurácia do GASA para diagnostico de ascite por HP. PO-015 (482) AVALIAÇÃO DO USO DE FITA REAGENTE NO DIAGNÓSTICO DE PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA SANTOS PAL, SANTOS GAL, SILVA KCP, PEREIRA LA, SILVA TAE, CARVALHO FILHO JP, WYSZOMIRSKA RMAF Hospital Universitário Professor Alberto Antunes/Univerdidade Federal de Alagoas Fundamentos: Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE) é uma freqüente e grave complicação em pacientes cirróticos e com ascite, tornando-se fundamental que seu diagnóstico seja feito de forma rápida e adequada. O diagnóstico em geral é realizado através da contagem de leucócitos no líquido ascítico. Estudos utilizando fita teste para esterase leucocitária sugerem que o método seja sensível. Objetivo: Avaliar a importância do uso de fita reagente para urinálise no diagnóstico de PBE. Métodos: Trinta e nove pacientes com ascite moderada a severa, atendidos no ambulatório de Hepatologia do HUPAA foram incluídos, com um total de 39 paracenteses. A citometria foi considerada positiva acima de 250 polimorfonucleares (PMN) e a leitura da fita Combur Test UX, seguiu recomendação do fabricante, considerando: negativa - até 10 PMN/mm3; positiva +: 25 PMN/mm3; ++: 75 PMN/ mm3; +++: 500 PMN/mm3. A paracentese foi realizada seguindo técnica padronizada, e o líquido ascítico coletado foi usado para imersão da fita reagente, e encaminhado para contagem de PMN e cultura microbiológica. Foi avaliada sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo por proporção correta de acertos. Para comparar as curvas de fita e citometria foi realizada curva ROC, e estatística de Kappa e para comparar os métodos foi utilizado o teste qui quadrado. Resultados: Dos 39 pacientes, 25 (64,1%) eram do sexo masculino e 19 (35,9%) do sexo feminino, média de idade de 55,8+1,6 anos. A sensibilidade da fita, em comparação à cultura do líquido ascítico foi de 100%, especificidade de 94,4%, valor preditivo positivo de 60%, valor preditivo negativo de 100%, proporção correta de acertos de 94,8%. A comparação entre as curvas ROC de resultados da fita reagente e citometria mostram que são métodos coincidentes (p = 0,2821). A concordância entre os dois métodos diagnósticos mostrou índice Kappa de 0,8040 (p = 0,00001). Conclusão: O uso de fita reagente para urinálise no diagnóstico de PBE mostrou-se eficaz, com alta sensibilidade e especificidade, quando comparada com citometria e cultura do líquido ascítico, sendo um método de fácil execução, que pode ser realizado à beira do leito, com o resultado imediato, contribuindo assim para o início precoce da terapêutica, quando indicada. PO-016 (486) RESULTADOS DO TRATAMENTO DA SÍNDROME HEPATORRENAL DO TIPO I COM ESQUEMA DE TERLIPRESSINA E ALBUMINA KALIL JR, BARBOSA DS, MOTTA MP, NERY MS, CERQUEIRA LA, SOARES MA, ZOLLINGER CC, BITTENCOURT PL Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português, Salvador, BA Introdução: O tratamento da síndrome hepatorrenal do tipo I (SHR-1) com vasoconstrictores esplâncnicos, associados à infusão de albumina, foi associado à reversão da insuficiência renal (IR) em 50%-80% dos casos em estudos-piloto e de série de casos. Estudos randomizados, entretanto, demonstraram, recentemente, menor eficácia, revelando regressão de IR em apenas 39%-44% dos pacientes tratados. Objetivo: Avaliar os resultados do tratamento da SHR-1 com uso de esquema de terlipressina e albumina. Pacientes e métodos: Foram reavaliados todos os portadores de cirrose hepática (CH) que apresentaram IR na Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português entre 2004 e 2006. Sete pacientes (5 homens, média de idade de 59 anos) com SHR-1, com média de pontuação de ChildPugh e MELD de 12.4 e 25, respectivamente, foram submetidos a tratamento preencherem: 1) critérios do Clube Internacional da Ascite (1994) para SHR-1 e 2) elegibiGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 lidade para indicação de transplante de fígado. O tratamento foi realizado com doses escalonadas de terlipressina (0,5-2mg 4/4 h) associada a infusão de altas doses de albumina (0,5-1mg/kg/dia). Resultados: Reversão de SHR-1 não foi observada em nenhum paciente, sendo que apenas um obteve estabilização dos níveis de creatinina. Todos os pacientes faleceram antes de completar o esquema terapêutico, com duração média do tratamento de 3.75 dias, sendo a causa mortis: morte súbita (n = 1), choque refratário associado a hemorragia digestiva (n = 1), insuficiência hepática associada a insuficiência de múltiplos órgãos (n = 1), e sepse (n = 2). Conclusões: O tratamento da SHR-1 com terlipressina e albumina não se associou a reversão da IR e redução de mortalidade associada à SHR-1 em nossa casuística, possivelmente devido a presença de insuficiência hepática em fase avançada na maioria dos indivíduos tratados. PO-017 (519) CIRROSE HEPÁTICA: AVALIAÇÃO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICA DE PACIENTES INTERNADOS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP BEDIN EP, GUERRA JR AH, VOLPATTO AL, NASSER F, PEREIRA PSF, MEDEIROS GHA, SILVA EC Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - SP Introdução: A cirrose hepática (CH), inicialmente silenciosa do ponto de vista clínico, apresenta na sua evolução graves manifestações clínicas e complicações e por isto responde por alta morbimortalidade. O objetivo deste estudo foi descrever os aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes cirróticos descompensados internados em hospital universitário. Materiais e métodos: Foram avaliadas, retrospectivamente, todas as internações realizadas nos anos de 2005 e 2006 no Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital de Base de São José do Rio Preto/ FAMERP, através de seus prontuários médicos e analisadas as decorrentes de pacientes cirróticos Resultados: Houve no período 559 internações; destas 440 foram de pacientes com descompensações de cirrose. De 321 pacientes, 77,2% (248) eram do sexo masculino, com idade média de 53,8 anos, 88% raça branca e 89% procedentes de São José do Rio Preto-SP e região. O álcool e o VHC responderam pela maioria das causas de cirrose (65%), sendo álcool em 52,3% e VHC em 12,7%. As descompensações foram devidas à ascite em (52,7%), encefalopatia (27,8%) e hemorragia digestiva (10,42%). Durante a internação, 15% dos pacientes foram à óbito. A pneumonia foi a predominante entre as infecções. Conclusão: Os pacientes foram, em sua maioria, homens brancos na sexta década de vida. A etiologia da CH foi principalmente álcool e VHC, totalizando mais da metade das conhecidas causas da doença. A descompensação principal como motivo da internação foi ascite. A pneumonia figurou entre as principais infecções nestes pacientes. PO-018 (545) TERLIPRESSINA E ALBUMINA NO TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM HIPERTENSÃO PORTAL NÃO CIRRÓTICA: RELATO DE CASO AMORIM PD, TAKEUTI CY, TERRABUIO DRB, CARRILHO FJ, SZEJNFELD D, PEREIRA OI, CANCADO ELR Departamentos de Gastroenterologia e Radiologia da FMUSP, São Paulo Fundamento: A síndrome hepatorrenal (SHR) é uma das etiologias de IRA na doença hepática descompensada e hipertensão portal. Ocorre vasoconstrição intensa da circulação renal, como conseqüência final de vasodilatação esplâncnica. Uma das opções de tratamento é a associação de terlipressina/albumina. Fístula intra-hepática arterioportal (FIHAP) é causa rara de hipertensão portal não cirrótica, podendo ser congênita ou adquirida, não havendo descrição em literatura de complicação com SHR. Relato de caso: RJM, 26 anos, feminina, previamente hígida, com perda ponderal de 20Kg em 10 meses. Na evolução apresentou ascite volumosa e episódios repetidos de hemorragia digestiva alta, sem elucidação diagnóstica nos exames laboratoriais iniciais. Foi submetida à biópsia hepática videolaparoscópica, compatível com esclerose hepatoportal. Durante investigação do quadro consumptivo, foram realizadas colonoscopia, com detecção de varizes em sigmóide e reto, e tomografia de abdome, com 2 FIHAP nos segmentos VII/VIII e II e espessamento do cólon esquerdo com calcificações. 7 meses antes da biópsia hepática, havia realizado 2 exames ultra-sonográficos evidenciando shunts intra-hepáticos, demonstrando que as fístulas estavam presentes antes da biópsia. Foi submetida a embolização das fístulas, porém manteve ascite tensa, com necessidade de paracenteses por desconforto respiratório. Evoluiu com IRA, sendo atribuída etiologia pré-renal em razão de sódio urinário persistentemente menor que 10mEq/L, sem proteinúria significativa. Apesar de expansão volêmica com albumina, não houve melhora da função renal. Embora sem diagnóstico de cirrose hepática, mas com ascite refratária e intensa congestão do sistema esplâncnico iniciou-se terapia com terlipressina e albumina, com reversão total da IRA. Foi submetida a nova embolização das fístulas com controle da ascite. Conclusões: FIHAP é causa rara de hipertensão portal não cirrótica. A embolização das fístulas é efetiva, porém vários procedimentos podem ser necessários. O uso da terlipressina com albumina pode ser considerado em situações especiais de IRA em hipertensão portal não cirrótica, quando se observam condições propícias para o desenvolvimento de SHR. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Colestase PO-019 (112) CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA ASSOCIADA À ESCLERODERMIA RESENDE NP, COUTO OFM, PINTO MRC, CARVALHO EB, ANDRADE RB, MATA LAC, COUTO CA, FERRARI TCA Ambulatório de Fígado. Instituto Alfa de Gastroenterologia. HC-UFMG, Belo Horizonte Introdução: A cirrose biliar primária (CBP) é uma doença crônica do fígado de provável etiologia auto-imune caracterizada pela destruição progressiva dos ductos biliares intra-hepáticos, levando à fibrose e cirrose. Afeta predominantemente mulheres na quinta década de vida, tendo como características a presença de colestase e do anticorpo anti-mitocôndria (AMA). A associação com outras doenças auto-imunes é comum e pode alterar o curso natural da CBP e a estratégia terapêutica. Objetivo: Relatar o caso de uma paciente com CBP e esclerodermia. Relato: D.L.S., 55 anos, com diagnóstico prévio de diabetes melitus (DM). Em propedêutica para fadiga, apresentou alterações em provas de função hepática: elevação em AST, ALT, FA e GGT. Sem história de etilismo e icterícia prévia. Sorologia para hepatite B e C negativa. Ao exame físico notou-se hepatomegalia discreta. US de abdome sem outras alterações relevantes. Pesquisa de auto-anticorpos: AMA + (1:160), anti-músculo liso + (1:40), fator antinuclear + (1:2560 padrão misto nuclear pontilhado fino denso e pontos isolados e citoplasmático pontilhado). Biópsia hepática: alterações típicas da fase ductal florida da CBP. Iniciado tratamento com ácido Ursodesoxicólico 15mg/kg/dia. Em seguimento clínico apresentou espessamento cutâneo em face, mãos, antebraços e pés, com edema difuso das mãos e dedos (puffy fingers), úlceras em polpas digitais, poliartralgia de ritmo inflamatório, artrite em punho e joelho direitos, fenômeno de Raynaud, xerostomia e xeroftalmia, sendo feito o diagnóstico de esclerose sistêmica limitada. Evoluiu com piora clínica, astenia limitante, necessitando internação hospitalar, sendo associada prednisona. Houve melhora inicial, mas a dose precisou ser reduzida devido ao difícil controle do DM. Iniciado metotrexate em dose baixa (7,5mg/semana) com boa tolerância. Atualmente bem, com melhora do padrão bioquímico e retorno às atividades cotidianas. Conclusão: A CBP é freqüentemente associada a outras condições auto-imunes. A identificação da síndrome de sobreposição específica é importante, pois implica em prognóstico diferenciado, necessitando conduta individualizada. PO-020 (479) LINFONODOMEGALIA PERI-HEPÁTICA NA COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA (CEP): APRESENTAÇÃO ATÍPICA CHINDAMO MC, CASTAGNARO MA, AFONSO FS, PEREIRA MT, TORRES MC Hospital Barra D’Or - Rio de Janeiro Fundamentos: Aumento de linfonodos peri-hepáticos na ausência de neoplasia abdominal é um achado freqüente nas hepatopatias crônicas, estando relacionado principalmente a etiologia auto-imune e grau de atividade inflamatória da doença. Na CEP a prevalência de linfonodomegalia abdominal pode chegar até 77%, de acordo com o método utilizado, em dimensões que variam de 0,8 a 4cm. Descrevemos a seguir um caso de CEP associado a volumosa massa de linfonodos. Paciente do sexo feminino, 30 anos, iniciou o quadro com hemorragia digestiva por ruptura de varizes de esôfago. Referia prurido cutâneo há 5 anos. Ao exame: bom estado geral, anictérica, hipocorada, sem sinais de hepatopatia crônica. Fígado impalpável, esplenomegalia, ausência de ascite e de edema de membros. USG abdominal evidenciava fígado de volume normal, dilatação das vias biliares intra-hepáticas, vesícula biliar normal, trombose da veia porta com transformação cavernomatosa, esplenomegalia (17,5cm) e massa heterogênea lobulada de 5,2 x 4,9cm no hilo hepático. RNM de abdome com espessamento parietal do colédoco e impregnação pelo material paramagnético; massa com sinal intermediário em T1 e T2 no hilo hepático de 5,5cm, com realce pelo agente paramagnético, contribuindo para estenose da via biliar. Laboratório: pesquisa de FAN, AML, AMT e ANCA negativos; dosagem de afeto PTN, CEA e Ca19,9 normais; investigação para doença metabólica, tóxica e viral negativa. Submetida a videolaparoscopia com achado de grande massa linfonodal no pedículo biliar com processo inflamatório local; fígado discretamente irregular com pigmentação amarelada na superfície. Biópsia hepática identificou alterações compatíveis com CEP e biópsia de linfonodos mostrou hiperplasia reacional. Foi submetida a CPRE com achado de estenose de 3cm no colédoco, ducto hepático esquerdo com estenose na bifurcação e luz irregular (rosário); ramos intra-hepáticos finos e retificados. Realizada colocação de endoprótese biliar. Conclusão: Grande aumento de linfonodos peri-hepáticos mimetizando doença maligna pode estar relacionado a hiperplasia reacional em paciente com CEP. No entanto, nesta condição, a necessidade de diferenciação com doença maligna determina a realização de investigação invasiva. PO-021 (578) COLESTASE GRAVE COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES): RELATO DE CASO BRITO JDR, FREIRE DRQ, CORREIA LPMP, REIS JS, SILVA ISS, MARTINS RD, SILVA AEB, LANZONI VP, FERRAZ MLG Escola Paulista de Medicina/Unifesp Introdução: Anormalidades na bioquímica hepática ocorrem em pacientes com LES durante a evolução da doença. No entanto, usualmente são alterações leves e inespecíficas, as quais podem ser atribuídas ao uso de drogas, esteatose hepática por S 21 corticóide, bem como hepatites virais. Quando alterações graves estão presentes, investigação adicional é necessária para adequada abordagem diagnóstica e terapêutica. Descreveremos um caso grave de LES com acometimento hepático, sendo este a primeira manifestação da doença. Relato de caso: M.J.A., feminino, 50 anos, admitida na enfermaria do Serviço de Gastroenterologia do Hospital São Paulo com icterícia progressiva, febre e dor abdominal há 15 dias. Negava uso de drogas, alcoolismo e hemotransfusões. Ao exame: icterícia e hepatomegalia dolorosa. Exames laboratoriais mostravam: ALT e AST > 5x LSN, FA e GGT > 10x LSN, BT > 10x LSN, albumina 2,4g/dL; RNI 1,18; Hb 9,5g/dL; leucograma 5600/mm3 sem desvio e plaquetas 124.000/mm3. Excluída colestase obstrutiva com US de abdome e colangioressonância. Infecções virais - A, B, C, CMV e EBV – também foram descartadas. Durante a internação, apresentou vasculite em membros superiores e inferiores, um episódio de crise convulsiva, derrame pericárdico e proteinúria (1,74g/24h). Realizados auto-anticorpos que mostraram positividade para FAN 1:1280, anti-SM e antiDNA, com AMA, anti-LKM e anti-músculo-liso negativos, o que contribuiu para o diagnóstico de LES. Optado pela realização de biópsia hepática percutânea para esclarecimento da colestase, a qual revelou esteatose macro e microgoticular e presença de colestase intracanalicular. Realizada pulsoterapia com metilprednisolona e introdução de imunoglobulina humana, no entanto, a paciente evoluiu com piora clínica, hemorragia alveolar, insuficiência respiratória aguda e óbito, a despeito dos cuidados intensivos instituídos. Conclusão: Apesar de rara, colestase grave pode fazer parte do espectro clínico do LES, inclusive como apresentação inicial da doença. Doenças Hepáticas Auto-imunes PO-022 (168) FREQÜÊNCIA DE DOENÇA CELÍACA E DE SEUS MARCADORES SOROLÓGICOS EM PACIENTES COM HEPATITE AUTO-IMUNE TIPO 1 FRANCA R, BITTENCOURT PL, FREITAS LAR, CUNHA LM, TORALLES MBP, PARANÁ R, LYRA LG, LYRA AC, SILVA LR Universidade Federal da Bahia; Hospital Português, Salvador, Bahia; Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, FIOCRUZ, Salvador, Bahia Introdução: Marcadores sorológicos de doença celíaca (DC), tais como anticorpos anti-transglutaminase (anti-tTG) e anti-endomísio (AAE) podem ser observados em pacientes com hepatite auto-imune (HAI) tipo 1 em portadores de cirrose em fase avançada. No entanto, a prevalência de DC propriamente dita em portadores de HAI tem sido pouco avaliada. Objetivos: Avaliar a prevalência de anti-tTG e AAE em portadores de HAI-1 e de DC nos indivíduos com sorologia positiva para esses autoanticorpos. Pacientes e métodos: A freqüência de IgA anti-tTG e IgA AAE foi determinada em 64 pacientes (54 mulheres, média de idade 19 [5-67] anos) com diagnóstico de HAI-1 estabelecido de acordo com critérios internacionais. Pacientes com resultados positivos ou intermediários para esses auto-anticorpos foram submetidos a biópsia duodenal por via endoscópica e a pesquisa de HLA-DQ2. Resultados: Anti-tTG e AAE foram detectados, respectivamente, em 6 (9%) e em um paciente (1.6%) com HAI-1. Resultados positivos e limítrofes para IgA anti-tTG foram observados, respectivamente, em dois (3%) e 4 (6%) pacientes. Apenas um paciente com HLA-DQ2 e com sorologia positiva para IgA anti-tTG e IgA AAE apresentou quadro histológico de DC à biópsia intestinal. Dois pacientes com resultados positivos ou limítrofes para IgA anti-tTG e HLA-DQ2 apresentaram mucosa normal à biópsia intestinal. Conclusões: Anticorpos IgA anti-tTG e/ou AAE foram observados em 9% dos pacientes com HAI-1, mas DC foi confirmada em apenas um (1,6%) deles. A ocorrência de IgA anti-tTG nos outros pacientes pode ser atribuída a presença de cirrose hepática ou a DC potencial ou latente. PO-023 (170) EVOLUÇÃO CONSECUTIVA DE COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA PARA HEPATITE AUTO-IMUNE TIPO I EM INTERVALO DE SEIS MESES: RELATO DE CASO BITTENCOURT PL, FREITAS LAR Hospital Português, Salvador, Bahia e Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, FIOCRUZ, Bahia Introdução: Formas hídridas de colangite esclerosante primária (CEP) e hepatite auto-imune (HAI) são descritas em cerca de 10% dos pacientes com HAI e CEP, particularmente na faixa etária pediátrica. A maioria dos pacientes apresenta características clínicas, laboratoriais e histológicas típicas ou compatíveis com CEP e HAI desde a apresentação inicial da doença. Por outro lado, evolução consecutiva de HAI para CEP, mas não de CEP para HAI, é descrita ocasionalmente na literatura médica. Objetivos: Descrever caso de paciente com CEP com evolução para HAI em seis meses associada à perda progressiva de função hepática. Relato do caso: Paciente masculino de 44 anos acompanhado por elevação de enzimas hepáticas: AST: 182UI/L; ALT: 265UI/L; fosfatase alcalina: 247UI/L; gamaglutamiltrasferase: 1.185UI/L. Investigação para doença hepática revelou exclusivamente presença de CEP evidenciada à CPRE por irregularidades em árvore biliar intra-hepática e colangite destrutiva associada a pericolangite à biópsia hepática. Realizou colonoscopia que revelou pancolite ulcerativa, ficando em uso de ácido ursodeoxicólico (AUDC) 25mg/kg/dia e subseqüentemente mesalasina (5-ASA) 3,2g/dia. Evo- S 22 luiu com queda das enzimas hepáticas até seis e três meses, respectivamente, após uso do AUDC e 5-ASA, quando apresentou pico de aminotransferases com AST: 506UI/L e ALT: 778UI/L. Devido a suspeita de hepatite medicamentosa por 5ASA, foi suspensa a medicação com queda significativa nos níveis de aminotransferases. Como o paciente evoluiu com ascite e hipoalbuminemia dois meses após, foi realizada reavaliação diagnóstica que evidenciou ocorrência de anticorpo antimúsculo liso 1:640 e antinúcleo 1:160 e presença de hepatite de interface com denso infiltrado linfoplasmocitário formando rosetas de hepatócitos e fibrose em ponte em evolução para cirrose. Iniciada imunossupressão com prednisona e azatioprina com compensação subseqüente da ascite. Conclusões: Evolução consecutiva de CEP para HAI pode ocorrer em curto intervalo de tempo e deve ser aventada em portadores de CEP que evoluam com aumento de aminotransferases e/ou perda rápida de função hepática. PO-024 (171) PREVALÊNCIA DE AUTO-ANTICORPOS HEPÁTICOS EM POPULAÇÃO RURAL DO NORDESTE BRASILEIRO BITTENCOURT PL, CUNHA LM, MOREIRA A, ABRANTES-LEMOS CP, PARANÁ R, ANDRADE ZA Hospital Português, Salvador, Bahia; Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, FIOCRUZ, Salvador, Bahia; Laboratório LPC; Faculdade de M Introdução: Os auto-anticorpos (AA) hepáticos são marcadores diagnósticos das doenças auto-imunes do fígado, particularmente hepatite auto-imune (HAI) e cirrose biliar primária, podendo também ser encontrados, em baixos títulos, em aproximadamente 15%-20% dos portadores de hepatite C e em até 5%-10% da população normal. Objetivos: Avaliar a prevalência de auto-anticorpos hepáticos em população rural do nordeste brasileiro e sua correlação com infecção por vírus hepatotrópicos. Pacientes e métodos: Foram avaliados 706 moradores do município de Cavunge-BA, participantes de estudo sentinela para avaliação da prevalência de infecção por vírus da hepatite A, B e C. Todos foram submetidos à determinação de IgG anti- VHA, anti-HBc total, AgHBs e anti-VHC e à pesquisa dos auto-anticorpos antimúsculo liso (AAML), antinúcleo (AAN), antimicrossoma de fígado e rim tipo 1 (AAMFR1) e antimitocôndria (AAM) pela técnica de imunofluorescência indireta, empregando-se como substrato cortes de fígado, rim e estômago de rato e células Hep-2. A triagem de AA foi realizada com diluição inicial de 1:40 para AAML, AAM e AAMFR1 e 1:80 para AAN. Resultados: Reatividade global para AAML foi observada em 89 (13%) pacientes, sendo observado padrão vaso na titulação de 1:40 (n = 51); padrão vaso 1:80 (n = 18); padrão glomérulo 1:40 (n = 2); padrão vaso e glomérulo 1:40 (n = 7); padrão vaso e glomérulo 1:80 (n = 11). Nenhum paciente apresentou reatividade para o padrão tubular. Reatividade para AAN na titulação > 1:80 foi encontrada em 1% dos pacientes testados e para AAM em apenas um indivíduo na titulação de 1:80. Não houve correlação significante entre estado de infecção por vírus B e C e presença de auto-anticorpos circulantes. Conclusões: Auto-anticorpos foram observados em 13% dos indivíduos e sua positividade não se correlacionou com infecção por vírus B e C. A maioria dos indivíduos com AA positivos apresentou AAML em títulos baixos e com padrão de reatividade diferente daquela observada nas doenças auto-imunes do fígado. PO-025 (281) HEPATITE AUTO-IMUNE – ESTUDO COMPARATIVO DA APRESENTAÇÃO CLÍNICA SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA BATISTA AD, DOTTORI MF, FERNANDES TP, GUARANÁ SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM DE ANDRADE T, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, Serviço de Hepatologia - HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A hepatite auto-imune (HAI) é uma doença hepática necroinflamatória, mais prevalente em mulheres jovens. Uma maior prevalência é também descrita no climatério. Não está claramente estabelecido se há diferença na apresentação clínico-laboratorial entre os dois picos de incidência. O objetivo deste estudo foi comparar as características clínicas e laboratoriais da apresentação inicial da HAI em pacientes com idade inferior e superior a 40 anos. Metodologia: Foi realizada análise retrospectiva da forma de apresentação clínica de 70 pacientes com diagnóstico de hepatite auto-imune, acompanhados em serviços públicos e privados de hepatologia. Os grupos com idade < 40 anos (G1) e > 40 anos (G2) foram comparados quanto ao sexo, presença de sintomas no início da doença, além da presença de icterícia, ascite, encefalopatia hepática e hipertensão portal na apresentação da doença. Os grupos foram também comparados quanto aos níveis séricos iniciais de aminotransferases, gamaglutamil transferase, fosfatase alcalina, albumina, gama globulina e tempo de atividade de protrombina (TAP). Foram utilizados os testes de Qui-quadrado, Exato de Fisher, t de Student e MannWhitney para a análise estatística. Resultados: Foram estudados 70 pacientes, sendo 89% mulheres, com média de idade 27 16 (9-73) anos. Quatorze pacientes (20%) apresentavam idade acima de 40 anos. Os pacientes mais jovens (G1) apresentavam maior freqüência de icterícia (75% vs. 36%; p = 0,029), níveis séricos mais elevados de gama-globulina (2,9 1,3 vs. 1,6 0,3; p < 0,001) e valores mais baixos de atividade da protrombina (60 21% vs. 77 24%; p = 0,028). Não houve diferença entre os grupos quanto ao sexo, presença de sintoGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 mas no início da doença, ascite, encefalopatia hepática, hipertensão portal, níveis séricos de aminotransferases, gamaglutamil transferase, fosfatase alcalina e albumina. Conclusão: Pacientes mais jovens tendem a ter uma apresentação inicial mais agressiva da hepatite auto-imune, possivelmente relacionada a maior expressão imunológica da doença nesta faixa etária. PO-028 (286) FATORES PREDITIVOS DE RESPOSTA BIOQUÍMICA NA HEPATITE AUTOIMUNE CARVALHO FILHO RJ, NARCISO-SCHIAVON JL, SCHIAVON LL, BARBOSA DV, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina PO-026 (283) RESPOSTA AO TRATAMENTO DA HEPATITE AUTO-IMUNE TERRABUIO DRB, CARRILHO FJ, CANÇADO ELR Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo O tratamento de escolha da HAI é a associação azatioprina/prednisona. A reposta completa ocorre em 60-80% dos casos em dois anos. 70-80% dos pacientes recidivam após a suspensão do tratamento. Não estão bem estabelecidos: após quanto tempo de remissão bioquímica (RB) deve ser suspensa a medicação, se é necessária e após quanto tempo deve ser realizada a biópsia hepática de controle e qual o critério de remissão histológica (RH). Métodos: Foram avaliados 230 pacientes com HAI. O tratamento baseou-se, em geral, na associação de azatioprina 50mg e prednisona 30mg/d, com ajuste da dose ou mudança do esquema imunossupressor até normalização das enzimas hepáticas normais. Nos pacientes com glutamil transpeptidase > 5x o valor de referência após um ano de tratamento, foi associado o ácido ursodesoxicólico (AUDC). Após 18 meses de RB foi realizada biópsia hepática de controle e o critério de RH foi de atividade periportal 0 ou 1. Quando em RH, a medicação foi suspensa ou o paciente foi incluído em protocolos com cloroquina. Resultados: 230 pacientes (198 mulheres), idade média à apresentação de 29,3 ± 17 anos. 82,6% eram portadores de HAI-1, 10,9% HAI sem marcador, 6,5% HAI-2. 81% tiveram biópsia hepática inicial, 73,7% com estádios 3 e 4 (58,6% com cirrose). 6 pacientes não foram submetidos a tratamento, 4 transplantados por hepatite fulminante e 2 por recusa. Em 71% dos casos, a indução de remissão foi com azatioprina/prednisona, em 19% prednisona em monoterapia. Em 53 pacientes foi associado AUDC ao esquema inicial com melhora bioquímica. 48,7% dos pacientes atingiram RB, 60,2% destes atingiram RH. O tempo decorrido para a primeira RH foi de 1868 ± 1439 dias. A dose para RH utilizada foi de: azatioprina 84 ± 23,6mg, prednisona 7,8 ± 2,1mg, AUDC 600 ± 245mg e cloroquina 250mg. 61% dos pacientes apresentaram recidiva da doença após suspensão do tratamento, 70,5% em até 6 meses, 13% após um ano. Em relação à evolução clínica, houve 37 óbitos (16%), 6% perdas de seguimento, 10% transplante hepático e 8% inclusão em lista de transplante. Conclusão: A HAI é doença agressiva, com cirrose hepática freqüente na biópsia inicial. O tempo para remissão histológica foi maior que o descrito em literatura. A recidiva após suspensão da medicação, apesar de freqüente, foi menor nesse estudo. O AUDC foi de valor em subgrupo específico de pacientes. PO-027 (284) EVOLUÇÃO DA GESTAÇÃO NA HEPATITE AUTO-IMUNE TERRABUIO DRB, CARRILHO FJ, CANÇADO ELR Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Na cirrose hepática (CH), a gestação apresenta 15 a 20% de aborto espontâneo e alto risco de prematuridade e óbito fetal. O risco de sangramento varicoso, particularmente no segundo trimestre, é de 20 a 45%. A HAI afeta mulheres em idade fértil e sob tratamento adequado, há regressão da atividade da doença e melhora clínica, possibilitando a ocorrência de gestações. Há poucos estudos na literatura sobre gestação na HAI e nos mais recentes, as taxas de perda fetal atingem 25% e de abortos espontâneos 17%. O uso de azatioprina ainda é controverso durante a gravidez e aleitamento. Habitualmente quiescente durante a gestação, apresenta recidivas puerperais principalmente nos primeiros seis meses. Métodos: Avaliaram-se as gestações ocorridas em 198 mulheres com HAI no período de 1986 a 2006, em relação ao tipo de HAI, à presença CH, às taxas de abortamento espontâneo e prematuridade, à medicação utilizada durante gestação, ocorrência de recidivas puerperais e malformações fetais e morbimortalidade materna. Resultados: 30 pacientes apresentaram 43 gestações, idade média de 22 anos. 77% eram portadoras de HAI tipo 1, 13% tipo 2 e 10% sem marcadores. 87% tinham exame histológico e 73% exibiam CH. A taxa de aborto espontâneo foi de 25,6% e a de prematuridade 14%. O tratamento durante a gestação foi prednisona em monoterapia em 58,3%, sem tratamento em 16%, 10% prednisona no 1º trimestre e azatioprina e prednisona nos 2º e 3º, 7% ciclosporina e prednisona, 7% tacrolimus e 2,3% azatioprina e prednisona durante toda gestação. Houve 44% de recidiva gestacional, em 5 casos houve aumento de enzimas hepáticas durante a gestação, em 18 a recidiva foi puerperal, num período médio de 73 dias. Em 28% das gestações não houve recidiva, em 2 gestações houve aumento < 2x das enzimas hepáticas. Em uma das pacientes, o diagnóstico de HAI ocorreu após hemorragia digestiva alta puerperal. Não houve descrição de malformações fetais. Uma paciente apresentou ascite após cesárea por sofrimento fetal e outra, infecção puerperal com necessidade de redução da imunossupressão. Conclusão: A evolução da gestação nessa casuística foi semelhante à descrita em literatura. O acompanhamento deve ser realizado em centro apto a resolver possíveis intercorrências materno-fetais. No período pós-parto a recidiva é freqüente, é necessária monitorização bioquímica rigorosa. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Fundamentos: A hepatite auto-imune (HAI) é uma doença rara, de difícil manejo e prognóstico reservado, pois muitos pacientes não respondem ao tratamento. As aminotransferases são habitualmente usadas como marcadores de resposta à terapia imunossupressora e sua normalização está associada a menor risco de recaída após a suspensão do tratamento. Este estudo teve como objetivo identificar os fatores associados à obtenção de resposta bioquímica em portadores de HAI. Métodos: Estudo transversal de pacientes com diagnóstico de HAI (provável ou definitivo pelos critérios da IAHG, 1999) atendidos entre 1985 e 2007 no Setor de Hepatites da UNIFESP-EPM. A análise histológica foi baseada nos critérios da SBP/SBH. Fibrose avançada foi caracterizada pelo estadiamento ≥ 3. Colestase foi definida como níveis de FA ≥ 1,5x LSN e GGT ≥ 2,0x LSN. Resposta bioquímica foi definida como normalização da ALT após 12 meses de tratamento. Resultados: Foram incluídos 45 pacientes tratados por pelo menos 12 meses com prednisona com ou sem azatioprina. A média de idade foi 34,4 ± 15,6 anos, sendo 40 (89%) mulheres e 31 (66%) caucasóides. Quarenta pacientes (91%) possuíam HAI tipo 1. Resposta bioquímica foi obtida em 23/45 indivíduos (51%), tendo sido associada a maiores níveis de albumina pré-tratamento (3,6 ± 0,8 vs. 3,1 ± 0,7, P = 0,043). Houve menor freqüência de anticorpo anti-músculo liso entre os pacientes respondedores (55% vs. 81%, P = 0,065). Foi observada também uma tendência a maior taxa de resposta bioquímica entre aqueles sem fibrose avançada (86% vs. 43%, P = 0,086). A presença de colestase pré-tratamento não influenciou a resposta (43% vs. 56%, P = 0,440). Dentre os 23 pacientes com resposta bioquímica, 14 foram rebiopsiados após mediana de tempo de 2 anos de tratamento e 9 deles (64%) apresentavam hepatite de interface à análise histológica. Conclusões: Resposta bioquímica após 1 ano de tratamento é observada em cerca de metade dos casos de HAI. Está associada à presença de doença hepática menos avançada, mas não é preditiva da obtenção de resposta histológica após 2 anos de tratamento. A duração ótima da imunossupressão na HAI permanece indefinida. PO-029 (290) PREVALÊNCIA E IMPACTO DA COLESTASE NAS HEPATITES AUTO-IMUNES NARCISO-SCHIAVON JL, SCHIAVON LL, CARVALHO FILHO RJ, BARBOSA DV, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina Fundamentos: A hepatite auto-imune (HAI) é uma doença rara, de difícil manejo e prognóstico reservado, pois muitos pacientes não respondem ao tratamento. Um subgrupo destes pacientes apresenta indícios clínicos, bioquímicos e/ou histológicos de colestase. Este estudo teve como objetivo identificar a freqüência e o impacto da presença de colestase em portadores de HAI. Métodos: Estudo transversal de pacientes com diagnóstico de HAI (provável ou definitivo pelos critérios da IAHG, 1999) atendidos entre 1985 e 2007. Colestase foi definida laboratorialmente pela presença de níveis de FA > 1,5 x LSN e GGT > 2,0 x LSN. A análise histológica foi baseada nos critérios da SBP/SBH. Resultados: Foram incluídos 80 pacientes, com média de idade 32 ± 15 anos, sendo 71 (89%) mulheres, 46 (64%) brancos. Entre os 73 pacientes que realizaram a pesquisa de auto-anticorpos, 66 (90%) foram classificadas como tipo 1,4 (6%) tipo 2 e 3 (4%) tipo 3. Colestase foi encontrada em 45% dos pacientes, tendo sido associada à presença de raça negra (42% vs. 14%, P = 0,022), menores níveis de albumina (3,01 ± 0,83 vs. 3,45 ± 0,63, P = 0,036) e maior atividade necroinflamatória parenquimatosa (90% vs. 44%, P = 0,041). Houve maior freqüência de proliferação ductular entre os pacientes colestáticos (23% vs. 0%, P = 0,052). Embora sem alcançar diferença significante, indivíduos com colestase apresentaram maiores prevalências de estadiamento 3/4 (86% vs. 60%, P = 0,141) e atividade periportal 3/4 (100% vs. 84%, P = 0,279). Dos 27 indivíduos com colestase pré-tratamento, 7 (26%) permaneceram com colestase após 6 meses de terapia com prednisona e/ou azatioprina. Após 24 meses de tratamento, colestase persistiu em apenas 3 casos (11%). A incidência de colestase de novo ao fim de 6 meses de terapia foi de 13%. Conclusões: Colestase bioquímica constituiu achado freqüente na HAI e se associou à presença de maior intensidade dos achados histológicos. O predomínio em indivíduos da raça negra sugere um componente genético na gênese desta alteração. O tratamento com prednisona e/ou azatioprina levou à resolução da colestase na grande maioria dos casos. PO-030 (296) LINFOMA NÃO-HODGKIN ASSOCIADO AO USO CRÔNICO DE AZATIOPRINA EM PACIENTE COM HEPATITE AUTO-IMUNE: RELATO DO SEGUNDO CASO NA LITERATURA FREIRE DRQ, BRITO JDR, CORREIA LPMP, FELDNER ACCA, REIS J, SILVA AEB, LANZONI VP, SILVA ISS, FERRAZ MLG Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina – São Paulo/SP Introdução: O uso de tiopurinas – azatioprina (AZA) e 6-mercaptopurina – tem sido relacionado ao desenvolvimento de linfoma em pacientes com doença inflamatória intestinal ao longo de décadas. Uma recente metanálise evidenciou risco relativo de S 23 4,18, no entanto, os resultados são conflitantes, pois o risco pode estar relacionado ao uso das medicações, à gravidade da doença, ou a uma combinação de ambos. Em pacientes transplantados, e com doses maiores de imunossupressores, o risco parece ser maior. Os dados na literatura são escassos quanto ao risco em pacientes com hepatite auto-imune. Relato do caso: M.A.S., feminino, 65 anos, encaminhada a serviço ambulatorial especializado em hepatologia por elevação das enzimas hepáticas: AST 2xLSN, ALT 4xLSN, GGT 2xLSN. Durante investigação, diagnosticou-se hepatite auto-imune (HAI), com 15 pontos no score diagnóstico. Apresentava FAN 1:320 e biópsia hepática apresentando infiltrado linfoplasmocitário e células em roseta, compatível com o diagnóstico de HAI. Hepatites virais, medicamentos e outras possíveis etiologias foram descartados. Iniciada indução com prednisona 50mg/ dia e azatioprina (AZA) 50mg/dia, a seguir aumentada para 100mg/dia, com desmame da corticoterapia e normalização da bioquímica hepática. Após 2 anos em uso da medicação, a paciente encontrava-se assintomática, no entanto, em exame ultra-sonográfico de rotina, observou-se extensa linfonodomegalia, mesentérica e retroperitoneal, que foi confirmada por tomografia computadorizada do abdome. Realizada videolaparoscopia com biópsia excisional de linfonodos e biópsia hepática em cunha. Ambos os tecidos mostraram infiltração por células atípicas e linfócitos, correspondendo a Linfoma Não-Hodgkin, cuja imunohistoquímica demonstrou linfoma linfocítico de pequenas células. A paciente foi encaminhada para tratamento com Clorambucil e a Azatioprina foi suspensa, com reintrodução da prednisona na dose mínima toleravél. Conclusão: Pacientes em uso crônico de azatioprina têm risco potencial de desenvolver linfoma em algum momento da evolução, independente da doença de base. No caso da HAI, este é o segundo relato desta ocorrência na literatura. Dessa forma, enfatizamos a necessidade de vigilância dos pacientes com hepatite auto-imune em uso dessa medicação. PO-031 (328) ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DA HEPATITE AUTO-IMUNE DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO – UFC NÓBREGA ACM, PINHEIRO SR, PIERRE AM, BRAGA LLC, HYPPOLITO EB, UCHOA LV, FERNANDES SG, PEREIRA KB, LIMA JMC Serviço de Gastro-hepatologia do HUWC da Universidade Federal do Ceará-UFC Introdução: A hepatite auto-imune (HAI) trata-se de processo inflamatório persistente de causa desconhecida que ocorre no parênquima hepático. É caracterizada pela presença de hepatite de interface ao exame histopatológico, hipergamaglobulinemia e pela presença de auto-anticorpos. Casuística e métodos: estudo de série de 60 pacientes com diagnóstico de HAI por análise histopatológica e/ou através do sistema de escores do International Autoimmune Hepatitis Group acompanhados no Serviço de Gastro-hepatologia do HUWC-UFC. Resultados: Dos 60 pacientes com diagnóstico de HAI 52 pacientes (86,7%) eram do sexo feminino. A média de idade ao diagnóstico foi de 36,5 anos variando de 7 a 77 anos, sendo observados dois picos de idade 7 a 25 anos (44%) e 51 a 77 anos (35,6%). Observou-se ainda que o tempo desde o início dos sintomas até o diagnóstico teve uma mediana de 20,3 meses, variando de 1 a 156 meses, sendo a forma de apresentação mais comum ao diagnóstico cirrose/hepatopatia crônica, presente em 2/3 dos pacientes. O escore internacional foi definitivo para HAI em 40,5%. No diagnóstico foram observados níveis de aminotransferases em média de AST = 11 X LSN (0,5 -51,8 X LSN) e de ALT = 9,5 X LSN (0,5 - 51,3 LSN), níveis de fosfatase alcalina em média de 1,47 X LSN (0,24 - 8,7 X LSN), gamaGT de 3,4 X LSN (0,5 -13,8 X LSN), proteína total = 7,7g% (5,5 - 12,8), albumina = 3,3 (1,8 - 4,7), TAP = 61,1% (24 - 100%), BT = 7,1 (0,4 - 34,6) e BD = 4,4 (0,1 - 22,5). Em 78% dos pacientes foi observada globulina elevada. Foi realizada pesquisa do FAN em 47 pacientes sendo positivo em 48,9%. Em 58,5%, dos 41 pacientes que fizeram o anti-músculo liso, o resultado foi positivo. O anti-LKM1 foi positivo em apenas 3 casos. Discussão/Conclusão: Observouse um predomínio do sexo feminino, maior prevalência em pacientes jovens, bem como a elevação predominante de aminotransferases, sendo que em 1/3 níveis compatível com hepatite aguda. O tempo de diagnóstico foi bastante variável e em alguns casos bastante prolongado, talvez sendo responsável pelo encontro de tantos casos em fases de hepatopatia crônica e/ou cirrose. Predominou a HAI tipo I, e apenas 3 casos a HAI tipo II. PO-032 (329) ANÁLISE DA RESPOSTA TERAPÊUTICA EM 60 PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE AUTO-IMUNE NO CEARÁ PINHEIRO SR, PIERRE AM, NÓBREGA ACM, BRAGA LLC, HYPPOLITO EB, UCHOA LV, FERNANDES SG, PEREIRA KB, LIMA JMC Serviço de Gastro-hepatologia do HUWC da Universidade Federal do Ceará-UFC Introdução: A hepatite auto-imune (HAI) é uma doença pouco freqüente, que cursa com um processo inflamatório persistente de causa desconhecida, evoluindo em surtos de agressão ao parênquima hepático, que se não diagnosticada e tratada adequadamente evoluirá para cirrose em mais de 50% dos casos. Dois regimes terapêuticos são comumente utilizados: corticoterapia isolado, ou associada a azatioprina (AZA). Objetivo: Avaliar taxa de resposta ao tratamento e classificar em: completa (aminotransferases normais com melhora clínica pós-tratamento), parcial (aminotransferases elevadas, porém com queda de pelo menos 50% do valor basal) S 24 ou não resposta. Assim como motivos de recidiva pós-tratamento e mortalidade. Casuística e métodos: Análise de 58 pacientes portadores de HAI em acompanhamento no ambulatório de Hepatites do HUWC no período de 1987 a 2007. Foram avaliados dados de apresentação clínica, diagnóstico, esquema terapêutico utilizado, resposta terapêutica e complicações. Resultados: Dos 60 pacientes avaliados 2 apresentavam aminotransferases normais ao diagnóstico não sendo iniciado tratamento, 7 iniciaram tratamento com prednisona e AZA e 51 prednisona em monoterapia, entretanto a AZA foi acrescentada ao esquema 1 a 2 meses após. Dos pacientes que iniciaram tratamento foi avaliada a taxa de resposta em 44 pacientes: 29 pacientes (63%) apresentaram resposta completa, 13 pacientes (29,5%) resposta parcial e 2 pacientes (4,5%) sem resposta. Observou-se recidiva em 17 pacientes, destes 10 pacientes (58,8%) a recidiva ocorreu quando a medicação foi reduzida pelo médico (como meio de diminuir efeitos colaterais das drogas), em 5 pacientes (29,45%) a terapêutica foi suspensa pelo próprio paciente e em 11,7% (2 pacientes) a recidiva ocorreu sem causa específica. Dos 58 pacientes acompanhados, óbito ocorrer em 3 pacientes (5%) dos casos: dois por hemorragia digestiva alta e um por neoplasia pulmonar. Apenas um paciente foi submetido a transplante hepático. Conclusão: Observou-se resposta ao esquema de corticóide e AZA na maioria dos pacientes (63%), semelhante à literatura mundial, alta taxa de recidiva, geralmente relacionada com a tentativa de redução da medicação ou retirada. PO-033 (418) CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA (CBP): APRESENTAÇÃO E EVOLUÇÃO DE 63 CASOS MANHÃES FG, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, CHINDAMO MC, NABUCO LC, CARREIRO G, BRANDÃOMELLO, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A evolução da CBP está associada a vários fatores como apresentação clínica e estadiamento histológico no momento do diagnóstico. O objetivo deste estudo foi realizar uma análise descritiva das características clínicas iniciais de pacientes com CBP, e correlacioná-las com a evolução da doença. Metodologia: Foram avaliados retrospectivamente 63 pacientes com diagnóstico de CBP acompanhados na rede pública e clínica privada. Foram estudadas as características clínicas, laboratoriais, histológicas no momento da primeira consulta e evolução dos pacientes. Resultados: Cinqüenta e cinco pacientes eram do sexo feminino (84%), com média de idade de 53 ± 13 anos (23-79). Quarenta e sete (75%) pacientes apresentavam sintomas na primeira avaliação, sendo prurido o mais freqüente (64%), seguido por fadiga em 45%. Associação com doenças auto-imunes foi encontrada em 17 (27%) pacientes, com predomínio de hepatite auto-imune (11%) e síndrome CREST (6%). O exame físico no diagnóstico estava alterado em 41 (65%) casos, com hepatoesplenomegalia em 63% e icterícia em 35%. As medianas da FA e -GT eram, respectivamente, 505U/L (37-3370) e 437U/L (20-2660) e da ALT e AST, 84U/L (12400) e 91U/L (17-582), respectivamente. A pesquisa de AMA foi realizada em 51 casos, sendo positiva em 49 (96%). Entre os 47 pacientes submetidos à biópsia hepática, 44% apresentavam doença avançada (estágio 3 e 4). A mediana do escore da Clínica Mayo à época do diagnóstico foi de 5,7 (3,5-9,1). A mediana do tempo de acompanhamento foi de 4 anos (1-16). As principais complicações desenvolvidas ao longo do acompanhamento foram osteopenia (41%), cirrose (37%) e hemorragia digestiva alta (19%). O óbito ocorreu em 15% dos casos e o transplante foi realizado em 13% dos pacientes. Houve associação entre o escore da Clínica Mayo no diagnóstico com a mortalidade observada (p = 0,02). Conclusão: O diagnóstico de CBP ocorre, na sua maioria, na fase sintomática, com uma proporção elevada de pacientes com doença histológica avançada. O escore da Clínica Mayo mostrou-se um bom preditor de mortalidade e deve ser utilizado na prática clínica. PO-034 (517) HEPATITE AUTO-IMUNE: AVALIAÇÃO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICA E RESPOSTA AO TRATAMENTO BEDIN EP, GUERRA JR AH, VOLPATTO AL, SILVA EC, NASSER F, PEREIRA PSF, DE SANTI-NETO D, MEDEIROS GHA, ROCHA MF, SILVA RCMA Serviço de Gastro-Hepatologia e Unidade de Cirurgia e Transplante de Fígado do Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São Fundamentos: Hepatite auto-imune (HAI) é uma doença inflamatória com potencial evolução para cirrose, caracterizada por fenômenos auto-imunes, como elevação de gamaglobulinas e presença de auto-anticorpos. O objetivo deste estudo foi conhecer as características clínico-epidemiológicas e resposta ao tratamento de pacientes com HAI de nossa região. Pacientes e métodos: Análise retrospectiva de prontuários de pacientes com HAI, atualmente atendidos. Resultados: Foram identificados 38 pacientes (73,7% mulheres), idade média 27 ± 17 anos ao diagnóstico e 81,6% raça branca. Pelos critérios internacionais, 25 (65,8%) tiveram diagnóstico provável e 13 (34,2%), definitivo de HAI. Anticorpo anti-músculo liso foi positivo em 52,7% dos casos (19/36), FAN em 35% (10/28), anti-microssomal de fígado e rim em 7,7% (2/26) e anti-mitocôndria em 7,1% (2/28). Apresentação clínica inicial: hepatite aguda 44,7% (17/38), hepatopatia crônica descompensada 39,4% (15/ 38) e seis pacientes (15,9%) assintomáticos investigados por alterações laboratoriais. Média da ALT foi 10,4xLSN, AST 27,2xLSN, GGT 4,5xLSN, FA 1,7xLSN, BT GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 7,2mg/dl, albumina 3,1g/dl e gamaglobulina 2,84g/dl. Biópsia hepática ao diagnóstico realizada em 31 pacientes: hepatite de interface 100% (31), infiltrado linfoplasmocitário 83,8% (26), roseta de hepatócitos 54,8% (17); fibrose não avançada (F1-F2) 32,25% (10), fibrose avançada (F3) 19,35% (6) e cirrose (F4) 48,4% (14). O tratamento combinado (prednisona e azatioprina) foi realizado em 30 pacientes; resposta até o momento avaliada em 24 pacientes: 15 (62,5%) resposta completa e 9 (37,5%) parcial. Média de ALT e AST após 2 anos de tratamento foi 0,88xLSN e 1,04xLSN, respectivamente. Resposta histológica após 2 anos em 10 pacientes mostrou melhora da atividade necroinflamatória em 8 e da fibrose em 5. Conclusão: Houve predomínio em mulheres jovens e a maioria dos pacientes já se apresentava, ao diagnóstico, com fibrose hepática avançada (pré-cirrose/cirrose). O tratamento combinado apresentou excelente resposta bioquímica e melhora da atividade necroinflamatória em 80% e da fibrose em 50% dos casos. Doenças Hepáticas Metabólicas (exceto NASH) PO-035 (123) CARACTERÍSTICAS AO DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES COM DOENÇA DE WILSON (DW) COUTO OFM, GALIZZI-FILHO J, COUTINHO MFP, MATA LAC, ANDRADE RB, RESENDE N, BRAGA E, COUTO CA, FERRARI TCA Ambulatório de Fígado, Instituto Alfa de Gastroenterologia, HC-UFMG, Belo Horizonte Fundamentos: A doença de Wilson (DW) é decorrente de um distúrbio no metabolismo do cobre (Cu), causando lesão hepática e neurológica. A idade e a forma de apresentação variam e algumas vezes o diagnóstico é retardado pela sutileza dos sintomas e falha na suspeição. O tratamento é baseado em drogas quelantes ou que impedem a absorção do Cu no intestino. Se instituído precocemente, evita a progressão da doença. Apesar de eficazes, tais medicamentos podem apresentar efeitos colaterais (EC). Objetivos: Apresentar os dados demográficos, clínicos e laboratoriais ao diagnóstico de 50 pacientes (pcts) com DW e os dados de seguimento de 30 deles, acompanhados entre 1999 e 2007 no HC-UFMG. Resultados: 26 pcts do sexo feminino com idade de apresentação entre 3 e 33 anos e média de 16. O diagnóstico foi feito a partir de screening em 11 pcts. Em 3 pcts a apresentação foi na forma de hepatite fulminante. Houve hepatite sem cirrose em 15, cirrose em 13 casos, descompensada em 6. Treze pcts apresentaram distúrbios neurológicos ao diagnóstico, sendo o mais comum disartria (10pcts). Anel de Kayser Fleischer (KF) foi identificado em 31 pcts. Havia história de DW na família em 37 pcts e em 28 casos havia pais consangüíneos. Ceruloplasmina variou entre 2 e 51mg/dL, com média de 8mg/dL. O Cu urinário (24h) variou entre 30 e 2250µg (VR até 80), com média de 380µg. As aminotransferases estavam elevadas em 27 pcts, havendo maior prevalência de elevação nos pacientes mais jovens. No seguimento de 30 pcts em período médio de 72 meses, 23 foram tratados com Penicilamina (DP) e 7 com zinco (Zn). Não houve reação de hipersensibilidade. Um pcte apresentou piora neurológica após início do tratamento. De 17 pcts com KF, 11 o negativaram. Dos pcts em uso de DP, 4 apresentaram EC importantes necessitando troca de medicamento – sínd lúpus like, sínd nefrótica e cútis laxa (2). Onze pcts permaneceram com algum grau de seqüela neurológica. Houve óbito em 3 pcts. Conclusões: A DW apresentase através de achados clínicos e laboratoriais diversos e inespecíficos. A história clínica e familiar detalhada, seguida da propedêutica adequada, são os melhores instrumentos para a realização de um diagnóstico precoce. Nossos achados reforçam os dados da literatura, que mostram dificuldade de reversão do quadro quando a doença se encontra instalada, ressaltando a importância do diagnóstico precoce e da terapêutica precisa. EC foram comuns durante o tratamento da DW, sendo, em sua maioria, efeitos leves. PO-036 (169) POLINEUROPATIA AMILOIDÓTICA FAMILIAR ASSOCIADA A MUTAÇÃO GLU47GLY DA TRANSTIRRETINA BITTENCOURT PL, FIGUEIRA YM, SANTOS EHS, NASCIMENTO TVB, FRANÇA AVC, SARAIVA MJ Hospital Português, Salvador, Bahia; Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Sergipe; Instituto de Biologia Celular e Mo Introdução: A polineuropatia amiloidótica familiar (PAF) é uma amiloidose hereditária autossômica dominante associada a mutações no gene da transtirretina (TTR). No Brasil, foram descritos pacientes com PAF associada a TTR Val30Met apresentando o fenótipo clássico da doença, caracterizado por polineuropatia sensitivo-motora e disautonomia progressiva e boa evolução após o transplante de fígado nas fases iniciais da doença. Objetivos: Descrever o primeiro caso de PAF não relacionado a TTR Val30Met no Brasil e caracterizar o fenótipo da doença nos familiares acometidos. Pacientes e Métodos: Foram avaliados clinicamente indivíduos de uma mesma família com casos de PAF sem a mutação TTR Val30Met por PCR-RFLP. Seqüenciamento do gene da TTR foi realizado para pesquisa de outras mutações na amostra de DNA do caso índice. Resultados: Seis pacientes (4 homens; média de idade de 38 + 4 anos) apresentavam sinais de PAF, sendo a sintomatologia mais freqüente: GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 disautonomia caracterizada por hipotensão ortostática (n = 6); alterações do ritmo intestinal (n = 5) e incontinência urinária (n = 2); polineuropatia sensitivo-motora graus II-IV (n = 5) e distúrbios psiquiátricos (n = 3). Síndrome do túnel carpiano foi identificada em quatro pacientes e insuficiência cardíaca com disfunção diastólica em três outros pacientes, sendo que dois apresentavam aumento de espessura de septo interventricular. Idade ao início dos sintomas foi de 35 + 4 anos. Avaliação do caso-índice demonstrou polineuropatia de padrão axonal e depósito amilóide, respectivamente, na eletroneuromiografia e na biópsia de nervo sural. A análise por seqüenciamento do gene da TTR revelou a variante Glu47Gly. Conclusões: O fenótipo da PAF associada a TTR Glu47Gly é semelhante à observada na variante clássica Val30Met, com exceção da elevada freqüência de acometimento cardíaco e síndrome de túnel carpiano. Como o envolvimento cardíaco pode ser progressivo nesta variante da TTR, a despeito do transplante de fígado, é necessária avaliação cardiológica pré-operatória criteriosa e consideração de transplante duplo de fígado e coração em casos selecionados. PO-037 (336) TRATAMENTO DE UM CASO DE HEMOCROMATOSE JUVENIL COM DEFERIPRONA E DESFEROXAMINA CAVALCANTE DBL, FELGA GEG, STILHANO AS, NAKHLE MC, CARRILHO FJ, CANÇADO ELR, DEGUTI MM Serviço de Gastroenterologia Clínica do Hospital das Clínicas da FMUSP e Disciplina de Gastroenterologia Clínica da FMUSP Fundamentos: Hemocromatose Juvenil (HJ) é uma condição hereditária raríssima, caracterizada pelo acúmulo maciço de ferro que leva a insuficiência cardíaca, hepática, diabetes mellitus e hipogonadismo já na 2ª ou 3ª década de vida. O tratamento padrão da sobrecarga de ferro pela flebotomia pode estar contra-indicado devido à cardiopatia descompensada. Apresentamos um caso em que o tratamento intensivo com desferoxamina e deferiprona por 6 semanas promoveu melhora clínica e laboratorial, fato registrado previamente apenas uma vez na literatura. Relato de Caso: RMD, masculino, 31 anos, previamente assintomático, apresentou nos últimos dois meses insuficiência cardíaca descompensada. A investigação revelou: hepatomegalia, pele bronzeada, índice de saturação de transferrina (IST) de 99,29%, ferritina = 8545UI/mL e ALT = 195UI/mL, provas de função hepática inalteradas, glicemia de jejum 134mg/dL, hormônio luteinizante 1,3UI/L (normal: 12 a 29,7UI/L), hormônio folículo-estimulante < 1,0UI/L (normal: 2,9 a 7,8UI/L), testosterona total 12ng/dl (normal: 271 a 965UI/L). A dosagem sérica de hepcidina foi de 10,2ng/mL (VR: 10 - 200ng/mL), e não se detectaram mutações do gene HFE. O ecocardiograma revelou fração de ejeção (FE) de 30%. Iniciou-se infusão contínua de desferoxamina 30mg/kg/dia e administração oral de deferiprona 75mg/kg/dia durante 45 dias. Houve regressão da insuficiência cardíaca classe funcional IV para II e clareamento da cor da pele. Após esse período, observaram-se: FE = 46%, IST = 95,73%, ferritina = 2100UI/mL, ALT = 94UI/mL. Reduziu-se então a desferoxamina para 20mg/kg/dia e manteve-se a dosagem de deferiprona para seguimento ambulatorial. Conclusão: A quelação intensiva com deferiprona e desferoxamina pode ser indicada nos casos de HJ com insuficiência cardíaca descompensada, com resultados em curto prazo favoráveis. PO-038 (413) DOENÇA DE WILSON (DW) - CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EVOLUTIVAS DE PACIENTES ACOMPANHADOS NO HUCFF CHINDAMO MC, PEREZ RM, MAZZILLO F, SNAIDER M, VILLELA-NOGUEIRA CA, LEITE NC, DOTTORI M, TORRES ALM, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A DW caracteriza-se por depósito excessivo de cobre no fígado e secundariamente no cérebro, rins e córneas, com manifestações clínicas variadas. O objetivo deste estudo foi avaliar as características clínicas e aspectos evolutivos da doença. Métodos: Foram incluídos pacientes com diagnóstico de DW acompanhados no HUCFF no período de 1999 a 2007. Os pacientes foram avaliados quanto a forma de apresentação da doença (hepática, neuropsiquiátrica ou pré-sintomática), manifestações clínicas e alterações laboratoriais. Foram definidos como pré-sintomáticos os pacientes sem alteração clínica, com diagnóstico de DW a partir de screening familiar. Resultados: Foram avaliados 23 pacientes, 13 (56%) do sexo masculino, com média de idade de 26 ± 10 anos (12-53). A média de idade no início dos sintomas foi de 19 ± 6 anos (11-30). A mediana do tempo de evolução da doença no momento do estudo foi de 5 anos (0-30). História familiar para DW foi verificada em 48% (11/23) dos pacientes. A forma de apresentação inicial da doença foi hepática em 48% dos casos (hepatopatia crônica sem cirrose em 52%, cirrose em 32% e insuficiência hepática aguda em 16%), neurológica em 48% e pré-sintomática em 4%. Dos pacientes com apresentação neurológica inicial, 73% (8/11) apresentavam doença hepática (45% cirrose). Outras manifestações encontradas foram colelitíase em 17%, hemólise em 9% e nefrolitíase em 9%. O anel de Kayser Fleischer foi verificado em 36% dos pacientes avaliados (8/22): 75% (6/8) com manifestação neurológica inicial e 25% com manifestação hepática inicial. A mediana do valor da ceruloplasmina foi de 4mg/dL (0-18), do cobre sérico 31µg/dL(10-98) e do cobre urinário 72µg/24h (19-640). Os pacientes apresentaram a seguinte evolução no período de acompanhamento: 70% estavam em seguimento, 4% foram transplan- S 25 tados, 13% evoluíram para óbito e 13% perderam o acompanhamento. Conclusões: As manifestações hepáticas e neurológicas foram igualmente presentes na apresentação da doença. Os pacientes com apresentação neurológica isolada tiveram elevada prevalência de alterações hepáticas e achado mais freqüente do anel de Kaiser-Fleischer. PO-039 (423) CUPRÚRIA EM PAIS DE PACIENTES COM DOENÇA DE WILSON ANTES E DEPOIS DA ADMINISTRAÇÃO ORAL DE D-PENICILAMINA WARDE-VIEIRA J3, OLIVEIRA PO1, WARDE KRJ3, JULIANO Y2, DEGUTI MM3, BARBOSA ER4, CARRILHO FJ3, CANÇADO ELR3 Instituto de Química USP1, Medicina Preventiva UNIFESP2, Departamento de Gastroenterologia3 e Neurologia FMUSP4, São Paulo Fundamentos: A doença de Wilson (DW) é distúrbio da excreção biliar de cobre, de herança autossômica recessiva, devido a mutações no gene ATP7B. O cobre, que não se liga à apoceruloplasmina, circula no organismo ligado a aminoácidos e deposita-se principalmente no fígado e no cérebro, sendo excretado em maiores cifras pelos rins. A cuprúria basal maior do que 100µg/24h pode auxiliar no diagnóstico, embora cerca de 20% dos pacientes com DW cursem com níveis normais. A administração de 1,0g d-penicilamina (dPA) pode promover, em crianças com DW, valores maiores que 1600µg/24h e é considerada como teste mais sensível e específico para o diagnóstico de DW. Casuística e métodos: Foram obtidos os níveis séricos de enzimas hepáticas, cobre e ceruloplasmina e a cuprúria basal de 24h de 25 pais (H) e 25 mães (M) de pacientes com DW (média de idade 61 anos [H], 57 anos [M]). A seguir os indivíduos receberam 1,0g dPA, por via oral, dividido em duas tomadas, com coleta da urina de 24h para dosagem do cobre urinário, cuja determinação foi realizada pelo método de espectrometria de absorção atômica. A análise estatística dos dados foi feita pelos testes t de Student não pareado e pelos testes não paramétricos de Wilcoxon e de Mann-Whitney. Resultados: Os níveis médios de enzimas hepáticas foram semelhantes nos dois grupos, exceto o nível de fosfatase alcalina, maior nas mulheres (H = 68,7UI/L; M = 81,7UI/L). Os níveis médios de ceruloplasmina (H = 21,7mg/dL; M = 27,8mg/dL) e de cobre sérico (H = 71,4µg/dL, M = 88,0µg/ dL) foram maiores em mulheres do que em homens (p < 0,001). A cuprúria média basal masculina foi de 26,2µg/24h, enquanto a feminina foi de 18,3µg/24 (p = 0,005). Após dPA, a cuprúria nos homens foi de 521,7µg/24h e nas mulheres de 525,3µg/24h (p = NS). Conclusões: Os pais apresentaram cupremia e níveis de ceruloplasmina menores e cuprúria basal maior do que as mães, enquanto os valores da cuprúria após dPA foram semelhantes. Foi definida, possível faixa de variação da cuprúria após 1,0g de dPA em heterozigotos brasileiros para o gene da DW. PO-040 (424) RELATO DE CASO: HAMARTOMA MESENQUIMAL EM ADULTO BARBOSA CC, GIRÃO MS, MARTINS CF, PIMENTEL VL, MACHADO RL, VILLANOVA MG, ZAMBELLI LN, MARTINELLI AL, OLIVEIRA RB, MUGLIA VF Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – USP Paciente TCS, feminina, 24 anos, sem profissão, natural de SP, em exame clínico de rotina teve diagnóstico de hepatomegalia. No mesmo mês, realizou USG abdominal e TC abdominal, cujos laudos foram compatíveis com o achado clínico de hepatomegalia, além de nodulações hipoecóicas (USG) e áreas hipodensas de natureza a esclarecer (TC). No mês de junho, foi encaminhada a nosso serviço para elucidação diagnóstica. Realizou, sob internação, no mesmo mês, biópsia hepática, de área comprometida e de área não comprometida, com diagnóstico compatível com Hamartoma Mesenquimal pelo anatomopatológico. Pela extensão do comprometimento hepático, foi pesquisada síndrome de hipertensão portal com EDA (junho de 2006), que revelou varizes de fino calibre. Todas as sorologias para hepatite foram negativas, bem como os exames para doenças auto-imunes. Durante a internação, evoluiu com ascite volumosa, sendo realizada paracentese diagnóstica e de alívio, com análise compatível com exsudato e a pesquisa negativa para células neoplásicas, e culturas. Em revisão na literatura médica, segundo Stringer et al (Journal of Pediatric Surgery 2005 – 40, 1681-1690), é rara a apresentação dessa doença em adultos, com 18 casos descritos em pacientes acima dos 18 anos. A sintomatologia, habitualmente, é de dor e distensão abdominal. PO-041 (437) AVALIAÇÃO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICA DE UM GRUPO DE PACIENTES COM DOENÇA DE WILSON DE BEM RS, SILVEIRA CRS, OGATA JY, GOMES EM, GONZAGA CE, TEIVE H, MUZZILLO DA Serviço de Hepatologia – Hospital de Clínicas (HC) – UFPR – Curitiba – PR – Brasil Fundamentos: A Doença de Wilson (DW) é uma enfermidade herdada por caráter autossômico recessivo, que se caracteriza por um desarranjo no metabolismo do cobre, resultando no acúmulo deste metal de maneira anormal em diversos tecidos, em especial no fígado e nos gânglios da base. Método: avaliação clínico-epidemiológica retrospectiva da casuística de um grupo de pacientes com Doença de Wilson. Resultados: Foi avaliada uma amostra de 20 pacientes portadores de DW atendidos no Ambulatório de Hepatologia Geral do HC-UFPR, 7 mulheres e 13 homens, todos da raça branca, com idades entre 27-44 anos e 8-49 anos, respectivamente. Todos S 26 os pacientes são procedentes dos estados do Paraná e Santa Catarina, com predomínio de ascendência européia em 18 casos. Treze pacientes apresentavam história familiar de DW, sendo que 11 foram os casos-índice. Não se verificou qualquer dado relativo à consangüinidade nas gerações ascendentes. Quinze pacientes apresentavam clínica por ocasião do diagnóstico, sendo o tempo médio decorrido desde o nascimento até o aparecimento dos sintomas de 22,4 ± 8,91 anos e o tempo para se fazer o diagnóstico pós-clínica variando de 1 mês a 15 anos. No momento do diagnóstico os níveis de ceruloplasmina média foram de 9,9 ± 5,17µg/ml e os de cobre urinário de 500,4 ± 474,64µg/24hs. Dos 20 pacientes, 9 apresentaram maior acometimento hepático (anel de Kaiser-Fleisher em 5), 10 neurológico (anel de KaiserFleisher em 9) e 1 sem sinais ou sintomas. Em 4 casos verificou-se doença neurológica e hepática conjunta. Todos os pacientes permanecem em tratamento com Dpenicilamina e/ou acetato de zinco. A despeito da terapêutica houve progressão neurológica em 1 caso e hepática em 2 casos. Conclusões: 1. A maioria dos casos teve início do quadro antes dos 35 anos de idade. 2. Houve predomínio de ascendência européia. 3. Os achados clínicos assim como os níveis de ceruloplasmina e de cobre urinário foram importantes para o diagnóstico. 4. Apesar do tratamento e da boa aderência ao mesmo, 3 pacientes apresentaram agravamento da doença. PO-042 (455) HEMOCROMATOSE JUVENIL: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E DOSAGEM DA PRÓ-HEPCIDINA EVANGELISTA AS, NAKHLE MC, MELLO ES, NASCIMENTO-LIMA AS, ALVES VAF, CARRILHO FJ, CANÇADO ELR, DEGUTI MM Grupo de Hepatologia Clínica e Laboratório de Gastroenterologia e Hepatologia Tropical (LIMs 06 e 07) do Depto. de Gastroenterol Fundamentos: A hemocromatose juvenil (HJ) caracteriza-se pelo acúmulo acentuado de ferro no organismo, lesando fígado, coração, hipófise em adultos jovens. Objetivos: Reconhecer os aspectos clínicos da HJ numa série de casos e dosar a próhepcidina sérica. Casuística e métodos: Foram incluídos 4 casos diagnosticados nos últimos 17 anos. Levantaram-se retrospectivamente os dados clínicos, laboratoriais e anatomopatológicos do momento do diagnóstico. Dosou-se a pró-hepcidina, pelo método ELISA, com o kit Hepcidin ProHormone®, (DRG Gmb, Alemanha). Resultados: Os casos estão listados a seguir, de acordo com número do caso; sexo/ idade (anos); primeira manifestação clínica; demais órgãos acometidos; ferritina. Caso 1) M, 31 anos; ICC grau IV; fígado, pâncreas, pele; 8.500mg/dL. Caso 2) M, 35 anos; DM e hipogonadismo; fígado, pele, ossos; 10.980mg/dL. Caso 3) F, 24 anos; hipogonadismo (amenorréia); coração, fígado, ossos, pele, 8.069mg/dL. Caso 4) M, 22 anos; hipotireoidismo; pele, fígado, hipófise. Os casos 3 e 4 relataram um irmão cada com quadro clínico semelhante. Todos os casos foram negativos para as mutações HFE (C282Y, H63D, S65C). Três pacientes encontram-se compensados prolongadamente (6-17 anos), mas um (Caso 1) não aderiu ao tratamento e teve como causa de óbito mais provável a descompensação cardíaca, 3 meses após o início dos sintomas. Dois pacientes foram biopsiados, sendo constatada cirrose hepática e deposição de ferro tecidual. Os pacientes apresentaram respectivamente os seguintes níveis de pró-hepcidina sérica ou plasmática: 10,2; 9,8; 10,5 e 10,3ng/ mL. (Referência: 10-200ng/mL). Conclusões: A HJ é condição sistêmica rara e grave, que compromete órgãos nobres de indivíduos na sua terceira ou quarta década de vida. Embora o envolvimento hepático tenha sido comum a todos os casos, as manifestações mais proeminentes foram de natureza cardíaca e hipofisária. Todos os casos apresentaram níveis de pró-hepcidina no limite inferior da referência; entretanto, a utilidade deste método como ferramenta auxiliar no diagnóstico e no rastreamento familiar deverá ser avaliada em estudos futuros. Doenças Neoplásicas PO-043 (60) TRATAMENTO DO CARCINOMA HEPATOCELULAR COM INJEÇÃO PERCUTÂNEA DE ÁLCOOL ANTES DO TRANSPLANTE DE FÍGADO BRANCO F, BRÚ C, BRUIX J, VILANA R, BIANCHI L, MATTOS AA, TOVO C, DITTRICH S Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre. Programa de Pós-Graduação em Hepatologia da Fundação Faculdade Federal de Ciênci Este estudo tem como objetivo avaliar a sobrevida dos pacientes que realizaram transplante ortotópico de fígado (TOF), submetidos ao tratamento do carcinoma hepatocelular (CHC) com injeção percutânea de álcool (IPA) quando em lista de espera, bem como verificar a eficácia do tratamento em produzir necrose tumoral, evitar o dropout, diminuir a recorrência tumoral e identificar as complicações relacionadas ao tratamento. Foram analisados retrospectivamente, na Unidade de Câncer de Fígado do Hospital Clínic de Barcelona, grupo BCLC, 97 pacientes com CHC que estavam em lista de espera para TOF de agosto de 1999 a dezembro de 2003. Sessenta e dois (56,3%) pacientes foram tratados com IPA (grupo 1) e 35 (31,8%) não receberam terapia antitumoral no período prévio ao TOF (grupo 2). O tempo médio de espera em lista para o TOF foi de 8 meses, semelhante nos dois grupos. O seguimento realizado após o TOF foi em média 23,5 meses, com o mínimo de 1 ano. Oitenta e um CHCs em 62 pacientes submetidos ao TOF foram tratados com GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 IPA. Necrose de 80 a 100% foi observada em 61,3% dos pacientes. A presença de nódulos adicionais no explante dos pacientes do grupo 1 foi significativamente menor que nos pacientes do grupo 2 (p = 0,002). Três pacientes (4,8%) do grupo 1 e 3 (8,5%) do grupo 2 foram excluídos da lista de espera, todos por progressão tumoral (p = 0,46). Três (5,1%) e dois (6,2%) casos dos grupos 1 e 2 respectivamente, apresentaram recorrência do. Não foram evidenciadas complicações maiores após as 421 sessões de IPA. Complicações menores ocorreram em 10 casos (2,37%). Nenhum óbito ou dropout ocorreu como resultado do tratamento. Não houve evidência de implante tumoral no trajeto da agulha relacionado ao tratamento com IPA. Após o TOF, a sobrevida estimada em 3 anos nos pacientes do grupo 1 e 2 foi 67,7% e 77,4% respectivamente com redução para 64,4% e 70,7% quando a análise é realizada por intention-to-treat. (p = 0,48). A despeito de não evidenciarmos aumento na sobrevida, diminuição do número de dropout bem como da recorrência tumoral no grupo tratado, acreditamos que tal achado possa estar relacionado ao período curto de espera em lista. Não foram observadas complicações maiores relacionadas ao procedimento, necrose maior que 80% foi evidenciada na maioria dos pacientes tratados (61%) e menor número de nódulos adicionais foi observado no explante deste grupo. PO-044 (193) HIPERPLASIA NODULAR FOCAL MÚLTIPLA ALMEIDA LSM, ALVIM MTP, FARIA RJ, LIMA VM, MACHADO VMM, VIANA AMA, VIDAL JN Hospital universitário de Brasília Introdução: A hiperplasia nodular focal (HNF) é o segundo tumor hepático benigno mais comum e até 20% se apresenta como HNF Múltipla cuja prevalência na população encontra-se entre 0,31% e 0,6%, predominando em mulheres na menacme. Não apresenta tendência à malignização. A Tc da HNF Múltipla pode demonstrar achados atípicos como ausência do realce da cicatriz estrelada central, comum nos casos de HNF clássica. Portanto, nestes casos o exame histopatológico torna-se necessário para o diagnóstico. O tratamento geralmente é conservador, exceto nos casos de lesões de grande proporções. Relato do caso: Paciente feminina, 17 anos, com história de dor em hipocôndrio direito, cíclica há 2 anos, sem demais comorbidades. Ao exame físico apresentava fígado a 10cm do RCD, sem sinais periféricos de insuficiência hepática e hipertensão portal. Apresentava sorologias virais para hepatites A, B, e C negativas, AFP: 2,53mg/dl e função hepática preservada. A Tc de abdômen evidenciou fígado de dimensões aumentadas às custas de múltiplas lesões nodulares confluentes, bem delimitadas, comprometendo segmentos II, IV, V e VI. Não havia cicatriz central evidente. A RNM demonstrou múltiplas massas hepáticas isointensas e hipointensas em T1 e T2 não sendo possível diferenciar HNF Multifocal de Hepatocarcinoma fibrolamelar. Optou-se portanto pela realização de biópsia hepática que demonstrou sinais sugestivos de HNF. Apesar de sintomática o tratamento foi conservador já que a paciente apresentava sintomatologia intermitente e boa resposta a analgésicos comuns. Conclusão: Neste raro caso de HNF Múltipla a RNM não foi capaz de fechar o diagnóstico, necessitando do exame histopatológico para conclusão diagnóstica. Apesar do comprometimento extenso do parênquima hepático, a função hepática não foi comprometida e a paciente apresentou melhora do quadro álgico com o uso de analgésicos comuns não necessitando de intervenção invasiva. PO-045 (197) TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA HELICOIDAL NO CARCINOMA HEPATOCELULAR- CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS TOMOGRÁFICAS E HISTOPATOLÓGICAS KALAKUN KC, CHEINQUER H, CORAL G, CERSKI T Pós-graduação em Hepatologia da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre Fundamentos: Pacientes com cirrose hepática têm alto risco para o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC) o qual constitui importante causa de morte nesta população. Sabe-se que o diagnóstico precoce destas lesões pode alterar este prognóstico; portanto, neste estudo foi avaliada a sensibilidade da Tomografia Computadorizada Helicoidal Trifásica (TCHT) no diagnóstico do CHC, assim como estudada a associação entre os achados tomográficos e características histopatológicas desta neoplasia. Métodos: 40 pacientes com CHC foram incluídos. Nos pacientes com dois ou mais nódulos, somente o nódulo maior foi analisado. Os critérios usados para o diagnóstico de CHC na tomografia foram a hipervascularização arterial e o padrão mosaico. Foi utilizado o ponto de corte de 5cm para o tamanho da neoplasia em relação às características avaliadas. O nível de significância utilizado foi de 5%. Resultados: Foram detectados à TCHT 60 nódulos, nos 40 pacientes. Os nódulos com hipervascularização na fase arterial foram vistos em 25 (62,5%) pacientes. As lesões que tiveram impregnação em padrão mosaico foram 7 (17,5%). A sensibilidade da TCHT para o diagnóstico de CHC foi de 78% com IC 95% (61,4 – 90,7). A hipervascularização e padrão em mosaico foram correlacionados ao tamanho da neoplasia, assim como a presença de necrose e de invasão vascular à tomografia. Vinte e três pacientes (57,5%) foram classificados como grau 1 ou 2 de EdmondsonSteiner sem correlação com o tamanho ou características tomográficas. Invasão vascular microscópica foi observada em somente 3 pacientes (7,5%), mas esteve presente na tomografia em 13 pacientes (32,5%). Necrose neoplásica à avaliação anaGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 tomopatológica foi identificada em 14 pacientes (35%). A mesma esteve presente em 19 (47,5%) à tomografia. Não houve correlação entre as características histológicas e o tamanho do tumor. Conclusões: A TCHT é um método com boa sensibilidade para o diagnóstico do CHC. Não houve correlação entre os achados tomográficos e a graduação histológica. O tamanho do nódulo não influenciou as características histológicas encontradas, mas correlacionou-se com o diagnóstico por exame de imagem. PO-046 (198) TRATAMENTO CIRÚRGICO NO CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA SILVA MF, MATTOS AA, FONTES PRO, WAECHTER FL, PEREIRA-LIMA L, CORAL G Pós-Graduação em Hepatologia da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre/Irmandade Santa Casa de POA Fundamentos: O carcinoma hepatocelular é uma complicação freqüente e que determina pior prognóstico aos pacientes com cirrose hepática. Dentre as opções terapêuticas com o intuito curativo, a ressecção cirúrgica e o transplante ortotópico de fígado constituem os principais tratamentos. O objetivo desse estudo é avaliar os resultados da ressecção hepática para o tratamento desta neoplasia em pacientes com cirrose hepática com relação à sobrevida, à identificação de fatores prognósticos e à incidência de recidiva tumoral. Métodos: Foram avaliadas as características clínicas, laboratoriais, endoscópicas e histopatológicas de 22 pacientes submetidos à ressecção hepática entre os anos de 1996 e 2005 e determinados os níveis séricos de bilirrubinas e alfa-fetoproteína, grau de disfunção hepatocelular (avaliado pelas classificações Child-Pugh-Turcotte e Model for End-Stage Liver Disease), tamanho e número de nódulos, invasão microvascular e presença de lesões satélites. O nível de significância estatística utilizado foi de 5%. Resultados: A média de idade foi de 62,09 anos, sendo 17 do sexo masculino. Dezoito pacientes apresentaram nódulo único, sendo que em 11 o tumor media menos que cinco centímetros. A sobrevida variou entre dez dias e 120 meses, com uma média de 33,5 meses. No final do primeiro, terceiro e quinto anos, identificou-se uma sobrevida de 61,90%, 16,67% e 11,11%, respectivamente. No que se refere à sobrevida e à identificação de fatores prognósticos, foi identificada uma relação entre sobrevida e invasão microvascular (p = 0,016). Não foi observada diferença, com significância estatística, nas curvas de sobrevida entre os níveis séricos de bilirrubinas e alfa-fetoproteína, grau de disfunção hepatocelular, tamanho e número de lesões. Entretanto, foi identificada uma probabilidade de recidiva tumoral maior no grupo de pacientes que apresentavam invasão microvascular no estudo histopatológico (p = 0,03). Conclusão: Apesar do pequeno número de pacientes estudados, observaram-se resultados pouco satisfatórios com o tratamento cirúrgico do carcinoma hepatocelular. A seleção adequada dos casos pode ser um fator importante para a melhoria desse resultado. PO-047 (207) TUMOR INFLAMATÓRIO MIOFIBROBLÁSTICO DO FÍGADO (PSEUDOTUMOR INFLAMATÓRIO): RELATO DE CASO CARVALHO EB, COUTO OFM, TOFANI MLM, RESENDE NP, MATA LAC, ANDRADE R B, CASTRO, LPF, COUTO CA, FERRARI TCA Ambulatório de Fígado – Instituto Alfa de Gastroenterologia. HC-UFMG, Belo Horizonte/MG Introdução: O tumor inflamatório miofibroblástico (TIM), antes denominado pseudotumor inflamatório, é uma lesão benigna que raramente acomete o fígado. Até o presente, existem cerca de 80 casos relatados na literatura mundial. É definido como um processo fibroinflamatório, de etiologia desconhecida, ocasionalmente relacionada à agressão prévia inflamatória ou infecciosa do parênquima hepático. Estudos recentes propõem uma associação com doenças auto-imunes do sistema pancreato-biliar, como a pancreatite auto-imune e a colangite esclerosante primária. Ainda é controverso se ele representa um processo reacional ou uma neoplasia verdadeira. Sua apresentação pode ser como uma massa única ou múltiplos nódulos medindo até 20cm. Na maioria dos casos, localiza-se na periferia do fígado, sendo o acompanhamento clínico a conduta adequada. Quando de localização peri-hilar, pode requerer drenagem biliar, ressecção ou mesmo transplante hepático em casos selecionados. A importância clínica reside na sua diferenciação de outras lesões hepáticas, principalmente as neoplasias malignas. Relato do caso: paciente do sexo feminino, 48 anos, com quadro clínico de dor abdominal em hipocôndrio direito e perda ponderal. A tomografia computadorizada do abdome demonstrou um nódulo hepático de 4,5 x 3,5cm, no segmento VII/VIII, sugerindo um hemangioma de aparência atípica. A função hepática e os marcadores tumorais (CEA, α-fetoproteína e CA 19.9) eram normais. A histologia da lesão demonstrou parênquima hepático substituído por infiltrado inflamatório misto disposto em meio de tecido conjuntivo. A imuno-histoquímica confirmou a natureza fibroinflamatória da lesão, com antígeno (anticorpo-clone) vimentina, actina e CD34 positivos. Diante do diagnóstico de TIM do fígado, optamos por tratamento conservador, realizado através de monitoração clínica e radiológica da paciente. Conclusão: O TIM é uma rara lesão benigna cujo diagnóstico diferencial com lesões hepáticas malignas pode ser difícil. A opção de tratamento clínico ou cirúrgico está relacionada ao tamanho e localização do tumor e à presença de complicações. S 27 PO-048 (244) METÁSTASE ÓSSEA DE HEPATOCARCINOMA BOENO ES, FERREIRA GER, SANTOS W, VIDAL BPM, MELO VAC, TADDEO EF, MOUTINHO RS, FREITAS IN, ALTIERI L Serviço de Gastroenterologia – Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo – São Paulo, SP Fundamentos: O Hepatocarcinoma (HCC) é o quinto tumor sólido mais comum em todo o mundo e a terceira maior causa de mortalidade por câncer. A incidência do HCC não é uniforme, variando de acordo com a prevalência das doenças hepáticas subjacentes numa determinada região. Está bem estabelecido que as infecções crônicas pelo vírus B e C e a doença hepática alcoólica estão relacionadas ao HCC. Com a utilização rotineira do screening para HCC tem sido possível realizar o diagnóstico precocemente. O principal local das metástases é o próprio fígado. Contudo, metástases extra-hepáticas têm sido mais observadas devido à melhora nos métodos diagnósticos e terapêuticos do HCC. Os locais mais acometidos são: pulmões, linfonodos, ossos e glândula adrenal. Objetivo: Relatar um caso de HCC diagnosticado pelo acometimento ósseo. Caso clínico: GCC, 55 anos procurou pronto-socorro com dor torácica importante há quatro dias. A dor irradiava para dorso, tinha característica de queimação, era de moderada intensidade e piorava com a mudança de decúbito. O paciente também relatava que há quatro meses havia notado o surgimento de nodulações nas regiões frontal, temporal, esternal e na clavícula. Antecedentes pessoais: nefrolitíase e portador de hepatite C; ex-tabagista 10 maços/ano. Ao exame físico, o paciente apresentava-se em bom estado geral, afebril, anictérico, eupnéico, com nodulações de cerca de 3cm de diâmetro sendo a maior na região frontal, de caráter indolor, de consistência fibroelástica, móvel. As auscultas cardíaca e respiratória estavam normais e abdômen sem visceromegalias. O raio X de tórax identificou lesões líticas na coluna vertebral e no esterno. A origem primária destas lesões foi investigada durante a internação. A tomografia de abdômen identificou áreas hipodensas mal definidas no segmento VI do fígado. Em relação aos marcadores tumorais, a alfa-fetoproteína foi 697mg/dl. Foi realizada biópsia da nodulação frontal que teve como resultado infiltração de adenocarcinoma. Conclusão: O HCC pode ser diagnosticado em pacientes sem sinais clínicos de descompensação da doença hepática. A presença de metástase óssea está relacionada à doença mais avançada, comprometendo o prognóstico e a sobrevida destes pacientes. PO-049 (253) ANÁLISE DA EVOLUÇÃO CLÍNICA DOS PACIENTES PORTADORES DE CARCINOMA HEPATOCELULAR ACIMA DE 5.0 CM DE DIÂMETRO SANTOS MF, RIBEIRO MA, GONÇALVES ALL, PASTANA JC, FORMIGA FB, SUPINO C, AQUINO CGG, FERREIRA FG, SZUTAN LA Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Introdução: Apenas cerca de 20% dos pacientes portadores de carcinoma Hepatocelular (CHC) tem possibilidade de tratamento com intenção curativa (hepatectomia ou transplante hepático). Seguem-se os critérios de Milão para que o paciente possa ser indicado para TX – 1 nódulo até 5.0cm ou 3 nódulos de até 3.0cm. Objetivo: Avaliar a evolução clínica, resultado do tratamento e sobrevida de pacientes portadores de CHC maiores que 5.0cm atendidos no grupo de fígado da Santa Casa de SP. Casuística e método: Estudo retrospectivo de 23 pacientes portadores de CHC maiores que 5.0cm de diâmetro atendidos no Ambulatório do Grupo de fígado da Santa Casa de SP de 1996 a 2006. Quatro pacientes do sexo feminino (18.2%) e 18 (81.8%) do sexo masculino. A média de idade foi 59 anos. Dez (43.4%) tinham diagnóstico concomitante de cirrose hepática. A presença de vírus C foi detectada em 5 casos, vírus B em 3 e alcoolismo em 13. A - feto proteína estava aumentada em 16 pacientes, sendo que em 7 estava > 1000 (30.43%). Resultados: Dez pacientes não tinham condição clínica para qualquer tipo de tratamento, apenas sendo medicados com sintomáticos, evoluindo a óbito em torno de 1 mês; 6 pacientes foram submetidos a hepatectomia, 8 pacientes realizaram quimioembolização variando de 1 a 4 sessões e 3 foram submetidos a alcoolização. A sobrevida dos pacientes submetidos a hepatectomia variou de 18 meses a 8 anos. Os que foram submetidos à quimioembolização de 8 a 18 meses. Conclusão: Nas condições do presente estudo pudemos averiguar que a minoria dos pacientes tem condição de ressecabilidade, porém quando esta é possível aumentou o tempo de sobrevida e a qualidade de vida. PO-050 (365) QUEDA DOS NÍVEIS SÉRICOS DO DNA DO VHB NÃO ACOMPANHADA DE REDUÇÃO SIMULTÂNEA DO AGHBE EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA B AGHBE (+) SOB TERAPÊUTICA ANTIVIRAL DA SILVA LC, DA NOVA ML, ONO-NITA SK, PINHO JRR, CARRILHO FJ Disciplina de Gastroenterologia Clínica - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Fundamentos: A determinação simultânea do DNA e do AgHBe séricos permitiunos verificar a existência de três padrões de comportamento, um dos quais caracterizado pela queda rápida e progressiva do DNA-VHB e sem redução concomitante do AgHBe (padrão III) (Da Silva et al, DDW 2005). Objetivo: Mostrar a importância desse padrão de comportamento na condução da terapêutica antiviral. Casuística e S 28 métodos: Foram avaliados 10 séries de tratamento de 8 pacientes com hepatite crônica B AgHBe (+) e submetidos a diferentes antivirais e que foram acompanhados com determinações de DNA-VHB por PCR quantitativo e do AgHBe pelo método MEIA AXSYM (Abbott). Consideramos como curvas discordantes a persistência do AgHBe após negativação do DNA-VHB por períodos superiores a 6 meses. Resultados: Durante esse período, nosso estudo mostrou: 1) Em seis de dez séries houve queda lenta porém progressiva, caracterizando o respondedor viral lento (padrão IIIA). Um desses pacientes mostrou negativação do AgHBe com soroconversão (e/ ae) somente após 26 meses de tratamento com Peg-IFN-alfa2b e lamivudina. 2) Quatro de dez séries mostraram persistência dos níveis do AgHBe apesar da indetectabilidade do DNA-VHB, caracterizando uma ausência de resposta sorológica (padrão IIIB). Esse padrão de resposta é seguido de reativação viral, havendo elevação ulterior dos níveis de DNA-VHB. Conclusões: 1) Os padrões observados mostram a necessidade de persistir com o tratamento quando se detecta o padrão IIIA ou modificá-lo quando se observa o padrão IIIB. 2) Os tipos de comportamento sorológico sugerem que não se deve estipular “a priori” o tempo de tratamento, seja com interferon, seja com derivados nucleosídeos. PO-051 (376) COLANGIOCARCINOMA CENTRAL (CC) COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DE DOENÇA DE CAROLI (DC) EM PACIENTE COM 72 ANOS DE IDADE OLIVEIRA E SILVA A¹, ALVES VAF², MELLO ES², WAHLE RC¹, CARDOZO VDS¹, ROCHA BS¹, NÉSPOLI PR¹, SOUZA EO¹, DAZZI FL¹, D’ALBUQUERQUE LAC¹ ¹Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP. ²Centro de I Fundamentos: Mais do que 80% dos pacientes com DC apresentam sintomas antes dos 30 anos de idade, com risco e desenvolvimento de colangiocarcinoma em 7% a 14% desses pacientes. A apresentação inicial já com colangiocarcinoma é rara e é o motivo desse nosso trabalho. Métodos: Relato de um caso de doença de Calori com apresentação atípica. Resultados: Paciente 72 anos, sexo masculino, hígido até 10 dias antes da primeira consulta, quando evoluiu com icterícia, prurido, febre, calafrios e anorexia. Submetido a colangiorressonância magnética, identificou-se dilatação de vias biliares intra-hepáticas, com lesão nodular sólida de 2,0cm no nível da junção de ductos hepáticos direito e esquerdo. Durante realização de laparotomia, comprovou-se fígado cirrótico colestático. Promoveu-se então hepatectomia esquerda e reconstrução do trânsito, valendo-se de anastomose biliodigestiva. O estudo anatomopatológico revelou um adenocarcinoma bem diferenciado de ductos biliares, com invasão do tecido adiposo hilar e de filetes neurais. Adicionalmente, observouse dilatação irregular da árvore biliar mais central do lobo, especialmente dos ductos segmentares, acompanhada por extensa mal formação da placa ductal, caracterizando DC. Múltiplos focos de displasia epitelial de alto e de baixo grau foram evidenciadas. Conclusões: Apesar da grande maioria dos pacientes com DC terem manifestação clínica nas primeiras três décadas de vida, alguns poucos permanecem assintomáticos até fases mais avançadas da vida (1), não devendo, portanto, esta doença ser desconsiderada no diagnóstico diferencial das doenças colestáticas do adulto. Em nosso caso, além do característico padrão de dilatação das vias biliares segmentares, foi identificada extensa mal formação da placa ductal, achado típico desta doença. A freqüência de colangiocarcinoma situa-se em torno de 7%, e alguma vez está associada à presença de displasia epitelial da árvore biliar, como no presente caso. PO-052 (394) HEMANGIENDOTELIOMATOSE HEPÁTICA E SÍNDROME DE BUDD CHIARI- RELATO DE CASO BASTO ST, SOUSA C, FERNANDES ES, RAMOS AL, LEMOS JR V, MARTINEZ R, COELHO HSM, RIBEIRO J Serviço de Hepatologia e Programa de Transplante Hepático – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro 32 anos, sexo feminino. Aparecimento de ascite há cerca de 2 anos após gestação de seu primeiro filho. No último ano evoluindo com emagrecimento progressivo, icterícia e necessidade de paracentese de alívio, sendo identificada ascite de aspecto quiloso. O exame físico evidenciava paciente caquética, ictérica, com estigmas de insuficiência hepática como teleangectasias, eritema palmar. Apresentava síndrome de derrame pleural em hemitórax direito, ascite de grande monta e circulação colateral abdominal visível. Exames laboratoriais mostravam evidência de hepatopatia avançada com bilirrubina total de 2,8; albumina 1,8 e TAP de 34%. A investigação para etiologia de doença hepática mostrou sorologias para hepatites virais negativas, assim com a avaliação de doença auto-imune, doença de wilson, deficiência de alfa 1 antitripsina. Foram realizados também testes para trombofilia, todos negativos. Ultra-sonografia abdominal com doppler de sistema porta não evidenciava fluxo nas veias suprahepáticas, descrevendo aspecto compatível com síndrome de Budd Chiari. Foi realizada também tomografia de abdome superior que descrevia fígado de volume normal com contornos regulares, com realce heterogêneo pelo meio de contraste no parênquima hepático. Veias hepáticas e ramos portais intra-hepáticos mal individualizados. Foi submetida a transplante hepático em nov/2006. Enxerto proveniente de “split”, lobo esquerdo. Apresentou colestase e ascite de difícil controle no pós operatório. Evidenciada trombose de artéria hepática aos 10 dias de pós operatório. Sendo submetida a GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 retransplante hepático. Evoluiu favoravelmente com boa função do enxerto, recebendo alta com 14 dias após o retransplante. Seguimento ambulatorial com melhora progressiva do estado geral, ganho ponderal de 8kgs. O explante dessa paciente mostrava fígado com neoplasia vascular difusa que se projetava para luz de vasos hepáticos e sinusóides. A pesquisa imunohistoquímica com o anticorpo anti fator VIII foi positiva nas células neoplásicas, configurando hemangioendotelioma epitelióide associado a alterações hepáticas crônicas compatíveis com obstrução vascular. Discussão: Trata-se de um caso raro, descrevendo neoplasia de linhagem vascular de malignidade moderada, cuja maior série de casos descrita na literatura apresenta 137 pacientes, aqui observada na sua forma de apresentação difusa. O hemangioendotelioma hepático pode se apresentar com disfunção hepática em cerca de 30% dos casos. Frequentemente o diagnóstico passa desapercebido até a realização de transplante hepático, que tem sido descrito como a terapêutica mais indicada nesses casos, com sobrevida de 85% em 1 ano. Existem apenas 2 trabalhos na literatura descrevendo essa patologia evoluindo com um quadro de síndrome de Budd Chiari, o que torna o caso acima descrito ainda mais singular. PO-053 (558) COLANGIOCARCINOMA INTRA-HEPÁTICO (CIH) DETECTADO APÓS LONGO PRAZO DE CLAREAMENTO DO VÍRUS DA HEPATITE C (VHC). A PROPÓSITO DE 2 CASOS OLIVEIRA E SILVA A DE¹, ALVES VAF², MELLO ES², WAHLE RC¹, CARDOZO VDS¹, ROCHA BS¹, NÉSPOLI PR¹, SOUZA EO¹, DAZZI FL¹, D’ALBUQUERQUE LAC¹ ¹Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP. ²Centro de I Fundamentos: No Brasil, a causa exata do CIH é desconhecida. Fatores de risco, no entanto, são hepatolitíase, colite ulcerativa, colangite esclerosante primária, cistos de colédoco, nitrosaminas (carcinógenos químicos). Recentemente atribui-se importância etiológica ao vírus da hepatite C, especialmente naqueles que foram submetidos a terapêutica com interferon, porém são raros os casos em que tal neoplasia maligna desenvolve-se anos após erradicação do agente viral, motivo de nossa abordagem nesse trabalho. Métodos: Relato de 2 casos de CIH detectado após longo prazo de clareamento do VHC. Resultados: Primeiro paciente masculino, 44 anos, com tumor de 7,6cm em lobo esquerdo, e paciente feminina, 61 anos, com tumor de 2,0cm em lobo esquerdo; ambos cirróticos no início do tratamento com interferon alfa padrão, monoterapia por 6 meses, genótipo 3A, com tempo de erradiação do VHC de 66 e 65 meses, respectivamente. Conclusões: A terapia com interferon, promovendo o clareamento do RNA-VHC, reduz a incidência do carcinoma hepatocelular no longo prazo. Propõe-se que isto se dá pela interrupção do acúmulo de aberrações genéticas determinadas pelo processo inflamatório crônico e pela interação da proteína do “core” VHC com as proteínas intracelulares e receptores intranucleares para TNF . No entanto, cada vez mais casos de colangiocarcinoma em pacientes com VHC, vários deles já tratados com interferon, têm sido reportados. A fisiopatogenia dessa interrelação com o desenvolvimento do CIH ainda permanece desconhecida, mas esse trabalho reforça a proposta de que tais pacientes, mesmo negativos para o RNA-VHC, sejam periodicamente avaliados, a cada 6-12 meses, na busca de identificar ainda em fase mais precoce essas lesões nodulares sólidas malignas. Uma série de 18 casos com CIH em pacientes portadores do VHC reportada recentemente revela melhor prognóstico destes casos do que nos que não têm VHC. PO-054 (559) IMUNO-HISTOQUÍMICA DO HEPATOCOLANGIOCARCINOMA (HCC). EXPERIÊNCIA INICIAL OLIVEIRA E SILVA A DE¹, ALVES VAF², MELLO ES², WAHLE RC¹, CARDOZO VDS¹, ROCHA BS¹, NÉSPOLI PR¹, SOUZA EO¹, DAZZI FL¹, D’ALBUQUERQUE LAC¹ ¹Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP. ²Centro de I Fundamentos: A biópsia hepática é o “padrão-ouro” para o diagnóstico de nódulos hepáticos com hipótese de malignidade, especialmente quando pequenos e no contexto de hepatopatias crônicas. O presente estudo visa demonstrar a contribuição do pelo estudo imuno-histoquímico em casos com aspecto histológico misto, com células similares a hepatócitos mescladas com outras reminiscentes de epitélio biliar, recentemente compreendidos como carcinomas hepáticos relacionados a células progenitoras bipotenciais. Métodos: Amostras de tecido hepático de 3 pacientes do sexo masculino, dois com 64 e um com 57 anos, sendo dois portadores de cirrose por esteatohepatite não alcoólica e outro induzido pelo vírus da hepatite C. As amostras fixadas em formol e incluídas em parafina foram submetidas a estudo histopatológico, complementado pela pesquisa imuno-histoquímica de citoqueratina 7, do antígeno carcino-embriônico (ac policlonal anti-CEA gold-5) e do antígeno HepPar-1 (marcador hepatocitário) nos 3 casos, sendo adicionalmente efetuadas pesquisas de citoqueratinas 8 e 18 em um caso, citoqueratinas 1,5,10, 11 e 14 em um caso e alfa-feto-proteína em 2 casos. Resultados: A reação para citoqueratina 7 e para citoqueratina 19 foram positivas em padrão fibrilar/difuso no citoplasma de células nas áreas colangiocelulares, enquanto a reatividade para CEAp ocorreu em ambas as áreas, notando-se padrão canalicular nas áreas hepatocelulares acinares e luminal nos elementos colangiocelulares, com citoqueratinas 8 e 18 marcando amGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 bas as áreas. Grânulos citoplasmáticos de Hep-Par-1 caracterizam diferenciação hepatocelular. A pesquisa de alfa-fetoproteína resultou negativa nos dois casos em que foi efetuada. Conclusões: A pesquisa imuno-histoquímica mostra-se complemento útil ao estudo histopatológico em casos de carcinomas hepáticos que apresentam elementos hepatocelulares mesclados a áreas de aspecto biliar. A positividade para CEAp delineando estruturas canaliculares e para Hep-Par-1 demonstra diferenciação hepatocelular, enquanto a expressão de citoqueratinas 7, 19 e daquelas marcadas pelo anticorpo 34BE12 identificam o componente colangiocelular. Desta forma, o painel mínimo que sugerimos para tal diagnóstico diferenciado inclui CEAp, HepPar-1 e citoqueratina 7. PO-055 (560) HEPATOCOLANGIOCARCINOMA (HCC), NEOPLASIA PRIMÁRIA DO FÍGADO (NPF) DE BAIXA PREVALÊNCIA. ASPECTOS CLÍNICOS OLIVEIRA E SILVA A DE¹, ALVES VAF², MELLO ES², WAHLE RC¹, CARDOZO VDS¹, ROCHA BS¹, NÉSPOLI PR¹, SOUZA EO¹, DAZZI FL¹, D’ALBUQUERQUE LAC¹ ¹Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP. ²Centro de I Fundamentos: Essa forma rara de NPF encerra ambos os componentes, do carcinoma hepatocelular e do colangiocarcinoma, em vários graus. Descrito inicialmente em 1949, não tem ainda história natural e terapêutica bem definida. Nesse trabalho nos preocupamos com nossa experiência nesse tipo de câncer. Métodos: Entre março de 2004 e janeiro de 2007, diagnosticamos 3 casos de HCC, todos do sexo masculino, com idades entre 57 e 64 e média de 62 anos, buscando identificar etiologia da cirrose, distribuição segmentar dos nódulos, comportamento de marcadores sorológicos e tratamento instituído. Resultados: O primeiro paciente de 64 anos apresentava 2 nódulos, o maior com 2,0cm no maior diâmetro em segmento VII e outro com 1,7cm em segmento IV, portador de cirrose por esteatohepatite não alcoólica, com nível de alfa-fetoproteína (AFP) normal, antígeno carcinoembrionário (CEA) de 37ng/ml tendo sido submetido a transplante hepático (TxF). O segundo paciente de 64 anos apresentava 2 nódulos, o maior com 4,3cm em segmento VII e outro com 1,6cm em segmento IV, portador de cirrose relacionado à hepatite crônica C, com AFP de 10,9ng/ml, CEA de 22ng/ml também submetido a TxF. O terceiro paciente de 57 anos, com nódulo único de 5,5cm em segmento IV, portador de coinfecção pelos vírus das hepatites B e C, com AFP de 19,3ng/ml, CEA de 32ng/ml, submetido a ressecção cirúrgica. Comentários: Cirrose hepática de diferentes etiologias estava presente em todos os 3 casos desta série, achado de acordo com as diversas séries da literatura e que possivelmente implica a cirrose na patogênese desta neoplasia. Na maior parte das vezes, os achados clínico-patológicos se assemelham mais aos do carcinoma hepatocelular (CHC) do que os do hepatocarcinoma. Em algumas séries, no entanto, o comportamento biológico desta neoplasia parece ser mais agressivo do que o do CHC, o que pode indicar a necessidade de abordagem terapêutica personalizada. PO-056 (566) CARCINOMA HEPATOCELULAR EM CIRRÓTICOS PORTADORES DE ESTEATO-HEPATITE NÃO ALCOÓLICA OLIVEIRA E SILVA A DE, CARDOZO VDS, ROCHA BS, WAHLE RC, NÉSPOLI PR, SOUZA EO, DAZZI FL, MANCERO JPM, LARREA FIS, PERÓN JR G, RIBEIRO JR MAF, COPSTEIN JLM, GONZALEZ AM, D’ALBUQUERQUE LAC Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Carcinoma hepatocelular (CHC) revela-se como uma complicação tardia da obesidade após cirrotização do fígado secundaria à esteato-hepatite não alcoólica (EHNA), sendo que a incidência de CHC em portadores de CHC ainda não está estabelecida na literatura mundial. Métodos: Relatar 5 casos de carcinoma hepatocelular em pacientes cirróticos portadores de esteato-hepatite não alcoólica. Resultados: No Centro Especializado em Terapia do Fígado (CETEFI), no período de dezembro de 1993 a junho de 2006, 30 pacientes cirróticos portadores de CHC foram transplantados. Desses, 2 foram secundários a EHNA, sendo todos do sexo masculino e obesos mórbidos, e outros 3 pacientes cirróticos com CHC por EHNA, encontravam-se fora dos critérios para transplante hepático, sendo submetido a tratamento paliativo. A idade dos pacientes estudados variou de 59 a 79 anos, apresentando IMC de 32 a 45Kg/m², sendo que todos apresentavam hipertensão arterial, diabetes mellitus e síndrome hepatorrenal. O padrão histológico mais comum foi o multinodular difuso presente em três casos, sendo os dois casos submetidos a transplante hepático intervivos evoluíram para óbito, um deles no intra-operatório por falência miocárdica na fase de reperfução e o outro por falência múltipla de órgãos no 15º pós-operatório. Conclusões: A morbimortalidade neste grupo de pacientes é muito alta. Atribui-se que tal evolução nefasta deva-se à exposição crônica dos hepatócitos a radicais livres de 02 e citocinas, todos promotores de expansão de células progenitoras com diminuição das ovais que associadas a mutações do DNA e instabilidade cromossomal. O risco cirúrgico em obesos mórbidos, associados à comorbidades graves, tais como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias, hipercoagulabilidade e glomerulopatias, é elevado. Independentemente desses aspectos aqueles com CHC devem ser conduzidos pelo transplante de fígado uma vez que não existam contra-indicações formais tais como invasão vascular ou metástases, por isso deverá ser indicado nos estágios iniciais da neoplasia. S 29 Fibrose Hepática PO-057 (570) CARCINOMA HEPATOCELULAR COM NÍVEIS NORMAIS DE ALFA-FETOPROTEÍNA MARCHIORI R, SOARES RCC, ALENCAR ALG, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, CHINDAMO MC, SEGADASSOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A dosagem periódica de alfa-fetoproteína (AFP) é recomendada para screening de carcinoma hepatocelular em pacientes com cirrose hepática. Embora níveis elevados de AFP estejam freqüentemente associados à doença avançada, a relação inversa, entre AFP normal e doença precoce, não é bem estabelecida. Este estudo teve como objetivo avaliar a freqüência e as características clínicas do carcinoma hepatocelular (CHC) com níveis normais de AFP na apresentação inicial. Casuística e metodologia: Foram estudados portadores de CHC, diagnosticado a partir de imagem sugestiva (nódulo com hipercaptação na fase arterial em CT ou RNM), que apresentavam níveis de AFP < 10UI/mL no momento do diagnóstico. Os pacientes foram avaliados quanto às características demográficas, etiologia da doença hepática, sinais e sintomas clínicos, grau de função hepática e estágio do CHC (número de nódulos hepáticos, tamanho dos nódulos (cm), presença de invasão vascular, metástases à distância e tamanho do tumor superior a 50% do tamanho do fígado). Resultados: A partir de uma amostra inicial de 201 pacientes com CHC, foram identificados 55 pacientes (30%) com AFP normal que foram incluídos neste estudo, sendo 45 (82%) do sexo masculino, com média de idade de 63 ± 11 anos (28-82). As principais etiologias foram: hepatite C em 50% e álcool em 20%. Cirrose estava presente em 78% dos pacientes e a distribuição do Child foi: A em 51%, B em 36% e C em 13%. Na apresentação inicial, as principais manifestações foram: ascite em 40%, encefalopatia em 32%, dor em hipocôndrio D em 30%, emagrecimento em 15%, febre em 11%, icterícia em 10% e HDA em 8%. Em relação ao estágio da doença, 28% dos pacientes apresentavam mais de 3 nódulos e 52% apresentavam lesão única, sendo o tamanho do nódulo > 3cm em 82% destes. Em 18% dos casos, o tumor ocupava mais de 50% do fígado. Invasão vascular foi observada em 13% dos pacientes e metástase à distância em 7%. Conclusão: Em portadores de CHC com AFP normal, foi freqüente o achado de doença avançada, sem possibilidade de tratamento curativo. Embora seja utilizada como teste de screening, a AFP normal não deve ser considerada um marcador de doença precoce. PO-058 (571) CARCINOMA HEPATOCELULAR (CHC) - ESTUDO COMPARATIVO DA APRESENTAÇÃO CLÍNICA INICIAL ENTRE DOIS PERÍODOS DE TEMPO PO-059 (124) – PRÊMIO TOMAZ FIGUEIREDO MENDES PO-060 (149) DERIVAÇÃO DE ESCORE NÃO INVASIVO PARA AVALIAR A FIBROSE EM HEPATOPATAS VÍRUS C POSITIVO MOLL AJ1, SILVA FA2, PITTELLA AM3, NUNNES VCSR1 1. Ultra-sonografia da Rede Labs D’Or, 2. Radiologia do Hospital Quinta D’Or – UNIGRANRIO, 3. Clínica Médica/ Hepatologia do Hospital Quinta D’Or – UNIGRANRIO Rede Labs D’Or – Rio de Janeiro Fundamentos: Estagiar a fibrose é importante em hepatopatas crônicos. A análise histopatológica em fragmento de biópsia hepática (BH) é ainda padrão-ouro. A BH é invasiva e passível de complicações. Trabalhos sobre métodos não invasivos vêm sendo desenvolvidos e validados para apreciar fibrose. Destacam-se o FibroTest (FT), método sorológico na avaliação do índice de fibrose e o eco color Doppler (ECD) para avaliar doença hepática difusa. Desenvolvemos o Escore ALICE (EA) baseado em sete parâmetros ao eco color Doppler. O objetivo do estudo é derivar o EA e correlacioná-lo ao FT, estabelecendo concordância entre ambos. Métodos: realizado estudo retrospectivo (11/2005 a 07/2007), totalizando 28 portadores de hepatopatia crônica VHC positivo (17 homens e 11 mulheres; média de idade 51,68 ± 12,59 anos). Os pacientes foram submetidos ao FT e ao EA (equipamento HDI 5000 (Philips®)), sem conhecimento dos resultados séricos do FT pelos autores. Tabela I. Escore ALICE 0 1 2 Avaliação do Volume Hepático Variáveis Normal Aumentado Reduzido Lobometria - Morfologia LE < LD LE = LD LE > LD Índices da Veia Porta Diâmetro VP Velocidade fluxo VP até 1,2cm > 16cm/s 1,21cm-1,4cm 12cm/s-16cm/s > 1,4cm < 12cm/s ou hepatofugal Lisa Homogêneo Irregular Finamente heterogêneo Nodular Heterogêneo e hiperecogênico Normal (< 10,9cm) 11-12cm > 12cm Características do parênquima Superfície Ecotextura e ecogenicidade SOARES RCC, MARCHIORI R, ALENCAR ALG, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, CHINDAMO MC, SEGADASSOARES JA, COELHO HSM Esplenometria Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Total Fundamentos: O diagnóstico do CHC em fase inicial é fundamental para aumentar a chance de tratamento curativo. Mas, apesar do screening recomendado para sua detecção, ainda não há evidência de que o diagnóstico de CHC em nosso meio esteja sendo realizado em fase mais precoce. Este estudo teve como objetivo avaliar a apresentação clínica do CHC no momento do diagnóstico em dois períodos distintos: 1997 -2001 vs. 2002-2007. Metodologia: Foram estudados pacientes com diagnóstico de CHC realizado entre 1997 e 2007, estabelecido a partir de imagem sugestiva (nódulo com hipercaptação na fase arterial em CT ou RNM) e/ou elevação de alfa-fetoproteína (AFP) em fígado cirrótico ou por diagnóstico histológico. Os pacientes foram classificados em dois grupos segundo o ano do diagnóstico: 19972001 (G1) e 2002-2007 (G2) e comparados quanto às características demográficas, etiologia da doença hepática, sinais e sintomas clínicos, função hepática e estágio do CHC no momento do diagnóstico. Resultados: Foram incluídos 200 pacientes com CHC, 75% homens, com idade de 62 ± 12 anos (28-89). Em 79 (40%) o diagnóstico foi estabelecido até 2001 (G1) e em 121 (60%) a partir desta data (G2). As principais etiologias da doença hepática foram: hepatite C (60%), álcool (12%), hepatite B (11%) e NASH (8%). Cirrose estava presente em 86% dos pacientes (48% Child A, 36% Child B e 16% Child C). Na análise comparativa, os grupos eram semelhantes quanto à etiologia da doença hepática (p = 0,28), score Child (p = 0,70), presença de febre (p = 0,58), emagrecimento (p = 0,61), massa palpável (p = 0,74), encefalopatia (p = 0,36), ascite (p = 0,27), icterícia (p = 0,64) e níveis de AFP (p = 0,89). Com relação ao estágio do CHC, não houve diferença quanto à presença de mais de um nódulo tumoral (47% vs. 49%; p = 0,79), invasão vascular (17% vs. 22%; p = 0,38), tumor maior que 50% do fígado (40% vs. 32%; p = 0,29) e metástase à distância (8% vs. 10%; p = 0,69). Conclusão: Neste estudo, não se observou mudança, ao longo da última década, na apresentação clínica inicial do CHC quanto à extensão do tumor e grau de disfunção hepática. Estes dados indicam a necessidade de criteriosa reavaliação das práticas de screening rotineiramente utilizadas, visando a obtenção de um diagnóstico mais precoce. S 30 Escore 14 Para verificar o grau de concordância entre o FT e o EA aplicamos o coeficiente de correlação não paramétrico de Kendall’s tau-b (r = 0,55** (p = 0,000) significativo ao nível de 1%). Resultados: os valores do FT são divididos em muito baixo: 0,00 – 0,30 e alto: > 0,60. Os índices variaram entre 0,08 e 0,89 e a pontuação do EA entre 0 e 7; 0 (53,6%); 1 (17,9%); 2 (7,1%); 3 (7,1%); 4 (3,6%); 5 (3,6%); 6 (3,6%); 7 (3,6%). O FT é ainda de alto custo, porém menor que o da BH, além de não invasivo. O ECD é relativamente barato, acessível e não invasivo. O EA é de fácil realização e reprodutibilidade, além de executado em curto período de tempo. Acreditamos que a combinação dos dois métodos traga melhora na acurácia diagnóstica da fibrose reduzindo a necessidade de BH. Conclusão: Houve concordância entre o FT e a derivação do EA. A amostra estudada foi piloto para avaliar o comportamento das duas variáveis. Sugerimos a sua validação com o aumento do número amostral. PO-061 (154) CONTAGEM DE PLAQUETAS TEM ALTO VALOR PREDITIVO PARA IDENTIFICAR GRAUS MAIS AVANÇADOS DE FIBROSE HEPÁTICA EM PORTADORES DE INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C COCHRANE MS, DOMINICI AJ, CARVALHO CSF, DINIZ NETO JA, BISIO APM, SILVA EA, SOUSA MT, ARRAES SEGUNDA ZF, CAVALCANTI MC, FERREIRA ASP Núcleo de Estudos do Fígado – HU-UFMA – São Luis-MA Fundamentos: Este estudo teve o objetivo de identificar a associação entre a relação AST/ALT, níveis GGT e contagem de plaquetas com os graus de alteração da arquitetura do fígado (grau de fibrose) e calcular o valor preditivo destes testes para identificar graus mais avançados de fibrose. Métodos: Foram revisados todos os prontuários de portadores da infecção crônica pelo HCV atendidos entre 2003 e 2005, com os seguintes critérios de inclusão: maiores de 18 anos, anti-HCV e HCVRNA positivos, biópsia hepática disponível para revisão, registros no prontuário dos valores de AST, ALT, GGT e contagem de plaquetas do período da biópsia. A classificação histopatológica do fígado obedeceu àquela adotada pelas Sociedades Brasileiras de Patologia e Hepatologia (SBP/SBH). Os valores de ALT, AST E GGT foram apresentados como um índice de relação entre valores encontrados e valores superiores da normalidade – LSN. Foram calculadas as correlações de Spearman entre GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 graus de estadiamento (0 a 4) e valores da relação AST/ALT, índice da GGT e contagem de plaquetas. Naqueles em que houve correlação, foram determinados pontos de corte por uma curva ROC para identificar valores preditivos para o diagnóstico de graus mais avançados de fibrose (3 e 4). Resultados: Foram avaliados 52 pacientes. A média da idade foi de 51 ± 9. Havia 60% de homens. Dezenove pacientes (36,5%) apresentavam graus mais avançados de fibrose (3-4). Não houve correlação entre AST/ALT e índice de GGT com graus mais avançados de fibrose. Encontrou-se forte correlação negativa entre contagem de plaquetas e graus de fibrose (-0,60 p < 0,0001). O valor de 130.000 plaquetas foi definido por uma curva ROC como sendo o de melhor sensibilidade e especificidade, com valor preditivo positivo de 100% para identificar graus mais avançados de fibrose (3-4). Conclusão: contagem de plaquetas mostrou-se um teste com alta especificidade para o diagnóstico de graus mais avançados de fibrose em portadores crônicos do HCV, podendo dispensar a biópsia hepática nestes casos. PO-062 (287) FATORES PREDITIVOS DE FIBROSE HEPÁTICA SIGNIFICATIVA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA CARVALHO FILHO RJ, SCHIAVON LL, NARCISO-SCHIAVON JL, EMORI CT, MELO IC, BARBOSA DV, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina Fundamentos: Estudos clássicos identificaram o gênero masculino, a idade à época da infecção e o abuso etílico foram identificados como fatores associados à rápida progressão da fibrose hepática em portadores crônicos do HCV. Entretanto, tais estudos não avaliaram outros parâmetros de potencial influência sobre a evolução da hepatite C crônica. Este estudo objetivou identificar fatores preditivos de fibrose significativa em portadores de infecção crônica pelo HCV. Métodos: Estudo transversal que incluiu pacientes com HCV-RNA (+) submetidos à biópsia hepática avaliada conforme critérios da SBP/SBH. Análises uni e multivariada foram usadas para identificar os fatores associados à presença de fibrose significativa (estadiamento > = 2). Resultados: Foram incluídos 549 pacientes, 54% homens. A média de idade foi 46,7 ± 13,3 anos. Fibrose significativa foi identificada em 274 pacientes (50%). Comparados àqueles com fibrose ausente ou leve, indivíduos com fibrose significativa mostraram-se mais velhos (51,2 ± 12,0 vs. 42,3 ± 13,1 anos, P < 0,001). Além disso, entre os pacientes com fibrose significativa, foi observada uma maior proporção de obesos (25% vs. 14%, P = 0,017), diabéticos (16% vs. 7%, P = 0,001), hipertensos (34% vs. 18%, P = 0,001), etilistas (23% vs. 15%, P = 0,029) e anti-HBc (+) (29% vs. 18%, P = 0,010). Não foi observada influência do gênero, do genótipo do HCV ou do modo de contaminação pelo HCV sobre o estadiamento. À análise multivariada, idade (OR 1,094, IC95% 1,022–1,171, P = 0,010), obesidade (OR 6,117, IC95% 1,037–36,080, P = 0,045) e anti-HBc (+) (OR 8,647, IC95% 1,717– 43,806, P = 0,009) permaneceram como fatores independentemente associados à presença de fibrose significativa. Conclusões: Contato prévio com o HBV e a presença de condições associadas à síndrome metabólica são preditivos de fibrose significativa em portadores crônicos do HCV. A ampla cobertura vacinal contra o HBV e o controle metabólico adequado podem impactar positivamente a evolução da hepatopatia associada à infecção crônica pelo HCV. PO-063 (293) APRI: UM SIMPLES E VALIDADO PREDITOR DE FIBROSE HEPÁTICA NA HEPATITE C NUNES FILHO AC, AZEVEDO TC, CABRAL MA, MARQUES RR, COELHO DL, GODOY MC, LOPES EP, BARROS FM, FILGUEIRA NA Serviços de Clínica Médica e Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFPE – Recife/PE Objetivo: Avaliar o escore Aspartato Aminotrasferase (AST)/Plaquetas (PLT) (APRI) como preditor de presença ou ausência de fibrose hepática significativa em pacientes portadores do vírus da hepatite C (HCV). Fundamentos: A decisão de tratar o HCV é baseada geralmente na presença ou ausência de fibrose significativa na biópsia hepática. No entanto, a biópsia hepática é invasiva, acarreta riscos ao paciente e é de difícil acesso em alguns serviços. Portanto, um marcador de fibrose não invasivo, simples e que utilizasse exames laboratoriais rotineiros seria de grande utilidade. O escore de APRI é um índice simples, validado e que apresenta boa acurácia. Métodos: Analisamos retrospectivamente os prontuários de 216 pacientes portadores de HCV, confirmados por HCV-RNA, virgens de tratamento, que apresentavam dados demográficos, aminotransferases, plaquetas e biópsia hepática. O estadiamento da fibrose foi realizado utilizando a classificação de METAVIR. Ausência de fibrose ou fibrose leve foi considerada F0 e F1 e fibrose significativa F2, F3 e F4. O escore de APRI é calculado através da seguinte formula: (AST/LSN) x 100/PLT(103/mm3), onde LSN é limite superior da normalidade. Como ponto de corte utilizamos APRI > 1,50 como preditor de fibrose hepática significativa e APRI ≤ 0,50 como preditor de ausência de fibrose significativa (de acordo com Wai et al). Resultados: Dos 216 pacientes, 93(56,95%) apresentavam fibrose significativa e 18 (8,33%), cirrose. Do total, 59 pacientes apresentaram APRI > 1,5; 48, APRI ≤ 0,5 e 106, APRI entre esses valores (zona intermediária). Dentre os 59 pacientes com APRI > 1,50, 55 (93,2%) seriam corretamente classificados como portadores de fibrose hepática significativa. Já entre os pacientes com APRI ≤ 0,5, 31 de 48 (65%) seriam corretamente diagnosGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 ticados como ausência de fibrose ou fibrose leve. Utilizando esses valores como ponto de corte, identificaríamos corretamente a presença ou ausência de fibrose significativa em 40% dos pacientes. Conclusão: Na prática clínica, o Escore de APRI > 1,50 pode reduzir a necessidade de biópsia hepática num percentual significativo de pacientes com HCV, pois apresenta um valor preditivo positivo de 93,3%, compatível com os dados disponíveis na literatura que oscilam em torno de 90%. PO-064 (294) COMPARAÇÃO DE MARCADORES NÃO-INVASIVOS DE FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES PORTADORES DO VÍRUS C NUNES FILHO AC, AZEVEDO TC, CABRAL MA, LOPES DL, MARQUES R, MELO MC, BARROS FM, LOPES EP, FILGUEIRA NA Serviços de Clínica Médica e Gastroenterologia do HC/UFPE, Recife Objetivo: Comparar a acurácia diagnóstica de dois escores simples e não-invasivos de fibrose hepática: Aspartato Aminotrasferase (AST)/Plaquetas (PLT) (APRI) e AST/ALT (AAR) como preditores de presença ou ausência de fibrose significativa na biópsia hepática dos pacientes portadores do vírus da hepatite C (HCV). Fundamentos: Informação sobre o estadiamento da fibrose hepática é essencial para o manejo de pacientes portadores de hepatite crônica pelo HCV. O padrão ouro para o diagnóstico de fibrose é a biópsia hepática, que apresenta algumas limitações: erros de amostragem; variações inter e intra-observador e complicações inerentes ao procedimento. Portanto, a utilização de métodos não-invasivos que avaliassem o grau de fibrose de forma simples e acurada seria de grande valia na prática clínica. Métodos: Analisamos retrospectivamente os prontuários de 216 pacientes portadores de HCV, confirmados por HCV-RNA. O estadiamento da fibrose foi realizado utilizando a classificação de METAVIR. Ausência de fibrose ou fibrose leve foi considerada F0 e F1 e fibrose significativa F2, F3 e F4. O escore de APRI é calculado através da seguinte formula: (AST/LSN) x 100/PLT(103/mm3), onde LSN é limite superior da normalidade e o índice AAR é a simples divisão AST/ ALT. Como pontos de corte utilizamos APRI > 1,50 e AST/ALT > 0,66 como preditores de fibrose hepática significativa e APRI ≤ 0,50 e AST/ALT ≤ 0,66 como preditores de ausência de fibrose significativa. Resultados: Dos 216 pacientes, 93(43,05%) apresentavam fibrose leve ou ausência de fibrose, enquanto 123 (56,95%) apresentavam fibrose significativa. Do total, 59 pacientes apresentaram APRI > 1,50 e 146 AAR > 0,66; 48 APRI ≤ 0,5 e 70 AAR ≤ 0,66. Seriam corretamente diagnosticados como portadores de fibrose hepática significativa 55 dos 59 pacientes (93,2%) com APRI > 1,50 e 97 dos 146 (66,4%) com AAR > 0,66. Quanto à estimativa de ausência de fibrose significativa, 31 dos 48 (64,6%) com APRI ≤ 0,5 e 44 dos 70 (62,9%) com AAR ≤ 0,66 seriam corretamente diagnosticados. Conclusão: O escore de APRI apresenta melhor acurácia diagnóstica quando comparado ao AAR, principalmente em relação ao valor preditivo positivo. PO-065 (295) MÉTODO PRÁTICO PARA IDENTIFICAR DE FORMA NÃO-INVASIVA FIBROSE SIGNIFICATIVA NOS PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS C NUNES FILHO AC, AZEVEDO TC, CABRAL MA, LOPES DL, MARQUES RR, CASTRO MS, BARROS FM, LOPES EP, FILGUEIRA NA Serviços de Clínica Médica e Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFPE, Recife – PE Objetivo: Avaliar a performance da associação dos escores Aspartato Aminotrasferase (AST)/Plaquetas (PLT) (APRI) e AST/ALT (AAR) como preditor de presença ou ausência de fibrose significativa nos pacientes portadores do vírus da Hepatite C (HCV). Fundamentos: O padrão ouro para o diagnóstico de fibrose é a biópsia hepática, no entanto, esta apresenta algumas limitações: risco de complicações; erros de amostragem e variações inter e intra-observador. Portanto, marcadores de fibrose não invasivos, simples e que utilizassem exames de baixo custo seriam de grande utilidade. Uma revisão sistemática recente sugeriu que o uso combinado dos índices melhoraria a acurácia da análise, quando comparados com cada um isoladamente. Métodos: Analisamos retrospectivamente os prontuários de 216 pacientes portadores de HCV, confirmados por HCV-RNA. O estadiamento da fibrose foi realizado utilizando a classificação de METAVIR. Ausência de fibrose ou fibrose leve foi considerada F0 e F1 e fibrose significativa F2, F3 e F4. O escore de APRI é calculado através da seguinte formula: (AST/LSN) x 100/PLT(103/mm3), onde LSN é limite superior da normalidade e o índice AAR é a simples divisão AST/ALT. Como ponto de corte utilizamos APRI > 1,50 e AST/ALT > 0,66 como preditores de fibrose hepática significativa e APRI ≤ 0,50 e AST/ALT ≤ 0,66 como preditores de ausência de fibrose significativa. Resultados: Dos 216 pacientes, 123 (56,95%) pacientes apresentavam fibrose significativa e, destes, 18 (8,33%) apresentavam cirrose. Do total, 47 pacientes apresentaram APRI > 1,50 e AST/ALT > 0,66; 20, APRI ≤ 0,5 e AST/ALT ≤ 0,66. Dentre os 47 pacientes com APRI > 1,50 e AAR > 0,66, 45 (95,74%) seriam corretamente classificados como portadores de fibrose hepática significativa. Já entre os 20 pacientes com APRI ≤ 0,5 e AST/ALT ≤ 0,66, 15 (75%) seriam corretamente diagnosticados como ausência de fibrose ou fibrose leve. Conclusão: A utilização em conjunto do escore de APRI e relação AST/ALT pode ser de grande valia na prática para diminuir o número de biópsias hepáticas, pois apresenta valor preditivo positivo de 95,74%. S 31 PO-066 (301) MARCADOR NÃO-INVASIVO DE FIBROSE (APRI) EM PACIENTES HEMOFÍLICOS COM INFECÇÃO PELO HCV EMORI CT, VAEZ R, SANDRA VA, FERNANDO L, MELO IC, UEHARA SNO, WAHLE RC PEREIRA PSF, PEREZ RM, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Entre os marcadores não-invasivos de fibrose hepática em portadores de hepatite C, o índice APRI (AST to Platelet Ratio Index) tem demonstrado boa acurácia. Tendo em vista o alto risco de realização de biópsia hepática em hemofílicos, o APRI poderia representar um parâmetro não-invasivo para auxiliar na seleção de pacientes com indicação de tratamento. O objetivo deste estudo foi avaliar a distribuição do APRI em hemofílicos, aplicando limites previamente descritos na literatura (Hepatology 2003; 38:518-536). Métodos: Foram incluídos pacientes hemofílicos com anti-HCV positivo, que estão em acompanhamento no ambulatório de hemofilia. Foram realizadas dosagens de ALT e AST por método cinético automatizado e os resultados foram expressos sob a forma de um índice, determinado pelo quociente entre os valores obtidos e o limite superior da normalidade (LSN) para o sexo. A contagem de plaquetas foi realizada por método automatizado. Para pesquisa do anticorpo anti-HCV, foi utilizado teste imunoenzimático (ELISA de 3ª geração). O APRI foi calculado pela fórmula: [AST (xLSN)/contagem de plaquetas] x 100.000. Para estimativa do grau de fibrose, os seguintes valores de APRI foram considerados: APRI ≤ 0,5 = sem fibrose significativa e APRI > 1,5 = com fibrose significativa. Para estimativa da presença de cirrose hepática, foram considerados: APRI ≤ 1 = ausência de cirrose e APRI > 2 = cirrose. Resultados: Foram avaliados 66 pacientes com média de idade de 36 ± 13 anos. Quanto ao tipo de hemofilia, 88% dos pacientes apresentavam hemofilia A e 12% hemofilia B. Com relação à gravidade, 16% tinham hemofilia leve, 26% moderada e 58% grave. Apresentavam ALT elevada 30 (46%) pacientes e AST elevada 24 (36%). A mediana do APRI foi de 0,46 (0,5 - 6,01). Com relação à estimativa de fibrose, observou-se APRI ≤ 0,5 em 36 (55%) e APRI > 1,5 em 4 (6%). Quanto à cirrose, 51 (77%) pacientes apresentavam APRI ≤ 1 e 3 (5%) APRI > 2. Conclusões: A maioria dos hemofílicos avaliados apresenta valores de APRI sugestivos de fibrose pouco avançada, considerando-se valores previamente estabelecidos na literatura. Apesar dos valores APRI acima de 1,5 terem sido pouco freqüentes entre os hemofílicos estudados, quando presentes reforçam a indicação de tratamento nesses pacientes. PO-067 (419) AVALIAÇÃO DO ESCORE FIB-4 NO DIAGNÓSTICO DE FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS C LIMA JMC, FERNANDES SG, HYPPOLITO EB, VALENÇA JR JT, PEREIRA KB, PIERRE AM, NÓBREGA ACM, PINHEIRO SR, FROTA CC, LIMA JWO Serviço de Gastro-hepatologia do HUWC da Universidade Federal do Ceará, e Hospital São José (SESA) Fortaleza Ceará Introdução: A biópsia hepática (BH) ainda é o método padrão na avaliação do grau de fibrose na hepatite C crônica (HCC), entretanto, é um método invasivo, não é bem aceita por boa parte dos pacientes, necessita de um bom fragmento para análise, e embora seguro, raramente complicações sérias e até fatais podem ocorrer. Nos últimos anos vários escores utilizando parâmetros laboratoriais, não invasivos, têm surgido tentando selecionar pacientes com graus mais avançado de fibrose. Objetivo: Avaliar a acurácia do escore FIB-4 em detectar graus mais avançados de fibrose (F3-F4) em pacientes HCC. Casuística e método: 150 pacientes HCC que submeteram a BH entre 2000 a 2006 foram incluídos. Todos apresentavam ELISA e PCR qualitativo HCV RNA positivo, realizaram hemograma, AST, ALT, TP, INR, GGT, Proteínas totais e frações. Utilizou-se a classificação METAVIR (F0-F4). O escore FIB-4 de cada paciente foi calculado utilizando a fórmula: idade (anos) x AST (U/L)/contagem de plaquetas (109/L) x raiz quadrada da ALT (U/L). Calculou-se a sensibilidade (SEN), especificidade (ESP), valores preditivo positivo (VPP) e negativo (VPN) utilizando-se cut-offs previamente descrito no trabalho original. A curva ROC foi calculada utilizando programa STATA 9.2. Na análise das variáveis dicotômicas foi utilizado o teste do χ2. Resultados: 150 pacientes HCC, 67% eram do sexo masculino, a média de idade foi de 47,1 ± 10,2. Quanto ao grau de fibrose F0 em 47 casos (31,3%), F1 em 29 casos (19,3%), F2 em 33 casos (22%), F3 em 14 casos (9,3%) e F4 em 27 casos (18%). Para discriminar fibrose avançada à área sob a curva ROC encontrada foi de 0,7919 ± 0,0411 e intervalo de confiança [0,7113 a 0,8724; 95%]. Quando se utilizou FIB-4 < 1,45 o VPN para excluir fibrose avançada foi de 92,4% dos casos, por outro lado, quando FIB-4 > 3,25 o VPP de fibrose avançada (F3-F4) foi de 62% dos casos. Conclusão: o escore FIB-4 apresenta uma boa acurácia em diferenciar pacientes com pouca fibrose (F0-F1-F2) podendo ser utilizado na prática clínica no algoritmo de priorização da BH, entretanto não substitui o valor da biópsia hepática. S 32 PO-068 (531) FATORES QUE INFLUENCIAM O DESEMPENHO DO ÍNDICE AST/PLAQUETAS (APRI) COMO MARCADOR DE FIBROSE SIGNIFICATIVA EM PORTADORES CRÔNICOS DO HCV SCHIAVON LL, NARCISO-SHIAVON JL, CARVALHO FILHO RJ, EMORI CT, MELO IC, BARBOSA DV, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, SP Fundamentos: O caráter invasivo da biópsia hepática (BxH) e suas potenciais variabilidades de amostra e interpretação têm suscitado o desenvolvimento de marcadores não-invasivos de fibrose hepática. É possível que o desempenho diagnóstico destes marcadores seja influenciado por características específicas de subgrupos de portadores do HCV. O objetivo deste estudo foi identificar fatores de interferência na acurácia do APRI. Métodos: Estudo transversal que incluiu pacientes com HCV-RNA(+) e que foram submetidos à BxH avaliada segundo critérios da SBP/SBH. O índice APRI foi aplicado como modelo preditivo de fibrose significativa (E > = 2), sendo assim calculado: (AST[xLSN]/Plaquetas[100.000/mm3]) x 100. Os pacientes com diagnóstico correto foram comparados com aqueles diagnosticados incorretamente pelo APRI quanto a variáveis clínicas e virológicas. Resultados: Foram incluídos 520 pacientes com média de idade de 47+/-13 anos, sendo 54% homens. Dentre estes, 266 pacientes (51%) foram classificáveis pelo APRI, utilizando-se pontos de corte clássicos (< = 0,5 e > 1,5). E > = 2 foi identificada em 274 pacientes (53%). Foram diagnosticados erroneamente 46 indivíduos (17%). Na análise univariada, o gênero masculino foi a única variável significativamente associada à predição incorreta pelo APRI (61% vs. 44%, P = 0,033). Entre os homens, 28/124 foram diagnosticados incorretamente (23%), o que ocorreu em apenas 18/142 mulheres (13%). As áreas sob as curvas ROC do APRI foram: Geral: 0,802; Homens: 0,760; e Mulheres: 0,840. Para o ponto de corte inferior (< = 0,5), a sensibilidade, o valor preditivo negativo e a acurácia foram, respectivamente: Geral: 89%, 78% e 64%; Homens: 86%, 72% e 59%; e Mulheres: 92%, 84% e 70%. Para o ponto de corte superior (> 1,5), a especificidade, o valor preditivo positivo e a acurácia foram, respectivamente: Geral: 93%, 88% e 69%; Homens: 94%, 84% e 66%; e Mulheres: 93%, 90% e 73%. Conclusões: O índice APRI apresentou boa performance em predizer fibrose hepática significativa em pacientes com hepatite C crônica. Entretanto, deve-se considerar que seu desempenho em pacientes do gênero masculino é consideravelmente inferior ao observado em mulheres, possivelmente devido a outros fatores associados à elevação da AST em homens. PO-069 (533) VALIDAÇÃO E COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO DOS ÍNDICES APRI E FIB-4 COMO MARCADORES DE FIBROSE HEPÁTICA SIGNIFICATIVA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA CARVALHO FILHO RJ, SCHIAVON LL, NARCISO-SHIAVON JL, EMORI C.T, MELO IC, BARBOSA DV, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, SP Fundamentos: Apesar de ser procedimento padrão na avaliação das hepatopatias crônicas, a biópsia hepática é um método invasivo e sujeito a variabilidades amostral, intra- e inter-observador. Assim, marcadores indiretos de fibrose hepática têm sido propostos, com disponibilidades e acurácias variáveis. Nosso objetivo foi validar e comparar o desempenho de dois modelos propostos como preditivos de fibrose hepática significativa em portadores de hepatite C crônica. Métodos: Estudo transversal que incluiu pacientes com HCV-RNA (+) submetidos à biópsia hepática avaliada conforme critérios da SBP/SBH. Fibrose hepática significativa foi definida pela presença de estadiamento > = 2. Os modelos analisados foram: APRI = (AST[xLSN]/ Plaquetas[100.000/mm3]) x 100; FIB-4 (adaptado para uso de AST e ALT em xLSN) = (idade[anos] x AST[xLSN]) x 10/((Plaquetas[100.000/mm3]) x (raiz quadrada da ALT [xLSN]). Curvas ROC avaliaram e compararam a performance diagnóstica dos modelos em predizer fibrose significativa à biópsia. Resultados: Foram incluídos 520 pacientes, 54% homens. A média de idade foi 46,7+/-13,3 anos. Fibrose significativa foi identificada em 274 pacientes (53%). As áreas sob as curvas ROC foram: APRI = 0,802+/-0,019 e FIB-4 = 0,813+/-0,019 (P = 0,449). Dentre os indivíduos incluídos, 266 (51%) foram classificáveis pelo APRI e 371 (71%) pelo FIB-4. Foram diagnosticados erroneamente 46 indivíduos (17%) pelo APRI e 81 (22%) pelo FIB-4. As áreas sob as curvas ROC foram: APRI = 0,802 e FIB-4 = 0,813. Para o ponto de corte inferior, a sensibilidade, a especificidade, o VPP, o VPN e a acurácia foram, respectivamente: APRI < = 0,5: 89%, 39%, 60%, 78% e 64%; FIB-4 < 2,6: 75%, 72%, 73%, 73% e 73%. Para o ponto de corte superior, a sensibilidade, a especificidade, o VPP, o VPN e a acurácia foram, respectivamente: APRI > 1,5: 45%, 93%, 88%, 63% e 69%; FIB-4 > = 5,0: 44%, 94%, 87%, 62% e 68%. Restringindo-se a indicação de biópsia hepática aos indivíduos com valores intermediários de cada modelo, esta poderia ser corretamente evitada em 42% com o APRI e 56% com o FIB-4. Conclusões: Índices de fácil aplicação, criados a partir de variáveis simples como idade, ALT, AST e número de plaquetas, podem sugerir a presença de fibrose hepática significativa na hepatite C crônica. Os desempenhos preditivos do APRI e do FIB-4 são semelhantes. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Hepatite B PO-070 (54) INFECÇÃO PELOS VÍRUS DAS HEPATITES B, C E D EM GESTANTES E SUSPEITOS DE SEREM PORTADORES DE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS NO MUNICÍPIO DE JURUTI, OESTE DO ESTADO DO PARÁ sexual, 2 indeterminados, sendo que uma na gestação. Os 2 (dois) casos de 2001 foram diagnosticados na fase aguda e evoluíram para portadores crônicos negativando o HBeAg. Nos demais casos foram achados de exame HBsAg +, antiHBsAg – , antígeno “e” negativo e enzimas hepáticas normais, outras sorologias negativas. Na evolução só um dos casos (2001) evoluiu com “flair”, cuja biópsia demonstrou fígado reacional, os demais mantém o mesmo padrão. Hoje temos um novo arsenal de medicamentos para diminuir a carga viral dos portadores HBV quando em atividade replicativa, sendo a carga viral extremamente importante, num futuro próximo os genótipos também orientarão para o prognóstico. NUNES HM, SOARES MCP, SOUZA OSC, FAVACHO JFR, MONTE FILHO GB, OLIVEIRA AMSC Instituto Evandro Chagas Fundamentos: Dentre as hepatites virais, o vírus da hepatite B (HBV) é considerado como agente de doença de transmissão sexual e perinatal claramente definido e é controversa a importância da transmissão do vírus da hepatite C (HCV) pela via sexual. Esta pesquisa objetivou avaliar a freqüência das infecções pelos vírus das hepatites B, C e D em gestantes e em indivíduos suspeitos de serem portadores de doenças sexualmente transmissíveis (DST), e orientar medidas de controle para subsidiar um plano de ações junto à Secretaria de Saúde de Juruti-PA considerando o crescimento populacional e as atividades introduzidas pela exploração de importante reserva de bauxita no município. Método: Entre novembro e dezembro de 2006, foram coletadas amostras de soro dos participantes da pesquisa para análise dos marcadores sorológicos das hepatites B, C e D por técnicas imunoenzimáticas. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Evandro Chagas (CAAE 0013.0.072.000-6). Resultados: No inquérito foram incluídos 345 indivíduos com idades variando entre 10 meses e 90 anos, sendo que 66,1% eram mulheres. A análise das amostras mostrou prevalência global de 0,3% para o HBsAg+; de 10,4% para o anti-HBc total+/anti-HBs+ e 27,5% para o anti-HBs+ isolado. Na única amostra HBsAg+, foram testados o HBeAg e o anti-HBe com resultados negativo e positivo respectivamente e o anti-HD total com sorologia negativa para o vírus da hepatite D. Não foram detectadas pessoas infectadas pelo HCV. Conclusões: Caracterizamos, em base laboratorial: a) presença de portador crônico do vírus da hepatite B; b) detecção de um grande número de susceptíveis para o HBV e c) ausência de portadores do vírus das hepatites C e D. É recomendada a implantação de medidas de vigilância epidemiológica efetivas nesta região, atualmente submetida a grande fluxo migratório, para eventualmente detectar de forma precoce o surgimento de infecção pelo HCV e pelo HDV. Apoio: Alcoa/Omnia Minérios Ltda/CNPq/IEC/SEMSA de Juruti. PO-071 (61) GENOTIPAGEM DO VÍRUS DA HEPATITE B EM UMA COORTE DE PACIENTES AVALIADOS EM UM HOSPITAL GERAL BECKER CE, BOGO MR, MATTOS AA, BRANCO F, TOVO C, DITTRICH S Ambulatório de Gastroenterologia e Unidade de Hemodiálise do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre e Programa de Pós-Gr No Brasil, o Ministério da Saúde estima que pelo menos 15% da população já foi contaminada com VHB. Selecionamos 67 pacientes com marcadores de infecção crônica pelo VHB, que estavam em acompanhamento no ambulatório de gastroenterologia e na unidade de hemodiálise do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre-RS. Avaliamos a prevalência dos genótipos e sua relação com o fator de risco para a aquisição do VHB bem como com o padrão sorológico da doença hepática. Dos 67 indivíduos selecionados, 15 eram pacientes em hemodiálise e 52 estavam em acompanhamento ambulatorial. A análise qualitativa para DNA-VHB, pela PCR, foi positiva em 79,1% das amostras (53/67). O genótipo foi determinado em todas as amostras DNA-VHB positivas. A análise demonstrou a presença dos genótipos A, D e F, sendo que o genótipo mais freqüente foi o tipo D. A hemodiálise foi o fator de risco mais prevalente (38,8%), uma vez que 11 pacientes ambulatoriais adquiriram o VHB enquanto do tratamento dialítico no passado. Os subtipos encontrados foram: adw, ayw e adw4. Correlacionando os genótipos com o padrão sorológico da doença hepática, verificamos que o genótipo D foi mais freqüente nos pacientes com replicação viral ativa, portadores sãos do VHB e pacientes com hepatite B crônica, já o genótipo A foi mais freqüente em pacientes HbeAg positivos com ALT normal. Há necessidade de um maior número de estudos relacionados à genotipagem do VHB para que possamos concluir as variações demográficas e implicações desta variabilidade genética na evolução clínica dos portadores do VHB. PO-072 (190) RELATO DE 7 CASOS DE PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE B EM ACOMPANHAMENTO NO AMBULATÓRIO DE HEPATOLOGIA DO HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL TADDEO EF, SANTOS W, FERREIRA GER, VIDAL BPM, MELO VA, ALTIERI L, FREITAS IN, LIMA AP Hospital do Servidor Público Municipal – São Paulo/SP Vários estudos têm demonstrado a preocupação em relação ao HBV devido a sua evolução para formas crônicas e o aparecimento de hepatocarcinoma. Estão em seguimento no nosso serviço 7 (sete) casos de paciente portadores de HBV, 3 femininos e 4 masculinos com média de idade de 41 anos, diagnosticados nos anos 2001 (2), 2003 (1), 2005 (2), 2007 (2) cujos contatos foram: 4 profissionais, 1 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-073 (200) EXISTE PIOR RESPOSTA VIROLÓGICA AO TRATAMENTO COM LAMIVUDINA EM PORTADORES DE HEPATITE B COM CIRROSE? NABUCO LC, CELLES R, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, BRANDÃO-MELLO CE, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Nos portadores de hepatite crônica C, o grau de fibrose hepática é um importante fator preditivo negativo de resposta ao tratamento. Nos pacientes com hepatite crônica B, o impacto da cirrose na resposta virológica inicial ainda não foi determinado. O objetivo deste estudo foi comparar a taxa de resposta virológica no 6o mês de tratamento com lamivudina entre portadores de hepatite crônica B com e sem cirrose hepática. Metodologia: Foram incluídos portadores de hepatite crônica B submetidos a tratamento com lamivudina (150mg/dia) e que realizaram determinação do HBV-DNA na 24a semana de tratamento. Em todos os pacientes foram determinados os níveis de ALT e HBeAg pré-tratamento. Os pacientes com cirrose (G1) e sem cirrose (G2) foram comparados quanto à resposta virológica. Foram avaliadas a carga viral pré-tratamento, a negativação do HBV-DNA (resposta virológica inicial) e a falha primária de resposta, caracterizada por ausência de redução da carga viral de pelo menos 2 log10 na 24a semana de tratamento. Resultados: Foram avaliados 41 pacientes com hepatite crônicas B tratados com lamivudina; 31 (76%) do sexo masculino; idade média de 48 ± 15 anos (11 - 78). Dezoito pacientes (44%) eram HBeAg positivo e 34 (94%) apresentavam ALT elevada prétratamento. A mediana do HBV-DNA pré-tratamento foi de 6,4 log10 (4,4 – 9,3). Vinte e sete pacientes (66%) apresentavam cirrose e constituíram o grupo 1 (G1). Os pacientes do G1 apresentavam idade mais avançada (54 ± 10 vs. 39 ± 18; p = 0,011), porém não havia diferença entre os grupos quanto ao sexo (p = 0,71), ALT (p = 1,0), perfil HBeAg (p = 0,21) e carga viral pré-tratamento (p = 0,15). Na 24a semana de lamivudina, 93% dos pacientes do G1 apresentaram resposta virológica inicial vs 93% do G2 (p = 1,0). Falha primária de resposta foi observada em 7% do G1 e em 7% do G2 (p = 1,0). Conclusão: Em portadores de hepatite B, a presença de cirrose hepática não representa um fator preditivo negativo para a resposta virológica inicial ao uso do lamivudina. PO-074 (201) AVALIAÇÃO DE RESPOSTA VIROLÓGICA INICIAL EM PORTADORES DE HEPATITE B TRATADOS COM LAMIVUDINA NABUCO LC, CELLES R, QUINTAES RF, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, BRANDÃO-MELLO CE, SEGADASSOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A resposta virológica inicial ao tratamento com lamivudina tem sido cada vez mais valorizada como parâmetro para orientar estratégias terapêuticas de forma a reduzir a resistência antiviral. Existem poucos dados sobre a freqüência desta resposta em nossa população. O objetivo deste estudo foi avaliar a taxa de resposta virológica inicial e a falha terapêutica primária ao tratamento com lamivudina, em pacientes com hepatite crônica B, virgens de tratamento. Metodologia: Foram incluídos portadores de hepatite crônica B submetidos a tratamento com lamivudina (150mg/dia) e que realizaram determinação do HBV-DNA na 24a semana de tratamento. Em todos os pacientes foram determinados os níveis de ALT, HBeAg e carga viral pré-tratamento. Foram avaliadas, na 24a semana, a resposta virológica inicial (RVI), definida como HBV-DNA < 1.000 cópias/ml e a falha primária de resposta, caracterizada por ausência de redução de pelo menos 2 log em relação ao HBV-DNA basal. Resultados: Foram avaliados 58 pacientes com hepatite crônica B; 48 (83%) do sexo masculino; idade de 46 ± 15 (11-78) anos. Apresentavam ALT elevada pré-tratamento 89% dos pacientes. Vinte e oito (48%) pacientes eram HBeAg positivo e a mediana do HBV-DNA pré-tratamento foi de 6,4 log. Trinta (48%) pacientes apresentavam cirrose. Na 24a semana de lamivudina, 46 (79%) pacientes apresentaram RVI e 8 (14%) apresentaram HBV-DNA detectável, com carga viral > 3 log (3,1 - 6,0 log), porém com queda > 2log em relação aos níveis basais. Quatro (7%) pacientes apresentaram queda < 2log, caracterizando falha primária de resposta. Ao final do primeiro ano de tratamento, observou-se breakthrough em apenas 2/31 (7%) pacientes que realizaram HBV-DNA no 12o mês de tratamento. Conclusão: Em nossa população, a resposta virológica inicial ao tratamento com lamivudina foi elevada e a freqüência de breakthrough ao final do primeiro ano foi baixa. Estes dados sugerem que, frente às dificuldades de quantificação da carga viral na rede pública, a avaliação inicial da resposta virológica possa ser adiada para o final do primeiro ano de tratamento. S 33 PO-075 (202) RESPOSTA AO TRATAMENTO COM ADEFOVIR ASSOCIADO A LAMIVUDINA EM PACIENTES COM HEPATITE B RESISTENTES A LAMIVUDINA NABUCO LC, CELLES R, QUINTAES RF, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Nos pacientes com resistência à lamivudina, a associação com adefovir parece ser a melhor estratégia terapêutica, sendo observada, em estudo recente (Rapti I., 2007), resposta virológica de 57% e 68% na 24a e 48a semanas de tratamento, respectivamente. O objetivo deste estudo foi avaliar a taxa de resposta virológica ao tratamento combinado adefovir + lamivudina em pacientes com resistência à lamivudina. Metodologia: Foram incluídos portadores de hepatite crônica B com resistência à lamivudina (LAM), que realizaram tratamento com adefovir (ADV) por pelo menos 12 meses. Resistência à LAM foi definida como o reaparecimento do HBV-DNA ou elevação de 1 log em relação aos níveis de HBV-DNA durante tratamento. Foi avaliada, na 24a semana, a resposta virológica inicial (RVI), definida como HBV-DNA < 1000 cópias/ml. Foi também avaliada a resposta virológica na 48a semana de tratamento. O esquema de tratamento adotado foi ADV (10mg/dia) associado à LAM (150mg/dia). A determinação da carga viral do HBV foi realizada em todos os pacientes pré-tratamento e na 24a semana de tratamento. Resultados: Foram avaliados 22 pacientes com hepatite B; 19 (86%) do sexo masculino; idade de 49 ± 12 (24-72) anos. Todos os pacientes apresentavam ALT elevada pré-tratamento. Dezessete (77%) pacientes eram HBeAg positivo e a mediana do HBV-DNA pré-tratamento foi de 7,6 log. Onze (50%) pacientes apresentavam cirrose. Na 24a semana de ADV/LAM, apenas 6 (27%) pacientes apresentavam RVI. A mediana de queda de HBV-DNA foi de 2,5 (0 - 5,5 log). Entre os 16 pacientes que realizaram determinação da carga viral na 48ª semana, 8 (50%) apresentavam HBV-DNA < 1.000 cópias/ml. A mediana de queda de HBV-DNA foi de 3,3 (0,7- 6,0 log). Conclusão: A resposta virológica inicial ao adefovir é baixa entre os pacientes com resistência à lamivudina. É possível que a carga viral elevada e a grande proporção de pacientes com perfil HBeAg positivo nesta população tenham contribuído para esse achado. PO-076 (203) ESTUDO COMPARATIVO DA HEPATITE B NA REDE PÚBLICA E PRIVADA NABUCO LC, CELLES R, QUINTAES R, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, BRANDÃO-MELLO CE, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: É possível que as diferenças socioeconômicas e culturais determinem perfis de apresentação clínica distintos entre pacientes com hepatite crônica B da rede pública e privada. O objetivo deste estudo foi comparar o perfil epidemiológico e clínico entre portadores de hepatite crônica B atendidos em serviço público e clínica privada. Metodologia: Foram incluídos portadores de hepatite crônica B atendidos ambulatorialmente em um hospital universitário da rede pública e pacientes atendidos em consultórios privados. Foram selecionadas para estudo as seguintes variáveis: sexo, idade, ALT, perfil HBeAg, PCR-HBV carga viral, fase da infecção pelo HBV (imunotolerante, hepatite crônica, cirrose e portador inativo) e realização de tratamento antiviral. Resultados: Foram incluídos 365 pacientes com hepatite crônica B, sendo 203 (56%) da rede pública e 162 (44%) de clínica privada. Não houve diferença entre os grupos quanto à idade (p = 0,11) e sexo (p = 0,34). Os pacientes de clínica privada apresentaram mais freqüentemente ALT elevada (73% vs. 55%; p = 0,006); perfil HBeAg positivo (43% vs. 24%; p < 0,001) e evidência de cirrose hepática (46% vs. 26%; p = 0,001). A carga viral foi realizada em 96% dos pacientes privados e em 60% dos públicos (p < 0,001), sendo mais elevada nos pacientes privados (6,0 log vs. 4,2 log; p < 0,001). O tratamento foi indicado em 59% dos pacientes privados e em 34% dos públicos (p < 0,001). Conclusão: Os pacientes atendidos na rede privada apresentam mais freqüentemente evidências clínicas de doença hepática relacionada ao vírus B e maior prevalência de cirrose. Este achado possivelmente está relacionado à forma de identificação da infecção pelo HBV, uma vez que a infecção pelo HBV é detectada, na rede pública, pela triagem sorológica em bancos de sangue e, na rede privada, pela detecção de ALT elevada em exames periódicos, refletindo maior proporção de casos com doença clínica neste grupo. PO-077 (224) DISSOCIAÇÃO BIOQUÍMICO-HISTOLÓGICA EM PORTADORES DE HEPATITE B CRÔNICA CORAINE LA, CARVALHO FILHO RJ, SCHIAVON LL, NARCISO-SCHIAVON JL, NISHIYAMA KH, CARA NJ, BARBOSA DV, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites – Universidade Federal de São Paulo, SP Fundamentos: Níveis da ALT > 2 vezes o limite superior do normal (xLSN) têm sido preconizados como preditivos de lesões histológicas significativas na hepatite B crônica. A partir de metanálises, sugere-se que pacientes com ALT < 2x LSN respondam mal ao tratamento antiviral e, portanto, devam ser apenas acompanhados sem tera- S 34 pia. Nosso objetivo foi avaliar a relação entre os níveis da ALT e os achados histológicos em pacientes com hepatite B crônica. Métodos: Estudo transversal que incluiu pacientes HBsAg (+) e alguma evidência de replicação viral (HBeAg (+), HBV-DNA > 105 cp/mL, HBcAg (+) no tecido e/ou atividade histológica). Os achados histológicos foram avaliados segundo critérios da SBH/SBP. Fibrose significativa foi definida pela presença de estadiamento (E) 2/3/4 e atividade necroinflamatória (ANI) significativa pela presença de hepatite de interface (APP 2/3/4). Resultados: Foram incluídos 120 pacientes, 73% homens, 20% orientais e 65% HBeAg (+). A média da idade foi 41 ± 14 anos. Fibrose e ANI significativas foram identificadas em 72 (60%) e em 81 (73%) pacientes, respectivamente. Nível da ALT ≥ 2x LSN foi encontrado mais freqüentemente em orientais (63% vs. 38%, P = 0,027). Houve tendência à associação entre nível da ALT ≥ 2x LSN e presença de fibrose e ANI significativas (P = 0,097 e P = 0,070, respectivamente). Entretanto, 51% dos pacientes com fibrose significativa, 54% daqueles com ANI significativa e 53% com indicação de tratamento (E ≥ 2 e/ou APP ≥ 2) apresentavam ALT < 2x LSN. Dentre os 49 pacientes com ALT mais próxima da biópsia < 2x LSN e que possuíam no mínimo 3 determinações da ALT no ano anterior à realização da biópsia, 26 (53%) apresentavam ALT persistentemente < 2x LSN. Destes, 42% apresentavam fibrose e 65% ANI significativas. Além disso, 65% tinham indicação histológica de tratamento. Daqueles com ALT ≥ 2x LSN, 14% não tinham indicação de tratamento baseado na histologia. Conclusões: Existe considerável dissociação entre níveis da ALT e achados histológicos em pacientes com hepatite B crônica. Portanto, biópsia hepática deve ser indicada em todos os indivíduos com evidências de replicação viral significativa, independentemente dos níveis da ALT. PO-078 (243) PREVALÊNCIA SOROLÓGICA DO ANTI-HBC EM PRÉ-DOADORES DE SANGUE DO HEMOCENTRO REGIONAL DE CAMPINA GRANDE - PB DE JANEIRO DE 2005 A JANEIRO DE 2007 FLORENTINO GSA, MACHADO MKMX, NÓBREGA RTQ, LEITE DFB, FLORENTINO AVA, SPINELLI V Universidade Federal de Campina Grande – UFCG Fundamentos: Determinar a prevalência do marcador de contato do vírus B da hepatite em pré-doadores de sangue do Hemocentro Regional de Campina Grande-PB. Metodologia: Estudo de prevalência, retrospectivo, no período de janeiro de 2005 a janeiro de 2007. Foram avaliadas 44541 fichas de candidatos a doadores de sangue cadastrados no arquivo do Hemocentro Regional e selecionados 8617 candidatos considerados inaptos. Destes foram identificadas 843 inaptidões por anti-HBc positivo. Delas foram estudados aspectos sociodemográficos como idade, gênero, estado civil, grau de escolaridade, tipo sanguíneo, fator Rh e procedência. Dados clínicos e etiológicos não foram incluídos por não constarem nas fichas individuais dos doadores. Resultados: A prevalência do anti-HBc em prédoadores de sangue foi de 4,9%, cuja faixa etária mais expressiva variou de 31 a 40 anos (30,8%), com predomínio do gênero masculino (86,1%), casados (54,6%), com primeiro grau incompleto (45,1%), tipo sanguíneo O (47,9%), fator Rh positivo (80%), sendo a maioria procedente de Campina Grande (63,8%). Conclusão: A prevalência encontrada do marcador de contato do vírus da hepatite B (anti-HBc) assemelha-se aos percentuais observados na Região Sudeste (3,5%) e a outros países da América Latina como Venezuela (3,2%) e Argentina (2,1%), em contraste com uma maior prevalência observada na Ásia (19,1%), nas Regiões Norte (21,4%) e mesmo no Nordeste do nosso país (especialmente em Recife12%), mostrando que o caráter crescente desta prevalência no sentido Sul para Norte pode variar de um Estado para outro, dentro de uma mesma região. Até então foram vistos menores percentuais no Sul brasileiro (1,6%) à semelhança do que acontece no Chile (0,6%) e parte da Europa (1,5%). Os dados encontrados corroboram a literatura brasileira no tocante à faixa etária mais avançada e à escolaridade, sugerindo que o tempo de exposição é um dos fatores que interferem para o incremento da infecção pelo vírus da hepatite B, e que a aquisição de conhecimentos é fundamental para que ocorra a adesão às medidas de prevenção contra este vírus. PO-079 (264) CARCINOMA HEPATOCELULAR: RELATO DE CASO NA ADOLESCÊNCIA PICCOLI LZ, BALBINOTTI RA, BALBINOTTI SS, LONGHI VC, SALVATI G, DAHMER C Hospital Geral de Caxias do Sul Fundamentos: O Carcinoma Hepatocelular é a neoplasia maligna primária de fígado mais prevalente. Dentre os fatores de risco conhecidos citamos a cirrose hepática, hepatites crônicas B e C e esteatohepatite não-alcóolica. Na fase inicial apresenta-se de forma assintomática ou com sintomas inespecíficos, como dor em hipocôndrio direito. O diagnóstico é freqüentemente realizado nas fases avançadas da doença ou através de exames de rastreamento semestral nos pacientes cirróticos. Métodos: Descrição de quadro clínico, evolução e exames complementares. Resultados: Relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, 15 anos de idade, que compareceu ao Hospital Geral de Caxias do Sul com quadro de dor abdominal, dispnéia em repouso, inapetência e perda ponderal de aproximadamente 6kg em 2 meses. Ao exame físico a paciente encontrava-se com mucosas levemente ictéricas, ausculta pulmonar com murmúrios vesiculares diminuíGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 dos em bases bilaterais, ascite volumosa, abdômen doloroso à palpação em epigastro e hipocôndrio direito, hepatomegalia além de circulação colateral e telangiectasias. Realizou-se biópsia hepática com estudo imunohistoquímico que evidenciou ausência de cirrose e confirmou o diagnóstico de hepatocarcinoma. Os marcadores sorológicos eram negativos para hepatites virais e auto-imunes, bem como os marcadores de doença metabólica. A Tomografia Computadorizada de Abdômen mostrou fígado com múltiplos nódulos hipodensos associados a presença de linfonodos retroperitoneais. A Tomografia Computadorizada de Tórax mostrou nódulo de contorno lobulado com densidade de partes moles, localizado no segmento apical do lobo superior direito e outros dois nódulos em lobo médio e superior esquerdo. A dosagem de alfa-fetoproteína revelou valor acima de 10000. Optou-se pelo tratamento paliativo, com o consentimento familiar. A paciente evoluiu para óbito em dois meses. Conclusões: O Carcinoma Hepatocelular é mais prevalente em pacientes com fatores de risco, sendo a sua detecção precoce um processo relevante para o tratamento e a evolução do mesmo. Porém há alguns casos em que não se consegue determinar fatores de risco ou etiológicos, evoluindo estes com prognóstico reservado. PO-080 (265) HEMANGIOMA HEPÁTICO GIGANTE ASSOCIADO À SÍNDROME DE KASABACH-MERRITT GABRIEL SB, PEREIRA MLL, MENDES L, TREVIZOLI JE, BIRCHE MC, NETO CJ Hospital de Base do Distrito Federal A síndrome de Kasabach-Merritt, descrita em 1940 é a associação entre hemangiomas gigantes e coagulopatia de consumo. As alterações hematológicas decorrem do aprisionamento e destruição das hemácias e plaquetas na intimidade da massa de células endoteliais que formam o hemangioma, ocasionando hipofibrinogenemia, trombocitopenia e elevação dos produtos de degradação da fibrina. Demonstrar um caso de hemangioma hepático gigante associado à síndrome de Kasabach-Merritt. MAMF, 47 anos, feminina notou aumento do volume abdominal há sete meses. À USG, TC e biópsia hepática da massa abdominal em setembro de 2006 revelaram hemangioma hepático. Hipertensa, em uso de Captopril . O exame físico apresentava-se emagrecida, hipocorada e com massa abdominal extensa desde apêndice xifóide até região pélvica, de consistência endurecida, indolor à palpação. TAP = 42%, plaquetas de 124000, Hb = 10 e Ddímero = 7149. Foi proposto tratamento cirúrgico, mas a paciente recusou. Foi de alta e permanece assintomática. Os hemangiomas gigantes (> 10cm) podem estar associados à síndrome de Kasabach-Merritt como visto neste caso. Apesar da biópsia percutânea por agulha fina ainda ser foco de debate, por risco de hemorragia fatal, foi realizada sem intercorrência. Os pacientes sintomáticos devem ser considerados para ressecção cirúrgica bem como os que têm complicações (ruptura, hemorragia intraperitoneal) e quando não se pode excluir malignidade pelos estudos radiológicos. Ainda assim, o tratamento deste quadro pode representar um desafio para a equipe médica. Nosso caso corrobora os achados na literatura no que tange aspectos epidemiológicos, sintomatologia e propedêutica diagnóstica. PO-081 (268) AVALIAÇÃO DO ESQUEMA DE VACINAÇÃO CONTRA HEPATITE B DOS FUNCIONÁRIOS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE GOIÂNIA BASTOS FAM, FREITAS AB, SILVERIO AO Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia e Faculdade de Medicina da Universidade Cato Fundamento: Estima-se que exista no mundo cerca de 450 milhões de portadores de hepatite pelo vírus B (HVB); essas pessoas têm risco 200 vezes maior de desenvolver carcinoma hepatocelular. A transmissão via parenteral é uma importante forma de transmissão desse agente, sobretudo em profissionais de saúde. O objetivo do estudo é avaliar a efetividade e eficácia da vacina contra o HVB e o esquema de vacinação dos funcionários do nosso Hospital. Métodos: Foram avaliados 221 registros de vacinas dos funcionários no período de 2002 à 2004. Um total de 146 funcionários (66,1%) apresentaram todos os dados completos e compuseram nossa população de estudo. As variáveis analisadas foram sexo, idade e soroconversão após esquema completo de vacinação contra HVB. Consideramos como soroconversão a presença do anticorpo contra o antígeno de superfície do HVB (anti-HBs). Resultados: Ocorreu soroconversão em 107 funcionários (73,3%), 37 (25,3%) não soroconverteram e 2 (1,4%) possuíam taxa indeterminada de anti-Hbs. Quando avaliamos separadamente o gênero observamos que soro conversão em 81/101 (75,7%) das mulheres e em 26/45 (24,3%) dos homens (p = 0,006). Também observamos que a média de idade dos pacientes que apresentavam soro conversão foi menor (35,8 ± 8,9 versus 42,6 ± 13,8; p = 0,03). Conclusão: A taxa de soro conversão observada no presente estudo (73,3%) foi menor que o relatado na literatura. Portanto, torna-se imprescindível reavaliar o esquema de vacinação atual e/ou a qualidade das vacinas utilizadas, ficando evidente a necessidade da verificação da soroconversão para Anti-HBs após a conclusão do esquema vacinal, sobretudo nos pacientes mais velhos e do gênero masculino. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-082 (272) SOROPREVALÊNCIA DA HEPATITE VIRAL B EM UMA COMUNIDADE URBANA DE MACEIÓ-AL LEITE, FN, COSTA FGB, PINHEIRO LM, FILHO MAB, ANDRADE TF, LIRA JD, COSTA AB, SAMPAIO MBT, LANCET CMC, WISZORMISKA RMFA Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas. Maceió-AL Fundamentos: A hepatite viral B é a principal causa de doença hepática aguda e crônica, estimando-se em 350 milhões de portadores do VHB. Cerca de 5-10% dos infectados evoluem para cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. A soroprevalência no Brasil do AgHBs varia de 1,9% a 13,5%, e de Anti-Hbs de 10,4% a 90,3%. Os estudos epidemiológicos sobre o VHB no Brasil e Nordeste são escassos. O objetivo do estudo foi identificar a prevalência do VHB em comunidade urbana, e avaliar fatores de risco. Método: Estudo prospectivo, transversal, em comunidade urbana de Maceió, com amostra de 388 sujeitos definidos aleatoriamente entre indivíduos cadastrados em PSF. Critérios de inclusão: maiores de 18 anos, residentes há mais de 2 anos na comunidade. Exclusão: gestantes, nutrizes, índios e deficientes mentais. Foi utilizado questionário específico para avaliar fatores de risco (cirurgias prévias, promiscuidade, transfusão sanguínea, profissionais de saúde, doença hepática crônica, DST, tatuagens, piercings, tratamento dentário). A determinação sorológica de AgHbs, Anti-Hbs e Anti-Hbc foi realizada no HEMOAL, utilizando kits ABOTT (Elisa 3a geração). De acordo com a sorologia, agruparam-se os indivíduos em: infectados (AgHbs positivo), imunes (Anti-Hbs positivo), suscetíveis (AgHbs, Anti-Hbc, Anti-Hbs negativos) e inconclusivos (Anti-Hbc positivo isolado). Resultados: Dos 388 indivíduos incluídos, houve predomínio do gênero feminino 290/388 (74,74%), 98 masculinos (25,26%), média de idade de 40 anos, mínima de 18 e máxima de 76 anos (± 13,8 DP). Foram detectados 7/388 (1,8%) indivíduos infectados, 280/388 (72,16%) suscetíveis, 77/388 (19,84%) imunes e 24/388 (6,18%) inconclusivos. O fator de risco estava presente em 337/388 (86,85%) e ausente em 51/388 (13,15%). Conclusão: A soroprevalência do VHB na população estudada foi de 1,8%. Verificou-se que os fatores de risco estiveram presentes em 86,85% dos indivíduos estudados. O elevado índice de suscetíveis a VHB, 280/388 (72,16%), justifica campanha de vacinação nesta população. PO-083 (274) CO-INFECÇÃO HIV/AIDS E VIRUS DA HEPATITE B E C: FREQÜÊNCIA E FATORES DE RISCO LISBOA FOR, FERREIRA ALL, COSTA FGB, COSTA DP, GALVÃO GJC, FARIAS JLR, SECUNDO IV, LOUREIRO TS, WISZORMISKA RMAF, LACET CMC Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas Fundamentos: A co-infecção HIV e hepatites virais B e C, vêm se configurando como um dos mais importantes problemas de saúde pública, devido ao impacto da coinfecção destas hepatites nos indivíduos infectados pelo vírus HIV ou com Aids. A soroprevalência da co-infecção VHB/HIV é 5 a 8%, enquanto que a co-infecção VHC/ HIV varia de 17 a 36% dos casos. Este trabalho objetivou avaliar a freqüência dos marcadores sorológicos para o vírus da hepatite B e C nos pacientes HIV positivos. Métodos: Estudo epidemiológico, descritivo, transversal, retrospectivo, amostra de 106 pacientes em segmento ambulatorial no Hospital Escola Dr. Hélvio Auto, no período de 2003 a 2005. Foram incluídos pacientes: maiores de 10 anos, preenchimento correto do questionário e sorologia para o VHB e VHC. Os exames foram realizados no LACEN-AL. A sorologia para HIV1e/ou2 foi testada e ratificada através de kit Biotest (Elisa 3° geração). Os marcadores do VHB determinados foram AgHBs, anti-HBs, antiHBc IgG e IgM, foi utilizado o kit ABBOTT (Elisa 3a geração). De acordo com a sorologia para o VHB, os pacientes foram alocados em: suscetíveis (AgHbs, Anti-Hbc, AntiHbs negativos), imunes (AgHBS positivo, Anti-HBs positivo), infectados (AgHbs positivo, Anti-Hbs negativo) e inconclusivos (AgHBs e Anti-HBs negativos, Anti-HBc IgG positivo). Em relação à sorologia do VHC, agrupados em: infectados (Anti-VHC positivo e suscetíveis Anti-VHC negativo. Resultados: A idade variou entre 10 e 64 anos (média de 37 anos) e predomínio entre 35 a 49 anos (47%), sendo 62/106 (58,5%) do sexo masculino e 44/106 (41,5%) do sexo feminino. Foram detectados 5/106 (4,7%) indivíduos co-infectados VHB/HIV, 60/106 (56,60%) suscetíveis para o VHB, 31/106 (29,24%) imunes para o VHB, 10/106 (9,43%) inconclusivos. Na pesquisa do VHC, foi verificado 5/106 (4,7%) co-infectados VHC/HIV, 101/106 (95,3%) suscetíveis para o VHC e nenhum indivíduo co-infectado pelo VHC/VHB/AIDS. A analise dos fatores de risco foi prejudicada pela amostra insuficiente, mas fatores de risco estiveram presentes 4/5 (80%) dos infectados pelo VHC. Conclusão: A freqüência dos marcadores sorológicos para o vírus da hepatite B e C nos pacientes HIV/AIDS, foi de 4,7% para ambas as infecções. A suscetibilidade a infecção pelo VHB foi elevada, de 56,60%. PO-084 (275) PADRÃO DE IMUNIZAÇÃO PARA HEPATITE B EM SERVIDORES DE UM HOSPITAL DA REDE PUBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS COSTA DP, GALVÃO GJC, FARIAS JLR, SECUNDO IV, LISBOA FOR, LOUREIRO TS, WYSZOMIRSKA RMAF, LACET CMC Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas Fundamentos: A hepatite B se constitui em importante problema de saúde pública. A infecção crônica pelo VHB está presente em cerca de 300 a 350 milhões de indivíduos e 1 a 2 milhões evoluem para a óbito por complicações relacionadas ao VHB. Os S 35 profissionais de saúde possuem um risco de 2 a 10 vezes maior em contrair infecção que a população geral. Em Maceió-AL, há uma carência de estudos de soroprevalência da hepatite B nas pessoas que trabalham em ambiente hospitalar. O Objetivo deste estudo é verificar a freqüência dos marcadores sorológicos para o VHB nos servidores do Hospital Escola Hélvio Auto e avaliar o padrão de imunidade nos indivíduos vacinados comparando-os aos não vacinados. Métodos: Estudo epidemiológico, prospectivo de corte transversal, com amostra de 158 indivíduos, do Hospital Escola Hélvio Auto - HEHA alocados em dois grupos, vacinados e não vacinados. Feita coleta de sangue e a determinação dos marcadores virais (AgHBs, Anti HBs e Anti HBc) pelo método imunoenzimático (ELISA) de 3ª geração no Hemocentro de Alagoas. Na análise foram utilizados testes descritivos e analíticos, com um p de 5%. Resultados: Verificou-se positividade dos marcadores do VHB em 91/158 (42,4%) servidores do HEHA e ausência em 67/15/8(42,4%) dos mesmos. Em relação à imunização, 106/ 158 (67,1%) eram vacinados e 52/158 (32,9%) não vacinados. A positividade isolada do Anti Hbs nos vacinados foi de 53/106(50%). Já nos não vacinados, verificou-se 17/ 52(32,7%) de positividade para o mesmo marcador. Conclusão: Foi verificada suscetibilidade ao HVB em 42.4% dos servidores em Ambiente Hospitalar. O índice de imunidade pós - vacinal está inferior ao relatado na literatura. PO-085 (278) FREQÜÊNCIA DOS MARCADORES SOROLÓGICOS DO VHB NOS SERVIDORES DE UM HOSPITAL PÚBLICO DE ALAGOAS FARIAS JLR, FERREIRA RC, COSTA DP, GALVÃO GJC, COSTA FGB, LEITE FN, SECUNDO IV, WYSZOMIRSKA RMFA, LACET CMC Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas Introdução: A hepatite B constitui um dos mais importantes problemas de saúde pública. É considerada uma das mais prevalentes infecções ocupacionais contraídas no ambiente hospitalar estando sob maior risco todo e qualquer profissional de saúde que lide com exposições cutâneas ou manipule sangue, constituindo os principais meios de transmissão dessa doença. Após um acidente com agulha, estima-se que o risco de contaminação com o VHB é de 6 a 30%. O objetivo desse estudo foi identificar os marcadores sorológicos do VHB em servidores do Hospital Escola Dr. Hélvio Auto – HEHA e relacioná-los com os grupos de risco. Metodologia: Foram obtidas amostras de soro de 115 servidores do HEHA. A aplicação do questionário e a coleta de sangue para a obtenção de soro foram realizadas após consentimento livre e esclarecido. Distribuíram-se os participantes em dois grupos: um de alto risco para adquirir infecção com VHB (médicos, equipe de enfermagem, equipe do laboratório, limpeza e esterilização) e outro de baixo risco (equipes do setor administrativo, fisioterapia, psicologia e terapia ocupacional). Realizada a coleta de sangue e a determinação dos marcadores virais (AgHBs, Anti HBs e Anti HBc) pelo método imunoenzimático (ELISA) de 3ª geração no Hemocentro de Alagoas. Resultados: Dos 115 sujeitos estudados, 68/115 (59,13%) eram do gênero feminino e 47/115 (40,86%) do gênero masculino, com média de idade 44 anos. O perfil sorológico evidenciou positividade dos marcadores do VHB de 61/115 (53,04%) e negatividade em 54/115 (46,95%) dos servidores. Classificou-se 44/61(72,2%) dos positivos pertencentes ao grupo de Alto Risco e 17/61(27,8%) como grupo de Baixo Risco. Ausência de HbsAg em ambos os grupos. Conclusões: A ausência de marcadores de infecção (HbsAg) pode estar relacionada ao tamanho da amostra. A freqüência dos marcadores do VHB não demonstrou diferença significativa entre servidores expostos a alto ou a baixo risco de contaminação. PO-086 (308) PERFIL EPIDEMIOLÓGICO-LABORATORIAL DE PRÉ-DOADORES DE SANGUE COM ANTI-HBC POSITIVO NARCISO-SCHIAVON JL, SCHIAVON LL, CARVALHO FILHO RJ, EMORI CT, MELO IC, MARIYA FA, SILVA AEB, FERRAZ MLG Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina Fundamentos: A positividade do anticorpo anti-HBc total é a principal causa de rejeição após triagem sorológica de candidatos a doadores de sangue. O diagnóstico diferencial do achado de anti-HBc(+) com HBsAg(-) pode exigir desde um simples teste de anti-HBs até métodos de biologia molecular, como a pesquisa de HBVDNA. Métodos: Estudo transversal de pré-doadores com anti-HBc(+) e HBsAg(-) atendidos na Liga de Hepatites da EPM/UNIFESP entre set/1997 e ago/2006. Os pacientes foram divididos em três grupos: G1 – anti-HBc(+) e anti-HBs(+); G2 – antiHBc(-) e anti-HBs(-); e G3 – anti-HBc(+) e anti-HBs(-). Os grupos G1 e G2 foram comparados quanto a variáveis clínicas, epidemiológicas e laboratoriais. Resultados: Foram incluídos 1.130 pacientes com média de idade 38,7 ± 11,0 anos, sendo 68% homens. Dentre os pacientes incluídos, 525 (46%) não retornaram para exames confirmatórios. Os 605 restantes foram assim distribuídos: G1: 307 (51%); G2: 132 (22%); e G3: 166 (27%). Comparando-se os grupos G1 e G2, os indivíduos com indícios sorológicos de contato prévio com o HBV (G1) apresentaram maior prevalência de antecedentes de doença sexualmente transmissível (DST) (13% vs. 5%, P = 0,015) e maior proporção de pacientes com anti-HCV(+) (10% vs. 2%, P = 0,006). Além disso, o grupo G1 mostrou maior média de idade (41,0 ± 10,8 vs. 35,2 ± 10,8 anos, P < 0,001), maior nível de ALT (mediana de 0,74 vs. 0,66 vezes o limite superior do normal [xLSN], P = 0,024) e maior nível de AST (mediana de 0,72 vs. S 36 0,66 xLSN, P = 0,009). Entre os indivíduos que exibiram o padrão conhecido como “anti-HBc isolado” (G3), 51/166 (31%) foram submetidos à pesquisa de resposta anamnéstica e 30 pacientes (59%) apresentaram resposta positiva. Dentre os 21 pacientes restantes (41%), 8 soroconverteram o anti-HBs após 2 ou 3 doses de vacina e 2 apresentaram HBV-DNA sérico (+). Conclusões: Pré-doadores de sangue com anti-HBc(+) apresentam prevalência elevada de anti-HCV(+) e de antecedentes de DSTs. Esses dados sustentam a transmissão horizontal como a principal via de contaminação pelo HBV em nosso meio. A pesquisa de resposta anaméstica pode esclarecer o diagnóstico da maioria dos casos de anti-HBc isolado. PO-087 (309) IMPACTO DA INFECÇÃO PRÉVIA PELO VIRUS DA HEPATITE B EM PRÉDOADORES DE SANGUE NARCISO-SCHIAVON JL, CARVALHO FILHO RJ, EMORI CT, MELO IC, MARIYA FA, SCHIAVON LL, SILVA AEB, FERRAZ MLG Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina Fundamentos: Estudos recentes sugerem que portadores de hepatite C crônica com indícios de infecção prévia pelo HBV apresentam fibrose mais avançada, pior resposta ao IFN e maior risco de hepatocarcinoma, independentemente da detecção de HBVDNA. Este estudo avalia o impacto da infecção prévia pelo HBV nas características clínico-histológicas de pré-doadores de sangue com anti-HCV(+). Métodos: Estudo transversal de pacientes encaminhados de Bancos de Sangue com anti-HCV(+), atendidos na Liga de Hepatites da EPM/UNIFESP entre set/1997 e ago/2006. Os pacientes com anti-HBc(+) e (-) foram comparados quanto a variáveis clínicas, epidemiológicas, laboratoriais e histológicas. Resultados: Foram incluídos 651 pacientes com média de idade de 36 ± 11 anos, sendo 66% homens. Dentre os pacientes incluídos, 84 (13%) apresentaram anti-HBc(+). Comparados aos indivíduos anti-HBc(-), os pacientes com indícios sorológicos de contato prévio com o HBV apresentaram > média de idade (P < 0,001), > prevalência de gênero masculino (77% vs. 65%, P = 0,023), de antecedentes de promiscuidade sexual (24% vs. 14%, P = 0,017) e > proporção de uso de drogas intravenosas (22% vs. 6%, P < 0,001). Além disso, aqueles com anti-HBc(+) mostraram > média de IMC (P = 0,010), > níveis de AST (P = 0,017), ALT (P = 0,010), bilirrubina direta (P = 0,029) e de GGT (P = 0,003). Anti-HCV falso-(+) foi mais freqüente entre os pacientes com anti-HBc (-) (32% vs. 14%, P = 0,010) e HCV-RNA(+) foi mais prevalente entre os anti-HBc(+) (83% vs. 66%, P = 0,009). Biópsia hepática foi realizada em 198 pacientes com HCV-RNA(+). O achado de fibrose avançada (E3/4) e APP moderada ou intensa foi mais comum em indivíduos com anti-HBc(+) (35% vs. 11%, P < 0,001; e 41% vs. 17%, P = 0,001). IMC (OR 1,12, IC95% 1,01–1,25, P = 0,042) e anti-HBc(+) (OR 3,05, IC95% 1,10–8,47, P = 0,031) se associaram de forma independente ao achado de E3/4. Conclusões: Em pré-doadores de sangue com antiHCV(+), a presença de anti-HBc(+) torna mais provável a confirmação do diagnóstico de hepatite C crônica. Além disso, o contato prévio com o HBV se associa a lesões histológicas mais graves em portadores crônicos do HCV. PO-088 (310) PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO E LABORATORIAL DAS MULHERES PRÉ-DOADORAS DE SANGUE COM HBSAG POSITIVO NARCISO-SCHIAVON JL, CARVALHO FILHO RJ, EMORI CT, MELO IC, MARIYA FA, SCHIAVON LL, SILVA AEB, FERRAZ MLG Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina Fundamentos: Fatores relacionados ao hospedeiro, tais como consumo excessivo de álcool, idade avançada e infecção dupla com HCV ou HIV, têm sido associados a maior risco de desenvolvimento de hepatopatia grave pelo HBV. Entretanto, há exigüidade de informações na literatura sobre as diferenças clínico-laboratoriais entre mulheres e homens portadores crônicos do HBV. Este estudo teve como objetivo definir o perfil das mulheres pré-doadoras de sangue com HBsAg (+). Métodos: Estudo transversal que incluiu pacientes encaminhados de Bancos de Sangue com HBsAg (+), atendidos na Liga de Hepatites entre setembro/1997 e agosto/2006. Os dados foram obtidos por revisão de prontuários padronizados. Mulheres e homens foram comparados com relação a variáveis clínico-epidemiológicas e laboratoriais. Resultados: Foram incluídos 217 pacientes com média de idade de 34,3 ± 10,7 anos, sendo 24% mulheres. Estas apresentaram menor freqüência de história de promiscuidade sexual (6% vs. 25%, P = 0,004) e menor proporção de etilistas (2% vs. 20%, P = 0,002). Não houve diferença em relação à idade (33 ± 10 vs. 35 ± 11 anos, P = 0,273). Laboratorialmente, as mulheres mostraram maior contagem de plaquetas (223.030 ± 51.090 vs. 191.230 ± 52.250/mm3, P = 0,004) e menores níveis de AST (mediana de 0,65 vs. 0,76 xLSN, P = 0,011), ALT (mediana de 0,63 vs. 0,76 xLSN, P = 0,001), bilirrubina direta (mediana de 0,20 vs. 0,30mg/dL, P = 0,023) e de FA (mediana de 0,54 vs. 0,60 xLSN, P = 0,018). Houve uma menor proporção de portadores crônicos do HBV com HBeAg (+) entre as mulheres, apesar de não ter sido observada diferença estatística (4% vs. 18%, P = 0,166). Conclusões: Além de serem menos expostas à transmissão sexual e ao etilismo, as mulheres pré-doadoras de sangue com HBsAg (+) apresentam características laboratoriais que sugerem uma menor gravidade da doença hepática associada ao HBV em comparação com os homens. Estudos adicionais são necessários para determinar se estes achados são relacionados ao gênero per se ou a outros fatores, como por exemplo, o etilismo. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-089 (313) RELAÇÃO ENTRE GENÓTIPO DO HBV E POSITIVIDADE DO HBEAG EM IMUNOCOMPETENTES E PORTADORES DE DOENÇA RENAL SOUZA LO, MOUTINHO R, MATOS CA, PEREZ RM, OLIVEIRA EMG, CARVALHO-FILHO RJ, SILVA AEB, SILVA ISS, FERRAZ ML Serviço de Virologia - Instituto Adolfo Lutz e Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo Fundamentos: Entre os pacientes portadores de infecção crônica pelo vírus B com genótipo D, tem sido descrito na literatura uma maior freqüência do perfil de HBeAg negativo. Em nossa população, a relação entre os genótipos do HBV e HBeAg é pouco conhecida. Este estudo teve como objetivo avaliar e comparar a prevalência de HBeAg positivo entre os diferentes genótipos do HBV, em imunocompetentes e em doentes renais. Métodos: Foi estudada uma amostra de 109 pacientes composta por 40 pacientes imunocompetentes, e 69 doentes renais: 38 renais crônicos em hemodiálise e 31 transplantados renais. Em todos os pacientes foi realizada determinação do HBeAg (IMxÒ assay - Abbott Laboratories, Chicago, IL) e do genótipo por seqüenciamento parcial da região S, amplificado por nested-PCR. Foi realizada análise comparativa entre os genótipos predominantes quanto à positividade do HBeAg. Resultados: Dos 109 pacientes analisados (74% homens) e 47 (43%) apresentavam HBeAg positivo. A freqüência dos genótipos nesta amostra foi de: genótipo A em 37%, B em 1%, C em 4%, D em 54% e F em 4%, com predomínio do genótipo D entre os pacientes renais (80%) e do genótipo A entre os imunocompetentes (78%). Na análise comparativa, não houve diferença na positividade do HBeAg entre os pacientes com genótipo A e os portadores dos demais genótipos (33% vs. 49%; P = 0,088). Por outro lado, observou-se maior freqüência de HBeAg positivo entre os pacientes com genótipo D, quando comparados ao demais genótipos (52% vs. 33%; P = 0,046). Conclusões: Nesta amostra, diferentemente do que tem sido descrito na literatura, observou-se associação entre genótipo D e a presença de HBeAg. Esta associação pode ser uma característica própria deste genótipo ou estar relacionada à amostra estudada, que incluiu um número expressivo de portadores de doença renal, nos quais o genótipo D pode apresentar um comportamento atípico. PO-090 (314) DISTRIBUIÇÃO DOS GENÓTIPOS DO VÍRUS DA HEPATITE B EM IMUNOCOMPETENTES E PORTADORES DE DOENÇA RENAL – EXISTE DIFERENÇA? SOUZA LO, PEREZ RM, CARVALHO-FILHO RJ, SILVA AEB, SILVA ISS, FERRAZ ML Serviço de Virologia - Instituto Adolfo Lutz e Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo Fundamentos: A freqüência dos genótipos do vírus da hepatite B (HBV) tem distribuição geográfica heterogênea. A freqüência dos genótipos em cada população reflete o padrão da formação e da migração desta população. No Brasil, a freqüência de genótipos mostra predomínio do genótipo A, com menor freqüência dos demais genótipos. Em pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) e transplantados renais (TxR), a prevalência de infecção pelo vírus B é alta e ainda não se conhece o perfil de distribuição de genótipos do HBV neste grupo de pacientes. O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar a freqüência dos genótipos do HBV em diferentes populações: imunocompetentes, portadores de IRC e pacientes transplantados renais. Métodos: Foram estudados 123 pacientes: 50 imunocompetentes, 39 com IRC e 34 transplantados renais. Para determinação do genótipo do HBV foi realizada inicialmente amplificação parcial do gene S por Nested-PCR e a seguir foi realizado seqüenciamento para determinação do genótipo. A freqüência dos genótipos foi comparada entre os grupos, empregando-se os testes de Qui-quadrado e Exato de Fisher. Resultados: Em imunocompetentes observou-se predomínio do genótipo A (68%), seguido do genótipo D (18%). Entre pacientes com IRC predominou o genótipo D (85%), seguido do genótipo A (10%). Entre transplantados renais observou-se distribuição semelhante à dos renais crônicos, com genótipo D em 74% (P = 0,24) e genótipo A em 18% (P = 0,50). Na análise comparativa entre imunocompetentes e portadores de doença renal (IRC + TxR), observou-se diferença significativa na distribuição dos genótipos, com predomínio do genótipo A em imunocompetentes (68% vs 14%; P < 0,001) e do genótipo D em renais (80% vs 18%; P < 0,001). Conclusões: A freqüência dos genótipos do HBV em pacientes imunocompetentes é semelhante àquela previamente descrita na literatura. Entretanto, observou-se uma distribuição diferente dos genótipos, tanto na população de pacientes com IRC, quanto na de TxR. Esta diferença pode estar relacionada a um maior poder de adaptação do genótipo D em situações de imunodeficiência ou à maior facilidade de transmissão do genótipo D no ambiente de hemodiálise. pelo HBV na intensidade da fibrose neste grupo não está definido. Métodos: Pesquisa de marcadores sorológicos de infecção pelo HBV foi realizada nos portadores de hepatite C no período de Março de 2004 a Março de 2007. Foram incluídos pacientes submetidos a biópsia hepática e aqueles que apresentavam evidências clínicas, laboratoriais, ultra-sonográficas ou endoscópicas de cirrose, e excluídos os que apresentaram HBsAg positivo. Os pacientes foram divididos conforme não possuíssem evidência de contato prévio com o HBV (antiHBc negativo-grupo 1), apresentassem reatividade apenas ao anti-HBc (grupo 2) ou evidência de infecção resolvida (antiHBc e antiHBs positivos-grupo 3). Resultados: Foram analisados 310 pacientes (média de idade de 52 + 10 anos) dos quais 129 cirróticos. O fator de risco mais frequentemente encontrado foi hemotransfusão (43%), seguido por procedimentos invasivos (27%) e uso de seringas não descartáveis na infância/adolescência (23%). 214 pacientes não apresentavam evidencia de contato prévio com o HBV, enquanto 38 possuíam anti HBc positivo isolado e 54, evidencia de infecção resolvida. O grupo antiHBc isolado possuía maior número de homens (p = 0,02) e uso de drogas IV foi referido por número maior de pacientes com infecção resolvida pelo HBV (p = 0,01). Não houve diferença de média de idade, tempo de contágio, estágio de inflamação e grau de fibrose (escala de Ishak) e prevalência de cirrose entre os 3 grupos. Sexo (m)* Tempo (anos) Estágio Grau Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 52% 22,3 2,7 + 1,5 5,6 + 2,0 76%* 24,4 3,2 +1,5 6,4 + 1,7 56% 25,5 2,9 + 1,7 5,8 + 2,2 Conclusões: evidencias de contato com vírus da hepatite B estavam presentes em 30% dos portadores de hepatite C submetidos a avaliação histológica ou portadores de cirrose. Este contato prévio não determinou graus mais avançados de fibrose, nem maior prevalência de cirrose. PO-092 (366) DETERMINAÇÃO QUANTITATIVA SIMULTÂNEA DO AGHBE E DOS NÍVEIS DE HBV-DNA DURANTE A ADMINISTRAÇÃO DE ADEFOVIR EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA B RESISTENTES À LAMIVUDINA. ESTUDO PILOTO DA SILVA LC, DA NOVA ML, ONO-NITA SK, PINHO JRR, CARRILHO FJ Disciplina de Gastroenterologia Clínica - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Fundamentos: Tem-se demonstrado que a queda simultânea dos níveis de DNA do VHB e do AgHBe nem sempre ocorre, particularmente durante a administração de lamivudina (LAM) (Da Silva et al, DDW 2005). Adefovir (ADV) tem sido administrado a pacientes com hepatite crônica B (HCB) e resistentes à lamivudina (LAM-R) na dose diária de 10mg. Contudo, alguns estudos sugerem que os pacientes deveriam receber doses mais altas de adefovir (Ono-Nita et al, JCI 1999). Como os análogos nucleosídeos podem levar à queda rápida e significativa dos níveis séricos de DNA do VHB, estudamos prospectivamente os níveis de DNA do VHB e AgHBe em quatro pacientes resistentes à lamivudina e em uso de adefovir. Objetivo: Verificar se a queda dos níveis de DNA do VHB é acompanhada da queda dos níveis séricos do AgHBe. Casuística e métodos: Os níveis séricos de DNA do VHB foram determinados pelo método da Roche Amplicor (limite: 1x10*3UI/ml a > 40x10*6UI/ml) e os níveis de AgHBe pelo MEIA AXSYM (Abbott) cada 3 a 6 meses durante um período médio de 104 semanas (56-156 semanas). Resultados: Apesar da queda dos níveis da carga viral ou da indectabilidade pelo PCR em todos os pacientes, o não declínio do AgHBe foi observado em dois de quatro pacientes durante o acompanhamento de 56 e 100 semanas, respectivamente, sugerindo que o efeito antiviral não foi satisfatório. Um dos paciente com níveis persistentes do AgHBe (“AgHbe não respondedor”) mostrou recidiva viral na 96a semana de adefovir e o outro paciente com o mesmo padrão sorológico respondeu rapidamente ao tenofovir. Conclusão: A determinação quantitativa simultânea do AgHBe e dos níveis séricos do DNA do VHB pode fornecer maiores informações sobre a resposta viral durante a terapia com ADV em pacientes resistentes à LAM. PO-093 (403) PREVALÊNCIA DOS MARCADORES SOROLÓGICOS DE TRIAGEM PARA HEPATITE B EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO COMPLEXO HOSPITALAR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA MARQUES P, SCHINONI MI, MEYER R, ANDRADE J, REGO MV, PARANÁ R, SCHAER R, SIMÕES JM, FREIRE SM PO-091 (355) PREVALÊNCIA DE MARCADORES DE INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE B E CORRELAÇÃO COM ESTÁGIO DE FIBROSE EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA PEREIRA GHS, CARIÚS LP, FOSSARI RN, COELHO M, GALVÃO ACG, ZYNGIER I, VEIGA ZST, FLAUSINO KCG, AHMED EO, PEREIRA JL Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia- Hospital Geral de Bonsucesso (RJ) Fundamentos: Evidencia de contato prévio com vírus da hepatite B (HBV) é freqüentemente encontrada em portadores de hepatite C crônica. O papel da infecção prévia GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Universidade Federal da Bahia Objetivo: Com o objetivo de avaliar a prevalência dos marcadores sorológicos de triagem para hepatite B, fatores de risco associados e resposta vacinal, um estudo transversal foi realizado no Complexo HUPES-UFBA. Métodos: Os dados foram coletados por meio de um questionário clínico-epidemiológico e amostras de sangue foram colhidas dos voluntários que afirmaram esquema completo de vacinação contra hepatite B. O soro foi submetido à análises dos seguintes marcadores sorológicos: AgHBs, Anti-HBc total e Anti-HBs. Resultados: Dos 341 indivíduos que doaram amostra de sangue, 81,5% eram do sexo feminino e 18,5% masculino, 7,6% (26/341) apresentaram soropositividade para o vírus da hepatite B (AgHBs e ou Anti-HBc total). S 37 Dentre os 26 indivíduos acima citados o tempo de profissão em anos variou de 8-40 com uma média de 19,5 ± 8,5 anos. Relataram história prévia de acidente com instrumento pérfuro-cortante no ambiente de trabalho 50% (13/26) destes indivíduos. Em relação ao comportamento de risco vale ressaltar que 57,7% (15/26) nunca ou quase nunca usavam preservativos. Dos 315 indivíduos que foram analisados para taxa de resposta vacinal. Observou-se que 15,9% (50/315) eram Anti-HBs negativos. Encontrou-se uma associação positiva entre faixa etária menor que 40 anos e resultado positivo para o anti-HBs, RP = 1,22 (IC 95%; 1,10-1,35) p = 0,000. Conclusão: A existência de indivíduos vacinados e Anti-HBs negativos reforça a importância da avaliação sorológica após o esquema de vacinação de maneira rotineira nesta população. A prevalência dos marcadores de infecção pelo VHB foi maior na população estudada do que na população em geral de Salvador relatada previamente na literatura. PO-094 (404) PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CAMPANHA CONTRA HEPATITE B OCUPACIONAL ENTRE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO COMPLEXO HOSPITALAR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA MARQUES P, FREIRE SM, MEYER R, SCHINONI MI, REGO MV, PARANÁ R, REIS EJFB, CARVALHO PMP, ANDRADE J Universidade Federal da Bahia Objetivo: Com o objetivo de avaliar a situação vacinal e ampliar a cobertura de vacinação contra hepatite B entre os profissionais de saúde, foi realizada uma campanha de cunho institucional no Complexo HUPES. Métodos: A campanha foi realizada em três etapas. Foi utilizada a vacina recombinante LG. Um questionário, baseado em aspectos profissionais e socioeconômicos foi aplicado em 631 profissionais de saúde. Resultados: A média de idade foi de 40,45 anos, sendo 77% feminino e 23% masculino. Em relação ao comportamento de risco: 10,6% fizeram acupuntura, 5,7% tatuagem, 17,3% afirmaram ter tido mais de três parceiros sexuais/ ano, 45,8% quase nunca usavam preservativos, e 4,1% foram submetidos à transfusão de sangue. Dos 83.8% vacinados previamente, 51,2% referiram ter respeitado o intervalo entre as doses, mas somente 28,2% comprovaram o esquema apresentando a caderneta de vacinação. Os dados mostraram que 73% dos profissionais não realizaram sorologia para o Anti-HBs. Durante a campanha de vacinação, 412 doses de vacinas foram aplicadas a 316 indivíduos. Destes, 75% receberam somente uma dose, devido ao fato de estarem complementando o esquema vacinal ou não aderirem ao esquema de vacinação recomendado. Conclusões: Além de constatar baixa adesão em concluir o esquema vacinal entre os profissionais que iniciaram a vacinação nesta campanha, a falta de comprovação do esquema vacinal completo com três doses, e a ausência de controle sorológico, evidencia a não valorização da vacina como medida preventiva eficaz contra VHB, demonstrando a necessidade de uma política de conscientização dirigida aos profissionais com risco de infecção. PO-095 (409) DIAGNÓSTICO DE HEPATITE B AINDA SUSCITA DÚVIDAS EM MÉDICOS DE SÃO PAULO LANZARA G, MENDES CP, OTAKE TM, RODRIGUES T Universidade Federal de São Paulo, São Paulo Fundamentos: A hepatite B é uma doença infecciosa de grande incidência, acometendo 400 milhões de pessoas no mundo. Devido ao seu grande impacto, é importante o diagnóstico correto da mesma. Objetivos: Descrever o perfil clínico-epidemiológico de pacientes atendidos no Ambulatório Geral de Infectologia do Hospital São Paulo/Universidade Federal de São Paulo encaminhados por “sorologia positiva para hepatite B”; determinar quais foram os desfechos mais freqüentes destes casos e comparar estas características ao longo do tempo, procurando identificar diferença significativa. Método: Estudo retrospectivo com levantamento de dados de prontuários do Ambulatório Geral de Infectologia da UNIFESP, no período de 1997 a 2007. Resultados: Foram analisados 23 pacientes, dos quais 65% eram do sexo masculino, com idade média de 37 ± 11 anos (21-65 anos), 54,5% naturais de São Paulo, 56,5% trabalhadores, 52% encaminhados de Unidades Básicas de Saúde. Destes, 40% tabagistas, 16% etilistas, 5% usuários de drogas ilícitas, 41% promíscuos, 83% referiram praticar sexo desprotegido e 40% com antecedentes de DSTs. Quanto ao diagnóstico final, 68% tratavam-se de cicatriz sorológica, 26% eram hepatite B aguda e 5% outros diagnósticos. Comparou-se os pacientes atendidos de 1997 a 2002 com os de 2003 a 2007 e não se verificou diferenças estatisticamente significativas, exceto a idade, que tendeu a ser menor nos atendimentos mais recentes (p = 0,065). Conclusão: Nesta amostra destacou-se a grande freqüência de encaminhamentos de pacientes sem a doença ativa. Acreditamos que medidas de educação continuada podem ser importantes para mudar este cenário. PO-096 (415) hepatocelular. A hepatite B tem transmissão vertical, sexual e parenteral, o que inclui os profissionais de saúde no grupo de risco. A vacinação é a medida mais segura para a sua prevenção e, no Brasil, é indicada para toda população menor que 20 anos e para as pessoas de grupos de risco. Após o término do esquema vacinal, mais de 90% dos indivíduos desenvolvem respostas adequadas de anticorpo, mostrando-se altamente eficaz, embora o tempo de imunogenicidade ainda seja desconhecido. Recentes estudos indicam que a memória imunológica permanece intacta pelo menos por 23 anos e confere proteção contra a doença e infecção crônica do vírus da hepatite B (HBV), contudo os níveis de anti-HBs podem se tornar baixos ou declinarem a níveis indetectáveis. Métodos: Foi aplicado questionário e realizada a titulação de anticorpos anti-HBs entre 98 acadêmicos do curso de Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) que receberam pelo menos uma dose da vacina. Resultados: Observou-se que entre os 98 alunos analisados, 59% deles obtiveram níveis séricos de anticorpos superiores a 100mUI/mL (resultado imunológico satisfatório), enquanto 24% resposta moderada (10-100mUI/mL) e 17% resposta inadequada (menor que 10mUI/mL). Em relação ao sexo e titulação de anticorpos adquirida, viu-se que 60% e 58% do sexo masculino e feminino, respectivamente, obtiveram resposta satisfatória. Ao se analisar o número de doses da vacinação de acordo com a titulação do anti-HBs adquirida, verificou-se que os indivíduos com 2 e 3 doses alcançaram titulações satisfatórias maiores que 100mUI/mL (60% e 67% respectivamente). Entre aqueles que tomaram as 3 doses, viu-se que 64% (34/53) deles respeitaram o intervalo de tempo recomendado, de maneira que 64% (22/34) destes apresentaram resposta imunológica satisfatória. Entretanto, 36% (19/53) não respeitaram esse tempo e, mesmo assim, 73% (14/19) obtiveram títulos de anticorpos maiores que 100mUI/mL. Conclusão: A maioria dos acadêmicos estudados está devidamente protegida contra a hepatite B, independentemente do sexo. Evidenciou-se, ainda, que a titulação de anticorpos adquirida com duas ou três doses da vacina é praticamente equivalente. Além do mais, o intervalo entre as doses administradas não interferiu no resultado final dos anticorpos adquiridos, com as três doses preconizadas. PO-097 (416) AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DA VACINAÇÃO CONTRA HEPATITE B ENTRE ACADÊMICOS DE MEDICINA DA UFPB ROCHA HAC, SERAFIM ACP, MELO MKS, GONDIM AS, NASCIMENTO RQ, ROCHA FA Universidade Federal da Paraíba Fundamentos: A Hepatite B apresenta distribuição epidemiológica abrangente, envolvendo todos os continentes. Estima-se que cerca de 2 bilhões de pessoas em todo mundo já entraram em contato com o vírus, sendo que 350 milhões são portadores crônicos da doença. Esta infecção de origem viral pode ser transmitida por via vertical, sexual e parenteral, incluindo, desse modo, os profissionais de saúde no grupo de risco. Quando incompletamente ou não imunizados, estes apresentam risco de contaminação 30 vezes superiores aos da população geral, sendo, portanto, importante a conscientização entre os estudantes da área de saúde, já que a vacinação é a medida mais segura de prevenção da hepatite B. Métodos: O estudo foi realizado através da aplicação de questionário entre estudantes de Medicina na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), separados em ciclo básico (do 1º ao 4º período) e profissional (do 5º ao 12º período), que visou colher informações sobre a prevalência da vacinação, e o grau de importância atribuído por tais estudantes. Resultados: Dentre os 117 alunos estudados, 84% (98/117) receberam pelo menos uma dose da vacina contra hepatite B. Entre os citados, 89% (87/98) eram do profissional e 11% (11/98) eram do básico. No período avaliado, 46% dos vacinados (45/98) não receberam a vacinação de forma completa. Em relação ao número de doses tomadas, aqueles que receberam as três doses da vacina, 57% era do sexo feminino e 43% do masculino. Ao questionar sobre a justificativa para a não vacinação ou vacinação incompleta, o esquecimento (30%) foi a alternativa mais citada, seguida de negligência (22%) e falta de tempo (14%). Conclusão: Observou-se que a maioria dos estudantes de Medicina da UFPB demonstrou interesse pela proteção vacinal, não havendo diferença estatística significante de acordo com o sexo para os vacinados com três doses. Apesar de o Ministério da Saúde preconizar a vacinação desde a infância, evidenciamos que a conscientização de sua importância ocorreu, principalmente, no ciclo profissional, pois há risco efetivo de contrai-la. Há, também, necessidade de maior disciplina para a vacinação completa e correta, uma vez que as justificativas expostas para a vacinação inadequada não são aceitáveis para esta classe de risco, visto conhecimento sobre o tema. Sugerimos a vacinação dos futuros profissionais de saúde como medida de prevenção da hepatite B, e reforçála através de medidas de educação em saúde desde o ciclo básico. PO-098 (432) AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA DA VACINAÇÃO CONTRA HEPATITE B ENTRE ACADÊMICOS DE MEDICINA DA UFPB AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA DE PACIENTES COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE B EM ACOMPANHAMENTO NO SERVIÇO DE GASTROCLÍNICA – UNICAMP ROCHA HAC, SERAFIM ACP, MELO MKS, GONDIM AS, NASCIMENTO RQ, ROCHA FA GOMES VP, SEVÁ-PEREIRA T, RUPPERT GFS, NASSIF CES, LORENA SLS, SOARES EC Universidade Federal da Paraíba Disciplina de Gastroenterologia - DCM - Faculdade de Ciências Médicas/Gastrocentro - UNICAMP. Campinas, SP Fundamentos: A hepatite viral do tipo B constitui um dos mais importantes problemas de saúde pública, e um dos principais fatores predisponentes do carcinoma Fundamentos: A infecção crônica pelo vírus da hepatite B (VHB) caracteriza-se pela variabilidade de manifestação clínica e evolução. Para se prever a evolução e definir S 38 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 conduta para pacientes com infecção pelo VHB, devemos nos basear em dados de sorologia (principalmente o antígeno AgHbe), transaminases, histologia, além de detecção e quantificação do VHB-DNA. Objetivo e métodos: Avaliação retrospectiva através de fichas clínicas do perfil sorológico, indicações de tratamento e evolução de pacientes portadores de infecção crônica pelo VHB (definido como AgHbs+ por mais de 6 meses) acompanhados no ambulatório de hepatites do serviço de Gastroclínica do Hospital de Clínicas da Unicamp nos últimos 2 anos. Resultados: Foram avaliados 107 pacientes AgHbs+, dos quais 98 apresentavam dados sorológicos e de evolução para a análise retrospectiva. O VHB-DNA qualitativo pôde ser realizado pelo menos 1 vez em 76 pacientes. Entre os 98 pacientes estudados, 36 (36,7%) eram AgHbe+, enquanto 62 (63,2%) eram AgHbe negativo. Do grupo AgHbe+, 24 foram submetidos a tratamento, sendo 6 inicialmente com Interferon (4 retratados com lamivudina) e 18 com lamivudina (1 retratado com Adefovir). No total, 11 tiveram negativação do AgHbe (8 com soroconversão) e 12 continuaram AgHbe+. Dentre os 12 pacientes AgHbe+ que não fizeram tratamento, apenas 3 tiveram soroconversão espontânea. Dos 62 pacientes AgHbe-, 23 pacientes receberam tratamento para hepatite B (11 com VHB-DNA+, os outros por evidencias inflamatórias). O tratamento inicial foi IFN em 4 pacientes (todos foram retratados com Lamivudina) e Lamivudina em 19. Três pacientes tratados com Lamivudina receberam posteriormente Adefovir e 1 Entecavir. Trinta e nove dos pacientes com AgHbe negativo não tinham indicação de tratamento, pois apresentavam PCR- ou transaminases normais e histologia sem atividade inflamatória. Durante o acompanhamento, 5 pacientes evoluíram a óbito por complicações de cirrose hepática (1 por PBE, 2 por HDA, 2 pós Tx hepático). Conclusões: A hepatite B crônica é uma doença bastante heterogênea e de difícil manuseio. Em nossa experiência, a maior parte dos pacientes apresentava-se inicialmente com AgHbe negativo, e praticamente metade dos pacientes teve indicação de tratamento. PO-099 (433) COMPORTAMENTO DO PERFIL SOROLÓGICO E EVOLUÇÃO DA HEPATITE B NOS TRANSPLANTADOS RENAIS SEVÁ-PEREIRA T, URBINI-SANTOS C, LORENA SLS, NASSIF CES, ALVES-FILHO G, SOARES EC, MAZZALI M Disciplina de Gastroenterologia e Disciplina de Nefrologia - DCM - Faculdade de Ciências Médicas/Gastrocentro UNICAMP. Campinas Fundamento: A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) nos transplantados renais tem sido motivo de estudo devido ao seu possível impacto na evolução do paciente e sobrevida do enxerto. O comportamento sorológico é muitas vezes diferente na população imunossuprimida, apresentando maior variabilidade e dificultando sua interpretação. Objetivo e métodos: Avaliação da prevalência de infecção crônica pelo VHB (definido como HbsAg + por mais de 6 meses) em transplantados renais acompanhados no Serviço de Nefrologia da UNICAMP e análise retrospectiva do comportamento do perfil sorológico e evolução destes pacientes. Resultados: A prevalência de VHB foi de 4,2%, sendo identificados 36 pacientes entre os 850 transplantados renais atualmente em acompanhamento, dos quais 15 com sorologia positiva para hepatite C. No momento do transplante, 31 pacientes já apresentavam HbsAg+, sendo 15 com marcador sorológico de replicação (HbeAg +) e 15 com HbeAg- (1 não tinha este dado). Dos 15 pacientes inicialmente HbeAg+, 6 tiveram soroconversão espontânea para AntiHbe+, dos quais 3 apresentaram também negativação do HbsAg. No grupo de 15 pacientes com HbeAg-, todos, exceto um, apresentavam AntiHbe+. Três pacientes evoluíram com reativação do HbeAg (incluindo o único AntiHbe-), e um paciente negativou espontaneamente o HbsAg. Apenas um paciente teve clínica de reagudização da hepatite B. Em relação ao tratamento, três pacientes receberam Lamivudina pré-transplante (HbeAg-, porém com PCR+ e atividade histológica significativa) e 12 pacientes receberam Lamivudina após o transplante: um HbeAg-, por reagudização da hepatite, e 11 com HbeAg+ (8 inicialmente HbeAg+, os 2 com positivação do HbeAg, e 1 sem o dado inicial e que após revelou-se HbeAg+). Dentre estes, 5 apresentaram evidencia de resistência a Lamivudina e 2 tiveram perda do HbeAg sem soroconversão. Os 4 restantes mantém HbeAg+, sem sinais de atividade. Durante o acompanhamento, 5 pacientes adquiriram o VHB, sendo 4 destes com aparente imunidade pré-transplante para a hepatite B (2 previamente vacinados, 2 imunes por doença) e somente 1 com sorologia negativa para o VHB. Conclusão: Pacientes transplantados renais devem ter sorologia de hepatite B avaliada de rotina devido à freqüente alteração do perfil sorológico. A interpretação e importância destas variações são de difícil avaliação, e as decisões de conduta devem levar em conta, sempre que possível, os níveis de transaminases, alterações histológicas e carga viral. PO-100 (443) HEPATITE B – APRESENTAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E CLÍNICA EM AMBULATÓRIO ESPECIALIZADO NO AMAZONAS CAMPOS JG, ROCHA CM, CAMARGO KM, SILVA MJS, KIESSLICH D, BESSA A, FERREIRA LF Estudo retrospectivo de pacientes HBsAg positivos acompanhados ambulatorialmente no período de 2000 a 2007. Foram avaliadas as seguintes variáveis: idade, sexo, naturalidade, profissão, vida sexual, ingesta alcoólica, hemotransfusão, tatuagem, cirurgia, hemodiálise, história familiar de hepatite, modo potencial de contágio, sorologias anti-HCV e anti-Delta (HDV). Resultados: Foram analisados 127 pacientes, com média de idade de 39 ± 13 anos, sendo 73% (93/127) homens e 99% heterossexuais. O modo potencial de contágio foi indeterminado em 87%, intrafamiliar em 5%, sexual em 5% e parenteral em 3%. Quanto ao número de parceiros sexuais: 49% (62/127) referiram um parceiro/ano, 15% (19/127) 2 a 5 parceiros/ ano e 11% (14/127) mais de 5 parceiros/ano; 25% (32/127) não tiveram contato sexual no último ano ou esta informação não foi registrada. Ingesta alcoólica maior que 20g/dia esteve presente em 22% (12/54) dos casos. Identificaram-se como fatores de risco: naturalidade (87% outros municípios do Amazonas vs 13% Manaus) e história familiar de hepatite. As formas de apresentação clínica foram: hepatopatia crônica com hipertensão portal (varizes esofagianas ou esplenomegalia) em 53% (67/127), hepatite crônica sem hipertensão portal em 41% (52/127), hepatite aguda em 1% (2/127), e hepatocarcinoma em 1% (1/127); 4% (5/127) aguardam definição diagnóstica. Ocorreu co-infecção com HDV em 58% (40/69), com HCV em 12% (12/104) e com HCV/HDV em 3% (1/33). O antígeno HBe foi negativo em 66% (48/63). Conclusão: Os fatores de risco encontrados demonstram que a transmissão em áreas hiper-endêmicas para a hepatite B ocorre por contato intra-domiciliar. A presença de sinais de hipertensão portal e ausência de HBeAg na avaliação inicial indicam o diagnóstico tardio dessa doença. A alta prevalência de co-infecção com HCV ou HDV contribuiu para a gravidade dos casos. PO-101 (449) IMPORTÂNCIA DO HBV-DNA QUANTITATIVO (PCR REAL TIME) EM PORTADORES DE HEPATITE B CRÔNICA, HBEAG NEGATIVO COM ALT NORMAL OU DISCRETAMENTE ELEVADA REZENDE REF, PIMENTA ATM, FERREIRA RM, PASQUALIM M, GRIMM LCA, SILVA AAC, SANTA MLSS Ambulatório de Hepatites-Núcleo de Gestão Assistencial (NGA 59), Secretária Municipal de Saúde de Ribeirão Preto (SMS-RP) Fundamentos: A quantificação da carga viral do vírus da hepatite B (VHB) é fundamental para diferenciar portadores inativos do VHB de hepatite B crônica HBeAg negativo, mutante pré-core. Nesta última população, níveis séricos de HBV-DNA > 10.000 cópias/ml têm sido relevantes para avaliação de biópsia hepática e decisão terapêutica. Objetivo: Investigar a freqüência de carga viral > 10.000 cópias/ml, em portadores de hepatite B crônica, HBeAg negativo com ALT normal ou discretamente elevada, utilizando o método de PCR quantitativo em tempo real (PCR real time). Analisar as diferenças demográficas entre os pacientes com hepatite B crônica HBeAg negativo, ALT normal ou discretamente elevada, com HBV-DNA quantitativo < 10.000 cópias/ml (grupo 1) daqueles com HBV-DNA quantitativo > 10.000 cópias/ ml (grupo 2). Casuística e métodos: No período de agosto de 2002 a junho de 2007, foram avaliados 228 portadores de hepatite B crônica HBeAg positivo e HBeAg negativo. Foram incluídos 79 portadores de hepatite B crônica HBeAg negativo, virgens de tratamento, com ALT normal ou discretamente elevada (< 1,5 LSN), que possuíam pelo menos 1 dosagem de carga viral pelo método de PCR Real time. Foram excluídos co-infectados com hepatite C, HIV, renais crônicos e imunossuprimidos. Realizou-se coleta de dados demográficos, pesquisa de marcadores sorológicos (HBsAg, anti- HBcIgG, HBeAg, anti HBe, anti-HCV e anti-HIV), dosagem de ALT, e HBV-DNA quantitativo (PCR real time). Resultados: Quarenta e seis (58,2%) eram mulheres, idade média 40,7 (18 a 73 anos). Cinqüenta e oito (73,4%) e 21 (26,5%) pacientes apresentaram HBV-DNA sérico quantitativo < 10.000 e > 10.000 cópias/ ml respectivamente. As medianas de carga viral do grupo 1 [62% mulheres, média de idade 41,2 (18 a 73 anos)] e do grupo 2 [52,3% mulheres, média de idade 40,2% (19-60 anos)] foram de 1.110 cópias/ml e 46.760 cópias/ml respectivamente. Vinte e dois pacientes do grupo 1, realizaram mais de 1 dosagem da carga viral, com intervalo mínimo de 6 meses, sendo que 6/22 (27,2%), apresentaram na segunda dosagem, HBV-DNA sérico quantitativo > 10.000 cópias/ml. Não houve diferenças de sexo e idade entre os grupos 1 e 2. Conclusão: A quantificação da carga viral demonstrou que, em nosso serviço, 35% dos portadores de hepatite B crônica HBeAg negativo com ALT normal ou discretamente elevada necessitam de possível abordagem terapêutica. PO-102 (458) SOROCONVERSÃO HBSAG → ANTI-HBS EM PORTADORES DE HEPATITE CRÔNICA B E POLIARTERITE NODOSA SUBMETIDOS AO TRATAMENTO COM LAMIVUDINE – RELATO DE 2 CASOS MORAES JP, MEIRELLES SOUZA AF, PACE F, BARBOSA KVBD, OLIVEIRA JM, SOUZA MH, PIRES LA, MEIRELLES DSP GUERRA RR, NORONHA MFA Serviço de Hepatologia - Hospital Universitário Getúlio Vargas - Universidade Federal do Amazonas – Manaus/AM Serviço de Gastroenterologia – Centro de Referência em Hepatologia do HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de Fora (CRH-UFJF) Introdução: A região Amazônica é considerada de elevada prevalência para o vírus da hepatite B (HBV), onde caracteristicamente a transmissão ocorre ainda na primeira infância, evoluindo para a cronicidade na maioria dos casos. Objetivo: Avaliar a epidemiologia e a forma de apresentação clínica da infecção pelo HBV. Métodos: Fundamentos: Cerca de 30% dos pacientes com PAN apresentam evidência sorológica de infecção pelo vírus da hepatite B (VHB). A Lamivudine, um análogo nucleosídeo, é uma alternativa viável no tratamento da Hepatite crônica B em situações de contra-indicação ao uso do Interferon. O objetivo é relatar 2 casos de portadores de GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 S 39 HCB (cirrose hepática) e PAN submetidos ao tratamento com Lamivudine, obtendose supressão da replicação viral e soroconversão para anti-HBs. Caso 1: Paciente 74 anos, feminina, apresentando Hepatite crônica B e Poliarterite nodosa tratado por 42 meses. Laboratório inicial: Plaquetas: 94000/mm³; Alb: 2.5g/dl; BT/BD: 0.7/ 0.5mg/dl; AST/ALT: 70/53U/l; AP: 88%; a-fetoproteína: 5.1UI/ml; HBsAg: +, HBeAg: +, anti-HBe: -, anti-HBs: -, HBV-DNA: 3.200.000 cópias/ml. USG com sinais de hepatopatia crônica. Iniciado tratamento com Lamivudine 150mg via oral/dia. 36º mês: AST/ALT: 13/15U/l, HBeAg: -, anti-HBe: +, HBsAg: -, anti-HBs: + (895UI); HBV-DNA: indetectável. Tratamento suspenso após seis meses da confirmação do perfil sorológico. Caso 2: Paciente 57 anos, masculino, portador de Hepatite crônica B e Poliarterite nodosa tratado por 48 meses. Laboratório inicial: Plaquetas: 326.000/mm³; Alb: 6.6g/dl; BT/BD: 1.7/0.6mg/dl; AST/ALT: 155/222U/l; AP: 63%; α-fetoproteína: 2.7UI/ml; HBsAg: +; HBeAg: +; anti-HBe: -; anti-HBs: -; HBV-DNA: positivo. USG com sinais de hepatopatia crônica, esplenomegalia e ascite discreta. BX hepática: Hepatite crônica em atividade. METAVIR: A1 F4. Iniciado uso de Lamivudine 150mg/dia. 48º mês: AST/ALT: 17/10U/l, HBeAg: -, anti-HBe: +, HBsAg: -, anti-HBs: -. Lamivudine suspensa após 48 meses de tratamento. No sétimo mês após suspensão do tratamento houve o surgimento do anti-HBs (13,6UI) e o HBV-DNA manteve-se negativo. Conclusão: O uso da Lamivudine pode ser uma alternativa viável no tratamento da hepatite crônica B e poliarterite nodosa. A soroconversão HBsAg - anti-HBs, como descrito neste estudo, é um evento raramente observado na literatura. PO-103 (461) ASCITE QUILOSA (AQ) E CIRROSE HEPÁTICA: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA CINTRA MTG, VIANA ACL, PEREIRA AB, JUNIOR EPCR, SILVA LD Hospital Universitário Risoleta Tolentino Neves (HURTN) – Belo Horizonte/MG AQ é condição rara, caracterizada pela presença de líquido ascítico com aspecto leitoso, que resulta de concentração aumentada de triglicerídeos (TGL). Ocorre em diversas situações, destacando-se linfomas, infecções, traumas, cirurgias e cirrose hepática. AQ ocorre em 0,5 a 1,0% dos pacientes cirróticos, porém o mecanismo fisiopatológico ainda é pouco conhecido. Entretanto, sugere-se que nessa situação, AQ esteja associada à disrupção de vasos linfáticos devido à hipertensão portal. Descrevemos o caso de um paciente com cirrose hepática associada à infecção pelo VHC (vírus da hepatite C) e ao uso de álcool, sexo masculino, 36 anos, feoderma, que foi admitido no HURTN devido aumento do volume abdominal e emagrecimento (15Kg). Ao exame físico, apresentava-se subictérico, com mucosas hipocoradas e ausência de linfadenomegalias. ACV: BNRNF (PA, 110x60mmHg; FC, 92bpm); AR: MV reduzido em bases; AD: Ascite volumosa e esplenomegalia discreta. Exames: líquido ascítico (aspecto leitoso; TGL, 1500mg/dL; proteínas, 3g/dL; glicose, 100mg/ dL; Leucócitos, 25/mm3; mononucleares, 100%; adenosina deaminase < 40U/L, amilase, 10U/L; pesquisa de BAAR, fungos e bactérias, negativa). Exames laboratoriais: TGO, 28U/L; TGP, 26U/L; GGT, 121U/L; FA, 108U/L; BD, 0,4mg/dL; albumina, 2,4g/dL; Linfopenia (LG: 3.200, 544 linfócitos); amilase, 51U/L e LDH, 153U/L. Provas de função renal, Rx de tórax e ecocardiograma sem alterações. Sorologias negativas (VHB e HIV). EDA: varizes de esôfago de fino calibre. Marcadores tumorais e eletroforese de proteínas normais. US e TC de abdômen: hepatopatia crônica fibrosante, ascite volumosa, pâncreas atrófico, esplenomegalia, rins normais e ausência de linfoadenomegalia retroperitoneal e peri-aórtica. TC de tórax: ausência de linfoadenomegalia mediastinal, área de cavitação em segmento anterior do lobo superior esquerdo. Fibrobroncoscopia com biópsia: pesquisa de BAAR e neoplasia foram negativas. Biópsia hepática: hepatite crônica em atividade e fibrose discreta, associado ao VHC (Metavir, A1 e F1). Com base nesses achados, o diagnóstico de AQ foi realizado e instituído o tratamento com octreotide 100mg subcutâneo (TID) e nutrição parenteral total, ocorrendo remissão da AQ. De forma interessante, no presente estudo, AQ foi associada à cirrose hepática e à hipertensão portal. Entretanto, o paciente está sob controle ambulatorial rigoroso, pois dentre as causas da AQ destaca-se o linfoma, entidade que tem sido, recentemente, associada ao VHC. PO-104 (463) ACOMPANHAMENTO DOS PACIENTES COM SUSPEITA DE HEPATITE B, TRIADOS PELO BANCO DE SANGUE E ENCAMINHADOS A LIGA DE HEPATITE DE SERGIPE HU-UFS SANTOS IM, BATISTA AC, CABRAL LW, VEIGA CT, FIGUEIREDO NETO R, GARCEZ SRC, MACHADO RA, SANTOS EHS, SILVA GES, NASCIMENTO TVB Núcleo de Hepatites da Universidade Federal de Sergipe Introdução: A Liga de hepatite de Sergipe é um projeto de extensão da Universidade Federal de Sergipe (UFS), composta por alunos e professores do curso de medicina. Ela se presta a atendimento ambulatorial dos pacientes com hepatites virais de todo o estado, sendo a maioria dos pacientes provindos do hemocentro de Sergipe (HEMOSE). A maior parte dos hemocentros do país utiliza o anti-hbc para realizar a triagem para hepatite B. Esse marcador é bastante sensível para doença, porém tem pouca acurácia no seu diagnostico. Objetivo: Avaliar o diagnostico final dos pacientes com suspeita de hepatite B e estimar os fatores de risco que essa população está exposta, além da prevalência de etilismo. Pacientes e métodos: Estudo transversal descritivo. Foram revisados 580 prontuários de pacientes atendidos no ambulatório S 40 da liga de hepatite de Sergipe no período de jun/05 a mai/07. Os prontuários foram analisados considerando motivo de encaminhamento, diagnostico final ou descontinuidade de acompanhamento, fatores de risco e prevalência de etilismo. Resultados: Os pacientes estudados apresentavam media de idade de 36,99 ± 10,88 anos. 82,2% eram homens. Em relação ao diagnostico final: 336 (58,1%) apresentaram infecção passada, 40 (6,96%) eram falso-positivo para anti-hbc 39 (6,75%) eram anti-Hbc isolado, 28 (4,91%) tinham hepatite B crônica e 132 (22,7%) abandonaram o acompanhamento. Os principais fatores de riso incriminados foram o sexo inseguro (47,14%) e ser profissional de saúde (14,4%). A prevalência de etilismo na população foi de 37,14%. Conclusão: Os resultados estão de acordo com os da literatura, mostrando uma incidência maior de infecção passada, e uma taxa de falso positivo e hepatite B crônica em torno de 5%. PO-105 (468) PERFIL SOROLÓGICO DOS PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE B EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA CAMPOS AGS1, PEREIRA LMB2, MELO FILHO RM2, PEREIRA LB2, AROUCHA DCBL1, SILVA CCCC2, PEREIRA LMMB1,2 1 Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Ciências Médicas/Universidade de Pernambuco, Brasil Fundamentos: A infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) acomete cerca de 400 milhões de pessoas em todo mundo e pode ser apontada como uma das mais importantes viroses do gênero humano. O sistema de vigilância epidemiológica (SVE) das hepatites virais apresenta várias limitações que inviabilizam obter um quadro realístico da magnitude do problema no país, estando as estimativas de freqüência, geralmente, subestimadas. Essas limitações nos apoiaram na necessidade de realizar estudo clínico sorológico dos pacientes portadores de hepatite B. Objetivo: Traçar o perfil sorológico dos pacientes atendidos no ambulatório de hepatologia do Hospital Oswaldo Cruz/Instituto do Fígado de Pernambuco (HUOC/IFP) em Recife-PE, no período de janeiro 2003 a junho 2007. Métodos: Foram incluídos 170 pacientes advindos do ambulatório de hepatologia do HUOC/IFP, o qual atende a população triada de ambulatórios dos hospitais da rede pública, além da triagem de pacientes referidos dos bancos de sangue, sendo avaliados os marcadores sorológicos pelo método ELISA para HBV (HBsAg, anti-HBcIgM, anti-HBcIgG, HBeAg, anti-HBe e anti-HBs em todos pacientes HBsAg positivos e apenas HBsAg e anti-HBs nos que apresentaram positividade para anti-HBc. Foram excluídos os pacientes que apresentavam hepatite aguda e os pacientes que receberam previamente vacina para hepatite B. Resultados: Dos 170 pacientes, 123(72%) homens e 47(28%) mulheres com média de idade de 42 anos. 80 dos 170 (47%) pacientes apresentaram HBsAg e Anti-HBe positivos, em contraste com 26 (15%) portadores replicantes (HBsAg e HBe positivos). Dos 170 pacientes, 64 (37%) foram anti-HBc positivo e HBsAg negativo, dos quais 35 (20%) apresentaram positividade para o anti-HBs e 29 (17%) anti-HBs negativo. Conclusão: Foi observado uma maior prevalência de pacientes portadores crônicos anti-HBe positivo quando comparado com o grupo de portador replicante, sugerindo a necessidade iminente da realização do HBV DNA como rotina nesses pacientes. Palavras chaves: hepatite B, sorologia, hepatologia. PO-106 (494) HEPATITE B AGUDA COLESTÁTICA GRAVE RIOS DA SILVEIRA PC Irmandade Santa Misericórdia de Angra dos Reis – RJ – Brasil Fundamentos: As manifestações clínicas da hepatite aguda B classificam-se em: típica, colestática, grave, fulminante e com manifestações extra-hepáticas. As manifestações clínicas e laboratoriais refletem mais a resposta imune do hospedeiro ao vírus do que a lesão direta do vírus. Cerca de 30% dos infectados são sintomáticos com icterícia que em raras ocasiões pode prolongar-se persistindo alterações do fluxo biliar (hepatite colestática). Faz-se necessário diagnóstico diferencial com icterícia obstrutiva e hepatites graves com necrose confluente (submaciça). Na hepatite colestática a fisiopatologia é duvidosa, descrita pela 1ª vez por Eppinger como forma colangítica de hepatite a colestase intra-hepática é hepatocanalicular. Métodos: Através da descrição de um caso abordaremos esta entidade rara. Caso Clínico: homem negro, 33 anos a 40 dias com diagnóstico de hepatite B aguda (HBsAg++; Anti HBc IgM++; ast = 1450; alt = 1650; bt = 9,6) com icterícia progressiva e acentuada (bt = 46; bd = 33,8; fa = 529; ggt = 105) internado com prurido, acolia, colúria hepatomegalia e astenia. Paciente evoluiu com queda de ast, alt, hipotensão arterial, hipoglicemia, hematêmese, melena, oligúria e IRA sendo transferido para UTI, iniciado hemodiálise, aminovasoativa, antibioticoterapia, IBP, albumina, naloxone, hemotransfusão e suportes. Investigação para hepatite A, C, CMV, HIV, HAI, LE, mononucleose e hemocromatose foram negativas; EEGD = gastrite enant. leve antral erosiva c/ hematina; RX tórax = infiltrado basal bilateral e leucocitose com bastões. Após 9 dias na UTI permaneceu hospitalizado por 17 dias. Resultados: Após 25 dias alta hospitalar com hemograma normal, função renal recuperada (u = 38; c = 1,6); albumina = 3,7; fa = 663; ggt = 613; bt = 5.0 (bd = 3,7); tap = 13/ 100%; ast = 104; alt = 82. No ambulatório após 30 dias: ast = 13; alt = 16; fa = 102; ggt = 27; u = 37; c = 1,3 e HBsAg negativo. Após 90 dias AntiHBs positivo e após 14 meses alta definitiva (hc = normal; vhs = 15; u = 40; c = 1,4; bt = 0,6; ast = 24; alt = 32; fa = 137; ggt = 39; tap = 13/100%). Conclusões: A forma colestática apesar da intensidade do quadro clínico-laboratorial é benigna com cura em quase todos casos, nas primeiras semanas é semelhante a forma típica da HAB evoluindo a seguir GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 com hiperbilirrubinemia acentuada, queda das transaminases, elevação de fa e ggt. É importante diferenciá-la da forma subaguda que cursa com sinais clínicos de insuficiência hepática e suas complicações. PO-107 (504) ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PORTADORES DE HEPATITE B E C COM PRESENÇA DE ESTEATOSE E/OU ESTEATO-HEPATITE POLARO EN, BRITO RC, SANTOS LCL, SANTOS KAS, SILVA LD, LOPES RAM, GUIMARÃES APR Universidade Federal do Pará (Belém-Pará) Fundamentos: O fígado é o órgão que mais freqüentemente sofre esteatose, o que reflete seu papel central no metabolismo das gorduras. A coexistência com vírus das hepatites acelera a progressão de danos ao fígado, podendo ocasionar fibrose. Objetivo: Analisar comparativamente a associação do HCV e do HBV com a esteatohepatite e/ou esteatose, avaliando a prevalência em relação a idade, sexo, procedência e elevação de transaminases. Métodos: Estudo retrospectivo de pacientes com infiltração gordurosa diagnosticados pela Liga de Hepatites do Hospital Universitário João de barros Barreto, no município de Belém, no período de Abril de 2005 à Abril de 2007, por métodos complementares (USG e/ou Biópsia) que possuíam a finalidade de auxiliar na avaliação dos pacientes com sorologia positiva para Hepatite B e C. Para a análise estatística, utilizou-se o teste do qui-quidrado ( 2). Resultado: Foram estudados 32 pacientes portadores de esteatose e/ou esteato-hepatite, com média de idade de 42 ± 15 anos, com mínimo de 20 e máximo de 70. Predominaram pacientes do sexo masculino (56,3%), procedentes da zona metropolitana de Belém (78%). O VHB prevaleceu em 25% dos casos, o VHC em 40,6% dos casos. Destes contaminados pelo vírus B, constatou-se que 25% pertenciam à faixa etária de 20-40 anos, 62,5% a de 41-60 anos e 12,5% a de acima de 60 anos. Não houve relação estatística relevante entre os sexos. E em apenas 2,1% foram encontrados com transaminases alteradas. No entanto, dos infectados pelo vírus C observou-se por maior prevalência no grupo etário mais jovem, 46,1%. Conclusão: A análise dos resultados revelou que na população em estudo a esteatose hepática e/ou esteatohepatite é mais severa em pacientes com HCV em relação aos com HBV, a uma faixa etária predominantemente mais jovem associada a aumento de transaminases. PO-108 (505) NECROSE CUTÂNEA ASSOCIADA AO USO DE INTERFERON ALFA-2A: RELATO DE CASO RODRIGUES JC, OLIVEIRA JMR, JUNIOR JRA, SILVA LD, BRITO RC, GUIMARÃES APR Universidade Federal do Pará (Belém-Pará) Fundamentos: O interferon é uma droga utilizado para o tratamento de doenças como a leucemia mielóide crônica, esclerose múltipla e hepatite B crônica. Embora raro, existem relatos na literatura de necrose cutânea, como complicação após tratamento com INF. Objetivo: Relatar um caso de necrose cutânea após injeção de interferon alfa-2a em paciente com infecção crônica pelo HBV. Método: Realizou-se entrevista individual em pesquisa em prontuário. Relato de caso: F.M., 31 anos, solteiro, sexo masculino, natural de Ribeirão Preto, residente em Belém-PA, diretor de marketing, portador crônico de infecção pelo vírus B (A1F2), detectado após realização de sorologias provavelmente devido relação sexual desprotegida em abril de 2006 (HBsAg +,anti-HBc total +,anti-HBs +,anti-HBc IgM -, anti-HCV - e anti-HIV 1 e 2 -) em tratamento com interferon alfa-2a 5 MUI/dia, injeção subcutânea. Após vinte e duas semanas de tratamento com interferon alfa-2a, o paciente evoluiu com lesão eritematosa dolorosa em flanco direito 9 dias após aplicação do medicamento. US concluiu celulite. O tratamento com interferon foi suspenso. Exames colhidos nessa fase mostraram: hemograma e bilirrubinas sem alterações e HBV DNA com mais de 40 milhões de cópias. Paciente foi internado com área de necrose em flanco direito. Dois dias de antibioticoterapia estabeleceu-se lesão ulcerada drenando secreção purulenta. Realizou-se desbridamento da ferida e drenagem da secreção. A cultura exibiu Stafilococcus aureus. Iniciou-se nova antibioticoterapia associada às sessões de câmara hiperbárica. O paciente recebeu alta com melhora e ferida sem secreção. Cinco dias depois, foi novamente hospitalizado com ferida drenando conteúdo de coloração esverdeada. Cultura da amostra apresentou Pseudomonas aeruginosa. Instituiu-se antibioticoterapia adequada. Há quatro meses o paciente encontra-se em processo de cicatrização da ferida com cultura e hemocultura negativas, realizando exames específicos para controle da carga viral da hepatite B e iniciará tratamento com entecavir. Considerações finais: A terapia com interferon alfa pode ter como complicação a necrose cutânea. Embora o mecanismo patogênico permaneça desconhecido, múltiplos fatores podem ser considerados, como a injeção peri-arterial ou intra-arterial. PO-109 (507) ANÁLISE DA SOROCONVERSÃO DO ANTICORPO CONTRA O ANTÍGENO DE SUPERFÍCIE DO VÍRUS DA HEPATITE B EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE NAZAR AN1,2, MELO LOR1,2,4, BASTOS AP3, SANTOS RC3, PITTELLA AM1,3, MATOS HJ2,4 saúde (PS) é maior do que o da população geral adulta. A vacina é um método seguro e eficaz na prevenção primária da HB. Objetivos: Analisar a soroconversão do anticorpo contra o antígeno de superfície do vírus da hepatite B (anti-HBs) em PS, analisar o perfil dos PS que responderam à vacinação, definir o esquema vacinal recebido e identificar condições que reduziram a resposta à vacina. Métodos: O estudo foi um inquérito soro epidemiológico transversal, retrospectivo e realizado em um hospital terciário. No período entre 1/1/2004 e 31/07/2006, foram realizadas 1115 sorologias para a titulação do anti-HBs no soro dos PS de risco baixo ou alto para a ocorrência de acidentes pérfuro-cortantes. As variáveis estudadas foram: idade, sexo, peso, altura, índice de massa corporal, prática de atividades físicas, história atual ou passada de tabagismo, quantidade de anos fumados, quantidade de cigarros fumados por dia, quantidade de anos sem fumar, história social do uso de derivados etílicos, presença de doenças infecciosas preexistentes, presença de doação de sangue ou hemotransfusão no passado, história prévia de acidentes de trabalho ou de acidentes pérfurocortantes e esquema vacinal recebido. Resultados: Dos exames realizados, 729 foram reagentes (R) e 386 não reagentes (NR), caracterizando uma soropositividade de 65,4% (IC 95%: 62,6 – 68,2). As idades foram mais elevadas no grupo NR (p = 0.000), houve mais mulheres nos dois grupos (p = 0.009), verificamos um maior número de PS de alto risco no grupo R (p = 0.000) e um maior número de PS vacinados contra a HB (p = 0.000) e com o esquema completo (p = 0.000) no grupo R. Segundo a regressão logística binária não condicional, as variáveis que permaneceram como tendo influência independente associadas ao anti-HBs foram pertencer ao grupo de risco (p = 0,000) e ser vacinado com o esquema completo ou incompleto contra a HB (p = 0,000). As variáveis, sexo (p = 0,181) e idade (p = 0,150) demonstraram-se como não significativas nesta regressão logística. A adesão dos nossos PS à vacina contra a HB foi de 41,7%. Conclusões: Os PS estão mais expostos à HB e devem ser vacinados com o esquema proposto pela OMS. As idades mais elevadas reduzem a resposta à vacina e esquemas vacinais diferenciados são preconizados para os casos não respondedores ao esquema convencional. PO-110 (508) GENÓTIPOS DO VÍRUS DA HEPATITE B E MUTAÇÕES DE RESISTÊNCIA EM PACIENTES EM TRATAMENTO COM LAMIVUDINE A LONGO PRAZO: CARACTERIZAÇÃO DO GENÓTIPO G NO BRASIL BOTTECCHIA M, SOUTO FJD, DO Ó KMR, AMENDOLA M, BRANDÃO CEB, NIEL C, GOMES S Laboratório de Virologia Molecular, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ; Núcleo de Estudos de Doenças Infecciosas e Tropicais, Faculdade de Ciências; Médicas, Universidade Federal do Mato Grosso; Hospital Alcides Carneiro, Petrópolis, Rio de Janeiro; Hospital Universitário Gaffreé e Guinle A Lamivudine é um análogo nucleosídeo usado para o tratamento da Hepatite B crônica. A principal limitação do uso da lamivudine é a seleção de mutações de resistência que aumenta com o tempo de utilização da mesma. O vírus da Hepatite B (HBV) isolado tem sido classificado em oito genótipos (A até H) com distintas distribuições geográficas. Os genótipos do HBV também podem influenciar as propriedades patogênicas e o tratamento. No trabalho nós analisamos a distribuição dos genótipos do vírus da Hepatite B, a natureza e a freqüência da resistência a lamivudine entre os 36 pacientes submetidos ao tratamento com a lamivudine por um período de 12 a 84 meses. Resultados: Metade dos pacientes eram homossexuais. Apenas 4/36% (11%) dos pacientes eram HBVDNA negativos. Como esperado para um grupo brasileiro, o genótipo A (24/32 indivíduos positivos, 75%), D (3/32, 9.3%) e F (1/32, 3%) estavam presentes. Uma amostra era genótipo C, que é um genótipo raro no Brasil. Três amostras eram genótipo G, que nunca tinha sido detectado no Brasil. As mutações de resistência a lamivudine foram identificadas em 20/32 (62%) amostras de HBVDNA positivos. A carga viral dos pacientes portadores do vírus da Hepatite B com ou sem mutações de resistência a lamivudine não foram diferentes (2.7 x 107 e 6.9 x 107 cópias/ml, respectivamente). Quinze pacientes mostraram dupla mutação de resistência a lamivudine L180M/M204V. A tripla mutação rt173V/180M/204V, que age como um escape de mutação a vacina, foram demonstradas em 2 indivíduos. Os três genótipos G isolados foram seqüenciado por inteiro; todos os três mostravam dupla mutação L180M/M204V e apresentavam uma grande divergência genética quando comparados com outros genótipos G isolados. Conclusões: Uma grande proporção (55%) dos pacientes submetidos a tratamento prolongado com lamivudine apresentam mutação de resistência com elevada carga viral. O potencial de transmissão do mutante do vírus da hepatite B deve ser monitorado. A identificação dos genótipos C e G, raramente detectado na América do Sul, parece indicar uma diferente distribuição do genótipo observado em pacientes não tratados. Disparidades na forma de contaminação (o genótipo G parece estar relacionado com o comportamento homossexual) e o genótipo C é mais agressivo entre os genótipos da Hepatite B que deve explicar a presença de os raros genótipos no presente PO-111 (510) APARECIMENTO DE MUTAÇÃO DE RESISTÊNCIA A LAMIVUDINE E INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA FULMINANTE - RELATO DE CASO Universidade do Grande Rio (1), Universidade Estácio de Sá (2), Hospital Quinta D’Or (3), Universidade do Estado do Rio de Janeiro BOTTECCHIA M, DO Ó KMR, ARÁUJO NM, GOMES S Fundamentos: A hepatite B (HB) e suas seqüelas permanecem como um grande problema de saúde pública. O risco de se contrair esta doença entre os profissionais de A lamivudine inibe a replicação do vírus da Hepatite B. A principal limitação do uso da lamivudine é o aparecimento de mutação de resistência. A resistência ocorre GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Departamento de Virologia, Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz – Rio de Janeiro, Brasil S 41 através da troca do aminoácido M550V ou M550I no motif YMDD da polimerase do HBVDNA. A variação M550V pode estar acompanhada pela mutação L526M. A desse estudo foi investigar as mutações associadas com a resistência a lamivudine. Em um paciente portador de hepatite B crônica que morreu de insuficiência hepática fulminante após 3 anos de uso da lamivudine. Métodos: Paciente de 58 anos de idade, HbsAg, AntiHBc e HbeAg positivo em 2000. Permanecendo com todos esses marcadores sorológicos positivos em todos os exames de rotina. O paciente começou a usar a lamivudine em agosto de 2001. O HBV isolado. Foi quantificado por PCR em tempo real e o HBV (gene S0 foi seqüenciado em 3 amostras isoladas, uma em setembro de 2000, antes de iniciar a lamivudine, outra em novembro de 2003 e outra em abril de 2004. Resultados: Todas as seqüências desse paciente pertenciam ao genótipo A, subtipo Aa. Nenhuma mutação na polimerase associada a lamivudine foi encontrada na amostra de 2000. Na amostra de 2003, 2 populações, uma com mutação de resistência M550I e outra com dupla mutação (L526M, M550V) foi observada. A outra amostra coletada na época da morte do paciente (abril de 2004) mostrou dupla mutação (L526M, M550V). O HBVDNA foi detectado em níveis moderados nas 3 amostras. Conclusão: Os fatores que causam o aparecimento de hepatite fulminante quando aparece a mutação de resistência a lamivudine permanecem desconhecidos. Ambos, a carga viral e as variações do genoma parecem estar implicados na patogênese da doença. Em nosso caso, o paciente desenvolveu hepatite aguda fulminante após 4 meses do aparecimento da mutação. Parece que a dupla mutação de resistência (L526M, M550I) ligados a outras substituições na polimerase, não na mutação M550I estavam envolvidas neste caso de hepatite B fulminante. PO-112 (511) AVALIAÇÃO DA RESPOSTA VIROLÓGICA NA SEMANA 48 AO TENOFOVIR FUMARATO (TDF) NO TRATAMENTO DA CEPA DO HBV RESISTENTE À LAMIVUDINA (CRL) EM CO-INFECTADOS PELO HBV E HIV BRANDÃO-MELLO CE1,2, AMENDOLA PIRES MM1, GRIPP K1, MOTTA IG1 1 Ambulatório de Doenças do Fígado – HU Gaffrée e Güinle (UNIRIO) 2 HUCFF (UFRJ) Fundamentos: Com o advento da terapia HAART houve melhora na qualidade da resposta imune celular, porém, paradoxalmente, houve o desenvolvimento de formas avançadas de doença hepática crônica. O tratamento da co-infecção HBV-HIV com lamivudina produz baixa resposta virológica (10%), além da emergência de cepas resistentes (CRL) em 90% dos casos ao final de 4 anos. Para estas formas indica-se o emprego dos novos análogos núcleos(t)ídicos, como o Adefovir (ADF), Tenofovir (TDF) e Entecavir (ETV). Objetivo: Determinar a taxa de resposta virológica na semana 48 ao tratamento de resgate com TDF em co-infectados HBV-HIV com a cepa CRL. Pacientes e métodos: No período compreendido entre junho 2000 à junho de 2007 foram avaliados os dados demográficos, clínicos, sorológicos (HBeAg-anti-HBe), histológicos e de resposta virológica (HBV-DNA por PCR quantitativo) de co-infectados HBV-HIV com CRL tratados com TDF. Resultados: Foram analisados 57 pacientes, 96% do sexo masculino, com média de idade de 42.8 ± 8.5 anos, com predomínio de aquisição sexual (80%). Destes, 32 estavam em uso de lamivudina (59,3%), 16 em uso de TDF (29,6%), 6 de Entecavir (11,1%) e 3 pacientes não usavam qualquer medicação ARV nem anti-HBV. Dos 16 em uso de TDF, todos eram homens; 13 eram HBeAg (+); 4 já se apresentavam com cirrose clínica ou histológica e 3 com fibrose leve (F1-2). As médias de ALT, AST, GamaGT, Albumina, Atividade de Protrombina e Bilirrubina foram, respectivamente, de 77UI, 67UI, 93UI, 3.9g; 84% e 0,9mg. As médias de CD4 e de carga viral do HBV-DNA foram, respectivamente, de 423 céls¤mm3 e 4.1 x 108 copias¤ml. Ao final de 12 meses, 10/13 obtiveram negativação da carga viral do HBVDNA por PCR. Conclusão: 1) A cepa (CRL) do HBV caracterizou-se por formas de hepatite crônica HBeAg (+) e elevada carga viral do HBV-DNA; 2) A resposta virológica com o emprego de TDF para as cepas CRL foi acompanhada de significativa redução na carga viral do HBV-DNA tornando o TDF uma das drogas mais promissoras no tratamento de resgate das formas de hepatite crônica B resistentes a lamivudina. PO-113 (524) AVALIAÇÃO DA LESÃO HEPÁTICA EM PORTADORES DE INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE B (HBV) CURSANDO COM ALT NORMAL OU LEVEMENTE ALTERADA E NÍVEIS SÉRICOS BAIXOS DE HBV DNA FERREIRA SC, SOUZA FF, TEIXEIRA AC, CHACHA SGF, SECAF M, VILLANOVA MG, FIGUEIREDO JFC, PASSOS AD, ZUCOLOTO S, MARTINELLI ALC Divisão de Gastroenterologia do Departamento de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Introdução: O estado de portador inativo do HBV é definido pela presença do antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg) por período superior a 6 meses, níveis de ALT persistentemente normais, ausência do HBeAg, presença do anti-HBeAg, níveis baixos ou indetectáveis do HBV-DNA por reação da polimerase em cadeia e ausência ou mínima atividade inflamatória à biópsia hepática. Entretanto, o limite da carga viral do HBV associado a lesão hepática não significativa ainda não esta definido. Objetivos: Avaliar a lesão hepática em pacientes com infecção crônica pelo HBV cursando com ALT persistentemente normal e HBV DNA < 104 cópias/ml e, a relação entre o grau de S 42 lesão hepática e os níveis de HBV DNA. Material e métodos: Vinte e quatro pacientes HBsAg positivos, HBeAg negativos com ALT persistentemente normal ou levemente alterada (< 1,5xLSN - limite superior da normalidade) em dosagens seriadas e HBVDNA < 104 cópias/ml, atendidos no Ambulatório de Hepatites do HC-FMRP-USP entre 2001 e 2006, foram submetidos a biópsia hepática. Esta foi analisada considerando-se o grau de atividade necroinflamatória (escore de HAI de 0 a 18) e de fibrose (escore de 0 a 4) utilizando-se a classificação de Knodell et al. 1981, modificada por Desmet et al. 1994. O HBV DNA foi avaliado pelo método b–DNA (Bayer). Resultados: Houve predomínio do sexo masculino (75%), com média de idade de 38,3 ± 12,2 anos (16-60). Todos os pacientes apresentaram valores séricos de ALT normais ou < 1,5 LSN, com número médio de dosagens de 3 por ano, durante tempo médio de seguimento de 53 meses (3 a 130). O nível médio do HBV-DNA sérico foi de 2.774 cópias/ml (1.000 a 9.994). Vinte e dois pacientes (92%) apresentaram fibrose leve (F1) e atividade necroinflamatória mínima ou leve (HAI < 8) e apenas 2 pacientes apresentaram HAI e fibrose moderadas. A presença de esteatose foi evidenciada apenas nos casos de lesão histológica moderada. Um destes pacientes apresentou consumo de álcool superior a 40g/dia. O nível sérico de HBV DNA dos pacientes com lesão hepática moderada foi semelhante ao daqueles com lesão hepática mínima ou leve. Conclusões: Valores de HBV DNA abaixo de 104cópias/ml e ALT < 1,5xLSN foram associados à lesão hepática mínima ou leve na grande maioria dos casos sendo fidedignos para caracterizar o estado de portador inativo. Palavras Chave: Hepatite B, Portador inativo, HBV DNA, ALT. PO-114 (579) DISTRIBUIÇÃO DOS GENÓTIPOS DO VÍRUS DA HEPATITE B EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE: COMPARAÇÃO ENTRE MONOINFECTADOS PELO HBV E PORTADORES DE CO-INFECÇÃO HBV/HCV SOUZA LO, PEREZ RM, CARVALHO-FILHO RJ, MOUTINHO R, SILVA AEB, SILVA ISS, FERRAZ ML Instituto Adolfo Lutz e Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Em pacientes com insuficiência renal crônica (IRC), a prevalência dos vírus de hepatite B e C é considerada alta, em comparação com a população em geral, sendo também comum o achado de co-infecção. Diversos trabalhos afirmam que a presença de co-infecção altera a evolução da doença, posto que pode ocorrer um fenômeno de interferência viral quando ambas as infecções estão presentes em um mesmo indivíduo. A comparação entre a freqüência dos genótipos do HBV, entre pacientes com e sem co-infecção pelo HCV ainda não foi relatada em nossa população. Objetivos: Verificar se existe diferença na freqüência de genótipos do HBV em pacientes IRC, com e sem co-infecção pelo vírus C. Métodos: Foram estudados 39 pacientes com IRC, HBsAg positivos. A co-infecção foi caracterizada pela presença de anti-HCV positivo. O HBV-DNA foi isolado e, posteriormente, foi realizada a amplificação parcial do gene S por técnica de nested-PCR. Este material foi submetido a seqüenciamento para posterior genotipagem. A análise estatística foi realizada pelo programa SPSS v.10.0. Resultados: Dos 39 pacientes analisados, 33 (85%) eram do sexo masculino e 19 (49%) eram co-infectados pelo vírus C (BC). A freqüência dos genótipos foi de: genótipo D - 33 pacientes (85%), genótipo A - 4 pacientes (10%), genótipo C - 1 paciente (2,5%) e F 1 paciente (2,5%). Em análise comparativa entre pacientes monoinfectados pelo HBV e pacientes BC, a presença do genótipo A foi de, respectivamente, 10% vs. 10,5% (P = 0,99) e a presença do genótipo D foi de 85% vs. 84% (P = 0,99). Conclusões: A distribuição dos genótipos do HBV em pacientes com IRC com infecção isolada pelo HBV é semelhante à de pacientes com IRC co-infectados pelo HCV. A presença do vírus C parece, portanto, não influenciar a prevalência de algum determinado genótipo do HBV. Hepatite C PO-115 (53) RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA A INTERFERON PEGUILADO E RIBAVIRINA EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C NÃO RESPONDEDORES OU RECIDIVANTES A INTERFERON E RIBAVIRINA CHEINQUER H, CHEINQUER N, COELHO-BORGES S, ZWIRTES RF, FALAVIGNA M, WOLFF FH, DORIGON G, KRUMEL CF, NARDELLI EF, KLIEMANN D Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Porto Alegre, RS, Brasil Fundamentos: Alguns pacientes com hepatite crônica C não alcançam RVS após tratamento com interferon convencional (IFN) associado à ribavirina (RBV). O uso de interferon peguilado (PEG-IFN) com RBV pode aumentar a chance de sucesso terapêutico nesses indivíduos que apresentaram falha ao primeiro tratamento. Métodos: Foi analisada coorte de 85 pacientes com vírus da hepatite C (VHC) positivo com diagnóstico histológico de hepatite crônica C, todos compensados, com ALT elevada, que haviam sido não respondedores (NR) ou recidivantes (REC) a IFN/RBV. O RNA do VHC foi medido no soro por PCR qualitativo com limite de detecção de 50UI/mL, sendo NR definido por PCR positivo na semana 24 do tratamento e REC definido por PCR negativo ao final do tratamento (24 semanas para genótipos 2/3 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 ou 48 semanas para genótipo 1) com PCR positivo durante o seguimento. Foram excluídos pacientes que não realizaram o tratamento inicial de forma adequada. O segundo tratamento foi realizado com PEG-IFN alfa-2a (180mcg/semana) e RBV (1.000-1.250mg/dia) por 48 semanas, independente do genótipo, nos pacientes que apresentaram PCR negativo na semana 24. O estudo foi aprovado pela comissão de ética da instituição e todos pacientes assinaram consentimento informado. A análise foi realizada por intenção de tratamento. Resultados: A média de idade foi 50,6 ± 8,8 anos; 50 (58,8%) eram homens; 25 (29,4%) com genótipo 1 e 59 (72%) com fibrose F3 ou F4 Metavir (de 82 avaliados). A carga viral média foi de 3.319.000 ± 521.000UI/mL (de 39 avaliados) e a RVS foi alcançada em 29 pacientes (34,1%), sendo 10 (25,6%) dos 39 NR e 19 (41,3%) dos 46 REC. A RVS nos 39 pacientes NR com genótipo 1 vs 2/3 foi de 29,4% vs 22,7%, respectivamente (P = 0,6). Por outro lado, a RVS nos 46 pacientes REC com genótipo 1 vs 2/3 foi de 25% vs 44,7%, respectivamente (P = 0,3). Conclusões: Pacientes NR e REC a IFN/RBV, independente do genótipo do VHC, apresentaram percentual não desprezível de RVS quando retratados com PEG-IFN/RBV. O fato da maioria dos pacientes incluídos terem genótipo não-1 deveu-se, provavelmente, à elevada prevalência do genótipo 3 em nosso meio, bem como à baixa RVS obtida nesses indivíduos com o tratamento convencional fornecido pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul (Alves A.V. et al. Arq. Gastroenterol. 40: 227-232, 2003). PO-116 (55) HEPATITE C EM HEMODIÁLISE: IDENTIFICAÇÃO DE FALSOS POSITIVOS DO ANTI-VHC GALPERIM B, MATTOS AA, STEIN AT, SCHNEIDER NC, BURIOL A, FONSECA A, LUNGE V, IKUTA N Curso de Pós-Graduação em Hepatologia da FFFCMPA; Pós-Graduação de Saúde Coletiva e Simbios LaboratórioULBRA; Serviços de Gastroenterologia H.N.S. Conceição e Hospital Mãe de Deus; P. Alegre, RS, Brasil Introdução: A elevada prevalência e o potencial de transmissão da vírus da hepatite C (VHC), em pacientes de hemodiálise (HD), determinam medidas preventivas como a realização periódica do teste anti-VHC. Entretanto, taxas de falsos positivos em até 15% dos casos têm sido descritas, o que demanda exames confirmatórios nos casos positivos. O objetivo foi identificar falsos-positivos do anti-VHC, em pacientes de HD, utilizando o valor do índice sinal/cut-off (s/co) do teste como discriminador. Métodos: Durante o período de Ago/2005 a Ago/2006 325 portadores de doença renal crônica em hemodiálise, de quatro unidades distintas, representativos do total de pacientes em tratamento nesta cidade, foram prospectivamente estudados. Foi utilizado o nível crítico discriminador de 8 para o índice s/co. Foi medida a ALT e realizado o teste anti-HCV (quimioluminescência ampliada). As amostras positivas foram testadas por PCR qualitativa (limite de detecção de 200 copias/ml) em 2 ocasiões distintas. O estudo foi aprovado pelos comitês de ética das quatro instituições participantes. Resultados: Da amostra de 325 pacientes 107(33%) tinham anti-VHC reagente e 68 (21%) a PCR positiva. A comparação entre os 94 anti-VHC reagentes com índice s/co ≥ 8 com os 13 com índice < 8, mostrou respectivamente; PCR positiva em 71,2% vs 7,6% (p < 0,001), valor médio da ALT 34 ± 19 vs 24 ± 9 (p = 0,02). A sensibilidade e a especificidade do teste imunológico com índice s/co ≥ de 8 em relação a PCR foi de 98,5% e 44% respectivamente. Ressalte-se não ter sido observado nenhum caso de falso negativo. Conclusão: A demonstração de associação entre os marcadores reais de infecção com os testes reagentes e com índice s/co maior do que oito, sugerem a existência de maior freqüência falsos positivos entre os que apresentam índice menor do que oito, sendo para estes obrigatoriamente recomendado testes confirmatórios. Por outro lado, a ausência de falsos negativos dispensa a utilização de técnicas moleculares para o diagnóstico do VHC nestes pacientes. PO-117 (56) HEPATITE C EM HEMODIÁLISE: SERIAM AS DROGAS INJETÁVEIS O ATUAL VILÃO? GALPERIM B, MATTOS AA, STEIN AT, SCHNEIDER NC, BURIOL A, FONSECA A, LUNGE A, IKUTA N Curso de Pós-Graduação em Hepatologia da FFFCMPA; Pós-Graduação de Saúde Coletiva e Simbios Laboratório ULBRA; Serviços de Gastroenterologia H.N.S. Conceição e Hospital Mãe de Deus; P. Alegre, RS, Brasil Introdução: O tempo em tratamento de hemodiálise (HD) tem sido descrito como principal fator independente de risco para transmissão do VHC nestes pacientes. Entretanto, a semelhança da população geral, o uso e drogas injetáveis tem sido também identificado como fator de risco para infecção pelo VHC. O objetivo foi o de avaliar a importância do uso de drogas injetáveis como fator de risco para infecção pelo VHC em pacientes de HD. Métodos: Durante o período de Ago/2005 a Ago/2006, 325 portadores de doença renal crônica em hemodiálise, de quatro unidades distintas, representativos do total de pacientes em tratamento nesta cidade, foram prospectivamente estudados. Os pacientes responderam a instrumento estruturado para informações demográficas, fatores de risco para o VHC e tratamento. Foi medida a ALT, realizado o teste anti-HCV (quimioluminescência ampliada) e a PCR qualitativa (limite de detecção de 200 copias/ml) em todos os pacientes. O estudo foi aprovado pelos comitês de ética das quatro instituições participantes. Resultados: Da amostra de 325 pacientes, 68 (21%) tinham a PCR positiva. A comparação entre os 68 com a PCR positiva e os 257 com a PCR negativa mostrou respectivamente; tempo de HD (média/meses) (71 ± 65 vs 52,4 ± 54,6; p = 0,02), transfusão de sangue (92% vs 72%; p < 0,01), uso de droga injetável (13% vs 0,7%; GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 p < 0,01), valor médio da ALT (39 ± 19 vs 26,5 ± 25; p < 0,01). Na análise de regressão logística mostraram-se associadas independentes ao desfecho: tempo de HD maior do que 5 anos, transfusão de sangue e uso de drogas injetáveis com OR ajustados de 2,1 (1,2 a 3,8), 3,7 (1,4 a 9,5) e 22,6 (4,2 a 119,6) respectivamente. Conclusão: O tempo de tratamento em HD e ter realizado transfusões de sangue permanecem como fatores de risco independentes. Entretanto, a robusta associação entre o uso de drogas injetáveis com os marcadores reais de infecção nos levam a identificar neste comportamento um fator relevante para infecção pelo VHC em pacientes de hemodiálise atualmente. PO-118 (59) COMPARAÇÃO ENTRE A MEDIDA DE ELASTICIDADE HEPÁTICA (FIBROSCAN®) E A BIÓPSIA HEPÁTICA EM PACIENTES TRANSPLANTADOS POR CIRROSE VIRAL C FEITOSA F, RADENNE S, BIZOLLON T, OLIVEIRA A, PARANÁ R, TREPO C Hôpital de l’Hôtel-Dieu, Lyon, França e Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia Fundamentos: A biópsia hepática é considerada padrão ouro no acompanhamento de pacientes submetidos ao transplante hepático. Devido à sua não-invasividade, a medida de elasticidade hepática (Fibroscan®) vem ganhando espaço na avaliação da fibrose nestes pacientes. Nosso objetivo foi comparar os resultados do Fibroscan® com os da biópsia hepática em pacientes transplantados por cirrose viral C. Métodos: Todos os pacientes pós-transplantados por cirrose viral C que tiveram uma visita médica no hospital Hôtel-Dieu em 2006 foram convidados a participar do estudo. 38 pacientes (27 homens), entre 44 e 75 anos (média 58,3) foram incluídos no estudo. Foram avaliados o tempo entre a biópsia e o transplante e entre a biópsia e o Fibroscan®. Os resultados do Fibroscan® foram convertidos em escore Metavir (utilizando-se valores já validados1) e comparados aos resultados das biópsias. Resultados: 15 pacientes (39%) tiveram fibrose inferior à F2 na biópsia hepática e 3 (8%) foram F4. Para o Fibroscan®, esses valores foram 16 (42%) e 9 (24%). A média do intervalo entre o transplante e a biópsia foi de 76,8 meses (3-172) e de 3,2, entre a biópsia e o Fibroscan® (0-9). A concordância observada entre os métodos foi de 0,71 (27 pacientes) e a concordância esperada, 0,51. A sensibilidade do Fibroscan® foi de 0,76 (IC = 0,58-0,94) e a especificidade, 0,65 (IC = 0,53-0,76) com valores preditivos positivo e negativo de 0,72 e 0,65. A prevalência e a prevalência corrigida foram de 0,55 e 0,57. As razões de verossimilhança positivo e negativo foram calculados em 2,2 e 0,37. O intermethods riliability mostrou um índice kappa de 0,41 (IC = 0,09-0,73; significância estatística > 0,5). Conclusões: Nossos resultados não mostraram correlação entre o Fibroscan® e a biópsia hepática nestes pacientes. Esta discordância pode ser devida à alta proporção de casos com fibrose leve o que indica a necessidade de validação específica dos valores do escore Metavir com as medidas do Fibroscan no contexto da transplantação, indicando novos estudos. 1. Ziol M, Handra-Luca A, Kettaneh A, Christidis C, Mal F, Kazemi F, de Lédinghen V, Marcellin P, Dhumeaux D, Trinchet JC, Beaugrand M. Noninvasive assessment of liver fibrosis by measurement of stiffness in patients with chronic hepatitis C. Hepatology. 2005 Jan;41(1):48-54. PO-119 (62) ASPECTOS GEOGRÁFICOS E DEMOGRÁFICOS DOS GENÓTIPOS DO VÍRUS DA HEPATITE C EM MACEIÓ/ALAGOAS WYSZOMIRSKA RMAF, ALMEIDA JÚNIOR ED, BARBOSA LFM, SANTOS LL, LOUREIRO LVM, MONTENEGRO NCF, BISNETO MGB, ALMEIDA TC, OLIVEIRA TS Departamento de Clínica Médica/HUPAA/Universidade Federal de Alagoas. Apoio: FAPEAL e Roche Fundamentos: A hepatite C é um importante problema de saúde pública no mundo, sendo a transmissão por hemoderivados um importante elo na cadeia epidemiológica. A identificação dos genótipos de vírus da hepatite C tem papel importante na avaliação da reposta terapêutica e no prognóstico da doença. Objetivos: Avaliar associações entre os genótipos e características geográficas e demográficas em doadores de sangue. Metodologia: Doadores dos Centros de Hemoterapia (CHT) da cidade de Maceió/AL no ano de 2003, com sorologia positiva para VHC foram convocadas, a fim de obter dados demográficos e amostra para genotipagem do VHC. Resultados: Dos 32.472 doadores estudados, 303 apresentaram positividade para VHC. Destes, 111 compareceram à convocação e realizaram coleta de amostra para detecção do VHC-RNA pelo método do PCR, tendo sido observado positividade em 14 (12,61%) indivíduos, com idade média de 47,71 ± 7,84 anos, maioria do sexo masculino. A análise dos genótipos mostrou genótipo 1 em 64,3%, sendo 57,1% do subtipo 1b, 28% de 3a, 7% de 1a e 7% de 2b. O genótipo 3 foi observado em 28,6% e genótipo 2 em 7,1% dos indivíduos. A distribuição dos genótipos não foi diferente entre os gêneros e os grupos etários (p > 0,05). O bairro do Tabuleiro na cidade de Maceió apresentou a maioria (26,67%) dos infectados. Conclusão: A prevalência dos genótipos identificados está em concordância com estudos anteriores realizados entre doadores de outros estados da região do Nordeste, sendo mais prevalentes os genótipos 1 e 3. Não foram identificados doadores de sangue infectados pelo VHC fora dos limites da região metropolitana de Maceió, considerando que a capital sedia a maior parte dos CHT. Fato marcante observado é a concentração de cerca de 30% dos infectados em um único bairro da cidade de Maceió. S 43 PO-120 (106) PO-122 (117) AUSÊNCIA DE ASSOCIAÇÃO ENTRE HEPATITE C E DIABETES MELLITUS TIPO 2 EM UM ESTUDO TIPO CASO-CONTROLE NO CENTROOESTE BRASILEIRO INFLUÊNCIA DA ESTEATO-HEPATITE NÃO ALCOÓLICA NA RESPOSTA AO TRATAMENTO DA HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS C COM INTERFERON PEGUILADO E RIBAVIRINA CORRÊA DA COSTA LMF, MUSSI ADH, BRIANEZE M, SOUTO FJD ANDRADE AR, SALES B, ALMEIDA CA, NACHEF B, BRANDÃO CA, ALMEIDA A, FERNANDES R, SIQUEIRA AC, FREITAS AL, COTRIM HP Universidade Federal de Mato Grosso, MT Laboratório, Cuiabá Fundamentos: Para avaliar o papel do vírus da hepatite C (VHC) na gênese do diabetes mellitus tipo 2, foi realizado estudo caso-controle comparando a freqüência de marcadores de VHC entre pacientes diabéticos com pacientes sem diabetes ou intolerância à glicose. Métodos: Os casos foram pacientes ambulatoriais de um hospital universitário do Centro-Oeste brasileiro, recrutados entre abril e outubro de 2005. Os controles, na razão de 1:1 foram selecionados no mesmo hospital, e pareados por sexo e idade. Já ter recebido diagnóstico de diabetes ou de intolerância à glicose foi critério de exclusão para o grupo de controles. Os candidatos a controle tinham que ter duas glicemias de jejum recentes com glicose plasmática < 100mg/ dL. Pacientes de ambos os grupos foram analisados para infecção pelo VHC, através de ensaio imunoenzimático (ELISA). Reação em cadeia de polimerase (PCR) e immunoblot foram utilizados para confirmação. Resultados: Foram formados dois grupos com 206 indivíduos cada. A maioria era do sexo feminino (> 70%) e a média de idade foi de 55 anos. Os grupos eram comparáveis, porém, o grupo de diabéticos tinha maior média de peso (p < 0,00001), assim como de índice de massa corpórea (p < 0,00001), e mais indivíduos com baixa renda (p < 0,001). A prevalência confirmada de anti-VHC no grupo de diabéticos foi de 3/206 (1,4%), que foi igual à do grupo controle (1% e 2%, considerando-se como negativos ou positivos os pacientes com immunoblot indeterminado, respectivamente). Os grupos só diferiram quanto ao diabetes e algumas variáveis sabidamente mais comuns nos diabéticos (peso, IMC, cor negra, renda e escolaridade). A freqüência da infecção pelo vírus da hepatite C encontrada no grupo de portadores de diabetes mellitus tipo 2 foi de 1,4%. Enquanto nos não-diabéticos e sem-intolerância à glicose, foi de 1% a 2% (quando computados aqueles com immunoblot indeterminado). Não houve associação entre presença do anti-VHC e diabetes do tipo 2. Dado que sugere não ser vantajoso rastrear infecção pelo VHC em diabéticos. Conclusão: Este estudo não demonstrou evidência do papel da infecção pelo VHC como um fator etiológico relevante entre pacientes diabéticos, não permitindo recomendar o rastreamento do VHC nesse grupo. PO-121 (110) ASSOCIAÇÃO ENTRE MARCADORES INFLAMATÓRIOS SOLÚVEIS E RESPOSTA AO TRATAMENTO COM INTERFERON E RIBAVIRINA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA MOURA AS, CARMO RA, TEIXEIRA JUNIOR AL, MORAVIA LB, SALIBA R, ROCHA MOC Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Infectologia e Medicina Tropical – da Faculdade de Medicina da UFMG – Belo Horizonte Introdução: A ação do interferon e da ribavirina em pacientes com hepatite C crônica depende fundamentalmente da ação imunomodulatória desses medicamentos. Assim, o padrão de resposta inflamatória do paciente pré-tratamento pode interferir com a taxa de resposta. Esse padrão pode ser avaliado através da dosagem sérica de quimiocinas, subgrupo de citocinas responsável pelo recrutamento de leucócitos, e dos receptores solúveis do fator de necrose tumoral (sTNF-R1 e sTNF-R2), modulador da ação desse fator. Objetivo: Investigar a associação entre os níveis séricos de quimiocinas e de receptores solúveis de TNF e resposta ao tratamento com interferon e ribavirina em pacientes com hepatite C crônica. Material e métodos: Foram incluídos pacientes com hepatite C crônica, monoinfectados, sem comorbidades hepáticas, submetidos a primeiro tratamento no Ambulatório de Referência em Hepatites Virais do CTR-Orestes Diniz. Foram analisadas as respostas virológicas em 12 semanas (RVP), ao final (RVF) e 24 semanas pós-tratamento (RVS) de pacientes com hepatite C crônica tratados com interferon convencional e ribavirina por 24 semanas (pacientes com genótipos 2 ou 3), ou com interferon peguilado e ribavirina por 48 semanas (pacientes com genótipo 1). A RVP foi analisada apenas em pacientes com genótipo 1. Os níveis séricos de quimiocinas (eotaxina, IP-10, MCP-1, MIG, MIP1-alfa) e de sTNFR1 e R2 foram dosados, em amostras pré-tratamento, utilizando-se técnica de ELISA. Resultados: Dos 53 pacientes incluídos no estudo, 29 pacientes concluíram o tratamento até o momento. Destes, 62% eram do sexo masculino, a média de idade era de 46,5 anos, 66% eram genótipo 1 e 24% tinham cirrose. Em pacientes com genótipo 1, RVP foi alcançada em 68%, RVF em 45% e RVS em 37% dos casos. Em pacientes com genótipos 2 e 3, a RVF foi alcançada em 67% e RVS em 38% dos casos. Níveis séricos de sTNF-R1 mais elevados estiveram associados a uma maior taxa de RVS (mediana 1140 x 927pg/ml; p = 0,02). Não houve associação entre sTNF-R1 ou R2 com RVP ou RVF. As quimiocinas analisadas não demonstraram associação com resposta ao tratamento. Conclusão: Níveis séricos de sTNF-R1 estiveram associados com resposta sustentada ao tratamento com interferon e ribavirina em pacientes com hepatite C crônica, podendo refletir um padrão de resposta inflamatória mais favorável ao tratamento naqueles com níveis séricos mais elevados desse receptor. S 44 Faculdade de Medicina – Universidade Federal da Bahia Fundamentos: A idade, gênero, genótipo, intensidade da fibrose e sobrecarga de ferro são considerados fatores que podem influenciar na resposta terapêutica dos pacientes com hepatite crônica pelo vírus C (HCC). Entretanto, a importância da esteatose e esteato-hepatite não alcoólica (EHNA) na resposta ao tratamento tem sido discutida. Objetivo: Avaliar a influência da EHNA na resposta ao tratamento da HCC com interferon peguilado (INF-P) e ribavirina (RB). Métodos: Estudo de casocontrole envolvendo pacientes com diagnóstico clínico, sorológico e histológico de HCC tratados com INF-P 2b (PegINTRON) e RB entre 2003-2007. Excluídos casos de co-infecção HCV-HIV, ingestão etílica ≥ 140g/semana e casos que não completaram o tratamento. Considerou-se caso o paciente sem resposta inicial ao tratamento (n = 74) e controles os pacientes respondedores (n = 116). Utilizou-se análise multivariada para avaliar fatores de risco associados à falha inicial ao tratamento. Resultados: Foram avaliados 190 pacientes genótipo 1 e destes 61,1% (116) responderam ao tratamento. A média de idade entre os respondedores de 49,0 ± 9,4 anos e nãorespondedores de 51,8 ± 9,0 (p = 0,048). A taxa de resposta foi inferior entre os pacientes com esteatose, mas sem significância estatística (67,6% x 56,9%; p = 0,141). Os pacientes com EHNA apresentaram taxas menores de resposta ao tratamento do que aqueles sem EHNA (31,3% x 67,1%; p < 0,001). Os pacientes com EHNA não diferiram com relação aos demais quanto à presença de hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes, níveis de glicemia, idade e IMC (p > 0,05). Observouse pior resposta ao tratamento em casos com graus mais avançados de fibrose (taxa de resposta: F0 = 100%; F1 = 87,5%; F2 = 64,4%; F3 = 57,1%; F4 = 44,1%; p = 0,008), e sobrecarga de ferro (40,6% x 65,2%, p = 0,009). A análise multivariada demonstrou que EHNA (OR = 4,057; 95% IC = 1,731–9,512; p = 0,001), sobrecarga de ferro (OR = 2,377; 95% IC = 1,038–5,444; p = 0,041) e fibrose ≥ F2 (OR = 4,642; 95% IC = 1,303–16,543; p = 0,018) foram fatores independentemente associados à não-resposta ao tratamento. Conclusões: Resposta inicial ao tratamento com interferon peguilado 2b foi significante; EHNA estava associada a menores taxas de resposta ao tratamento; a EHNA demonstrada na maioria dos casos, todos genótipo 1, não estava associada a fatores de risco conhecidos para doença hepática gordurosa não-alcoólica (hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes, obesidade). Estudos para avaliar resposta sustentada foram iniciados. PO-123 (125) PREVALÊNCIA DA GENOTIPAGEM DO HCV EM PORTADORES DE HEPATITE C, CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS E FORMA DE TRANSMISSÃO WATANABE APF, LOPES TP, YUNES A, PACHECO F, JACOPUCCI F Universidade de Taubaté Fundamentos: Os genótipos do HCV estão subdivididos em mais de 50 subtipos. Cada subtipo tem características próprias de agressividade e resposta ao tratamento. Não foi descrita a prevalência e sorotipos predominantes na região do Vale do Paraíba. Objetivos: Determinar a prevalência, epidemiologia e freqüência da genotipagem do HCV nos pacientes de uma cidade do Vale do Paraíba. Avaliar se a prevalência do genótipo está relacionada com a possível forma de contágio e comparar as características epidemiológicas entre pacientes portadores da infecção pelo HCV e os portadores de co-infecção HCV/HIV. Métodos: Estudo transversal. Foram avaliados pacientes entre 18 e 70 anos de idade, atendidos de forma consecutiva no Ambulatório de Hepatites da Policlínica da Prefeitura de Taubaté, durante o período de um ano. Resultados: A amostra foi de 65 pacientes, sendo 69,2% do sexo masculino. A média de idade foi de 45 ± 10 anos. A co-infecção HIV/HCV foi observada em 16,9%. O genótipo 1 foi o mais prevalente, observado em 63,0%, seguido do tipo 3 que correspondeu a 35,4%. Apenas um (1,5%) paciente apresentou o subtipo 5a. As possíveis formas de contágio, como tatuagem, uso de drogas injetáveis e transfusão sanguínea, não estiveram associadas a um genótipo específico. Em relação às características epidemiológicas como sexo, idade, uso de drogas injetáveis, não foram estatisticamente significativas quando se comparou pacientes mono-infectados (HCV) e co-infectados (HCV/HIV), apenas a transfusão sanguínea esteve mais associada com a co-infecção, já que todos os pacientes co-infectados tinham história de transfusão. Conclusão: Houve maior prevalência do sexo masculino com idade de 45 ± 10 anos. A prevalência do genótipo do HCV não está relacionada com as formas de contágio. A transfusão sanguínea esteve mais associada com a coinfecção, já que todos os pacientes co-infectados tinham história de transfusão. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-124 (129) ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA E ECONÔMICA DE DOIS ANOS DE EXPERIÊNCIA NO 1O PÓLO DE TRATAMENTO ASSISTIDO E COMPARTILHADO DE HEPATITE C NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO GDALEVICI C, PINTO AMM, THULER LCS Hospital Central do IASERJ da SES-RJ Fundamento: A infecção crônica pelo vírus da hepatite C é reconhecida como um problema global de saúde pública. Estima-se que atualmente 3% da população mundial encontra-se infectada, atingindo 170 a 200 milhões de portadores do vírus C de hepatite. A prevalência no Brasil é muito variável conforme a região estudada, e baseado em informações de hemocentros da região Sudeste a prevalência entre pré-doadores de sangue foi de 1,42%. A terapêutica mais eficaz atualmente para esta doença é a combinação de interferon peguilado e ribavirina, e este esquema encontra-se disponível também em pólos de aplicação assistida mantidos pelos órgãos de saúde no Brasil. Objetivo: Definir o perfil epidemiológico dos pacientes em tratamento com interferon peguilado alfa-2b e ribavirina no pólo de tratamento assistido e compartilhado do Hospital Central do IASERJ do Rio de Janeiro, e estimar a economia com o compartilhamento da medicação. Método: Foram analisados 107 pacientes assistidos no período de janeiro de 2005 a fevereiro de 2007. Análise dos dados foi feita através do programa Epi-Info. Resultados: Dos indivíduos estudados 54 (50,9%) eram do sexo feminino, com idade média de 51,0 (17 a 72 anos). Apresentavam os seguintes fatores de risco: transfusão - 46 casos (53,5%); cirurgia prévia - 59 casos (55,1%); uso de droga ilícita - 11 casos (10,6%); abuso de álcool 10 casos (9,6%); acidente pérfuro-cortante 2 casos (1,9%); acidente de carro e queimadura - 2 casos (2,8%). 2 pacientes (2%) apresentavam co-infecção HIV/HCV. Num período de 25 meses a farmacoeconomia foi equivalente a 470 ampolas de interferon peguilado alfa 2b de 120 microgramas (média de 4,4 ampolas/paciente). Apenas 2 pacientes abandonaram o tratamento. Conclusão: O pólo de tratamento assistido e compartilhado é um método de tratamento eficiente, com pequena taxa de abandono e que também proporciona economia de recursos públicos. PO-125 (130) AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS PACIENTES EM ACOMPANHAMENTO NO PÓLO DE TRATAMENTO ASSISTIDO E COMPARTILHADO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO GDALEVICI C, PINTO AMM, THULER LCS Hospital Central do IASERJ da SES-RJ Fundamento: Poucas são os estudos que tratam da satisfação dos pacientes portadores de hepatite crônica C que se submetem ao tratamento em pólos de tratamento assistido. Em São Paulo, Ruiz e Zylbergeld publicaram um trabalho em 2004 na Revista Brasileira de Medicina que avaliou este assunto e concluiu que a grande maioria dos pacientes (87,3%) sentia-se satisfeita com o tratamento em pólo de aplicação assistida e compartilhada, e apenas 5% dos pacientes responderam que gostariam de aplicar a medicação em casa. Os aspectos positivos apontados foram a aplicação do interferon peguilado por enfermeiros treinados, o armazenamento correto da medicação e principalmente a troca de experiências em portadores da mesma doença, o que estimularia a aderência ao tratamento, apesar dos efeitos adversos da terapia. Objetivo: Avaliar o grau de satisfação dos pacientes em atendimento no pólo de tratamento assistido e compartilhado do Hospital Central do IASERJ no Estado do Rio de Janeiro. Método: Foram aplicados questionários individuais e anônimos que indagavam sobre a qualidade do atendimento prestado e foram respondidos por 19 pacientes em tratamento. Resultados: Onze pacientes (61,1%) consideraram ótimo e 7 (38,9%) avaliaram como bom o fato de serem encaminhados para tratamento em um pólo assistido. A primeira impressão da área física foi boa ou ótima por 17 pacientes (89,4%). Avaliação do atendimento administrativo, médico, farmacêutico e de enfermagem foi considerado ótimo ou bom por 100%, 94,7%, 100% e 100% dos pacientes respectivamente. Conclusão: Os resultados da pesquisa confirmaram que o grau de satisfação é bastante elevado entre pacientes que são acompanhados em pólo de tratamento assistido e compartilhado. PO-126 (151) BAIXA RENDA E USO DE NAVALHA EM BARBEARIA SÃO FATORES DE RISCO PARA AQUISIÇÃO DE HEPATITE C FONSECA LMR, BISIO APM, NEIVA R, FALCÃO FP, CARVALHO CS, DINIZ NETO JA, DOMINICI AJ, FERREIRA ASP Núcleo de Estudos do Fígado – HU-UFMA – São Luis, MA Fundamentos: Por ocasião da doação de sangue detectam-se muitos portadores do vírus da hepatite C (HCV). Este estudo teve os objetivos de determinar a prevalência do anticorpo para o HCV (anti-HCV) em doadores voluntários de sangue no Hemocentro de São Luis (HEMOMAR) e Identificar fatores de risco associados. Métodos: Estudo do tipo caso-controle, com casos positivos para o anti-HCV. Controles foram selecionados entre doadores do mesmo dia com anti-HCV negativo, pareados por sexo e idade, na proporção de 1:1. Foram avaliadas as diferenças entre casos e controles, em relação a fatores de risco associados à aquisição do HCV. Foi utilizado o teste do Qui-quadrado ou Exato de Fisher, quando recomendados. Uma análise de GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 regressão logística identificou fatores independentemente associados com a presença do anti-HCV. Resultados: Durante o ano de 2004 houve 28.599 doadores, sendo detectados 110 casos com anti-HCV positivo, configurando uma prevalência de 0,38%. Vinte e sete pacientes não compareceram à entrevista e foram excluídos. O estudo foi completado com 83 casos e 83 controles. As seguintes variáveis apresentaram associação (P < 0,010) com o anti-HCV, na análise bivariada: ter cor parda ou negra (P = 0,02), baixa escolaridade (P = 0,001), renda inferior a dois salários mínimos (P = 0,001), falta de saneamento básico (P = 0,08) uso de drogas ilícitas (P = 0,06), transfusão de sangue (P = 0,003), uso de navalha em barbearia (P = 0,08) e história de detenção em instituição penal (P = 0,08). Após análise de regressão logística, permaneceram como fatores independentemente associados: baixa renda OR = 5,041 (IC95%: 1,485 – 17,113; P < 0,001), transfusão de sangue OR = 12,100 (IC95%: 1,452 – 21,837; P = 0,02) e uso de navalha em barbearia OR = 2,687 (IC95%: 1,001 – 7,214; P = 0,04). Conclusão: Este estudo mostrou uma baixa taxa de prevalência do anti-HCV entre doadores voluntários de sangue. Entre os fatores independentemente associados à presença do anti-HCV, observou-se baixa renda, o que pode significar falta de acesso a serviços adequados de saúde. O uso de navalhas em barbearia, hábito ainda atual no nosso meio pode estar se constituindo em um mecanismo de disseminação desta infecção. PO-127 (152) SOROCONVERSÃO DO ANTI-HCV EM DOADORES HABITUAIS DE SANGUE FERREIRA ASP, FONSECA LMR, DOMINICI AJ, FALCÃO FP, NEIVA R, SILVA EA, LUCENA EA, CARVALHO CS F, DINIZ NETO JA, BISIO APM Núcleo de Estudos do Fígado – HU-UFMA – São Luis – MA Fundamentos: Muitos doadores de sangue têm o hábito de o fazerem periodicamente. Este estudo teve o objetivo de Identificar indivíduos com o anti-HCV positivo e que tivessem uma doação anterior com este teste negativo, entre doadores voluntários de sangue no Hemocentro de São Luis (HEMOMAR) e identificar possíveis fatores de risco para contaminação. Métodos: Estudo do tipo caso-controle, com casos positivos para o anti-HCV (que tinham este exame negativo em doação anterior). Controles selecionados entre doadores com anti-HCV negativo e que também tinham exame negativo em uma doação anterior, pareados por sexo e idade na proporção de 1:1. Todos os pacientes com anti-HCV positivo foram submetidos à realização do HCV-RNA por PCR qualitativo. Foram avaliadas as diferenças entre casos e controles, em relação a fatores de risco associados à aquisição do HCV. As seguintes variáveis foram comparadas, tanto para todos os todos os indivíduos com anti-anti-HCV positivo, quanto apenas para aqueles com HCV-RNA positivo: cor parda ou negra versus branca, baixa e alta escolaridade, renda superior ou inferior a dois salários mínimos, uso de drogas ilícitas, transfusão de sangue, presença de tatuagens, uso de navalha em barbearia, tratamento dentário, história de cirurgia, realização de endoscopia digestiva, promiscuidade sexual, prática de compartilhar alicates e barbeadores e história de detenção em instituição penal. Foi utilizado o teste do Qui-quadrado ou Exato de Fisher, quando recomendados. Resultados: Em 2004 houve 28.599 doadores sendo detectados 26 casos com anti-HCV positivo e que tinham anti-HCV negativo em doação anterior realizada entre 2001 e 2004. Nove indivíduos não compareceram à entrevista e foram excluídos. O estudo foi então, realizado com 17 casos e 17 controles. A média de idade foi de 28 anos, o tempo médio entre as doações foi de 12,8 meses. Apenas quatro apresentaram o HCV-RNA positivo. Quando comparados os fatores de risco para aquisição da infecção, entre casos e controles, não se encontraram associações estatisticamente significantes. Conclusão: Este estudo permitiu verificar que tem havido novas infecções pelo vírus da hepatite C na comunidade, com mecanismos indeterminados de transmissão. PO-128 (153) HEPATITE AGUDA PELO VÍRUS DA HEPATITE C: DIFERENTES FORMAS DE APRESENTAÇÃO E EVOLUÇÃO FERREIRA ASP, DOMINICI AJ, BISIO APM, MELO IC, CARVALHO CSF, DINIZ NETO JA, SOUZA MT, POLARY CMM, ANDRADE HP, SOUSA MT Núcleo de Estudos do Fígado – HU-UFMA – São Luis (MA) Fundamentos: Este estudo teve o objetivo de descrever as apresentações e evoluções dos casos de hepatite aguda C acompanhados no Núcleo de Estudos do Fígado do HU-UFMA. Métodos: Resgataram-se os dados de prontuários de pacientes atendidos neste ambulatório especializado, entre 2001 e 2007 com diagnóstico de hepatite aguda por HCV. Resultados: Foram identificados 12 casos de hepatite aguda pelo HCV. O diagnóstico foi definido pela presença do anti-HCV em casos de hepatite aguda onde foram afastadas outras causas e havia fator de risco parenteral. Apenas dois casos apresentaram-se com anti-HCV negativos inicialmente que logo após tornaram-se positivos. Dois eram portadores de insuficiência renal crônica (IRC) em diálise e não apresentaram manifestações clínicas, os outros estavam ictéricos. A média de idade foi de 40 anos, sete (60%) eram homens. Os mecanismos de contaminação foram procedimentos hospitalares em todos eles: dois faziam hemodiálise, sete foram submetidos à cirurgia, um havia sido submetido à polipectomia endoscópica, um havia sido internado para tratamento de erisipela e um foi submetido à transfusão de sangue. Todos apresentaram pico de ALT maior que 10 vezes o limite S 45 superior da normalidade com média de 33 vezes. Três pacientes (25%) já apresentaram HCV-RNA negativos na fase de apresentação e assim permaneceram por 12 meses de acompanhamento, o anti-HCV por imunoblot foi positivo em todos eles, configurando-se clareamento espontâneo da infecção. Os dois pacientes portadores de IRC foram tratados com Interferon (IFN) peguilado alfa-2a 180µg/semana por 24 semanas e tiveram resposta virológica sustentada (RVS). Três foram submetidos a tratamento com IFN convencional 5 MUI/dia por 4 semanas seguidos por 5 MUI 3x semana por mais 20 semanas e todos tiveram RVS, dois foram tratados com IFN convencional e ribavirina por 48 semanas e apenas um teve RVS, um foi tratado com Peg-IFN alfa 2a 180µg/sem e ribavirina por 24 semanas com RVS, um paciente não foi submetido a tratamento por contra-indicação ao IFN e um paciente ainda está em tratamento. Conclusões: Hepatite aguda pelo HCV pode ter apresentação semelhante a outras hepatites virais e sempre deve estar entre as suspeitas diagnósticas. PO-129 (155) TRATAMENTO DE HEPATITE CRÔNICA C EM SERVIÇO PÚBLICO: EFICÁCIA E FATORES PREDITIVOS DE RESPOSTA SOUZA PT, CAMPOS DC, CARVALHO CSF, DINIZ-NETO JA, PINHO TR, BISIO APM, POLARY CMM, RAMOS VP, DOMINICI AJ, FERREIRA ASP Núcleo de Estudos do Fígado – HU-UFMA – São Luis-MA Fundamentos: Este estudo teve como objetivos avaliar os resultados da terapia antiviral específica contra a hepatite C crônica em uma amostra de pacientes atendidos em um hospital público, bem como a identificação de fatores associados à resposta favorável. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo, através do resgate de dados relativos a pacientes com hepatite C no período de janeiro de 2003 a janeiro de 2006. Foram avaliados idade, sexo, estádio de fibrose hepática, níveis de ALT, GGT e HCV-RNA antes do início do tratamento, genótipo do HCV, esquema terapêutico, realização de tratamento anterior, resposta virológica precoce na 12a semana (RVP) para o genótipo 1 e resposta virológica sustentada (RVS). Resultados: Foram avaliados 68 pacientes, que apresentavam registro de todos os dados necessários, a maioria eram homens (58%), com média de idade de 53 ± 9 anos, estavam infectados com genótipo 1(62%), apresentavam graus de fibrose hepática maiores ou iguais a F2 (75%) e foram tratados com Interferon peguilado (80%). Observou-se RVS em 53% dos pacientes, sendo ela associada, em comparação bivariada, a fibrose menos avançada, genótipos não-1, sexo feminino e concentrações séricas reduzidas de ALT e GGT. Não houve associação com carga viral. Observou-se associação independente, após análise de regressão logística multivariada, entre RVS com fibrose menos avançada e genótipo não-1 (2 e 3). A ausência de RVP apresentou valor preditivo negativo igual a 90% para RVS. Quando se compararam os resultados apenas para pacientes com genótipo não 1 (n = 26), tratados com Interferon convencional (n = 14) ou peguilado (n = 12), observou-se que a taxa de RVS com interferon peguilado foi de 90%, sendo que com o tipo convencional esta foi de apenas 50%. Conclusão: As taxas RVS em pacientes tratados neste serviço público foram semelhantes às relatadas na literatura. A falta de associação com carga viral pode ser explicada pela realização deste exame por laboratórios e técnicas diferentes, fazendo as comparações pouco confiáveis. As taxas mais baixas de RVS para genótipo não 1 com IFN convencional devem ser avaliadas com cautela no nosso país. PO-130 (160) ALTERAÇÕES TIREOIDEANAS INDUZIDAS PELO INTERFERON PEGUILADO (PEG-IFN) EM PACIENTES COM INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C CHINDAMO MC, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, STERN C, BRANDÃO-MELO CE, NABUCO LC, SEGADASSOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: O tratamento com interferon é capaz de induzir o desenvolvimento de disfunção tireoideana em pacientes com hepatite crônica C. A freqüência e os fatores relacionados a estas alterações entretanto, não estão plenamente estabelecidas. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência e fatores associados à disfunção tireoideana induzida pelo PEG-IFN, em portadores de infecção pelo vírus C. Métodos: Foram incluídos portadores de hepatite C, virgens de tratamento, submetidos a tratamento com PEG-IFN e RBV. Todos os pcs realizaram avaliação da função tireoideana e anti-TPO, antes e durante o tratamento. Foi realizada análise comparativa entre os pcs que desenvolveram disfunção tireoideana e os que não desenvolveram. Resultados: Foram incluídos 196 pcs, 56% do sexo feminino, com média de idade de 50 ± 12 anos (19-75 anos). A distribuição do genótipo foi: 1a em 20%, 1b em 66%, 3 em 13% e 4 em 1%. Cirrose hepática estava presente em 30% dos casos. A prevalência de hipotireoidismo pré-tratamento foi de 6,1%. O anticorpo anti-TPO estava presente em 21 pcs (10,7%). Durante o uso de PEG-IFN 15% dos pcs apresentaram alguma forma de disfunção tireoideana: 4% redução do TSH, 6% elevação do TSH e 5% redução transitória seguida de elevação do TSH. A mediana do tempo para alteração do TSH foi de 4 meses. Não houve associação entre a presença de anti-TPO positivo pré-tratamento e disfunção tireoideana (p = 0,38). Entre os pcs com anti-TPO pré-tratamento negativo, 13% apresentaram positivação do anticorpo durante o tratamento, e destes, 53% desenvolveram disfunção tireoideana. Na S 46 análise comparativa observou-se que entre os pcs que apresentaram disfunção tireoideana, havia maior proporção do sexo feminino (83% vs. 52%, p = 0,002) e genótipo não 1 (45% vs. 16%, p = 0,007), e menor proporção de cirrose (10% vs. 34%, p = 0,031). Entre 14 mulheres com genótipo não 1 observou-se aparecimento de disfunção tireoideana em 6 (43%) dos casos. Conclusão: A prevalência de alterações tireoideanas induzidas pelo PEG-IFN foi elevada, e associou-se ao sexo feminino e genótipo não 1, o que ressalta a importância da monitorização da função tireoideana sobretudo neste grupo específico de pacientes. PO-131 (161) ANEMIA INDUZIDA PELA TERAPIA COMBINADA DE INTERFERON PEGUILADO (PEG-IFN) E RIBAVIRINA (RBV) EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA CHINDAMO MC, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, LEITE NC, NABUCO LC, BRANDÃO-MELLO CE, SEGADASSOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A terapia combinada de PEG-IFN e RBV para o tratamento da hepatite C está associada ao desenvolvimento de anemia hemolítica. O objetivo deste estudo foi avaliar a freqüência, magnitude e fatores de risco para anemia induzida pelo uso de PEG-INF + RBV e seu impacto RVS. Metodologia: Foram incluídos 291 pcs tratados com PEG-IFN α2b (1,5µg/kg/semana) e RBV (750 a 1250mg/ dia) por 48 semanas. Foram realizados hemogramas nos meses 1, 2, 3, 6, 9, 12 de tratamento. Foi avaliada a freqüência e o momento da redução da Hb para níveis inferiores a 10g/dL e 8,5g/dL, e a ocorrência de queda de Hb ≥ 2g/dL em relação a Hb pré-tratamento. Resultados: A média de idade foi de 49 ± 11 (16-75) anos e 51% eram do sexo feminino. Queda dos níveis de Hb foi observada em 99% dos pcs. A redução média da Hb foi de 2,9g/dL e a mediana do tempo para o paciente atingir o menor valor de Hb foi de 3 meses. Houve queda de Hb < 2g/dL em 24% dos pcs, entre 2 e 3,9g/dL em 55% e > 4g/dL em 21%. Durante o tratamento 44 pcs (15%) apresentaram redução da Hb para níveis < 10g/dL e destes, 9 (3% do total) apresentaram redução da Hb para níveis < 8,5g/dL. A mediana do tempo para atingir o menor nível de Hb entre pcs que apresentaram Hb < 10g/dL foi de 6 meses e entre os que atingiram Hb < 8,5g/dL foi de 9 meses. Na análise comparativa, observou-se que pcs com queda de Hb para níveis < 10g/dL, apresentavam maior prevalência do sexo feminino (80% vs. 46%, p < 0,001), idade mais avançada (55 ± 11 vs. 48 ± 11, p < 0,001) e níveis mais baixos de Hb pré-tratamento (13,5 ± 1,2 vs. 14,2 ± 1,3, p < 0,001). Não houve diferença entre os grupos quanto ao IMC (p = 0,78), níveis de ferritina pré-tratamento (p = 0,53), presença de cirrose (p = 0,34) e taxa de RVS (p = 0,94). Houve necessidade de redução da dose de RBV em 84 pcs (29%) e suspensão do tratamento em 5 pcs (2%). Não houve diferença na RVS entre os pcs com e sem necessidade de redução de dose de RBV (47% vs 50%, p = 0,64). Conclusão: Hemólise durante o tratamento com PEG-IFN e RBV é um evento muito freqüente, com queda média dos níveis de Hb de 2,9g/dL. Monitorização cuidadosa dos níveis de Hb é necessária sobretudo em pacientes mais idosos e do sexo feminino. PO-132 (163) É POSSÍVEL UTILIZAR INTERFERON PEGUILADO NO TRATAMENTO DE PORTADORES DE HEPATITE C COM CONTAGEM DE PLAQUETAS < 75.000/MM3? CHINDAMO MC, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, LEITE NC, STERN C, BRANDÃO-MELO CE, NABUCO LC, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Muitos pacientes com hepatite C e doença hepática avançada têm o tratamento contra-indicado pelos níveis de plaquetas, uma vez que a Portaria 863 de 2002 do Ministério de Saúde estabelece como critério para utilização do interferon peguilado (PEG-IFN), contagem de plaquetas acima de 75.000/mm3 para portadores de cirrose hepática. Para que novos critérios sejam estabelecidos, são necessárias mais informações sobre a segurança da utilização deste tratamento em pcs plaquetopênicos. O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento da contagem de plaquetas durante o tratamento com PEG-IFN associado à ribavirina (RBV) em portadores de hepatite C com plaquetopenia. Metodologia: Foram estudados portadores de hepatite C, com contagem inicial de plaquetas < 75.000/mm3, submetidos a tratamento com PEG-IFN α-2b (1,5µg/kg/semana) e RBV. O tratamento foi suspenso nos pacientes que não obtiveram resposta virológica no 6o mês de tratamento. Em todos os pcs foi realizada contagem de plaquetas mensal, sendo recomendada a suspensão se contagem de plaquetas < 30.000/mm3. Foram avaliados a taxa de RVS, freqüência da suspensão do tratamento e de redução de dose. Resultados: A partir de uma amostra inicial de 370 pcs tratados com PEG-IFN e RBV, foram selecionados para inclusão neste estudo 16 pcs com contagem de plaquetas basal ≤ 75.000/mm3. A média de idade era de 54 ± 8 anos (39-69 anos), sendo 10 (63%) do sexo masculino. Todos os pcs eram portadores de cirrose e 15 (94%) apresentavam genótipo 1. Doze pcs (75%) apresentaram redução da contagem de plaquetas durante o tratamento, sendo indicada redução de dose do PEG-IFN em 4 (25%). A contagem de plaquetas pré-tratamento era de 63.133 ± 9.804/mm3 (41.000-75.000/mm3) e houve redução do número de plaquetas durante o trataGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 mento para 54.400 ± 16.025/mm3 (p = 0,04) não sendo necessário, entretanto, suspender o uso de PEG-IFN em nenhum caso. Dois pcs (13%) apresentaram RVS. Conclusão: Deve ser avaliada a possibilidade de tratamento com PEG-IFN e RBV em portadores de hepatite C com plaquetopenia significativa, considerando que estes pcs podem apresentar RVS e não foram observadas complicações graves durante o tratamento. PO-135 (177) ASSOCIAÇÃO ENTRE A HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C (VHC) E DIABETE MELITO EM PACIENTES MONOINFECTADOS PELO VHC E CO-INFECTADOS COM O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV) MENEZES MO, TOVO CV, MATTOS AA PO-133 (165) CO-INFECÇÃO HIV/HCV: ASPECTOS DEMOGRÁFICOS, HISTOPATOLÓGICOS E LABORATORIAIS DE 47 PACIENTES ATENDIDOS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM BELÉM-PARÁ AMARAL ISA1, SOARES MCP2, MÓIA L1, MIRANDA ECB1, BARBOSA MSB1, DEMACHI S3, ARAÚJO M3, NUNES HM2, CONDE S1 1. Grupo do Fígado-FSCMPA, 2. Seção Hepatologia do Instituto Evandro Chagas, 3. Serviço de Anatomia Patológica-UFPA Fundamentos: Com o advento da HAART, os pacientes com HIV/aids, tiveram aumento da sobrevida, redução da morbidade e mortalidade por doenças relacionadas à aids e passaram a apresentar doenças ligadas ao fígado por hepatites virais. Casuística e métodos: Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de pacientes atendidos no serviço de hepatopatias do Hospital da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, de agosto de 2004 a janeiro de 2006, procedentes de unidade de referência para AIDS. Os pacientes, de ambos os sexos, tinham idade superior a 18 anos e eram portadores do HIV confirmados por ELISA e Imunofluorescência Indireta ou Western Blot, com anti-HCV positivo por ELISA e confirmado por RT-PCR. Foram submetidos a avaliação clínica, epidemiológica e demográfica, além de exames incluindo: dosagem de aminotransferases, contagem de linfócitos TCD4+, carga viral para HIV, carga viral para HCV, genotipagem do HCV e exame histopatológico de fragmento de fígado, quando indicado. Resultados: Atendidos 47 pacientes com idade média de 42 anos, 85,1% (40/47) do sexo masculino, 40,9% (18/47) com nível de escolaridade fundamental, 19,1% eram casados, 74,4% solteiros e 4,3% viúvos, a maioria procedente de Belém, Pará (91,5%) e 87,2% estavam utilizando TARV. Em relação ao uso de drogas 44,7% utilizavam drogas injetáveis, 42,6% usavam cocaína por via nasal. Ademais, 12,8% incluíam-se entre HSH, 29,8% eram bissexuais e 57,4% heterossexuais. A média de AST encontrada foi de 80,3mg/dl (ep = 10,28), de ALT 78 (ep = 9,3) e de linfócitos TCD4+ 381 células/mm3. Foram detectados os genótipos 1 (51,4%), genótipo 2 (2,6%) e genótipo 3 (35,8%) do HCV. A carga viral média do HIV era de 2,59 log10 HIV-RNA (ep = 1,32) e a carga viral média do HCV = 5,68 log10 HCV-RNA (ep = 0,15), 7,8% (35) pacientes foram submetidos a biópsia hepática e pela classificação METAVIR, Ao = 4 (11,8%), A1 = 18 (51,4%), A2 = 11 (31,4%), A3 = 2 (5,7%), F0 = 5 (13,9%), F1 = 6 (16,7%), F2 = 13 (36,1%), F3 = 6 (16,7%), F4 = 6 (16,7%). Conclusões: A casuística diz respeito a pacientes jovens, imunologicamente estáveis, predominando grau de fibrose de moderado a severo (F2, F3 e F4). PO-134 (167) HOMOCISTEÍNA COMO PREDITOR DE ESTEATOSE EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA SIQUEIRA ERF1,2, OLIVEIRA CPMS2, MUNIZ MTC3,4, SILVA KA3,4, CAVALCANTI MSM3,4, FREITAS EM3,4, SILVA FS3,4, MONTENEGRO F3, PEREIRA LMMB1, CARRILHO FJ Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Instituto do Fígado de Pernambuco da Um Introdução: A associação entre Hepatite C Crônica (HCV), esteatose e homocisteína ainda não está bem esclarecida. Mutações em genes relacionados à rota do folato e/ou deficiência de B12 e B6 estão relacionados a hiperhomocisteinemia. A variante termolábil da MTHFR (metileno tetrahidrofolato redutase) é a mais comum desordem hereditária do metabolismo do ácido fólico. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliar a associação entre a concentração plasmática de homocisteína, folato, B12 e o polimorfismo C677T da MTHFR termolábil nos casos de hepatite C crônica com e sem esteatose hepática. Métodos: Foram avaliados os parâmetros bioquímicos, homocisteína (Hcy), folato e B12 de 50 pacientes portadores de hepatite C crônicos confirmados através da identificação do HCV RNA com biópsia hepática compatível com e sem esteatose. A concentração plasmática de homocisteína foi determinada por imunoensaio competitivo, folato e B12 por eletroquimiolumunescência. O polimorfismo do gene MTHFR foi analisado em 25 pacientes e 30 controles através de PCR-RFLP. Resultados: Não foi observada diferença significativa (teste Mann-Whitney) quando comparados pacientes com e sem esteatose no que se refere à Hcy (z(U) = 1,7678; (p = 0,0771), folato (z(U) = 1,07; p = 0,28) e B12 z(U) = 0,249; p = 0,80). Não foi encontrada associação do polimorfismo C677T nos pacientes quando comparados com o grupo controle (p = 0,961). Conclusões: Os resultados preliminares deste estudo sugerem que não existe uma relação entre a concentração plasmática de homocisteína e os casos de esteatose hepática em portadores de Hepatite C Crônica. A pequena amostra pode ter limitado a capacidade de detectar diferença estatística significante, necessitando-se de estudos futuros com maior número de pacientes para ratificar ou não que, como a doença cardiovascular, a homocisteína constitui um risco nos casos de esteatose por Hepatite C. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Serviço de Gastroenterologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição de Porto Alegre (RS) e Curso de Pós-Graduação em Hepatologia Introdução: Várias são as manifestações extra-hepáticas do VHC, dentre as quais destacamos a presença de diabete melito (DM). Objetivo: Determinar a prevalência de DM em pacientes com hepatite crônica pelo VHC e naqueles co-infectados VHC/HIV, bem como comparar o perfil laboratorial e histológico. Material e método: Foram avaliados dois grupos: um com pacientes monoinfectados pelo VHC avaliados prospectivamente e de forma consecutiva, e outro com pacientes coinfectados por VHC/HIV cujos dados foram obtidos retrospectivamente. Foram analisados dados demográficos (idade, gênero e raça) e laboratoriais (aminotransferases, albumina, bilirrubina total, tempo de protrombina, plaquetas), bem como o genótipo do VHC. O diagnóstico de DM foi baseado nos critérios da Associação Americana de Diabete Melito. Os achados à biópsia hepática foram classificados segundo o escore METAVIR. O nível de significância assumido foi de 5%. Resultados: Foram avaliados 135 pacientes monoinfectados VHC, dos quais 30 (22,2%) apresentavam DM, e 117 pacientes co-infectados VHC/HIV sendo 35 (29,9%) com DM (p = 0,164). A média de idade foi de 48,28 ± 9,68 anos nos monoinfectados e 40,83 ± 9,01 anos nos co-infectados (p < 0,001). Nos monoinfectados, 66 (48,9%) eram homens, e 93 (79,5%) nos co-infectados (p = 0,032). A maioria era de raça branca nos dois grupos (p = 0,506). Quanto aos exames laboratoriais, as aminotransferases foram significativamente mais alteradas naqueles pacientes sem DM. Quanto aos demais exames laboratoriais, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Houve maior prevalência de genótipo 2 ou 3, sendo que dentre aqueles co-infectados observou-se correlação entre estes genótipos e a presença de DM. Em relação ao grau de fibrose, nos pacientes co-infectados houve predomínio de fibrose avançada (F3-F4) dentre aqueles com DM (p < 0,001). Conclusões: A prevalência de DM nos pacientes monoinfectados pelo VHC e co-infectados VHC/HIV é alta, no entanto, não houve diferença na prevalência de DM entre os grupos avaliados. Os pacientes co-infectados com DM apresentaram mais fibrose à histopatologia. PO-136 (178) INTERFERON CONVENCIONAL (IFN) VERSUS INTERFERON PEGUILADO (PEG) ASSOCIADOS À RIBAVIRINA (RBV) NO TRATAMENTO DE PACIENTES CO-INFECTADOS PELO VÍRUS DA HEPATITE C (GENÓTIPO 1) E DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HCVTOVO CV, ALMEIDA PRL, RIGO JO, ZANIN P, DAL MOLIN RK, JOHN JA, ALVES AV, MATTOS AA Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES-RS); Curso de Pós-Graduação em Hepatologia da Fundação Facu Fundamentos: Tem sido sugerido que os pacientes co-infectados HCV/HIV devam ser tratados com PEG+RBV porque as taxas de resposta virológica sustentada (RVS) seriam maiores do que aquelas obtidas com IFN+RBV. No entanto, há escassez de trabalhos na literatura comparando as duas opções de tratamento nesta população de pacientes, em especial fora do cenário de ensaios clínicos. Objetivos: Avaliar a RVS ao tratamento com IFN+RBV versus PEG+RBV em pacientes co-infectados HCV1/HIV, bem como os fatores preditivos de resposta, no âmbito do programa do Ministério da Saúde. Métodos: Estudo de coorte misto, onde foram revisados prontuários da SES-RS de pacientes co-infectados HCV-1/HIV tratados com IFN+RBV (antes de 2002) ou PEG+RBV (a partir de 2002) por um período de 48 semanas. Foram avaliadas as características demográficas (idade, gênero e peso), contagem de células CD4 e histopatologia - atividade inflamatória [A] e fibrose [F] - segundo classificação METAVIR. O nível de significância adotado na análise estatística foi de 5%. Resultados: Fator IFN+RBV n = 22 PEG+RBV n = 59 P OR (IC95%) Idade, anos (média ± DP) Gênero masculino (%) Peso, kg (média ± DP) CD4, céls/mm3 (mediana) A2 + A3 (%) F3 + F4 (%) RVS (%) 40 ± 9 82 72 ± 11 454 73 46 14 42 ± 9 76 69 ± 12 432 100 67 23 0,37 0,77 0,26 0,51 < 0,01 0,13 0,54 –– –– –– –– –– –– 1,9 (0,5 a 7.3) Conclusão: Os pacientes co-infectados HCV-1/HIV tratados com PEG+RBV apresentaram chance 1,9 vezes maior de obter RVS do que aqueles tratados com IFN+RBV. Este resultado não apresentou significância estatística, provavelmente pelo pequeno número de pacientes avaliados. S 47 PO-137 (181) PO-139 (183) MONOINFECTADOS PELO GENÓTIPO 1 DO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV-1) VERSUS CO-INFECTADOS HCV-1/VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV): SÃO POPULAÇÕES DIFERENTES E COM RESPOSTAS DISTINTAS AO TRATAMENTO? HEPATITE C EM CANDIDATOS AO TRANSPLANTE RENAL NO HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E PROPOSTA DE NOVO PROTOCOLO DE TRATAMENTO ALMEIDA PRL, ZANIN P, MATTOS AA, TOVO CV, JOHN JA, DAL MOLIN RK, ALVES AV Hospital Geral de Fortaleza – Fortaleza/CE Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (SES-RS); Curso de Pós-Graduação em Hepatologia da FFFCMPA; Hos Fundamentos: Protocolos de tratamento de HCV em renais crônicos utilizam a biópsia hepática no início do acompanhamento para excluir cirrose. Nota-se hepatite crônica em quase 100% dos casos, mas cirrose em apenas 10%. Desenvolvemos um protocolo de tratamento em que a biópsia hepática somente é realizada em renais crônicos não respondedores ao interferon-α (INF). Método: Estudo de 14 pacientes em hemodiálise com HCV acompanhados no ambulatório de Hepatologia do HGF, no período de janeiro/2005 a março/2007, quanto à genotipagem, transaminases, provas de função hepática, EGD e US abdominal. Os pacientes foram tratados com INF 3MU SC 3x/semana. Os não-respondedores foram submetidos à biópsia hepática para decidir a necessidade de transplante duplo. Resultados: Selecionados 14 pacientes em hemodiálise portadores de hepatite C, 8 masculinos e 6 femininos, com média de idade de 46 anos. Dez são genótipo 1; 2 do genótipo 3, apenas 2 pacientes não têm genotipagem. A TGP variou entre 19 – 189, sendo que 7 pacientes (50%) tinham TGP > 40. Quatro pacientes são cirróticos, Child A5, os demais têm função hepática preservada. A EGD mostrou varizes esofágicas de fino calibre em 1 paciente. O US sugeriu hipertensão porta em 3 casos. Do total de pacientes, 3 não toleraram o tratamento por efeitos colaterais, estando aguardando biópsia hepática pré-transplante renal. Uma paciente foi a óbito meses após o término do tratamento bem sucedido com INF, porém antes do transplante. Quatro pacientes ainda estão no 5o mês de tratamento até o momento da redação deste resumo. Da metade restante, 3 concluíram o tratamento por 1 ano, com negativação da PCR, sendo que 2 pacientes já receberam o transplante renal e 1 ainda aguarda na fila. Os outros 3 pacientes persistiram com PCR positiva no 6o mês de tratamento, sendo suspenso o INF e encaminhados à biópsia hepática para avaliar a necessidade do transplante simultâneo renal e hepático. Conclusão: A maioria dos pacientes é genótipo 1. A função hepática permitia iniciar INF em todos os casos. Efeitos colaterais intoleráveis ocorreram em apenas 3 casos. O protocolo ainda se encontra em curso, sendo passível de modificação de acordo com os resultados. Fundamento: Alguns estudos sugerem que co-infectados HCV/HIV apresentem pior resposta ao tratamento anti-HCV, embora haja escassez de informações no que diz respeito a trabalhos fora do contexto de ensaios clínicos. Objetivos: Avaliar a eficácia do tratamento com PEG-interferon/ribavirina (PEG+RBV) em pacientes infectados pelo HCV-1, comparando o perfil e a resposta virológica sustentada (RS) da população de monoinfectados com aquela observada em co-infectados HCV-1/HIV no programa do Ministério da Saúde. Métodos: Estudo de coorte misto, sendo avaliados os tratamentos de pacientes monoinfectados pelo HCV e co-infectados HCV/HIV com PEG+RBV por 48 semanas. Não havendo a resposta virológica precoce (RVP), o tratamento era interrompido. O nível de significância adotado na análise estatística foi de 5%. Resultados: Idade (m ± DP) Sexo masc- n (%) IMC (m ± DP) Carga viral-VHC (mediana) > 600 x 103 - n (%) F3 - n (%) F4 - n (%) RS - n (%) HCV (n = 323) HCV/HIV (n = 59) p 51,1 ± 10,1 180 (55,7%) 26,8 ± 4,4 42,1 ± 8,9 45 (76,3%) 24,1 ± 3,3 < 0,001 0,005 < 0,001 645.000 184 (57,0%) 137 (43,6%) 95 (30,3%) 114 (35,3%) 1.178.000 39 (66,1%) 27 (49,1%) 10 (18,2%) 13 (22,0%) 0,003 0,20 0,24 0,066 A população de co-infectados deste estudo mostrou-se, comparativamente àquela de monoinfectados, ser significativamente mais jovem, mais freqüentemente masculina e com menor IMC. Conclusões: A despeito das duas populações estudadas apresentarem algumas características distintas, a RS nos co-infectados não foi significativamente menor que nos monoinfectados, talvez pelo menor número de pacientes no grupo HCV/HIV. PO-138 (182) TIPO DE RESPOSTA NA SEMANA 12 VERSUS RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA (RVS) NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA POR VÍRUS C (HCV) TRATADOS COM INTERFERON PEGUILADO E RIBAVIRINA (PEG-IFN+RBV) ALMEIDA PRL, ZANIN P, MATTOS AA, TOVO CV Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (SES-RS); Curso de Pós-Graduação em Hepatologia da Fun Fundamento: Tem sido descrito que a resposta virológica precoce (RVP) apresenta alto valor preditivo negativo para a obtenção da RVS. Objetivos: Avaliar o papel da RVP obtida na semana 12 de tratamento na RVS ao tratamento com PEG-IFN+RBV em pacientes infectados com genótipo 1 do HCV no âmbito de um programa desenvolvido na SES-RS. Métodos: Estudo de coorte misto, onde foram avaliados pacientes infectados com genótipo 1 do HCV tratados com PEG-IFN+RBV por um período de 48 semanas. Não havendo a RVP o tratamento era interrompido. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: A coorte constituiu-se de 323 indivíduos. Cento e oitenta (55,7%) eram do gênero masculino. A média de idade foi 51,1 ± 10,1 anos. Da coorte inicial, somente foram avaliados os 215 pacientes que obtiveram RVP. A RVS foi obtida em 114 pacientes (35,3%). Em 9 pacientes com RVS (9/114 = 7,9%) não foi aferida a RVP. PCR na semana indetectável redução de 2 logs Total 12 n 180 35 215 RVS 99 6 105 OD 55,0 17,1 48,8 IC95% 5,0 - P 2,5 a 10,0 - n0 - % < 0,01 Em relação ao tipo de RVP obtida, 180 (83,7%) apresentavam HCV-RNA indetectável e 35 (16,3%) redução superior a 2 logs mas ainda com replicação viral detectável. Dentre aqueles com viremia indetectável, 55% (99/180) atingiram RVS em comparação com apenas 17,1% (6/35) daqueles que apresentaram redução de 2 logs (p < 0,01). Conclusões: O subtipo de RVP apresentada pelos pacientes na semana 12 demonstrou ser fortemente preditivo da obtenção da RVS. LIMA VERDE ABL, ROLIM TML, MACEDO MRF, CORSINO GA, OLIVEIRA ALT, PESSOA FSRP PO-140 (199) ANÁLISE DA RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C E ESTEATOSE HEPÁTICA MATTOS AA, PICCOLI LDZ, CORAL G, EDELE DS, MATTOS AZ Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre/Rio Grande do Sul Fundamentos: A hepatite crônica pelo vírus C (VHC) e a Doença Hepática Gordurosa Não-Alcoólica (DHGNA) são reconhecidas como as causas mais comuns de doença hepática nos países ocidentais. Por outro lado, a esteatose hepática é observada em aproximadamente 50% dos pacientes infectados pelo VHC, sendo descrito que a mesma diminui a chance de resposta virológica sustentada (RVS) quando do tratamento do VHC. O objetivo deste estudo é analisar a RVS em pacientes com hepatite crônica pelo VHC e esteatose. Métodos: Para tanto, foram analisados prontuários dos pacientes tratados para hepatite crônica C, sendo avaliadas a idade do paciente, a genotipagem do VHC, o resultado da PCR, o IMC (peso/altura²), a presença de DM (glicemia jejum igual ou maior 126mg/dL em 2 amostras) e os achados histológicos com estadiamento conforme a Classificação Brasileira de Hepatites Virais e Classificação Histológica da DHGNA. Resultados: Foram estudados 91 pacientes e incluídos 59 pacientes; dentre os pacientes incluídos no estudo, 37 apresentavam esteatose hepática. Quando avaliadas as seguintes características: idade > 40 anos, IMC > 25kg/m², genótipo (1, 2 ou 3) e fibrose (1 e 2 ou 3 e 4), não se observou diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Na análise bivariada observando-se RVS e as seguintes características: esteatose hepática, idade, IMC, genótipo e grau de fibrose, só houve diferença estatística significativa em relação à idade > 40 anos (p = 0,03). Conclusão: Neste trabalho demonstrou-se que idade < 40 anos é fator preditivo positivo de boa resposta virológica no tratamento da hepatite C. Não foi demonstrada a influência da esteatose hepática na RVS destes pacientes, provavelmente devido ao tamanho da casuística. PO-141 (212) MARCADORES SOROLÓGICOS DE AUTO-IMUNIDADE TIREOIDIANA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA: FATORES VIRAIS E O TRATAMENTO COM PEG-INTERFERON ASSOCIADO À RIBAVIRINA VASCONCELOS LRS1, MELO FM1, RAMOS H3, MOURA P1, CAVALCANTI MSM1, PEREIRA LMMB2,4 1. Instituto de Ciências Biológicas – Universidade de Pernambuco – ICB/UPE, 2. Depto. de Clínica Médica- Faculdade de Ciências Medi Fundamentos: As doenças auto-imunes são patologias comumente associadas com a Hepatite C crônica (HCVC), sendo as da tireóide as mais freqüentes. A infecção pelo vírus da Hepatite C (HCV) e o tratamento da HCVC com alpha-interferon (IFNα) associado ou não à Ribavirina (RBV) são relacionados ao desenvolvimento de S 48 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 marcadores sorológicos de auto-imunidade antitireoidiana (AAT) e disfunções tireoidianas (DT). Objetivamos estudar o tratamento da HCVC com IFN-α na sua forma peglada (Peg-IFN) associado à (RBV) com características virais no desenvolvimento de AAT. Métodos: Anticorpos Anti Peroxidase Tireoidiana (Anti TPO) e Anti Tireoglobulina foram dosados por Quimioluminescência (Roche). Os pacientes foram atendidos no serviço de Gastroenterologia do Hospital Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco. O Presente projeto tem aprovação no comitê de ética local. Resultados: Determinamos a prevalência de auto-anticorpos Anti-Tireoglobulina (Anti-Tg) e Anti-Peroxidase Tireoidiana (Anti-TPO) em 286 indivíduos, sendo 111 (39%) casos de HCVC tratados, 51 (18%) de pacientes virgens de tratamento e 124 (43%) indivíduos sadios. Evidenciamos AAT em 13 (11,8%), 5 (9,8%) e 3 (2,4%) nos pacientes tratados, naqueles virgens de tratamento e indivíduos sadios, respectivamente. Estes dados preliminares mostraram uma correlação estatística significante quando o Grupo de pacientes com HCVC tratados (p = 0,01; OR 5,35; IC 1,41 – 29,89) e o Grupo de pacientes não tratados (p = 0,0474; OR 4,38; IC 0,81 – 29,08) com Peg-IFN/RBV foram comparados com indivíduos sadios. Esta diferença não foi significante quando comparamos os grupos de pacientes (p = 0,928; OR 1,22; IC 0,38 – 4,63). Conclusões: Este trabalho sugere que o HCV pode ser um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento de auto-imunidade tireoidiana, independente da terapia com Peg-IFN/RBV e que os AAT se desenvolvem durante o tratamento são transitórios. O sexo feminino também foi confirmado como importante fator de risco de desenvolvimento de AAT nos pacientes com HCVC. Palavras-chave: Hepatite C, Marcadores sorológicos, doenças Autoimunes da Tireóide, Peg-Interferon e Ribavirina. PO-142 (213) POLIMORFISMO DO ÉXON 1 DO GENE DA LECTINA LIGADORA DE MANOSE (MBL2) EM PACIENTES INFECTADOS COM HCV E MARCADORES SOROLÓGICOS DE AUTOIMUNIDADE TIREOIDIANA VASCONCELOS LRS1, BARRETO AVMS1, MELO FM1, RAMOS H3, MOURA P1, CAVALCANTI MSM1, PEREIRA LMMB2,4 1. Instituto de Ciências Biológicas – Universidade de Pernambuco – ICB/UPE, 2. Depto. de Clínica Médica- Faculdade de Ciências Medi Fundamentos: A lectina ligadora de manose (MBL) é uma proteína de fase aguda da imunidade inata. Ela reconhece e liga-se aos arranjos de resíduos de carboidratos nas superfícies de células e vírus facilitando a fagocitose de patógenos. A MBL também reconhece células apoptóticas, restos celulares e imunocomplexos. O polimorfismo do gene MBL2 é responsável por níveis baixos ou indetectáveis de MBL sérica. A deficiência de MBL tem sido associada ao Lúpus Eritematoso Sistêmico, Dermatomiosite, Síndrome de Sjögren e a Doença Celíaca, todas doenças auto-imunes. A infecção crônica por HCV (HCVC) tem sido associada ao desenvolvimento de disfunção tireoideana e a produção de anticorpos anti-tireoidianos (AAT). O tratamento com alpha-interferon (IFN-α) associado à ribaverina (RBV) também influencia no desenvolvimento de AAT. Métodos: Investigamos a associação do polimorfismo do éxon 1 do MBL2 com marcadores sorológicos de AAT em 162 pacientes com HCVC do nordeste do Brasil. Os pacientes foram atendidos no serviço de Gastroenterologia do Hospital Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco, sendo que 111 pacientes foram tratados com IFN-α peglatado (Peg IFN-α)/RBV e 51 pacientes eram virgens de tratamento. Como grupo de comparação foram incluídos 124 indivíduos sadios doadores de banco de sangue. A genotipagem do MBL2 foi realizada por PCR em Tempo Real (PCR-real time) segundo Hladnik et al., 2002; Anticorpos Anti Peroxidase Tireoidiana (Anti TPO) e Anti Tireoglobulina foram determinados por Quimioluminescência (Roche). Resultados: Os pacientes com HCVC (n = 162) apresentam 11% de positividade para AAT enquanto nos indivíduos sadios este percentual foi de 2,4%. A freqüência do polimorfismo para o MBL2 foi significativamente mais alta nos pacientes com HCVC do que nos indivíduos sadios (p = 0,01; OR = 4,44; IC 1,37 – 18,67). Os pacientes com HCVC e AAT positivo (n = 18) apresentaram uma alta freqüência do polimorfismo para o MBL2, 22% vs 10% nos indivíduos sem AAT (n = 144), entretanto esta diferença não foi significativa (p = 0,28; IC 0,40 – 8,43). Conclusão: O polimorfismo do gene MBL2 parece não estar associado com o desenvolvimento de AAT nos pacientes com ou sem tratamento para HCV, entretanto devido ao reduzido número de pacientes no grupo infectado com AAT (n = 18) esta observação não pode ser considerada definitiva, sendo necessários mais estudos para se estabelecer o papel do polimorfismo do MBL2 no desenvolvimento de AAT nos pacientes com HCVC. PO-143 (214) ASSOCIAÇÃO DE FIBROSE E RESPOSTA TERAPÊUTICA NA INFECÇÃO POR HCV COM A LECTINA LIGADORA DE MANOSE (MBL) BARRETO AVMS1, VASCONCELOS LRS1, MELO FM1, RAMOS H3, MOURA P1, BELTRÃO E3, CAVALCANTI MSM1, PEREIRA LMMB2,4 1. Instituto de Ciências Biológicas – Universidade de Pernambuco – ICB/UPE, 2. Depto. de Clínica Médica- Faculdade de Ciências Méd Fundamentos: A MBL é uma proteína de fase aguda produzida pelo fígado e sua deficiência tem sido associada com a susceptibilidade a algumas infecções. Suas principais funções estão relacionadas com a ativação do sistema complemento (CS), opsonização e modulação da resposta inflamatória. Mostrar a associação do poliGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 morfismo no MBL2 com a marcação para MBL em biópsias de pacientes infectados por HCV e a resposta ao tratamento. Métodos: A classificação METAVIR foi usada para um estudo piloto com 10 pacientes atendidos no Hospital da Universidade de Pernambuco-UPE, e 2 biópsias de indivíduos não infectados pareados por proveniência foram usadas como controle. Os pacientes foram tratados com IFN -peguilado/ribavirina (pegIFN-RIBA). O sangue periférico foi usado para extração de DNA e genotipagem. A genotipagem do MBL2 leva a três genótipos distintos o AA-homozigoto selvagem, A0-heterozigoto e 00-homozigoto mutante, a técnica de PCR em tempo real foi realizada segundo Hladnik et al. (2002), e a deposição de MBL foi observada pela técnica de imunohistoquímica, usando-se soro policlonal de coelho anti-MBL. Resultados: Os 10 pacientes foram distribuídos seguindo o genótipo: 4 (AA), 3 (A0) e 3 (00). Foi observada uma associação com o grau de fibrose e a intensidade de marcação para MBL. Sendo que os pacientes que apresentavam o genótipo AA a marcação foi mais forte do que os outros genótipos. Todos pacientes que eram não respondedores ao tratamento na 4a semana (HCV-RNA +) tinham fibrose intensa e também intensa marcação para MBL. Conclusões: A associação da marcação de MBL com a falha da resposta ao tratamento da infecção por HCV pode indicar um reflexo da inflamação causada pelo próprio vírus ou evidenciar um papel imunomodulador da MBL no controle da inflamação. Contudo, estudos para estabelecer o verdadeiro envolvimento desta lectina na evolução da doença hepática por HCV precisam ser elaborados. Palavras-chave: HCV, MBL, Polimorfismo. Apoio Financeiro: CNPq, MS, FINEP. PO-144 (216) PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO DA HEPATITE C NOS INDIVÍDUOS SOB SUPORTE HEMODIALÍTICO ALBUQUERQUE MGA1, CAVALCANTI MSM1, MELO MMM1, XIMENES RAA1, PEREIRA LMMB1,2 1. Faculdade de Ciências Médicas – Universidade de Pernambuco – FCM/UPE, 2. Instituto do Fígado de Pernambuco – IFP/PE, Brasil Fundamentos: Pacientes sob hemodiálise (HD) constituem grupo com risco elevado para a aquisição do HCV. Métodos: Foi conduzido estudo de corte transversal, com caráter analítico, para estimar a prevalência do anti-HCV, do HCV-RNA, a elevação da ALT e identificar os fatores de risco associados à infecção pelo HCV, em catorze centros de HD de Pernambuco de dez./2002-out./2003. Resultados: Foi encontrada prevalência média do anti-HCV de 11,4% (271/2.377), variando de 427%. Foram selecionados 271 casos (anti-HCV+) e 582 controles (anti-HCV-). HCVRNA foi detectado em 71,9% (195/271) dos anti-HCV+. Em virtude da baixa atividade da ALT nos renais crônicos em HD, foi reduzido o ponto de corte do valor da normalidade da ALT (40 para 23UI/L), encontrando-se níveis da ALT elevados (p < 0,05), tanto nos pacientes anti-HCV+, quando comparados aos anti-HCV-, quanto nos anti-HCV+ com PCR+, comparados aos anti-HCV+ sem viremia (PCR-) Análise multivariada final revelou cinco variáveis com risco independente para aquisição do HCV: faixa etária 35-44 (OR = 1,70; IC 95% = 1,02–2,54; p = 0,0409) e 55-64 anos (OR = 1,93; IC 95% = 1,11–3,35; p = 0,0190), tempo em HD (> 9 anos, OR = 6,98; IC 95% = 3,75–12,9; p = 0,0000), número centros freqüentados (> 2, OR = 1,71; IC 95% = 1,15–2,53; p = 0,0071), número de hemotransfusões (> 7, OR = 5,54; IC 95% = 2,90–10,5; p = 0,0000), número cirurgias (> 6, OR = 5,85; IC 95% = 1,84– 18,6; p = 0,0028). Conclusões: Prevalência média do anti-HCV em Pernambuco foi baixa relacionada ao Brasil e ao mundo. Com a presença de viremia em aproximadamente três quartos dos anti-HCV+, faz-se necessário a identificação desses indivíduos, em associação com o monitoramento especial dos grupos identificados como de risco, com o objetivo de diminuir a disseminação nosocomial e definir a doença hepática, principalmente nos candidatos a transplante renal. PCR inibida em 14,8% (40/271), alerta para mais uma dificuldade no diagnóstico do HCV nos hemodialisados. Redução do limite superior do valor do ponto de corte da ALT pôde oferecer melhor avaliação, alertando para os portadores de viremia, intensificando rendimento diagnóstico, através da ALT. Associação significativa do tempo em hemodiálise, número de centros freqüentados e número de cirurgias, com o HCV, sugere transmissão nosocomial. O número de hemotransfusões mostrou ser um risco independente para a aquisição do HCV, apesar do rastreamento pelos bancos de sangue e da diminuição de transfusões pelos renais crônicos. PO-145 (217) – PRÊMIO LUIZ CARLOS DA COSTA GAYOTTO PO-146 (218) – EXCLUÍDO PO-147 (219) ASSOCIAÇÃO ENTRE HLA E INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C SILVA PM, FABRICIO-SILVA GM, HANNA KL, ALMEIDA BS, MARQUES MTQ, RODRIGUES JP, RONDINELLI E, PEREZ RM, FIGUEIREDO FAF, PORTO LCMS Laboratório de Histocompatibilidade/IBRAG, Serviço de Gastroenterologia/HUPE – Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Laboratório de Metabolismo Macromolecular FTC Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Tem sido estudadas associações entre HLA e susceptibilidade à infecção pelo vírus da hepatite C (HCV), já tendo sido identificados alguns alelos, como, por exemplo, HLA-DRB1*11 e DQB1*0301. Em estudo comparativo com pacientes com HCV em Campinas (SP-Brasil), uma maior freqüência do alelo DRB1*07 foi observada entre os controles, indicando um possível fator de proteção. Os objetivos S 49 deste estudo foram avaliar as freqüências de alelos de HLA classe I e II em pacientes brasileiros com infecção crônica pelo vírus da hepatite C e compará-los com um grupo controle de indivíduos do REDOME (Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea). Métodos: Foram estudados 221 pacientes, com média de idade de 50 ± 11 anos, com infecção pelo HCV que realizaram tipificação HLA de classe I e II. Cento e treze (51%) pacientes eram do sexo masculino. Quanto à etnia, 48% eram brancos, 28% mestiços, 13% negros e 11% de outras etnias. Esses pacientes foram comparados com um grupo controle composto por 1070 doadores de medula óssea cadastrados no REDOME pareados por sexo, etnia e região de procedência. Análise estatística foi realizada utilizando o teste Qui-quadrado e teste Exato de Fisher. Resultados: No grupo de pacientes com HCV, observou-se maior freqüência dos alelos HLA-A*23 (OR = 1,6; IC = 1,1-2,4; p = 0,01) e -B*41 (OR = 2,2; IC = 1,14,5; p = 0,02) e do alelo da classe II DRB1*12 (OR = 2,1; IC = 1,1-3,9; p = 0,02) quando comparados ao grupo controle. Por outro lado, a freqüência do alelo DRB1*08 (OR = 0,5; IC = 0,3-0,9; p = 0,02) foi menor no grupo com HCV. Conclusão: Os resultados desse estudo permitiram identificar associações de hepatite C com alelos de HLA que não haviam sido relatadas anteriormente. A existência de alelos que se associam à presença de infecção pelo vírus C reforça o conceito de que os fatores relacionados ao hospedeiro parecem ser mais importantes do que as características próprias do vírus C na susceptibilidade a essa infecção. (Apoio CNPq, SUS-Faperj). PO-148 (221) RELAÇÃO ENTRE HLA E ATIVIDADE INFLAMATÓRIA NA INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV) SILVA PM, BARBOSA HPP, CAMPOS CFF, HANNA KL, CASTILHO MCF, CARDOSO JF, PORTO LCMS, PEREZ RM, FIGUEIREDO FAF Laboratório de Histocompatibilidade/IBRAG e Serviço de Gastroenterologia/HUPE – Universidade do Estado do Rio de Janeiro Fundamentos: Alguns alelos do HLA já foram identificados como relacionados à gravidade da fibrose em pacientes com hepatite crônica C, como, por exemplo, HLA-DRB1*11, DQB1*03, Cw*04 e DRB1*08. Entretanto, até o momento, há poucos estudos na literatura sobre a associação com atividade necroinflamatória. O objetivo deste estudo é pesquisar a existência de associação entre o HLA da classe I e II e o grau de atividade necroinflamatória hepática em pacientes brasileiros com infecção crônica pelo HCV. Métodos: Foram estudados 69 pacientes com infecção crônica pelo HCV (HCV-RNA positivo) submetidos à biópsia hepática. Em todos os pacientes foi realizada determinação dos HLAs: A, B, Cw, DRB1 e DQB1. Os achados histológicos foram relatados, conforme a classificação de Ishak. A amostra foi dividida em 2 grupos quanto à atividade necroinflamatória: grupo com atividade necroinflamatória ausente\leve - AL (A ≤ 6 de Ishak) e grupo com atividade inflamatória acentuada - AA (A ≥ 7 de Ishak). Análise estatística foi realizada utilizando o teste Qui-quadrado e teste Exato de Fisher. Resultados: Na amostra estudada, 38 pacientes (42%) apresentavam atividade necroinflamatória leve ou ausente (AL). Na análise comparativa, não houve diferença quanto ao sexo (masculino 55% vs. 50%; p = 0,68), quanto à duração da doença (24 9 vs. 25 6; p = 0,32) e quanto a idade (50 11 vs. 49 11; p = 0,42). No grupo AA, observou-se maior freqüência do alelo da classe I HLA-A*68 (88% vs. 13%; p = 0,02) quando comparados ao grupo AL. Conclusão: Os resultados desse estudo demonstraram que existe associação da atividade necroinflamatória com alelos HLA. A identificação de um alelo “promotor” da inflamação reforça o conceito de que os fatores relacionados ao hospedeiro têm uma participação importante na evolução da hepatite crônica C. O HLA-A*68 foi identificado como novo alelo relacionado a inflamação ainda não descrito em outras populações. (Apoio CNPq e SUS/)FAPERJ). PO-149 (222) DETECÇÃO DE ALTERAÇÕES METABÓLICAS EM PACIENTES COM SOROLOGIA POSITIVA PARA O VÍRUS DA HEPATITE C FRANCISCHELLI CT, OLIVEIRA NETO LA, SILVA FAP, BARBOSA WF, RUIVO GF Ambulatório de Hepatite da Prefeitura Municipal de Taubaté e Disciplina de Clínica Médica da Universidade de Taubaté-SP Fundamentos: A hepatite C é doença infecciosa causada pelo vírus da hepatite C (HCV), que acarreta um processo inflamatório no fígado. Recentemente se correlacionou a hepatite C com alterações metabólicas como resistência à insulina, esteatose hepática e hiperuricemia, sendo que o objetivo deste estudo foi detectar alterações metabólicas em pacientes com HCV. Métodos: Estudo transversal, com coleta de dados clínicos e laboratoriais. Os pacientes foram divididos em 2 grupos: sorologia positiva (grupo HCV) ou negativa para o HCV (grupo controle). Excluiu-se pacientes com distúrbios metabólicos prévios, co-infectados por hepatite B ou SIDA e usuários de fármacos associados a distúrbios metabólicos. Determinações laboratoriais: glicose, insulina, ácido úrico, fibrinogênio, lípides, etc, sendo a sensibilidade à insulina determinada pelo índice HOMA. Análise estatística realizada com o programa Graph Pad Prism 5.0, sendo considerado significante p < 0,05. Resultados: Analisou-se os dados clínicos e laboratoriais de 60 pacientes (40 do grupo HCV e 20 do grupo controle). Sexo masculino em 60% casos e feminino em 40%. Faixa etária predominante de 40-50 anos (60%), independente do sexo. Observou-se maiores valores de AST, ALT, fosfatase alcalina e gama glutamil transferase no grupo HCV S 50 comparado ao grupo controle: AST (55 33 vs 32 12, p = 0,0039), ALT (63 33 vs 29 15, p = 0,0001), fosfatase alcalina (116 69 vs 60 18, p = 0,0008) e gama glutamil transferase (81 83 vs 34 15, p = 0,0152). A bilirrubinemia não foi diferente (p > 0,05) entre os grupos. Maior glicemia no grupo HCV comparado ao controle (90 12 vs 78 10, p = 0,0003), sem diferença quanto na insulinemia (11 13 vs 6 2, p > 0,05), entretanto, com maior índice HOMA no grupo HCV se comparado ao grupo controle (2,7 3,7 vs 1,0 0,5, p = 0,0462) demonstrando padrão de resistência à insulina no grupo HCV. Quanto aos lípides, observou-se maior concentração de colesterol total no grupo HCV (149 36 vs 120 14, p = 0,0010), sem diferença (p > 0,05) quanto ao HDL (47 11 vs 50 9), LDL (76 27 vs 69 18) e triglicerídeos (106 63 vs 101 25). Maiores valores de ácido úrico no grupo HCV (6,4 8,1 vs 2,3 1,0, p = 0,0286), resultado também observado quanto fibrinogênio (273 79 vs 230 54, p = 0,0327). Conclusões: Pacientes do grupo HCV apresentaram provas de lesão hepática, além de alterações metabólicas quanto à glicemia, colesterol total, uricemia e resistência à insulina, caracterizando o achado de distúrbios metabólicos no grupo HCV. PO-150 (225) EPIDEMIOLOGIA DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C: ANÁLISE DE 843 CASOS NOGUEIRA MCC, FERREIRA DB, MARRA CEB, NARCISO-SCHIAVON JL, CARVALHO FILHO RJ, SCHIAVON LL, EMORI CT, MELO IC, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina Fundamentos: Os aspectos epidemiológicos da infecção pelo HCV no Brasil ainda são pouco conhecidos. Além disso, ainda existe controvérsia sobre a influência das vias de contaminação na distribuição genotípica e na gravidade da hepatopatia pelo HCV. Métodos: Estudo transversal de pacientes com anti-HCV (+) atendidos entre 1992 e 2006. Os pacientes foram divididos em G1 – modo de contágio desconhecido e G2 – transfusão de hemoderivados (THD) antes de 1992 e/ou uso de droga injetável (UDI). Os grupos foram comparados quanto a variáveis clínico-epidemiológicas, virológicas e histológicas. Resultados: Foram incluídos 843 pacientes, 58% homens. A média da idade foi 43 ± 14 anos. Relato de THD foi observado em 291 casos (35%), 71 (8%) referiam história de UDI e 14 (2%) referiam THD e UDI. Os 467 pacientes restantes (54%) foram considerados casos esporádicos. Conforme a via de contaminação, as prevalências de genótipo 1 foram: esporádicos = 77%; THD = 73%; e UDI = 42% (P = 0,002). Comparando-se G1 vs. G2, os pacientes de G1 mostraram maior proporção de homens (64% vs. 51%, P < 0,001) e maiores prevalências de antecedentes de cirurgias de pequeno porte (54% vs. 26%, P < 0,001) e de cesáreas (20% vs. 12%, P = 0,021). Além disso, G1 mostrou menor média de idade (40 ± 13 vs. 46 ± 13 anos, P < 0,001). O G2 apresentou maiores freqüências de anti-HBc (+) (26% vs. 13%, P < 0,001), de uso de cocaína inalatória (12% vs. 7%, P = 0,020), de promiscuidade sexual (21% vs. 13%, P = 0,022) e de história de cirurgia de grande porte (62% vs. 26%, P < 0,001). Não foram observadas diferenças entre G1 e G2 em relação à proporção de pacientes com estadiamento ≥ 2 (47% vs. 52%, P = 0,213) ou com APP ≥ 2 (75% vs. 78%, P = 0,339). Conclusões: A distribuição dos genótipos do HCV foi influenciada pela via de contaminação; os não-1 foram os mais comuns entre aqueles que adquiriram a infecção por UDI. Na maioria dos casos de hepatite C não foi possível definir a provável via de contaminação. Entretanto, a exposição prévia a procedimentos cruentos de menor porte pode estar envolvida em proporção significativa dos casos tidos como esporádicos. PO-151 (227) HEPATITE C EM PORTADORES DE DOENÇA RENAL CRÔNICA EM TRATAMENTO CONSERVADOR: AVALIAÇÃO DE 1041 PACIENTES LEMOS LB, PEREZ RM, LEMOS MM, DRAIBE SA, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: A prevalência e os fatores associados à infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) em portadores de doença renal crônica (DRC) na fase pré-dialítica precisam ser melhor estabelecidos. Os objetivos desse estudo foram determinar a prevalência, fatores de risco, características clínicas, bioquímicas e virológicas da infecção pelo HCV nos portadores DRC em tratamento conservador. Métodos: AntiHCV foi determinado em grande coorte de portadores de DRC em tratamento conservador. As características epidemiológicas e laboratoriais da infecção crônica pelo HCV foram avaliadas. Os pacientes com infecção crônica pelo HCV foram pareados por sexo, idade e estágio de DRC com um grupo controle formado de portadores de DRC sem infecção viral (relação 1:3) e esses grupos foram comparados quanto aos fatores de risco e níveis séricos de ALT. Regressão Logística foi aplicada para identificar as variáveis que se associaram independentemente com a infecção crônica pelo HCV. Resultados: Foram incluídos 1041 pacientes (61% do sexo masculino), com média de idade de 61 ± 15 anos e média do clearance de creatinina de 36 ± 18mL/min. Anti-HCV positivo foi detectado em 41 (3,9%) pacientes e, destes, 39/ 41 (95%) apresentavam HCV-RNA positivo. Na análise de regressão logística, história de hemotransfusão antes de 1992 (p < 0,001; OR = 19; IC = 5-66), uso de drogas intravenosas (p = 0,002; OR = 69, OR; IC = 5-1065) e níveis séricos elevados de ALT (p < 0,001; OR = 50; IC = 10-255) foram as variáveis que se associaram independentemente à infecção crônica pelo HCV. A acurácia da ALT em detectar infecção pelo GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 HCV foi de 92%, o genótipo do HCV mais prevalente foi 1b (48,7%) e 56.5% dos pacientes apresentavam altas cargas virais (> 800.000UI/mL). Conclusão: A infecção crônica pelo HCV entre portadores de DRC em tratamento conservador está relacionada à exposição parenteral. Níveis séricos elevados de ALT podem pré-selecionar candidatos a rastreamento do HCV neste grupo, uma vez que a ALT se mostrou um bom marcador da infecção pelo HCV. PO-152 (230) PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA COMO EFEITO ADVERSO AO USO DE INTERFERON PEGUILADO ALFA 2B NO TRATAMENTO DE HEPATOPATIA CRÔNICA POR VÍRUS C GENÓTIPO 1 PORTO CD, MORAES GF, ESCOBAR FA, TEIXEIRA EFL, CAMPOS ESO, FRÓES RSB, COSTA CLA, BARROS FB Seção de Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva do Hospital de Força Aérea do Galeão, Rio de Janeiro Introdução: A paralisia facial periférica ou paralisia facial de Bell consiste na disfunção neuronal que acomete o VII par craniano. Existem raros relatos de sua ocorrência relacionada ao uso de interferon convencional (INFc) e peguilado alfa 2b (PEG2b), durante tratamento para hepatopatia crônica por vírus da hepatite C (VHC). No entanto, não está estabelecida sua real ligação com estas drogas. Objetivo: Relatar um caso de paralisia facial periférica como efeito adverso ao uso do PEG2b durante tratamento de hepatopatia crônica pelo VHC, genótipo 1. Paciente e método: DFC, 50 anos, feminina, branca, iniciou tratamento em janeiro de 2006 com PEG2b 1,5mg/kg/semana e ribavirina (RBV) 1000mg/dia,evoluindo com HCV-RNA indetectável pelo método de PCR na 12a semana. Na 45a semana, apresentou desvio da comissura labial à direita, lagoftalmo, hiperacusia e hipoestesia em território II do ramo do nervo trigêmio à esquerda, configurando quadro compatível com paralisia facial periférica esquerda. Sorologias para CMV, Toxoplasmose, Herpes simples e EBV negativas e Tomografia de crânio normal. Iniciou-se prednisona e fisioterapia motora, sendo interrompidos o PEG2b e a RBV, com melhora parcial da paralisia em 20 dias. HCV RNA pelo PCR mantém-se indetectável desde a interrupção do tratamento. Discussão: A paralisia facial periférica é de origem idiopática, provavelmente ligada a mecanismos auto-imunes, podendo ocorrer após infecção viral, principalmente por Herpes simples. A incidência no mundo ocidental é de aproximadamente 23-25 casos/100.000 hab./ano, sendo mais comum entre a 2a e 4a décadas de vida e menos freqüente a partir dos 60 anos. Existem 4 casos relatados de paralisia durante o uso de INFc alfa 2b e apenas 2 com PEG2b, para tratamento contra o VHC em portadores de hepatopatia crônica. O tempo de início do quadro neurológico variou entre a 2a semana e 8 meses após o início do tratamento. Nos pacientes que usavam INFc, 2 interromperam seu uso e utilizaram corticóide, 1 não interrompeu a droga e outro apenas a suspendeu. Todos obtiveram melhoras em tempos diferentes. Os pacientes que utilizavam o PEG2b não interromperam o uso, sendo que 1 deles utilizou corticóide. Ambos melhoraram completamente. Conclusão: A paralisia facial periférica nos pacientes portadores do VHC sugere um evento adverso ao uso do INFc ou PEG2b. A melhor abordagem, se suspensão da droga ou sua manutenção, associando-se ou não a corticóide, ainda não está estabelecida. PO-153 (231) VALOR DA PESQUISA DO HCV-RNA NA OITAVA SEMANA COMO FATOR PREDITIVO DE RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA EM PORTADORES DE HEPATITE C GENÓTIPO 1 TRATADOS COM INTERFERON PEGUILADO α -2B E RIBAVIRINA COELHO HSM, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, STERN C, BRANDÃO-MELLO CE, NABUCO LC, SEGADASSOARES JÁ Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: No tratamento da hepatite crônica C genótipo 1 com IFN peguilado e ribavirina, a resposta virológica na quarta semana de tratamento (RVR) tem sido relacionada à resposta virológica sustentada (RVS), porém o valor do HCV-RNA indetectável na 8a semana como fator preditivo de RVS não é conhecido. O objetivo deste estudo foi avaliar, em pacientes com hepatite crônica C, genótipo 1, tratados com IFN peguilado α-2b (PEG-IFN α-2b) e ribavirina (RBV), o valor do HCV-RNA indetectável na 8a semana como fator preditivo de RVS. Metodologia: Foram avaliados pacientes com hepatite C crônica genótipo 1, virgens de tratamento, tratados com PEG-IFN α2b (1,5µg/kg/semana) e RBV, que realizaram determinação do HCV-RNA por PCR quantitativo na 4a semana e PCR qualitativo na 8a semana de tratamento. O tempo de tratamento foi de 48 semanas, sendo suspenso antes nos casos que não apresentassem resposta virológica na 12a. semana (não-respondedores). Em todos foi avaliada a RVS e a relação entre a presença de RVR, resposta na 8ª semana e RVS. Resultados: Foram incluídos 94 pacientes, 50 (53%) do sexo feminino, idade média de 50 ± 12 anos. Em 28 (30%) havia evidência clínica ou histológica de cirrose. A taxa de RVS foi de 46%. A taxa de RVR foi de 29% e o HCV-RNA na 8a semana foi indetectável em 45 pacientes (48%). A relação entre RVS e os resultados de HCV-RNA das semanas 4, 8 e 12 foram: HCV-RNA 4a semana negativo RVS = 78% vs HCV-RNA 4a semana positivo RVS = 33% (p = 0,001); HCV-RNA 8a semana negativo RVS = 76% vs HCV-RNA 8a semana positivo RVS = 18% (p = 0,001); HCV-RNA 12a semana negativo RVS = 75% vs HCV-RNA 12a semana positivo RVS = 3% (p = 0,001). Dentre 67 pacientes com HCVRNA detectável na 4a semana, 20 (30%) apresentaram HCV-RNA indetectável na 8a GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 semana e, destes, 70% apresentaram RVS, enquanto entre os pacientes com HCV-RNA detectável na 8a semana, apenas 17% obtiveram RVS (p < 0,001). Conclusão: O HCVRNA na 8a semana apresenta valor preditivo de RVS semelhante ao da 4a semana, porém com maior valor preditivo negativo. PO-154 (232) FATORES PREDITIVOS DE RESPOSTA VIROLÓGICA RÁPIDA NO TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA COM INTERFERON PEGUILADO ALFA-2B ASSOCIADO À RIBAVIRINA SEGADAS-SOARES JA, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, STERN C, BRANDÃO-MELLO CE, NABUCO LC, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A resposta virológica rápida (RVR), caracterizada pela negativação do HCV-RNA na 4a semana de tratamento, tem sido descrita como um excelente fator preditivo de resposta virológica sustentada em pacientes com hepatite C. Até o momento, porém, os fatores preditivos de RVR não estão plenamente estabelecidos. O objetivo deste estudo foi avaliar os fatores preditivos de RVR em portadores de hepatite C tratados com PEG-IFN α-2b e ribavirina. Metodologia: Foram avaliados portadores de hepatite C crônica submetidos a tratamento com PEG-IFN α-2b (1,5µg/ kg/semana) e ribavirina (RBV) que realizaram HCV-RNA na 4a semana de tratamento. Para análise comparativa entre o grupo com e sem RVR as variáveis selecionadas foram status pré-tratamento (virgens, respondedores com recaída - RR e não respondedores - NR), idade, sexo, peso, IMC, gama-GT pré-tratamento, carga viral pré-tratamento, genótipo e diagnóstico histológico. Resultados: Entre os 302 pacientes incluídos, 165 (55%) eram do sexo feminino, com idade de 50 ± 11 anos; 211 eram virgens (70%), 38 RR (13%) e 53 NR (17%). Cirrose foi diagnosticada em 86 pacientes (29%) e genótipo 1 foi observado em 255 (84%). RVR foi observada em 116 (38%). Não houve diferença entre os grupos com e sem RVR quanto à idade (p = 0,16), sexo (p = 0,12), peso (p = 0,13), IMC (p = 0,14), ou presença de cirrose (p = 0,21). Observou-se maior taxa de RVR entre pacientes com genótipo não-1 em comparação àqueles com genótipo 1 (75% vs 32%; p < 0,001), e em pacientes com GGT normal pré-tratamento em relação àqueles com GGT elevada (53% vs 22%; p < 0,001). No grupo com RVR, a carga viral pré-tratamento foi significativamente mais baixa em comparação ao grupo sem RVR (491836UI/ml vs > 850000UI/ml; p < 0,001). O grupo de NR (13%) obteve menor taxa de RVR em comparação aos RR (61%) e aos virgens de tratamento (41%) (p < 0,001). Conclusão: Em portadores de hepatite crônica C, fatores pré-tratamento como carga viral baixa, gama-GT normal e genótipo não-1 apontam para uma maior possibilidade de obtenção de RVR. Não respondedores a tratamento prévio têm menor chance de obter RVR. PO-155 (233) AVALIAÇÃO DO TABAGISMO COMO FATOR PREDITIVO DE RESPOSTA AO TRATAMENTO COM INTERFERON PEGUILADO ASSOCIADO À RIBAVIRINA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA COELHO HSM, STERN C, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, SEGADAS-SOARES JA Serviço de Hepatologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Estudos recentes têm demonstrado que o tabagismo pode influenciar a resposta ao tratamento com interferon peguilado e ribavirina na hepatite C crônica. Porém, a importância desta variável reduzindo a taxa de resposta virológica sustentada (RVS) ainda é controversa. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência do tabagismo como fator preditivo de resposta ao tratamento da hepatite crônica C com interferon peguilado alfa-2b associado à ribavirina. Metodologia: Foram incluídos 79 pacientes, virgens de tratamento, com hepatite C crônica e genótipo 1, que foram submetidos a tratamento com PEG-IFN α-2b (1,5µg/kg/semana) e ribavirina (RBV). Foi realizada análise comparativa entre os pacientes com e sem RVS quanto à presença ou ausência de tabagismo durante o tratamento (pacientes fumantes na vigência do tratamento vs. pacientes sem história de tabagismo ou que pararam o fumo antes do inicio do tratamento, respectivamente). Resultados: Os pacientes apresentavam média de idade de 50 ± 13 (19-73) anos, 40 (50,6%) eram do sexo feminino e 16 (20,3%) possuíam história de tabagismo. A taxa global de RVS foi 49,4%. Entre os pacientes que apresentavam história de tabagismo durante o tratamento, a RVS foi 50% e entre os pacientes não tabagistas foi de 49% (p = 0,96). Não houve associação entre a RVS e presença de tabagismo. Conclusões: Em portadores de hepatite crônica C tratados com interferon peguilado alfa-2b e ribavirina, o tabagismo durante o tratamento parece não exercer influência na taxa de resposta virológica sustentada. PO-156 (234) PESO E IMC COMO FATORES PREDITIVOS DE RESPOSTA AO TRATAMENTO DA HEPATITE C COM INTERFERON PEGUILADO ALFA-2B E RIBAVIRINA: VERDADE OU MITO? STERN C, CHINDAMO MC, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, NABUCO LC, BRANDÃO-MELLO CE, SEGADASSOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Diversos estudos demonstram que o peso e índice de massa corpórea (IMC) exercem impacto negativo sobre a taxa de resposta virológica sustentada S 51 (RVS) em pacientes tratados com interferon convencional, porém a importância destas variáveis no tratamento com interferon peguilado ainda é controversa. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência do peso e IMC como fatores preditivos de resposta ao tratamento da hepatite crônica C com interferon peguilado alfa-2b associado à ribavina. Metodologia: Foram incluídos 219 pacientes, virgens de tratamento, com hepatite C crônica e genótipo 1, que foram submetidos a tratamento com PEG-IFN α-2b (1,5µg/kg/semana) e ribavirina (RBV). Foram avaliadas as seguintes variáveis: sexo, idade, peso e altura, e presença ou ausência de RVS. A variável peso foi categorizada em 2 grupos: pacientes com peso < 75kg e pacientes com peso ≥ 75kg. Quanto à variável IMC, 3 grupos foram constituídos: IMC < 25, IMC entre 25-29 (sobrepeso) e IMC ≥ 30 (obesidade). Foi realizada análise comparativa entre os pacientes com e sem RVS quanto ao peso e IMC. Resultados: Os pacientes apresentavam média de idade de 50 ± 11 (19-75) anos e 124 (57%) eram do sexo feminino. A média de peso era 69 ± 12kg e a média de IMC era de 25 ± 3. Setenta pacientes (32%) apresentavam peso ≥ 75kg, 48% tinham IMC entre 25-29 e 8% possuíam IMC ≥ 30. A taxa global de RVS foi 46%. Na análise comparativa entre pacientes com e sem RVS, não houve diferença quanto ao peso (p = 0,17) e IMC (p = 0,53). A taxa de RVS foi semelhante entre pacientes com peso < 75kg e ≥ 75kg (48% vs. 41%; p = 0,34). Da mesma forma, não se observou diferença na taxa de RVS entre os pacientes com IMC < 25, IMC de 25-29 e IMC ≥ 30 (49% vs. 45% vs. 33%; p = 0,44). Conclusões: Peso e IMC não exercem influência na taxa de resposta virológica sustentada em portadores de hepatite crônica C tratados com interferon peguilado alfa-2b e ribavirina. PO-157 (235) TRATAMENTO DA HEPATITE CRÔNICA C GENÓTIPOS 2 E 3: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INTERFERON CONVENCIONAL E PEGUILADO SEGADAS-SOARES JA, TORRES ALM, COUTO BG, YOSHIMOTO AN, BRANDÃO-MELLO CE, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Atualmente o esquema recomendado pelo Ministério da Saúde para tratamento da hepatite crônica C genótipos 2 e 3 é o interferon convencional (IFNc) associado à Ribavirina (RBV). Ainda não está estabelecido se o uso do interferon peguilado (PEG-IFN) associado à RBV promoveria uma maior taxa de resposta virológica sustentada (RVS) nesse grupo de pacientes. O objetivo deste estudo foi comparar a taxa de RVS entre portadores de infecção pelos genótipos 2 e 3 tratados com IFNc/RBV e PEG-IFN/RBV. Metodologia: Foram incluídos portadores de hepatite C genótipos 2 e 3, virgens de tratamento, tratados com IFNc (3 MU, 3X/semana) ou PEG-IFN (1,5µg/Kg/semana) associados à RBV (750 a 1250mg/dia). Foram excluídos os co-infectados por HBV e/ou HIV. Foi realizada análise comparativa da taxa de RVS entre os pacientes tratados com PEG-INF/RBV (G1), IFNc/RBV em clínica privada (G2) e IFNc/RBV na rede pública (G3). Resultados: Foram estudados 105 pacientes, 56% do sexo masculino, e média de idade de 47 ± 10 anos (12-74). A distribuição de genótipos observada foi: genótipo 3 em 101 pacientes (96%) e genótipo 2 em 4 (4%). Em 34% havia evidência clínica ou histológica de cirrose. Trinta e seis pacientes (34%) foram tratados com PEG-IFN/RBV (G1) e 69 (66%) com IFNc/RBV, sendo destes, 46 em clínica privada (G2) e 23 na rede pública (G3). A taxa de RVS foi de 83% no G1, 65% no G2 e de 26% no G3 (p = 0,002). Excluindo-se os casos de cirrose em cada grupo, observou-se, entre os pacientes com hepatite crônica, taxa de RVS de 88% no G1, 76% em G2 e 33% em G3 (p = 0,002; G1 = G2, G1 > G3 e G2 > G3). Conclusão: A taxa de RVS é semelhante entre portadores de hepatite crônica C genótipos 2 e 3 tratados com PEG-IFN/RBV e IFNc/RBV em clínica privada; entretanto, se mostrou superior à observada nos pacientes tratados com IFNc/RBV na rede pública. PO-158 (238) REATIVAÇÃO DE TUBERCULOSE PULMONAR EM PORTADORES DE HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C TRATADOS COM INTERFERON PEGUILADO FERREIRA ASP, DOMINICI AJ, SILVA EA, LUCENA EA, CARVALHO CSF, DINIZ NETO J A, RAMOS VP, SOUZA MT, CAMPOS DC, BISIO APM Núcleo de Estudos do Fígado – HU-UFMA São Luis (MA) Fundamentos: Há poucos relatos de reativação de tuberculose pulmonar (TB) em pacientes portadores de Hepatite C (HCV) tratados com interferon (IFN). O objetivo desse estudo foi relatar dois casos de reativação de tuberculose pulmonar durante tratamento com IFN peguilado (PEG-IFN) para HCV. Resultados: Dois pacientes do sexo masculino, ambos cirróticos, HCV genótipo 1b, Child-Pugh A, submetidos a tratamento com PEG-IFN associado à ribavirina, desenvolveram reativação de TB. (1) Primeiro caso: JMO, 63 anos, estava na 16a semana de tratamento quando apresentou tosse e hemoptise. Foi avaliado por pneumologista que evidenciou sinais de reativação de TB na radiografia (RX) e tomografia computadorizada (CT) de tórax, confirmada pela baciloscopia positiva. O tratamento da hepatite C foi interrompido e iniciado tratamento para TB com boa resposta. (2) Segundo caso: JRV, 65 anos, estava na 44a semana de tratamento, com boa tolerância, quando apresentou tosse produtiva, sem febre. Como o paciente anterior, havia evidência de reativação de TB no RX e no CT de tórax. Houve necessidade de internação devido à dificuldade S 52 respiratória, resolvida com o tratamento específico para TB. O tratamento para hepatite C foi interrompido. O HCV-RNA estava negativo quando da interrupção do tratamento, aguarda informações sobre resposta virológica sustentada. Ambos os pacientes quando questionados informaram antecedentes de TB. Conclusão: Devido a grande freqüência de antecedentes de TB em nosso meio, seria recomendável um interrogatório específico para estes pacientes antes de iniciar o tratamento com PEG-IFN, especialmente em cirróticos para determinar o real estado desta infecção e fazer vigilância de possíveis reativações. PO-159 (239) DISFUNÇÃO TIROIDEANA EM PORTADORES DE INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C DURANTE O TRATAMENTO COM INTERFERON TAVARES MG, DOMINICI AJ, CARVALHO CSF, DINIZ NETO JA, BISIO APM Núcleo de Estudos do Fígado – HU-UFMA – São Luis-MA Fundamentos: A infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) tem sido associada à indução de fenômenos auto-imunes. O interferon utilizado no tratamento da infecção pelo HCV pode, também, desencadear reações auto-imunes, inclusive distúrbios tireoidianos. O objetivo desse estudo foi determinar a freqüência dos distúrbios tireoidianos em pacientes com infecção crônica pelo HCV, antes e durante a terapia com interferon e identificar fatores associados ao seu surgimento. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo com portadores crônicos do HCV, acompanhados no Núcleo de Estudos do Fígado do HU-UFMA, submetidos a tratamento com ribavirina e interferon, entre janeiro de 2003 e janeiro de 2006. Resgataram-se os dados da pesquisa de auto-anticorpos tiroideaos, TSH e T4 livre realizados antes e a cada três meses durante o tratamento. Resultados: De uma amostra de 74 pacientes estudados, nenhum apresentava anticorpo antimicrosssomal positivo e oito (11%) apresentavam o anticorpo antiperoxidase (ATPO) positivo antes do tratamento. Destes últimos, dois apresentavam hipotireoidismo subclínico (TSH elevado com T4 livre normal). Nenhum fazia tratamento para doença da Tireóide. Durante o tratamento, 11 (16%) dos 72 pacientes susceptíveis (TSH normal pré-tratamento) apresentaram alterações nos níveis do TSH, quatro desenvolveram hipertiroidismo e sete hipotiroidismo. A maioria das disfunções ocorreu em mulheres (10) e já no terceiro mês de tratamento (7). Entre os que apresentaram disfunção durante o tratamento, apenas um paciente possuía ATPO positivo no pré-tratamento. Não ocorreu associação com idade, grau de doença hepática, genotipagem do HCV, carga viral, tipo de interferon (convencional ou peguilado) ou se estava em re-tratamento. Conclusão: Nesta população, a ocorrência de disfunção tireoidiana durante o tratamento foi freqüente e a presença de anticorpos antireoidianos no pré-tratamento não foi fator de risco para esta complicação, sugerindo que talvez não haja necessidade da solicitação destes auto-anticorpos antes de iniciar o tratamento com interferon. PO-160 (240) CARACTERÍSTICAS DOS PORTADORES CRÔNICOS DO VÍRUS DA HEPATITE B ATENDIDOS EM HOSPITAL PÚBLICO DE REFERÊNCIA ARRAES SEGUNDA ZF, FERREIRA ASP, SILVEIRA MM, CARVALHO CSF, DINIZ NETO JA, PINTO JM, ANDRADE HP, RAMOS VP, DOMINICI AJ Núcleo de Estudos do Fígado do HU-UFMA – São Luis (MA) Fundamentos: A Infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) constitui um problema de saúde pública global, com uma taxa de portadores de aproximadamente 350 milhões em todo o mundo. Portadores crônicos do HBV possuem risco aumentado de desenvolver cirrose, descompensação hepática e carcinoma hepatocelular. O objetivo deste estudo foi determinar o perfil epidemiológico dos portadores crônicos do HBV. Metodologia: Foi realizado estudo transversal através da revisão de prontuários dos pacientes com hepatite B crônica acompanhados no Núcleo de Estudos do Fígado (NEF) do HU-UFMA no período 2001 a 2007. Os parâmetros analisados foram: idade, sexo, procedência, modo provável de contágio, grupo de risco, história sexual, uso de álcool, tempo de atendimento ambulatorial, HBeAg, anti-HBe, carga viral, níveis séricos de alanina-aminotransferase (ALT), biópsia hepática, complicações (cirrose e hepatocarcinoma) e tipo de tratamento medicamentoso quando realizado. Resultados: Avaliou-se 290 pacientes, sendo 186 (64,1%) do sexo masculino. A média de idade foi de 41,85 anos. Na maioria dos casos, 206 (71%), não foi possível identificar o modo provável de contágio. Dentre aqueles onde isto foi possível, a via parenteral foi observada em 39 (13%), intra-familiar em 30 (10%), sexual em 10 (3,4%), ocupacional em 4 (1,4%) e vertical em apenas um paciente (0,3%). O tempo médio de acompanhamento ambulatorial foi de 3,16 anos. O HBeAg foi positivo em 61 (21%) pacientes. Entre os HBeAg negativos, 53 pacientes realizaram carga viral do HBV e 30 (57%) tinham carga viral maior que 10.000 cópias/ml. A maioria dos pacientes (73%) tinha ALT normal. Biópsia hepática foi realizada em 37 (13%) pacientes. Vinte e três pacientes (8%), incluindo aqueles confirmados com biópsia hepática já tinham cirrose e cinco (1,7%) hepatocarcinoma. Vinte e oito pacientes receberam tratamento medicamentoso, 19 com lamivudina, 7 interferon, 2 adefovir. Conclusão: O perfil epidemiológico dos pacientes atendidos no NEF é um indivíduo do sexo masculino, adulto, procedente de São Luís, com contágio provável desconhecido, anti-HBe positivo, com níveis ALT e AST normais. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-161 (245) AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DA INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C SANTOS W, FERREIRA GER, TADDEO EF, MOUTINHO RS, ALTIERI L Serviço de Gastroenterologia – Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo – São Paulo, SP Fundamentos: A Hepatite C (HCV) é uma infecção prevalente em todo o mundo e, atualmente, é a principal causa de indicação de transplante hepático. A biópsia hepática é uma ferramenta importante na avaliação desta infecção, uma vez que a maioria dos pacientes é assintomática e as enzimas hepáticas nem sempre se correlacionam com lesão histológica. A presença de fibrose hepática tem sido relacionada a maior morbimortalidade. O objetivo deste estudo foi avaliar as alterações hepáticas observadas à biópsia hepática em pacientes assintomáticos portadores de infecção crônica pelo HCV. Métodos: Foram avaliados pacientes assintomáticos encaminhados ao ambulatório da gastroclínica no período de janeiro de 2003 à junho 2007. O diagnóstico de HCV foi realizado com a pesquisa do anti-HCV (ELISA 3) e HCV-RNA por PCR qualitativo (limite de detecção: 50UI/ml). Foram excluídos: pacientes com co-infecção pelo HIV, co-infecção pelo HBV e com antecedente de etilismo. Os pacientes foram submetidos à biópsia hepática, independentemente do nível de ALT. Foram analisados: sexo, idade, tempo de doença, ALT, AST, genótipo e avaliação histológica. Resultados: Foram estudados 45 pacientes, sendo 44% do sexo masculino. A média de idade foi de 55 ± 11 anos e o tempo médio de doença foi de 24 anos. O nível de ALT esteve elevado em 98% dos casos e AST em 27%. A distribuição do genótipo foi: 1 = 40%; 2 = 7% e 3 = 24%. A análise histológica demonstrou ausência de fibrose ou fibrose restrita ao espaço periportal em 40%; fibrose com emissão de septos em 36% e esboço de nódulos e cirrose em 24%. A presença de necrose em saca-bocado foi observada em 56%. Conclusão: Em pacientes com HCV, a ausência de sintomas não exclui dano hepático. Portanto, a avaliação histológica fornece dados importantes para o melhor entendimento da história natural da hepatite C. PO-162 (247) PREVALÊNCIA DE MARCADORES SOROLÓGICOS DE VHA E VHB EM AMOSTRA DE PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C MAZO DFC, PESSÔA MG, OLIVEIRA CPMS, TANI CM, CAVALCANTE DBL, RABELO F, SANTOS ACS, VILLELA EL, MENDES LCA, CARRILHO FJ Disciplina de Gastroenterologia Clínica da FMUSP, São Paulo Fundamentos: A hepatite aguda A e B em pacientes com hepatite crônica C acarreta maior morbimortalidade. A avaliação do perfil sorológico nesses indivíduos é mandatória, para que adequada profilaxia seja realizada. O objetivo deste estudo foi avaliar a presença de marcadores sorológicos de VHA e VHB em pacientes com hepatite crônica C. Métodos: Uma amostra de 166 pacientes com hepatite crônica C do ambulatório de Gastroenterologia Clínica da FMUSP foi avaliada quanto à presença de marcadores sorológicos de VHA (anti-VHA total) e VHB (AgHBs, antiHBc total e anti-HBs). Pacientes com marcadores negativos acima de 24 meses que não receberam vacinação tiveram novas sorologias solicitadas. Resultados: Dentre os 166 pacientes analisados, 29 (17,4%) tinham perfil compatível com imunidade natural ao VHB (anti-HBc total e anti-HBs positivos), 15 (9%) apresentaram anti-HBc total isolado positivo e 26 (15,6%) tinham imunidade adquirida (anti-HBs positivo isolado). Na nossa amostra observamos 2 (1,2%) pacientes com AgHBs e anti-HBc total positivos. Em 55 (33,1%) dos 166 pacientes a sorologia para VHA não foi obtida e, dos 111 pacientes com esta informação, 101 (90,9%) tinham anti-VHA total positivo. Conclusões: A positividade de anti-HBc total nesta amostra, encontrada em 46 pacientes (27,7%), está acima do observado na população geral no nosso país, retratando possivelmente algumas vias comuns de contágio dos vírus B e C. Com relação aos marcadores sorológicos do VHA, observou-se com freqüência elevada a sua positividade, fato também constatado na população geral do Brasil. Em pacientes com hepatite crônica C deve ser rotineira a avaliação do perfil sorológico de VHA e VHB, para que medidas de profilaxia sejam implementadas, evitandose assim quadros graves de hepatite aguda A ou B. PO-163 (254) RESPOSTA AO INTERFERON PEGUILADO ASSOCIADO A RIBAVIRINA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA PIERRE AM, PEREIRA KB, NÓBREGA ACM, UCHOA LV, FERNANDES SG, HYPPOLITO EB, PINHEIRO SR, ROCHA MLX, LIMA JWO, LIMA JMC Serviço de Gastro-hepatologia do HUWC da Universidade Federal do Ceará, e Hospital São José (SESA) Fortaleza – Ceará Introdução: Hepatite C é uma patologia importante pela sua elevada incidência, cronificação e se não tratada complicar com cirrose e hepatocarcinoma. Estima-se em mais de 170 milhões o número de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C. Após introdução da terapia com interferon peguilado (IFN-Peg) e ribavirina, houve melhora na resposta virológica sustentada (RVS). O genótipo 1 o tratamento tem duração de 48 semanas e RVS de 50%, enquanto o genótipos 2 e 3 a duração é de 24 semanas e RVS de 60 a 80%. Os fatores associados à resposta terapêutica incluem baixa carga viral, genótipo não-1, ausência de cirrose e idade menor que 40 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 anos. Objetivo: Avaliar a resposta ao tratamento da hepatite C crônica com o uso de IFN-Peg e ribavirina e determinar fatores independentes da RVS. Casuística e métodos: um total de 91 casos de hepatite C crônica, todos HIV negativos, tratados no período de 2002 a 2006 com IFN-Peg e ribavirina foram incluídos. Os dados epidemiológicos, laboratoriais, genotipagem, carga viral, grau de fibrose na biópsia (METAVIR) e resposta ao tratamento foram analisados. Na análise estatística das variáveis dicotômicas utilizou-se o teste do ÷ 2, e o teste t de Student para as variáveis contínuas, considerou p < 0,05 significante. Todos preencheram o consentimento por escrito. Resultados: Foram analisados 91 pacientes, 55 (60,4%) eram do sexo masculino. A RVS global foi 37,4% (34/91), em relação ao genótipo 1 foi de 34,5% (23/ 66) e genótipo não-1 de 44% (11/25). A média de idade dos respondedores foi 44,4 ± 8,3 anos e dos não respondedores 50,2 ± 7,6 anos. A RVS dos pacientes com carga viral > 800.000UI/ml foi 23,5% e naqueles com carga viral < 800.000UI/ml foi 36,3%. Óbito por sepse e descompensação da cirrose ocorreu em um caso. Pacientes com F0-F2 apresentaram RVS de 61,1% (22/36), enquanto aqueles com F3-F4 a RVS foi de 21,8% (12/55) (p = 0,00015). Não houve diferença significativa de RVS entre genótipo, idade, sexo e carga viral. Conclusão: O grau de fibrose foi o fator preditor independente da RVS a terapia com IFN-Peg e ribavirina, estando a nossa resposta global abaixo da descrita na literatura. PO-164 (260) ESTUDO MULTICÊNTRICO E RANDOMIZADO AVALIANDO A EFICÁCIA E TOLERABILIDADE DA COMBINAÇÃO PEG-IFN ALFA-2A E RIBAVIRINA POR 48 OU 72 SEMANAS DE TRATAMENTO EM PACIENTES COM HEPATITE C CO-INFECTADOS COM HIV: UMA ANÁLISE INTERINA DE SEGURANÇA CHEINQUER H, MENDONÇA J, CHAVES M, VALIM R, RANGEL F, TURCATO G, GONZALES M, CASEIRO M, COELHO H, TATSCH F, BARONE A FFFCMPA (Porto Alegre, RS)1, H. Servidores do Estado São Paulo (São Paulo, SP)2, H. Nereu Ramos (Florianópolis, SC)3, UNIVALE (I Fundamentos: sabe-se que o interferon peguilado (PEG-IFN) e a ribavirina (RBV) utilizados para tratamento da infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) apresentam eventos adversos (EA) decorrentes de efeitos tóxicos das drogas utilizadas. Os EAs podem causar interrupção do tratamento ou diminuição das respectivas doses, dificultando a obtenção de resposta virológica sustentada (RVS). O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil de EAs em uma população de pacientes co-infectados incluídos em estudo multicêntrico nacional para tratamento com PEG-IFN alfa -2a e RBV. Metodologia: 180 pacientes portadores de hepatite crônica C foram randomizados 1:1 para 48 ou 72 semanas de tratamento com PEG-IFN α-2a e RBV. Sinais, sintomas e testes laboratoriais constituíram as avaliações de segurança. Resultados: na análise interina de 157 pacientes, febre foi o EA mais comum (10,8%), seguido por mialgia (8,9%), cefaléia (7,6%), anorexia (5,1%) e mal-estar (4,5%). Dez pacientes apresentaram EAs sérios, assim distribuídos: pneumonia (n = 2), ansiedade (n = 1), infecção respiratória (n = 1), depressão (n = 1), neutropenia (n = 1), diarréia (n = 2), anemia (n = 1) e derrame pericárdico (n = 1). A evolução foi favorável após ajuste de dose dos medicamentos ou suspensão dos mesmos. Até o momento não houve qualquer caso de acidose láctica por toxicidade mitocondrial ou morte por descompensação hepática. Conclusões: esta análise interina de segurança é importante pois o estudo conta com braço de 72 semanas no qual os pacientes serão expostos a maior quantidade total de medicamento em comparação com os indivíduos tratados por 48 semanas. Assim, o fato de não haver eventos adversos novos ou mais freqüentes que o habitual contribui para a condução do estudo em sua fase final. PO-165 (261) AVALIAÇÃO CLÍNICA DE 318 PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA MENDES AF, OLIVEIRA RA, ASSAD-BRAZ T, SILVA-JÚNIOR EF, GONÇALVES PR, CARVALHO AC, MELO CB, GALVÃO MC, GALVÃO-ALVES J Santa Casa da Misericódia do Rio de Janeiro, 18ª Enfermaria, Serviço do Prof. José Galvão Alves Fundamentos: A Hepatite C é um dos principais problemas de saúde mundial, acometendo cerca de 3% da população, correspondendo a 60% das hepatopatias crônicas. Apresenta alto potencial evolutivo para fibrose hepática, cirrose e hepatocarcinoma, culminando na principal indicação de transplante hepático. Objetivamos reconhecer o perfil epidemiológico, as características clínicas e as possíveis alterações em exames complementares dos portadores de hepatite por vírus C, atendidos no ambulatório de hepatologia da 18ª Enfermaria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Métodos: Foram analisados prontuários de 539 hepatopatas atendidos entre março de 2000 e julho de 2007, sendo 372 positivos para vírus C; 318 preencheram critérios para inclusão no trabalho por protocolo padronizado. Resultados: Predominou sexo masculino (53,14%) e faixa etária entre 51 e 60 anos (36,18%). Em 129 pacientes (40,25%) o diagnóstico foi estabelecido após doação de sangue, sendo a principal fonte de infecção determinada a hemotransfusão (45,23%), seguida de drogas endovenosas (5,53%) e sexual (1,84%). Ao diagnóstico, 35,50% era assintomático e astenia foi a principal queixa referida (17,84%), sendo hipertensão porta (10,79%), dor abdominal (6,38%), insuficiência hepática (3,74%) outras manifestações prevalentes. Elevação persis- S 53 tente das aminotransferases ocorreu em 176 pacientes (55,35%). Detecção do RNA do vírus C (PCR), realizada em 151 pacientes, foi positiva em 95,41%. Em 43 pacientes a carga viral esteve maior que 850.000 cópias (50,58%). Dos 74 pacientes submetidos à biópsia para fins de decisão terapêutica, 45,20% apresentaram alterações inflamatórias moderadas (A2) e 32,06% com fibrose avançada (F3), de acordo com a classificação Metavir. Genotipagem foi realizada em 117 pacientes, com predomínio do tipo 1 (68,38%). Foram submetidos ao tratamento farmacológico 60 pacientes, dos quais 53,34% usaram Interferon Peguilado e Ribavirina. Os efeitos adversos mais encontrados foram astenia (16,84%), febre (14,73%), mialgia (12,63%) e distúrbios hematológicos (anemia – 9% ; leucopenia – 10,52% ; trombocitopenia 6,31%). Cirrose e hepatocarcinoma ocorreram em 21,40% e 0,31%, respectivamente. Conclusão: Os dados obtidos foram compatíveis com a literatura mundial, sendo de extrema importância para instituir diagnóstico precoce e a realização da terapêutica adequada. PO-166 (269) TRATAMENTO DA HEPATITE C COM INTERFERON PEGUILADO ALFA2B ASSOCIADO À RIBAVIRINA - RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA (RVS) EM PACIENTES TRATADOS FORA DE PROTOCOLOS DE PESQUISA COELHO HSM, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, STERN C, NABUCO LC, BRANDÃO-MELLO CE, SEGADASSOARES JÁ Serviço de Hepatologia - HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Os resultados dos tratamentos de hepatite C crônica com interferon peguilado (PEG-IFN) associado à ribavirina (RBV) têm se baseado quase exclusivamente em dados de estudos multicêntricos, em que existe uma triagem rigorosa dos pacientes incluídos. É importante conhecer, na prática clínica, a taxa de RVS obtida em nossa população com o PEG-IFN e RBV em portadores de hepatite C não-incluídos em protocolos de pesquisa. Os objetivos deste estudo foram avaliar a taxa de RVS em uma coorte de pacientes brasileiros com hepatite C tratados com PEG-IFN α-2b associado à RBV, e relacionar a taxa de RVS com genótipo e status pré-tratamento. Metodologia: Foram incluídos portadores de hepatite C crônica tratados com PEG-IFN α-2b (1,5µg/Kg/semana) e ribavirina (RBV). Foram excluídos os coinfectados por HBV e/ou HIV. O tempo de tratamento foi de 48 semanas para genótipo 1 e 24 semanas para genótipo não -1. Foi realizada análise comparativa da RVS segundo genótipo HCV, status pré-tratamento (virgens, respondendores com recaída-RR, não-respondedores-NR) e a presença ou não de cirrose. Resultados: Foram avaliados 370 pacientes (46% homens, idade 50 ± 11 anos), dos quais 28% eram cirróticos e 85% apresentavam infecção por genótipo 1. Quanto ao status prétratamento, 273 (74%) eram virgens, 42 (11%) RR e 55 (15%) NR. A taxa de RVS global foi de 48%, sendo observada RVS em 53% dos virgens, 60% em RR e 15% em NR (p < 0,001). Na análise estratificada, observou-se RVS em 43% dos pacientes com genótipo 1 e em 67% daqueles com genótipo não-1 (p = 0,001). Entre os pacientes com hepatite crônica, a taxa de RVS foi de 56% e entre pacientes com cirrose foi de 20% (p < 0,001). Em 29 pacientes previamente NR com cirrose, a taxa de RVS foi de apenas 7%, sem diferença entre os genótipos 1 e não-1 (p = 0,68). Conclusão: Nesta coorte de pacientes brasileiros tratados fora de protocolos de pesquisa observou-se resposta semelhante à descrita pela literatura para os genótipos 1 e não-1. A indicação de retratamento com PEG-IFN e RBV para não-respondedores deve ser analisada criteriosamente, uma vez que a chance de se obter RVS é baixa neste grupo, sobretudo em pacientes com cirrose. PO-167 (270) EXISTE DIFERENÇA ENTRE A INFECÇÃO PELOS GENÓTIPOS 1A E 1B DO VÍRUS DA HEPATITE C? MORAES EC, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, STERN C, BRANDÃO-MELLO CE, NABUCO LC, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia - HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: O genótipo 1 do vírus da hepatite C (HCV) é o mais freqüente em nosso meio e, na prática clínica, os subtipos 1a e 1b têm abordagem terapêutica semelhante. Recentemente, foi descrita diferença entre os subtipos quanto à resposta virológica rápida (Hepatology 2006; 43:954), porém o impacto desta diferença sobre a resposta virológica sustentada (RVS) ainda não está estabelecido. O objetivo deste estudo foi comparar a taxa de RVS entre portadores de infecção pelos subtipos 1a e 1b do HCV. Metodologia: Foram incluídos portadores de hepatite C crônica genótipo 1 tratados com PEG-IFN α-2b (1,5µg/Kg/semana) e ribavirina (RBV). Foram excluídos os co-infectados por HBV e/ou HIV. O tempo de tratamento foi de 48 semanas, sendo suspenso antes nos casos que não apresentassem resposta virológica na 12a. sem (não-respondedores). Foi realizada análise comparativa entre os subtipos quanto às características clínicas e a taxa de RVS. Resultados: Foram estudados 298 pacientes, 54% do sexo feminino, e média de idade de 50 ± 11 anos (1675). Quanto ao status pré-tratamento, 219 (74%) eram virgens, 30 (10%) respondedores com recaída-RR e 49 (16%) não-respondedores-NR. Em 27% havia evidência clínica ou histológica de cirrose. A distribuição de subtipos observada foi: subtipo 1a em 64 (22%) pacientes e subtipo 1b em 234 (78%). Na análise comparativa entre os subtipos, não houve diferença quanto ao sexo (p = 0,47), idade (p = 0,64), S 54 IMC (p = 0,41), níveis de ALT (p = 0,96), GGT (p = 0,93) e carga viral (p = 0,97). Portadores de infecção pelo subtipo 1b apresentaram maior prevalência de cirrose (30% vs. 15%; p = 0,018). Não se observou diferença entre os subtipos quanto à taxa de resposta virológica na 4ª. semana (p = 0,36), na 12ª. semana (p = 0,37) e na taxa de RVS (1a: 45% vs. 1b: 43%; p = 0,76). Também não houve diferença na taxa de RVS entre os subtipos na análise específica dos casos de hepatite crônica (p = 0,67) e de cirrose (p = 0,99). Conclusão: Nesta amostra, não houve diferença na taxa de resposta ao tratamento com interferon peguilado e ribavirina entre os subtipos 1a e 1b do HCV. PO-168 (271) RESPOSTA VIROLÓGICA AO FINAL DO TRATAMENTO COM INTERFERON PEGUILADO (PEG-IFN) E RIBAVIRINA (RBV) - ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PACIENTES COM RESPOSTA SUSTENTADA E RECAÍDA MORAES EC, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, STERN C, BRANDÃO-MELLO CE, NABUCO LC, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia - HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Em pacientes com hepatite C, é comum a recaída após o término do tratamento, porém os fatores relacionados à ocorrência de recaída ou RVS após o término do tratamento ainda não foram plenamente estabelecidos. Este estudo teve como objetivo identificar, entre pacientes que obtiveram resposta virológica ao final do tratamento, os fatores associados à recaída da infecção. Metodologia: Foram incluídos portadores de hepatite C crônica tratados com PEG-IFN α-2b (1,5µg/Kg/ semana) e RBV que apresentaram HCV-RNA indetectável ao final do tratamento (resposta virológica final - RVF). Os pacientes com RVS foram comparados com os que apresentaram resposta com recaída (RR) quanto às características demográficas, clínicas e laboratoriais. Foi aplicada análise de regressão logística para identificação dos fatores independentemente associados à recaída. Resultados: A partir de uma amostra inicial de 370 pacientes, foram selecionados para inclusão neste estudo 251 (68%) que apresentaram RVF. Destes, 177 (70%) evoluíram com RVS e 74 (30%) com recaída. Na análise comparativa entre os grupos, não houve diferença quanto ao sexo (p = 0,08), idade (p = 0,23), IMC (p = 0,78), níveis de ALT prétratamento (p = 0,54) e ao final do tratamento (p = 0,30) e genótipo (p = 0,16). Os pacientes com RR apresentaram, quando comparados ao grupo com RVS, uma tendência a maior carga viral (761.656 vs. 548.858; p = 0,056), níveis mais elevados de GGT pré-tratamento (62 vs. 36; p = 0,001) e ao término do tratamento (32 vs. 26; p = 0,005), menor freqüência de HCV-RNA indetectável na 4ª. semana (38% vs. 64%; p = 0,001) e na 12ª. semana (72% vs. 96%; p < 0,001), e maior prevalência de cirrose (36% vs. 13%; p < 0,001). Na análise de regressão logística, HCV-RNA detectável na 12ª. semana (OR = 8,1; IC = 3,1-21,2; p < 0,001) e cirrose (OR = 4,4; IC = 2,1-9,0; p < 0,001) permaneceram como variáveis independentemente associadas à recaída. Conclusão: A recaída após o término do tratamento é uma ocorrência freqüente. Pacientes com cirrose hepática e aqueles que não obtém negativação do HCV-RNA na 12ª. semana têm maior risco de apresentar recaída após o término do tratamento. PO-169 (273) SOROPREVALÊNCIA DA HEPATITE VIRAL C EM UMA COMUNIDADE URBANA DE MACEIÓ-AL COSTA FGB, LEITE FN, PINHEIRO LM, FILHO MAB, ANDRADE TF, LIRA JD, COSTA AB, SAMPAIO MBT, LACET CMC, WISZORMISKA RMFA Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas. Maceió-AL Fundamentos: A hepatite viral C constitui importante problema de saúde pública e corresponde a principal causa de indicação para transplante de fígado, afetando mais de 170 milhões de indivíduos e com perspectiva, em 2010, de mortalidade de 40.000 pacientes por doença hepática crônica relacionada ao VHC. Cerca de 20% dos portadores crônicos podem evoluir para cirrose e carcinoma hepatocelular. Os estudos epidemiológicos no Brasil são escassos e, em geral, ocuparam-se de grupos populacionais específicos. A soroprevalência na população brasileira é variável de 0,7% a 2,1% (inquérito nacional em bancos de sangue). Em estudo de base populacional realizado em São Paulo, obtiveram-se índices entre 1% a 4%. Nosso objetivo foi identificar a prevalência do VHC em comunidade urbana, visando diagnóstico precoce e encaminhamento ao centro de referência para as hepatites virais. Método: Estudo prospectivo, transversal, em uma comunidade urbana de Maceió, com amostra de 388 sujeitos definidos através de sorteio entre indivíduos cadastrados em PSF. Critérios de inclusão: maiores de 18 anos, residentes há mais de 2 anos na comunidade. Exclusão: gestantes, nutrizes, índios e deficientes mentais. Os fatores de risco (cirurgias prévias, promiscuidade, transfusão sanguínea, profissionais de saúde, doença hepática crônica, DST, tatuagens, piercings, tratamento dentário) foram avaliados através de protocolo preestabelecido. A determinação sorológica do Anti-HCV foi realizada no HEMOAL (Hemocentro de Alagoas) e foram utilizados kits ABOTT, Elisa 3a geração. Resultados: Nos 388 indivíduos incluídos, houve predomínio do gênero feminino 290/388 (74,74%), com 98 masculinos (25,26%). A idade variou de 18 a 76 anos, com média de 40 anos (± 13,8 DP). Fatores de risco estiveram presentes em todos os indivíduos infectados 6/6 (100%), enquanto nos suscetíveis o percentual foi de 86,91% (332/ GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 382). Foram detectados 6 casos positivos para anti-HCV (1,54%). Conclusão: A soroprevalência do VHC na população estudada foi de 1,54%, semelhante aos dados na literatura. Os fatores de risco foram observados em 87,11% dos indivíduos, índice que justifica a monitorização da comunidade, através de campanhas de esclarecimento. PO-172 (291) PREVALÊNCIA DE HEPATITE C ENTRE JOGADORES DE FUTEBOL AMADOR DE PERNAMBUCO AZEVEDO TC, NUNES FILHO AC, CABRAL MA, FILGUEIRA NA Serviço de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da UFPE PO-170 (288) FATORES ASSOCIADOS À ANEMIA DURANTE O TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA COM INTERFERON PEGUILADO (PEG-IFN) E RIBAVIRINA (RBV) SCHIAVON LL, CARVALHO FILHO RJ, NARCISO-SCHIAVON JL, SAMPAIO JP, EL BATAH PN, BARBOSA DV, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina Fundamentos: Anemia é complicação freqüente durante a terapia da hepatite C crônica e está associada a prejuízo significativo da qualidade de vida. Além disso, comumente requer redução da dose ou descontinuação da RBV, o que pode comprometer a resposta à terapia antiviral. O objetivo deste estudo foi identificar os fatores pré-tratamento preditores de anemia durante a terapia combinada. Métodos: Estudo transversal que incluiu pacientes com genótipo 1, tratados com PegIFN α-2a (180mcg/sem) ou 2b (1,5mcg/kg/sem) e RBV 1 a 1,25g/dia. Análises uni e multivariada identificaram as variáveis associadas à ocorrência de anemia significativa (Hb < 10g/dL). Resultados: Foram incluídos 181 pacientes, 54% homens. A média da idade foi 46,3 ± 11,0 anos. Fibrose significativa (E ≥ 3) foi identificada em 56 casos (32%). Quanto ao tipo de Peg-IFN, 35% receberam α-2a e 65% receberam α-2b. A dose média de RBV foi de 14,4 ± 2,9mg/kg/dia. A média da queda da Hb foi de 4,0 ± 1,4g/dL e 53 (29%) pacientes desenvolveram anemia significativa. À análise univariada, foram associados à anemia: > idade (P < 0,001), gênero feminino (P < 0,001), < peso (P = 0,001), E ≥ 3 (P = 0,005), > dose de RBV (P = 0,001), < ALT (P = 0,003), < albumina (P = 0,007), < Hb basal (P < 0,001), < leucócitos (P = 0,014), < plaquetas (P = 0,007) e < Clearance de Creatinina (ClCr) (P < 0,001). A análise multivariada identificou Hb basal (OR 0,429, P = 0,001, IC95% 0,266-0,693) e o ClCr (OR 0,964, P = 0,047, IC95% 0,930-0,999) como fatores independentemente associados à anemia. Níveis basais de Hb > 13,5g/dL para mulheres e > 14,3g/dL para homens e de ClCr ≥ 86mL/min foram capazes de afastar a ocorrência de anemia com sensibilidade de 59%, especificidade de 90%, VPP de 94% e VPN de 48%. As presenças de Hb ≤ 13,5g/dL em mulheres e ≤ 14,3g/dL em homens e ClCr < 86mL/min foram preditores de anemia com sensibilidade de 36%, especificidade de 94%, VPP de 70% e VPN de 78%. Conclusões: Nível basal de Hb e o ClCr estimado são preditores simples e acurados do aparecimento de anemia significativa durante o tratamento de pacientes com hepatite C crônica com Peg-IFN e RBV. PO-171 (289) IMPACTO HISTOLÓGICO DO ESQUEMA IMUNOSSUPRESSOR EM TRANSPLANTADOS RENAIS COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO HCV SCHIAVON LL, CARVALHO FILHO RJ, NARCISO-SCHIAVON JL, BARBOSA DV, LANZONI VP, SILVA AEB, FERRAZ MLG Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina Fundamentos: Transplantados renais (TxR) possuem prevalência elevada de infecção pelo HCV. A evolução e o manejo terapêutico desta população são controversos. Estudos in vitro e in vivo sugerem que a ciclosporina possua efeito inibitório sobre a replicação do HCV. Objetivos: Avaliar o impacto do esquema imunossupressor nos achados histológicos de TxR com infecção crônica pelo HCV. Métodos: Estudo transversal que incluiu TxR com HCV-RNA (+) e biópsia hepática avaliada conforme critérios da SBP/SBH. Análises uni e multivariada foram usadas para identificar os fatores associados à presença de fibrose significativa (E > = 2) e atividade periportal significativa (APP > = 2). Resultados: Foram incluídos 102 pacientes, 60% homens. A média de idade foi 44,1 ± 9,4 anos. A duração da infecção pelo HCV foi de 12 ± 5 anos e o tempo médio de transplante foi de 7 ± 5 anos. Os imunossupressores utilizados foram: prednisona 93%, azatioprina 61%, ciclosporina 66%, MMF 19%, tacrolimus 8% e sirolimus 2%. Fibrose significativa foi identificada em 20 pacientes (20%) e APP significativa em 41 (40%). Análise de regressão logística identificou o tempo de transplante (OR 1,197, IC95% 1,071-1,339, P = 0,002) e a presença de diabetes mellitus (OR 4,770, IC95% 1,260-18,054, P = 0,021) como variáveis independentemente associadas à fibrose significativa. Não foi observada associação entre o esquema imunossupressor e o grau de fibrose. Quanto à APP, após controle para outras variáveis de interesse, como idade, idade à infecção, tipo de doador (vivo ou cadáver) e transplante prévio, o tempo de transplante (OR 1,146, IC 95% 1,032-1,272, P = 0,011) e o uso de ciclosporina (OR 0,298, IC95% 0,112-0,797, P = 0,016) permaneceram como fatores independentemente associados à APP significativa. Conclusões: Em TxR com infecção crônica pelo HCV, os imunossupressores usados não pareceram ter influência sobre o grau de fibrose hepática. Por outro lado, a utilização da ciclosporina no esquema imunossupressor pareceu exercer efeito benéfico sobre a atividade necroinflamatória periportal. Ação antiinflamatória direta ou inibição da replicação viral seriam os possíveis mecanismos para explicar tal efeito. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Objetivo: Avaliar a prevalência de Hepatite C entre jogadores de futebol amador, do período entre 1960 e 1979, no Estado de Pernambuco e relacionar a presença de infecção com o uso de complexos vitamínicos injetáveis (CVI). Fundamentos: Estudos anteriores mostraram que o uso de CVI em atividades esportivas, principalmente no futebol, é um fator de risco para transmissão do vírus da Hepatite C (HCV). Um estudo realizado em 2003 no Mato Grosso do Sul, apresentou prevalência de 7,5% de Anti-HCV positivo entre jogadores profissionais. Entre amadores, existe um relato de três casos de infecção pelo HCV, relacionados ao uso desses compostos em Salvador-BA. Métodos: Estudo transversal, com 45 atletas do sexo masculino, de um clube de futebol amador de Pernambuco, nascidos entre 1935 e 1955, que jogaram no período de 1960 a 1979. Os indivíduos, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, responderam a um questionário e foram submetidos a um teste rápido para Hepatite C (HCV Rapid Test Bioeasy®). Os casos positivos foram confirmados através de ensaio imunoenzimático Anti-HCV de terceira geração. Resultados: Dos 45 participantes, 2 (4,3%) eram Anti-HCV positivo e ambos relatavam o uso de CVI. Vinte, dos 45 entrevistados (44%), relatavam uso de CVI, enquanto oito não sabiam informar. A prevalência de hepatite C encontrada foi maior que normalmente encontrada entre doadores de sangue no país (0,9-1,5%). Conclusão: Os dados sugerem que o uso de complexos vitamínicos injetáveis, hábito comum nas décadas de 60 a 80, geralmente com seringas reutilizáveis, torna os jogadores amadores da época, bem como os profissionais, um grupo de risco potencial para infecção pelo HCV. Os valores encontrados podem subestimar a prevalência de HCV entre jogadores amadores, já que entrevistamos apenas os que continuam praticando o esporte com regularidade. PO-173 (298) HEPATITE AUTO-IMUNE DESENCADEADA POR INFECÇÃO POR CITOMEGALOVÍRUS COM MIGRAÇÃO PARA CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA ROCHA JMA, LAURITO MP, RODRIGUES IW, NETO GR, FLORES GG, LEMOS LVB, BRITO JDR, SILVA ISS, LANZONI V, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites – Universidade Federal de São Paulo, SP A hepatite auto-imune (HAI) ocorre predominantemente em mulheres jovens. A etiologia é desconhecida, no entanto, alguns vírus são descritos como fatores desencadeantes, entre eles vírus da hepatite A, Epstein Barr e Citomegalovírus (CMV). Na evolução da doença, alguns pacientes com HAI podem apresentar evolução atípica, com migração para Cirrose Biliar Primária (CBP). Relato do caso: Mulher de 47 anos, admitida para investigação de icterícia há cerca de 6 meses. Negava febre, transfusões sanguíneas, uso de drogas ilícitas ou contato com ictéricos. Ao exame físico apresentava-se em bom estado geral, ictérica (2+/4+), corada, sem estigmas de hepatopatia crônica ou sinais de encefalopatia. Exame abdominal sem visceromegalias. Exames laboratoriais revelavam AST 950UI/L, ALT 735UI/L, BT 3,2mg/dL, BD 2,7mg/dL, GGT 200U/L. Nesta ocasião a sorologia para CMV foi positiva com títulos de IgM = 2707 e IgG > 250. Sorologias para hepatite B e C negativas. Após seis meses de evolução as aminotransferases continuaram elevadas, o FAN foi positivo (1/2560), antiML (1/640), antiLKM e AMA negativos. Houve perda de função hepática (albumina = 2,9mg/dL e AP = 38%). Com essa evolução suspeitou-se do diagnóstico de HAI, introduzindo-se prednisona e azatioprina. Cerca de 1 ano após o início do tratamento, foi submetida à biópsia hepática percutânea que mostrou E 3/4, APP3, IIP3, AP1, com rosetas peri-septais. Nova biópsia hepática realizada 3 anos após a primeira, revelou colangite granulomatosa, destrutiva, não supurativa. Conclusão: Esse caso cursou com dois eventos raros na evolução de HAI: a infecção aguda por CMV como “gatilho” da HAI e sua migração para CBP AMA negativo, após alguns anos de evolução. PO-174 (299) HEPATOCARCINOMA PRIMÁRIO EM JOVEM COM SOROLOGIAS NEGATIVAS PARA HEPATITES VIRAIS E FÍGADO NÃO-CIRRÓTICO: RELATO DE CASO FLORES GG, FREIRE DRQ, BRITO JDR, ROCHA JMA, REIS JS, NETO GR, LAURITO MP, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: O hepatocarcinoma é a quinta neoplasia mais comum em todo mundo. O seu surgimento depende de vários fatores sendo o mais comum a lesão crônica do fígado, dentre estas, as causadas pelos vírus da hepatite B e C. É rara a incidência em indivíduos abaixo de 50 anos e sem nenhuma doença hepática prévia. Relato de caso: AE, 34 anos, sexo masculino, previamente hígido, com quadro de dor em hipocôndrio direito, aumento de volume abdominal e perda ponderal há seis meses. Apresentava sorologias para hepatites virais negativas, alfafetoproteína, provas de função hepática e transaminases dentro dos valores da normalidade. To- S 55 mografia de abdome mostrou lesão expansiva infiltrativa medindo 12,5 x 6,5cm em lobo hepático esquerdo. Biópsia hepática percutânea inicial foi sugestiva de doença de Gaucher, diagnóstico reforçado pela dosagem elevada de beta-glicosidase. Nova biópsia hepática definiu diagnóstico de hepatocarcinoma, confirmado posteriormente após realização de hepatectomia esquerda. Conclusão: Embora sejam pouco freqüentes, têm sido relatados casos de hepatocarcinoma em indivíduos jovens sem outros fatores associados, demonstrando que este diagnóstico deve ser considerado nestas circunstâncias. PO-175 (300) INFLUÊNCIA DOS FATORES VIRAIS E DO HOSPEDEIRO, COM ÊNFASE NOS ANTÍGENOS LEUCOCITÁRIOS HUMANOS (HLA), NA HISTÓRIA NATURAL DA HEPATITE C CRÔNICA CANGUSSU LO¹, TEIXEIRA R¹, GERBASE DE-LIMA M², CAMPOS EF², RAMPIM GF², FABIANO RC¹, SILVA LE¹, MINGOTI SA¹, SOUZA FC¹, MARTINS FO OA³ Ambulatório de Hepatites Virais/Instituto Alfa de Gastroenterologia/Hospital das clínicas/UFMG¹, Instituto de Imunogenética da Introdução: Fatores do hospedeiro e do vírus C (HCV) influenciam na história natural da doença. Este estudo investigou a influência desses fatores na evolução da fibrose hepática na hepatite C crônica, com ênfase nos alelos HLA. Pacientes e Métodos: 99 portadores de hepatite C crônica foram incluídos: 49 (48.5%) masculinos, média de idade 51,5 (± 12) anos, tempo de infecção 22,2 (± 9,3) anos. As biópsias hepáticas foram categorizadas em F0-2 e F3-4 (Metavir). 49/99 (49,5%) eram cirróticos. 103 indivíduos sadios foram controles. Tipagem HLA foi determinada por PCR-SSP. Resultados: As freqüências fenotípicas (Ff) do DRB1*11 foram 11/ 99 (11,1%) em pacientes e 22/103 (21,4%) em controles (p = 0,037, OR = 0,46). As Ff foram semelhantes em pacientes com (n = 6/49, 12,2%) e sem (n = 5/50, 10,0%) cirrose. Menor Ff do DRB1*04 foi notada em cirróticos e tempo de infecção ≤ 22 anos (F3-4 = 11,1%; F0-2 = 45,0%; p = 0,0326; OR = 6,22). Maior Ff do alelo HLADQB1*0501 foi observada em pacientes do que em controles (34,4% x 20,4%, p = 0,04, OR = 2,04). Ff dos alelos HLA-DQB1*0501 e HLA-DQB1*0602 foram inversamente proporcionais ao estádio de fibrose, independente do tempo de infecção (p = 0,0001 e p = 0,008, respectivamente). Os fatores preditivos de evolução da fibrose foram: idade (p = 0,001, OR = 0,92), interação idade e tempo de infecção (p = 0,045, OR = 1,47), grau de inflamação (p = 0,000, OR = 0,11), genótipo 1 (p = 0,004 OR = 0,19) e ALT 2x o LSN (p = 0,047, OR = 0,30). Conclusões: Idade, duração da infecção, ALT alta, atividade inflamatória e genótipo 1 são fatores de evolução acelerada da fibrose hepática na hepatite C crônica. A maior Ff do DQB1*0501 pode indicar maior suscetibilidade à infecção, enquanto a menor Ff do DRB1*11 sugere a sua participação no clareamento viral, confirmando estudos prévios. Maior Ff de DRB1*04, DQB1*0501 e DQB1*0602 em pacientes com menos fibrose pode significar proteção contra a sua evolução. Estes resultados reforçam a influência de fatores do hospedeiro, incluindo alelos HLA, na história natural da hepatite C. PO-176 (302) PAPEL DA CONCENTRAÇÃO DE FERRO HEPÁTICO NA RESPOSTA AO TRATAMENTO DE PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA PEREIRA PSF, SILVA ISS, EMORI CT, MELO IC, WAHLE RC, UEHARA SNO, PEREZ RM, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Considera-se que a sobrecarga de ferro hepático elevada seja um fator desfavorável ao tratamento antiviral da hepatite C crônica. Este estudo teve como objetivo avaliar a influência da concentração de ferro hepático (CFH) na resposta ao tratamento com interferon (convencional ou peguilado) e ribavirina (RBV) em pacientes com hepatite C crônica. Métodos: Foram estudados pacientes anti-HCV e HCV-RNA positivos, tratados com IFN convencional ou peguilado + RBV no período de 2000 a 2006, que apresentavam quantificação de ferro hepático disponível no pré-tratamento. A análise da CFH hepático foi feita por espectrofotometria de absorção atômica em fragmentos de tecido hepático e foi expressa em µMol/g de tecido seco. Concentrações acima de 30µMol/g de tecido seco indicam sobrecarga de ferro hepático. Os pacientes foram comparados em relação à mediana da CFH, de acordo com a resposta virológica sustentada (RVS) definida como HCV-RNA negativo 6 meses após o término do tratamento. O tempo de tratamento foi de 6 meses a 1 ano, dependendo do genótipo. Para análise comparativa foi utilizado o teste de Mann-Whitney. Resultados: Foram estudados 42 pacientes (57% homens) com média de idade de 46 ± 10 anos. A CFH (média) foi 12,7 ± 17µMol/g de tecido seco. Apenas 2 (4,7%) pacientes apresentaram CFH superior a 30µMol/g. O tratamento foi realizado com IFN convencional + RBV ou Peg-IFN + RBV em 35 e 7 pacientes, respectivamente. Resposta virológica sustentada foi obtida em 38% dos pacientes (16/42). Não houve diferença entre a mediana da CFH com relação à RVS (NR = CFH 10,16µMol/g X RVS CFH 17,01µMol/ g; P = 0,7). Conclusões. A sobrecarga de ferro hepático, avaliada por meio da determinação da concentração tecidual de ferro é um evento pouco freqüente em portadores de infecção crônica. Os níveis teciduais de CFH não se associam a pior resposta ao tratamento. S 56 PO-177 (303) A CO-INFECÇÃO PELO VÍRUS B TEM IMPACTO NA RESPOSTA AO TRATAMENTO DA HEPATITE C EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE? WAHLE RC, EMORI CT, UEHARA S, MELO IC, PEREIRA PSF, ROCHA CM, PEREZ RM, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Não se dispõe, até o momento, de informação sobre o impacto da co-infecção pelo vírus B na resposta ao tratamento da hepatite C em pacientes hemodialisados. O objetivo deste estudo foi comparar a taxa de resposta virológica sustentada (RVS) ao tratamento entre pacientes com co-infecção HBV/HCV e portadores de infecção isolada pelo HCV. Métodos: Foram estudados portadores de hepatite C em hemodiálise, tratados com IFN no período de 1999 a 2005. O tratamento foi indicado para pacientes com HCV-RNA positivo e biópsia com atividade periportal e/ou estadiamento ≥ 2, independente do nível de ALT. O esquema adotado foi IFN-α 3 MU, 3x/semana em monoterapia, por 12 meses. Pacientes co-infectados HBV/HCV foram comparados aos monoinfectados pelo HCV, quanto a características clínicas e taxa de RVS. Resultados: Foram tratados 109 pacientes, 61% homens, com idade de 45 ± 10 anos. O tempo de diálise foi de 7 ± 4 anos. A ALT prétratamento foi elevada em 57% dos pacientes. Fibrose septal foi observada em 49% dos pacientes. A co-infecção HBV/HCV foi observada em 14 (13%) pacientes. A análise comparativa entre co-infectados HBV/HCV e monoinfectados HCV mostrou que não houve diferença entre os grupos quanto ao sexo (P = 0,39), presença de fibrose septal (P = 0,49) e atividade necroinflamatória moderada a intensa (P = 0,53). Por outro lado, co-infectados eram mais jovens (39 ± 9 vs 46 ± 10 anos; P = 0,009), tinham maior tempo de diálise (12 vs 6 anos; P = 0,016) e tendência a maior freqüência de ALT elevada (79% vs 53%; P = 0,075). A análise por intenção de tratamento mostrou RVS de 50% entre co-infectados e 18% em monoinfectados (P = 0,013). Conclusão: Pacientes renais crônicos co-infectados pelo vírus B apresentam maior taxa de resposta ao tratamento da hepatite C. É possível que fatores relacionados à interferência viral ou à resposta imunológica do hospedeiro sejam determinantes da melhor resposta observada entre os pacientes co-infectados. PO-178 (304) TRATAMENTO DE HEPATITE C CRÔNICA EM RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE: FATORES PREDITIVOS DE RESPOSTA UEHARA S, MELO IC, EMORI CT, WAHLE RC, PEREIRA PSF, ROCHA CM, PEREZ RM, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: O tratamento de hemodialisados com hepatite C continua a representar um desafio, sobretudo pela baixa tolerância ao interferon (IFN). Assim, a identificação de fatores preditivos de resposta é de grande utilidade, permitindo selecionar adequadamente a população a ser tratada. O objetivo deste estudo foi avaliar fatores preditivos de resposta ao tratamento em pacientes hemodialisados com hepatite crônica C. Métodos: Foram avaliados portadores de hepatite C em hemodiálise, tratados com IFN no período de 1999 a 2005. O tratamento foi indicado para pacientes com HCV-RNA positivo e biópsia com atividade periportal e/ou estadiamento ≥ 2, independente do nível de ALT. O esquema adotado foi IFN-α 3 MU, 3x/semana, por 12 meses. Pacientes com resposta virológica sustentada (RVS) foram comparados àqueles sem RVS, quanto a variáveis epidemiológicas, laboratoriais e histológicas. Resultados: Foram tratados 96 pacientes, 63% homens, com idade de 46 ± 10 anos (24-64). O tempo estimado de infecção foi de 10 ± 7anos. Fibrose septal foi observada em 48% dos pacientes. A análise por intenção de tratamento mostrou RVS de 20%. Entre os que completaram o tratamento, a RVS foi de 33%. Quando pacientes com RVS foram comparados aos que não responderam, não houve diferença quanto à idade (P = 0,22), sexo (P = 0,67), ALT pré-tratamento (P = 0,22), tempo de infecção (P = 0,80). Pacientes com fibrose septal tiveram tendência a apresentar menor taxa de RVS, quando comparados a pacientes sem fibrose septal (12% vs 26%; P = 0,09). Entre os pacientes que realizaram HCV-RNA no 6º. mês de tratamento (64/96), RVS foi observada em 41% daqueles com HCV-RNA negativo e em 3% daqueles com HCV-RNA positivo (P < 0,001). E entre os que realizaram HCV-RNA no 3º. mês (24/96), a RVS foi observada em 67% daqueles com HCV-RNA negativo e em 17% daqueles com HCV-RNA positivo (P = 0,04). Conclusão: Não foram identificados fatores preditivos relacionados ao hospedeiro que pudessem predizer resposta virológica sustentada ao tratamento da hepatite C em hemodialisados. Os fatores preditivos favoráveis durante a terapia foram a negativação do HCV-RNA no 3º e 6º mês de tratamento. PO-179 (305) TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA COM INTERFERON EM TRANSPLANTADOS RENAIS PEREIRA PSF, EMORI CT, FELDNER ACA, MELO IC, WAHLE RC, UEHARA SNO, PEREZ RM, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos. A terapia com interferon (IFN) para hepatite C em pacientes póstransplante renal é relacionada a efeitos adversos, sobretudo à rejeição do enxerto. Portanto, esse tratamento não é habitualmente recomendado para esta população. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Avaliou-se o uso de IFN convencional ou peguilado (PEG-IFN) associado à ribavirina (RBV) em pacientes transplantados renais. Métodos. Foram incluídos pacientes transplantados renais com hepatite C crônica que foram tratados com IFN ou PEG-IFN associado à RBV, entre 2005 e 2006. Critérios de indicação de tratamento: graus avançados de fibrose e/ou de atividade necroinflamatória. Foram empregadas doses habituais de IFN ou PEG-IFN e a dose de RBV foi ajustada ao clearance de creatinina. Resultados. Foram tratados 8 pacientes (75% homens) com média de idade de 43 ± 7 anos. O tempo médio de transplante foi de 8 ± 5 anos (2 a 19 anos). Genótipo 1 foi observado em 5/5 pacientes. IFN convencional foi utilizado em 6 pacientes e PEG-IFN em 2. O tempo de uso foi de 8 meses (mediana). As médias dos testes laboratoriais pré e pós tratamento foram: ALT: 1,9 ± 1,7 vs 1,1 ± 0,6 x LSN (P = 0,09); AST: 2,1 ± 2,1 vs 1,1 ± 0,6 x LSN (P = 0,04); Hemoglobina: 12,5 ± 1,3 vs 10,1 ± 3,4g/dL (P = 0,23). A média da creatinina (Cr) pré-tratamento foi de 1,8mg/dL. Cinco pacientes já apresentavam alteração da Cr pré-tratamento (1,6 a 3,3mg/dL). Ao final do tratamento observou-se piora da Cr em 4/8 pacientes, porém nenhum paciente apresentou rejeição do enxerto. Terapia com eritropoetina foi feita em 5 pacientes e em 2 foi necessária transfusão sanguínea. Apesar destas medidas, o tratamento foi interrompido em 5 pacientes por anemia. Entre os 3 pacientes que concluíram 12 meses de tratamento, RVS foi observada em 2, representando taxa de RVS global de 25%. Conclusões. O tratamento de transplantados renais com hepatite crônica C teve baixa tolerância e a anemia foi a principal causa de suspensão do tratamento. Por outro lado, não se observou perda do enxerto renal em nenhum dos pacientes tratados. A resposta virológica sustentada, observada nos pacientes que concluíram o tratamento, sugere que o IFN pode representar uma opção para pacientes transplantados renais com doença hepática avançada. PO-180 (311) TRANSPLANTE RENAL ANTERIOR EXERCE INFLUÊNCIA SOBRE A EVOLUÇÃO DA DOENÇA HEPÁTICA EM PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA COM HEPATITE C? BECKER VR, BADIANI R, PEREZ RM, LEMOS LB, OLIVEIRA EMG, LANZONI VP, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Apesar dos progressos observados no manejo clínico de transplantados renais, a perda do enxerto é uma ocorrência freqüente. Como o transplante renal tem se tornado um procedimento cada vez mais difundido, tem sido comum o achado de portadores de IRC em hemodiálise com transplante renal anterior. A influência deste evento sobre a evolução da hepatite C não é bem conhecida. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência e o impacto do transplante renal anterior sobre a progressão da hepatite C nesse grupo. Métodos: Foram incluídos portadores de IRC com infecção crônica pelo HCV (HCV-RNA positivo), submetidos à biópsia hepática no período de 1999 a 2006. Foram excluídos etilistas (> 40g/dia em homens e > 20g/dia em mulheres) e portadores de co-infecção pelo HIV. Pacientes com e sem história de transplante anterior (TxR) foram comparados quanto às características demográficas, laboratoriais e histológicas. Resultados: Foram estudados 216 pacientes, 63% homens, com média de idade de 44 ± 11 anos e tempo estimado de infecção de 9 ± 6 anos. Destes, 55 (26%) tinham história de TxR prévio, sendo 71% de doador cadáver, com tempo médio de transplante de 63 ± 54 meses. Na análise comparativa, não se observou diferença entre os pacientes com e sem TxR prévio quanto ao sexo (P = 0,84), idade > 40 anos (P = 0,12), presença de coinfecção pelo HBV (P = 0,38), níveis de ALT (P = 0,90), AST (P = 0,23) e GGT (P = 0,16). Da mesma forma, não houve diferença entre os grupos com relação à presença de fibrose septal (P = 0,57), hepatite de interface (P = 0,84) e atividade parenquimatosa mais intensa (P = 0,58). A única diferença observada foi no tempo de infecção pelo HCV, que foi maior entre os pacientes com TxR anterior (13 vs. 6 anos; P < 0,001). Conclusão: Apesar de ser ocorrência comum, o transplante renal anterior parece não exercer influência sobre a evolução da doença hepática em portadores de IRC com infecção crônica pelo HCV. PO-181 (312) IMPACTO DA ESTEATOSE EM PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS C BECKER VR, BADIANI R, PEREZ RM, LEMOS LB, OLIVEIRA EMG, LANZONI VP, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Esteatose hepática é freqüentemente observada na infecção pelo HCV (50 a 70% dos casos), e sua relação com gravidade da doença hepática é controversa. Em portadores de IRC, existem poucos dados sobre este achado. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência e impacto da esteatose hepática em portadores de IRC com infecção pelo HCV. Métodos: Foram incluídos portadores de IRC com hepatite C, submetidos à biópsia hepática no período de 2001 a 2005. Foram excluídos etilistas e portadores de co-infecção pelo HBV ou HIV. Esteatose foi definida pela presença de micro ou macrogotículas de gordura em > 5% das células hepáticas. Pacientes com e sem esteatose foram comparados quanto às características demográficas, laboratoriais e histológicas. Resultados: Foram incluídos 85 pacientes, 64% homens, com idade de 44 ± 11 anos e tempo de infecção de 8 ± 5 anos. Esteatose foi observada em 13 (15%) pacientes: grau 1 em 10 (12%), grau 3 em 2 (2%) e grau 4 em 1 (1%). Os pacientes com esteatose apresentavam maior GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 proporção de sexo feminino (61% vs. 32%; p = 0,04) e idade mais avançada (50 ± 9 vs. 43 ± 11 anos; p = 0,04), não havendo diferença quanto ao tempo de infecção (p = 0,22) e história de transplante anterior (p = 0,45). Níveis mais elevados de ALT (1,3 vs.1,0 xLSN; p = 0,06), AST (1,2 vs.0,7 x LSN; p = 0,013) e GGT (3,7 vs.1,8 x LSN; p = 0,006) foram observados no grupo com esteatose, assim como maior freqüência de fibrose septal (46% vs. 13%; p = 0,009), hepatite de interface (85% vs. 42%; p = 0,004) e atividade parenquimatosa mais intensa (92% vs. 44%; p = 0,001). Ao se relacionar a presença de esteatose à lesão histológica indicativa de tratamento, observou-se sensibilidade de 26%, porém com especificidade de 95% e valor preditivo positivo (VPP) de 85%. Conclusões: A esteatose é pouco freqüente entre portadores de IRC com hepatite C e, quando presente, se associa a níveis mais elevados de enzimas hepáticas e maior gravidade histológica. A elevada especificidade e o alto VPP deste achado para detecção de casos com indicação de tratamento sugere que a presença de esteatose pode ser um elemento útil na decisão de tratamento quando não for possível a realização de biópsia hepática. PO-182 (321) LESÃO DE DUCTO BILIAR NA INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C: PREVALÊNCIA E SIGNIFICADO CLÍNICO BADIANI R, BECKER VR, PEREZ RM, LEMOS LB, OLIVEIRA EMG, PEREIRA PSF, LANZONI VP, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: A lesão de ductos biliares (LDB) é observada com freqüência variável na hepatite crônica C e é considerada marcador etiológico da doença. Entretanto, seu significado clínico é pouco conhecido. Os objetivos deste estudo foram: avaliar a prevalência do achado de lesão de ductos da hepatite crônica C e relacionar este achado a variáveis epidemiológicas, laboratoriais e histológicas. Métodos: Foram estudados 169 pacientes com anti-HCV e HCV-RNA+ submetidos à biópsia hepática, nos quais foi realizada revisão histológica para caracterização da LDB, definida por alterações degenerativas do epitélio dos ductos biliares e/ou permeação dos mesmos por linfócitos. Pacientes com (G1) e sem (G2) LDB foram comparados quanto a características epidemiológicas, laboratoriais e histológicas. Resultados: A LDB foi observada em 38 pacientes (23%) e se associou com as seguintes variáveis: idade (G1 = 51 ± 12 vs. 46 ± 11 anos; P = 0,028); ALT (G1 = 3,9 x LSN vs. G2 = 2,5 x LSN; P = 0,011); atividade necroinflamatória peri-portal intensa (G1 = 68% vs. G2 = 49%; P = 0,033) e agregados linfóides (G1 = 76% vs. G2 = 47%; P = 00,001). Não houve associação do achado de LDB com gênero, tempo ou modo de infecção, consumo de álcool, presença de anticorpos anti-mitocôndria, genótipo e carga viral do HCV, colestase bioquímica e histológica, esteatose e estadiamento. Conclusões: A lesão de ducto biliar foi um achado relativamente freqüente em pacientes com infecção crônica pelo HCV. Este achado não representa, do ponto de vista clínico, a graus mais avançados de fibrose ou associação com forma colestática de apresentação. Por outro lado, a associação com a presença de níveis mais elevados de ALT, atividade necroinflamatória intensa e presença de agregados linfóides sugere que a lesão de ducto seja um fenômeno imunomediado. PO-183 (322) MARCADORES INDIRETOS DE ESTEATOSE HEPÁTICA EM PORTADORES DE INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C SALATI T, MORET TM, CARVALHO-FILHO RJ, PEREIRA PSF, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: A esteatose hepática (EH) está presente em aproximadamente 50% dos pacientes infectados pelo vírus C (HCV). Na ausência de infecção crônica viral, a avaliação de alguns parâmetros clínicos e laboratoriais mostrou-se útil para a identificação de indivíduos com EH, permitindo a composição de um índice (fatty liver index – FLI) de avaliação indireta da presença de EH à biópsia hepática (Bedogni et al, BMC Gastroenterol. 2006; 6:33) Nesse estudo procurou-se identificar fatores preditivos de EH em portadores de infecção pelo HCV e avaliar o desempenho do FLI nestes pacientes. Métodos: Foram incluídos prospectivamente 38 portadores de infecção pelo HCV (anti-HCV e HCV-RNA positivos), submetidos à biópsia hepática. As seguintes variáveis foram analisadas: gênero, idade, consumo de álcool, índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal (CA) e níveis séricos de ALT, AST, GGT, triglicérides (TG), glicose e colesterol total e frações. Os valores de GGT, IMC, CA e TG foram utilizados para o cálculo do FLI, conforme descrito na literatura. Para análise estatística, foram formados 2 grupos: G1 – pacientes com EH à biópsia hepática e G2 – pacientes sem EH, empregando-se os testes t de Student, Mann-Whitney, Qui-quadrado ou Exato de Fisher. Resultados: Foram incluídos 38 pacientes, (50% homens), com média de idade de 46+14 anos. Cinco indivíduos (13%) eram portadores de diabetes mellitus, 9 pacientes (24%) eram obesos (IMC > 30kg/m2) e 10 (26%) possuíam história de uso abusivo de etanol. A EH foi identificada à biópsia hepática em 50% dos pacientes. Os grupos G1 e G2 não diferiram com relação ao gênero, idade, IMC, CA ou ingestão abusiva de etanol. Da mesma forma, não houve diferença segundo os níveis de ALT, AST, GGT, TG, colesterol total, HDL, LDL e VLDL. As médias do FLI foram semelhantes em G1 e G2 (53,8 + 27,0 vs. 51,6 + 24,9; P = 0,802). Entretanto, o G1 mostrou maior mediana de glicemia de jejum: 100,5 vs. 85,7mg/dL (P = 0,002). Entre pacientes com glicemia > 90mg/dL, 74% apresenta- S 57 ram EH à biópsia, enquanto que a prevalência de EH nos indivíduos com glicemia < 90mg/dL foi de apenas 24% (P = 0,003). Assim, glicemia de jejum > 90mg/dL foi capaz de predizer o achado de EH com acurácia de 75%, sensibilidade de 78%, especificidade de 72%, valor preditivo positivo de 74% e valor preditivo negativo de 77%. Conclusões: O FLI não foi capaz de predizer a presença de EH em portadores de HCV. Entretanto, nestes pacientes, níveis de glicemia de jejum superiores a 90mg/ dL podem predizer, de forma acurada, o achado de EH à biópsia hepática. PO-184 (324) ALTERAÇÕES METABÓLICAS EM PACIENTES CO-INFECTADOS HIV/HCV LANZARA G, BAGGIO G, BARBOSA A, ALVES V, PEREIRA PSF, FERRAZ ML, GRANATO CFH Laboratório de Virologia – Disciplina de Infectologia e Setor de Hepatites – Disciplina de Gastroenterologia, Universidade Feder Fundamentos: A infecção pelo HCV parece estar relacionada com maior ocorrência de lipodistrofia e resistência à insulina em portadores do HIV. Porém, a associação da co-infecção com outras alterações metabólicas ainda não está clara. O objetivo do presente estudo foi estimar o impacto da infecção pelo HCV, entre pacientes infectados pelo HIV, quanto ao perfil metabólico. Métodos: Estudo transversal e prospectivo, com inclusão aleatória de pacientes HIV positivos e co-infectados HIV/HCV, no período de abril a dezembro de 2006. Foram avaliados os seguintes parâmetros: LDL-colesterol, triglicérides, glicemia de jejum e índice de massa corpórea (IMC). Resultados: No período de estudo foram incluídos 100 pacientes, 56 infectados pelo HIV e 44 co-infectados HIV/HCV, que não diferiam significativamente quanto à idade (p = 0,84) e uso de anti-retrovirais (p = 0,57). Houve predomínio de homens entre os co-infectados HIV/HCV (p = 0,008). A presença de infecção pelo HCV tendeu a se associar com níveis menores de LDL-colesterol (P = 0,056), mas não exerceu impacto sobre os níveis de triglicérides (p = 0,38), glicemia de jejum (p = 0,67) e IMC (p = 0,07). Conclusões: A hepatite C crônica em pacientes infectados pelo HIV parece se relacionar com taxas menores de LDL-colesterol, sugerindo haver um aparente efeito protetor da infecção pelo HCV sobre o desenvolvimento de dislipidemia. PO-185 (326) FATORES RELACIONADOS À RESISTÊNCIA INSULÍNICA NA HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS C EL BACHA I, OLIVEIRA AC, MACHADO JR, MARTINS AHB, LEITE-MÓR MMB, LANZONI VP, CARVALHO L, PARISE ER Disciplina de Gastroenterologia da UNIFESP. Setor Doenças Hepáticas Fundamentos: A resistência insulínica (RI) tem sido reconhecida como importante complicação da hepatite C crônica (HCC), estando associada ao desenvolvimento de diabetes mellitus, progressão da doença e redução da resposta ao tratamento antiviral. Entretanto, os fatores de risco associados ao aparecimento dessa RI não estão bem estabelecidos. Objetivo: avaliar a presença de RI medida pelo método HOMA-IR correlacionando-a com aspectos clínicos, histológicos e virológicos da HCC. Métodos: Pacientes consecutivos, HCV-RNA positivos, foram submetidos à biópsia hepática, excluídos pacientes HBsAg e anti-HIV positivos e com ingestão etanol > 20g/dia. Foram determinados os valores séricos de AST, ALT e GGT, glicose (método cinético automatizado) e contagem automatizada de plaquetas. A ferritina sérica foi dosada por quimioluminescência, a insulina por imunofluorimetria. A RI foi determinada pelo modelo homeostático HOMA-IR. A genotipagem do vírus foi feita por seqüenciamento e a carga viral por PCR quantitativo Amplicor Roche . As alterações semiquantitativas do grau de desarranjo estrutural, atividade necroinflamatória, esteatose e siderose na biópsia hepática, foram classificadas segundo os critérios da SBH/SBP. Na análise estatística foram utilizados os testes do χ2 e de regressão binária logística. Resultados: 130 pacientes foram incluídos, com média de idade de 47,8+14,2 anos, sendo 60% do gênero masculino, 65% portadores do genótipo 1 e 26% com cirrose à histologia. Em análise univariada estiveram relacionada a HOMA-IR > 2,5 os parâmetros idade, gênero, IMC, ALT, GGT, genótipo e carga viral, estadiamento, APP, siderose e esteatose hepáticas. Desses parâmetros, foram identificados como independentemente associados a HOMA-IR > 2,5 [OR (IC 95%)], a idade 1,076 (1,016-1,240), o IMC 1,115 (1,054-1,179), genótipo 1 0,275 (0,0920,0820) e a esteatose à biópsia 3,542 (1,240-10,120) e APP 3,057 (1,014-9,212) Conclusão: Além de fatores gerais habitualmente associados a RI, (como IMC e idade) na hepatite C crônica, a RI está também associada a características próprias da doença como atividade inflamatória, estetose e genótipo viral. Trabalho parcialmente desenvolvido com auxílio financeiro da FAPESP (02/05260-6) PO-186 (327) gens bioquímicas relacionadas à síndrome de resistência insulínica. Casuística e Métodos Pacientes consecutivos, HCV-RNA positivos, submetidos à biópsia hepática, HBsAg e anti-HIV negativos e com ingestão etanol < 20g/dia. Foram dosadas AST, ALT e GGT, glicose, por método cinético automatizado e contagem automatizada de plaquetas. As dosagens de insulina foram feitas por imunofluorimetria e a ferritina sérica por quimioluminescência. A resistência insulínica (RI) foi determinada pelo modelo homeostático HOMA-IR. A genotipagem do vírus foi feita por seqüenciamento e a medida da carga viral por PCR quantitativo Amplicor Roche . A biópsia hepática foi analisada quanto às alterações semiquantitativas do grau de desarranjo estrutural, atividade necroinflamatória, esteatose e siderose hepática, segundo os critérios propostos pelas SBH/SBP. Na análise estatística foram utilizados os testes do χ2 e regressão binária logística. Resultados: 201 pacientes foram avaliados retrospectivamente, com média de idade de 49,9+12,7 anos, sendo 61,7% do gênero masculino. Desses, 68,7% eram portadores do genótipo 1 e 24,4% apresentavam cirrose à histologia. Os parâmetros avaliados foram idade, gênero, peso corporal, AST, ALT, GGT, HOMA-IR, genótipo e carga viral, diabetes e intolerância à glicose, estadiamento APP, siderose e esteatose hepáticas. Os fatores identificados como independentemente associados aos níveis séricos de ferritina foram: [OR (IC95%)] peso corporal 1,035 (1,007-1,064), GGT 1,262 (1,015-1,570), presença de esteatose à biópsia 1,747 (1,109-2,752), siderose hepática 3,055 (1,397-6,179) e intolerância à glicose 2,383 (1,055-5,381). Conclusão: Esses dados indicam que tanto o acúmulo de ferro no tecido quanto alterações no metabolismo glicídico estão associados à hiperferritinemia na HCC. Trabalho parcialmente desenvolvido com auxílio financeiro da FAPESP (02/05260-6). PO-187 (330) NÍVEL DE AST E ALT COMO FATOR PREDITIVO DE RESPOSTA AO TRATAMENTO EM PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C OLIVEIRA AC, CODES L, MELLO V, MACEDO R, OLIVEIRA C, FREITAS D, NUNES V, SCHINONI MI, PARANA R Universidade Federal da Bahia Faculdade de Medicina A infecção pelo vírus da hepatite C tem distribuição mundial sendo que aproximadamente 80% dos pacientes infectados desenvolvem infecção crônica. A progressão da doença é caledoscópica, existindo diversos fatores que interferem tanto na evolução para fibrose como na resposta ao tratamento antiviral. São conhecidas algumas variáveis que interferem em uma melhor resposta ao tratamento. Objetivo: Avaliar se existe associação entre os níveis de transaminases, medidos antes e durante o tratamento e resposta terapêutica em pacientes com Hepatite C. Metodologia: Estudo retrospectivo de série de casos de 70 pacientes com Hepatite C crônica tratados com Interferon e Ribavirina. Critério de inclusão: detecção de HCV-RNA no soro pelo PCR. Critério de exclusão: HCV-RNA indetectável, co-infecção com HBV e HIV. Foram medidos níveis de transaminases em 5 tempos: pré tratamento, aos 3 meses do tratamento, aos 6 meses do tratamento, ao final do tratamento e aos 6 meses após o tratamento. Os grupos foram categorizados de acordo com resposta sustentada (RS) (HCV-RNA indetectável 6 meses após o tratamento): respondedores (RS) e não respondedores (NRS). Teste estatístico: Teste T e Qui quadrado. Resultado: Do total de pacientes 32,15% foram RS e 67,85% NRS, durante todo o período de tratamento os níveis de transaminases foram maiores no grupo NRS. Avaliados picos de transaminases: 9 pacientes (12,85%) apresentaram um ou mais picos após iniciar o tratamento e 61 pacientes (87,15%) apresentaram um declínio nos níveis de transaminases no decorrer do tratamento. Os pacientes que tiveram pico de transaminases foram não respondedores. Houve uma diferença estatística (p = 0,046) com relação à resposta ao tratamento entre os grupos com e sem pico, as demais variáveis não apresentaram diferença estatística. Conclusão: Neste estudo os níveis ALT/ AST parecem estar relacionados à resposta ao tratamento. Os pacientes NRS tiveram, durante todo o tratamento, níveis de transaminases estatisticamente maiores do que os RS. Nos pacientes que apresentaram aumento ou pico de ALT/AST há evidencias de ausência de resposta virológica sustentada. Nossos dados sugerem que nível elevado de transaminases foi um fator preditivo de pior resposta ao tratamento, apesar da pequena amostra. Poucos estudos utilizam a variação das transaminases durante o tratamento para avaliação de resposta sustentada, tornando-se necessário maiores investigações com outras populações para confirmar esses resultados. PO-188 (334) GRAU DE DEPRESSÃO E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA SUBMETIDOS OU NÃO A TRATAMENTO ANTIVIRAL. RESULTADOS PRELIMINARES FERRITINEMIA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA PARISE CLG, OLIVEIRA AC, PARISE ER EL BACHA I, OLIVEIRA AC, LEITE-MÓR MMB, LANZONI VP, SOUSA E, PARISE ER Disciplina de Gastroenterologia, Setor Doenças Hepáticas. Unifesp – São Paulo Disciplina de Gastroenterologia da UNIFESP Fundamentos: Portadores de hepatite C crônica (HCC) apresentam maior índice de fadiga; diminuição da qualidade de vida e significativa prevalência de quadros depressivos, que tendem a se agravar no tratamento com interferon, podendo afetar a aderência ao tratamento. Objetivos: Avaliar o grau de depressão e qualidade de vida em pacientes com HCC e correlacionar esses achados com características demográficas, histológicas e virológicas dos pacientes e com a resposta ao tratamento. Métodos: 71 pacientes HCV-RNA+, naives, foram submetidos à biópsia hepática, Fundamentos: Níveis elevados de ferritina são freqüentemente encontrados em portadores de hepatite C crônica. Apesar de inicialmente ter sido atribuída à siderose hepática, recentemente, o diabetes mellitus e a síndrome metabólica têm sido considerados a principal causa de elevação dos níveis séricos de ferritina. Objetivo: em pacientes com hepatite C crônica (HCC), avaliar a correlação dos níveis séricos de ferritina com parâmetros demográficos, histológicos, enzimas hepáticas e dosa- S 58 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 determinação da genotipagem e carga viral. 61 iniciaram tratamento com interferon e ribavirina. Em 23 deles foi avaliada a resposta precoce (RVP). O grau de depressão foi avaliado pelo inventário de Beck e a qualidade de vida pelo questionário SF-36. Os testes foram aplicados no início (T0) e aos 3 meses de tratamento. Na análise estatística empregou-se: teste de correlação de Spearman e Mann-Whitney. Resultados: A média de idade da população estudada foi de 49,1+12,3 anos, sendo 52% deles do gênero masculino. 42% apresentavam genótipo 1 e 13,1% eram cirróticos. Antes do tratamento, o BDI encontrou 12,2% dos casos com depressão significativa. Não houve correlação do BDI com idade, gênero, carga viral, genotipagem, alteração estrutural ou atividade da doença; mas houve correlação significante com a pontuação dos domínios do SF-36 (capacidade funcional, saúde geral, aspectos físicos, dor, vitalidade, aspectos emocionais e saúde mental). Com a instituição da terapêutica, no 3º mês 60% dos casos mostraram piora do BDI em pelo menos 2 pontos, e em 40% houve mudança no nível de depressão. Essa piora foi acompanhada pela queda na qualidade de vida. Não encontramos relação entre os testes empregados no T0 com a RVP. 5 pacientes foram detectados pelo teste como depressão grave. Tratada a depressão os pacientes conseguiram prosseguir no tratamento, e 3 deles conseguiram alcançar RVP. Conclusão: A presença de depressão não se associou a nenhuma característica demográfica, virológicas ou histológica estudada ou RVP. Entretanto, a aplicação do teste possibilitou identificar precocemente e instituir tratamento para 5% dos pacientes estudados. PO-189 (354) RELAÇÃO DOS NÍVEIS SÉRICOS DAS ENZIMAS HEPÁTICAS E PROGRESSÃO DA FIBROSE EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS PORTADORES DE INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS C BECKER VR, BADIANI R, PEREZ RM, LEMOS LB, OLIVEIRA EMG, MATOS CA, LANZONI VP, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: A maioria dos pacientes hemodialisados com infecção crônica pelo HCV apresenta níveis normais de aminotransferases e por isso não têm sido consideradas bons marcadores de doença hepática nesta população. Entretanto, existe um subgrupo de pacientes que apresenta enzimas hepáticas alteradas, cujo significado clínico e o papel como marcador de progressão da doença hepática tem sido pouco estudado. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre níveis elevados de ALT, AST e GGT e progressão da fibrose em portadores de IRC com infecção pelo HCV. Métodos: Foram incluídos portadores de IRC com infecção crônica pelo HCV (HCVRNA positivo), submetidos à biópsia hepática no período de 1999 a 2005. Foram excluídos etilistas (> 20g/dia) e portadores de co-infecção pelo HIV. A taxa de progressão da fibrose (TPF) foi calculada dividindo-se o grau de estadiamento pelo tempo de infecção em anos. A TPF foi comparada entre grupos com níveis normais ou elevados de: ALT, AST e GGT. Para análise estatística empregou-se o teste de Mann-Whitney. Resultados: Foram incluídos 216 pacientes, 63% homens, com média de idade de 44±11anos. A mediana da TPF foi 0,09 unidades de fibrose/ano. Os pacientes com ALT elevada apresentaram mediana da TFP de 0,13 e aqueles com ALT normal apresentaram TPF de 0,06 (P = 0,004). Achados semelhantes foram observados na comparação entre pacientes com AST normal e elevada (0,07 vs 0,13; P = 0,003). Quanto à GGT, não houve diferença na TFP entre os grupos com GGT normal ou elevada (0,07 vs 0,10; P = 0,40). Estimando-se uma progressão linear da TFP, pacientes com ALT elevada levariam 31 anos para progredir para a cirrose, enquanto que entre pacientes com ALT normal este tempo seria de 67 anos. Conclusões: Embora as aminotransferases tenham um comportamento peculiar entre pacientes urêmicos, neste estudo estas enzimas foram bons marcadores da progressão da fibrose, o que não foi observado em relação à GGT. Assim, pacientes com níveis mais elevados de ALT e AST devem ser mais cuidadosamente avaliados, pois podem apresentar doença hepática mais avançada. PO-190 (356) INFLUENCIA DA RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA SOBRE A CONTAGEM DE PLAQUETAS EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRATAMENTO ANTIVIRAL PARA HEPATITE C PEREIRA GHS, COELHO M, CARIÚS LP, FOSSARI RN, ROMA J, CMB AHMED EO, PEREIRA JL DA SILVA, VEIGA ZST, FLAUSINO KCG, Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia - Hospital Geral de Bonsuceso - Rio de Janeiro (RJ) Fundamentos: Múltiplos mecanismos estão implicados na patogênese da plaquetopenia em portadores de hepatite C crônica. Além da associação com estágio de fibrose hepática, o efeito patogênico do vírus sobre as plaquetas e megacariócitos tem sido freqüentemente descrito como agente causador. Métodos: Foram comparados os valores de plaquetas prévios ao início, imediatamente ao final, 3,6 e 12 meses após término do tratamento em pacientes que obtiveram resposta virológica sustentada (RVS). Os valores foram expressos como média + desvio-padrão. Resultados: O grupo era formado por 54 pacientes (27 do sexo masculino) com média de idade de 48,5 + 7,8 anos. O tempo médio de contágio foi de 23,8 + 8,0 anos. Consumo de bebida alcoólica foi referida por 21% dos pacientes. Fibrose leve (estágio 0-3 de Ishak) foi encontrada em 33 pacientes e avançada (estágio 4-6) em 15. Plaquetopenia (menor que 150.000/mm3) estava presente em 27,8% dos pacienGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 tes. Este grupo apresentou grau médio de fibrose (3,82 + 1,8 vs 2,84 + 1,3, p = 0,055) e prevalência de fibrose avançada (54,5 vs 27%, p = 0,24) superiores ao grupo com plaquetas normais. Não houve diferença entre os valores médios de plaquetas encontrados: início 203,5 + 67,2 término 174,1 + 75,0 3m 179,6 + 64,8 6m 188,6 + 66,3 12m 199,3 + 63,7 O grupo com fibrose avançada apresentava média de plaquetas pré-tratamento inferior ao grupo com fibrose leve (166,9 + 44,9 vs 220 + 69,5/mm3, p = 0,003). Esta diferença desapareceu no pós-tratamento imediato e permaneceu ao longo dos 12 meses seguintes. O grupo com plaquetopenia manteve, ao longo do período de pós-tratamento, a diferença de valores em relação ao grupo com plaquetas normais (p < 0,05 para termino, 3, 6 e 12 meses). Em nenhum dos subgrupos houve diferença de média de plaquetas após o tratamento, quando comparado com os valores anteriores ao seu início. Conclusões: Em pacientes tratados para hepatite C, a RVS não determina aumento na contagem de plaquetas em relação ao valor pré-tratamento, sugerindo que o efeito viral direto seja de pouca importância na plaquetopenia em portadores de hepatite C crônica. PO-191 (357) NÍVEIS DE AMINOTRANSFERASES PÓS-TRATAMENTO EM PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C COM RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA PEREIRA GHS, FOSSARI RM, COELHO M, CARIÚS LP, ROMA J, ZYNGIER I, FLAUSINO KCG, VEIGA ZST, AHMED EO, PEREIRA JL Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia – Hospital Geral de Bonsucesso – Rio de Janeiro (RJ) Fundamentos: Os valores normais de transaminases atualmente em uso foram definidos há 30 anos. Estudos recentes propõem valores menores que 30UI/mL como limite superior da normalidade. Métodos: Foram incluídos elegíveis pacientes submetidos a tratamento com interferon e ribavirina, que obtiveram resposta virológica sustentada. A análise considerou a média do valor de transaminases nos 6 meses prévios ao início e os valores ao final do tratamento, e os obtidos 6 e 12 meses após o término. Os resultados foram expressos em média + desvio padrão. Resultados: Grupo composto por 54 pacientes (27 mulheres), com média de idade de 49,5 + 9,2 anos. O tempo médio de infecção foi de 23,8 + 8,0 anos. Fibrose leve (estágio 03 de Ishak) estava presente em 61,2% dos pacientes. O valor médio (UI/mL) foi 79,5 + 44 para AST e 127 + para ALT. Os valores de percentil 50, 75 e 95 foram, respectivamente, 67, 102 e 176 para AST e 103,168 e 305 para ALT. As transaminases encontravam-se acima de 50% do limite superior do normal (LSN) em 53% (AST) e 83% (ALT) dos pacientes. Ao final do tratamento, os valores médio, a mediana, e os percentis 75 e 95 foram 31,5(+ 20,1), 26, 33 e 59 para AST e 33,1(+ 33,4) 26, 34 e 74UI/mL para ALT. Quando analisados 6 e 12 meses após o término do tratamento, os valores para AST foram 25(+8,9), 22, 30, e 46 (6m), 25,2(+7,1), 23, 28 e 42 (12m), e para ALT 27,4(+12), 24, 33 e 56 (6m), e 27,4(+11,7), 24, 33 e 48 (12m) (p > 0,05 para comparação de médias). Quando estratificados conforme sexo, valor inicial de transaminases (< 1,5LSN vs > 1,5LSN), grau de fibrose (F0-3 vs F4-6) e IMC (< 25, 25-30 e > 30kg/m2), observam-se valores pós-tratamento maiores para o sexo masculino, pacientes com fibrose avançada e com IMC > 25kg/m2, porém sem significativa estatística. Conclusão: Considerando-se que os pacientes com RVS apresentam níveis de transaminases representativos do normal, a adoção de valores de AST e ALT inferiores aos atualmente utilizados podem não ser representativas dos limites da normalidade em indivíduos sãos, mesmo considerando-se as diferenças entre sexo e IMC. PO-192 (358) ANÁLISE DE TOLERÂNCIA E EFICÁCIA DO TRATAMENTO ANTIVIRAL PARA HEPATITE C EM INDIVÍDUOS ACIMA DE 55 ANOS PEREIRA GHS, VEIGA ZST, FLAUSINO KCG, MARTINS DS, FERNANDES FF, GONZALEZ AC, COELHO M, FOSSARI RN, CARIÚS LP, PEREIRA JL Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia- Hospital Geral de Bonsucesso (RJ) Fundamentos: Número crescente de indivíduos idosos portadores de hepatite C têm sido avaliados para tratamento. Há poucas descrições quanto a segurança, tolerabilidade e eficácia do tratamento neste grupo. Métodos: Análise dos pacientes submetidos a tratamento antiviral para hepatite C com seguimento mínimo de 6 meses pós-término, no período de março de 2001 a março de 2007. Os pacientes foram tratados com interferon peguilado (genótipo 1) ou convencional (genótipo 3) associado a ribavirina. A amostra foi dividido em dois grupos - idade igual ou superior a 55 anos (grupo 1: 50 pacientes) e inferior a 55 anos (grupo 2: 127 pacientes). Resultados: 177 pacientes (96 do sexo feminino), com média de idade de 50,2 (DP 8,3) anos. A forma mais comum de contágio foi hemotransfusão (47,7%) e o tempo médio de infecção foi de 26,0 + 11,1 anos. Quanto a avaliação de fibrose, 56,5% dos pacientes apresentavam grau leve (estágio 0-3 de Ishak), e 18,7% eram portadores de cirrose. Os grupos foram semelhantes quanto a proporção de fibrose avançada (50,2 vs 35%, p = 0,17) e cirrose (22% vs 17,3%, p = 0,7). Redução de dose do interferon ou ribavirina foram igualmente comuns em ambas as faixas de S 59 idade (27,8 vs 25% para IFN, 22,2 vs 23,7% para RBV). A porcentagem de RVS foi inferior em indivíduos acima de 55 anos (22,0% vs 33,9%), porém sem significância estatística (p = 0,12). Quando estratificados pelo genótipo, as taxas de redução de IFN ou RBV permaneceram iguais conforme a idade. Em pacientes infectados pelo genótipo 1, taxa de RVS foi semelhante em ambos os grupos para portadores de fibrose leve (16,7 vs 18%), e inferior nos pacientes acima de 55 anos com fibrose avançada (9,5 vs 24%, p = 0,10). Não se observou diferença nestes parâmetros em pacientes infectados pelo genótipo 3. Conclusão: Os dados corroboram a possibilidade de tratamento para hepatite C em indivíduos mais idosos com taxas de redução de dose de medicação e de RVS semelhantes às encontradas em indivíduos mais jovens. Apenas a presença concomitante de fibrose avançada e infecção pelo genótipo 1 parece se associar com menor eficácia do tratamento neste grupo. 16 (25%); genótipo 3a = 3/11 (27,3%) e genótipo 2 = 2/3 (66,7%). Conclusões: 1) Esses resultados sugerem que o acréscimo de um IFN de ação rápida (CIFN) ao PEGIFN + RBV nas primeiras 2 a 4 semanas pode resultar em RVS em alguns pacientes previamente resistentes ao PEG-IFN + RBV. 2) Chama a atenção a alta freqüência de pacientes genótipo 3a não respondedores ao PEG-IFN + RBV. 3) Estudos com maior casuística e comparação com outros esquemas são necessários. PO-195 (369) RESISTÊNCIA A INSULINA COMO FATOR PREDITIVO DE EVOLUÇÃO PARA FIBROSE E RESPOSTA AO TRATAMENTO EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA SCHINONI MI, OLIVEIRA A, PIMENTEL L, MELLO V, CUNHA S, ANDRADE Z, FREITAS L, PARANÁ R PO-193 (367) MELHORA DA CINÉTICA VIRAL EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA POR VHC SEM TRATAMENTO PRÉVIO E SUBMETIDOS À TERAPÊUTICA TRIPLA COM INTERFERON DE CONSENSO (CIFN), PEG-IFN E RIBAVIRINA (RBV) QUANDO COMPARADOS AOS PACIENTES TRATADOS COM PEG-IFN + RBV DA SILVA LC*, SILVA GF**, ONO-NITA SK*, PARANAGUÁ-VEZOZZO DC*, FUKUSHIMA J*, PINHO JRR*, MADRUGA CL*, DA NOVA ML*, CARRILHO FJ* *Disciplina de Gastroenterologia Clínica - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. **Depto. de Gastroenterologia da Fundamentos: Em publicação prévia, mostramos que a associação PEG-IFN + RBV não preveniu o rebote viral na semana 2 em pacientes submetidos à terapêutica de indução com altas doses de CIFN durante dois dias, logo antes da administração de PEG-IFN + RBV (Da Silva et al, Hepatology 2005). Em tais pacientes, a fase 2 da cinética viral (CV) foi semelhante à encontrada em pacientes recebendo apenas PEGIFN + RBV. Objetivo: Comparar a CV de pacientes tratados com PEG-IFN + RBV (grupo 1) com a CV em pacientes que receberam CIFN antes e durante as 2 primeiras semanas de tratamento (grupo 2). Métodos: Sete pacientes genótipo 1 (grupo 2) foram submetidos ao PEG-IFN + RBV precedido pela administração de CIFN, 15 microgramas a cada 12 horas, durante 2 dias. Após 12 horas iniciava-se o PEG-IFN alfa2b (1,5 microg/Kg) e RBV (1000-1250mg/dia). Nas primeiras 2 semanas, uma injeção de CIFN era administrada no quarto dia após cada injeção de PEG-IFN. Os soros eram coletados antes e nas semanas 2, 4 e 12, e submetidos a PCR quantitativo e qualitativo (Amplicor-Monitor - Roche), com limites de detecção de 600UI/ml e de 50UI/ml respectivamente. Os dados de cinética neste grupo (grupo 2) foram comparados com os observados em 7 pacientes (grupo 1) tratados somente com PEGIFN + RBV. Resultados: 1) com relação aos valores basais, a queda da viremia foi significativamente maior na semana 2 (2,64 x 1,33, p = 0,0407) e na semana 12 (4,56 x 3,43, p = 0,0150) em pacientes com terapêutica tripla (grupo 2) quando comparado ao observado no grupo 1. 2) virema inferior a 50UI/ml na semana 12 foi observada em 2/7 pacientes do grupo 1 (28,6%) e em todos os 7 do grupo 2. 3) a resposta viral mantida foi de 4/7 (57,1%) no grupo 1 e de 5/7 (71,4%) no grupo 2. Conclusão: Esses resultados sugerem que a terapêutica com CIFN + PEG-IFN alfa2b + RBV pode melhorar a cinética viral em pacientes com genótipo 1, apontando para a necessidade de um estudo controlado. PO-194 (368) TERAPÊUTICA TRIPLA COM INTERFERON DE CONSENSO (CIFN), IFN PEGUILADO (IFN-PEG) E RIBAVIRINA (RBV) EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C QUE NÃO APRESENTARAM RESPOSTA VIRAL SUSTENTADA (RVS) A TRATAMENTO PRÉVIO COM PEG-IFN + RBV DA SILVA LC*, SILVA GF**, ONO-NITA SK*, PARANAGUÁ-VEZOZZO DC*, FUKUSHIMA J*, PINHO JRR*, MADRUGA CL*, DA NOVA ML*, CARRILHO FJ* *Disciplina de Gastroenterologia Clínica - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. **Depto. de Gastroenterologia da Fundamentos: Pacientes com hepatite crônica C que não apresentam resposta viral sustentada (RVS) ao PEG-IFN + RBV constituem um grupo em expansão e sem opções terapêuticas atuais definidas. Mostramos previamente que a administração diária de CIFN produz maior queda da viremia nas 2ª e 4ª semanas iniciais do que o PEG-IFN alfa2b, caracterizando um IFN de “ação rápida” e outro de “ação lenta”, respectivamente (Da Silva et al, J Hepatol 2002). Nosso objetivo foi verificar a importância da associação do CIFN ao IFN-PEG (alfa2a ou alfa2b) nas fases pré (indução) e nas primeiras 2 a 4 semanas de tratamento de pacientes previamente resistentes (PR) a PEG-IFN + RBV. Métodos: A casuística foi de 32 pacientes previamente resistentes: com genótipo 1: 18 (56,2%), genótipo 3a: 11 (34,4%) e genótipo 2: 3 (9,4%). Tratamento: indução com CIFN (15µg 12/12 h, 2 dias) e PEG-IFN (alfa2a ou alfa2b) + RBV a partir do 3º dia. Uma injeção de CIFN foi também administrada no 4º dia ou 4º e 6º dias após cada injeção de PEG, nas 2 a 4 primeiras semanas. Os soros foram coletados nas semanas 4, 12, 24, 48 e 72. A viremia foi avaliada pelo método Amplicor-Monitor (Roche) com limite de detecção de 50UI/ml. Resultados: 1) PCR (-) na 4ª semana em 9/31 (29%); 2) PCR (-) na 12ª semana em 16/30 (53%); 3) RVS em 9/30 pacientes com tratamento completo (30%): genótipo 1 = 4/ S 60 Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina e Fundação Oswaldo Cruz, Bahia A hepatite C é uma doença de endemicidade mundial, evoluindo para fibrose em 80% dos casos. Ultimamente as alterações da homeostase da glicose como a resistência à insulina (RI) nos pacientes com Hepatite C crônica têm recebido muita atenção como fator de progressão para fibrose e de refratariedade ao tratamento. Objetivos: 1Avaliar a associação entre níveis de insulinemia, glicemia em jejum e índice de resistência a insulina (HOMA-RI) com estágio de fibrose hepática em pacientes com hepatite crônica C compensada. 2-Analisar se insulinemia em jejum e HOMA-RI avaliados em 4 tempos durante o tratamento antiviral em estes pacientes se relacionam com resposta terapêutica ao Interferon-alfa e Ribavirina. 3-Procurar associação de outras variáveis do hospedeiro com (RI) e com fibrose hepática. Metodologia: Estudo de série de casos categorizados em duas amostras: 1º) 25 pacientes não obesos [amostra 1] com avaliação da associação de HOMA-RI pós-tratamento com grau de fibrose hepática pelo METAVIR e outros índices metabólicos 2º) 33 pacientes com IMC ≥ 30kg/m2 (15 diabéticos e 18 não diabéticos) [amostra 2] com avaliação de HOMA_RI em 4 tempos por 72 semanas antes, durante e depois do tratamento com Interferon-a e Ribavirina Também foi analisada a associação de RI com: genótipo, fibrose hepática, variáveis biológicas do hospedeiro e resposta ao tratamento nestes 33 pacientes. Análise Estatística: Qui quadrado, Teste t e Mann-Whitney com p < 0,005. Resultados: Na amostra 1 apesar de não ser obesos, o IMC, a circunferência abdominal e insulinemia em jejum estiveram maiores no grupo com RI (p < 0,000). Na amostra 2 sendo variável dependente fibrose F1 F2 x F3 F4, os níveis de AST estiveram significativamente mais altos no grupo F3 F4. Só no grupo com genótipo 1 os estágios de fibrose F3 e F4 se associaram a HOMA-RI > 2,90. Quando foi analisada resposta sustentada ao tratamento (RS) e não resposta (NR), como variável dependente, a presença de esteatose na biópsia, genótipo 1, HOMA > 3,10, insulinemia em jejum > 9,76µUI, IMC > 31kg/m2, circunferência abdominal > 104cm associaram-se a não resposta ao tratamento. No grupo NR um HOMA-RI foi > 2,5 antes do inicio do tratamento antiviral. Conclusão: Em nosso trabalho o estudo da resistência a insulina e de fatores metabólicos associados foi útil na predição da evolução para fibrose e na resposta ao tratamento dos pacientes com hepatite C crônica . PO-196 (375) REDUÇÃO DO VALOR DA ALT MELHORA DETECÇÃO DE INFECÇÃO PELO VHC EM PACIENTES DE HEMODIÁLISE BURIOL A, GALPERIM B, MATTOS AA, STEIN AT, SCHNEIDER NC, FONSECA A, IKUTA N, LUNGE V Curso de Pós-Graduação em Hepatologia da FFFCMPA; Pós-Graduação de Saúde Coletiva e Simbios LaboratórioULBRA; Serviços de Gastr Introdução: As hepatites virais são infecções freqüentes em pacientes de hemodiálise (HD), sendo a grande maioria causada pelo vírus da hepatite C (VHC). A prevenção em unidades de hemodiálise (HD) consiste na determinação mensal da ALT e semestral do anti-VHC . O presente estudo teve como objetivo avaliar o valor mínimo (cut off) da ALT para identificação da infecção pelo HCV em comparação com a pesquisa viral por RT-PCR (Reverse Transcription - Polymerase Chain Reaction) em pacientes de hemodiálise. Métodos: Durante o período de Ago/2005 a Ago/2006, 325 portadores de doença renal crônica em hemodiálise, de quatro unidades distintas, representativos do total de pacientes em tratamento nesta cidade, foram prospectivamente estudados. Foi medida a ALT e realizadas as pesquisas de anti-HCV e RT-PCR em todos os pacientes. O estudo foi aprovado pelos comitês de ética das instituições participantes. Resultados: Da amostra, 107 (33,0%) pacientes foram anti-HCV positivos, sendo que 66 (20,4%) apresentaram HCV-RNA. Não foi encontrado nenhum paciente com anti-HCV negativo e HCV RNA positivo. Os valores médios de ALT foram significativamente mais elevados nos pacientes com PCR positiva (42.9U/L – homens, 36.0U/L - mulheres) do que com PCR negativa (24.6U/L – homens, 29.0U/L - mulheres). Somente 5 pacientes (3 homens, 2 mulheres) com PCR positiva apresentaram valores mais elevados do que a faixa de normalidade estabelecida pelo kit do teste de ALT utilizado (72U/L – homens, 52U/L - mulheres), demonstrando sensibilidade clínica baixa (7,3% - homens; 8,0% - mulheres). A redução do valor limite superior da normalidade expressou ganhos na sensibilidade para detecção do VHC. Os pontos de corte que permitiram maximizar a sensibilidade e especificidade foram 28.8U/L para os homens (75,6% de sensibilidade e 78,9% de especificidade) e 26.0U/L para as mulheres (92,0% de sensibilidade e 69,4% de especificidade). Conclusão: A utilização da ALT com valores mais baixos de cut-off melhora a detecção da infecção pelo VHC em pacientes de hemodiálise. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-197 (385) PO-199 (389) EFICÁCIA DO TRATAMENTO COMBINADO DE PEG-INTERFERON ALFA 2B E RIBAVIRINA EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS C (HCV) - GENÓTIPO 1. COMPARAÇÃO DE DUAS POPULAÇÕES: PÚBLICO E PRIVADO RESULTADOS DE EFICÁCIA DA TERAPIA COMBINADA DE PEG-INTERFERON ALFA 2B E RIBAVIRINA EM PACIENTES RECIDIVANTES E NÃORESPONDEDORES COM HEPATITE CRÔNICA PELO HCV: ANÁLISE DE PACIENTES PÚBLICOS (MUNDO REAL) BRANDÃO-MELLO CE, FIGUEIREDO-MENDES CG, MACIEL AM, RANGEL F, ORLANDO E, COSTA AC, ALENCASTRO F, BERGAMASCHI H, ROSA-LEITE V, POYARES AC MACIEL AM, BRANDÃO-MELLO CE, FIGUEIREDO-MENDES CG, SIRELLI P, BURINI B, APPEL F, TORELLI A, AMENDOLAPIRES MM Ambulatório de Doenças do Fígado HUGG (Unirio) e Serviço de Hepatologia – SCMRJ Ambulatório de Doenças do Fígado – Hospital Gaffrée e Güinle (Unirio) e Serviço de Hepatologia SCMRJ, Rio de Janeiro, RJ Fundamentos: O tratamento atual da hepatite C crônica (HCC) genótipo 1 (Gen.1) com Peg-IFN e ribavirina (RBV) alcança resposta virológica sustentada (RVS) melhor do que a obtida com IFN standard e RBV. Entretanto, os pacientes com Gen.1 respondem pior a terapia com IFN do que aqueles com Gen. 2 e 3. Além disso, carga viral elevada e fibrose avançada se associam com taxas menores de RVS. Estudos com pacientes de serviços públicos e privados são escassos, porém necessários para respaldar políticas de saúde. Objetivo: Comparar as RVS ao tratamento de portadores de HCC, Gen. 1 com Peg-IFN e RBV de 2 centros públicos e 1 privado. Casuística e Métodos: No período de 08/2001 a 08/2007, 132 pac. atendidos em hospitais públicos (G1), virgens, foram tratados com Peg-IFN-α 2b (1,5m/kg/sem) e RBV (1.0-1.2g/dia) por 48 sem. e comparados com 77 atendidos em clínica privada (G2). Todos foram submetidos à avaliação bioquímica (alt, ggt), virológica (HCVRNA) por técnica de RT-PCR basal, na 12a, 24a, 48a e 72a semana e histológica. Resultados: Dos 132 pacientes do G1 e 77 do G2, 73 (55,3%) e 39 (50,6%) eram do sexo masc. A média de idade foi respectivamente de 53,8 e 48,6 a, sendo 13,6% > 65 a no G1 e 9% no G2. As médias de ALT e γGT no pré-tratamento foram, respectivamente, 2,1 e 2,2 x o LSN (G1) e 1,9 e 1,5 x o LSN (G2). As médias da carga viral basal foram respectivamente de 7.93x105UI/mL (G1) e 7.69x105UI/mL (G2). Quanto à histologia, 38% (G1) exibiam fibrose leve e 52% fibrose em pontes/ cirrose vs 58% e 42% no G2, respectivamente. Não havia diferenças bioquímicas e histológicas significativas entre os dois grupos. A taxa de RVS global por ITT foi de 31% (G1) vs 53% (G2) (p = 0,0028). Com relação ao estadiamento, aqueles com fibrose leve do G1 obtiveram 43% de RVS vs 14% naqueles com fibrose avançada (p < 0,01) e no G2, 62% vs 40% (p = 0,055). Conclusões: Os resultados desta série revelaram que os pacientes públicos (G1) obtiveram taxas de RVS inferiores aos privados (G2), muito provavelmente pelas características da doença, dos pacientes e do próprio sistema público. PO-198 (387) Fundamentos: O tratamento combinado com Peg-interferon-a (Peg-IFN) + Ribavirina (RBV) é considerado a terapia padrão para os pacientes naive com hepatite crônica C (HCC). O retratamento com Peg-IFN + RBV de pacientes não-respondedores (NR) e recidivantes (RR) ao esquema prévio de IFN-α standart e RBV oferece taxas de RVS entre 12-18% e 39-65%, respectivamente. Casuísticas com pacientes atendidos no setor público são escassas e se fazem necessárias, com o objetivo de respaldar políticas de saúde. Objetivo: Avaliar a RVS ao retratamento com Peg-IFN e RBV de portadores de HCC RR ou NR em centros de referência universitários. Casuística e Métodos: No período de 2004 a 2007 foram incluídos e tratados 58 pacientes com HCC, sendo 31 NR e 15 RR, com as doses convencionais de Peg-IFN a 2b (1,5 m/kg/ sem) e RBV (1.0-1.2g/dia) por 48 semanas. Todos foram submetidos a avaliação clínica, bioquímica (alt, ggt), virológica (HCV-RNA) por técnica de PCR pré, 12a, 24a, 48a e 72a semana e histológica. Resultados: Dos 58 pacientes incluídos, 32 (55,2%) eram do sexo masculino e 76% tinham Gen.1. A média de idade foi 49,9 ± 10,9 anos. As médias da alt e ggt no pré-tratamento foram, respectivamente, de 85 ± 52UI e 68 ± 71UI. A média da carga viral pré foi de 1013215UI e o IMC médio de 26. Quanto à histologia, 38% dos pacientes exibiam fibrose leve e 61.4% fibrose em pontes ou cirrose. A taxa de RVS global foi de 31%, sendo de 22% nos NR e 50% nos RR (p < 0,001). Com relação à fibrose hepática aqueles com fibrose leve obtiveram 45% de RVS vs 22,8% naqueles com fibrose avançada (p = 0,07). Conclusões: Os resultados desta série revelaram que os pacientes com HCC RR e NR, ao esquema prévio de tratamento com IFN + RBV, foram predominantemente infectados pelo Gen.1 e com fibrose avançada em 61% dos casos, portanto difíceis de tratar. Entretanto, taxas de RVS (31%) foram superiores as dos estudos internacionais, justificando a necessidade de estudos clínicos e a importância de melhor seleção dos pacientes ao retratamento. PO-200 (390) CAMPOS DE MAGALHÃES M, DE ALMEIDA AJ, BRANDÃO-MELLO CE, BRASIL-NERI C, SALGADO MCF, MARÇAL OP RESULTADOS DE EFICÁCIA DO TRATAMENTO COMBINADO DE PEGINTERFERON ALFA- 2B E RIBAVIRINA EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV) GENÓTIPO 1. ANÁLISE DO MUNDO REAL Ambulatório de Doenças do Fígado e Serviço de Hematologia – Hospital Universitário Gaffrée e Güinle, (Unirio) – Rio de Janeiro, MACIEL AM, BRANDÃO-MELLO CE, FIGUEIREDO-MENDES CG, ANTENUZI D, MESQUITA P, ROLIM K, BERGAMASCHI I, BERGAMASCHI H, MARTINEZ C, POYARES AC Fundamentos: A hepatopatia crônica pelo vírus C da hepatite (HCV) pode ocasionar distúrbios de hemostasia relacionados à insuficiência hepática e/ou alterações auto-imunes presentes no curso da infecção. A terapia da hepatite crônica C com interferon (IFN), medicamento com ação imunomoduladora, pode estar associada ao desenvolvimento de vários efeitos colaterais. A trombocitopenia, associada ou não a deficiências de fatores da coagulação, é a alteração mais comumente relacionada à infecção pelo HCV. A deficiência adquirida isolada de fator de coagulação é fenômeno raro, e está associada à presença de inibidor patológico. Objetivo: Apresentar um caso clínico de paciente com HCC que adquiriu inibidores para os Fatores VIII e IX da coagulação durante o tratamento com Peg-interferon e ribavirina. Relato do Caso: Paciente do sexo masculino, 51 anos de idade, em acompanhamento no ambulatório de Doenças do Fígado e Hematologia do HUGG, com o diagnóstico de HCC e uso de drogas ilícitas. Exames basais mostraram: TAP: 100%; INR: 1 e PTT: 25 segundos, relação: 1. A biópsia hepática revelava hepatite crônica com fibrose e atividade leve; genótipo 1. A pesquisa de autoanticorpos e crioglobulina basal foi negativa. Após a 24a semana de Peg-IFN a2b (100mg/1x/sem.) e RBV apresentou resposta bioquímica e virológica, porém manifestações hemorrágicas de equimoses, hemartroses e hematomas ocorreram simultaneamente ao desenvolvimento de outras alterações clínicas como vitiligo, mialgia, lúpus discóide e hipotireoidismo. Novos exames revelaram TAP: 100%, INR: 1 e PTT: 60 seg.; Relação: 2,4. Evoluiu com agravamento da síndrome hemorrágica até o final do tratamento com TAP: 100%, INR: 1; PTT: 113,6 seg.; relação de 4,5. A investigação da coagulopatia revelou a presença de anticoagulante lúpico e de inibidor para os fatores VIII e IX (40.996 UB), cujas dosagens se mostraram < 1%. Foi iniciado tratamento imunossupressor com corticóides e azatioprina com melhora do quadro. Conclusão: Graves anormalidades da hemostasia podem estar associadas ao tratamento com IFN. Sugere-se que os testes de coagulação devam ser efetuados rotineiramente nestes pacientes. Ambulatório de Doenças do Fígado HUGG (Unirio) e Serviço de Hepatologia – SCMRJ INIBIDOR ADQUIRIDO PARA FATOR VIII E IX EM PACIENTE COM HEPATITE CRÔNICA PELO HCV (HCC) EM TRATAMENTO COM PEG-INTERFERON E RIBAVIRINA: RELATO DE CASO GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Fundamentos: O tratamento atual da hepatite C crônica (HCC) genótipo 1 (Gen.1) com Peg-interferon (Peg-IFN) e ribavirina (RBV) oferece resposta virológica sustentada (RVS) significativamente melhor do que a obtida com IFN convencional e RBV. Entretanto, os pacientes com Gen.1 respondem pior a terapia baseada em IFN do que àqueles com Gen. 2 e 3. Além disso, aqueles com carga viral elevada e fibrose avançada alcançam taxas de RVS muito inferiores. Casuísticas com pacientes atendidos no setor público são escassas e se fazem necessárias, com o objetivo de respaldar políticas de saúde. Objetivo: Avaliar a RVS ao tratamento de portadores de HCC, genótipo 1, com Peg-IFN e RBV em centros de referência universitários. Casuística e métodos: No período de 08/2001 a 08/2007 foram tratados no ambulatório de Doenças do Fígado do HUGG e da SCMRJ 132 pacientes virgens com as doses convencionais de Peg-IFN a 2b (1,5m/kg/sem) e RBV (1.0-1.2g/dia) por 48 semanas. Todos foram submetidos a avaliação clínica, bioquímica (alt, ggt), virológica (HCV-RNA) por técnica de PCR no pré-tratamento e nas 12a, 24a, 48a e 72a semana e histológica. Resultados: Dos 132 pacientes incluídos 73 (55%) eram do sexo masculino. A média de idade foi 53,8 anos, sendo 13,6% com > 65 anos. As médias de alteração da alt e ggt no pré-tratamento foram, respectivamente, de 2,1 e 2,2 x LSN. A média da carga viral pré foi de 793.766UI/mL. Quanto a histologia 38% dos pacientes exibiam fibrose leve e 52% fibrose em pontes ou cirrose. A taxa de RVS global por ITT foi de 31%. Com relação à fibrose hepática, aqueles com fibrose leve obtiveram 43% de RVS vs 14% naqueles com fibrose avançada (p < 0,01). Conclusões: Os resultados desta série revelaram que os pacientes do sistema público (mundo real) infectados com gen.1 eram mais velhos e com fibrose avançada em 52% dos casos, portanto difíceis de tratar. As taxas de RVS foram inferiores àquelas dos estudos de registro (45%), justificando, desta forma, a importância da melhor seleção dos candidatos ao tratamento e da necessidade do uso de drogas mais eficazes. S 61 PO-201 (397) DETECÇÃO DO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV) NAS PLAQUETAS: SUA INFLUÊNCIA NA EVOLUÇÃO DA TERAPIA ANTIVIRAL ALMEIDA AJ1A, MAGALHÃES MC1A, BRANDÃO-MELLO CE1B, OLIVEIRA RV2, DO ESPÍRITO SANTO MP, YOSHIDA CFT2, LAMPE E2 1A. Setor de Hematologia – e 1B. Doenças do Fígado –, H. U. Gaffrée e Guinle, Escola de Medicina e Cirurgia da Universidade Federal Introdução: A terapia padrão para a hepatite crônica pelo vírus C (HCV) é baseada na combinação de Peg-interferon alfa (Peg-IFN) e ribavirina (RBV) para os infectados pelo genótipo 1 ou interferon convencional e ribavirina para os infectados pelo genótipo 2 ou 3. Vários fatores preditivos estão associados com menor probabilidade de resposta virológica sustentada (RVS), tais como genótipo 1, alta carga viral, fibrose avançada, sexo masculino e idade > 40 anos. A detecção do HCV tem sido documentada em sítios extra-hepáticos, como as plaquetas. Entretanto, a influência desta detecção na evolução da terapia antiviral ainda é desconhecida. Objetivo: Analisar a relação entre a detecção de seqüências do HCV nas plaquetas de 47 pacientes cronicamente infectados pelo HCV e resposta a terapia antiviral. Métodos: HCV-RNA foi detectado no soro e nas plaquetas por RT-nested PCR. A genotipagem foi efetuada por seqüenciamento direto de produtos do PCR da região core e a carga viral do HCV-RNA foi determinada utilizando-se o HCV-Amplicor Monitor 2.0. Pacientes infectados com genótipo 1 foram tratados com Peg-IFN + RBV por 48 semanas e aqueles com genótipo 3 com IFN+RBV por 24 semanas. Resposta virológica sustentada foi definida como HCV-RNA indetectável 6 meses após o término do tratamento. Resultados: No período de Agosto/03 a dezembro/05, 47 pacientes foram tratados, sendo 19 (40%) do sexo masculino, com média de idade de 54 anos. Dentre os 37 pacientes infectados com o genótipo 1, HCV-RNA foi detectado nas plaquetas em 11 (30%) e 14 (38%) dos que alcançaram RV ao final do tratamento e RVS, respectivamente. Dentre os 9 infectados pelo genótipo 3, HCV-RNA foi detectado em 3 (33%) e 3 (33%) daqueles que alcançaram RV ao final e RVS, respectivamente. Nenhuma diferença estatística significativa foi observada em termos de RVS entre os grupos em relação a detecção do HCVRNA nas plaquetas, independente do genótipo. Conclusão: Estes dados sugerem que a identificação do genoma do HCV nas plaquetas não influencia a resposta virológica sustentada ao tratamento antiviral da hepatite C. PO-202 (398) TROMBOCITOPENIA AUTO-IMUNE ASSOCIADA À INFECÇÃO CRÔNICA PELO HCV (VÍRUS DA HEPATITE C) DE ALMEIDA AJ, CAMPOS DE MAGALHÃES M, BRANDÃO-MELLO CE, ANTONIETTI CL, OLIVEIRA RV, DA SILVA MLP, YOSHIDA CFT, LAMPE E Ambulatório de Doenças do Fígado e de Hematologia Hospital Universitário Gaffrée e Güinle, (Unirio) – Lab. Hepatites Virais, I Fundamentos: Diferentes mecanismos são implicados na patogênese da trombocitopenia associada ao HCV (TAHCV). A detecção de anticorpos específicos anti-glicoproteínas (anti-GP) plaquetários foram relatadas em uma série recente de casos, entretanto nenhuma investigação adicional do mecanismo da TAHCV foi realizada. Objetivo: Investigar o papel dos anti-GP na patogênese da TAHCV. Casuística: Pacientes com trombocitopenia crônica (80,8 x 109 ± 45,5x109/l) associada a infecção pelo HCV foram referidos para avaliação no Serviço de Hematologia do HUGG, no período de 2002 e 2005. Na ocasião somente dois pacientes apresentavam manifestações hemorrágicas. Métodos: O diagnóstico de TAHCV foi feito pela identificação de plaquetas (< 150 x 109/l) por mais de 6 meses de duração, na presença de anti-HCV e HCV-RNA detectado por RT-PCR no soro. Para a detecção dos anti-GP específicos foi utilizado kit comercial de ELISA. As seguintes investigações foram realizadas antes do início de qualquer terapia: detecção do HCV-RNA nas plaquetas, determinação sérica dos níveis de trombopoietina (Tpo), aspirado de medula óssea, US e EDA. Resultados: Dos 88 pacientes avaliados, seis (3 masc.), com média de 57,5 anos, apresentavam anticorpos anti-GP. Durante a investigação hematológica os testes foram negativos para HBV, HIV, HTLV e HCV-RNA nas plaquetas. As biópsias hepáticas revelaram hepatite crônica com fibrose moderada em 3 pacientes e o aspirado de MO com número normal ou aumentado de megacariócitos maduros, sem características de mielodisplasia. Níveis séricos de anti-Tpo foram discretamente abaixo dos limites normais (45,82-182,79pgmL). Todos os 6 pacientes apresentavam altos títulos séricos de anti-GP plaquetários específicos para GPIIb/IIIa, GPIb/IX e Ib/IX. Nenhuma outra causa de trombocitopenia foi encontrada. Cinco dos 6 pacientes necessitaram de tratamento (prednisona, gama-globulina EV, globulina anti-D, Peg-IFN + RBV), sendo que 2 dos 6 normalizaram as contagens de plaquetas. Conclusão: Estes resultados sugerem que mecanismo auto-imune possa desempenhar um papel na patogênese da TAHCV. PO-203 (399) PREVALÊNCIA DE DISFUNÇÃO TIREOIDIANA EM PACIENTES VIRGENS COM HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS C (HCV): AVALIANDO A RELAÇÃO COM GENÓTIPO VIRAL DE ALMEIDA AJ1,2, CARDOSO CCL1, PIRES MLE1, BRANDÃO-MELLO CE1, DE OLIVEIRA RV2, DO ESPÍRITO-SANTO MP2, YOSHIDA CFT2, LAMPE E2 1. Hospital Universitario Gaffrée e Guinle (HUGG), Escola de Medicina e Cirurgia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Fundamentos: Disfunção tireoidiana é considerada como uma das manifestações extra-hepáticas associada com a infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV). Em pacientes naive alguns estudos demonstraram taxas de prevalência de disfunção tireoidiana variando de 13% a 19,4%. Entretanto, a relação entre os genótipos do HCV e o desenvolvimento de disfunção tireoidiana é pouco compreendida. Objetivo: O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de disfunção tireoidiana em pacientes com hepatite crônica C antes da terapia antiviral e avaliar se a sua ocorrência é genótipo-dependente. Casuística: Estudo do tipo corte transversal, compreendendo 44 (39%) homens e 69 (61%) mulheres, com a media de idade de 52,8 ± 11,7 anos, seguidos, prospectivamente, no HUGG entre agosto 2003 e Junho 2006. Métodos: T4-livre (T4L) e TSH séricos foram medidos pela técnica de enzima-imunoensaio, por quimioluminescência. HCV-RNA foi detectado no soro por RT-PCR com primers contra a região 5’NCR e a genotipagem foi realizada por seqüenciamento direto, a partir de produtos do PCR obtidos da região core. Resultados: 97 dos 113 pacientes (86%) apresentavam níveis normais (0,8 – 1,9ng/dL) de T4L. Dezesseis pacientes (14%) apresentavam testes alterados: 15 deles (13%) tinham baixas concentrações de T4L e somente 1 paciente (1%) tinha altas concentrações de T4L. Níveis normais (0,4 – 4 mIU/mL) de TSH foram observados em 102 pacientes (90%). Nove pacientes (8%) apresentavam altos níveis de TSH e somente 2 pacientes (2%) apresentavam baixos níveis de TSH. Considerando a prevalência dos genótipos do HCV, o genótipo 1b (47%, n = 53) foi o mais prevalente, seguido pelos genótipos 1a (36%, n = 41), 3a (16%, n = 18), e 4a (1%, n = 1). Nenhuma diferença estatisticamente significante (p > 0,05) foi encontrada entre a presença de disfunção tireoidiana e os genótipos do HCV. Conclusão: Nossos resultados demonstram uma prevalência de 14% de disfunção tireoidiana em pacientes naive com hepatite crônica pelo HCV e esta ocorrência parece não estar relacionada a nenhum genótipo do HCV em particular. PO-204 (401) AVALIAÇÃO DO PAPEL DO POLIMORFISMO DO GENE DA LECTINA LIGANTE DE MANOSE (MBL2) NA HEPATITE PELO VHC PEDROSO ML, BOLDT AW, FERRARI LP, STEFFENSEN R, STRAUSS E, JENSENIUS J, IOSHII SO, REASON IM Universidade Federal do Paraná – Curitiba O vírus da hepatite C (VHC) é a principal causa mundial de doença hepática crônica e transplante hepático na atualidade. A maior parte dos pacientes infectados pelo VHC desenvolve infecção crônica com viremia persistente. Existem evidências que tanto a imunidade inata quanto à adaptativa tem um papel decisivo na persistência do vírus e na evolução para lesão hepática. Este estudo avaliou o polimorfismo do gene MBL2 em 102 pacientes com hepatite C moderada e severa, procedentes da região sul do Brasil e relacionou os genótipos da MBL2 com a resposta ao tratamento antiviral. Os pacientes foram pareados por gênero, idade e grupo étnico com 102 indivíduos controles seronegativos. Seis pontos de mutação do gene MBL2 nas regiões promotora (X/Y, H/L e P/Q) e exon1 (A/B, A/C, A/D e B, C ou D também chamadas de O) foram avaliadas através de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real com sondas de hibridização fluorescentes. A concentração da MBL foi avaliada por teste ELISA. A freqüência do genótipo YA/YO foi significativamente maior nos pacientes com VHC do que nos controles. Ainda, os genótipos associados com baixos níveis de MBL (XA/XA, XA/YO e YO/YO) estiveram significativamente diminuídos nos pacientes com fibrose severa (METAVIR -grau IV), quando comparados com pacientes com fibrose moderada (grau II –METAVIR) e o grupo controle. Observou-se também que os genótipos da MBL com mutações X ou O estavam associados com não resposta ao tratamento com interferon peguilado e ribavirina. Conclui-se que o polimorfismo da MBL2 pode estar associado tanto à suscetibilidade para infecção com o VHC quanto ter um importante papel na evolução futura da doença. PO-205 (405) RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA NA HEPATITE C: COMPARAÇÃO DE RESULTADOS DE CLÍNICA PRIVADA E HOSPITAL PÚBLICO NO RIO DE JANEIRO FERNANDES FF, PEREIRA GHS, MARTINS DS, VEIGA ZST, FLAUSINO KCG, AHMED EO, SANTOS CMB, MIRANDA N, PEREIRA JL Hospital Geral de Bonsucesso – Ministério da Saúde – Rio de Janeiro Fundamentos: O principal objetivo do tratamento da hepatite C é a Resposta Virológica Sustentatada (RVS), ou seja, manter o HCV indetectável 6 meses após o término do tratamento. Segundo a literatura é possível obter RVS em cerca de 70% dos pacientes com HCV genótipos 2 e 3 e em 40% dos com genótipo 1. O objetivo S 62 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 deste estudo é avaliar a RVS e seus fatores preditivos em dois centros de tratamento no Rio de Janeiro, um privado e outro ligado ao SUS. Métodos: Estudo retrospectivo de revisão de prontuários de pacientes tratados segundo o protocolo da SES-RJ, no período de 2002 a fevereiro de 2006, em um consultório privado (centro 1) e um hospital geral na mesma cidade (centro 2). Foram comparadas as características demográficas dos pacientes dos dois centros, bem como os fatores prognósticos e a RVS em cada um deles. Resultados: Genótipo Centro RVS (%) Sexo (M/F) Idade (anos) Cirróticos (%) RVS (%) cirróticos 1 1 2 36.36 22.45 23/31 49/45 52.71 ± 8.86 52.76 ± 8.76 26.92 23.47 28 4 2e3 1 2 43.75 29.27 21/11 31/10 48.65 ± 10.4 48.46 ± 6.27 32.14 40 33 21 Os dois grupos foram semelhantes quanto às variáveis demográficas. Para o centro 1 estavam disponíveis quantificações da carga viral antes do início, na 4ª e 12ª semanas do tratamento. Neste centro, no genótipo 1, carga viral pré-tratamento, PCR negativo na 12ª semana e estágio de fibrose foram fatores preditivos de RVS (p < 0.05). Já no genótipo 3 apenas o PCR negativo na 4ª semana teve p < 0.05. No centro 2, o único fator prognóstico de RVS foi o estágio de fibrose no genótipo 1. Conclusão: Embora os dados demográficos sejam semelhantes em ambos os centros, houve uma diferença importante na taxa de RVS entre eles. Levando-se em conta o fato dos medicamentos fornecidos pela SES serem entregues aos pacientes, responsáveis pela sua administração, a aderência e o armazenamento tornam-se variáveis relevantes para explicar a diferença de RVS. Estudos prospectivos envolvendo pólos de aplicação de medicação são necessários. PO-206 (406) TRATAMENTO DA HEPATITE C EM PACIENTES CIRRÓTICOS COM PROTOCOLO DE DOSES ESCALONADAS FERNANDES FF, PEREIRA GHS, MARTINS DS, CARIÚS LP, VEIGA ZST, FLAUSINO KCG, AHMED EO, COELHO M, FOSSARI RN, PEREIRA JL Hospital Geral de Bonsucesso – Ministério da Saúde – Rio de Janeiro Fundamentos: O principal objetivo do tratamento da hepatite C em pacientes cirróticos é a resposta virológica sustentada (RVS) e a conseqüente prevenção de complicações e do desenvolvimento de hepatocarcinoma. Além disso, a ausência de viremia detectável no momento do transplante hepático melhora seus resultados a longo prazo. O tratamento com doses plenas de interferon peguilado (PEGIFN) e ribavirina (RBV) é pouco tolerado por este grupo de pacientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar a tolerância e a eficácia do uso de doses escalonadas de interferon convencional (IFN) e RBV nos pacientes Child B ou Child A, com descompensação prévia ou citopenias que os excluam do protocolo da SES. Métodos: Foram avaliados pacientes tratados com doses escalonadas de IFN e RBV de 2004 a 2006. O tratamento foi iniciado com 250mg/dia de RBV para pacientes com menos de 64Kg e 500mg/dia para os com mais de 64Kg. A dose inicial de IFN foi de 1500UI, 3 vezes por semana. As doses foram aumentadas em 50% a cada duas semanas, conforme tolerância clínica e laboratorial. Resultados: Foram tratados 23 pacientes, 11 homens (47%), com média de idade de 54.9 (± 7.12) anos, sendo 86.36% portadores de vírus genótipo 1, 78,26% cirróticos Child A e os demais Child B. A média do MELD foi de 10.9 (± 2.38). Havia 69.57% de pacientes com plaquetopenia (50.000-70.000), 34.78% com neutropenia (abaixo de 1500) e 26.09% com descompensações prévias decorrentes da cirrose. Cinco pacientes interromperam o tratamento: dois por descompensação da cirrose (ascite e hemorragia digestiva por varizes esofagianas), dois por infecções de pele e um por hipoacusia. A duração média foi de 28.42 (± 16.25) semanas com a dose máxima de IFN sendo atingida, em média, após 7.73 (± 8.08) semanas e de RBV após 6.47 (± 6.46) do seu início. Houve associação entre o Child e o MELD e a tolerância ao tratamento, sem significância estatística. Não houve preditores de obtenção da dose máxima, tampouco da interrupção do tratamento. Nenhum dos pacientes obteve RVS. Conclusão: o tratamento de pacientes cirróticos com bicitopenias e descompensações prévias com IFN e RBV apresentou efeitos colaterais indesejáveis e não obteve RVS. PO-207 (407) EFICÁCIA DO TRATAMENTO ANTIVIRAL DE PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA PELO GENÓTIPO 3 FERNANDES FF, PEREIRA GHS, MARTINS DS, VEIGA ZST, FLAUSINO KCG, AHMED EO, SANTOS CMB, MIRANDA N, PEREIRA JL Hospital Geral de Bonsucesso – Ministério da Saúde – Rio de Janeiro Fundamentos: O tratamento do genótipo 3 do vírus da hepatite C (VHC) disponibilizado no nosso meio é a associação de Interferon convencional (INF) e ribavirina (RBV). A maioria dos trabalhos encontrados na literatura avaliam a RVS do genótipo 3 associada à do genótipo 2. O objetivo deste estudo é avaliar a RVS alcançada no nosso serviço e os seus possíveis fatores preditores. Métodos: Estudo retrospectivo de revisão de prontuários de pacientes tratados entre 2002 e 2006, de acordo com GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 o protocolo da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Os pacientes foram tratados por 24 semanas com 3MUI de IFN, 3 vezes por semana. A dose de RBV foi de 500mg/dia nos com menos de 64Kg, 750mg/dia nos com peso entre 64 e 85Kg, e 1g/dia nos com mais de 85Kg. A RVS foi definida como não detecção do VHC por PCR qualitativo seis meses após o término do tratamento. Resultados: Foram avaliados 71 pacientes, sendo 51 homens (70.4%), com média de idade 49,28 (± 7.88) anos. Destes 36.51% eram cirróticos. A forma de contágio provável foi uso de drogas endovenosas em 25.53%, transfusão de hemoderivados em 25,53%, procedimentos invasivos em 19.15% e desconhecida em 20.55% dos casos. A RVS obtida neste grupo de pacientes foi de apenas 35.62%, fiando em 26% nos pacientes com estágio 5 e 6 de fibrose. Foi encontrada associação estatisticamente significativa tanto para estágio de fibrose quanto para ausência de VHC na quarta semana de tratamento (para aqueles que realizaram PCR quantitativo antes e durante o tratamento) e RVS. Conclusão: A RVS em nosso meio está muito aquém da relatada na literatura mundial. Parte deste achado poderia ser explicada pela análise da resposta do genótipo 3 isoladamente e pela alta prevalência de cirróticos. Porém, fatores como eficácia da medicação disponibilizada para o tratamento do genótipo 3 precisam ser avaliados em estudos prospectivos. PO-208 (414) – PRÊMIO TOMAZ FIGUEIREDO MENDES PO-209 (417) – PRÊMIO TOMAZ FIGUEIREDO MENDES PO-210 (421) INFLUÊNCIA DA ANCESTRALIDADE, DETERMINADA POR ALELOS ESPECÍFICOS DE POPULAÇÕES, NA RESPOSTA TERAPÊUTICA DE PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C CAVALCANTE LN, LYRA AC, ABE-SANDES K, ÂNGELO AL, BRANDÃO PS, LIMA L, CARVALHO JM, LEMAIRE D, SANTANA N, LYRA L Serviço de Gastro-Hepatologia - Universidade Federal da Bahia - Salvador Estudos norte-americanos demonstram que a resistência ao tratamento antiviral é significativamente maior entre indivíduos de ancestralidade africana. Não existem dados no Brasil que correlacionem etnia e evolução da hepatite C. Objetivos: Descrever a etnia por classificação fenotípica e a freqüência de marcadores genéticos de ancestralidade nos pacientes com hepatite crônica C; Comparar os grupos de pacientes, classificados com os marcadores moleculares da ancestralidade, segundo: genótipos do vírus da hepatite C (HCV); estágio de fibrose hepática e reposta à terapia antiviral. Métodos: Incluídos pacientes com hepatite crônica C, idade > 18 anos, submetidos à biópsia hepática e à terapia com interferon e rivabirina. As amostras de DNA genômico foram obtidas a partir de células mononucleares do sangue periférico. Foram analisadas as freqüências de quatro Alelos Específicos de Populações (PSA) autossômicos: AT3 mais freqüente em populações africanas, SB19.3 mais freqüente em europeus, APO presente em populações indígenas da Amazônia Brasileira e em europeus e PV92 freqüente em indígenas da Amazônia Brasileira. Resultados: Foram analisados 89 pacientes com média de idade de 48,9 anos, sendo 65,1% do gênero masculino. Na classificação étnica fenotípica, observamos 26,7% brancos, 67,4% mulatos e 5,8% negros. Os alelos PV92 foram encontrados em heterozigose em 54,6% dos pacientes, em homozigose em 6,02% e estavam ausentes em 57,8% dos casos. Os alelos SB19.3 eram heterozigotos em 55,3% dos pacientes e homozigotos em 2,32% e ausentes em 41,8% da população. Os alelos AT3 eram homozigotos em 25,6% e heterozigotos em 73,0% dos casos. Os alelos APO foram heterozigotos em 88,2% e ausentes em 10,6% dos indivíduos. Foi observado que 76,2% dos brancos foram infectados por HCV genótipo 1, 9,5% genótipo 2 e 14,3% genótipo 3. Entre mulatos e negros, 81% tinham genótipo 1 e 19% genótipo 3. Pela classificação METAVIR, 63,2% dos brancos apresentavam estágio F2 e 36,8% F3/F4; entre mulatos e negros 51,7% apresentavam estágio F2 e 48,3% F3/F4 (p = 0,44). Entre os brancos, 73,9% tiveram resposta virológica sustentada (RVS) e 26,1% foram não respondedores ou recidivantes; entre mulatos e negros, 45% tiveram RVS e 55% foram não respondedores ou recidivantes (p = 0,02). Conclusão: Em pacientes com hepatite crônica C de ancestralidade predominantemente africana foram observadas menores taxas de RVS ao tratamento com interferon e ribavirina. PO-211 (435) RESULTADOS DE TRATAMENTO DE HEPATITE C CRÔNICA COM INTERFERON PEGUILADO (PEG-IFN) E RIBAVIRINA EM PACIENTES NÃO SELECIONADOS NO HC/UNICAMP SEVÁ-PEREIRA T, NASSIF CES, LORENA SLS, ALMEIDA JRS, ESCANHOELA CAF, SOARES EC Disciplina de Gastroenterologia/DCM/Faculdade de Ciências Médicas/Gastrocentro/UNICAMP - Campinas/SP Fundamento: A disponibilização do PEG-IFN, associado à Ribavirina, para tratamento da Hepatite C crônica no serviço público, gerou uma expectativa de melhora da resposta virológica sustentada (RVS). No entanto, sabemos que os resultados obtidos em estudos controlados e em população selecionada muitas vezes não se reproduzem quando transferidos para o ambiente assistencial de uma população não selecionada. Neste levantamento retrospectivo, visamos os resultados obtidos com esse tratamento na prática clínica. Métodos: Levantados os dados de 58 pacientes com Hepatite C Crônica tratados com PEG-IFN e Ribavirina no serviço de S 63 Gastroclínica do HC/UNICAMP, com acompanhamento de pelo menos 6 m após o término do tratamento. Os pacientes foram tratados conforme protocolo da Secretaria de Saúde de SP. Resultados: 58 pacientes, 46 homens, com idade média de 45,5 ± 9,5 anos; 54 deles apresentando genótipo 1 e o restante genótipo 3; cirrose estava presente em 13 (22,4%). Vinte pacientes já haviam realizado tratamento prévio com Interferon convencional associado ou não a Ribavirina. O PEG-IFN utilizado foi PEG-IFN α2a em 27 pacientes e PEG-IFN α2b em 31. Oito pacientes receberam Eritropoetina por anemia e 14 receberam Filgrastima por neutropenia. Oito pacientes tiveram o tratamento suspenso por efeitos colaterais ou não aderência. Entre os 50 que se mantiveram em tratamento, 24 (48%) foram considerados não respondedores (considerando-se neste grupo os 12 pacientes que tiveram o tratamento interrompido devido a PCR+ na 12ª semana e os pacientes com PCR+ no final do tratamento). Cinco pacientes (10%) tiveram resposta ao final do tratamento, porém apresentaram recaída aos 6 meses e 21 (42%) apresentaram RVS. Em relação à resposta precoce, 42 pacientes tiveram o PCR qualitativo realizado na 12ª semana, dos quais 18 foram positivos e 24 negativos. Entre os 18 positivos, 12 tiveram o tratamento interrompido e 6 foram mantidos com tratamento (por resposta bioquímica, desejo do paciente), porém todos mantiveram PCR positivo ao final do tratamento. Dos 24 pacientes com resposta precoce, 17 alcançaram RVS, 5 tiveram recaída, 1 não teve resposta ao final do tratamento (break-throught) e 1 paciente teve o tratamento suspenso após a 12º semana por efeito colateral. Conclusão: A taxa de RVS após tratamento com PEG-IFN e ribavirina foi abaixo da descrita na literatura, possivelmente pela utilização de população não selecionada, que reflete a prática clínica habitual. PO-212 (436) RESULTADOS PRELIMINARES DE RETRATAMENTO COM INTERFERON PEGUILADO E RIBAVIRINA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA NO HC/UNICAMP LORENA SLS, SEVÁ-PEREIRA T, NASSIF CES, GOMES VP, ALMEIDA JRS, ESCANHOELA CAF, SOARES EC Disciplina de Gastroenterologia/DCM/Faculdade de Ciências Médicas/Gastrocentro/UNICAMP - Campinas/SP Fundamento: Com a expansão do tratamento da Hepatite C Crônica surgiu uma questão: pacientes não respondedores ou recidivantes ao tratamento com interferon ou interferon e ribavirina teriam ganho real ao serem retratados com interferon peguilado e ribavirina independente de seu genótipo? Os resultados já publicados são conflitantes Métodos: Foram levantados os dados de 24 pacientes com Hepatite C Crônica, independente do grau de fibrose e genótipo, que não tiveram resposta sustentada ao primeiro tratamento, e que foram retratados com interferon peguilado e ribavirina no serviço de Hepatologia do HC/UNICAMP. Não foram incluídos aqueles que tiveram suspensão do primeiro tratamento por efeitos colaterais, ou que ainda não haviam completado 6 meses após o término do tratamento, e que portanto não poderiam ter a RVS avaliada. Casuística: 21 homens e 3 mulheres, idade média de 42 ± 7 anos; 21 deles apresentando genótipo 1 e o restante genótipo 3; 9 (37,5%) tinham cirrose e 15 (62,5%) algum grau de fibrose. Tratamento: 13 usaram interferon peguilado α2b e o restante α2a, seguindo as normas vigentes na época para liberação da medicação pela SSSP, que liberava o interferon de acordo com o peso (α2a para pacientes com mais de 75Kg e α2b para o restante). Resultados: Destes 24 pacientes, 9 (38%) tiveram RVS, sendo 5 tratados com interferon peguilado α2b; 6 foram não respondedores (4 deles tratados com interferon peguilado α2b); 3 tiveram resposta durante o tratamento com negativação da carga viral com 12 semanas, mas com PCR positivo 6 m após (todos tratados com interferon peguilado α2b); 6 foram considerados não respondedores por suspensão do tratamento por efeitos colaterais (5 eram pacientes tratados com interferon peguilado α2a). A RVS foi de 33,3% no grupo com cirrose e 40% no grupo com Hepatite C Crônica. Dos pacientes com genótipo 3 todos tiveram RVS e 28,5% daqueles com genótipo 1. Os efeitos colaterais que levaram a suspensão do tratamento foram neutropenia em 4 pacientes, anemia em 1, e em um, depressão importante, não controlada com antidepressivos. Deve ser levado em consideração, que por ser um serviço público, nossos pacientes só têm acesso às medicações fornecidas pela SSSP, que durante o tratamento de grande parte destes pacientes não estava liberando o uso de fatores de crescimento hematológicos. Conclusão: Apesar de taxas de RVS no retratamento não serem ainda ideais, esta conduta na situação atual, deve ser pensada frente a pacientes não respondedores. PO-213 (438) SEIS MESES DE IFN CONVENCIONAL NO TRATAMENTO DA HEPATITE C AGUDA GENÓTIPO 1 EM PORTADORES DE IRC EM HEMODIÁLISE COM RESPOSTA VIROLÓGICA PRECOCE MEIRELLES SOUZA AF, PACE F, BARBOSA KVBD, OLIVEIRA JM, FREITAS DS, SANTOS VM, MORAES JP, PIAZZI MH, AMARAL JR FJ, SANGLARD LAM Serviço de Gastroenterologia – Centro de Referência em Hepatologia do HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de Fora (CRH-UFJF) Fundamentos: Após infecção aguda pelo vírus da hepatite C 50% a 80% dos pacientes desenvolvem hepatite crônica. Em não urêmicos, o tratamento na fase aguda da infecção tem elevada taxa de resposta. Em portadores de IRC, a eficácia do tratamento da hepatite aguda C é incerta. O objetivo é verificar a eficácia e a segu- S 64 rança do tratamento da hepatite C aguda em portadores de IRC em hemodiálise. Métodos: Em Março de 2005, foram encaminhados pela Unidade de hemodiálise ao CR-HUUFJF cinco portadores de IRC com hepatite C aguda, caracterizada pela elevação das aminotransferases seguida pelo surgimento do anti-HCV e HCV-RNA séricos em indivíduos sabidamente anti-HCV negativo. A pesquisa qualitativa do HCV-RNA foi realizada no terceiro (resposta virológica precoce - RVP) e sexto mês de tratamento e seis meses após o fim do mesmo. INF convencional 3 MU foi administrado 3 vezes por semana por 6 meses. O tratamento teve início pelo menos 12 semanas após o diagnóstico da hepatite C aguda. Eventos adversos foram observados. Resultados: A média de idade dos pacientes foi 53 ± 10,1 anos e três indivíduos (60%) eram do sexo masculino. O tempo médio em hemodiálise até o diagnóstico da hepatite C aguda foi de 33 ± 26,5 meses. A infecção pelo HCV foi anictérica em todos os pacientes. A média das aminotransferases no início do tratamento foi 311 ± 173,2U/L. Todos os pacientes foram infectados pelo genótipo 1 do HCV. O tempo médio entre o diagnóstico da infecção e o início do tratamento foi de 4 ± 2,4 meses. RVP foi obtida em quatro pacientes (80%). Todos com RVP alcançaram resposta virológica sustentada. Dois pacientes apresentaram eventos adversos, mas não houve necessidade de modificação da dose ou interrupção do tratamento. Conclusão: Em portadores de IRC em hemodiálise, o tratamento da hepatite C aguda com o esquema utilizado neste estudo foi bem tolerado e mostrou-se eficaz na prevenção da cronificação da infecção pelo HCV. A resposta virológica precoce teve um elevado valor preditivo positivo para a resposta virológica sustentada. PO-214 (439) RELATO DE CASO – MONOTERAPIA COM RIBAVIRINA NO TRATAMENTO DE MANIFESTAÇÃO EXTRA-HEPÁTICA DO VÍRUS DA HEPATITE C MEIRELLES SOUZA AF, PACE F, BARBOSA KVBD, OLIVEIRA JM, GUERRA RR, FELGA G, MORAES JP Serviço de Gastroenterologia – Centro de Referência em Hepatologia do HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de Fora (CRH-UFJF) Fundamentos: A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) é eventualmente associada ao desenvolvimento de manifestações extra-hepáticas. A terapia antiviral visando à erradicação do vírus da hepatite C é o tratamento de escolha. O papel da monoterapia com ribavirina é incerto. O objetivo é relatar o caso de uma paciente com manifestação extra-hepática ao HCV impossibilitando o uso do IFN, mas com uma boa resposta ao uso da ribavirina isolada permitindo a terapia antiviral combinada. Caso: Paciente de 62 anos com queixa de fadiga, distúrbio de sensibilidade nos membros inferiores e lesões cutâneas. Transfusão de sangue em 1976. Exame físico: bom estado geral, púrpura palpável e redução da sensibilidade do tipo meia em membros inferiores. Ausência de estigmas de doença hepática crônica e de sinais de hipertensão portal. Laboratório: Anti-HCV e HCV-RNA qualitativo positivos. Carga viral do HCV: 568.968UI/ml e genótipo 1b do HCV Hemoglobina: 15.9g/dl; Contagem de plaquetas: 18000/mm3; AST: 60UI/ml; ALT: 48UI/ml; Creatinina 1.0mg/dl; Crioglobulinas positivas; FAN: negativo. EAS: ausência de proteinúria. A endoscopia digestiva alta sem varizes de esôfago e USG sem esplenomegalia. Foi estabelecido o diagnóstico de crioglobulinemia mista essencial e trombocitopenia associada ao HCV. A trombocitopenia impossibilitou a realização da biópsia hepática e o uso de IFN. Optou-se pelo uso de ribavirina (1g/dia). Após sessenta dias de terapia, houve melhora das queixas e o exame físico revelou melhora significativa das lesões cutâneas e da sensibilidade dos membros inferiores. Laboratório: Hemoglobina 11.6g/ dl; Plaquetas: 144000/mm3; AST: 27UI/ml; ALT: 22UI/ml; HCV-RNA quantitativo: 117.095UI/ml. Com o aumento do número de plaquetas foi realizada biópsia hepática (A3F4 de METAVIR). IFN-peguilado alfa 2a foi introduzido e mantido por 12 meses. Resposta virológica sustentada foi obtida. Conclusão: Este caso reflete as dificuldades envolvidas no tratamento da hepatite crônica C e abre perspectivas para novas indicações da monoterapia com ribavirina no tratamento de suas manifestações extra-hepáticas. PO-215 (440) INCIDÊNCIA DE INFECÇÃO BACTERIANA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA DURANTE O TRATAMENTO COM INTERFERON PEGUILADO E RIBAVIRINA MORAES JP, MEIRELLES DE SOUZA AF, PACE F, OLIVEIRA JM, BARBOSA KVBD, AMARAL JR FJ, GUERRA RR, SOUZA MH Serviço de Gastroenterologia – Centro de Referência em Hepatologia do HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de Fora (CRH-UFJF) Fundamentos: De um modo geral, 10% a 15% dos portadores de hepatite C crônica apresentam eventos adversos durante terapia antiviral. A freqüência de infecções e os fatores associados ao seu surgimento não estão definidos. O objetivo foi verificar a incidência de infecções bacterianas em portadores de hepatite C crônica tratados com Interferon peguilado e ribavirina. Métodos: Foram incluídos no estudo portadores de hepatite C crônica em tratamento com Interferon peguilado e ribavirina por pelo menos 6 meses no CRH-UFJF entre janeiro de 2006 e janeiro de 2007. Foram excluídos portadores de insuficiência renal crônica e indivíduos infectados pelo HIV e/ou HBV. O tratamento utilizado, doses e duração foram as preconizadas pela portaria 863/2002 do Ministério da Saúde do Brasil. Episódios de infecção foram definidos como aqueles suspeitados (sinais e/ou sintomas) ou confirmados (cultura bacteriológica ou radiografia positiva) e tratados com antibióticos por via GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 oral ou parenteral. Para identificação dos fatores associados à infecção variáveis demográficas (sexo, idade), laboratoriais (leucometria global, neutrófilos, hemoglobina, carga viral e genótipo do HCV), clínicas (presença de co-morbidades) e histológicas (grau de fibrose por METAVIR). Resultados: Entre os 72 pacientes tratados no CR-HUUFJF neste período, 54 foram incluídos no estudo. A média de idade dos pacientes foi de 52,4 ± 8,9 anos e 30 (44%) pacientes eram do sexo masculino. O genótipo 1 do HCV foi observado em 42 (78%) e a carga viral baseline foi superior a 850.000UI em 17 (31%) pacientes. A presença de fibrose graus 3 e 4 de METAVIR foi encontrada em 25 (50%) pacientes. Interferon peguilado α-2a foi utilizado em 27 (50%) dos pacientes. A presença de infecção foi observada em 12 (22%) pacientes. Nenhuma das variáveis analisada foi capaz de predizer o risco de infecção. Conclusão: Neste estudo, a freqüência de infecções em portadores de hepatite crônica C tratados com Interferon peguilado e ribavirina foi elevada, entretanto não foi possível identificar fatores envolvidos no seu surgimento. PO-216 (441) PERFIL DE INDIVÍDUOS COM CLAREAMENTO ESPONTÂNEO DO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV) MEIRELLES SOUZA AF, PACE F, BARBOSA KVBD, OLIVEIRA JM, LIMA TS, NORONHA MFA, SANGLARD LMA, MORAES JP, AMARAL JR FJ Serviço de Gastroenterologia – Centro de Referência em Hepatologia do HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de Fora (CRH-UFJF) Fundamentos: Após infecção pelo HCV cerca de 30% dos indivíduos eliminam espontaneamente o vírus. Os fatores associados a este evento não estão plenamente definidos. O objetivo deste estudo é descrever as características de indivíduos com clareamento espontâneo do HCV e identificar as variáveis envolvidas. Métodos: Foram identificados no banco de dados do CRH-UFJF indivíduos anti-HCV positivo e HCV-RNA qualitativo negativo atendidos entre 2005 e 2007. A pesquisa do antiHCV foi realizada por duas vezes em amostras diferentes por ELISA de 3a geração e o HCV-RNA qualitativo foi feito por técnica de RT-PCR (sensibilidade de 50UI). Variáveis demográficas (idade na data provável de aquisição de infecção, sexo, epidemiologia) e antecedentes de icterícia e/ou diagnóstico de hepatite aguda foram pesquisadas. Foi considerado ano de aquisição de infecção o ano de realização de transfusão de sangue ou o primeiro ano de uso de drogas intravenosas. Para análise comparativa foram criados 2 grupos: GI-hepatite crônica C (atendidos no CRH no mesmo período) e GII-clareamento espontâneo do HCV e as variáveis foram correlacionadas. Resultados: Foram incluídos 47 pacientes sendo 22 (47%) do sexo feminino. A média de idade no ano de aquisição da infecção foi 17,3 ± 17,6 anos. Os principais fatores de risco observados foram transfusão de sangue (19 pacientes – 40%) e uso de drogas intravenosas (9 pacientes – 19%). Antecedentes de icterícia e/ ou hepatite aguda ocorreram em 5 (11%) pacientes. Foram identificados 313 portadores de hepatite crônica C sendo 182 (58%) do sexo masculino. A média de idade no momento da infecção foi 22,6 ± 16,5 anos. O uso de DIV e transfusão de sangue foi relatado por 51 (16%) e 126 (40%) pacientes, respectivamente. Na análise comparativa houve predomínio do sexo feminino no grupo II (53% VS. 42%), entretanto sem significância estatística (p = 0,15). O GII apresentou média de idade no momento da contaminação inferior ao GI (22,6 anos VS. 17,3 anos; p = 0,05; IC 95%: 0,3 – 10,9). Conclusão: De acordo com o estudo, pacientes que se contaminaram mais jovens apresentaram maior chance de clareamento espontâneo do HCV. PO-217 (442) TRIAGEM DE BASE POPULACIONAL PARA HEPATITE C EMPREGANDO O TESTE RÁPIDO IMUNOCROMATOGRÁFICO PARA DETECÇÃO DE ANTICORPOS ANTI-HCV MEIRELLES DE SOUZA AF, PACE F, OLIVEIRA JM, BARBOSA KVBD, SANGLARD LAM, GOMIDE CPP, PENHA C, SOARES MP, COSTA DMP, NEVES SN Serviço de Gastroenterologia – Centro de Referência em Hepatologia do HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de Fora (CRH-UFJF) Fundamentos: A hepatite crônica C (HCV) é um problema de saúde pública. Com objetivo de determinar a prevalência de portadores de HCV crônica promoveu-se uma triagem populacional em Juiz de Fora-MG em 2006 e 2007. Métodos: Estudo transversal, envolvendo a realização de uma triagem de base populacional. Foram convidados indivíduos da população geral para realizarem a pesquisa do anticorpo contra o VHC. Em seguida foram entrevistados abordando dados demográficos e epidemiológicos. Logo após, realizaram teste rápido para detecção do anti-HCV (HCV Test BIOEASY ), com coleta de sangue total por lanceta. O resultado é obtido em 15 minutos. A sensibilidade é de 99,0%, especificidade de 99,4% e concordância de 99,3% em comparação com o teste ELISA anti-HCV. Os positivos realizaram a pesquisa do anti-HCV por ELISA de 3ª geração. A pesquisa do RNA-HCV qualitativo por RT-PCR foi feita nos casos confirmados. Resultados: Foram testados 1.494 indivíduos, 898 (60%) do sexo feminino com média de idade global de 45,3 ± 47 anos. Transfusão de sangue foi relatada por 165 (11%) indivíduos, uso de drogas intravenosas (DIV) por 10 (0,7%) e inalatórias por 50 (3,3%). Tatuagem, piercing e acupuntura estiveram presentes em 115 (7,7%), 92 (6,2%) e 165 (11%) dos indivíduos testados, respectivamente. Dentre a amostra testada, 356 (24%) indivíduos eram profissionais da área de saúde (PAS). A pesquisa do anti-HCV foi positiva em 24 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 (1,6%) dos indivíduos testados. Todos foram confirmados por ELISA. O anti-HCV foi positivo em 8 (4,8%) indivíduos que receberam transfusão de sangue, 6 (60%) usuários de DIV e 1 (0,3%) PAS. Dos 24 positivos, 23 (96%) tinham mais que 30 anos de idade, representando uma prevalência de 2,1% nesta faixa etária. Quinze pacientes já realizaram a pesquisa do HCV-RNA qualitativo, sendo 13 (86,7%) positivos. Todos estão em seguimento clínico. Conclusão: O teste rápido mostrou-se eficaz e com alta especificidade na identificação de casos. A prevalência encontrada foi semelhante à descrita no Brasil. Usuários de DIV foi o grupo mais susceptível à infecção pelo HCV. PO-218 (445) HEPATITE C - APRESENTAÇÃO CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA EM AMBULATÓRIO ESPECIALIZADO NO AMAZONAS CAMARGO KM, ROCHA CM, CAMPOS JG, SILVA MJS, BESSA A, FERREIRA LF Serviço de Hepatologia - Ambulatório Araújo Lima - Hospital Universitário Getúlio Vargas - Universidade Federal do Amazonas – MA Fundamentos: O estado do Amazonas é considerado de baixa prevalência para o vírus da hepatite C (HCV). Existem poucos relatos a cerca da apresentação clínica desses pacientes. Objetivo: Avaliar a epidemiologia e a forma de apresentação clínica da infecção pelo HCV. Métodos: Estudo retrospectivo de pacientes anti-HCV positivo acompanhados ambulatorialmente no período de 2000 a 2007. Foram analisadas as seguintes variáveis: sexo, idade, naturalidade, profissão, vida sexual, ingesta alcoólica, hemotransfusão, tatuagem, cirurgia, hemodiálise, história familiar de hepatite, modo potencial de contagio, HCV-RNA qualitativo, genótipo HCV, sorologias HBsAg e anti-Delta e apresentação clínica. Resultados: Foram estudados 151 pacientes, com média de idade de 48 ± 13 anos, sendo 65% (97/151) homens. O modo potencial de contágio foi indeterminado em 79% e parenteral em 21%. Identificaram-se como fatores de risco: uso de drogas injetáveis (83%), hemodiálise (76%), hemotransfusão (43%) e cirurgia (39%). Ingesta alcoólica maior que 20g/ dia esteve presente em 32% (23/72) dos casos. As formas de apresentação clínica foram: hepatite crônica com hipertensão portal (HP) (varizes esofagianas ou esplenomegalia) em 39% (59/151), hepatite crônica sem HP 38% (58/151), hepatite C curada em 11% (17/151), hepatocarcinoma em 2% (3/151) e hepatite aguda em 1% (1/151); 8% (13/151) aguardam definição diagnóstica. Ocorreu co-infecção com o vírus da hepatite B em 8% (12/151) dos casos e co-infecção com os vírus das hepatites B e Delta em 1% (1/151). Com relação ao genótipo, 77 pacientes dispunham desta informação: 66% (51/77) eram genótipo 1, 25% (19/77) eram genótipo 3 e 9% (7/77) eram genótipo 2. Conclusão: Encontramos alta taxa de co-infecção com o HBV, isso pode ser explicado pela elevada endemicidade HBV na região e pelo compartilhamento de rotas de transmissão por esses vírus. Apesar da hemotransfusão apresentar-se como fator de risco, vale ressaltar que outras condições predisponentes à infecção estiveram associadas nessa população: hemodiálise, procedimentos hospitalares e uso de drogas injetáveis. PO-219 (450) PEGINTERFERON ALFA 2A ASSOCIADO À RIBAVIRINA PARA CO-INFECTADOS HCV/HIV VIRGENS DE TRATAMENTO REZENDE REF, PIMENTA ATM, SECAF M, RAMALHO LNZ, ZUCOLOTO S, FERREIRA RM, PASQUALIM M, GRIMM LCA, SILVA AAC, SANTA MLSS Ambulatório de Hepatites - NGA 59, Secretária Municipal de Saúde de Ribeirão Preto (SMS-RP) - Ribeirão Preto - SP Fundamentos: Após o início da era HAART, a hepatopatia pelo vírus da hepatite C tem sido uma importante causa de morbimortalidade em portadores de HIV. Coinfectados HCV/HIV apresentam menores resposta virológica sustentada (RVS) em relação aos mono-infectados. Objetivo: Avaliar taxa de resposta virológica de final de tratamento (RVF) e sustentada (RVS) nos pacientes virgens de tratamento, coinfectados HCV/HIV, tratados com PEG-IFN alfa 2a associado à ribavirina por 48 semanas. Casuística e métodos: Foram avaliados 24 pacientes, virgens de tratamento, que receberam PEG-IFN alfa 2a (180µg/semana, subcutâneo) + ribavirina (1.000 a 1.250mg/dia, via oral). Foram excluídos pacientes co-infectados com HBV e infecções oportunistas ativas. Estudou-se dados clínicos, genotipagem do vírus da hepatite C (Inno-Lipa II), PCR-RNA-HCV quantitativo pré-tratamento e 12 semana de tratamento (b-DNA-Bayer), contagem de CD4 (citometria de fluxo), quantificação da carga viral do HIV (b-DNA; Bayer) e histologia hepática (Knodell et al., 1981 modificada por desmet et al., 1994). Analisou dados de RVF (PCR- RNA-HCV qualitativo negativo no final de tratamento) e RVS (PCR-RNA-HCV qualitativo negativo, sexto mês após suspensão de tratamento). Resultados: Vinte (83,3%) pacientes eram do sexo masculino, idade média 48,3 (variação 32 a 48 anos). A média da contagem de CD4 foi de 541 cél/mm3 (variação 189-985 cél/mm3). Dezessete (70,8%) pacientes apresentavam a carga viral do HIV indetectável. Vinte e um pacientes encontravam-se em uso de HAART. Observou-se genótipo 1 em 19/24 (79,2%). A mediana da carga viral do HCV pré-tratamento foi 850.000UI/ml. Observou-se fibrose e inflamação moderada/grave em 41,6% e 54,2% respectivamente. Cirrose ocorreu em 8,3%. Dezessete pacientes concluíram 48 semanas de tratamento, quatro pacientes continuam recebendo medicações e três pacientes suspenderam tratamento por efeitos colaterais. RVF foi obtida em 10/17 (58,8%) pacientes. Sete pacientes (41,2%) foram não respondedores. A RVS foi avaliada apenas em S 65 5 pacientes. Dois paciente alcançaram a RVS (40%) e três (60%) apresentaram recidiva. Conclusão: Apesar da amostragem pequena, resultados de RVS foram semelhantes aos estudos multicêntricos internacionais, demonstrando menor resposta virológica do PEG-INF alfa 2a + Ribavirina nos co-infectados quando comparados aos mono-infectados. Novos esquemas de tratamento devem ser propostos para aumento da eficácia terapêutica. PO-220 (451) AVALIAÇÃO DA RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA COM INTERFERON RECOMBINANTE ASSOCIADO À RIBAVIRINA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA, GENÓTIPO 2 E 3 REZENDE REF, PIMENTA ATM, SECAF M, ZUCOLOTO S, RAMALHO LNZ, FERREIRA RM, PASQUALIM M, GRIMM LCA, SILVA AAC, SANTA MLSS Ambulatório de Hepatites - NGA 59, Secretária Municipal de Saúde de Ribeirão Preto (SMS-RP) - Ribeirão Preto - SP Fundamentos: Dados da literatura demonstram que pacientes com hepatite C crônica genótipo não 1 possuem maiores taxas de resposta virológica sustentada (RVS) em relação aos infectados com genótipo 1. Interferon recombinante associado à ribavirina é uma opção terapêutica oferecida pelo SUS. Objetivo: Avaliar taxa de resposta virológica sustentada dos pacientes com hepatite C crônica, mono-infectado, virgens de tratamento, tratados com interferon recombinante associado à ribavirina. Casuística e métodos: No período de agosto de 2002 a junho de 2007, foram avaliados 22 pacientes que receberam tratamento com interferon recombinante (3 MU, 3x/sem, subcutâneo) + ribavirina (1000 a 1250mg/dia, via oral) por 24 ou 48 semanas. Foram excluídos co-infectados com hepatite B, HIV e portadores de insuficiência renal. Avaliou-se dados demográficos, genotipagem do vírus da hepatite C (Inno-Lipa II) e histologia hepática (Knodell et al., 1981 modificada por Desmet et al. 1994). Analisou dados de resposta virológica final (RVF) (PCR- RNAHCV qualitativo negativo no final de tratamento) e RVS (PCR-RNA-HCV qualitativo negativo, sexto mês após suspensão de tratamento). Resultados: Quatorze (63,6%) pacientes eram homens, idade média 43,6 (variação 20 a 64 anos). A distribuição dos genótipos foi a seguinte: genótipo 3 [19/22 (86,3%)]; genótipo 2 a/2c [2/22 (9,1%)] e associação do genótipo 2b/3a [1/22 (4,6%)]. Fibrose e inflamação moderada/grave ocorreram em 50% e 59% respectivamente. Observou-se 4 casos de cirrose, Child A (18,2%). Apenas 1 paciente interrompeu o tratamento, no quarto mês, por dificuldade pessoal para aquisição da medicação. Dezenove pacientes receberam tratamento por 24 semanas e 3 pacientes cirróticos trataram-se por 48 semanas. A RVF foi obtida em 17/22 (77,3%) pacientes. Apenas quatro pacientes (18,2%) foram não respondedores. A RVS ocorreu em 12/17 (70,6%) pacientes. Três pacientes (17,6%) foram recidivantes. Conclusão: O interferon recombinante associado à ribavirina ainda é uma opção terapêutica para tratamento da hepatite C crônica, genótipo 2 e 3, sendo importante a extensão do tratamento para 48 semanas na presença de fibrose avançada. PO-221 (452) AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DO INTERFERON PEGUILADO ALFA 2A ASSOCIADO À RIBAVIRINA EM MONOINFECTADOS COM HEPATITE C CRÔNICA VIRGENS DE TRATAMENTO REZENDE REF, PIMENTA ATM, SECAF M, RAMALHO LNZ, ZUCOLOTO S, FERREIRA RM, PASQUALIM M, GRIMM LCA, SILVA AAC, SANTA MLSS Ambulatório de Hepatites - NGA 59, Secretária Municipal de Saúde de Ribeirão Preto (SMS-RP) - Ribeirão Preto - SP Fundamentos: O conhecimento de dados brasileiros sobre resposta virológica sustentada obtida através do tratamento da hepatite C crônica com interferon peguilado (PEG-IFN) alfa 2a associado à ribavirina é de extrema importância. Objetivo: Avaliar taxa de resposta virológica de final de tratamento (RVF) e sustentada (RVS) dos pacientes com hepatite C crônica, mono-infectados, virgens de tratamento, com PEG-IFN alfa 2a associado à ribavirina. Casuística e métodos: Avaliou-se 48 pacientes, virgens de tratamento, que completaram tratamento por 24 ou 48 semanas, com PEG-IFN alfa 2a (180µg/semana, subcutâneo) + ribavirina (1.000 a 1.250mg/dia, via oral). Foram excluídos renais crônicos, co-infectados com HBV e/ou HIV. Avaliou-se dados demográficos, genotipagem do vírus da hepatite C (Inno-Lipa II), PCR-RNA-HCV quantitativo pré-tratamento e 12 semana de tratamento (b-DNA-Bayer) e histologia hepática (Knodell et al., 1981 modificada por Desmet et al. 1994). Analisou dados de RVF (PCR- RNA-HCV qualitativo negativo no final de tratamento) e RVS (PCR-RNA-HCV qualitativo negativo, sexto mês após suspensão de tratamento). Resultados: Trinta e um (64,6%) pacientes eram do sexo masculino, idade média 43,5 (variação 22 a 64 anos). Genótipo 1 mostrou-se presente em 85,4%. A mediana da carga viral pré-tratamento foi 703.044UI/ml (variação 615 a 7.700.000UI/ml). Observou-se fibrose e inflamação moderada/grave em 47,9% e 58,4% respectivamente. Cirrose ocorreu em 10,4%. Queda 2 log da carga viral na 12 semana de tratamento foi observada em 29/33 (87,9%) pacientes. Dois pacientes suspenderam tratamento, no terceiro mês, devido efeitos colaterais. Quarenta e quatro pacientes receberam tratamento por 48 semanas, apenas 2 pacientes, genótipo 3a, trataram por 24 semanas. RVF foi obtida em 38/46 (82,6%) pacientes. Oito pacientes (17,4%) foram não respondedores. A RVS ocorreu em 21/26 (80,8%) pacientes. Recidiva viral ocorreu em 5/26 (19,2%) pacientes. Conclusão: A RVS obtida neste trabalho foi S 66 superior ao estudo multicêntrico de registro do PEG-INF alfa 2a (Fried et al., 2002). Suporte de apoio do serviço aos pacientes, uso precoce de terapia adjuvante (filgrastima e/ou eritropoetina), boa adesão ao tratamento, são hipóteses para a obtenção desta melhor resposta terapêutica. PO-222 (456) CORRELAÇÃO DO ESCORE APRI E FIB-4 NO DIAGNÓSTICO DE FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS C LIMA JMC, FERNANDES SG, HYPPOLITO EB, VALENÇA JR JT, PEREIRA KB, PIERRE AM, NÓBREGA ACM, PINHEIRO SR, BESSA LLC, LIMA JWO Serviço de Gastro-hepatologia do HUWC-Universidade Federal do Ceará e HSJ (SESA). Fortaleza - Ceará Introdução: A biópsia hepática (BH) ainda é o padrão ouro na avaliação de fibrose hepática em pacientes com hepatite C crônica (HCC), entretanto, nos últimos anos diversos métodos não invasivos têm sido descrito na literatura com acurácia variável em detectar fibrose avançada (F3-F4) x (F0-F1-F2). Objetivos: Correlacionar os escores APRI e FIB-4 na detecção de fibrose hepática e avaliar se a associação com nível de albumina melhora a acurácia. Casuística e método: 150 pacientes com HCC que se submeteram à BH entre 2000 a 2006 foram incluídos. Todos apresentavam HCV-RNA positivos, realizaram hemograma, AST, ALT, TP, INR, GGT, Albumina (ALB), Globulina. Utilizou-se a classificação METAVIR (F0-F4). O escore FIB-4 foi calculado utilizando a fórmula: idade (anos) x AST (U/L)/contagem de plaquetas (109/L) x raiz quadrada da ALT (U/L) e o escore APRI foi calculado utilizando a fórmula: [(AST/ LSN)/plaquetas(109/L)]x100. A sensibilidade, especificidade, valores preditivo positivo e negativo para os dois escores foram calculadas. A curva ROC foi calculada utilizando programa STATA 9.2 e a seguir nova curva ROC foi calculada com APRI e FIB-4 em relação ao nível de ALB normal (> 3,5 g%) e ALB baixa (< 3,5 g%). Calculou-se a correlação entre os dois escores através correlação de Pearson. Resultados: 150 pacientes HCC, 67% eram do sexo masculino, a média de idade 47,1 ± 10,2 anos. Quanto ao grau de fibrose F0 em 47 casos (31,3%), F1 em 29 casos (19,3%), F2 em 33 casos (22%), F3 em 14 casos (9,3%) e F4 em 27 casos (18%). Houve uma correlação muito boa entre o escore APRI e FIB-4 (r = 0,87). A curva ROC para escore APRI encontrou área de 0,7618 ± 0,0429 e intervalo de confiança [0,6777 a 0,8458; 95%], enquanto a área para FIB-4 foi de 0,7919 ± 0,0411 e intervalo de confiança [0,7113 a 0,8724; 95%]. Ao se calcular a área sob a curva ROC para APRI quando ALB normal encontrou-se 0,8500 ± 0,0839 representando no ponto de corte APRI > 1,98 a acurácia de 81,8%. Conclusões: Os índices que avaliam fibrose APRI e FIB-4 apresentam boa correlação. A acurácia do APRI melhora quando estabelecemos diferentes níveis de albumina. PO-223 (457) FREQÜÊNCIA DE GLICEMIA DE JEJUM INADEQUADA EM PORTADORES DE CO-INFECÇÃO HCV-HIV PACE F, MEIRELLES SOUZA AF, BARBOSA KVBD, OLIVEIRA JM, SOUZA MH, LIMA TS, AMARAL JR FJ, MORAES JP Serviço de Gastroenterologia – Centro de Referência em Hepatologia do HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de Fora Fundamentos: Há dados consistentes demonstrando associação entre hepatite crônica C e anormalidades glicêmicas. O objetivo foi verificar a prevalência de glicemia de jejum inadequada (GJI) em portadores de co-infecção HCV-HIV. Métodos: Foram incluídos no estudo pacientes atendidos no CRH-HUUFJF entre junho de 2005 e junho de 2007 que preencheram os seguintes critérios inclusão: HCV-RNA sérico qualitativo positivo e anti-HIV positivo por dois métodos com pelo menos duas determinações de glicemia de jejum. Foram excluídos os infectados pelo vírus da hepatite B e os tratados previamente com Interferon e/ou ribavirina. Considerou-se GJI níveis de glicose superior a 100mg/dl. Para identificação dos fatores associados à intolerância a glicose correlacionou-se variáveis demográficas (sexo, idade, índice de massa corpórea), laboratoriais (Genótipo do HCV), histológicas (grau de fibrose e atividade inflamatória por METAVIR) e uso de terapia anti-retroviral. A pesquisa qualitativa do HCV-RNA foi realizada por RT- PCR. Resultados: Neste período foram atendidos 55 pacientes e 37 preencheram os critérios de inclusão e exclusão. A média de idade dos pacientes foi 40 ± 6,1 anos e 30 indivíduos (81%) eram do sexo masculino. O uso de drogas intravenosas foi o fator de risco relatado por 16 (43%) pacientes. A média do IMC foi 23,6 ± 24 e a do peso foi 69,4 ± 70,5Kg. A atividade da ALT esteve aumentada em 30 (81%) pacientes. A carga viral do HCV foi obtida em 12 (33%) e genótipo em 28 (76%) pacientes da amostra. Entre os pacientes testados houve predomínio do genótipo 1 (68%) e a carga viral do HCV foi inferior a 400.000UI em três pacientes (25%). Análise histológica foi realizada em 28 pacientes. Somente 4 (14%) pacientes apresentaram graus de fibrose e atividade inflamatória superior a dois. Glicemia de jejum inadequada foi observada em 12 (32%) pacientes. Não foi possível identificar nenhuma variável preditora de hiperglicemia. Conclusão: Entre portadores de co-infecção HCV-HIV é freqüente o achado GJI. Estudos posteriores são necessários para identificação dos fatores associados a este achado e esclarecimento do seu significado. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-224 (459) RETRATAMENTO DE PORTADORES DE HEPATITE CRÔNICA C COM INTERFERON PEGUILADO E RIBAVIRINA – ANÁLISE DE RESULTADOS MEIRELLES DE SOUZA AF, PACE F, OLIVEIRA JM, BARBOSA KVBD, SANGLARD LAM, NORONHA MFA, LIMA TS, AMARAL JR FJ, SOUZA MH, MORAES JP Serviço de Gastroenterologia – Centro de Referência em Hepatologia do HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de Fora (CRH-UFJF) Fundamentos: A hepatite crônica C é das principais causas de falência hepática. Apenas a erradicação viral pode assegurar o retardo da progressão da doença. No entanto, as alternativas terapêuticas ainda são pouco eficazes, com grande freqüência de efeitos colaterais e muito caras. Recentemente, os Peginterferons obtiveram melhores resultados. Contudo, a resposta ao retratamento em pacientes tratados com IFN α convencional permanece indefinida. Métodos: Selecionamos 32 pacientes portadores de hepatite crônica C submetidos a 2 tratamentos por não alcançarem o objetivo com a primeira tentativa. Todos foram tratados com IFNα e Ribavirina em doses padrões sem obtenção de resposta virológica ou com resposta não sustentada após término do tratamento. No segundo tratamento, todos utilizaram Peginterferon α-2a ou α-2b associados à Ribavirina. Resultados: A média de idade dos pacientes foi de 44,3 ± 9,5 anos e 25 (78%) eram masculinos. O genótipo 1 do VHC foi observado em 26 (81%) e a carga viral pré-retratamento foi superior a 400.000UI em 20 (62%) pacientes. A média da ALT, AST e carga viral do HCV foi 105 ± 71, 85 ± 63 e 843.956 ± 813.223UI, respectivamente. Somente 5 pacientes não foram submetidos à análise histológica. A presença de fibrose graus 3 ou 4 de METAVIR foi encontrada em 21 (65%) pacientes. Foi utilizado Peginterferons α-2a no retratamento de 21 (66%) pacientes. Após o primeiro tratamento 29 (91%) foram considerados não respondedores e 3 (9%) respondedores com recidiva póstratamento. Após retratamento, 4 (12%) pacientes apresentaram resposta virológica sustentada, 5 (16%) resposta com recidiva e 23 (72%) foram não respondedores. Não foi possível identificar nenhuma variável preditora de resposta. Conclusões: Em nosso estudo, a taxa de resposta foi similar àquela descrita na literatura. Apesar da melhor resposta final no tratamento do VHC naïve com os Peginterferons, sua indicação no retratamento do VHC deve ser criteriosa, pesando, individualmente, riscos, custos e benefícios da terapêutica. PO-225 (464) ESTUDO DAS ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS DOS PACIENTES COM HEPATITE C EM TRATAMENTO COM INTERFERON PEGUILADO E RIBAVIRINA DIAS KS, GARCEZ SRC, SANTOS EHS, SANTOS IM, VEIGA CT, PACHECO MS, NASCIMENTO TVB Núcleo de Hepatites da Universidade Federal de Sergipe Introdução: O tratamento atual da hepatite C é feito pela combinação de peginterferon com ribavirina. Entretanto, a combinação da terapia antiviral é também associada a efeitos colaterais que podem resultar em dosagem subótima ou descontinuação da terapia. Anormalidades hematológicas como anemia, neutropenia e trombocitopenia são encontradas, sendo a anemia a mais problemática. Objetivo: Identificar as alterações hematológicas ocorridas nos pacientes com hepatite C em tratamento com peg-interferon e ribavirina, além de quantificar o número de pacientes que tiveram o tratamento interrompido devido às alterações hematológicas. Pacientes e métodos: Será realizado um estudo transversal com base no levantamento dos prontuários dos pacientes portadores de hepatite C tratados com peginterferon e ribavirina com início e término do tratamento entre setembro de 2002 a julho de 2007, no ambulatório de fígado do HU-UFS/SE. Os dados priorizados serão aqueles que versam sobre os efeitos hematológicos e as condutas tomadas diante do quadro. Anemia foi definida como Hb < 10g/l, neutropenia com neutrófilos menores que 500 cel/mm3 e plaquetopenia com plaquetas < 50000/mm3. Resultados: Deste estudo participaram 83 pacientes com diagnóstico definitivo de hepatite C. 53 pacientes (63.8%) pertenciam ao sexo masculino e 30 pacientes (36.1%) ao sexo feminino. Houve necessidade de suspensão do tratamento por conseqüência da anemia (Hb < 10g/l) em 6 pacientes (8% do total de pacientes). Foi suspenso também em 3 pacientes, 4% do total de pacientes, devido à neutropenia (neutrófilos < 650/mm3) A plaquetopenia foi responsável pela interrupção do tratamento em 2 pacientes (2.6%) que alcançaram níveis de 27000/mm3 e 550000/ mm3 com epistaxe. Conclusão: Pacientes com hepatite C em tratamento com peginterferon e ribavirina tem reduções significativas na hemoglobina, plaquetas e neutrófilos. PO-226 (469) AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS GLICÊMICOS DE PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C EM LISTA DE ESPERA PARA TRANSPLANTE HEPÁTICO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO OSWALDO CRUZ BARROS CR, FERREIRA MN, PEREIRA LMMB, SILVA CCCC, CAMPOS AGS Hospital Universitário Oswaldo Cruz - Recife-PE Fundamentos: A hepatite C é um grande desafio para a saúde pública, estimandose que cerca de 3% da população mundial esteja infectada pelo vírus da hepatite C (HCV). Uma ampla variedade de manifestações extra-hepáticas tem sido relatada GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 em associação com a infecção pelo HCV, entre elas, o diabetes mellitus. Objetivo: Verificar a prevalência da elevação da glicemia de jejum em pacientes portadores de hepatite C em lista de espera para transplante hepático no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC). Métodos: Foram incluídos 92 pacientes com diagnostico de infecção pelo HCV no período entre janeiro de 2005 a outubro de 2006 atendidos no ambulatório de transplante hepático do HUOC. Resultados: Dos 92 pacientes, 23 (25%) apresentaram o diagnostico de DM; 69 (75%) foram definidos como não diabéticos, sendo que 19 (21%) apresentaram glicemia entre 100 e 126. Conclusão: Foi encontrada prevalência elevada (25%) de diabetes mellitus em pacientes com hepatite C crônica em lista de espera para transplante hepático, comparado aos 11% esperados na população brasileira, segundo o Ministério da Saúde. PO-227 (481) IMPORTÂNCIA DA FERRITINA EM PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA CARVALHO FILHO AP, SANTOS PAL, SANTOS GLA, PEREIRA LA, PINHEIRO PG, SILVA KCP, SILVA TAE, WYSZOMIRSKA RMAF Hospital Universitário Professor Alberto Antunes/Universidade Federal de Alagoas Fundamentos: Nos últimos tempos, tem sido dada relativa atenção ao papel dos níveis de ferritina sérica na Hepatite crônica C, uma vez que um aumento dos índices de sobrecarga de ferro já foi observado nesses pacientes. No entanto, o significado e as conseqüências dessas alterações ainda não foram totalmente esclarecidos. Objetivo: Avaliar a importância dos níveis séricos de ferritina e depósitos hepáticos de ferro em pacientes portadores de hepatite C crônica. Métodos: Entre agosto de 2006 a julho de 2007 foram analisados prospectivamente pacientes com anti-HCV e HCV-RNA positivos, que foram submetidos à determinações dos níveis séricos de ferritina, AST e ALT. A seguir, os pacientes foram submetidos à biópsia hepática, com identificação de depósito de ferro, através do método de coloração com Azul da Prússia. Foi realizado análise de risco relativo (RR), teste de Kruskal-Wallis e teste de Mann-Whitney, para comparação de amostras independentes. Para avaliar possíveis correlações, utilizou-se o Teste exato de Fisher, considerando o nível de significância de 0,05 (α = 5%). Resultados: Trinta e seis pacientes foram analisados, média de idade de 52+10 anos com predomínio do sexo masculino (66,7%). A média dos valores de ferritina foi de 383,9+316ng/mL (máximo de 1257ng/mL e mínimo de 10ng/mL). Valores elevados de AST e ALT foram encontrados em 67,6% e 76,5% dos pacientes, respectivamente. À histologia, observamos depósitos hepáticos de ferro em apenas 32% dos pacientes. Ao comparar os níveis séricos de ferritina com a presença de depósito de ferro na biópsia, observou-se um RR de 1.3750. No entanto, com o intervalo de confiança de 95%, o RR variou muito, de 0,6381 a 2,9581, o que torna o resultado e a comparação pouco confiáveis. A correlação entre as duas variáveis foi negativa (p = 0,3245). A comparação entre valores de ferritina com AST e ALT também não mostrou RR confiáveis e a correlação entre ferritina e AST/ALT também não foi significante (p = 0,5467 e p = 0,538, respectivamente). Conclusões: A maioria dos pacientes apresentou níveis aumentados de ferritina sérica, AST e ALT e somente uma minoria deles apresentou depósitos teciduais de ferro. Não encontramos correlação entre graus aumentados de ferritina sérica e presença de depósitos teciduais, bem como não houve correlação entre os níveis séricos de ferritina e as transaminases. A comparação entre variáveis mostrou-se com risco relativo muito variável e pouco confiável. PO-228 (483) ASPECTOS FENOTÍPICOS CELULARES EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA: O PAPEL DAS CÉLULAS NK E NKT BASSETTI-SOARES E, BARBOSA KVBD, TEIXEIRA R, MARTINS FILHO OA Instituto Alga de Gastroenterologia da UFMG; Centro de Pesquisa Rene Rachou. Belo Horizonte (MG) A função da resposta imune na hepatite C não é, ainda, completamente conhecida. Tem-se reconhecido que as células NK são as células imunológicas predominantes no fígado na ausência de infecção e constituem a primeira linha de defesa contra vírus, incluindo a iniciação e regulação da resposta imune adaptativa. Nosso objetivo foi de investigar as características fenotípicas de células NK (CD3- CD16+) e NKT (CD3+ CD16+) em uma coorte prospectiva de pacientes com hepatite C crônica. Subpopulações de linfócitos periféricos foram identificados por citometria de fluxo utilizando-se anticorpos monoclonais contra diferentes epitopos de células NK e NKT em pacientes com hepatite C crônica (n = 32) e seus resultados comparados com controles saudáveis (n = 14). As variáveis quantitativas foram comparadas através do teste Kruskal-Wallis seguidas da comparação dos grupos com o pós-teste de Dunn. A correlação de Pearson foi utilizada para verificar a possibilidade de correlação entre as populações de linfócitos. Diferenças foram consideradas significantes se p = 0,05. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética. Após o estímulo mitogênico, a média percentual de células NK era de 7,954 ± 4,670 nos pacientes e 8,762 ± 6,341 nos controles (p = NS). Apesar do percentual de células NKT não diferir estatisticamente entre os grupos, a média percentual foi duas vezes maior nos pacientes (0,594 ± 0,781) do que nos controles (0,278 ± 0,247). Correlação positiva entre CD8+HLA-DR+ e células NK foi observada no grupo de pacientes (r = 0,4945, p = 0,0055) mas não entre CD8+HLA-DR+ e células NKT. Podemos supor que a não observação, nos pacientes infectados pelo HCV, de uma maior população de células S 67 NK seja um dos possíveis fatores para explicar a evolução dos pacientes para a doença crônica. Nesta pesquisa, tampouco se observou diferença significante entre as populações de células NKT, que usualmente funcionam como ‘ponte’ entre a imunidade inata e a adquirida, a despeito de os portadores de hepatite C terem apresentado uma população média de células NKT duas vezes maior do que a observada no grupo controle, provavelmente devido à amostra pequena de pacientes avaliados. A correlação positiva entre CD8+HLA-DR+ e células NK em pacientes com hepatite C crônica pode estar implicada na lesão hepática associada à persistência da infecção pelo HCV. Maiores estudos estão sendo feitos para clarificar estes resultados preliminares. PO-229 (484) CORRELAÇÃO ENTRE A FREQÜÊNCIA DE LINFÓCITOS T ATIVADOS COM ASPECTOS FENOTÍPICOS DOS LEUCÓCITOS CIRCULANTES EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA COM E SEM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA BASSETTI-SOARES E, BARBOSA KVBD, MARTINS FILHO OA, TEIXEIRA R Instituto alfa de Gastroenterologia da UFMG; Centro de Pesquisa Rene Rachou. Belo Horizonte (MG) A história natural da hepatite C crônica varia de lesões mínimas à cirrose. A infecção pelo HCV permanece freqüente em pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise, com progressão lenta. Fatores virais e do hospedeiro envolvidos na patogênese da doença crônica estão sob investigação. Este estudo teve por objetivo avaliar a resposta imune através da análise da correlação entre a população de linfócitos T de indivíduos com hepatite C crônica. Para a análise, subpopulações leucocitárias foram avaliadas por citometria de fluxo. Três grupos foram incluídos: portadores crônicos do vírus da hepatite C (grupo HCV, n = 32), portadores crônicos do vírus da hepatite C com insuficiência renal crônica em hemodiálise (grupo IRC, n = 9) e controles não infectados (grupo NI, n = 14). No estudo da correlação de Pearson entre as populações de linfócitos T. CD4+HLA-DR+ e as subpopulações de linfócitos circulantes, notou-se correlação negativa em relação aos linfócitos T CD4+CD62L+ no grupo HCV, (r = -0,3795; p = 0,039), fato não observado nos demais grupos. Esse fato sugere que, a despeito da ativação, havia diminuição da adesão dos leucócitos ao endotélio vascular e do recrutamento dos linfócitos T CD4+ para o foco inflamatório, fatores que podem auxiliar na persistência da infecção viral. Na análise de correlação da população de linfócitos T CD8+HLA-DR+, encontramos associação positiva com CD4+HLA-DR+ observada nos grupo IRC (r = 0,6603; p = 0,05) e HCV (r = 0,7221; p < 0,0001). Isso pode significar a ativação dessas populações celulares no curso da infecção crônica pelo HCV. Exclusivamente no grupo HCV observamos as associações positivas entre CD8+HLA-DR+ e CD8+NK (r = 0,4945; p = 0,0055), que pode ser compatível com maior dano tissular nesses indivíduos, e entre CD8+HLA-DR+ e CD8+CD28- (r = 0,6587; p < 0,0001) e negativa entre CD8+HLA-DR+ e CD8+CD62L+ (r = -0,6430; p < 0,0001), sugerindo que, a despeito de estarem ativadas, as células T CD8+ apresentavam anergia e menor adesão celular. Esses achados podem ter implicações na menor resposta terapêutica ao interferon. Um maior número de correlações entre a freqüência de linfócitos T ativados com aspectos fenotípicos dos leucócitos circulantes, observado em indivíduos portadores de hepatite C sem comprometimento renal, poderá contribuir para explicar o maior comprometimento hepático observado nesses pacientes, quando comparados àqueles portadores de hepatite C e insuficiência renal crônica em hemodiálise. PO-230 (489) HEPATITE C NO IDOSO: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E HISTOLÓGICOS PINHEIRO-ZAROS IM, NARCISO-SHIAVON JL, LEMOS LVB, BARBOSA DV, LANZONI VP, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina (UNIFESP) Fundamentos: O comportamento da hepatite C em idosos é pouco conhecido. Baseado nas peculiaridades da faixa etária, alguns aspectos devem ser considerados: presença de co-morbidades, tempo de infecção e necessidade de tratamento antiviral. Além disso, a maioria dos ensaios clínicos terapêuticos exclui idosos. Objetivo: Analisar as características epidemiológicas, clínicas e histológicas da infecção pelo HCV em idosos. Métodos: Foram incluídos portadores de infecção crônica pelo HCV atendidos no Ambulatório de Hepatites com idade acima de 60 anos, caracterizados pela presença no soro de HCV-RNA por PCR qualitativo. Excluíram-se aqueles HBsAg e/ou anti-HIV positivo, e portadores de outras hepatopatias. As variáveis analisadas foram: gênero, idade, tempo estimado de infecção, presença de comorbidades (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, hipotireoidismo), história de descompensação hepática prévia (ascite e/ou encefalopatia e/ou hemorragia digestiva alta por ruptura de varizes esofagogástricas), antecedentes parenterais para aquisição da infecção (transfusão de hemoderivados ou uso ilícito de drogas IV) e resultados da biópsia hepática ((estadiamento (E) e atividades periportal (APP) e parenquimatosa (AP)). Resultados: Foram avaliados 228 pacientes, 64,9% mulheres. A média de idade foi 65,72 +/- 4,99 anos. Dentre as comorbidades, 55,9% eram hipertensos; 20,7% tinham diabetes mellitus; e 10,6% hipotireoidismo. 14,5% dos pacientes já haviam apresentado algum tipo de descompensação hepática. Antece- S 68 dente transfusional foi encontrado em 63% dos pacientes, enquanto fibrose avançada (E = 3) em 36,9%. Conclusões: Diferentemente do encontrado na maioria dos estudos, observou-se predomínio do gênero feminino entre os idosos com hepatite C. Transfusão de hemoderivados pré-1992 foi o fator de risco mais importante para aquisição da doença. A presença de comorbidades e de hepatopatia avançada foi freqüente nessa população. Esses dois últimos achados sugerem que o manejo destes pacientes seja bastante difícil, principalmente quando houver indicação de tratamento. PO-231 (490) EXPRESSÃO DE MOLÉCULAS DE ADESÃO (CD18 E CD62L) EM CÉLULAS DA IMUNIDADE INATA E ADAPTATIVA EM PACIENTES CRONICAMENTE INFECTADOS PELO HCV BASSETTI-SOARES E, BARBOSA KVBD, MARTINS FILHO OA, TEIXEIRA R Instituto alfa de Gastroenterologia da UFMG; Centro de Pesquisa Rene Rachou. Belo Horizonte (MG) O processo inflamatório na hepatite C crônica envolve mecanismos imunológicos, como a adesão de linfócitos ao endotélio vascular hepático, o extravasamento celular ou diapedese e a adesão celular aos hepatócitos. Estudos têm demonstrado que o processo de migração celular para o foco inflamatório envolve uma série de interações celulares mediada, em parte, por moléculas de adesão, como as L-selectinas, importantes no recrutamento celular para o foco inflamatório. Os estudos do papel da expressão diferencial de moléculas de adesão em populações celulares com potencial de migração para o foco inflamatório no compartimento hepático ainda são escassos. Para a análise, subpopulações leucocitárias foram avaliadas por citometria de fluxo. Três grupos foram incluídos: portadores crônicos do vírus da hepatite C (grupo HCV, n = 32), portadores crônicos do vírus da hepatite C com insuficiência renal crônica em hemodiálise (grupo IRC, n = 9) e controles não infectados (grupo NI, n = 14). Na investigação da expressão de moléculas de adesão (CD18 e CD62L) em células da imunidade inata, notamos que a expressão de CD18 em eosinófilos, monócitos e em neutrófilos nos grupos HCV e IRC foi menor do que a observada no grupo controle, assim como a de neutrófilos CD62L. Não houve diferenças na expressão do CD62L em populações de eosinófilos. No grupo IRC, a fração de monócitos CD62L foi inferior à do grupo controle, mas não diferiu do grupo HCV, que, por sua vez, não apresentou diferença em relação ao grupo controle. O grupo IRC teve menor expressão do marcador de ativação de monócitos (CD38+) e da Lselectina. Esse fato sugere que a migração dessas células para o foco inflamatório pode não ser contínua, o que ocorre, possivelmente, pelo clareamento viral durante o processo de hemodiálise. Essas moléculas também foram estudadas em populações de linfócitos T CD4+ e CD8+, com diferenças significantes entre as intensidades de fluorescência de CD18, sendo menores nos pacientes infectados comparados aos controles negativos, mas não nas populações de linfócitos com marcador CD62L. Pacientes com hepatite C crônica, independentemente do comprometimento renal, apresentam menor expressão de CD62L em neutrófilos quando comparados aos controles não infectados. A menor expressão de CD18 por células da imunidade inata e adaptativa sugere a possível migração de células CD18+ para focos inflamatórios teciduais. PO-232 (492) TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA – RELATO DA EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL DA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ MIRANDA ECBM, RIBEIRO AR, SOUZA NO, MOIA LJMP, AMARAL ISA, DEMACHKI S, BARBOSA MSB, SOARES MCP, ARAÚJO MT, NUNES HM Fundação Hospital Santa Casa de Misericórdia do Pará, Universidade Federal do Pará, Universidade do Estado do Pará e Instituto E Fundamentos: A hepatite C é atualmente considerada como um dos principais problemas de saúde pública do mundo, com grandes possibilidades de se tornar pandemia do milênio. No Pará, o Hospital Santa Casa de Misericórdia (HSCMPA) é um centro de referência para o tratamento do vírus. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é descrever o perfil clínico epidemiológico dos pacientes infectados com o vírus C, além de descrever os percentuais de resposta terapêutica e avaliar possíveis fatores preditivos de resposta. Método: Foram avaliados 293 pacientes portadores de hepatite C crônica, referenciados para tratamento no HSCMPA a partir de janeiro de 2002 a julho de 2006. Os esquemas terapêuticos analisados foram interferon alfa 2a 3MU e interferon peguilado 180mg, ambos associado à ribavirina. Resultados e conclusões: Observou-se predominância do sexo masculino (69,63%), média de idade de 50,3 anos, e a maioria dos pacientes era procedente de Belém (84%), com diagnóstico clínico de hepatite crônica (77,48%). O genótipo 1 (73,5%) foi o mais prevalente. Fatores de risco mais importantes foram: cirurgias (30%) e transfusões (23%). Transmissão esporádica foi relatada em (24,5%) dos casos. As taxas de RVS no grupo interferon peguilado foi de 51,9% e para o interferon convencional de 41,3%. Os fatores preditivos de resposta terapêutica com significância estatística foram carga viral antes do tratamento, níveis de GGT e etilismo. Conclui-se que os dados encontrados são semelhantes com a maioria dos estudos. Contudo, são necessários estudos controlados e mais abrangentes. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-233 (496) RELAÇÃO ENTRE SOBRECARGA DE FERRO HEPÁTICO EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA E RESPOSTA AO TRATAMENTO COM INTERFERON + RIBAVIRINA PO-235 (498) ASSOCIAÇÃO VHC E LINFOMA NÃO HODGKIN: RELATO DE TRÊS CASOS OLIVEIRA CC, MACEDO RS, OLIVEIRA A, MELLO V, CODES L, SANTANA A, SCHINONI MI, PARANÁ R VILLELA EL*, SOUZA FG*, TAKEUTI C*, MAZO DFC*, FARIAS AQ*, DEGUTI MM*, PEREIRA J**, BEITLER B**, CANÇADO ELR*, CARRILHO FJ* Universidade Federal da Bahia - Faculdade de Medicina da Bahia Departamento de Gastroenterologia* e Hematologia** da FMUSP - São Paulo Introdução: A infecção crônica pelo vírus da hepatite C é freqüentemente associada ao aumento dos níveis séricos de ferro e de marcadores do seu armazenamento no fígado. Ainda não está claro se o acúmulo de ferro hepático interfere na resposta terapêutica com Interferon e Ribavirina, mas alguns autores já o consideram como fator de piora na resposta ao tratamento. Objetivo: Avaliar a associação entre presença de acúmulo de ferro hepático e resposta sustentada ao tratamento com Interferon e Ribavirina. Materiais e métodos: Estudo comparativo, retrospectivo com base em uma série de casos de pacientes portadores de hepatite C crônica a partir da detecção de HCV-RNA e da sorologia positiva anti-HCV, que foram divididos por presença ou ausência de sobrecarga de ferro hepático na biópsia. Critérios de exclusão: não possuir co-infecção, ou ter feito tratamento por outro protocolo há menos de 12 meses. Dividiu-se então os indivíduos em 2 grupos, os respondedores à terapia com Interferon e Ribavirina e aqueles não respondedores. Só foram analisados pacientes portadores de vírus do genótipo 1. Realizou-se teste do X-quadrado, adotando um nível de significância de 5%. Resultados: Dentre os pacientes com presença de acúmulo de ferro hepático, 19,3% não responderam ao tratamento enquanto que 3,5% responderam. Ao analisarmos se havia relação entre essas variáveis, observou-se que não havia diferença estatística entre elas (p = 0,816). Foram analisadas outras variáveis, não sendo encontrada associação entre acúmulo de ferro e sexo (p = 0,382), porém sendo encontrada entre resposta ao tratamento e sexo (p = 0,04). Conclusão: Não foi encontrada associação entre ferro hepático e resposta ao tratamento, porém novos estudos nesse caminho devem ser realizados para que tal relação seja melhor discutida. Trabalhos já consideram os depósitos de ferro hepático como fator preditivo de pior resposta ao tratamento com monoterapia com interferon, ressaltado a importância da utilização de flebotomia e redução de ferro na dieta como adjuvantes na terapia daqueles que não conseguem manter uma resposta sustentada. Entretanto pouco se sabe se o acúmulo de ferro também tem impacto no desenvolvimento de uma resposta a terapia combinada de interferon e ribavirina. Introdução: A hepatite crônica pelo vírus da hepatite C (HC-VHC) pode associar-se a doenças linfoproliferativas, como o linfoma não-Hodgkin (LNH). Os mecanismos fisiopatológicos envolveriam a expansão clonal de células B e a expressão de oncogenes. Apresentamos três casos diagnosticados com HC-VHC e LNH, matriculados no Serviço de Gastroenterologia desta instituição, no período entre janeiro de 2001 e julho de 2007. Relato dos casos: Caso 1: Mulher, 53 anos, ex-etilista e portadora de HC-VHC, foi tratada em 1996 com interferon alfa (monoterapia) por 6 meses, sem resposta. Em 2000, apresentou linfadenomegalia periférica e mediastinal, cuja biópsia revelou tratar-se de LNH linfoplasmocítico. Submetida a novo esquema antiviral, com interferon e ribavirina por 48 semanas, com resposta bioquímica e virológica sustentadas, sem quimioterapia. Houve remissão tumoral segundo critérios clínicos, laboratoriais e pela tomografia computadorizada de tórax e abdômen. No quinto ano de seguimento, contudo, constatou-se recidiva tumoral, embora a resposta viral se mantivesse sustentada. Caso 2: Mulher, 73 anos, com prurido generalizado teve o diagnóstico de HC-VHC em abril de 2006. Evoluiu com anemia hemolítica auto-imune. Durante investigação clínica, constatou-se LNH de células do manto. A opção terapêutica inicial foi pela quimioterapia, sem antivirais. Atualmente paciente encontra-se no oitavo ciclo de clorambucil sem evidência de linfoma na biópsia de medula óssea. Caso 3: Homem, 38 anos, com quadro de dor abdominal e emagrecimento. Diagnosticado HC-VHC e nódulos hepáticos, cuja biópsia, com análise imuno-histoquímica, revelou LHN difuso de grandes células B. Atualmente, o paciente encontra-se em quimioterapia. O tratamento antiviral não foi viável diante das condições clínicas desfavoráveis. Discussão: Os três tipos histológicos distintos de LNH aqui descritos são, de fato, associados ao VHC, segundo inúmeros estudos clínicos de coorte e caso-controle. O LNH linfoplasmocítico (caso 1) é considerado indolente, e a tentativa de tratamento antiviral sem quimioterapia teve resultados de curto prazo favoráveis; já os outros dois tipos histológicos são considerados agressivos, e foram tratados com esquema quimioterápico específico. Conclusão: Apesar de incomum, clínicos hepatologistas devem considerar a possibilidade de linfoma diante de portadores de HC-VHC que se apresentam com alterações hematológicas, adenomegalia, dor abdominal e síndrome consumptiva. PO-234 (497) ASSOCIAÇÃO ENTRE FERRO HEPÁTICO E GRAU DE FIBROSE EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA PO-236 (502) MACEDO RS, OLIVEIRA CC, OLIVEIRA A, MELLO V, CODES L, FREITAS D, PARANÁ R, SCHINONI MI CO-INFECÇÃO HIV E VÍRUS DA HABITE C: FATORES DE RISCO Universidade de Medicina da Bahia - Faculdade de Medicina da Bahia e Instituto de Ciências de Saúde RODRIGUES JC, BANDEIRA AP, VIEIRA LN, KARINE R, GOMES KN, GUIMARÃES APR Introdução: O aumento da concentração de ferro hepático tem sido sugerido como importante fator de progressão de fibrose, porém os estudos sobre o tema ainda são inconclusivos. Objetivo: Analisar a associação entre sobrecarga de ferro hepático com o grau de fibrose. Materiais e métodos: Estudo com base numa série de casos coletados retrospectivamente, diagnosticados como portadores de hepatite C crônica a partir da presença de HCV-RNA e da sorologia positiva anti-HCV, totalizando 50 pacientes com biópsia hepática mostrando presença ou ausência de sobrecarga de ferro. Critérios de exclusão: co-infecções e causas secundárias de sobrecarga de ferro como ingestão alcoólica maior ou igual a 40g/dia ou passado de tratamento com ribavirina nos últimos 12 meses. Dividiu-se os pacientes em 2 grupos, os que possuíam fibrose leve (Metavir 1/2) e aqueles com fibrose intensa (Metavir 3/4). Foi utilizado o X-quadrado e adotado um nível de significância de 5%. Resultados: A partir da análise dos índices de sobrecarga de ferro hepático com o grau de fibrose foi constatado que, dentre os pacientes que apresentavam graus elevados de fibrose, 18% não apresentavam acúmulo de ferro hepático enquanto que 34% o apresentavam. Demonstrou-se relevância estatística (p = 0,049) quando pesquisada associação entre sobrecarga de ferro hepático e níveis de fibrose. Ao avaliarmos a relação entre acúmulo de ferro hepático e o sexo não foi encontrada relevância (p = 0,614), bem como quando analisada sua relação com o genótipo viral (1 ou 3), encontrando um p = 0,067. O mesmo ocorreu quando analisado grau de fibrose e genótipo (p = 0,067) e grau de fibrose e sexo (p = 0,138). Conclusão: Ao contrário do que já havia sido encontrado em outros estudos, foi encontrada associação entre sobrecarga de ferro hepático e grau de fibrose. Não foi encontrada associação entre sexo e genótipo viral com acúmulo de ferro, como foi relatado em alguns trabalhos anteriores. Também não foi encontrada associação entre grau de fibrose e genótipo nem com o sexo, demonstrando que não houve interferência dessas variáveis nas análises anteriores. Esses resultados podem ajudar a entender a evolução da fibrinogênese hepática causada pelo vírus da hepatite C, porém há necessidade de novos estudos com séries maiores. Universidade Federal do Pará (Belém-Pará) Fundamentos: No Brasil, 600.000 mil indivíduos estão infectados pelo HIV e a soroprevalência de hepatite C, é estimada em 2,6% (4,6 milhões de indivíduos). O Objetivo do estudo é avaliar os fatores de risco para a infecção pelo HCV em pacientes infectados pelo vírus HIV. Métodos: O estudo é epidemiológico do tipo caso controle, realizado com 11 pacientes (casos) co-infectados pelo vírus HIV e vírus da hepatite C e 182 (controle) infectados somente pelo vírus HIV em acompanhamento na Unidade de Referência para Doenças Infecciosas e Parasitárias (URE-DIP), na cidade de Belém, Pa. Foi aplicado questionário específico, contendo a identificação do paciente e fatores de risco para aquisição do vírus da hepatite C e, em seguida, coletou-se amostra de sangue destinada à pesquisa de marcadores da infecção pelo VHC (anti-HCV e HVC RNA viral). O anti-HCV foi realizado através de teste imunoenzimático e a pesquisa do VHC RNA, pela reação de polimerase em cadeia. Utilizou-se teste do qui-quadrado ou exato de Fisher quando necessário. A análise estatística foi feita no programa BioEstat para Windows, versão 4.0. Resultados: A co-infecção está associada com história pregressa de DSTs (OR = 5,29; IC 95%: 0,66-42,30) e com o contato prévio com pacientes portadores de algum tipo de hepatite viral (OR = 2,13; IC 95%: 0,26-17,26). Conclusão: Em pacientes infectados pelo vírus HIV, a história pregressa de DSTs constituiu-se em fator de risco independente para a infecção pelo HCV, demonstrando a importância da transmissão sexual do vírus da hepatite C. Além disso, o contato com outros pacientes com algum tipo de hepatite viral revelou-se com preditor importante de risco para a infecção pelo HCV em pacientes com HIV. PO-237 (503) PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM MARCADORES SOROLÓGICOS POSITIVOS PARA HEPATITE C DIAGNOSTICADOS NA CAMPANHA “PROCURA C”/SESPA – BELÉM - PARÁ SANTOS LCL, TODA KS, SANTOS KAS, POLARO EN, JUNIOR JRA, SILVA LD, GUIMARÃES APR, LOPES RAM Universidade Federal do Pará (Belém-Pará) Fundamentos: A hepatite C constitui, na atualidade, um dos mais graves problemas de saúde pública. A aquisição da infecção se dá, predominantemente, por transmissão parenteral, incluindo transfusão de sangue, cirurgia(s), acupuntura e outros. Métodos: Foram analisados pacientes com positividade para o anti-HCV através do GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 S 69 teste rápido Bioeasy, na campanha “Procura C” desenvolvida na secretaria do Estado do Pará (Sespa), para identificar portadores do vírus da hepatite C, via Coordenação Estadual de Hepatites Virais e Dst/Aids, nos dia 11 e 12 de junho de 2007, no shopping da cidade. Os pacientes foram analisados quanto à presença/ausência de fatores de risco para a contaminação com o VHC, de acordo com o sexo. Consideraram-se como fatores de risco, história prévia e/ou atual de: hemofilia, transfusão antes de 1992, cirurgia(s), hemodiálise, piercing/tatuagem e acupuntura. Para a análise estatística, utilizou-se o teste do qui-quidrado ( 2). Resultados: Foram estudados 476 pacientes com idade média de 37 ± 15 anos, sendo 37,2% do sexo masculino e 62,8% do sexo feminino. Houve maior freqüência dos fatores de risco: cirurgia(s) (36,4%), piercing/tatuagem (23,0%), acupuntura (14,0%), transfusão (4,5%) e hemodiálise (2,3%), não havendo registro de pacientes com hemofilia. O sexo feminino apresentou: cirurgia(s) (61,5%), piercing/tatuagem (13,0%), acupuntura (7,7%), transfusão (6,7%) e hemofilia (0,7%), não havendo registro de pacientes submetidos à hemodiálise. Houve associação estatística entre sexo feminino e realização de cirurgia(s) (p = 0,001) e hemodiálise (p = 0,025), não existindo tal associação entre os sexos e demais fatores de risco. Conclusões: Houve associação estatística entre sexo feminino e os fatores de risco cirurgia(s) e hemodiálise. O sexo masculino está quantitativamente mais exposto aos fatores de risco e dentre estes a realização de cirurgia(s), piercing/tatuagem e acupuntura foram os mais prevalentes neste estudo. PO-238 (506) ESTIMATIVA DA PREVALÊNCIA DE HEPATITE C NA POPULAÇÃO ADSCRITA NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DA LAPA - RIO DE JANEIRO exposição sexual. O uso de tecnologias genéticas avançadas foi possível a caracterização do vírus da hepatite C por Choo e colaboradores em 1989. Estudos epidemiológicos mostraram que o modo de transmissão mais importante é o parenteral, por transmissão de produtos derivados do sangue por abuso de drogas endovenosas, acidentes biológicos, hemodiálise e transplante de órgão. Métodos: de março de 2004 a julho de 2007, espôsas de 128 pacientes com HCV crônica associada a doença hepática foram testadas para a infecção pelo HCV no ambulatório de doenças do fígado do Hospital Alcides Carneiro, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil. A doença hepática associada com o vírus C foi definida como elevação das enzimas hepáticas há mais de seis meses e uma reação positiva para o vírus da hepatite C por testes de segunda geração. Em um caso, a etiologia era desconhecida. Em todos os outros a exposição parenteral foi considerada a fonte de infecção. Os casais completaram um questionário relatando a ocorrência de hepatite não-A, não-B ou outras doenças hepáticas, uso de drogas ilícitas, tatuagens, piercing, duração do casamento, atividade sexual, tais como uso de camisinha, relações extraconjugais, partilhamento de objetos de uso pessoal tais como, escova de dente ou lâmina de barbear. As amostras do soro foram coletadas e testadas para o AntiHCV (laboratório Abbott). HCVRNA foi detectado pela técnica de PCR (Amplicor, Roche Diagnostics Systems). Um casal testado e positivo para o antiHCV foi negativo para o HCVRNA em diversas testagens. Eles apresentavam níveis de transaminases normais e não apresentavam sinais clínicos nem laboratoriais de doença hepática. Conclusão: A transmissão do HCV é possível mas infreqüente em casais monogâmicos com viremia HCV e doença hepática crônica. PO-240 (515) MELO LOR1,2,4, NAZAR AN1,2, SANTOS RC3, PITTELLA AM1,3, MATOS HJ2,4 IMPACTO DOS NÍVEIS SÉRICOS DE LINFÓCITOS T CD4 SOBRE O GRAU DE INFLAMAÇÃO E FIBROSE HEPÁTICA EM CO-INFECTADOS HCV-HIV Universidade do Grande Rio (1), Universidade Estácio de Sá (2), Hospital Quinta D’Or (3), Universidade do Estado do Rio de Janeiro REZENDE REF, PIMENTA ATM, SECAF M, RAMALHO LNZ, ZUCOLOTO S, FERREIRA RM, PASQUALIM M, GRIMM LCA, SILVA AAC, SANTA MLSS As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no mundo e no Brasil. Segundo estimativas, bilhões de pessoas já tiveram contato com vírus das hepatites e milhões são portadores crônicos. O vírus da hepatite C (VHC) é a maior causa de doença hepática crônica mundial, com altas taxas de mortalidade e morbidade. Pelas estimativas da OMS, calcula-se que cerca de 3% da população mundial esteja infectada pelo VHC, perfazendo um total superior a 170 milhões de pessoas. O objetivo principal do estudo foi estimar a prevalência da infecção pelo VHC e, além disso, foi estudada a distribuição das infecções pelo vírus da hepatite A e vírus da hepatite B, na população adscrita no PSF-Lapa. O estudo foi um inquérito epidemiológico transversal. Foi feita uma amostra sistemática de todos os pacientes que foram até o PSF-Lapa para realizarem coleta de sangue habitual, sendo aplicados 142 questionários e coletados 142 exames, no período de agosto de 2006 a dezembro de 2006. As variáveis estudadas foram: idade, sexo, raça, grau de escolaridade, vacinação contra hepatite A e B, saneamento básico e marcadores sorológicos para hepatite A, B e C. Deste total de pacientes, tivemos 60 amostras perdidas e obtivemos resultados de 82. Com relação à hepatite A, houve 0% de anti-HAVIgM reagentes e 70 pacientes (92,8%) com anti-HAVIgG reagentes. Nos exames realizados para hepatite B, houve positividade para o anti-HBS em 25 pacientes (32,5%), 13 casos de anti-HBc total reagentes (15,8%) e nenhum caso do marcador HBsAg, anti-HBcIgM e HBeAg reagentes. O anti-HBe foi reagente em 33,3% dos casos. Observamos que 2 pacientes (2,9%) apresentaram anti-HCV reagente. O tema hepatites virais no contexto do PSF é bastante relevante, pois, o PSF com práticas voltadas para ações de promoção à saúde e prevenção, além da responsabilidade sanitária, permite uma maior aproximação com as atividades de vigilância epidemiológica. A vigilância epidemiológica das hepatites virais tem como objetivos conhecer a amplitude, a tendência e a distribuição por faixa etária e áreas geográficas destas infecções, além da notificação, investigação e encaminhamento dos casos para tratamento adequado. Ambulatório de Hepatites- NGA 59, Secretária Municipal de Saúde de Ribeirão Preto (SMS-RP) - Ribeirão Preto - SP PO-239 (509) Fundamentos: Vários estudos demonstram a influência negativa da infecção pelo HIV sobre o curso clínico da hepatite C. Entretanto, dados sobre o impacto da imunidade na determinação da lesão hepática, em co-infectados HCV/HIV, ainda é pouco conhecido. Objetivo: Investigar a relação entre níveis séricos de linfócitos T CD4 e graus de inflamação e fibrose hepática em co-infectados HIV-HCV. Casuística e métodos: Avaliou-se 40 pacientes co-infectados HCV/HIV. Foram excluídos co-infectados com hepatite B. Realizou-se coleta de dados demográficos, genotipagem do vírus da hepatite C (Inno-Lipa II), PCR-RNA-HCV quantitativo (b-DNA-Bayer), contagem de CD4 (citometria de fluxo), quantificação da carga viral do HIV (bDNA- Bayer) e histologia hepática (Knodell et al., 1981 modificada por desmet et al., 1994). Para análise comparativa, os pacientes foram agrupados de acordo com a contagem de CD4: grupo 1 (CD4 > 500 cél/mm3) e grupo 2 (CD4 < 500 cél/mm3). Utilizou-se teste de fisher na análise estatística. Resultados: Trinta e três (82,5%) eram do sexo masculino, média de idade 38,9 (variação 20 a 54 anos). Identificouse 28/34 (82,2%) casos de genótipo 1, 4/34 (11,8%) de genótipo 3a, 1/34 (3%) de genótipo 2 a/2c e 1/34 (3%) indeterminado. A carga viral do HCV (média) foi de 1.065.833UI/ml. A média da contagem de CD4 foi de 536 (variação 189 a 985) e a mediana da carga viral do HIV de 50 cópias/ml. Não observou-se diferenças estatísticas entre graus de inflamação e de fibrose do grupo 1 [inflamação moderada/ grave em 6/17 (35,3%) e fibrose moderada/grave 8/17 (47%)] em relação ao grupo 2 [inflamação moderada/grave em 13/23(56,5%) e fibrose moderada/grave 14/ 23 (60,8%)] (p = ns). Houve dois casos de cirrose, child A, distribuído de forma uniforme no grupo 1 e 2. Conclusão: A contagem sérica de linfócitos T - CD4 não parece ser um fator determinante para a gravidade da lesão hepática em co-infectados HIV/HCV. PO-241 (516) ESTUDO DESCRITIVO DO RETRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C EM PARCEIROS HETEROSSEXUAIS GUERRA JR AH, VOLPATTO AL, BEDIN EP, SILVA EC, NASSER F, PEREIRA PSF, CORDEIRO JA, MEDEIROS GHA, BRAZ MM, SILVA RCMA D'ALBUQUERQUE E Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - SP CASTRO FR, GINUINO C, SILVA LDA, DO Ó KMR Hospital Alcides Carneiro, Petrópolis, RJ, Departamento de Virologia, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, Brasil A importância da transmissão sexual na epidemiologia do vírus da Hepatite C é controversa. Para avaliar o risco de transmissão heterossexual do vírus da hepatite C (HCV) nós examinamos 128 pacientes com Hepatite C, associada a doença hepática e suas espôsas em uma amostra clínica e sorológica em um estudo coorte. Amostras do sôro dos pacientes e de suas espôsas foram testadas para o anticorpo AntiHCV e HCVRNA. Nos casais positivos para ambos os exames foi realizado a genotipagem. Um questionário foi realizado com os casais levando em conta os fatores de risco para a infecção pelo HCV, comportamento sexual e duração dos relacionamentos. Os anticorpos AntiHCV foram detectados em 4 casais, dos quais três foram positivos para o HCVRNA. A genotipagem do HCV revelou concordância em um casal (genótipo 1), indicando o risco de transmissão entre casais. Nós acreditamos que o risco de transmissão do HCV entre casais monogâmicos não depende da duração da S 70 Fundamentos: Grande parte dos pacientes tratados para hepatite C crônica com interferon convencional (IFN) isolado ou associado à ribavirina (RBV) não respondem à terapia. O retratamento com terapia combinada (IFN ou IFN Peguilado+Ribavirina) é a melhor opção até o momento para estes pacientes. O objetivo deste trabalho foi descrever as características clínico-epidemiológicas e resposta ao retratamento de pacientes não respondedores ou recidivantes à terapia anterior para hepatite C crônica em nosso serviço. Métodos: Foram estudados retrospectivamente pacientes que foram submetidos a retratamento para o VHC até junho/2007. Resultados: Foram avaliados 43 pacientes (74,5% do sexo masculino) com idade média de 48 ± 10 anos. A genotipagem estava disponível em 98% (42/43), sendo o tipo 1 o mais prevalente (76%). A biópsia hepática estava disponível em 93% (40/43) dos pacientes. Fibrose ausente ou leve (0 a 2) foi encontrada em 60% (24/40) e avançada (3 a 4) em 40% (SBP/SBH). Não-respondedores e recidivantes ao tratamento anterior (dados disponíveis em 27 casos), GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 eram 81,5% (22) e 18,5% (5), respectivamente. O retratamento foi realizado com IFN+RBV em 12 (28%) e com PegIFN+RBV em 31 pacientes (72%). A análise de resposta virológica sustentada (RVS) estava disponível em 39/43 pacientes. RVS global foi 31% (12/39). Destes, 10 haviam sido retratados com PegIFN+RBV. Conclusão: Aproximadamente um terço dos pacientes retratados obtiveram RVS. Ainda que estes resultados possam ser considerados bons para este grupo de pacientes, eles reforçam a necessidade de novas drogas na abordagem de hepatite C crônica. PO-242 (518) FATORES PREDITIVOS DE RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA EM PACIENTES NAIVE COM HEPATITE C CRÔNICA, TRATADOS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO NOROESTE DE SÃO PAULO GUERRA JR AH, VOLPATTO AL, BEDIN EP, SILVA EC, NASSER F, PEREIRA PSF, CORDEIRO JA, MEDEIROS GHA, BRAZ MM, SILVA RCMA Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - SP Fundamentos: Grandes avanços ocorreram desde a aprovação da monoterapia com interferon convencional para o tratamento do vírus da hepatite C (VHC) em 1997, mas é ainda maior a expectativa para a chegada de novas drogas, que possam aumentar a chance de resposta virológica sustentada (RVS) e com menos efeitos adversos. O objetivo deste trabalho foi analisar variáveis associadas com RVS ao tratamento hepatite C crônica em ambulatório de referência da região noroeste do estado de São Paulo. Métodos: Foram estudados retrospectivamente pacientes que concluíram o tratamento para o VHC até junho/2007. Resultados: Foram avaliados 149 pacientes (56% sexo masculino), com idade média de 45,6 ± 10,5 anos. A genotipagem estava disponível em 93% (138/149), sendo o tipo 1, o mais prevalente (68%). A biópsia hepática estava disponível em 83% dos pacientes (124/149). Fibrose ausente ou leve (0 a 2) foi encontrada em 67% (83/124) e avançada (3 a 4) em um terço (SBP/SBH). Cinco pacientes não foram biopsiados por sinais indiretos de cirrose hepática. O sexo masculino correspondeu a 71,7% dos indivíduos com fibrose avançada (p = 0,026). O tratamento foi feito com interferon convencional (IFN) como monoterapia em 17,5%, associado à ribavirina (RBV) em 45%, ou com IFN peguilado (PegIFN), associado à RBV em 37,5%. A resposta ao tratamento pôde ser avaliada em 89% (133/149), dos quais 41,5% (55/133) tiveram RVS. O sexo masculino (p = 0,011), o grau avançado de fibrose (p = 0,011), o tipo de tratamento (p = 0,031) e o genótipo 1 (p = 0,023) foram preditores negativos de RVS. Na análise multivariada, o genótipo e o tipo de tratamento persistiram como preditores negativos. Conclusão: A RVS global foi de 41% e sofreu influência de variáveis modificáveis ou não como sexo, grau de fibrose, genótipo e medicação utilizada. Genótipo não-1 e terapia com PegIFN associado à RBV foram preditores positivos de resposta sustentada. PO-243 (527) PERFIL EPIDEMIOLÓGICO, LABORATORIAL E CLÍNICO DE PACIENTES COM BAIXA REATIVIDADE DE ANTICORPOS ANTI-HCV em somente duas amostras. Níveis de ALT dentro do limite da normalidade prevaleceram em 98% dos pacientes. Não foram identificadas ao exame físico alterações compatíveis com doença hepática avançada. Concluímos que, resultados fracamente reagentes estariam menos associados à infecção ativa pelo HCV, mesmo naqueles em situação de risco, nesta população, estes achados poderiam ser interpretados como exposição prévia ao HCV com queda gradual de anticorpos e resolução da infecção. PO-244 (528) INFECÇÃO AGUDA PELO VÍRUS DA HEPATITE C: PERFIL HISTOLÓGICO – DADOS PRELIMINARES SILVA-SOUZA AL, LEWIS L, PEREIRA JL, COELHO HS, YOSHIDA CFT Fiocruz No Brasil, o Ministério da Saúde estima que cerca de quatro milhões de brasileiros apresentem infecção pelo VHC. Um dos fatores marcantes da infecção pelo VHC consiste no curso progressivo da doença para forma crônica (50%-80%), com menos de 20% dos pacientes apresentando os sintomas clássicos de hepatite aguda, daí a grande dificuldade do diagnóstico nesta fase. Objetivos: Descrever os achados histológicos nos indivíduos admitidos com quadro de infecção aguda pelo HCV e submetidos a biópsia hepática. Material e métodos: O Grupo de Atendimento para diagnóstico das Hepatites Virais, do Laboratório Nacional de Referência em Hepatites Virais (LRNHV), IOC - FIOCRUZ, Rio de Janeiro; durante o período de 2001 até 2007 avaliou 54 indivíduos com potencial quadro para infecção aguda pelo HCV. O clareamento espontâneo foi observado em 30, evolução para cronicidade em 18 e seis apresentam status indefinido por estarem em seguimento por periodo inferior a quatro meses. Neste periodo, quinze indivíduos foram submetidos a biópsia hepática per cutânea, em dois centros de referência para o tratamento da hepatite C, com fim de indicação de tratamento. Dentre estes a idade variou de 28 a 62 anos (média de 45 anos), o gênero feminino (60%) predominou, assim como o genótipo tipo 1 (73%). O intervalo entre o surgimento de icterícia e a realização de bx hepática apresentou média de 13 meses (mínimo 2/máximo 29); quatro indivíduos foram biopsiados em vigência do quadro agudo. Complicações relacionadas ao procedimento não foram identificadas. Representatividade da amostra caracterizada pelo numero de espaços-porta e tamanho do fragmento foi considerada adequada em 70% dos casos. Atividade inflamatória leve a moderada com baixo grau de fibrose foram os principais achados. No entanto, em três indivíduos havia evidência de estádio mais avançado de fibrose. Conclusão: Em vigência de infecção aguda ou “crônica precoce” não há evidência de graus avançados de fibrose hepática. Diferenças na escolha do sistema de estadiamento e na variação interobservador prejudicam comparações. PO-245 (529) – PRÊMIO TOMAZ FIGUEIREDO MENDES PO-246 (550) SILVA-SOUZA AL, LEWIS L, OLIVEIRA JM, PEREZ A, YOSHIDA CFT DETECÇÃO DE ALTERAÇÕES METABÓLICAS EM PACIENTES COM SOROLOGIA POSITIVA PARA O VÍRUS DA HEPATITE C Fiocruz FRANCISCHELLI CT, OLIVEIRA NETO LA, SILVA FAP, BARBOSA WF, RUIVO GF A detecção de anticorpos contra o vírus da hepatite C (anti-HCV) por ensaio imunoenzimático - Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA) constitui o método mais utilizado para o diagnóstico da infecção pelo HCV. Embora o teste de ELISA forneça o valor de absorbância em uma escala contínua e, proporcional à quantidade de anticorpos [expressos em função da razão da densidade óptica (DO) sobre o limite do cut-off (DO/CO)] o resultado, em geral, é reportado simplesmente como reagente (acima do valor de cut-off) ou não reagente (abaixo do valor de cut-off). Muitos indivíduos com baixa reatividade de anticorpos cursam com níveis indetectáveis de HCV-RNA no soro; este perfil é, notadamente, encontrado em populações de baixo risco (doadores de sangue) ou infecção passada com queda nos títulos de anticorpos. Para avaliar os perfis epidemiológicos, laboratoriais e clínicos de indivíduos com resultado de anti-HCV fracamente reagente e, com presença de fatores de risco potenciais que justifiquem exposição prévia ao HCV, um estudo foi realizado. O Laboratório de Referência Nacional em Hepatites Virais/FIOCRUZ no período de janeiro de 2001 a outubro de 2004 realizou 4036 testes para pesquisa de anti-HCV pela técnica de ELISA; 197 amostras (5%) apresentaram baixos valores de DO/CO entre 1,0 e 2,9. Sessenta e um pacientes foram convocados para realização de entrevista, coleta de sangue e exame físico. Trinta e sete pacientes (60%) eram do sexo feminino, a média de idade foi de 47 anos. Os pacientes foram triados quanto à presença de anti-HCV por meio de dois testes imunoenzimáticos comerciais (Bioelisaä HCV, terceira geração & Hepanostikaä HCV Ultra) dos quais 46 (75%) foram reagentes pelos dois testes, 12 (20%) não reagentes e 3 (5%) discrepantes. Todas as amostras foram submetidas à teste complementar do tipo imunoblot (Inno-LIA HCV Ab III™) - 19 foram reagentes, 21 indeterminadas e 18 não reagentes. Todos os pacientes com resultados discrepantes apresentaram Inno-LIA indeterminado. Cinqüenta por cento dos casos referiram episódio de hemotransfusão em período anterior a testagem obrigatória em bancos de sangue (1993), estando a positividade para o anti-HCV associada à transfusão de sangue (p < 0,005). O HCV-RNA pela técnica de PCR foi detectado Ambulatório de Hepatite da Prefeitura Municipal de Taubaté e Disciplina de Clínica Médica da Universidade de Taubaté-SP GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Fundamentos: A hepatite C é doença infecciosa causada pelo vírus da hepatite C (HCV), que acarreta um processo inflamatório no fígado. Recentemente se correlacionou a hepatite C com alterações metabólicas como resistência à insulina, esteatose hepática e hiperuricemia, sendo que o objetivo deste estudo foi detectar alterações metabólicas em pacientes com HCV. Métodos: Estudo transversal, com coleta de dados clínicos e laboratoriais. Os pacientes foram divididos em 2 grupos: sorologia positiva (grupo HCV) ou negativa para o HCV (grupo controle). Excluiu-se pacientes com distúrbios metabólicos prévios, co-infectados por hepatite B ou SIDA e usuários de fármacos associados a distúrbios metabólicos. Determinações laboratoriais: glicose, insulina, ácido úrico, fibrinogênio, lípides, etc, sendo a sensibilidade à insulina determinada pelo índice HOMA. Análise estatística realizada com o programa Graph Pad Prism 5.0, sendo considerado significante p < 0,05. Resultados: Analisou-se os dados clínicos e laboratoriais de 60 pacientes (40 do grupo HCV e 20 do grupo controle). Sexo masculino em 60% casos e feminino em 40%. Faixa etária predominante de 40-50 anos (60%), independente do sexo. Observou-se maiores valores de AST, ALT, fosfatase alcalina e gama glutamil transferase no grupo HCV comparado ao grupo controle: AST (55 33 vs 32 12, p = 0,0039), ALT (63 33 vs 29 15, p = 0,0001), fosfatase alcalina (116 69 vs 60 18, p = 0,0008) e gama glutamil transferase (81 83 vs 34 15, p = 0,0152). A bilirrubinemia não foi diferente (p > 0,05) entre os grupos. Maior glicemia no grupo HCV comparado ao controle (90 12 vs 78 10, p = 0,0003), sem diferença quanto na insulinemia (11 13 vs 6 2, p > 0,05), entretanto, com maior índice HOMA no grupo HCV se comparado ao grupo controle (2,7 3,7 vs 1,0 0,5, p = 0,0462) demonstrando padrão de resistência à insulina no grupo HCV. Quanto aos lípides, observou-se maior concentração de colesterol total no grupo HCV (149 36 vs 120 14, p = 0,0010), sem diferença (p > 0,05) quanto ao HDL (47 11 vs 50 9), LDL (76 27 vs 69 18) e triglicerídeos (106 63 vs 101 25). Maiores valores de ácido úrico no S 71 grupo HCV (6,4 8,1 vs 2,3 1,0, p = 0,0286), resultado também observado quanto fibrinogênio (273 79 vs 230 54, p = 0,0327). Conclusões: Pacientes do grupo HCV apresentaram provas de lesão hepática, além de alterações metabólicas quanto à glicemia, colesterol total, uricemia e resistência à insulina, caracterizando o achado de distúrbios metabólicos no grupo HCV. PO-247 (567) ALTERAÇÕES GLICÊMICAS NA HEPATITE C – PREVALÊNCIA E ASSOCIAÇÃO COM RESPOSTA AO TRATAMENTO ANTIVIRAL FLORES PP, SILVA JEF, MESQUITA CE, MASCALUBO MFM, FONSECA LS, LUBERIAGA AP, SILVEIRA MB Hospital Naval Marcílio Dias Fundamentos: É conhecida a associação entre Diabetes mellitus tipo II e a infecção pelo vírus da Hepatite C e trabalhos recentes associam também a síndrome de resistência insulínica bem como a falha ao tratamento antiviral como fatores independentes e inter-relacionados. Há também estabelecida associação do genótipo tipo 3 e a presença de esteatose na biópsia hepática, a qual regride com o tratamento antiviral. Desta forma, é de suma importância o estudo das alterações glicêmicas em termos de prevalência, associação com genótipo e falha ao tratamento antiviral na população dos pacientes com infecção pelo vírus C. Métodos: Desenho de estudo retrospectivo com base em prontuários de 150 pacientes, acompanhados pelo ambulatório de Hepatologia do Hospital Naval Marcílio Dias, com registro de glicemias de jejum, genótipos, carga viral pelo método PCR quantitativo (amplicor) e terapia antiviral. Resultados: Encontramos 52% de pacientes com glicemias até 99mg;dl, 33% entre 99 e 125mg;dl e 15% com Diabetes mellitus tipo II (glicemias acima de 126). Os genótipos foram avaliados e a carga viral também e colocados em gráfico para análise. A falha ao tratamento antiviral foi também avaliada como objetivo secundário. Conclusões: Conforme literatura e estudos recentes, também encontramos maior prevalência de glicemias alteradas na população de pacientes com Hepatite C e a falha ao tratamento com Interferon e Ribavirina foi mais freqüente quando havia alteração do tipo Diabetes mellitus ou hiperglicemias de jejum. Assim como a Hepatite C vem se tornando uma preocupação crescente nos dias atuais pela alta morbimortalidade, a síndrome metabólica com glicemias alteradas e, mais especificamente, com a resistência insulínica vem se tornando um grande problema de saúde pública pois além de ser prevalente, implica em uma série de conseqüentes doenças e dificuldades de manejo terapêutico. Desta forma, estudos relacionando as duas doenças e suas implicações são necessários para maior elucidação. PO-248 (568) PO-249 (569) PERFIL HEMATOLÓGICO DE PACIENTES IDOSOS COM HEPATITE C CRÔNICA SUBMETIDOS A TRATAMENTO COM INTERFERON PEGUILADO ASSOCIADO À RIBAVIRINA STERN C, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A tolerância dos pacientes idosos (idade > 60 anos) ao tratamento da hepatite C crônica com interferon peguilado e ribavirina parece ser menor quando comparada a pacientes jovens, sendo freqüente motivo de suspensão. As alterações hematológicas com o tratamento em idosos ainda não estão bem descritas. O objetivo do presente estudo foi avaliar as alterações hematológicas em pacientes idosos com hepatite crônica C tratados com interferon peguilado alfa2b associado à ribavirina. Metodologia: Foram incluídos 224 pacientes, virgens de tratamento, com hepatite C crônica e genótipo 1, que foram submetidos a tratamento com PEG-IFN alfa-2b (1,5mg/kg/semana) e ribavirina (RBV). Em todos foi realizada pesquisa de HCV-RNA por PCR qualitativo no 18° mês de seguimento para avaliação de RVS. As seguintes variáveis foram analisadas comparativamente entre pacientes submetidos ao tratamento com idade < 60 anos e > 60 anos: nível sérico de hemoglobina, neutrófilos e plaquetas ao final do tratamento, necessidade do uso de filgrastima e eritropoetina durante o tratamento, e redução ou suspensão do PEG-IFN e RBV devido a alterações hematológicas. Resultados: Os pacientes apresentavam média de idade de 50 ± 11 (19-75) anos, com 21% com idade > 60 anos, e 124 (55,4%) eram do sexo feminino. A taxa global de RVS foi 46%. Na análise entre pacientes com idade < 60 anos e > 60 anos, não observamos ao final do tratamento diferença entre nível sérico de hemoglobina (12,0 ± 1,5g/gL vs 11,7 ± 1,3g/gL, p = 0,48), neutrófilos (1.624/mm3 vs 1.524/mm3, p = 0,29) e plaquetas (173.716 ± 81.049/mm3 vs 149.480 ± 50.860/mm3, p = 0,16). Durante o tratamento, o uso de filgrastima entre os grupos < 60 anos e > 60 anos foi similar (13,2% vs 11,6%, p = 0,78), bem como o uso de eritropoetina (6,4% vs 11,5%, p = 0,25). Quando comparado a pacientes < 60 anos, o grupo de pacientes idosos não apresentou maior taxa de redução da dose de PEG-IFN (27,6% vs 40,9%, p = 0,09) e da dose de RBV (17,7% vs 27,9%, p = 0,14), e nenhum paciente teve suspensão do tratamento devido a alterações hematológicas. Conclusões: Pacientes idosos portadores de hepatite crônica C tratados com interferon peguilado alfa-2b e ribavirina parecem não apresentar maior alteração hematológica que pacientes jovens nesta população estudada. PO-250 (573) SILIMARINA NA HEPATITE C: ENSAIO CLÍNICO, RANDOMIZADO, PLACEBO-CONTROLADO COM SILIMARINA E METIONINA, EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA, GENÓTIPO 1, EM TRATAMENTO COM INTERFERON-ALFA E RIBAVIRINA VALOR PROGNÓSTICO DO ÁCIDO HIALURÔNICO SÉRICO NA RESPOSα , RIBAVIRINA NOS PACIENTES TA TERAPÊUTICA COM INTERFERON-α COM HEPATITE C CRÔNICA, GENÓTIPO 1, VIRGENS DE TRATAMENTO LEMOS JR V, PELLEGRINI PR, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, SEGADAS-SOARES JA, FLEURY RG, COELHO HSM, REZENDE GFM PELLEGRINI PR, LEMOS JR V, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, SEGADAS-SOARES JA, PANAIM V, COELHO HSM, REZENDE GFM Serviço de Hepatologia - HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Serviço de Hepatologia - Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ A silimarina tem sido descrita como uma droga capaz de reduzir a fibrose em portadores de doença hepática crônica. Um eventual efeito antiviral ou sobre a histologia não foi ainda esclarecido em portadores de hepatite C crônica. O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito da associação da silimarina-metionina com interferon-α e ribavirina nos pacientes com hepatite C crônica e genótipo 1. Metodologia: Foi realizado um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, placebocontrolado, avaliando o efeito da associação de silimarina-metionina (840mg/d de silimarina e 1200mg/d de metionina) via oral com interferon-α (3 milhões de UI/L, 3 X/semana) e ribavirina (12mg/kg/dia) por 48 semanas, em pacientes com hepatite C crônica e genótipo 1, com escala de fibrose entre F1 e F 6, pela classificação de Ishak. Foram excluídos pacientes com sinais de hipertensão porta ou disfunção hepatocelular. Foi realizada a análise comparativa da taxa de resposta virológica sustentada (RVS). Naqueles pacientes PCR RNA HCV (+) no 6º mês (não respondedores), o tratamento com interferon-α/ribavirina foi interrompido, mantendo-se silimarina-metionina ou placebo até completarem 72 semanas de acompanhamento, quando uma segunda biópsia hepática foi realizada para se avaliar o efeito sobre o grau de inflamação e o estágio de fibrose, segundo a classificação de Ishak. Resultados: Foram incluídos 94 pacientes, 45 (48%) do sexo masculino com média de idade de 50 ± 10 anos. Quarenta e quatro pacientes foram randomizados no grupo A e 50 no grupo B, sem diferenças entre os grupos com relação ao sexo, idade, IMC e níveis pré-tratamento de ALT e GGT. A RVS foi de 18,6% no total de pacientes, sem diferença significativa entre os grupos (grupo A: 15% vs grupo B: 21,7%; p = NS). A melhora no índice de inflamação no total de pacientes ocorreu em 54,3% (grupo A: 59,1% vs grupo B: 50%; p = NS) e de fibrose em 24,4% (grupo A: 23,8% vs grupo B: 25%; p = NS), não havendo diferença entre os grupos. Conclusão: Apesar do estudo ainda permanecer cego, a análise comparativa entre os grupos mostra que a associação de silimarina-metionina ao tratamento com interferon-α/ribavirina em pacientes com hepatite C crônica genótipo 1 não parece influenciar a RVS, assim como não interfere na evolução histológica de pacientes não-respondedores. A hepatite “C” crônica evolui com fibrose hepática em graus variados, podendo resultar em cirrose hepática e hepatocarcinoma. O ácido hialurônico (AH) é um glicoaminoglicano formado na matriz extracelular do parênquima hepático e tem sido relacionado à fibrose hepática como marcador não invasivo, embora o seu uso no monitoramento da fibrose não tenha sido ainda estabelecido. S 72 PO-251 (577) DOADORES DE SANGUE COM ANTI-HCV POSITIVO: ANÁLISE COMPARATIVA DE PACIENTES COM E SEM VIREMIA CARDOSO JR, NARCISO-SHIAVON JL, CARVALHO FILHO RJ, SCHIAVON LL, FREIRE FCF, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Dentre pré-doadores de sangue, é freqüente o achado de anti-HCV positivo sem evidência de replicação viral e o exame de imunnoblot (RIBA) não é disponível na maioria dos bancos de sangue. Este estudo visa determinar a prevalência de clareamento espontâneo em pacientes com anticorpos contra o HCV e identificar fatores clínicos, epidemiológicos e laboratoriais associados a este clareamento. Métodos: Estudo transversal de pré-doadores encaminhados por anti-HCV (+) com HBsAg (-), atendidos na Liga de Hepatites entre set/1997 e ago/2006. Os dados foram obtidos por revisão de prontuários padronizados. Resultados: Foram incluídos 646 pacientes com média de idade de 35+/-77 anos, sendo 66% homens. Entre os 414 pacientes que realizaram pesquisa de HCV-RNA sérico, 129 (31%) apresentaram resultado negativo. Dentre os não-virêmicos, 52 pacientes (75%) apresentaram RIBA positivo (provável cura espontânea), enquanto que 17 (25%) foram considerados como portadores de anti-HCV falso-positivo (RIBA negativo). Foi observada uma maior prevalência de mulheres entre aqueles que clarearam espontaneamente o HCV, quando comparados aos pacientes virêmicos (49% vs. 29%, P = 0,004). Houve uma tendência de maior prevalência de anti-HBc positivo entre os indivíduos virêmicos (17% vs. 7%, P = 0,076). Virêmicos e não-virêmicos não diferiram quanto à idade (36,7+/-11,4 vs. 35,1+/-10,7 anos, P = 0,363), quanto à proGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 porção de profissionais da área de saúde (P = 0,211), aos antecedentes transfusionais (P = 0,099), uso de drogas injetáveis (P = 0,566), tatuagem (P = 0,165) e história de cirurgia de grande porte (P = 1,000). Também não houve diferença quanto à presença de diabetes mellitus (P = 0,288), dislipidemia (P = 0,210), obesidade (P = 0,325) ou ingestão alcoólica > 30 g por dia (P = 0,105). Laboratorialmente, os pacientes não-virêmicos apresentaram menores níveis de ALT (mediana de 0,61x LSN vs. 1,43x LSN, P < 0,001) e de GGT (mediana de 0,89x LSN vs. 2,29x LSN, P < 0,001). Conclusões: Entre os pré-doadores de sangue encaminhados por anti-HCV positivo, a confirmação de contato prévio com o HCV ocorre em 75% dos casos. Dentre estes, aproximadamente metade apresenta HCV-RNA negativo. Este estudo confirma a maior probabilidade de clareamento espontâneo do HCV entre as mulheres. PO-252 (580) FATORES PREDITIVOS DE SUSPENSÃO DE TRATAMENTO COM INTERFERON CONVENCIONAL PARA HEPATITE C CRÔNICA EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA UEHARA SNO, EMORI CT, PEREIRA PSF, FELDNER ACA, MELO IC, KHOURI ST, PEREZ RM, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: A monoterapia com interferon para hepatite C crônica em pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise (IRC) apresenta maior taxa de suspensão se comparada a indivíduos imunocompetentes, devido aos altos índices de efeitos colaterais. Este estudo avaliou possíveis fatores relacionados à suspensão deste tratamento nesta população especial de pacientes. Métodos: Foram avaliados retrospectivamente todos os pacientes com IRC tratados com interferon para hepatite C crônica, durante o período de 1994 a 2006. As variáveis clínicas, epidemiológicas e laboratoriais pré-tratamento foram analisadas com relação às causas de suspensão da medicação. Resultados: Foram incluídos 107 pacientes. Destes, 41 (38,3%) tiveram seu tratamento suspenso e destes, 35 (85%) por efeitos colaterais e 6 (15%) por ausência de resposta em 6º mês de uso da medicação. Os principais efeitos colaterais que levaram à suspensão foram: acometimento cardiovascular 8 (23%), efeitos hematológicos 7 (20%), infecção 4 (11,5%), manifestações de trato gastrointestinal 4 (11,5%), abandono 6 (17%) e outras causas 6 (17%). Como fatores preditivos de suspensão de tratamento foram significantes o sexo feminino (p 0,018), a não realização de transplante renal prévio (p 0,029) e peso menor de 60,5Kg no início do tratamento (p 0,043). Não houve diferença com relação à idade, etiologia da IRC, genótipo VHC, estadiamento, atividade inflamatória periportal, ferritina pré-tratamento, tempo de infecção do HCV, tempo de hemodiálise, valores iniciais de hemoglobina, neutrófilos e plaquetas. Conclusão: Houve alto índice de suspensão entre os pacientes com IRC em uso de interferon, sobretudo por efeitos cardiovasculares e hematológicos. Não foi possível predizer pela hemoglobina, neutrófilos ou plaquetas iniciais a posterior suspensão tratamento, mas foram relacionados de maneira significativa o sexo feminino e peso inicial dos pacientes. PO-253 (581) PACIENTES HEMOFÍLICOS NASCIDOS APÓS 1992: AINDA HÁ RISCO DE CONTAMINAÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C? VAEZ R*, EMORI CT, ANTUNES SV*, LUPINACCI FL*, MELO IC, UEHARA SNO, WAHLE RC, PEREIRA PSF, PEREZ RM, SILVA ISS, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites e *Serviço de Hemofilia - Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP Fundamentos: Os pacientes hemofílicos são freqüentemente submetidos a transfusões, o que representou, no passado, importante fator de risco para a aquisição de hepatite C. Este estudo comparou a prevalência de infecção pelo HCV em pacientes nascidos antes e após a introdução do teste de anti-HCV na rotina laboratorial do Serviço de Hemofilia da UNIFESP/HSP. Métodos: Estudo retrospectivo com avaliação dos prontuários dos pacientes que estão em acompanhamento no serviço, sendo incluídos todos os hemofílicos A e B. A pesquisa de anti-HCV foi realizada por teste imunoenzimático (ELISA de 3ª geração) e a positividade para o anti-HCV foi comparada entre pacientes nascidos antes de 1992 e a partir desta data, empregando-se o teste de Qui-quadrado. Resultados: Foram avaliados 209 pacientes com hemofilia, todos do sexo masculino. Quanto ao tipo, 85% (178) apresentavam hemofilia A e 15% (31) hemofilia B. Com relação à gravidade, 15% (29) tinham hemofilia leve, 25% (49) moderada e 60% (116) grave. Quanto ao nascimento, 124 (59%) e 85 (41%) eram nascidos antes e depois de 1992 respectivamente. Entre aqueles nascidos antes de 1992, o anti-HCV esteve presente em 53% dos casos (66/124), enquanto nenhum dos pacientes nascidos após 1992 apresentou positividade para este vírus (p < 0,001). Conclusões: Estes achados permitiram demonstrar que após a introdução do teste anti-HCV na triagem de doadores, bem como a melhora dos procedimentos de inativação viral dos hemoderivados, houve redução drástica da prevalência da infecção entre hemofílicos, não sendo detectado nenhuma soroconversão a partir de janeiro de 1992. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Hepatologia Pediátrica PO-254 (108) PERSISTÊNCIA DE ANTI-HBS EM CRIANÇAS HIV+ ANOS APÓS VACINAÇÃO FERNANDES SJ1, SOUTO FJD2 1. Sec. de Saúde do Estado de Mato Grosso; 2. UFMT, Cuiabá, MT Fundamentos: Crianças HIV+ infectadas verticalmente apresentam precocemente prejuízo da imunidade e da resposta a antígenos vacinais. Recentemente, foi mudado o esquema vacinal contra hepatite B (HBV) em crianças HIV+ no Brasil, mas tem sido pouco investigada a persistência de anti-HBs nestas crianças. Métodos: Para analisar a persistência de anti-HBs em crianças HIV+ vacinadas nos últimos anos pelo esquema clássico, foi realizado estudo transversal comparando crianças HIV+ atendidas na rede pública da capital do MT com crianças HIV-, imunocompetentes, pareadas por sexo e idade (1:2). Certificou-se, através de exames HBsAg e anti-HBc que nenhum dos participantes fora exposto ao HBV e que todos os controles, abordados em uma unidade de saúde pública, eram HIV-. Anti-HBs foi testado em todos os participantes e analisados o CD4 dos HIV+. Resultados: 58 crianças HIV+ atendidas em 2 serviços públicos em Cuiabá preencheram os critérios de elegibilidade. Eram 30 (52%) masculinos com idade de 1 a 12 anos (mediana = 7 anos). Foram definidos 116 controles. O tempo (mediana em meses) decorrido desde o término da vacinação foi de 68 para o grupo HIV e 64 no controle (p = 0,5). O anti-HBs foi positivo em 14 (24%) dos HIV+ e em 101 (87%) dos controles (p < 0,000). Entre aqueles anti-HBs+, a média do título do anti-HBs dos controles (298UI/L) foi superior à observada (118UI/L) nos HIV+ (p < 0,000). A positividade do anti-HBs foi progressivamente menor com o aumento da idade e com o tempo decorrido desde a última dose da vacina (p > 0,2). Regressão logística condicionada ao pareamento e ajustada por tempo decorrido após a última dose do esquema vacinal e por idade ao iniciar a vacinação mostrou associação independente e significativa da negatividade do anti-HBs apenas com ser HIV+ (p = 0,000). Resultado do CD4 não influenciou os resultados no grupo HIV+, mas sim a idade mais elevada. Conclusão: O presente estudo evidenciou persistência muito baixa de anti-HBs no grupo HIV, em média vacinado 5 anos antes, quando comparado a controles HIV-. Estes dados sugerem que tais pacientes devam ser avaliados periodicamente parareforço vacinal. É necessário avaliar se o novo esquema vacinal, com dose dobrada, apresentará proteção superior à aqui relatada. Os indivíduos negativos foram encaminhados para doses de reforço. PO-255 (111) DOENÇA HEPÁTICA NA DOENÇA RENAL POLICÍSTICA INFANTIL: RELATO DE CASO PASCOAL LB, PAULINO JR E, CASTRO LPF, GRESTA LT, TOPPA NH Faculdade de Medicina da UFMG e Instituto Médico Legal de Belo Horizonte, Belo Horizonte – Minas Gerais Introdução: A doença renal policística infantil (DRPI) é condição autossômica recessiva rara, com prevalência estimada de 1:10.000 e 1:60.000, que afeta os rins e o trato biliar. Pode ser dividida em perinatal, neonatal, infantil e juvenil, dependendo da época de apresentação. É caracterizada pela presença de múltiplos cistos que substituem o parênquima renal e, no fígado, por fibrose periportal e malformação da placa ductal, com proliferação de ductos biliares dilatados e tortuosos. Relato do caso: Lactente do sexo feminino, 3 meses de idade, atendida em serviço urgência de Belo Horizonte com insuficiência respiratória grave. Apresentava-se desidratada, acianótica e hipocorada (+/4+), subfebril (37,2°C), com roncos e crepitações difusos e bilaterais à ausculta respiratória e abdome distendido, tendo evoluído rapidamente para óbito, apesar das tentativas de reanimação. À necropsia chamaram a atenção as alterações cardíacas, renais e hepáticas. O coração apresentou quadro de cardiopatia hipertensiva. Os rins estavam aumentados de volume, com múltiplos cistos em forma de fenda, dispostos radialmente em toda a superfície de corte. À microscopia, havia dilatações císticas dos túbulos renais, substituindo grande parte do parênquima. O fígado mostrou arquitetura parcialmente modificada pela presença de múltiplos cistos irregulares em correspondência aos tratos portais. À microscopia observou-se fibrose dos tratos portais e malformação da placa ductal, caracterizada pela presença de ductos biliares portais proliferados, formando rica rede de canais irregulares anastomosados, de calibres variados, melhor observados com marcação para citoqueratina 7 (clone OV-TL 12/30) ao exame imunoistoquímico. Havia freqüentes “plugs” biliares. O quadro morfológico, portanto, foi compatível com o diagnóstico de DRPI. Discussão: a DRPI representa condição grave que pode ser detectada antes do nascimento, mas que é mais comumente identificada após o nascimento, com malformações do fígado e rins. As manifestações renais são graves e precoces, caracterizadas por insuficiência renal e hipertensão arterial sistêmica, necessitando transplante. Complicações hepáticas ocorrem em uma parcela significativa de crianças, secundária à fibrose hepática periportal, com hipertensão portal e/ou doença biliar. O presente caso, diagnosticado à necropsia, enquadra-se na categoria infantil da DRPI, evoluindo para o óbito provavelmente devido a insuficiência renal crônica e hipertensão arterial. S 73 PO-256 (142) CIRROSE HEPÁTICA ASSOCIADA A DOENÇA CELÍACA EM CRIANÇA: RELATO DE CASO BICA RBS, PELLEGRINI P, CHINDAMO MC, PEREZ RM, LEITE NC, MARTINS S, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Acometimento hepático representa um dos espectros das manifestações extra-intestinais de portadores de Doença Celíaca (DC). As alterações compreendem desde discretas elevações de transaminases até doença crônica avançada, numa relação direta entre o tempo de exposição a dieta rica em glúten e a gravidade da lesão hepática. Até 9% dos diagnósticos presuntivos de cirrose criptogênica em adultos estão associados a DC. A prevalência em crianças não está bem estabelecida. Descrevemos um caso de criança de 13 anos, do sexo masculino, encaminhada para nossa Instituição para investigação de hepatopatia crônica. A história clínica revelava episódios recorrentes de dor abdominal, vômitos e diarréia desde os 5 anos de idade, associados a anemia e baixo desenvolvimento pôndero-estatural. Aos 11 anos realizou USG abdominal que evidenciou hepatoesplenomegalia. Foram excluídas etiologias viral, metabólica, tóxica e auto-imune. Exames laboratoriais evidenciavam: TGP- 55U/L (até 45), TGO-42U/L (até 40), FA = 645U/L (até 126); GGT-78U/ L (até 64). Biópsia hepática realizada em 13/01/06 revelou presença de septos fibrosos irregulares com formação incompleta de nódulos, hepatócitos com micro e macrovacúolos, compatível com esteatose. Endoscopia digestiva alta não evidenciava sinais de hipertensão portal. Avaliação do metabolismo glicídico demonstrou teste de tolerância oral a glicose normal; índice de Homa β-2,4 e Homa IR = 4,35; IMC = 22. Realizada pesquisa de anticorpos anti-endomísio IgA (título = 1/40) e anti-gliadina que foram positivos. Foi realizada biópsia duodenal para confirmação diagnóstica, que evidenciou enteropatia crônica atrófica compatível com doença celíaca. Após início de dieta com restrição de glúten houve negativação da anti-gliadina e queda do título de anti-endomísio IgA (1/5). O diagnóstico de DC foi realizado posteriormente ao diagnóstico de cirrose. Conclusão: DC pode estar associada a lesão hepática avançada em crianças. Investigação de DC deve ser incluída no diagnóstico diferencial de doença hepática crônica de etiologia desconhecida, pela possibilidade de melhora clínica, laboratorial e histológica com a adoção de dieta sem glúten nos pacientes portadores de DC. PO-257 (162) CIRROSE HEPÁTICA ASSOCIADA A DOENÇA CELÍACA EM CRIANÇA: RELATO DE CASO BICA RBS, PELLEGRINI P, CHINDAMO MC, PEREZ RM, LEITE NC, MARTINS S, SEGADAS-SOARES JA, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Acometimento hepático representa um dos espectros das manifestações extra-intestinais de portadores de Doença Celíaca (DC). As alterações compreendem desde discretas elevações de transaminases até doença crônica avançada, numa relação direta entre o tempo de exposição a dieta rica em glúten e a gravidade da lesão hepática. Até 9% dos diagnósticos presuntivos de cirrose criptogênica em adultos estão associados a DC. A prevalência em crianças não está bem estabelecida. Descrevemos um caso de criança de 13 anos, do sexo masculino, encaminhada para nossa Instituição para investigação de hepatopatia crônica. A história clínica revelava episódios recorrentes de dor abdominal, vômitos e diarréia desde os 5 anos de idade, associados a anemia e baixo desenvolvimento pôndero-estatural. Aos 11 anos realizou USG abdominal que evidenciou hepatoesplenomegalia. Foram excluídas etiologias viral, metabólica, tóxica e auto-imune. Exames laboratoriais evidenciavam: TGP- 55U/L (até 45), TGO-42U/L (até 40), FA = 645U/L (até 126); GGT-78U/ L (até 64). Biópsia hepática realizada em 13/01/06 revelou presença de septos fibrosos irregulares com formação incompleta de nódulos, hepatócitos com micro e macrovacúolos, compatível com esteatose. Endoscopia digestiva alta não evidenciava sinais de hipertensão portal. Avaliação do metabolismo glicídico demonstrou teste de tolerância oral a glicose normal; índice de Homa β-2,4 e Homa IR = 4,35; IMC = 22. Realizada pesquisa de anticorpos anti-endomísio IgA (título = 1/40) e anti-gliadina que foram positivos. Foi realizada biópsia duodenal para confirmação diagnóstica, que evidenciou enteropatia crônica atrófica compatível com doença celíaca. Após início de dieta com restrição de glúten houve negativação da anti-gliadina e queda do título de anti-endomísio IgA (1/5). O diagnóstico de DC foi realizado posteriormente ao diagnóstico de cirrose. Conclusão: DC pode estar associada a lesão hepática avançada em crianças. Investigação de DC deve ser incluída no diagnóstico diferencial de doença hepática crônica de etiologia desconhecida, pela possibilidade de melhora clínica, laboratorial e histológica com a adoção de dieta sem glúten nos pacientes portadores de DC. S 74 PO-258 (186) RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE CRÂNIO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA E RELAÇÃO COM TEOR SANGUÍNEO DE MANGANÊS PINTO RB, CORNELY AFH, FROEHLICH PE, PITREZ EH, ANES M, SCHNEIDER ACR, WEBER TM, GONÇALVES LG, SILVEIRA TR Laboratório Experimental de Hepatologia e Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Fundamentos: Alteração na ressonância magnética (RM) de crânio com hipersinal em T1 nos gânglios da base é freqüente em adultos hepatopatas crônicos e parece estar associada com níveis elevados de manganês (Mn) sanguíneo e ter papel importante na patogênese da encefalopatia hepática. O objetivo é avaliar a presença desta alteração na RM de crânio em crianças e adolescentes com hepatopatia crônica e relacioná-la com os níveis de Mn sanguíneo. Métodos: Realizado um estudo transversal controlado com 39 indivíduos no período de abril de 2006 a março de 2007 divididos em três grupos: 16 cirróticos (14a2m ± 3a2m) e 8 com hipertensão porta não cirrogênica (12a ± 3a8m) atendidos no ambulatório de Gastroenterologia Pediátrica e/ou durante internação no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, e 15 controles sem hepatopatia (14a5m ± 3a11m). O diagnóstico de cirrose foi definido por exame físico, exames complementares e/ou biópsia hepática. O fator etiológico da cirrose foi: hepatite auto-imune (8), atresia bilar (5), deficiência de alfa1-antitripsina (1), colestase crônica familiar progressiva (1) e criptogênica (1). A gravidade da cirrose foi determinada pelo critério de Child-Pugh: A (14), B (1) e C (1). A causa da hipertensão porta foi: trombose de veia porta (4), fibrose hepática congênita (3) e idiopática (1). Encefalopatia hepática foi identificada em 2 pacientes cirróticos e em 2 pacientes com hipertensão porta não cirrogênica. O Mn no sangue foi quantificado por espectrofotometria de absorção atômica com chama e forno de grafite. Presença de hipersinal em T1 foi avaliada através da RM de crânio. Foi obtido termo de consentimento informado e aprovação pelo Comitê de Ética. Resultados: O nível de Mn sanguíneo nos controles foi de 15,64 ± 6,61µg\L, nos cirróticos de 26,23 ± 14,56µg\L (p = 0,045 vs controles) e no grupo com hipertensão porta de 30,66 ± 13,09µg\L (p = 0,025 vs controles). Presença de hipersinal em T1 nos gânglios da base na RM foi visualizada em 8/16 cirróticos, 8/8 com HP e em nenhum controle. O nível de Mn no sangue dos hepatopatas com RM normal foi de 18,45 ± 8,38µg\L e naqueles com RM alterada de 32,24 ± 13,10µg\L (p = 0,021). Conclusões: Observou-se uma elevada freqüência (66%) do hipersinal em T1 nos gânglios da base nos pacientes com hepatopatia crônica que se correlacionou com o nível de Mn sanguíneo. Esta alteração foi visualizada em 100% dos pacientes com hipertensão porta e em 50% dos cirróticos, mesmo naqueles com doença de leve intensidade. PO-259 (187) QUANTIFICAÇÃO DO SINAL EM T1 NOS GÂNGLIOS DA BASE E ANÁLISE ESPECTROSCÓPICA DE CRÂNIO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CIRROSE PINTO RB, CORNELY AFH, FROEHLICH PE, PITREZ EH, ANES M, SCHNEIDER ACR, WEBER TM, GONÇALVES LG, SILVEIRA TR Laboratório Experimental de Hepatologia e Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Fundamentos: Hipersinal em T1 nos gânglios da base na ressonância magnética (RM) de crânio é um achado freqüente em adultos hepatopatas crônicos. Poucos estudos quantificaram esta alteração ou realizaram a analise espectroscópica em pacientes pediátricos. O objetivo deste estudo é quantificar o sinal em T1 nos gânglios da base através de RM de crânio com espectroscopia em crianças e adolescentes cirróticas e correlacionar com exames laboratoriais. Métodos: Foi realizado um estudo transversal controlado no período de abril de 2006 a março de 2007 com 16 cirróticos (14a2m ± 3a2m) atendidos no ambulatório de Gastroenterologia Pediátrica e/ou durante a internação no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e em 15 controles saudáveis (14a5m ± 3a11m). O diagnóstico de cirrose foi estabelecido por exame físico, exames complementares e/ou biópsia hepática. O fator etiológico da cirrose foi: hepatite auto-imune (8), atresia biliar (5), deficiência de alfa1-antitripsina (1), colestase crônica familiar progressiva (1) e criptogênica (1). A gravidade da cirrose foi determinada pelo critério de Child-Pugh: A (14), B(1) e C (1). Os exames laboratoriais avaliados foram: INR, KTTP, TGO, TGP, FA, GGT, BT, BD, fator V, albumina, colesterol, amônia e manganês sanguíneo. Na RM de crânio foi quantificado o sinal em T1 e realizada espectroscopia com nacetilcisteína, colina e creatina na cabeça do núcleo caudado, nos núcleos lenticulares e no tálamo e calculado o índice pálido-talâmico (IPT) definido pela razão do sinal no núcleo lenticulado pelo sinal no tálamo. Foi obtido termo de consentimento informado e aprovação pelo Comitê de Ética. Resultados: O hipersinal em T1 nos gânglios da base na RM foi visualizado em 8/16 cirróticos e em nenhum controle (p = 0,021). Não houve diferença significativa entre a quantificação do sinal em T1 e na espectroscopia entre cirróticos e controles. O IPT direito nos controles foi de 1,0134 ± 0,0239 e nos cirróticos de 1,1501 ± 0,1494 (p = 0,024). Houve correlação entre IPT direito e TGO (r = 0,54; p = 0,021), fator V (r = –0,69; GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 p = 0,02), albumina (r = –0,54; p = 0,02), amônia (r = 0,46; p = 0,053) e manganês no sangue (r = 0,39; p = 0,000). Conclusões: O índice pálido-talâmico direito foi o parâmetro que melhor identificou a presença de hipersinal em T1 nos cirróticos e apresentou significativa correlação negativa com o fator V que na cirrose pode estar diminuído tanto pela menor síntese hepática como pelo maior consumo devido à presença de colaterais portossistêmicas. PO-260 (372) A IDADE NO DIAGNÓSTICO DE ATRESIA BILIAR EM 25 ANOS DE ATENDIMENTO NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE KIELING CO, SANTOS JL, LINHARES AR, LORENTZ AL, VIEIRA SMG, FERREIRA CT, PETERSON CAH, ALMEIDA HC, FRAGA JCS, SILVEIRA TR Serviço de Pediatria e de Cirurgia Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Fundamentos: A atresia biliar (AB) é doença que acomete lactentes cuja terapêutica inicial é a portoenterostomia (POE). O resultado favorável do procedimento depende de sua realização nos 2 primeiros meses de vida, com mínimo sucesso após os 90 dias. Portanto, o encaminhamento precoce dos casos suspeitos é essencial. Objetivos: Caracterizar a idade dos pacientes com AB por ocasião da laporotomia exploradora no HCPA. Materiais e métodos: 112 pacientes com AB encaminhados ao HCPA foram submetidos à laparotomia entre 1982 e 2007. As variáveis clínicas foram obtidas por meio de revisão dos prontuários sendo parte do Banco de Dados de Colestase Neonatal da Unidade de Gastroenterologia Pediátrica do Serviço de Pediatria. Descritos os dados como freqüência, mediana e intervalo entre-quartis (IQ2575) foram comparados pelos testes de qui-quadrado e Mann-Whitney, com nível de significância de 0,05. Resultados: Nos 25 anos a média anual de casos de AB foi de 4,5 (1 a 13 casos/ano). Em 10,7% não se realizou POE. A idade no diagnóstico variou de 25 a 297 (80,5 IQ 61,25 – 109) dias. Somente 20,5% dos casos foram à laparotomia antes de 60 dias de vida e 39,3% após 90 dias. Não houve diferença na idade do diagnóstico comparando as 3 décadas (P = 0,498). 52,7% procederam do interior do Estado e a idade em seu diagnóstico (87; IQ: 69-115 dias) diferiu significantemente (P = 0,007) dos oriundos da capital e região metropolitana (68; IQ: 55,5-98 dias). Apenas 10,2% dos pacientes do interior foram diagnosticados antes dos 60 dias enquanto dos outros 32,1% o foram (P = 0,014). Conclusão: Permanece o atraso no encaminhamento para o diagnóstico da AB, particularmente naqueles do interior do Estado. Estratégias de esclarecimento a pais e profissionais da saúde são necessárias. PO-261 (448) INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA EM CRIANÇAS: ANÁLISE DOS FATORES ASSOCIADOS COM A MORTALIDADE PORTA A, VASCONCELOS JR, COSTA GA, MIURA IK, PUGLIESE RPS, GUIMARÃES T, DANESI VLB, DELGADO A, CHAPCHAP P, PORTA G Unidade de Hepatologia e UTI do Instituto da Criança – HC FMUSP, Hospital AC Camargo. São Paulo Introdução: Insuficiência hepática aguda (IHA) é uma entidade rara na infância com alta taxa de mortalidade. A evolução depende da etiologia, embora a maioria das causas permanece indeterminada. O objetivo deste estudo foi determinar as características clinico-epidemiológicas da insuficiência hepática aguda na infância e avaliar os fatores de risco associados com a mortalidade. Material e métodos: Estudo retrospectivo analisando 41 prontuários (período de janeiro 2001 - maio de 2007) de crianças admitidas no Instituto da Criança e Hospital AC Camargo com IHA, sendo 18 F:23 M, com média de idade de 5,7 anos (5m-14,4a). IHA foi definida: INR > 2 com ou sem encefalopatia. Na análise estatística foi utilizado o modelo de regressão logística sendo a variável binária a morte e as variáveis independentes: sexo, idade, BT, AST, ALT, Alb, INR, transplante hepático (TX), presença de encefalopatia, tempo do início da icterícia até o diagnóstico da IHA. Resultados: Etiologia: hepatite A, 13 casos (31,7%), auto-imune (HAI), 2 (4,8%), doença de Wilson, 3 (7,3%), droga 1(2,4%) e indeterminada, 22 (53,6%). Tempo de internação variou de 1-127 dias [mediana 18 dias], tempo do início da icterícia até o aparecimento da encefalopatia variou de 0-40 dias [mediana 12 dias]. Na época do diagnóstico 37/41 (90,2%) pts tinham encefalopatia. Graus de encefalopatia: grau I: 6, grau II: 2, grau III: 3, grau IV: 26. Achados laboratoriais na admissão: mediana AST: 1484UI/L [77-5940]; ALT: 1234UI/L [55 -4530]; BT: 26mg/dl [5,27 -56,9], INR: < 4: 5 casos; > 4: 37, Alb: 2,7mg/dl [1,9-4,6]. Graus de encefalopatia vs sobrevida: grau I – 6/6 (100%), 5 com TX; grau II – 0/2; grau III- 3/3 (100%) dois com Tx; grau IV-10/26 (38,5%) 7 com TX. 8/41 (19,5%) pts se recuperaram sem TX sendo 2 com hepatite A, 4 causa indeterminada, 1 HAI, 1 por droga. O modelo de regressão logística mostrou que as variáveis encefalopatia (OR = 2,27 [IC95% = 1,15-4,43 p = 0,017]) e o TX (OR = 0,10 [IC95% = 0,02-0,78 p = 0,025]) foram as únicas com significância estatística. A sobrevida total foi de 23/ 41 (56%) pts. 22/41 (53,6%) pts foram transplantados, sendo que 7 faleceram após o procedimento (sobrevida com TX 15/22 - 68,8%). Conclusão: A etiologia indeterminada foi a principal causa de IHA. A encefalopatia é um fator preditivo de mortalidade na IHA, e o transplante hepático, mostrou ser um método efetivo no tratamento de insuficiência hepática aguda. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Hipertensão Porta PO-262 (250) HIPERTENSÃO PORTAL NO IDOSO SANTOS MF, SUPINO C, RIBEIRO MA, FAGOTTI L, PAES-BARBOSA FC, KOSZKA AJM, AUADA EPM, FERREIRA FG, SZUTAN LA Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Introdução: A hipertensão portal no idoso é incomum e possui particularidades devido às doenças associadas, ao maior comprometimento do parênquima hepático em relação à metabolização de medicações e à menor tolerância aos sangramentos por hemorragia digestiva alta. Objetivo: Descrever a etiologia e a evolução clínica dos pacientes portadores de hipertensão portal acima de 60 anos tratados no Grupo de Fígado e Hipertensão Portal da FCM da Santa Casa de São Paulo. Casuística e metodologia: Estudo retrospectivo de 20 doentes em acompanhamento no Grupo de Fígado e Hipertensão Portal da FCM da Santa Casa de SP. Foram tratados 14 homens e 6 mulheres, com idade variando de 61 a 81 anos com média de 64.9 anos. Resultados: Oito pacientes eram portadores de cirrose de etiologia alcoólica, 2 com cirrose criptogênica, 9 por esquistossomose e 1 de etiologia mista (álcool mais esquistossomose). Dos pacientes esquistossomóticos 7 foram submetidos à Desconexão Ázigo-Portal e 1 à esplenectomia. Dos pacientes cirróticos um foi submetido à cirurgia de Warren, um à derivação mesentérico-cava e um à porto-cava. Os demais responderam bem ao tratamento clínico (farmacológico + endoscópico). Todos se encontram em acompanhamento com doença estável. Conclusões: Nas condições do presente estudo podemos afirmar que as etiologias mais comuns foram à cirrose por álcool e a esquistossomose mansônica. A evolução clínica destes pacientes não apresentou particularidades. PO-263 (252) ANÁLISE DA RECIDIVA HEMORRÁGICA EM PACIENTES PORTADORES DE HIPERTENSÃO PORTAL DEVIDO À CIRROSE DE ETIOLOGIA ALCOÓLICA SANTOS MF, RIBEIRO MA, SUPINO C, MIRANDA AP, FIRMINO LG, OCAMPOS G, PAES-BARBOSA FC, AQUINO CGG, FERREIRA FG, SZUTAN LA Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Introdução: A cirrose hepática por álcool é uma das principais causas de hemorragia digestiva alta por varizes esofagogástricas em nosso meio. O principal objetivo do tratamento é prevenir a recidiva hemorrágica que leva à insuficiência hepática e a morte desses doentes. Objetivo: Analisar a evolução clínica, mortalidade, causas de recidiva hemorrágica e reposta ao tratamento cirúrgico e clínico-endoscópico. Casuística e método: Foram avaliados 80 pacientes com cirrose de etiologia hepática com hemorragia digestiva alta prévia por varizes esofagogástricas atendidos na liga de Hepatologia do Grupo de Fígado e Hipertensão Portal da Santa casa de SP, no período de 1999 a 2006, submetido à tratamento clínico endoscópico. Os pacientes foram subdivididos em 2 grupos: com e sem recidiva hemorrágica e comparados quanto ao número de hemorragias, evolução clínica e resposta ao tratamento. Resultados: No grupo dos pacientes com recidiva hemorrágica, a principal causa foi a falta de adesão ao tratamento e recidiva de ingestão alcoólica. A mortalidade neste grupo foi de 30%. Já no grupo sem recidiva hemorrágica não houve mortalidade. A abstinência alcoólica foi completa neste grupo. O seguimento ambulatorial variou de 1 mês a 7 anos. Conclusões: Nas condições de execução do presente estudo podemos concluir que a mortalidade destes doentes está diretamente relacionada à recidiva hemorrágica e os principais fatores de recidiva foram a continuidade da ingestão alcoólica e por conseguinte a falta de adesão ao tratamento clínico endoscópico. PO-264 (255) INFARTO INTESTINAL EM PACIENTE COM HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA MACIÇA FONSECA NETO OCL, ARCOVERDE LCA, ROCHA JÚNIOR ET, LUSTOSA ES, MIRANDA AL Serviço de Cirurgia de Emergência e Trauma do Hospital da Restauração, Recife – PE Fundamentos: A hemorragia digestiva alta de origem varicosa é um evento dramático e que ameaça a vida dos pacientes, principalmente naqueles que apresentam doença hepática grave. Modificações hemodinâmicas podem ocorrer e dependendo da severidade do quadro, induzir a formação de oclusão venosa esplâncnica. O aparecimento de trombose venosa mesentérica em hepatopatas após HDA, demonstra a intensidade do sangramento e o manejo, algumas vezes, inadequado. Os autores demonstram um caso de abdome agudo vascular em paciente cirrótico com hemorragia digestiva alta maciça. Métodos: Relato de caso. Resultados: C.A.F., 60 anos, sexo masculino, cirrose hepática secundária a álcool, MELD 22. Admitido na emergência do Hospital da Restauração com HDA. Apresenta-se em choque hipovolêmico (FC = 130, PA = inaudível). Estabelecida reanimação volêmica e IOT. Realizada EDA e identificado sangramento em varizes esofagogástricas. Realizada esclerose e balonamento com Sengstaken-Blakemore. Administrado 6 CH, 6 PF e 2 C plaquetas. Cessado o sangramento o paciente evolui no 2º dia de internação hospitalar em S 75 UTI com estado geral regular (sem drogas vasopressoras, sem sedação). Continuou com melhora clínica, no entanto, começou a apresentar acidose metabólica acentuada apesar de bioquímica hepática pouco alterada (INR = 2, BT = 1,9mg/dl, Alb = 2,3mg/dl) e creatinina de 1,6mg/dl. Monitorização cardiológica foi reiniciada por hipercalemia (6,3). Quadro clínico de abdome agudo foi aventado por intensivista e o cirurgião assistente optou por realizar laparotomia cujo achado foi de extensa necrose de jejuno íleo. Optado por ressecção de toda necrose e confeccionado jejunostomia e fístula mucosa. Sepse abdominal instalou-se e evolução para falência de múltiplos órgãos com óbito ocorreu após 3 dias da cirurgia. Conclusões: A trombose venosa mesentérica é condição grave e todos os esforços devem ser dirigidos para sua confirmação rápida e instituição de tratamento adequado. PO-265 (256) SANGRAMENTO GASTROINTESTINAL NO DEPARTAMENTO DE EMERGÊNCIA: ESTUDO DEMOGRÁFICO E ETIOLÓGICO ATRAVÉS DA ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA FONSECA NETO OCL, ROCHA JÚNIOR ET, ARCOVERDE LCA, MIRANDA AL Serviço de Cirurgia de Emergência e Trauma do Hospital da Restauração, Recife – PE Fundamentos: A hemorragia digestiva alta necessita de uma rápida definição diagnóstico/terapêutica para obter-se bom prognóstico. A endoscopia digestiva é o principal aliado nessa condição, podendo contribuir de forma diagnóstica e/ou terapêutica. A etiologia varia com aspectos epidemiológicos como: idade, sexo, local de origem e hábitos sociais e, em 8-10% dos casos, tem causa desconhecida. São agentes etiológicos: doença ulcerosa péptica, varizes esofágicas, tumores, esofagite, dentre outras causas. Demonstrar o perfil epidemiológico da hemorragia digestiva alta dos pacientes admitidos no setor de emergência do Hospital da Restauração, Recife - PE. Métodos: Selecionamos laudos de endoscopias digestivas altas realizadas no Serviço de Endoscopia do Hospital da Restauração - PE, período entre setembro e novembro de 2005 (986 laudos), analisamos as variáveis: sexo, idade, indicação, diagnóstico, procedimentos realizados e complicações. Realizamos cálculos matemáticos nesses dados, elaborando tabelas com auxílio de programas de computador (Excel e SPSS) e confeccionamos gráficos para exposição dos resultados. Resultados: Das 986 endoscopias digestivas altas, 540 eram pacientes do sexo masculino (54,8%) e 446 do sexo feminino (45,2%). A média de idade geral foi 47,7 anos (47,3 anos para o sexo masculino e 48,3 anos para o feminino). A indicação mais freqüente foi hemorragia digestiva alta (394 casos – 39,9%), 252 pacientes do sexo masculino (63,9%) e 143 do sexo feminino (36,1%). A média geral de idade foi 54,5 anos, tendo-se uma média de 52,6 anos para os homens e 57,5 anos para as mulheres. Quanto à origem, 251 casos decorreram de varizes esofágicas (64%), 41 pacientes de úlcera duodenal (10,5%), 31 casos por úlcera gástrica (8%), Síndrome de Mallory-Weiss em 10 pacientes (2,5%), esofagite em 37 indivíduos (9%), em 7 casos, tumores Bormann III (2%), gastrite em 13 pacientes (3%), etiologia desconhecida 10 casos (2,5%). Dos pacientes com varizes esofágicas, 225 (90%) procediam de zonas endêmicas (esquistossomose) e em 26(10%) não se controlou o sangramento com esclerose ou ligadura. Conclusões: A hemorragia digestiva alta é bastante incidente e prevalente em nosso meio, tendo a participação de fatores epidemiológicos na sua etiologia. No nosso meio, varizes do esôfago constituem a principal etiologia. PO-266 (257) TROMBOSE VENOSA MESENTÉRICA NO PÓS-OPERATÓRIO DE ESPLENECTOMIA COM LIGADURA DE VEIA GÁSTRICA ESQUERDA EM ESQUISTOSSOMÓTICO FONSECA NETO OCL, ARCOVERDE LCA, FERNANDES JÚNIOR FAM, LUSTOSA RJC, MIRANDA AL Serviço de Cirurgia de Emergência e Trauma do Hospital da Restauração, Recife – PE Fundamentos: A isquemia mesentérica de origem venosa é rara (5-15%) e potencialmente evolui para o óbito. Pode ser de origem primária ou secundária, encontrando como principais fatores de risco: procedimento cirúrgico prévio e hipertensão portal. Os autores têm como objetivo relatar um caso de trombose venosa mesentérica após esplenectomia com ligadura de veia gástrica esquerda (ELGE) em esquistossomótico na urgência. Métodos: Relato de caso. Resultados: P.C.F., 50 anos, sexo masculino, natural e procedente de Macaparana/PE, é admitido na emergência do Hospital da Restauração com HDA maciça (1º sangramento). Realizada reanimação volêmica e tratamento endoscópico (esclerose de varizes esofagogástricas sangrantes) sem sucesso. Realizado IOT e colocação de balão de SengstakenBlakemore. O sangramento persistiu. Optado por cirurgia de emergência: esplenectomia com ligadura de veia gástrica esquerda. Apresenta boa evolução no pósoperatório imediato. Recebe alta da semi-intensiva no 2º dia de pós-operatório. No 4º dia de pós-operatório apresenta aumento do volume abdominal com dor e acidose metabólica intensa (ph = 7,2, Be = -12). Realizada laparotomia exploradora cujo achado foi necrose de 2/3 do delgado por trombose venosa mesentérica. Realizada ressecção intestinal extensa. Evoluiu para óbito no 6º dia de pós-operatório. Conclusões: Nos pacientes com múltiplos fatores de risco para trombose venosa mesentérica (cirurgia prévia, hipertensão portal, esplenectomia) a monitorização mais rigorosa poderá identificar precocemente surgimento de complicações trombóticas na área esplâncnica. S 76 PO-267 (292) SHUNT PORTOSSISTÊMICO PARAUMBILICAL COMO CAUSA DE ENCEFALOPATIA HEPÁTICA COELHO DL, ARAHATA CM, LOPES MSR, CABRAL MA, AZEVEDO TR, NUNES FILHO AC, DUARTE RM, LEITÃO L, FILGUEIRA NA Serviços de Clínica Médica e Radiologia Intervencionista do Hospital das Clínicas da UFPE, Recife Introdução: A Encefalopatia hepática (EH) compreende um conjunto de anormalidades neuropsiquiátricas que pode ocorrer em até 50% dos cirróticos, quando avaliados por testes psicométricos. A maioria dos episódios de EH é precipitada por fatores corrigíveis. Em alguns casos, o desenvolvimento de shunts portossistêmicos espontâneos pode ser o evento desencadeante ou agravante da EH. Relato de caso: Homem de 49 anos começou a apresentar episódios de desorientação, alteração de ciclo sono-vigília e sonolência dois meses antes do internamento, durante o qual apresentou vários episódios de EH grau III, sem fator precipitante demonstrável. Ele referia passado de etilismo importante (cerca de 180g de álcool/dia), tendo parado de beber há 4 anos, após um episódio de HDA. Ao exame físico não foram evidenciados sinais de icterícia ou ascite. A avaliação laboratorial hepática era razoavelmente preservada, com aminotransferases normais (BT 1,43mg/dl; INR 1,28; Albumina 2,8g/dl), correspondendo a um Child B e MELD 15. A EDA mostrou varizes de grosso calibre com manchas hematocísticas e a USG Doppler sugeriu a presença de shunt portossistêmico intra-hepático. Estudo arteriográfico com portografia indireta evidenciou veia paraumbilical recanalizada, calibrosa, que drenava para o plexo hemorroidário. Conseguimos o controle da sintomatologia com medidas clínicas e o paciente está em esquema de ligadura elástica das varizes esofágicas, sendo mantido em acompanhamento para avaliação da necessidade de procedimento para oclusão do shunt. Conclusão: Shunts Portossistêmicos constituem um fator precipitante de EH e devem ser pesquisados em pacientes com episódios recorrentes de EH sem causa aparente. A veia paraumbilical está presente como colateral em 25% dos pacientes com shunt portossistêmico. A oclusão do shunt por radiologia intervencionista deve ser realizada quando medidas clínicas forem ineficazes para o controle da EH. PO-268 (343) TRATAMENTO CIRÚRGICO DE EMERGÊNCIA EM PACIENTES ESQUISTOSSOMÓTICOS COM HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA FONSECA NETO OCL, ARCOVERDE LCA, FERNANDES JÚNIOR FAM, MORAES RP, MIRANDA AL Serviço de Cirurgia de Emergência e Trauma do Hospital da Restauração, Recife – PE Fundamentos: No Brasil, estima-se a existência de 8 milhões de indivíduos portadores da Esquistossomose Mansônica. A hemorragia decorrente de ruptura das varizes esofagogástricas ainda se apresenta como a principal causa de morbidade e mortalidade nos pacientes com a forma hepatoesplênica da esquistossomose. Apesar dos avanços no tratamento clínico, a necessidade da cirurgia poderá ser o único método de tratamento eficaz, rápido e seguro nesses pacientes no departamento da emergência. Demonstrar a utilização da esplenectomia associada a ligadura da veia gástrica esquerda em pacientes esquistossomóticos no departamento de emergência do Hospital da Restauração, Recife/PE. Métodos: O estudo foi realizado prospectivamente entre janeiro de 2002 e junho de 2007 no Serviço de Emergência do Hospital da Restauração, Recife/PE. Participaram do estudo os pacientes esquistossomóticos que eram admitidos com hemorragia digestiva alta e não apresentavam características de doença hepática crônica (parâmetros bioquímicos, endoscópicos e ultra-sonográficos). A sorologia foi realizada em todos os casos, no entanto, o seu resultado era observado no acompanhamento ambulatorial, assim como, a biópsia hepática realizada no ato operatório. A cirurgia foi realizada sempre por um dos autores e sistematizada segundo o Prof. Salomão Kelner (1965). Resultados: Quarenta pacientes, sendo 30 do sexo masculino e com idade média de 35,8 anos participaram do estudo. Todos provenientes da Zona da Mata (área endêmica da doença) e com passado de hemorragia digestiva (média de 2,3 episódios anteriores). A endoscopia foi realizada nos quarenta pacientes e o sítio de sangramento observado em 29 (varizes esofagogástricas). No restante, devido ao grande sangramento e instabilidade hemodinâmica, foi introduzido o balão Sengstaken-Blakemore. A ultra-sonografia foi realizada em 31 pacientes confirmando a fibrose periportal e ausência de características de cirrose. O hiperesplenismo ocorreu em todos e a albumina estava acima de 3,5 nos quarenta pacientes do estudo (média = 3,9mg/ dl). A cirurgia ocorreu no mesmo dia da admissão em 25, no segundo dia em 10 e no terceiro dia em 5 pacientes. Não houve óbito no intra-operatório. Dois pacientes apresentaram trombose de porta e evoluíram com infarto mesentérico e óbito no sétimo dia. Conclusões: A ELGE é um procedimento simples, rápido e seguro podendo, nesta série de casos, sugerir como opção de escolha na hemorragia digestiva alta nestes pacientes. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-269 (377) MELD COMO PREDITOR NÃO-ENDOSCÓPICO DA PRESENÇA DE VARIZES ESOFÁGICAS COM NECESSIDADE DE PROFILAXIA TAFAREL JR, TOLENTINO LHL, RODRIGUES RA, MARTINS FPB, ROHR MRS, NAKAO FS, LIBERA ED, FERRAZ ML, FERRARI AP Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, São Paulo Fundamentos: As varizes esofágicas (VE) ocorrem em até 90% dos cirróticos, tendo mortalidade de até 50% em cada episódio de sangramento. Apesar dos guidelines internacionais recomendarem a pesquisa endoscópica de VE para todo cirrótico, a identificação de preditores não-endoscópicos da sua presença mostra-se mais custoefetiva. Método: Estudo observacional, prospectivo, com cirróticos acompanhados no Setor de Gastroenterologia Clínica da UNIFESP/EPM. Excluíram-se portadores de esquistossomose, histórico de cirurgia portossistêmica, hemorragia digestiva alta ou infecção nos últimos 3 meses, uso crônico de beta-bloqueadores ou nitratos e realização de mais de uma sessão de terapia endoscópica para varizes de esôfago. De cada paciente coletaram-se dados sobre endoscopia digestiva alta, histórico de descompensações prévias pela cirrose e exames laboratoriais para cálculo do MELD, Child, APRI e contagem de plaquetas. Considerou-se VE com necessidade de profilaxia para hemorragia varicosa (PHV) aquelas de médio ou grosso calibre. Resultados: 195 pacientes avaliados (66% homens; média etária 50 anos; 61% cirrose por hepatite C crônica), dos quais 76 preencheram todos critérios de inclusão e nenhum de exclusão. Entre as descompensações pela cirrose, relatar hemorragia digestiva alta relacionou-se tanto com a presença de VE quanto com a necessidade de PHV (p < 0,001). Plaquetas abaixo de 70.000 mostrou-se como indicador da presença VE na subpopulação com hepatite C crônica (p: 0,04). O valor do APRI (p: 0,55), Child (p: 0,32) e do MELD (p: 0,33) não se relacionaram com a presença de VE. No entanto, MELD elevado (acima de 15) mostrou uma tendência estatística para a presença de VE com necessidade de PHV (p: 0,07). Conclusões: Neste estudo o MELD não se correlacionou com a presença de VE com necessidade de profilaxia para hemorragia varicosa. PO-270 (393) LIGADURA DE VEIA RENAL ESQUERDA PARA TRANSPLANTE HEPÁTICO CADAVÉRICO EM PACIENTES COM SHUNT ESPLENORENAL ESPONTÂNEO MARTINEZ R, ROZENFELD AC, BASTO ST, FERNANDES ESM Programa de Transplante Hepático – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: A hipertensão portal secundária à cirrose hepática predispõe ao desvio espontâneo do fluxo portal através de uma grande variedade de vasos colaterais para a circulação sistêmica. O shunt espleno-renal grande (SSR) é uma condição comum em receptores de transplante hepático, e sua persistência após o transplante pode resultar no “fenômeno de roubo portal”, levando à redução na perfusão do enxerto e conseqüente diminuição no aporte de fatores hepatotróficos sendo um fator predisponente para a disfunção do enxerto. Uma terapia alternativa para esse shunt é a ligadura da veia renal, que tem sido feita sem prejuízo importante da função renal e com restauração permanente do fluxo portal no transplante hepático intervivo (TIV). Métodos: Descrevemos três casos de ligadura de veia renal em pacientes com SSR relacionados a transplante hepático cadavérico. Em dois desses casos, o procedimento foi realizado durante o transplante e no terceiro caso a ligadura foi realizada uma semana após em paciente que apresentava piora progressiva da função hepática e com exames de imagem demonstrando grande shunt esplenorenal. Neste caso, após o procedimento, houve recuperação significativa da função do enxerto. A função renal, avaliada pelos níveis de uréia e creatinina plasmáticos foi elevou-se por alguns dias após os procedimentos porém normalizou-se em menos de uma semana em todos os pacientes. A diurese não foi afetada e nenhum dos casos necessitou de diálise. O fluxo portal permaneceu com valores dentro da normalidade durante todo o período de observação e todos os pacientes estão ainda vivos, com funções hepática e renal normais no acompanhamento ambulatorial. Conclusão: Embora com uma casuística inicial, a ligadura de veia renal em pacientes com SSR demonstra ser um procedimento seguro e de valor em pacientes de transplante cadavérico, como já sugerido nos casos de transplante intervivo. Este procedimento pode ser realizado também após o transplante. PO-271 (427) INFARTO INTESTINAL EM PACIENTE COM HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA MACIÇA FONSECA NETO OCL, ARCOVERDE LCA, ROCHA JÚNIOR ET, LUSTOSA ES, MIRANDA AL Serviço de Cirurgia de Emergência e Trauma do Hospital da Restauração, Recife – PE Fundamentos: A hemorragia digestiva alta de origem varicosa é um evento dramático e que ameaça a vida dos pacientes, principalmente naqueles que apresentam doença hepática grave. Modificações hemodinâmicas podem ocorrer e dependendo da severidade do quadro, induzir a formação de oclusão venosa esplâncnica. O aparecimento de trombose venosa mesentérica em hepatopatas após HDA, demonstra a intensidade do sangramento e o manejo, algumas vezes, inadequado. Os autores demonstram um caso de abdome agudo vascular em paciente cirrótico com heGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 morragia digestiva alta maciça. Métodos: Relato de caso. Resultados: C.A.F., 60 anos, sexo masculino, cirrose hepática secundária a álcool, MELD 22. Admitido na emergência do Hospital da Restauração com HDA. Apresenta-se em choque hipovolêmico (FC = 130, PA = inaudível). Estabelecida reanimação volêmica e IOT. Realizada EDA e identificado sangramento em varizes esofagogástricas. Realizada esclerose e balonamento com Sengstaken-Blakemore. Administrado 6 CH, 6 PF e 2 C plaquetas. Cessado o sangramento o paciente evolui no 2º dia de internação hospitalar em UTI com estado geral regular (sem drogas vasopressoras, sem sedação). Continuou com melhora clínica, no entanto, começou a apresentar acidose metabólica acentuada apesar de bioquímica hepática pouco alterada (INR = 2, BT = 1,9mg/dl, Alb = 2,3mg/dl) e creatinina de 1,6mg/dl. Monitorização cardiológica foi reiniciada por hipercalemia (6,3). Quadro clínico de abdome agudo foi aventado por intensivista e o cirurgião assistente optou por realizar laparotomia cujo achado foi de extensa necrose de jejuno íleo. Optado por ressecção de toda necrose e confeccionado jejunostomia e fístula mucosa. Sepse abdominal instalou-se e evolução para falência de múltiplos órgãos com óbito ocorreu após 3 dias da cirurgia. Conclusões: A trombose venosa mesentérica é condição grave e todos os esforços devem ser dirigidos para sua confirmação rápida e instituição de tratamento adequado. PO-272 (428) SANGRAMENTO GASTROINTESTINAL NO DEPARTAMENTO DE EMERGÊNCIA: ESTUDO DEMOGRÁFICO E ETIOLÓGICO ATRAVÉS DA ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA FONSECA NETO OCL, ROCHA JÚNIOR ET, ARCOVERDE LCA, MIRANDA AL Serviço de Cirurgia de Emergência e Trauma do Hospital da Restauração, Recife - PE Fundamentos: A hemorragia digestiva alta necessita de uma rápida definição diagnóstico/terapêutica para obter-se bom prognóstico. A endoscopia digestiva é o principal aliado nessa condição, podendo contribuir de forma diagnóstica e/ou terapêutica. A etiologia varia com aspectos epidemiológicos como: idade, sexo, local de origem e hábitos sociais e, em 8-10% dos casos, tem causa desconhecida. São agentes etiológicos: doença ulcerosa péptica, varizes esofágicas, tumores, esofagite, dentre outras causas. Demonstrar o perfil epidemiológico da hemorragia digestiva alta dos pacientes admitidos no setor de emergência do Hospital da Restauração, Recife - PE. Métodos: Selecionamos laudos de endoscopias digestivas altas realizadas no Serviço de Endoscopia do Hospital da Restauração-PE, período entre setembro e novembro de 2005 (986 laudos), analisamos as variáveis: sexo, idade, indicação, diagnóstico, procedimentos realizados e complicações. Realizamos cálculos matemáticos nesses dados, elaborando tabelas com auxílio de programas de computador (Excel e SPSS) e confeccionamos gráficos para exposição dos resultados. Resultados: Das 986 endoscopias digestivas altas, 540 eram pacientes do sexo masculino (54,8%) e 446 do sexo feminino (45,2%). A média de idade geral foi 47,7 anos (47,3 anos para o sexo masculino e 48,3 anos para o feminino). A indicação mais freqüente foi hemorragia digestiva alta (394 casos – 39,9%), 252 pacientes do sexo masculino (63,9%) e 143 do sexo feminino (36,1%). A média geral de idade foi 54,5 anos, tendo-se uma média de 52,6 anos para os homens e 57,5 anos para as mulheres. Quanto à origem, 251 casos decorreram de varizes esofágicas (64%), 41 pacientes de úlcera duodenal (10,5%), 31 casos por úlcera gástrica (8%), Síndrome de Mallory-Weiss em 10 pacientes (2,5%), esofagite em 37 indivíduos (9%), em 7 casos, tumores Bormann III (2%), gastrite em 13 pacientes (3%), etiologia desconhecida 10 casos (2,5%). Dos pacientes com varizes esofágicas, 225 (90%) procediam de zonas endêmicas (esquistossomose) e em 26(10%) não se controlou o sangramento com esclerose ou ligadura. Conclusões: A hemorragia digestiva alta é bastante incidente e prevalente em nosso meio, tendo a participação de fatores epidemiológicos na sua etiologia. No nosso meio, varizes do esôfago constituem a principal etiologia. PO-273 (429) TRATAMENTO CIRÚRGICO DE EMERGÊNCIA EM PACIENTES ESQUISTOSSOMÓTICOS COM HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA FONSECA NETO OCL, ARCOVERDE LCA, FERNANDES JÚNIOR FAM, MORAES RP, MIRANDA AL Serviço de Cirurgia de Emergência e Trauma do Hospital da Restauração, Recife - PE Fundamentos: No Brasil, estima-se a existência de 8 milhões de indivíduos portadores da Esquistossomose Mansônica. A hemorragia decorrente de ruptura das varizes esofagogástricas ainda se apresenta como a principal causa de morbidade e mortalidade nos pacientes com a forma hepatoesplênica da esquistossomose. Apesar dos avanços no tratamento clínico, a necessidade da cirurgia poderá ser o único método de tratamento eficaz, rápido e seguro nesses pacientes no departamento da emergência. Demonstrar a utilização da esplenectomia associada a ligadura da veia gástrica esquerda em pacientes esquistossomóticos no departamento de emergência do Hospital da Restauração, Recife/PE. Métodos: O estudo foi realizado prospectivamente entre janeiro de 2002 e junho de 2007 no Serviço de Emergência do Hospital da Restauração, Recife/PE. Participaram do estudo os pacientes esquistossomóticos que eram admitidos com hemorragia digestiva alta e não apresentavam características de doença hepática crônica (parâmetros bioquímicos, endoscópicos e ultra-sonográficos). A sorologia foi realizada em todos os casos, no entanto, o seu resultado era observado no acompanhamento ambulatorial, assim como, a biópsia S 77 hepática realizada no ato operatório. A cirurgia foi realizada sempre por um dos autores e sistematizada segundo o Prof. Salomão Kelner (1965). Resultados: Quarenta pacientes, sendo 30 do sexo masculino e com idade média de 35,8 anos participaram do estudo. Todos provenientes da Zona da Mata (área endêmica da doença) e com passado de hemorragia digestiva (média de 2,3 episódios anteriores). A endoscopia foi realizada nos quarenta pacientes e o sítio de sangramento observado em 29 (varizes esofagogástricas). No restante, devido ao grande sangramento e instabilidade hemodinâmica, foi introduzido o balão Sengstaken-Blakemore. A ultra-sonografia foi realizada em 31 pacientes confirmando a fibrose periportal e ausência de características de cirrose. O hiperesplenismo ocorreu em todos e a albumina estava acima de 3,5 nos quarenta pacientes do estudo (média = 3,9mg/ dl). A cirurgia ocorreu no mesmo dia da admissão em 25, no segundo dia em 10 e no terceiro dia em 5 pacientes. Não houve óbito no intra-operatório. Dois pacientes apresentaram trombose de porta e evoluíram com infarto mesentérico e óbito no sétimo dia. Conclusões: A ELGE é um procedimento simples, rápido e seguro podendo, nesta série de casos, sugerir como opção de escolha na hemorragia digestiva alta nestes pacientes. PO-274 (430) TROMBOSE VENOSA MESENTÉRICA NO PÓS-OPERATÓRIO DE ESPLENECTOMIA COM LIGADURA DE VEIA GÁSTRICA ESQUERDA EM ESQUISTOSSOMÓTICO FONSECA NETO OCL, ARCOVERDE LCA, FERNANDES JÚNIOR FAM, LUSTOSA RJC, MIRANDA AL Serviço de Cirurgia de Emergência e Trauma do Hospital da Restauração, Recife - PE Fundamentos: A isquemia mesentérica de origem venosa é rara (5-15%) e potencialmente evolui para o óbito. Pode ser de origem primária ou secundária, encontrando como principais fatores de risco: procedimento cirúrgico prévio e hipertensão portal. Os autores têm como objetivo relatar um caso de trombose venosa mesentérica após esplenectomia com ligadura de veia gástrica esquerda (ELGE) em esquistossomótico na urgência. Métodos: Relato de caso. Resultados: P.C.F., 50 anos, sexo masculino, natural e procedente de Macaparana/PE, é admitido na emergência do Hospital da Restauração com HDA maciça (1º sangramento). Realizada reanimação volêmica e tratamento endoscópico (esclerose de varizes esofagogástricas sangrantes) sem sucesso. Realizado IOT e colocação de balão de SengstakenBlakemore. O sangramento persistiu. Optado por cirurgia de emergência: esplenectomia com ligadura de veia gástrica esquerda. Apresenta boa evolução no pósoperatório imediato. Recebe alta da semi-intensiva no 2º dia de pós-operatório. No 4º dia de pós-operatório apresenta aumento do volume abdominal com dor e acidose metabólica intensa (ph = 7,2, Be = -12). Realizada laparotomia exploradora cujo achado foi necrose de 2/3 do delgado por trombose venosa mesentérica. Realizada ressecção intestinal extensa. Evoluiu para óbito no 6º dia de pós-operatório. Conclusões: Nos pacientes com múltiplos fatores de risco para trombose venosa mesentérica (cirurgia prévia, hipertensão portal, esplenectomia) a monitorização mais rigorosa poderá identificar precocemente surgimento de complicações trombóticas na área esplâncnica. Insuficiência Hepática Aguda/ Toxicidade por Drogas PO-275 (122) HEPATITE AUTO-IMUNE ASSOCIADA AO USO DE MEDICAMENTO: RELATO DE CASO MATA LAC, COUTO OFM, ANDRADE RB, TARANTO MPL, PRATA E, GOMES I, SATURNINO S, COUTO JCF, COELHO AN Hospital Lifecenter, Belo Horizonte Introdução: A hepatite auto-imune (HAI) é uma doença inflamatória crônica caracterizada pela presença de hipergamaglobulinemia, auto-anticorpos circulantes e infiltrado periportal linfoplasmocitário, com resposta satisfatória à imunossupressão. Sua etiologia é obscura e muito discutida. Fatores genéticos estão envolvidos, principalmente relacionados ao HLA. Existem relatos de HAI desencadeada pelo vírus da hepatite A, pelo mecanismo de mimetismo molecular. Alguns autores descrevem a possibilidade de medicamentos desencadearem HAI por meio da ação de metabólitos ativos que levariam à formação de neo-antígenos responsáveis pelo início de uma resposta imune contra o fígado, mediada por linfócitos T. A amoxicilina-clavulanato (AMX/CLV) tem sido citada como um desses medicamentos. Objetivo: Relatar um caso de hepatite auto-imune associada ao uso de AMX/CLV. Relato: Paciente feminina, 32 anos, natural de Belo Horizonte, previamente hígida. História familiar positiva para lúpus eritematoso sistêmico. História recente de micose mucocutânea com uso de cetoconazol 100mg duas doses com intervalo de 7 dias. Neste intervalo, fez uso de AMX/CLV por 7 dias para tratamento de infecção do trato urinário. No dia seguinte ao término do tratamento, iniciou com quadro de icterícia, colúria, adinamia e prostração, admitida, então para propedêutica. US abdominal sem alterações significativas. Exames laboratoriais: elevação em aminotransferares, 30 a 40 vezes o limite superior da normalidade (LSN) e enzimas canaliculares, bilirrubinas S 78 totais (BBT): 15 (direta 12), FA: 300 e GGT: 125. Hiperglobulinemia, FAN negativo, AMA negativo, ASMA positivo 1:160. Sorologias virais negativas. Biópsia hepática revelou hepatite de interface com infiltrado inflamatório linfoplasmocitário e presença de rosetas. Iniciado tratamento com prednisona 60mg/dia com melhora clínica e laboratorial. No quinto dia já houve queda significativa da dosagem de aminotransferases (5 vezes o LSN) e BBT (4,0). Conclusão: Com base nos mecanismos considerados na literatura, os autores acreditam tratar-se de um caso incomum de HAI desencadeada pelo uso de AMX/CLV. Estudos focados nas bases imunológicas da etiopatogenia da HAI são necessários para confirmarem essa associação. PO-276 (128) HIPERBILIRRUBINEMIA COMO RARO EFEITO ADVERSO DO USO DO ): RELATO DE CASO N-METIL-MEGLUMINA (GLUCANTIME ALCÂNTARA GAA, REIS AV, DIAS EES, LOUREIRO LVM, COUTO OFM, MIRANDA GM, LAURENTYS-MEDEIROS J Serviço de Gastroenterologia, Santa Casa de Belo Horizonte Introdução: O antimoniato de N-metil-meglumina (Sb) foi usado pela primeira vez no tratamento da leishmaniose visceral em 1937, na Índia. É uma droga bastante eficaz, cujo mecanismo de ação ainda não está completamente descrito. Ela apresenta alguns efeitos adversos, principalmente cardio, hepato e nefrotoxicidade. A elevação transitória das aminotransferases é relativamente comum (60% dos casos), mas em geral não há necessidade de interrupção do tratamento. Alterações em outras enzimas hepáticas têm sido raramente reportadas na literatura. Objetivo: Relatar o caso de colestase associada ao uso de Sb. Relato: paciente masculino, 42 anos, internado com quadro de febre prolongada, emagrecimento e pancitopenia. Sem comorbidades ou uso de medicamentos nos últimos 3 meses. Reação de fixação de complemento + para leishmaniose (1:160). Mielograma com alterações altamente sugestivas de infecção por leishmaniose (Celularidade 100%. Plasmócitos 4,3%. Aumentado número de células reticulares e de plasmócitos. Sinais indiretos de desiretropoese, não sendo observadas leishmanias na amostra). Foi iniciado tratamento com 20mg/kg/dia Sb EV. No segundo dia foi verificada elevação das bilirrubinas. US abdominal: sem alterações em vias biliares. Devido à piora progressiva da colestase, o medicamento foi suspenso após 4 dias de uso. Houve melhora laboratorial com redução importante dos níveis de bilirrubinas e optou-se por tratamento com anfotericina B. O paciente apresentou melhora clínica e laboratorial, recebendo alta 30 dias após início da anfotericina B. A Tabela abaixo mostra a evolução dos exames bioquímicos durante a internação: Pré-tto AST ALT GGT FA BT BD BI 106 82 507 388 0,68 0,29 0,39 2o dia 1o dia 5o dia 15o dia pós-tto pós-suspensão pós-suspensão pós-suspensão* (5o dia pós-tto) 187 73 649 606 4,55 3,47 1,08 149 63 7,32 6,68 0,64 126 72 558 635 2,49 2,25 0,24 31 34 145 189 1,00 0,88 0,12 *10 dias após a suspensão da medicação, optou-se pelo reinício do tratamento com Anfotericina B. Conclusão: Os autores acreditam tratar-se de colestase medicamentosa, efeito adverso incomum do uso de Sb. Ressalta-se a importância do registro completo das provas de função hepática pré-tratamento e seu acompanhamento durante o uso de Sb. PO-277 (157) TROMBOSE PORTAL RESOLVIDA EM PACIENTE COM HEPATOPATIA CRÔNICA INDUZIDA POR INDOMETACINA-RELATO DE CASO GABURRI PD, GIORDANO-VALÉRIO HM, MOUTINHO AC, CORTES-FERNANDES G, TOSTES LM Centro de Hepatologia da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora-MG Paciente com 59 anos, sexo feminino, branca, casada, natural e procedente de Juiz de Fora veio encaminhada ao Centro de Hepatologia por achado de varizes esofágicas em endoscopia realizada para investigação de quadro dispéptico e anemia crônica. Antecedente de uso diário de Indocid® há 8 anos para tratamento de Hemicrania Paroxística. Cirurgias prévias: partos normais, laqueadura tubárea, extração dentária total e uso de prótese dentária. Negava transfusão sanguínea prévia e icterícia no passado. Ao exame físico: mucosas descoradas e palidez cutânea ++/4+, anictérica, hepatimetria 8cm, baço palpável a 3cm do rebordo costal, IMC 29,9kg/m². A conduta inicial foi suspender a indometacina e solicitação de exames bioquímicos, sorológicos e ultra-sonografia de abdome com Doppler para investigação do quadro de Hipertensão Portal. Resultados dos exames: sorologias para vírus B e C negativas, hemoglobina: 9,3mg/dl; hematócrito 31%; VGM 72,9; leucócitos: 3700/mm³, plaquetas 115.000/mm³, reticulócitos 0,7%, AST 107UI, ALT 121UI, Fosfatase alcalina e GamaGT normais, Proteínas totais 7,4; albumina sérica 4,04; Anticorpos antimúsculo liso e anti-mitocôndria negativos, FAN 1:320 (confirmado). Foi submetida à biópsia hepática e fragmento apresentava 20 espaços-porta, ausência de fibrose e atividade inflamatória leve. Ultra-sonografia com Doppler: fígado com textura heteGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 rogênea, baço aumentado, veia porta com fluxo ausente e no seu interior trombo de aspecto recente. Iniciado tratamento com anticoagulante oral (varfarina sódica) mantendo valores do INR em torno de 2. Paciente retorna com melhora acentuada do quadro clínico, melhora da anemia, fazendo monitorização laboratorial da anticoagulação oral. Após 4 meses de tratamento traz novo US de abdome com Doppler: fluxo do sistema portal presente, hepatopetal, ausência de trombos, veias porta e esplênica dilatadas, esplenomegalia e sinais de hepatopatia crônica. Exames laboratoriais: ALT16UI, AST32UI. Discussão: Há vários relatos na literatura da hepatotoxicidade induzida pela indometacina, sendo a maioria de doença colestática. Este caso ilustra a hepatotoxicidade da droga referida, com elevação de FAN e com uma complicação pouco comum, a TP, resolvida com tratamento clínico. PO-278 (164) EFEITO DA AGRESSÃO HEPÁTICA POR BROMOBENZENO NA RESPOSTA HIPERTENSIVA PORTAL INDUZIDA POR ADMINISTRAÇÃO DE BRADICININA OU ANGIOTENSINA I BEGA RR, NAGAOKA MR, BORGES DR, KOUYOUMDJIAN M UNIFESP Fundamentos: No fígado, bradicinina (BK) e angiotensina (A) I promovem resposta hipertensiva portal (RHP), esta após sua obrigatória conversão em AII pela enzima conversora de angiotensina (ECA). As ações desses peptídeos ocorre predominantemente em zona 1 (periportal), enquanto a ECA, responsável também pela degradação de BK, predomina em zona 3 (perivenosa) (J Gastroenterol Hepatol. 2005;20:46373). O objetivo foi verificar o efeito da agressão específica da zona 3 por bromobenzeno (BB) na RHP induzida por administração de BK ou AI. Método: Ratos Wistar, machos, adultos (252 ± 8g), foram divididos em 2 grupos-controle, ratos normais (N) e ratos injetados i.p. com 0,5ml óleo de gergelim (OG) e 1 grupo experimental (BB), ratos injetados i.p. com 0,2ml BrBz em 0,5ml óleo de gergelim. Após 48h das injeções, foi feita perfusão de fígado isolado: as veias porta e cava inferior torácica e o ducto biliar foram canulados. BK (200nmol) ou AI (3,3nmol) foram injetadas na veia porta e a pressão portal foi monitorada e expressa como RHP (área sob a curva do gráfico “ganho de pressão x tempo de perfusão”). Os resultados (média ± epm) foram analisados por ANOVA seguido de teste de Newman-Keuls quando p < 0,05. Resultados: A morfologia hepática foi normal no grupo N, revelou discreto infiltrado inflamatório e depósito diminuído de glicogênio na zona 3, mas sem necrose no grupo OG e extensa necrose perivenosa no grupo BB. A secreção biliar (µl/min.g fig) foi menor no grupo BB (0,5 ± 0,05) que no grupo N (0,9 ± 0,1). A meia-vida de BSP (min) foi maior no grupo BB (3,2 ± 0,3) que nos controles (N = 2,3 ± 0,2 e OG = 2,1 ± 0,1). A ALT (U/l) sérica foi maior no grupo BB (116 ± 41) que no grupo N (19 ± 3) e a AST sérica foi maior no grupo BB (570 ± 157) que nos controles (OG = 97 ± 12 e N = 75 ± 4). Não houve diferença na RHP (cmH2O.min) por BK (N = 6 ± 1; OG = 7 ± 2; BB = 5 ± 1), mas a RHP por AI foi maior no grupo OG (38 ± 5) que nos demais (N = 20 ± 2 e BB = 18 ± 2). Conclusão: O veículo (óleo de gergelim) induz aumento da RHP por AII e a lesão da zona perivenosa diminuição da conversão hepática da AI. Apoio Financeiro: FAPESP (02/05260-6; 04/14746-5). PO-279 (236) INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO FERREIRA ASP, DOMINICI AJ, SILVA EA, BRAGA SJA, SOUZA MT, AZEVEDO PR, MELO IC, CARVALHO CSF, DINIZ NETO JA, BARBOSA MCG Núcleo de Estudos do Fígado – HU-UFMA – São Luis (MA) Fundamentos: Insuficiência hepática aguda (IHA) é um evento de alta mortalidade e no Brasil há poucas informações sobre causas e evolução desta afecção. Métodos: Este estudo teve o objetivo de determinar a incidência, causas e evolução da Insuficiência Hepática Aguda no Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA). Trata-se uma coorte que inclui todos os indivíduos com diagnóstico de IHA atendidos nas unidades de terapia intensiva (UTI) de adultos e pediátrica do HU-UFMA, no período compreendido entre agosto de 2006 e julho de 2007. O diagnóstico de IHA foi definido pela presença de INR ≥ 1,5, qualquer grau de alteração mental (encefalopatia) em pacientes sem diagnóstico prévio de doença hepática crônica e com sintomas de duração inferior a 26 semanas. Resultados: Foram identificados nove casos de insuficiência hepática aguda. Dentre estes, oito eram crianças, com média de idade de quatro anos, apenas um era adulto, uma mulher de 28 anos. O sexo feminino foi o mais acometido com sete (78%) casos. Cinco (55,5%) apresentavam alguma história familiar prévia de hepatites. A renda familiar média era de dois salários mínimos. Seis (67%) tinham níveis de ALT maior que 10 vezes o limite superior da normalidade. Dentre as possíveis causas identificadas observaram-se que três pacientes tinham história de uso de medicamentos hepatotóxicos antes do aparecimento do quadro, dois apresentaram anti-HAV-IgM positivos, um caso apresentou sorologia positiva para Dengue e preencheu critérios para o tipo hemorrágico, outro apresentou histopatológico confirmando neuroblastoma hepático e dois casos permaneceram indeterminados (dentre estes o único caso em adulto). Todos foram tratados com medidas de suporte. Cinco (55,5%) evoluíram para óbito. A média de tempo entre o início dos sintomas e o óbito foi de 23 dias e entre a internação e o óbito foi de 10 dias. Conclusões: Este estudo permitiu verificar que foram freqüenGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 tes os casos definidos como insuficiência hepática no HU-UFMA. A mortalidade, como esperado, foi elevada, especialmente pela ausência de transplante hepático em nosso meio. A maior incidência em crianças pode significar um viés, já que é a única UTI pediátrica do estado. PO-280 (246) INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA: ETIOLOGIA E EVOLUÇÃO CLÍNICA TADDEO EF, FERREIRA GER, SANTOS W, MEDINA AB, VIDAL BPM, MELO VAC, ÁVILA MS, MOUTINHO RS, ALTIERI L Serviço de Gastroenterologia – Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo – São Paulo, SP Fundamentos: A Insuficiência Hepática Aguda é uma condição grave associada à coagulopatia e alteração mental em pacientes sem doença hepática prévia. Pode ser causada por diversos agentes, tais como, vírus, auto-imunidade e drogas. O objetivo deste estudo foi avaliar a etiologia, apresentação clínica e evolutiva de 3 casos de Insuficiência Hepática Aguda. Métodos: Caso 1: paciente sexo feminino, 40 anos referia náuseas, vômitos e icterícia há 7 dias da internação. Relatava vários parceiros sexuais nos últimos meses e negava uso de drogas. Ao exame clínico apresentava-se agitada, ictérica 4+/4; sem estigmas de hepatopatia crônica. Evoluiu com encefalopatia grau III. Exames laboratoriais: TP > 120 segundos; glicemia 40mg/dl; BT 17mg/dl; ALT 4271U/L; HBsAg (+), HBeAg (+), anti-HBe (+), anti-HBc IgM (+). Demais sorologias foram negativas. A paciente foi encaminhada ao transplante hepático, evoluindo com sucesso. Caso 2: paciente sexo feminino, 46 anos havia sido submetida à cirurgia bariátrica há 6 meses. Apresentou quadro de hepatite aguda com rebaixamento do nível de consciência. Exames laboratoriais: TP 22 seg; BT 22mg/dl; glicemia 67mg/dl; ALT 544U/L; HBsAg (+), antiHBc IgM (+), HBeAg (+), anti-HBe (-), anti-HBs (-); demais sorologias negativas. A paciente recebeu suporte clínico e evoluiu com negativação do HBsAg. Caso 3: paciente sexo feminino, 46 anos, portadora de paraplegia em membros inferiores. Há 10 dias da internação apresentou quadro de hepatite aguda. Ao exame, apresentava-se ictérica, sem estigmas de doença hepática crônica. Exames laboratoriais: TP 56 seg; BT 16mg/dl; ALT 827U/L; glicemia 53mg/dl. As sorologias virais foram negativas e a pesquisa do anticorpo anti-músculo liso foi positiva. Evoluiu com rebaixamento do nível de consciência, sendo encaminhada ao transplante hepático com resultado satisfatório. Conclusão: A Insuficiência hepática aguda pode ser causada por doença hepática auto-imune e apresentar resposta satisfatória ao transplante hepático. A hepatite aguda B pode se apresentar sob a forma de doença grave e a indicação de transplante hepático deve ser considerada. PO-281 (297) HEPATITE SUBAGUDA POR ATAZANAVIR – RELATO DE CASO CORREIA LPMP, FREIRE DRQ, REIS JS, BRITO JDR, SILVA ISS, KEMP LV, SILVA AEB, FERRAZ ML Setor de Hepatites - Escola Paulista de Medicina/Unifesp, São Paulo Introdução: Os anti-retrovirais estão comumente associados a lesões hepáticas em graus variáveis. O atazanavir relaciona-se a elevações benignas dos níveis de bilirrubina indireta e, em 1 a 5% dos casos, de aminotransferases, com poucos relatos de hepatotoxicidade grave. Relato de caso: M.S.A., feminino, 27 anos, no curso de 15 semanas de gestação, admitida para investigação de dor epigástrica de leve intensidade, icterícia progressiva, colúria e febre baixa diária há 20 dias. Portadora do vírus HIV diagnosticado há 04 anos, fazia uso de AZT, 3TC e efavirenz, este último substituído por atazanavir há 04 meses. Não havia história prévia de icterícia gestacional. Relatava etilismo social e negava uso de drogas ilícitas ou outras medicações. Ao exame físico, apresentava-se em regular estado geral, hipocorada (1+/4+), ictérica (4+/4+), sem estigmas de hepatopatia crônica ou sinais de encefalopatia. Fígado palpável, pouco doloroso, e discreta esplenomegalia. Útero gravídico, palpável abaixo da cicatriz umbilical. Exames laboratoriais revelavam BT 23,6mg/dL, BD 19,1mg/ dL, AST 1920UI/L, ALT 748UI/L, gamaGT 80UI/L, FA 254UI/L, INR 2,58, Hb 10,2g%, Leuco 4000/mm3. Trazia mesmos exames realizados no pré-natal há um mês da admissão, sem anormalidades. Sorologias para sífilis, toxoplasmose, rubéola, hepatites virais A, B, C e E, herpes simples, Chagas e citomegalovírus foram negativas. Hemoculturas e urocultura, negativas. Fator antinuclear negativo. Carga viral do HIV = 824 cópias, com CD4 de 395/mm3. Ultra-sonografia de abdome revelando discreta dilatação de vias biliares intra-hepáticas, colédoco normal, litíase biliar e esplenomegalia discreta. Evoluiu com piora progressiva de função hepática, apresentando encefalopatia 10 dias após admissão, não responsiva às medidas realizadas, progredindo para óbito. Diante dos resultados da investigação, excluídas outras possíveis etiologias, foi feito o diagnóstico de hepatite subaguda por atazanavir. Conclusão: o Atazanavir tem sido associado a baixo perfil de hepatoxicidade. Entretanto, este caso demonstra que, em raras circunstâncias, toxicidade grave pode ocorrer, com evolução para insuficiência hepática e óbito. PO-282 (341) HEPATITE AGUDA MEDICAMENTOSA RIOS DA SILVEIRA PC Irmandade Santa Misericórdia de Angra dos Reis -RJ-Brasil Fundamentos: As doenças hepáticas ocasionadas por drogas (DHOD) são um grande problema para a medicina e a indústria farmacêutica, a cada dia amplia-se o arsenal terapêutico sabendo-se que a maior parte dos princípios ativos das drogas S 79 são metabolizadas no fígado, é indispensável ao médico conhecer as reações às drogas. A incidência aumenta desde 1960 com risco de 1-10 por 100 mil expostos sendo a susceptibilidade individual (genética). Seu metabolismo, resposta bioquímica e imunológica são influenciados pela idade, sexo, estado nutricional, uso de outras drogas e ou álcool. Cerca de 80% a 90% das DHOD são Hepatites Agudas sendo as alterações dos testes de função hepática que traduzem o tipo e a gravidade da lesão hepática (fiéis marcadores) mas não a etiologia do agente agressor. As estatinas, drogas utilizadas em larga escala, podem causar hepatite aguda principalmente quando adicionadas a outras drogas e ou álcool. Métodos: Estimular o reconhecimento das DHOD que incluem um espectro de alterações bioquímicas e estruturais até a lesão hepatocelular com danos muitas vezes irreversíveis, através do relato do caso clínico Hepatite Aguda por Atorvastatina e álcool. Caso Clínico: homem, 57 anos, comerciante, natural do RJ, etilista inveterado (uísque), após 07 dias usando Atorvastatina 10mg apresentou dor abdominal em HD, icterícia (++), colúria e astenia. Exames complementares: ast = 339; alt = 700; ggt = 1330; fa = 675; bt = 4,7 (d = 2,9); ct = 306; ldl = 183; tg = 114; hemograma completo normal; gli = 93; Anti HVA IgG = positivo, demais marcadores virais negativos; AFP = 3,9; US e TC de abdômen normais. Resultados: Após suspensão da atorvastatina houve completa remissão dos sinais e sintomas com normalização progressiva das provas de função hepática em 30 dias, permanecendo pouco elevadas GGT e FA. Paciente não se absteve da bebida mantendo dieta e atividade física. Conclusões: É difícil prevenir manifestações de drogas cujos efeitos secundários são desconhecidos e podem ocorrer de forma aguda ou após uso prolongado. Desta forma a melhor prevenção das DHOD é conhecer bem a hepatotoxicidade de cada droga, manter o paciente sob vigilância ao prescrever uma nova droga e valorizar fatores predisponentes (idade, sexo, hepatopatias prévias, uso de álcool e outras drogas). O paciente deve ser alertado sobre efeitos secundários, realizar controle bioquímico freqüente e eventualmente biópsia hepática. PO-283 (342) HEPATOTOXICIDADE POR DROGAS RIOS DA SILVEIRA PC Irmandade Santa Misericórdia de Angra dos Reis-RJ-Brasil Fundamentos: Até 2004 foram catalogados mais de 1200 fármacos hepatotóxicos c/ aproximadamente 15 mil referências bibliográficas, alguns agentes causam lesão hepáticas clinicamente significativas em outros a hepatoxicidade tardia. A hepatite aguda é a mais comum doença hepática ocasionada por drogas (dhod). As dhod podem produzir vários tipos de lesão, a maioria causa alterações transitórias das enzimas hepáticas e as reações do fígado às drogas são variadas. Desta forma conhecer as dhod é fundamental no diagnóstico diferencial das hepatopatias e detecção precoce de alterações que previnam o desenvolvimento de hepatopatias mais graves. Métodos: Através de um caso clínico alertar e estimular ao médico conhecer as reações às drogas em virtude do volume crescente de medicamentos, agentes industriais e princípios ativos naturais hepatotóxicos. Caso clínico: mulher, 53 anos sem hepatopatia prévia admitida com AVC hemorrágico por HAS (clínica + TC) que após cinco dias usando metildopa e fenitoína evoluiu com icterícia progressiva (bt = 19,5; bd = 15) e elevação de enzimas hepáticas (ast = 516; alt = 304; tap = 25/51%; ggt = 668; fa = 349) desenvolvendo a seguir IRA (u = 216; c = 4,5), encefalopatia e sepsi no CTI. Os marcadores de hepatite viral (A, B, C) e FAN foram negativos e o US normal. A paciente no CTI (17 dias) realizou hemodiálise, hemotransfusão e antibioticoterapia, permaneceu internada 15 dias obtendo alta com recuperação plena das funções hepáticas, renais e cognitivas (ast = 32; alt = 39; ggt = 52; fa = 198; tap = 16/78%; bt = 0,8; u = 18; c = 0,5; k = 4,9 Resultados: Após interrupção das drogas hepatotóxicas (fenitoína e metildopa) no 5º dia houve rápida queda das enzimas hepáticas e bilirrubinas que normalizaram após 12 dias sendo a insuficiência e sepse renal agravantes. Conclusões: O médico deve observar atentamente o paciente ao usar novas drogas principalmente se forem hepatotóxicas e também conhecer os fatores predisponentes: sexo idade, gravidez, doenças hepáticas preexistentes, estado nutricional, uso de outras drogas e álcool. É indispensável que o paciente seja alertado sobre possíveis para efeitos, haja controle bioquímico das enzimas hepáticas, fiéis marcadores de DHOD e eventualmente biópsia hepática. PO-284 (346) HEPATOTOXICIDADE POR α METILDOPA (α α -MD) COM HISTOLOGIA SIMULANDO LESÃO POR HCV – RELATO DE DOIS CASOS REIS JS, FREIRE DRQ, BRITO JDR, CORREIA LPMP, NETO GR, FLORES GG, FELDNER ACCA, LANZONI VP, PARISE ER, KONDO M Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP/EPM Hepatotoxicidade por α-MD é bem conhecida, mais comum em mulheres e pode se apresentar como colestase, hepatite aguda ou crônica, e cirrose. A lesão histológica pode se assemelhar à de hepatite viral. Descrevemos 2 casos com essa evolução. Caso 1: mulher, 69 anos, episódios de icterícia há 2 anos. Antecedentes: DM tipo 2, HAS, sem tabagismo ou etilismo. Em uso de glibenclamida e α-MD há 3 anos. Ao exame: IMC 32, cintura 90cm, ictérica, sem estigmas de hepatopatia crônica, Traube ocupado. ALT e AST 4x LSN, BT 10x LSN e GGT 6x LSN; boa função hepática. Sorologias para vírus B e C e auto-anticorpos negativos. Perfil de ferro e lipídico S 80 normais. US: fígado heterogêneo, esplenomegalia discreta. EDA sem varizes de esôfago. Biópsia hepática: hepatite crônica, com agressão de hepatócitos periportais, reação ductular e agregados linfóides sugerindo infecção por HCV. Ausência de esteatose. HCV RNA indetectável. Após suspensão da α-MD houve normalização das transaminases, GGT e BT. Caso 2: mulher, 32 anos, desenvolveu pré-eclâmpsia no 8° mês de gestação, sendo submetida à cesariana. Recebeu alta em uso de α-MD. Após 2 meses apresentou aumento de transaminases. Epidemiologia positiva para esquistossomose, sem tabagismo ou etilismo. Ao exame: ictérica, sem estigmas de hepatopatia crônica, baço a 2cm do RCE e sem ascite. Aminotransferases 3x LSN, FA 3x LSN, GGT 4x LSN, BT 1,5mg/dL. Função hepática normal. Sorologias para vírus B e C e auto-anticorpos negativos, perfil de ferro normal. Sem critérios para síndrome metabólica. US: fígado heterogêneo, atrofia de lobo direito e aumento de lobo esquerdo; esplenomegalia. EDA: varizes esofágicas. Biópsia hepática (14 espaçosporta): hepatite crônica, com septos porta-porta, agressão de hepatócitos periportais, agregados linfóides, esteatose e lesão ductal, sugerindo infecção por HCV. HCVRNA indetectável. Após suspensão da α-MD houve redução de transaminases, enzimas colestáticas e BT. Diagnóstico: hipertensão portal esquistossomótica e hepatotoxicidade por α-MD simulando lesão histológica por HCV. Discussão: Os relatos chamam a atenção para a hepatotoxicidade por α-MD, cujo espectro de lesões pode incluir hepatite crônica semelhante à encontrada na infecção pelo HCV. PO-285 (447) ALOPECIA INDUZIDA POR AZATIOPRINA - RELATO DE CASO ROCHA CM, LIMA LL, IHARA LT, NAHMIAS D, FERREIRA FL Serviço de Hepatologia - Hospital Universitário Getúlio Vargas - Universidade Federal do Amazonas - Manaus/AM Fundamentos: A azatioprina é uma droga imunossupressora utilizada em combinação com prednisona no tratamento de hepatite auto-imune, como poupador de corticóide. Os principais efeitos adversos descritos pela literatura são citopenias, especialmente leucopenia, pancreatite e hepatite. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 32 anos, durante investigação de amenorréia foi evidenciado aumento das transaminases, motivo pelo qual foi encaminhada para ao serviço de Hepatologia. À avaliação clínica inicial apresentava icterícia sem estigmas de hepatopatia crônica, com os seguintes exames laboratoriais e de imagem: bilirrubina total 5,2mg/ dl e bilirrubina direta 4,8mg/dl, AST e ALT elevadas 43 vezes o limite superior do normal (LSN), fosfatase alcalina 200U/L, gama-GT 88U/L, INR 1. 53, albumina 3,2g/ dl, gamaglobulina 3,91g/dl, hemograma normal, FAN 1/320, anti-LKM 1/160, antimúsculo liso negativo, ceruloplasmina 25mg/dl, cobre sérico total 91mcg/dL, ferritina 2493mcg/L, ferro 304mg/dl, sorologias para hepatites B e C negativas e ultrasonografia de abdome superior demonstrando heterogeneidade hepática discreta. A paciente alcançou 16 pontos pré-tratamento, no sistema de escore do International Autoimmune Hepatitis Group, obtendo diagnóstico definitivo de hepatite autoimune. Foi iniciado tratamento com prednisona 40mg/dia e azatioprina 50mg/dia. Após 3 semanas houve resposta bioquímica expressiva, com transaminases 2 x o LSN, porém a paciente desenvolveu alopecia difusa de couro cabeludo. Optou-se por suspender a azatioprina, manter prednisona 40mg/dia e uso tópico de minoxidil 3%, DMSO 20% e piritionato de zinco 2% shampoo base, sendo observado melhora progressiva da alopecia após um mês de acompanhamento. Discussão: A ocorrência de alopecia associada ao uso de azatioprina é rara, o tratamento consiste de suspensão da droga. A ciclosporina, medicamento imunossupressor de escolha quando há intolerância à azatioprina, é também uma opção no tratamento da alopecia. NASH PO-286 (118) INFLUÊNCIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL, DISLIPIDEMIA E DIABETES MELLITUS NO COMPORTAMENTO DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM OBESOS PÓS-CIRURGIA BARIÁTRICA SOARES DD, ANDRADE AR, MELO V, ALMEIDA A, ALVES A, SIQUEIRA AC, COTRIM HP Faculdade de Medicina – Universidade Federal da Bahia; Núcleo de Cirurgia de Obesidade – Bahia Fundamentos: Em obesos graves a cirurgia bariátrica é considerada um tratamento promissor para controle da Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA). Melhora clínica e histológica da DHGNA tem sido observada após a perda de peso induzida pela cirurgia. Este estudo teve como objetivo identificar se componentes da síndrome metabólica (SM) como hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes influenciaram no comportamento clínico e bioquímico da DHGNA pós-cirurgia bariátrica (CBA). Métodos: Estudo coorte, onde foram avaliados obesos graves após CBA (Fobi-Capella). Incluídos pacientes com idade ≥ 18 anos, de ambos os sexos com diagnóstico de DHGNA. Excluídos etilistas crônicos e portadores de outras doenças do fígado. A biópsia hepática foi realizada durante a cirurgia. Todos os casos tiveram avaliação clínico-laboratorial (ALT, AST, GGT, lípidas, glicemia e insulina). SM foi definida pelos critérios: circunferência abdominal ≥ 88cm para mulheres, ≥ 103cm para homens; pressão arterial ≥ 130/85mmHg, HDL < 40mg/dL para homens, < 50mg/dL para mulheres; glicemia de jejum ≥ 110mg/dL. Utilizou-se o software SPSS para tabulação e análise dos dados. Projeto aprovado pelo CEP- CPqGMGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 FIOCRUZ- Bahia. Resultados: Avaliados 41 pacientes, 26 (63,4%) do sexo feminino, com média de idade de 40 ± 12,4 anos. O tempo médio de avaliação pós CBA foi de 20 meses (12-30). Todos (100%) dos obesos perderam peso, média de 46,3kg, reduzindo-se o IMC de 91,3% dos pacientes para menos de 35kg/m2 e 57,14% para IMC < 29kg/m2. Também houve redução na medida da circunferência abdominal (média de 94cm). Todos os pacientes, normalizaram a PA, inclusive os hipertensos (média de 121,4 x 78mmHg). A média da glicemia de jejum caiu de 101,6 para 85,6mg/dL, normalizando-se inclusive em 2(5) diabéticos. Após CBA a resistência à insulina (HOMA) diminuiu de 7,1 para 1,3; a média do colesterol total de 209,6 para 165,7mg/dl; LDL médio foi 90,9mg/dL; HDL médio de 57,2mg/d; triglicérides médio de 85,2mg/dL. ALT, AST estavam normais em 100% dos casos e 2 deles mantiveram elevação de GGT. Antes da cirurgia 60,5% (23) dos pacientes apresentavam critérios para SM e após perda ponderal, 6,5% dos pacientes apresentavam a SM. Conclusão: Os resultados do estudo sugerem que em obesos graves, o tratamento através da cirurgia bariátrica contribui no controle da DHGNA e Síndrome Metabólica. Entretanto, mesmo com resultados satisfatórios, esta forma de tratamento deve ser indicada com muito critério. PO-287 (133) ESTUDO PROSPECTIVO DO PERFIL ANTROPOMÉTRICO E METABÓLICO DE PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA FEROLLA SM, COUTO OFM, LIMA MLP, GODINHO MM, ANDRADE MM, COUTO CA, FERRARI TCA Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina/Hospital das Clínicas, Belo Horizonte Fundamentos: A doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) é caracterizada pelo acúmulo de lipídios nos hepatócitos de pacientes sem história de ingestão alcoólica excessiva. Abrange espectro de alterações que vai de esteatose e esteatohepatite a cirrose hepática e é considerada o componente hepático da síndrome metabólica. A prevalência em obesos e diabéticos é de 70% e na população geral, 20%. A literatura brasileira é escassa na descrição do estado nutricional e metabólico de pacientes com DHGNA. Métodos: Trata-se de estudo prospectivo de 34 pacientes que teve como objetivo determinar o perfil antropométrico e metabólico de pacientes com DHGNA acompanhados no Ambulatório de Fígado do HC-UFMG. A avaliação clínica e laboratorial foi feita segundo protocolo específico. Na análise estatística utilizou-se o software SPSS. Resultados: Houve predomínio do sexo feminino (70,6%) e a idade média foi 54,8 ± 9,5 anos. Verificou-se esteatose em 70,6%, esteato-hepatite em 26,5% e cirrose em 2,9% dos pacientes. Os dados antropométricos indicaram sobrepeso em 35,3% e obesidade em 64,7% dos pacientes, sendo que 41,2% tinham obesidade classe I, 20,6% classe II, e 2,9% classe III. A topografia da gordura corporal mostrou obesidade central em 94,1%; destes, 76,5% tinham circunferência da cintura muito aumentada (homem > 102, mulher > 88cm). A maioria dos indivíduos (64,7%) era sedentária. Diabetes mellitus (DM) foi observado em 38,2% e resistência insulínica em 50,0% (HOMA 3,4 ± 3,0 e insulinemia de 11,4 ± 5,6µU/ml). Identificou-se dislipidemia em 70,6% sendo que 54,2% apresentavam triglicérides e colesterol aumentados, 25% hipertrigliceridemia e 20,8% hipercolesterolemia isolados. Hipertensão arterial (HAS) foi registrada em 67,9%. A média dos valores encontrados para AST, ALT e FA situou-se dentro dos valores de referência, entretanto, a GGT apresentou-se 1,7 ± 1,7 vezes acima do limite da normalidade. Conclusão: A DHGNA foi mais freqüente em indivíduos do sexo feminino, obesos e sedentários com dislipidemia, HAS e resistência insulínica. Nessa amostra, 79 pacientes (43%) apresentavam SM. Os pacientes com SM (G1) tinham idade mais avançada (56+11 vs. 48 + 13; p < 0,001), maior prevalência de diabetes mellitus (38% vs. 5%; p < 0,001), hipertensão arterial (80% vs. 10%; p < 0,001), níveis de triglicerídeos elevados (82% vs. 15%; p < 0,001) e níveis reduzidos de HDL (77% vs. 17%; p < 0,001). Não houve diferença entre os grupos quanto ao sexo (p = 0,59), cor (p = 0,10), IMC (p = 0,09), ALT (p = 0,30), AST (p = 0,16), relação AST/ALT (p = 0,92), GGT (p = 0,73), ferritina (p = 0,12), TSH (p = 0,88), ácido úrico (p = 0,49) e evidências de doença hepática avançada (p = 0,18). Conclusões: A prevalência de SM em pacientes de DHGNA é elevada, porém esta condição não determinou diferenças na expressão clínica da doença hepática. PO-289 (148) RELAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE HOMA-IR E INTOLERÂNCIA À GLICOSE EM PORTADORES DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA (DHGNA) FERNANDES TP, SEGADAS-SOARES JA, LEITE NC, NABUCO LC, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: Amplas evidências existem de que a DHGNA está associada à resistência insulínica (RI). O clamp hiperinsulinêmico euglicêmico é o padrão-ouro para avaliação de RI e o HOMA-IR apresenta boa correlação com este método, porém reflete apenas a medida de insulina no seu estado basal. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de HOMA-IR alterado e sua relação com a presença de intolerância à glicose em portadores de DHGNA. Metodologia: Foram incluídos pacientes com US revelando fígado hiperecogênico, com redução da atenuação do feixe sonoro compatível com infiltração gordurosa hepática e/ou biópsia hepática (BH) sugestiva de DHGNA pelos critérios de Brunt (1999). Foram excluídos pacientes com ingestão alcoólica ≥ 20g/dia e aqueles com diagnóstico de diabetes mellitus. O índice de HOMA-IR foi calculado pela fórmula de Matthews (insulina µU/ml x glicose mmol/L/22,5), sendo considerados elevados valores acima de 2,5. Os critérios de intolerância à glicose foram aqueles definidos pela Associação Americana de Diabetes (2006). Resultados: Foram avaliados 172 pacientes com DHGNA, 116 (67%) do sexo masculino, com idade de 50+12 (21-80) anos. Obesidade estava presente em 67 pacientes (39%). Nessa amostra, 91 (53%) pacientes apresentavam HOMA-IR superior a 2,5 e 63 (37%) intolerância à glicose. Não houve diferença entre idade e sexo nos pacientes com HOMA-IR normal ou elevado, porém a prevalência de obesidade (54% vs. 22%; p < 0,001) e a mediana do IMC (30 vs. 28; p < 0,001) foram maiores nos pacientes com HOMA-IR > 2,5. Observou-se maior prevalência de intolerância à glicose nos pacientes com HOMA-IR > 2,5, em comparação àqueles com HOMA-IR ≤ 2,5 (45% vs. 27%; p = 0,015). Pacientes intolerantes à glicose apresentaram valores do índice de HOMA-IR superiores àqueles com tolerância normal à glicose (mediana: 3,1 vs. 2,1; p = 0,002). Conclusões: Entre pacientes com DHGNA a prevalência de HOMA-IR alterado é elevada. Existe associação entre a presença de intolerância à glicose e HOMA-IR alterado. No entanto, cerca de 1/4 dos pacientes com índice de HOMA-IR normal apresentam intolerância à glicose, sugerindo que o HOMA-IR não deve ser utilizado como critério diagnóstico isolado de resistência insulínica. PO-290 (215) FATORES PREDITIVOS DE ESTEATOHEPATITE EM PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA MOURA F1, BANDEIRA F1, PEREIRA LMMB1,2 PO-288 (147) DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) COM E SEM SÍNDROME METABÓLICA (SM): EXISTE DIFERENÇA NA APRESENTAÇÃO CLÍNICA DA DOENÇA HEPÁTICA? LEITE NC, FERNANDES TP, SEGADAS-SOARES JA, NABUCO LC, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, COELHO HSM Serviço de Hepatologia – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A síndrome metabólica (SM) é freqüente em pacientes portadores de DHGNA. Ainda não está estabelecido se existe diferença na apresentação clínica em pacientes com DHGNA com e sem SM. O objetivo desse estudo foi determinar a prevalência da síndrome metabólica em portadores de DHGNA e comparar as características demográficas, laboratoriais e ultra-sonográficas em pacientes com e sem síndrome metabólica. Metodologia: Foram incluídos pacientes com US revelando fígado hiperecogênico, com redução da atenuação do feixe sonoro compatível com infiltração gordurosa hepática e/ou biópsia hepática (BH) sugestiva de DHGNA pelos critérios propostos por Brunt (1999). Os pacientes que apresentavam cirrose à BH e/ou redução volumétrica do fígado, esplenomegalia, veias hepáticas portalizadas, aumento do diâmetro (> 1,2cm) e/ou redução do fluxo portal (< 15cm/ seg) foram considerados portadores de doença avançada. Foram excluídos pacientes com ingestão alcoólica maior ou igual a 20g/dia. Os critérios para o diagnóstico de SM foram aqueles definidos pela ATPIII (2002). Foi realizada análise comparativa entre os pacientes com (G1) e sem SM (G2) em relação às variáveis demográficas, laboratoriais e achados ultra-sonográficos. Resultados: Foram avaliados 182 pacientes com DHGNA, sendo 110 (60%) do sexo masculino, com média de idade de 51+12 (21-81) anos e mediana do índice de massa corporal (IMC) de 28kg/m2. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 1. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade de Pernambuco – FCM/UPE, 2. Instituto do Fígado de Pernambuco – IFP/PE, Brasil A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) vem se tornando uma das hepatopatias crônicas mais prevalentes no mundo. Existem formas leves (esteatose simples) e formas avançadas (esteatohepatite), com risco de evolução para cirrose e insuficiência hepática. A diferenciação inequívoca entre as formas só pode ser feita através da avaliação histológica do tecido hepático, o quê implicaria em submeter todos os pacientes à biópsia hepática. O objetivo desse estudo foi identificar fatores preditivos de Esteatohepatite Não Alcoólica (EHNA) entre os pacientes com DHGNA, atendidos no período de 1998 a 2006, no ambulatório de Hepatologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), Recife, Pernambuco, Brasil. Os prontuários de todos os pacientes atendidos no ambulatório de hepatologia do HUOC entre 1998 e 2006 foram avaliados. Os pacientes foram divididos em dois grupos, EHNA e esteatose simples, de acordo com o resultado da biópsia hepática, baseados na classificação de Brunt. Múltiplas variáveis (biológicas, clínicas e laboratoriais) foram submetidas a análise uni e multivariada, no intuito de detectar qualquer diferença significativa entre os grupos. Cento e treze pacientes foram selecionados para o estudo. Cinqüenta e oito tinham EHNA (51%) e cinqüenta e cinco tinham esteatose simples (49%). Após análise multivariada, a Glicemia em jejum maior que 100mg/dl (OR = 2,74, IC = 1,1 – 7,4, p = 0,046), o índice de HOMA-IR maior que 3,0 (OR = 5,30, IC = 1,16 – 24,1, p = 0,038), os níveis séricos de AST uma e meia vezes acima dos normais (OR = 6,0, IC = 1,71 – 20,1, p = 0,005) e os níveis séricos de ferritina elevados – maiores que 180mg/dl no gênero feminino e 300mg/dl no gênero masculino - (OR = 5,03, IC = 1,67 – 15,1, p = 0,0041), foram fatores associados com EHNA. As variáveis glicemia em jejum, índice HOMA-IR, níveis séricos de AST e níveis S 81 séricos ferritina foram fatores preditores de EHNA, forma grave de DHGNA, nos pacientes atendidos no ambulatório de Gastro-Hepatologia do HUOC, em Recife, Pernambuco, Brasil, no período de 1998 a 2006. KUBRUSLY MS, BELLODI-PRIVATO M, STEFANO JT, SÁ SV, CORRÊA-GIANNELLA ML, MACHADO MCC, BACCHELLA T PO-291 (241) EFEITO DA ASSOCIAÇÃO METIONINA, COLINA E BETAÍNA SOBRE A DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA – ESTUDO PILOTO SALGADO AL, OASHI A, LEITE-MOR M, PARISE ER UNIFESP/EPM – São Paulo Fundamentos: O estresse oxidativo tem sido responsabilizado pela progressão da doença hepática gordurosa não alcoólica para suas formas mais avançadas (esteatoepatite) e o uso de medicamentos antioxidantes pode ser benéfico para esses pacientes. A associação metionina, colina e betaína, pode aumentar as concentrações hepáticas de glutationa, principal sistema antioxidante do fígado. Além disso, estudos com a betaína demonstram redução da inflamação e fibrose na DHGNA. Objetivo: Avaliar os efeitos da administração de uma solução de dl-acetilmetionina 40mg/ ml, citrato de colina 53mg/ml e betaína 50mg/ml, 3x/dia, sobre parâmetros séricos de estresse oxidativo, enzimas hepáticas e grau de esteatose na DHGNA. Métodos: 45 pacientes com DHGNA diagnosticados através de esteatose em exame de imagem + elevação de enzimas hepáticas, foram randomizados para receber placebo (n = 13) ou droga ativa (n = 30). Todos realizaram dosagens de enzimas hepáticas, glicemia, insulina e ácido úrico, malonaldeído (TBARS), glutationa total, (técnica de Sies), homocisteína (HLPC) e hidroperóxidos (FOX) em sangue periférico e tomografia computadorizada de abdome para avaliação da densidade hepática antes e após o uso da medicação. Na análise estatística foram utilizados os testes MannWhitney e Friedman. Resultados: Não foram observadas diferenças significantes entre os grupos placebo e droga ativa antes do inicio do tratamento. Não houve relatos de efeitos colaterais ou toxicidade que pudesse ser atribuída ao medicamento. Grau de esteatose hepática medido pela tomografia e HOMA-IR não apresentaram variações significantes nos dois grupos nos diferentes tempos. O grupo tratado apresentou valores de glutationa (5,32 2,1 X 4,30 1,2 p < 0,001) e homocisteína (9,1 8,1 X 7,5 3,0, p = 0,047) significativamente menores, ao final do tratamento em relação ao placebo. Para valores intra-grupo, encontramos redução significante de MDA, homocisteína somente no grupo droga ativa ao longo do tratamento. Conclusão: A associação de betaína, colina e homocisteína é capaz de reduzir parâmetros séricos de estresse oxidativo em pacientes com DHGNA, mas a importância clínica desse achado ainda necessita ser estabelecida. Agradecimentos: Laboratórios Nycomed Pharma Ltda. IDENTIFICAÇÃO DO VALOR DE CORTE PARA O ÍNDICE DE RESISTÊNCIA INSULÍNICA (HOMA-IR) NA DIFERENCIAÇÃO ENTRE PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA E INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS SALGADO AL, CARVALHO L, LEITE-MOR M, SANTOS VN, UEZATO NT, PARISE ER UNIFESP/EPM – São Paulo Fundamentos: O índice de resistência insulínica (RI) pelo modelo homeostático (HOMA-IR) tem sido utilizado em estudos clínicos e epidemiológicos para identificar pacientes com RI e doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Entretanto, valores arbitrários têm sido utilizados na identificação do ponto de corte utilizado nessa diferenciação. Objetivos: Nesse trabalho nos propusemos a identificar o valor de corte do HOMA-IR que melhor diferencie pacientes com DHGNA de indivíduos do grupo controle (sem doença hepática, não obesos e com curva de sobrecarga oral à glicose dentro dos limites da normalidade). Métodos: Foram selecionados 116 pacientes com DHGNA diagnosticados por biópsia hepática ou por esteatose à ultra-sonografia e elevação de enzimas hepáticas. O grupo controle foi composto de 88 indivíduos sem doença hepática detectável, IMC < 25, TTG normal e com idade e gênero semelhantes ao grupo de pacientes avaliados. Todos realizaram teste de tolerância oral à glicose e insulina de 120 min após 75g de dextrosol. Foi calculado o HOMA-IR. Para análise estatística foram utilizados os testes 2, teste “t” de Student e curva ROC para avaliação da sensibilidade diagnóstica. Resultados: As populações estudadas não diferiram quanto a distribuição por gênero e idade. A área sob a curva para o HOMA-IR foi de 0,927 ± 0,18 (0,892-0,962), p < 0,001. Os valores de sensibilidade e especificidade para os diferentes valores de HOMA-IR foram HOMA-IR > 1,5 HOMA-IR > 2,0 HOMA-IR > 2,5 HOMA-IR > 3,0 Sensibilidade Especificidade 0,833 (0,771-0,895) 94% 72% Departamentos de Gastroenterologia e Endocrinologia – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil Fundamentos: A esteato-hepatite não alcoólica (EHNA) é uma forma progressiva da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), que apresenta risco para fibrose, cirrose e carcinoma hepatocelular. O conhecimento dos mecanismos moleculares relacionados à cirrose secundária a EHNA é fundamental para o entendimento da patogênese desta doença. A tecnologia de microarranjos de cDNA tem demonstrado enorme potencial para a análise simultânea de um grande número de genes, identificando transcritos em situações funcionais distintas no tecido hepático. O objetivo desse estudo foi evidenciar semelhanças e diferenças na quantidade de RNAm entre tecido hepático normal (CTRL) e cirrose secundária a EHNA utilizandose microarranjos de cDNA. Métodos: Amostras de três pacientes com cirrose secundária à EHNA confirmadas histologicamente e três amostras de tecido hepático normal provenientes de doadores-cadáveres durante o transplante hepático foram avaliadas quanto à expressão do RNAm utilizando-se a plataforma CodeLink™ Human Whole Genome Bioarrays (GE Healthcare Biosciences). O número de genes diferencialmente expressos nos dois grupos foi selecionado utilizando-se dois critérios: a diferença de expressão de pelo menos duas vezes e o teste t com p < 0,05. As vias metabólicas moduladas nas duas condições foram determinadas utilizando-se o programa GeneSifter (http://www.genesifter.net). Resultados: 138 genes apresentaram expressão aumentada na cirrose secundária a EHNA e 106 genes com expressão diminuída, em relação ao CTRL. A análise pelo GeneSifter mostrou 10 vias metabólicas significativamente alteradas: biosynthesis of steroids, phosphatidylinositol signaling system, pyrimidine metabolism, mTOR signaling pathway, T cell receptor signaling pathway, epithelial cell signaling in Helicobacter pylori infection, ECMreceptor interaction, cytokine-cytokine receptor interaction, regulation of actin cytoskeleton, complement and coagulation cascade. Conclusões: Este estudo revela alterações gênicas em vias biológicas relevantes e proporciona melhor entendimento dos mecanismos moleculares envolvidos na cirrose secundária a esteato-hepatite não alcoólica. PO-294 (280) DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA DO FÍGADO: COMPARAÇÃO ENTRE PACIENTES COM E SEM ETIOLOGIA ALCOÓLICA BATISTA AD, LEITE NC, FERNANDES TP, SEGADAS-SOARES JA, NABUCO LC, VILLELA-NOGUEIRA CA, PEREZ RM, COELHO HSM PO-292 (242) ASB (IC95%) PO-293 (263) PROSPECÇÃO FUNCIONAL DE GENES NA CIRROSE HEPÁTICA SECUNDÁRIA A ESTEATO-HEPATITE NÃO ALCOÓLICA 0,840 (0,781-0,899) 85% 83% 0,831 (0,773-0,888) 72% 94% 0,785 (0,722-0,847) 60% 99% Serviço de Hepatologia - HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamentos: A doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) e alcoólica apresentam características histológicas semelhantes e, por definição, o diagnóstico de DHGNA depende da exclusão de ingestão alcoólica significativa. Entretanto, embora os achados histológicos sejam semelhantes, ainda não está estabelecido se existe diferença entre os grupos quanto à gravidade da doença hepática. O objetivo deste estudo foi comparar as características demográficas, laboratoriais e ultra-sonográficas entre pacientes com DHGNA e hepatopatia alcoólica. Metodologia: O critério para definição de etiologia não-alcoólica foi a ingestão < 20g/dia de álcool. Foram incluídos pacientes com esteatose hepática ao exame de ultra-sonografia (US) e/ou biópsia hepática (BH) sugestiva de DHGNA ou hepatopatia alcoólica. Os pacientes que apresentavam cirrose à BH e/ou achados ao US de hepatopatia crônica e/ou hipertensão porta foram considerados portadores de doença avançada. Foi realizada análise comparativa entre os pacientes com e sem etiologia alcoólica. Resultados: Foram avaliados 470 pacientes, sendo 103 (22%) com etiologia alcoólica e 367 (78%) com DHGNA. No grupo com hepatopatia alcoólica, houve maior freqüência do sexo masculino (89% vs. 60%; p < 0,01), GGT elevada (82% vs. 66%; p = 0,03) e achados ultra-sonográficos e/ou histológicos de doença avançada (26% vs. 17%; p = 0,05). Não houve diferença entre os grupos quanto à idade, níveis de ALT, AST, relação AST/ALT, presença de diabetes, hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia. Dentre os 103 pacientes com hepatopatia alcoólica, 27 (26%) apresentavam doença avançada. Nestes pacientes, foi maior a freqüência de obesidade (58% vs. 27%; p = 0,005), diabetes (41% vs. 13%; p = 0,002), relação AST/ALT > 1,0 (56% vs. 13%; p < 0,001) e índice de HOMA > 2,5 (67% vs. 35%; p = 0,04), quando comparados aos pacientes sem doença avançada. Conclusões: Pacientes com hepatopatia alcoólica apresentam doença hepática mais grave. Este achado pode representar uma característica da própria doença hepática alcoólica ou ser secundário à associação de fatores, uma vez que se observou associação entre resistência insulínica e maior gravidade da doença. Conclusão: O valor de 2,0 para o HOMA-IR foi o que apresentou melhor capacidade discriminativa entre os grupos. Por outro lado, o valor de 2,5 parece ser o mais apropriado, quando se deseja exclusão dos casos sem DHGNA, com pouca diminuição da sensibilidade do teste. S 82 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-295 (316) ELEVADA PREVALÊNCIA DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM EXECUTIVOS SUBMETIDOS À REVISÃO CONTINUADA DE SAÚDE CONCEIÇÃO RDO, CARVALHO JAM, CARVALHO L, PARISE ER Centro de Medicina Preventiva do Hospital Israelita A. Einstein e Disciplina de Gastroenterologia da UNIFESP Fundamentos: A DHGNA é altamente prevalente em todo mundo. Em trabalho anterior encontramos prevalência de 19,2% de esteatose em ultra-som de abdômen em hospital privado na cidade de São Paulo (Parise, 2003), mas não foi possível estudar os fatores de risco associados à presença de esteatose. Objetivos: avaliar a prevalência de esteatose ao ultra-som de abdômen em indivíduos atendidos consecutivamente para a realização de “checkup” anual e correlacionar esse achado com parâmetros demográficos, metabólicos e de dependência etílica. Métodos: Análise retrospectiva dos dados obtidos em executivos submetidos a exame anual de saúde no CMP do Hospital Israelita A. Einstein em SP de 10/2005 a 12/2006. Foram avaliados a presença ou ausência de esteatose hepática ao ultra-som, dosagens de AST, ALT, GGT e FA, glicemia, HDL-colesterol, triglicérides e pontuação do questionário AUDIT para dependência alcoólica. Também foram anotados os valores de IMC, pressão arterial e da circunferência da cintura. Na análise estatística empregamos teste t Student, χ2 e análise de regressão binária. Resultados: Dos 3036 pacientes analisados, 989 (32,5%) apresentavam esteatose ao ultra-som. Desses, 90% apresentavam sobrepeso ou obesidade, 46% 3 ou mais critérios para síndrome metabólica e apenas 15% deles apresentavam AUDIT > 8 pontos. Na comparação entre indivíduos com e sem esteatose, os primeiros apresentavam de maneira significante (p < 0,001) idade mais elevada (47 x 43 anos) maior freqüência do gênero masculino (95%x%) e valores mais elevados de IMC (29 x 25kg/m2), triglicérides (166x110mg/dL), glicemia (99 x 90mg/dL), AST (32 x 27UI), ALT (57 x 42UI), GGT (45 x 31UI), FA (68 x 65UI). A análise de regressão mostrou que estiveram independentemente associadas à presença de esteatose: idade (1,003), gênero (0,530), IMC (1,021), presença de síndrome metabólica (1,245), triglicérides (1,005) e ALT (1,029) Conclusão: Os dados apresentados sugerem que a DHGNA seja a principal causa de esteatose encontrada entre os executivos submetidos a exames de “checkup” e que a prevalência dessa doença nessa população é maior que inicialmente pensado. PO-296 (317) AVALIAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PORTADORES DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL CARVALHO L, ELIAS MC, CONCEIÇÃO RDO, CRISPIN FGS, UEZATO NT, PARISE ER Ambulatório de Doenças Hepáticas da Disciplina de Gastroenterologia da UNIFESP-EPM e Serviço de check-up do Hospital Israelita A Fundamentos: DHGNA caracteriza-se pela presença de esteatose hepática, elevação das enzimas hepáticas e está intimamente associada à presença de resistência insulínica e síndrome metabólica. Estudo europeu recentemente publicado (Ekstedt et al., 2006) demonstrou que a doença cardiovascular foi a principal causa de óbito desses pacientes. Objetivo: avaliar o risco cardiovascular de pacientes portadores de DHGNA em acompanhamento ambulatorial, comparados a uma população de referência. Métodos: pacientes com DHGNA diagnosticada pela biópsia hepática ou pela presença de esteatose + elevação das enzimas hepáticas em acompanhamento ambulatorial, foram consecutivamente submetidos à avaliação do risco cardiovascular pelo escore de Framingham (ERF), de acordo com a III Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e prevenção da Aterosclerose, 2004. Os valores de colesterol total e frações, triglicerídeos e glicemia foram obtidos por método automatizado. Para avaliação comparativa foram utilizados dados obtidos com o mesmo ERF em indivíduos atendidos consecutivamente para a realização de “checkup” anual, com idade e gênero comparáveis à população de pacientes. Resultados: Foram avaliados 408 pacientes com DHGNA e 1200 indivíduos do check-up. A média de idade foi de 50,1 ± 12,5 x 49,2 ± 11,5 anos, (p = 0, 750), respectivamente. A média do percentual de risco de eventos cardiovasculares em dez anos com DHGNA foi de 9,83 ± 8,058 contra 6,5 ± 6,93 com check-up (p = 0,009). Quando analisado o risco cardiovascular, na DHGNA o risco foi classificado como baixo, médio e alto em respectivamente 58,3%, 29,0% e 12,7%, contra 78,8%, 17,7% e 3,5% nos indivíduos do checkup (χ2 = 15,388, p = 0,0001). Conclusão: pacientes com DHGNA apresentam maior percentual de indivíduos com maior risco cardiovascular, quando comparados com indivíduos do grupo controle. PO-297 (318) TRATAMENTO DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EXCLUSIVAMENTE COM DIETA. EFEITO SOBRE OS VALORES DAS ENZIMAS HEPÁTICAS, ESTEATOSE E PARÂMETROS DE SÍNDROME METABÓLICA ELIAS MC, CARVALHO L, SOUSA EF, LEITE-MÓR M, SZEJNFELD D, SENA FC, PROLA J, GONZALES T, UEZATO TN, PARISE ER Disciplina de Gastroenterologia da UNIFESP-EPM Fundamentos: A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) está freqüentemente associada à resistência insulínica (RI) e características de síndrome metabóGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 lica. Vários estudos têm demonstrado melhora das enzimas hepáticas e da esteatose (EH) em pacientes com DHGNA submetidos à intervenção nutricional (Solga et al, 2004). Objetivo: Avaliar a eficácia da dietoterapia como terapêutica exclusiva em pacientes com DHGNA, com IMC 25 durante 6 meses. Métodos: 31 pacientes com diagnóstico de DHGNA (esteatose ao ultra-som + elevação das enzimas hepáticas) e/ou biópsia hepática, tiveram o grau de EH e de obesidade visceral quantificados por tomografia computadorizada (TC). Foram dosados os níveis séricos de ALT, AST, GT e FA, colesterol total (CT)l e frações, triglicerídeos (TG), glicemia (método automatizado), insulina e peptídeo C (método imunofluorimétrico). A RI foi avaliada através do HOMA-IR. As medidas antropométricas incluíram peso, circunferência da cintura (CC), relação cintura/quadril (RCQ) e IMC. Todos pacientes foram submetidos à dieta do Consenso de Sobrepeso e Obesidade (NIH Publication 2000). Foram considerados aderentes se atingissem perda mínima de peso de 5% do peso inicial. O teste de Wilcoxon foi utilizado na avaliação estatística. Resultados: 17 pacientes considerados aderentes (grupo 1) e 14 não aderentes (grupo 2). Todos os parâmetros antropométricos diferiram significantemente entre o início e o final do tratamento no grupo 1, que com exceção da RCQ também diminuíram significantemente no grupo 2. Reduções significantes nos níveis de TG, GT, TGP, insulina, HOMA (p < 0,05), foram observadas apenas no grupo 1. A TC mostrou redução significante da gordura visceral, gordura total, e da esteatose hepática no grupo 1. Nesse grupo houve diminuição estatisticamente significante no consumo de lipídeos totais, gordura saturada, valor calórico total e aumento da ingestão de gordura. Conclusão: Em pacientes com DHGNA a adesão à dieta que leve a perda de pelo menos 5% do peso inicial é capaz de modificar a apresentação da doença. Trabalho parcialmente desenvolvido com auxílio financeiro da FAPESP (02/05260-6). PO-298 (319) AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR E SUA RELAÇÃO COM SÍNDROME METABÓLICA E GRAVIDADE DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA CRISPIN FGS, CARVALHO L, ELIAS C, UEZATO N, PARISE ER Disciplina de Gastroenterologia da UNIFESP-EPM Fundamentos: Vários estudos têm demonstrado a importância do consumo alimentar na DHGNA (Cortez-Pinto et al. 2006). O objetivo desse trabalho foi analisar o consumo alimentar de indivíduos portadores de DHGNA, e correlacionar com aspectos da síndrome metabólica e gravidade da doença. Métodos: Estudo retrospectivo avaliando dados de 158 pacientes com diagnóstico de DHGNA (esteatose ao ultra-som + elevação das enzimas hepáticas) e/ou confirmado por biópsia hepática (n = 105). Foram coletados valores séricos de ALT, AST, GT, FA, ácido úrico, colesterol total e frações, triglicérides, glicemia, (método automatizado), insulina (método imunofluorimétrico). Foram analisados dados antropométricos (peso, estatura, IMC, circunferência da cintura) e de registro alimentar de 3 dias (calorias totais, proteínas, carboidratos, gordura saturada (AGSAT), monoinsaturada (AGMONO), poliinsaturada (AGPOLI), colesterol, vitaminas A, C, E e fibras). Resultados: Dos 158 pacientes estudados, 55% eram do gênero masculino e a média de idade de 49 ± 11 anos. Verificou-se a presença de NASH em 40,9% dos casos biopsiados. Registros de 59 pacientes foram excluídos da análise por apresentarem modificações da dieta por orientação nutricional prévia. Desses, 65,1% apresentavam obesidade abdominal, 59,4% hipertrigliceridemia, 45,5% HDL-c baixo, 36,1% hipertensão e 25,9% hiperglicemia, sendo 52,5% deles classificados como portadores de SM. Dos 99 pacientes restantes, apresentaram ingestão insuficiente de AGMONO (98,9% dos pacientes), AGPOLI (76,7%), fibras (64,6%) e vitamina E (68,6%) e consumo excessivo de AGSAT (87,8%) e colesterol (59,5%). Não se observaram diferenças significantes entre o consumo alimentar de pacientes com e sem síndrome metabólica ou com e sem NASH, mesmo quando divididos de acordo com o gênero. Conclusão: Apesar de não se encontrar relações entre o consumo alimentar e a presença de SM e a gravidade de doença, portadores de DHGNA apresentaram ingestão insuficiente AGMONO, AGPOLI, fibras e vitamina E, e um consumo excessivo de calorias, AGSAT e colesterol, o que poderia contribuir para o desenvolvimento da doença. PO-299 (332) PREVALÊNCIA DE ESTEATOSE HEPÁTICA EM PACIENTES EM USO DE TAMOXIFENO. CORRELAÇÃO COM PARÂMETROS DA SÍNDROME METABÓLICA SANTOS VN, CASSOLA N, SOLHA RS, SZENFELD D, NETO JP, MUNHOZ THF, SOUZA EF, LEITE MOR M, GEBRIM LH, PARISE ER Universidade Federal de São Paulo Fundamentos: A prevalência de esteatose hepática (EH) à ultra-sonografia (USG) de abdome é ao redor de 20-30% na população geral. Tamoxifeno tem sido apontado como causa secundária de EH e NASH, porém a prevalência relacionada ao uso da droga e patogênese do processo são desconhecidas. Objetivo: Estudar a prevalência de EH em pacientes usando tamoxifeno e avaliar sua correlação com parâmetros da síndrome metabólica (SM) e resistência insulínica (RI). Métodos: Foram avaliadas 104 pacientes consecutivas acompanhadas por neoplasia de mama (80 em uso de tamoxifeno e 24 antes de iniciar o tratamento). Todas realizaram dosagens séricas S 83 de ALT, AST, GT, FA (método cinético automatizado), colesterol, triglicérides, glicemia (método enzimático colorimétrico), insulina e peptídeo C (método imunofluorimétrico), além dos marcadores para hepatite B e C. A resistência à insulina foi avaliada através do HOMA-IR (Matthews et al, 1985). Foi realizada USG na data da coleta de sangue. Os valores foram expressos como média ± erro padrão médio. Para comparar os grupos utilizamos o teste de Kruskal-Wallis. Resultados: Comparando-se as pacientes quanto ao uso ou não de tamoxifeno, observamos que não diferiram quanto aos parâmetros clínicos e metabólicos. No entanto, as pacientes em uso de tamoxifeno apresentaram maior prevalência de EH à USG (60% X 25%; p < 0,01). Separando-se o grupo em uso de tamoxifeno quanto à presença (n = 48) ou não (n = 32) de EH, observou-se que o grupo com EH apresentou mais SM (66,7% X 15,5%; p < 0,01), assim como valores mais elevados de IMC (28,5 ± 0,7 X 24,1 ± 0,7; p < 0,01), circunferência da cintura (97,2 ± 1,9 X 84,9 ± 1,8; p < 0,01), ALT (31,5 ± 2,5 X 18,5 ± 1,0; p < 0,01), AST (32,5 ± 2,9 X 22,5 ± 1,0; p < 0,01), GT (41,6 ± 5,0 X 28,3 ± 5,5; p = 0,08) e HOMA (4,0 ± 0,4 X 2,5 ± 0,3; p < 0,01). Dessa forma, comparamos a presença de SM e o HOMA nas pacientes com e sem uso do tamoxifeno, sendo observado que não diferiram quanto a tais parâmetros quanto divididas quanto à presença ou não de EH. Conclusões: Pacientes em uso de tamoxifeno apresentam maior prevalência de EH. Esta prevalência está associada à presença de SM e RI, parecendo ser exacerbada pelo uso do tamoxifeno. Trabalho parcialmente desenvolvido com auxílio financeiro da FAPESP (02/05260-6). PO-300 (340) CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES COM ESTEATO-HEPATITE NÃO ALCOÓLICA COM E SEM CIRROSE HEPÁTICA: RELATO DE SETE CASOS CHAGAS AL, KIKUCHI LOO, VEZOZZO DCP, MELLO ES, SILVA LS, OLIVEIRA AC, OLIVEIRA CPMS, CALDWELL SH, ALVES VAF, CARRILHO FJ Departamentos de Gastroenterologia e Patologia, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil Fundamentos: A esteato-hepatite não alcoólica (ENA) é atualmente uma das principais causas de doença hepática crônica, podendo evoluir para cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC). A maioria dos pacientes com cirrose criptogênica e CHC apresenta fatores de risco doença hepática gordurosa não (DHGNA). Contudo, a incidência, características clínicas e epidemiológicas do CHC na DHGNA ainda não estão bem estabelecidos. Objetivo: Caracterizar os achados clínicos e histopatológicos de pacientes com DHGNA complicados com CHC. Métodos: No período de abril de 1998 a agosto de 2006, foram avaliados retrospectivamente 408 pacientes com CHC, sendo identificados 7 pacientes (1,7%) com evidências de ENA à biópsia hepática. Os critérios histológicos utilizados foram: presença de esteatose, balonização e fibrose pericelular. Em todos os pacientes a ingestão alcoólica era menor que 100g/semana e foram excluídas outras causas de hepatopatia. Os critérios diagnósticos do CHC utilizados foram: (1) Histologia (2) Dois exames de imagem com nódulo > 2cm e achados típicos para CHC. O diagnóstico do CHC foi confirmado através da histologia em 6/7 pacientes. Resultados: Em nossa série de 7 casos de ENA e CHC, 4 pacientes eram do sexo masculino, com idade de 63 ± 13,9 anos. Sobrepeso estava presente em 57% (4/7) e obesidade em 3/4 (43%). Com relação a outros fatores de risco para ENA, 57% dos casos tinham diabetes mellitus e 28,5% dislipidemia. Cirrose hepática esteve presente na maioria dos casos (6/7) e um dos pacientes apresentou CHC e ENA sem evidências de CH à histologia. Entre os pacientes cirróticos, 71.4% eram Child A e 14,2% Child B. Em 4/7 casos o CHC era multifocal (2-4 nódulos). A maioria dos nódulos era hiperecogênico ao US e o tamanho variou de 1 a 5cm, sendo 8 dos 14 nódulos (57%) menores que 3cm.. O CHC foi bem diferenciado em 1/6 casos (16,6%) e moderadamente diferenciado em 5/6 (83,3%). Alfa-feto proteína (AFP) foi < 100ng/ml em todos os pacientes. Conclusão: O CHC em pacientes com ENA foi freqüentemente multifocal, precedido por doença hepática crônica avançada e ocorreu com níveis não-diagnósticos de AFP. A associação de CHC e ENA parece não estar limitada a pacientes com cirrose hepática. PO-301 (466) FATORES DE RISCO PARA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA SANTOS EHS, ALMEIDA RES, AMPARO STG, GARCEZ SRC, SANTOS IM, FAKHOURI R, ALMEIDA F, FRANÇA AVC, NASCIMENTO TVB Núcleo de Hepatites da Universidade Federal de Sergipe A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) foi descrita como uma condição hepática que se assemelha histologicamente à injúria hepática induzida pelo álcool, mas que ocorre em pacientes sem abuso do mesmo. Obesidade, diabetes melitus e hiperlipidemia são condições freqüentemente associadas à DHGNA e a síndrome metabólica (SM). Objetivos: Avaliar os fatores de risco para DHGNA em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Metodologia: Foram estudados 130 pacientes que procuraram o serviço de cirurgia bariátrica que apresentavam IMC > 35, com presença de co-morbidades ou IMC > 40, independente da existência de comorbidades. Os possíveis fatores de risco estudados foram: sexo, SM, media do IMC, taxa de glicemia, taxa de HDL e a taxa de triglicérides, sendo cada um avaliado isoladamente. A SM foi definida de acordo com o consenso do International Diabe- S 84 tes Federation (IDF). Os pacientes foram divididos em 2 grupos com base na presença ou não de DHGNA. Grupo 1(G1); pacientes sem DHGNA e grupo 2(G2): pacientes com DHGNA. Os dados foram analisados com uso do SPSS v. 11.0. Resultados: Os pacientes estudados apresentavam media de idade de 36,6 ± 10,6 anos, com predomínio do sexo feminino (60%). 117 pacientes (90%) apresentavam DHGNA e foram para o G1, enquanto 13 (10%) não apresentavam DHGNA (p < 0,001) e foram para o G2. 59,8% dos pacientes do G1 eram do sexo feminino, contra 61,2% no G2 (p > 0,05). 59% dos pacientes do G1 apresentavam SM, contra 63% do G2 (p > 0,05). A media do IMC do G1 foi de 47, 3, contra 44,8 de G2 (p > 0,05). A media da glicemia foi de 91,5 no G1, contra 103 no G2 (p > 0,05). A media de HDL foi de 39,3 no G1, contra 43,4 no G2 (p > 0,05). A media de triglicérides (TG) foi de 137 no G1, contra 160,3 no G2 (p > 0,05). Conclusão: 1- Os pacientes com critérios para cirurgia bariátrica mostraram elevada prevalência de DHGNA 2-Não houve diferença significativa entre SM, glicemia, IMC, taxa de HDL e TG entre os grupos; não sendo, portanto, considerados fator de risco isolado em pacientes que já tem indicação de cirurgia bariátrica. Transplante Hepático PO-302 (204) DETECÇÃO DO DNA PARA CITOMEGALOVÍRUS (CMV) E HERPESVÍRUS HUMANO 6 (HHV-6) EM BIÓPSIAS DE DOADORES DE FÍGADO GUARDIA AC, SAMPAIO AM, BOIN IFFS, STUCCHI R, ANDRADE PD, LEONARDI MI, LEONARDI LS, COSTA SC Unidade de Transplante Hepático – Unicamp Fundamentos: O citomegalovírus (CMV) e o herpesvírus Humano 6 (HHV-6), pertencentes à subfamília betaherpesvírus, são de alta prevalência na população e, após infecção primária, permanecem latentes podendo ser reativados num período de imunossupressão, como ocorre em pacientes submetidos à transplantes de órgãos, podendo causar infecções graves, que vão desde rejeição de enxerto ao óbito. Objetivo: Detectar o DNA do CMV e do HHV-6 em biópsias hepáticas de doadores cadáver por N-PCR. Metodologia: Prospectivamente 49 biópsias não fixadas de doadores de fígado foram colhidas no ato cirúrgico da extração e foram analisadas pela Nested-PCR para amplificação de 159pb para CMV e 258pb para HHV-6. Resultados: Das amostras analisadas 7/49 (14,2%) foram positivas para CMV e 29/49 (59,2%) foram positivas para o HHV-6. Conclusão: Com a presença dos vírus observada nas amostras de tecido hepático coletado dos doadores, deve-se dar maior atenção a monitorizarão e acompanhamento dos transplantados hepáticos e verificar a ocorrência de possíveis infecções ativas. Especial atenção deve ser às manifestações do SNC de origem desconhecida que podem estar relacionadas à infecção ativa pelo HHV-6 isoladamente. PO-303 (277) TRANSPLANTE HEPÁTICO NO TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA FULMINANTE: LIÇÕES APÓS 30 CASOS PACHECO-MOREIRA LP, ALVES J, GONZALEZ AC, PEREIRA JL, ENNE M, BALBI E Hospital Geral de Bonsucesso - Rio de Janeiro Fundamentos: Insuficiência hepática fulminante (IFH) é uma emergência médica complexa que surge após uma agressão ao fígado de um paciente previamente sadio. Apesar dos avanços em terapia intensiva, o prognóstico da IHF sem o transplante hepático (TH) é muito ruim. O objetivo deste trabalho é avaliar o resultado do TH no tratamento dos pacientes com diagnóstico de IHF, além de discutir tópicos polêmicos, tais como: medida da pressão intra craniana (PIC), uso de doadores vivos, uso de terapias substitutivas e indução com anticorpos monoclonais. Métodos: No período de out/01 a ago/07, realizamos 237 TH, em 30 pacientes a indicação foi IHF (10 crianças e 20 adultos). O prontuário destes pacientes foi analisado de forma retrospectiva, após aprovação do CEP. A idade dos pacientes variou de 3 a 68 anos. A etiologia da IHF foi droga em 12 casos, viral em 5 casos, hepatite autoimune em 3, dça de Wilson em 2, e criptogênica em 9 casos. O tempo de espera pelo TH variou de 6 a 120 horas. PIC não foi monitorizada em nenhum paciente. Durante a cirurgia dos pacientes adultos, a medida de saturação do bulbo de jugular foi utilizado para estimar a perfusão cerebral. A utilização de doadores vivos só foi feita pra crianças, em 5 casos. Nenhum dos 5 doadores vivos teve complicações. Terapia substitutiva renal (diálise intermitente) foi utilizado em 6 pacientes no período pré-operatório. Não utilizamos nesta série diálise com albumina. 90% das crianças e 40% dos adultos estavam sob ventilação mecânica pré-operatória . Indução com basiliximab foi feita em todos os pacientes com disfunção renal pré-operatória. Nos pacientes adultos, foi analisado a relação de diálise e ventilação mecânica préop e mortalidade pós-TH (p, 0.05). Resultados: IHF representou 12,6% das nossas indicações de TH. A mortalidade operatória foi de 26,6% (8/30). As causas de óbito foram falência de múltiplos órgãos (n = 4),disfunção do enxerto (n = 3) e edema cerebral (n = 1). Um paciente pediátrico permaneceu com seqüelas neurológicas. Diálise pré-TH não está relacionado com óbito pós-TH, mas a necessidade de ventilação mecânica está, com RR = 3,87. Conclusões: Nossa sobrevida é semelhante aos melhores centros mundiais. Ainda existem tópicos controversos no manejo destes pacientes que devem ser discutidos. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-304 (335) ANÁLISE DA SOBREVIDA DE ACORDO COM DELTA-MELD/MÊS ESCORE EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE DE FÍGADO BOIN IFSF, LEONARDI MI, PEREIRA IW, STUCCHI R, SEVÁ-PEREIRA T, SOARES EC, LEONARDI LS Unidade de Transplante de Fígado Fundamentos: O escore MELD foi introduzido recentemente na legislação brasileira (maio de 2006). Na literatura vem sendo referido como um bom preditor da mortalidade em lista de espera para a realização de transplante de fígado. O delta-MELD (MELD) escore foi descrito subtraindo-se o MELD final (tempo do transplante) do MELD inicial (na inscrição do paciente) Objetivo: Verificar a sobrevida de pacientes submetidos a transplante de fígado aplicando-se o delta-MELD escore. Casuística e método: Foi realizada uma análise retrospectiva de dados coletados prospectivamente em 330 transplantes de fígado realizados nos últimos 10 anos. Foram excluídos 58 pacientes (insuficiência hepática aguda grave, retransplantes, < 18 anos e enxertos reduzidos ou duplos). MELD escore foi definido como sendo a subtração do MELD calculado na inscrição do paciente em lista subtraído do MELD calculado imediatamente antes da realização do transplante. MELD/mês foi definido o valor MELD dividido pelo tempo em meses na lista de espera. O grupo A foi definido como aqueles pacientes que apresentaram MELD/mês < 0 e o grupo B como MELD/ mês > 0 . As variáveis dos doadores e dos receptores foram analisadas usando-se o teste t-Student e a sobrevida foi calculada usando-se o método de Kaplan-Meier e o teste log-rank. Resultados: Constam na tabela 1 e figura 1. Conclusão: Os pacientes com MELD/mês negativo (> 0) apresentaram melhor sobrevida, ou seja são aqueles pacientes que entraram descompensados em lista e foram adequadamente compensados antes da realização do transplante. Os pacientes com valores positivos foram aqueles que descompensaram pela gravidade de sua doença hepática (MELD na hora da cirurgia mais elevados) e apresentaram maior mortalidade. PO-305 (352) HCV PÓS-TRANSPLANTE DE FÍGADO: RECIDIVA PRECOCE ALVES RCP, MATOS CAL, FONSECA EA, PUGLIESE V, SALZEDAS A, SEDA-NETO J, GODOY A, CARONE-FILHO E, CHAP-CHAP P, KONDO M Hospital A. C. Camargo – Hospital Sírio-Libanês – São Paulo Introdução: A recidiva pós-transplante do vírus da hepatite C (HCV) é universal. Aproximadamente 20% desses pacientes vão apresentar cirrose em cinco anos. A maior parte deles apresentam recidiva histológica no período de dois anos póstransplante, entretanto existem poucos dados em relação ao momento inicial dessa recidiva. Objetivo: Determinar o momento da recidiva histológica do HCV póstransplante de fígado. Material e métodos: Foram incluídos pacientes anti-HCV positivos, submetidos a transplante de fígado, com tempo mínimo de acompanhamento de seis meses. Foram analisados, retrospectivamente, idade no transplante, sexo, imunossupressão basal, episódios de rejeição celular aguda, doador (cadáver/ intervivos) e idade do doador. As biópsias hepáticas foram realizadas no momento da elevação das aminotransferases. Todas as biópsias foram analisadas por um único patologista. Resultados: Foram analisados 30 pacientes transplantados de fígado, 20 (67%) do sexo masculino, com média de idade de 53 + 9 anos. Foram transplantados com doador vivo 22 (73%) pacientes. Todos os doadores tinham idade inferior a 50 anos. A imunossupressão foi predominantemente dupla, utilizando-se Tacrolimus e Prednisona em 25 (83%) pacientes. O tempo médio de utilização de corticóide oral após o transplante foi de 5 + 2 meses e 15 (50%) pacientes apresentaram rejeição celular aguda tendo sido tratados com corticóide endovenoso em dose alta. A recidiva histológica do HCV foi detectada em 20 (67%) pacientes, em média, 8 + 5 meses após o transplante, sendo que 10 (50%) pacientes apresentaram recidiva precoce (até 6 meses pós-transplante). Conclusão: A recidiva do HCV se apresentou precocemente neste estudo, diferentemente dos dados existentes na literatura. Medidas precisam ser tomadas visando o tratamento eficaz destes pacientes, uma vez que a literatura mostra que a evolução da Hepatite C pós-transplante é ainda mais grave que a observada em imunocompetentes. PO-306 (378) RECORRÊNCIA DE DOENÇA HEPÁTICA PÓS-TRANSPLANTE EM DEFI -1-AT). RELATO DE CASO CIÊNCIA DE ALFA-1-ANTITRIPSINA ( OLIVEIRA E SILVA A¹, ALVES VAF², MELLO ES², WAHLE RC¹, CARDOZO VDS¹, ROCHA BS¹, NÉSPOLI PR¹, SOUZA EO¹, DAZZI FL¹, D’ALBUQUERQUE LAC¹ ¹Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP. ²Centro de I Fundamentos: Alfa-1-antitripsina é uma glicoproteína com atividade antiprotease sintetizada principalmente no fígado, mas também em fagócitos mononucleares e neutrófilos. Têm a função de inativar elastase, tripsina e outras enzimas proteolíticas. Pacientes que cursam com deficiência de síntese de -1-AT, sobretudo portadores dos fenótipos PIZZ e PIMM, evoluem com bloqueio no transporte da proteína do retículo ao aparelho de Golgi, dos hepatócitos cursando a longo prazo com cirrose, insuficiência hepática e até carcinoma hepatocelular. O tratamento definitivo dessa enfermidade ocorre com o transplante de fígado, com recorrência das lesões no enxerto não tendo sido ainda descrita no Brasil, motivo de nossa preocupação nesse GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 trabalho valendo-se de doador adulto vivo de fígado (DAVF) relacionado. Métodos: Relato de um caso de recorrência de doença hepática pós-transplante em deficiência de alfa-1-antripsina. Resultados: Desde 20 de março de 1999 a 15 de agosto de 2007 realizaram-se no CETEFI 92 transplantes de fígado valendo-se de DAVF modalidade de tratamento. O único caso de evolução a longo prazo com ascite refratária ocorreu no paciente O.S, 35 anos, masculino, portador de deficiência de -1-AT que submeteu-se ao procedimento em 3 de julho de 2006. Recebeu o lobo direito de sua irmã, M.M.S. 39 anos, cuja biópsia hepática no pré-operatório revelava-se normal, recebendo alta hospitalar, sem complicação, no 8° dia pós operatório. A evolução clínica pós-operatório do receptor ocorreu com formação de ascite volumosa, desnutrição e evidenciando-se através de angiotomografia do sistema venoso portal normal, enquanto gradiente hepático venoso portal mensurado por angiografia também normal. Biópsia hepática realizada em 18 de junho de 2007 revelou hepatite crônica e fibrose, com presença de glóbulos intracitoplasmáticos PAS positivos. Tal evolução mostrou-se inesperada pois relato de literatura mostra que o receptor adquire do doador seu genótipo, passando a ter síntese normal de -1-AT com melhora significativa da qualidade de vida. Conclusões: Nesse caso relatado não definimos o genótipo tanto do paciente quanto do doador. Com certeza tal evolução está relacionada a recepção de fígado da irmã portadora dos referidos fenótipos PIZZ ou PIMM porém sem expressão da doença, causa da recorrência precoce da hepatopatia. PO-307 (381) FASCIITE EOSINOFÍLICA E DIABETES MELLITUS APÓS INFUSÃO DE CÉLULAS MONONUCLEARES DE MEDULA ÓSSEA AUTÓLOGA EM CIRROSE HEPÁTICA: MANIFESTAÇÕES IMUNOMEDIADAS NA TERAPIA REGENERATIVA? COUTO BG1, SAMPAIO ALSB2, SOUSA MAJ2, MOREIRA MCR1, TORRES ALM1, SILVA HVO1, COELHO HSM1, CARVALHO ACC3, GOLDENBERG RCS3, REZENDE GFM1 1. Departmento de Medicina Interna, UFRJ; 2. Departmento de Dermatologia, UERJ; 3. Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, UFRJ Objetivos: Foi conduzido um ensaio clínico fase 1 para avaliar exequibilidade, segurança e cinética celular na terapia com células mononucleares de medula óssea autóloga (CMMOA) em pacientes adultos com cirrose hepática. Relatamos um paciente de 56 anos com cirrose alcoólica que desenvolveu fasciite eosinofílica (FE) e diabetes mellitus (DM) após infusão de CMMOA. Relato do Caso: Apresentava, pré-inclusão, função hepática estável Child-Pugh B8, anti-HCV positivo com PCR-RNA HCV negativo confirmado e hipertensão arterial. Referiu abstinência alcoólica de pelo menos 1 ano e história familiar de DM tipo 2. Um total de 2 X 108 CMMOA foi isolado do aspirado de medula óssea por gradiente Ficoll-Hypaque e infundido na artéria hepática por cateterismo. Níveis de albumina e bilirrubina confirmaram melhora da função hepática a partir do D14. O paciente foi admitido para tratamento de erisipela no 7º mês de seguimento, com melhora clínica e alta. No 10º mês, apresentou nódulos subcutâneos dolorosos em antebraços e edema em dorso de mãos. Foi readmitido, em estado hiperosmolar não-cetótico, após 4 semanas. Biópsias cutâneas foram compatíveis com FE. Iniciado tratamento com prednisona e azatioprina, com remissão após desmame do corticóide. Discussão: A fasciite eosinofílica é um transtorno esclerodermiforme, caracterizado por inflamação e fibrose da fáscia muscular e dos septos subcutâneos. A FE também ocorre na doença enxerto-versus-hospedeiro após transplante de medula óssea (TMO), inclusive autólogo, mas DM também é descrito como fator desencadeante independente. Por sua vez, o DM, quando secundário ao TMO, está sempre associado ao uso de irradiação corporal total ou quimioterapia, não utilizados no protocolo. Não há relato de FE ou DM após infusão de CMMOA. Conclusão: Relatamos um paciente que desenvolveu dois transtornos imunomediados (FE e DM) dez meses após infusão de CMMOA. Apesar da ausência de relato prévio, não pode ser afastada uma eventual relação causa-efeito. PO-308 (392) USO DE HBIG EM BAIXAS DOSES NO TRANSPLANTE HEPÁTICO POR HEPATITE B CELLES R, BASTO ST, MARTINEZ R, PEREZ R, RIBEIRO J, COELHO HSM Serviço de Hepatologia e Programa de Transplante Hepático – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: O uso de HBIg (Imunoglobulina hiperimune humana) é fundamental para evitar a recorrência de hepatite B pós-transplante hepático, entretanto existe grande controvérsia com relação ao esquema ideal de doses. Objetivo: Descrever a experiência de um protocolo específico de HBIg em baixas doses. Pacientes e métodos: Foram avaliados retrospectivamente todos os pacientes submetidos a transplante hepático (TH) no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho-UFRJ, devido à cirrose por vírus B. Esses pacientes fizeram uso de lamivudina no pré-operatório e do seguinte protocolo de HBIg: 10.000UI na cirurgia, 1.000UI/dia na primeira semana, 1.000UI/semana até o fim do primeiro mês, 1000UI quinzenalmente no segundo mês e 1.000UI mensalmente a partir do terceiro mês. Resultados: Foram inicialmente avaliados 17 pacientes, sendo excluídos 6 casos que evoluíram para óbito no pós-operatório imediato. Desta forma, foram incluídos no estudo 11 pacientes. Destes, 10 fizeram uso de lamivudina antes do transplante, com média do S 85 tempo de tratamento de 1 ano e 8 meses. No momento do transplante, todos apresentavam HBV-DNA negativo pelo método de PCR. Após um período de seguimento médio de 37 meses, nenhum paciente demonstrou clínica ou achados histológicos sugestivos de recidiva de vírus B. Um caso apresentou HBV-DNA detectável, com título de 22.000 cópias/mL, sem repercussão clínica no enxerto, tendo porém evoluído para óbito devido a recidiva de hepatocarcinoma. A média de anti-HBs titulado foi de 194. Conclusão: Este protocolo de HBIG em baixas doses, associado à lamivudina, se mostrou extremamente eficaz para prevenir a recorrência de vírus B no pós TH, com um tempo de seguimento prolongado. Estes dados preliminares incentivam o uso deste mesmo esquema em casuísticas maiores. PO-309 (396) TRANSPLANTE HEPÁTICO EM PACIENTE COM SÍNDROME DE DOWNRELATO DE CASO MARTINEZ R, BASTO ST, FERNANDES ESM, COELHO HSM, RIBEIRO J Programa de Transplante Hepático – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: A síndrome de Down é uma doença genética de prevalência mundial causadora de disfunção de múltiplos órgãos-alvo, resultando em especial em doenças dos órgãos hematopoiéticos e cardíacas, muitas delas com indicação de transplante. Há muita discussão na literatura a respeito dos aspectos éticos e técnicos envolvendo o transplante de órgãos e tecidos nesses indivíduos, sendo que a maior parte dos relatos dizem respeito a transplante cardíaco ou de medula óssea. Métodos: Relatamos o primeiro caso até o momento de transplante hepático realizado em paciente com síndrome de Down. O caso consiste-se em uma paciente de 38 anos do sexo feminino, portadora de cirrose hepática pelo vírus da hepatite C, adquirida em hemotransfusão devido a cirurgia ginecológica. Foi submetida a transplante hepático ortotópico de fígado. A paciente apresentava-se em fase avançada de doença (Child C) tendo evoluído com quadro de síndrome hepatorrenal, revertida após o transplante. Não havia evidência de doença cardíaca neste caso. O estado psicológico, a aderência terapêutica e o apoio familiar desta paciente foram considerados bastante apropriados. A cirurgia transcorreu sem intercorrências, com curto período de internação hospitalar e importante melhora na qualidade de vida. Foi utilizada indução de imunossupressão com anticorpo monoclonal, o que parece ser indicado nestes casos de modo a contrabalançar a imunodepressão acarretada pela própria síndrome de Down. Atualmente a paciente encontra-se no nono mês pós transplante e passa bem. Conclusão: Nosso resultado deveria reforçar a visão proposta por outros autores de que esses pacientes deveriam ser transplantados e ter uma prioridade igual à dos demais pacientes nas filas de espera. PO-310 (431) – PRÊMIO TOMAZ FIGUEIREDO MENDES PO-311 (470) EFEITO DIABETOGÊNICO DO IMUNOSSUPRESSOR TACROLIMUS EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE HEPÁTICO OLIVEIRA CE, MIRANDA CC, PEREIRA LMMB, SILVA CCCC, CAMPOS AGS Hospital Universitário Oswaldo Cruz - Recife-PE Fundamentos: O Tacrolimus é um imunossupressor freqüentemente usado em receptores de transplante de fígado, que age na inibição da calciuneurina. Esta droga apresenta diversos efeitos colaterais de importante relevância, sendo a elevação da glicemia um dos mais freqüentes. Métodos: Foram analisados os níveis de glicemia em jejum associados aos níveis séricos de tacrolimus pelo método MEIA no sangue de 50 pacientes submetidos a transplante hepático no HUOC, no período de seis meses. Resultados: Dos 50 pacientes, nove apresentaram níveis de glicemia de jejum média final acima de 195g/dl, correspondendo a 18% dos casos analisados. Nível de glicemia mais elevado é observado com maior incidência (70%, N = 35), no primeiro mês de análise, quando são observados níveis séricos de tacrolimus com médias mais elevadas em comparação aos meses subseqüentes. Conclusão: O imunossupressor tacrolimus apresentou efeito diabetogênico de considerável relevância nos pacientes submetidos a transplante hepático, durante o período de análise. PO-312 (499) ANÁLISE DO PROGNÓSTICO NA LISTA DE ESPERA PARA TRANSPLANTE HEPÁTICO EM PACIENTES COM CARCINOMA HEPATOCELULAR SECUNDÁRIO A HEPATITE VIRAL NA ERA PRÉ-MELD CARREIRO G, DOTTORI MARIANA, SANTORO-LOPES G, COELHO HS, BASTO S, RAMOS AL Programa de Transplante Hepático do H. U. Clementino Fraga Filho - UFRJ Fundamentos: Há poucos dados nacionais sobre o prognóstico de pacientes listados para transplante hepático (TH) com carcinoma hepatocelular (CHC) associado à cirrose por hepatite viral crônica. Objetivo: Nosso objetivo foi estudar o prognóstico em lista de espera para TH destes pacientes na era pré-MELD (“Model of Endstage Liver Disease” - modelo de doença hepática terminal). Pacientes e métodos: Realizamos um estudo retrospectivo de coorte avaliando 76 pacientes no período de junho de 1998 a dezembro de 2004. Resultados: Dentre os 76 pacientes incluídos houve predomínio do sexo masculino com 53 pacientes (70%) e da cor branca com 57 pacientes (75%). A mediana da idade foi de 56,5 anos (IIQ 50 a 61,5 anos). Havia S 86 64 (85%) pacientes com diagnóstico de hepatite C e 12 com diagnóstico de hepatite B. A mediana da AFP sérica encontrada nesses pacientes foi de 48ng/ml (IIQ 9,7 a 272ng/ml). Na revisão dos prontuários destes 76 pacientes foi possível encontrar a AFP sérica dosada na época da listagem em somente 43 pacientes. Dentre os 74 pacientes em que obtivemos o cálculo da classificação de Child Pugh, a maioria se classificava como Child Pugh A- 35 pacientes (47%). Tivemos 28 pacientes (38%) classificados como Child Pugh B e 11 (15%) como Child Pugh C. Na análise do prognóstico em lista de espera desses pacientes, observamos probabilidade de exclusão da lista de espera por morte ou progressão da neoplasia de 26% após 12 meses de seguimento. A mediana de tempo para a exclusão foi de 29 meses. Na análise multivariada observamos que níveis de alfafetoproteína (AFP) sérico > 48ng/ ml na listagem associaram-se independentemente a maior risco de exclusão (p = 0,01) e que houve tendência a um pior prognóstico naqueles listados com lesão tumoral única > 5cm ou Child Pugh C. Conclusão: A taxa de exclusão da lista para TH foi elevada na população estudada. Nossos resultados sugerem que o nível de AFP no momento da listagem possa ser útil na definição de prioridade para TH nestes casos. PO-313 (521) EVOLUÇÃO PÓS-TRANSPLANTE HEPÁTICO NA POLINEUROPATIA AMILÓIDE FAMILIAR DOTTORI MF, CARREIRO G, BASTO ST, PEREZ RM, VILLELA-NOGUEIRA CA, WADDINGTON M, MARTINEZ R, RIBEIRO J, COELHO HSM Programa de Transplante Hepático H. U. Clementino Fraga Filho – UFRJ Fundamentos: A polineuropatia amilóide familiar (PAF) é uma doença autossômica dominante na qual há depósito sistêmico de uma proteína mutante, transtiretina (TTR), levando a uma polineuropatia progressiva e fatal. Atualmente o transplante hepático (TH) é a única forma eficaz de tratamento. O objetivo deste estudo foi avaliar as características dos pacientes com PAF e sua evolução pós-transplante. Métodos: Estudo retrospectivo de coorte. Foram estudados todos os pacientes submetidos ao TH por PAF. A gravidade do acometimento motor foi avaliada pelo grau de polineuropatia (polyneuropathy disability score), dividido em 4 estágios. Foram avaliadas as variáveis: idade no TH, grau de polineuropatia, tempo de evolução de doença, índice de massa corporal (IMC), albumina sérica, IMC modificado (IMC x albumina) e evolução após o transplante. Resultados: Foram avaliados 23 pacientes (15 homens) submetidos ao TH de abril/1997 a abril/2007. A idade no TH foi de 37 ± 7 anos (26-52). Dos pacientes estudados, 4 grau I (18%), 12 grau II (52%) e 7 grau III (30%). Todos os pacientes apresentavam diarréia ou constipação. Outros sintomas observados foram: retenção urinária, disfunção sexual, hipotensão ortostática e distúrbio de condução cardíaca. O tempo de sintomas antes do transplante foi de 6 ± 2 anos (2-11). O IMC foi de 19 ± 2Kg/m2 (15-25), a albumina sérica de 3,6 ± 0,6g/dl (2,7 a 5,0) e o IMC modificado foi de 684 ± 174 (435-1250). Dos 23 pacientes avaliados, houve perda de seguimento em um e 12 evoluíram para óbito (52%), sendo 9 no primeiro ano pós-TH, por sepse (n = 6), disfunção primária do enxerto (n = 2) e arritmia grave peroperatória (n = 1). Os demais óbitos ocorreram por cirrose biliar secundária (n = 1), sepse abdominal (n = 1) e suicídio (n = 1). O tempo de sobrevida pós-TH variou de 0 a 84 meses (mediana de 7 meses). Conclusão: Em nossa casuística, os pacientes com PAF apresentaram mortalidade elevada no primeiro ano pós-TH. Este achado pode ser explicado pela desnutrição e pelas co-morbidades sistêmicas que persistem após a cirurgia. Devido à alta mortalidade observada no primeiro ano, com conseqüente redução do poder estatístico, não foi possível correlacionar nenhuma das variáveis analisadas com o prognóstico pós-TH. PO-314 (522) HEPATITE ISQUÊMICA GRAVE E HIPOFLUXO PORTAL NO PÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO- RELATO DE CASO DOTTORI M, FERNANDES ESM, BASTO ST, MARTINEZ R, BENTO G, RAMOS AL, SOUSA C, LEMOS-JR V, COELHO HSM, RIBEIRO J Programa de Transplante Hepático H. U. Clementino Fraga Filho – UFRJ MG, masculino, 53 anos, diagnóstico de cirrose por VHC. Foi submetido a transplante hepático em agosto de 2006, com Child C11 e MELD 21. O fígado do doador apresentava uma variação anatômica, com hiperplasia nodular focal no lobo esquerdo, sendo ressecada esta parte e transplantado o lobo direito do doador. Evoluiu bem no pós-operatório imediato. A ultra-sonografia com doppler (USGd) de controle no 3º dia após a cirurgia foi normal. No 5º dia de pós-operatório iniciou quadro de colestase e icterícia, elevando bilirrubina total de 2,3 para 30,5mg/dL e ALT de 257 para 1260U/L. Apesar do ajuste da imunossupressão, progrediu com deterioração clínica caracterizada por queda significativa do estado geral e disfunção hepática com alargamento de TAP (41%) e albumina de 1,8. USG de abdome não mostrou dilatações das vias biliares intra ou extra-hepáticas. Ao doppler, notava-se veia porta com calibre de 0,6cm, com presença de fluxo hepatofugal nas veias porta e esplênica, devido ao grande número de colaterais calibrosas no hilo esplênico. Artéria hepática com IR = 0,56. Angiotomografia computadorizada mostrou veia porta livre, shunt espleno-renal calibroso (calibre de 2cm) e artéria hepática sem alterações. Retornou ao centro cirúrgico no 12º dia pós-transplante, sendo identificados artéria hepática normofuncionante e veia porta fina. Foi então feita ligadura GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 da veia renal esquerda, com melhora visível do fluxo portal, seguida de ligadura da artéria esplênica, a fim de garantir a manutenção do bom fluxo arterial. Foi realizada biópsia hepática durante o procedimento. Nova USGd sete dias após a segunda cirurgia confirmou a normalização do fluxo portal. Evoluiu com queda significativa das enzimas hepáticas após a intervenção cirúrgica. O resultado do exame histopatológico de biópsia hepática realizada durante a cirurgia mostrou necrose hepatocelular difusa compatível com lesão isquêmica, ausência de alterações histopatológicas compatíveis com rejeição do enxerto e ausência de alterações citopáticas virais. Recebeu alta em bom estado geral, com normalização das enzimas hepáticas. Acompanhado ambulatorialmente, atualmente assintomático, com enxerto hepático normofuncionante. Discussão: A lesão isquêmica do enxerto geralmente resulta de complicações arteriais, como a estenose e a trombose da artéria hepática. Outra alteração descrita é a síndrome de roubo do fluxo da artéria hepática, na qual a presença de uma circulação colateral proeminente resulta em diminuição do fluxo arterial, com mal perfusão do órgão transplantado. Alterações isquêmicas hepáticas são pouco descritas como sendo originárias de hipofluxo portal. O roubo do fluxo nesta última em conseqüência de um shunt espleno-renal também pode ser responsável por lesão isquêmica do fígado transplantado, mesmo na ausência de alterações arteriais, como descrito no caso apresentado. PO-315 (523) MORTALIDADE E CARACTERÍSTICAS DE LISTA DE TRANSPLANTE HEPÁTICO EM UM CENTRO UNIVERSITÁRIO BASTO ST, PEREZ R, VILLELA-NOGUEIRA C, COSTA D, MENDES N, BARROSO A, VICTOR L, FERNANDES E, COELHO HSM, RIBEIRO J Programa de Transplante Hepático H U Clementino Fraga Filho – UFRJ Introdução: No nosso meio, considerando um sistema de alocação de órgãos por ordem de inscrição cronológica, adotado no Brasil até julho de 2006, não se conhecem os fatores relacionados a mortalidade e seu impacto na fila. Objetivos: Descrever a mortalidade, as características demográficas e clínicas da lista de transplante hepático (TXH) no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho-UFRJ desde a implantação do programa em 1998, correlacionando com fatores de risco estabelecidos na literatura. Pacientes e métodos: Foram avaliados todos os pacientes inscritos para TXH de novembro de 1998 a julho de 2006. As variáveis analisadas foram: sexo, idade, grupo sanguíneo, índice de massa corpórea (IMC), tempo de espera em lista, etiologia de doença e presença de hepatocarcinoma. Os eventos finais possíveis foram: transplante, óbito, exclusão ou ativo em lista. Foram utilizados os testes t de student, qui-quadrado, MannWhitney e curva de sobrevida de Kaplan Meier para análise estatística. Resultados: Dos 1477 pacientes listados para transplante hepático, 62% eram do sexo masculino, com idade média de 51 [plusminus] 13 anos. Quanto a etiologia da doença de base, 48% tinham hepatite C, 14% cirrose por álcool, 7% cirrose criptogênica, 6% hepatite B, 4% doença auto-imune, 4% doenças colestáticas e 2% esteato-hepatite. A mediana do tempo de espera em lista foi de 407 dias (0-1455). Entre os pacientes listados, 8% foram excluídos, 18% foram submetidos a TXH, 30% evoluíram para óbito e 44% estavam ativos na lista. A taxa de mortalidade observada variou de 14,6% to 28,4%, de acordo com o ano em que o paciente foi inscrito. A mediana do tempo de espera em lista também variou de acordo com o ano de inscrição (704 a 240 dias). Não observou-se diferença estatística entre mortalidade e sexo, grupo sanguíneo ou IMC. As variáveis associadas com mortalidade maior foram idade (p < 0.001), presença de hepatocarcinoma (p = 0,025) e etiologia viral vs não viral (33% vs. 27%, p = 0,009). Conclusão: A mortalidade e o tempo de espera em lista foram muito elevados em nosso meio. A implantação do sistema MELD poderá modificar esse cenário. PO-316 (536) TRANSPLANTE HEPÁTICO NO HEPATOCARCINOMA MENESCAL CV, GARCIA JHP, VASCONCELOS JBM, BORGES GCO, BRASIL IRC, COELHO GR, BARROS MA, CAMPOS FILHO DH, VALENÇA JÚNIOR JT, ROCHA TDS, CAVALCANTE FP, FERNANDES CR Hospital Universitário Walter Cantidio - Centro de Transplante de Fígado do Ceará O carcinoma hepatocelular (HCC) é quinto câncer mais comum do mundo, tendo prognóstico usualmente pobre. O transplante hepático é o tratamento radical mais freqüentemente curativo para o HCC, além de fornecer a resolução da doença hepática crônica de base. Objetivo: Definir a incidência de HCC e suas características nas peças de explante de pacientes transplantados, assim como revisar a taxa de recidiva neoplásica pós-transplante. Métodos: Entre maio de 2002 e dezembro de 2006, 200 transplantes de fígado foram realizados em 190 pacientes pelo nosso Centro. Em 12,6% (24) foi confirmado o diagnóstico histopatológico de HCC no explante. A partir desta amostra, foi realizado um estudo retrospectivo e descritivo. Resultados: Desses 24 pacientes, 20 (83%) eram do sexo masculino e 4 (16,6%) eram do sexo feminino. A idade média dos pacientes foi de 58 anos. A cirrose por vírus C esteve presente em 70,6% dos pacientes. Em 4 casos, os tumores foram achados incidentais. 37,5% dos pacientes apresentaram um nódulo solitário, 45,8% apresentaram 2 ou 3 nódulos e 16,6% tinham mais de 3 nódulos. O diâmetro máximo do maior tumor foi menor que 3cm em 33,3% dos pacientes, entre 3 e 5cm em 54,2% e maior que 5cm em 12,5%. Os níveis de alfafetoproteína (AFP) foram normais em 62,5% dos pacientes. O tempo médio entre o diagnóstico de HCC e o GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 transplante foi de 10 meses. A taxa de recidiva do HCC foi de 8,3% (2 casos). Conclusão: A incidência de HCC obtida se assemelha à descrita pela literatura. Cirrose relacionada ao vírus da hepatite C (VHC) é a maior causa de doença hepática terminal no nosso centro. Quatro pacientes não tiveram o diagnóstico do tumor antes do transplante e outros 4 apresentaram mais de 3 nódulos no exame, o que demonstra a insuficiente sensibilidade das ferramentas diagnósticas convencionais para pequenos nódulos em fígados cirróticos. No nosso estudo, 21 pacientes (87,5%) apresentavam AFP menor que 100ng/ml, o que pode questionar sua validade como ferramenta diagnostica de HCC. Apesar do longo tempo de espera pelo transplante, a recidiva neoplásica foi baixa (8,3%). PO-317 (537) 200 TRANSPLANTES DE FÍGADO NO CEARÁ – ANÁLISE DOS RESULTADOS MENESCAL CV, GARCIA JHP, VASCONCELOS JBM, BORGES GCO, BRASIL IRC, COELHO GR, COSTA PEG, BARROS MA, CAMPOS FILHO DH, VALENÇA JÚNIOR JT, ROCHA TDS Hospital Universitário Walter Cantidio - Centro de Transplante de Fígado do Ceará Introdução: O transplante de fígado é considerado atualmente o tratamento de escolha para a maioria dos pacientes portadores de doença hepática terminal, modificando dramaticamente o prognóstico desses pacientes. O objetivo deste trabalho é descrever os resultados dos primeiros 200 transplantes de fígado realizados pelo Centro de Transplante de Fígado do Ceará (CTFC). Métodos: Análise retrospectiva dos prontuários dos pacientes submetidos a transplante de fígado no CTFC no período de maio de 2002 a janeiro de 2007. Resultados: Foram realizados 199 transplantes com doador cadáver e 1 transplante com doador vivo, sendo este transplante dominó. A principal indicação de transplante foi cirrose hepática por vírus da hepatite C seguida por cirrose alcoólica. Foram transplantados 145 homens e 55 mulheres com idade média de 48,5 anos. Dezenove pacientes eram portadores de CHILD A, 111 CHILD B e 70 pacientes CHILD C. O MELD médio por ocasião do transplante foi de 16. O tempo médio de isquemia fria e quente foi de 386,1 e 56,4 minutos, respectivamente. Foram realizados 12 retransplantes, principalmente por trombose de artéria hepática, com alta taxa de mortalidade. Complicações vasculares foram detectadas em 23 pacientes, sendo 19 tromboses de artéria hepática (9,5%), 2 tromboses de veia porta e 2 estenoses de veia hepática. No entanto, nos últimos 95 casos, a técnica da anastomose arterial foi modificada da forma sutura contínua para sutura com pontos separados, ocasionando uma incidência de trombose arterial de somente 2% (P < 0,05%). Complicações biliares foram detectadas em 33 pacientes. A sobrevida atuarial em 1 ano foi de 77%. Excluindo-se os retransplantes, a sobrevida atuarial em 1 ano foi de 80%. Discussão: A principais complicações encontradas foram as biliares (16,5%), seguidas das vasculares (11,5%). A principal indicação de retransplante foi trombose de artéria hepática (83,3%). A anastomose arterial com pontos separados parece conferir uma menor taxa de trombose. Os pacientes submetidos a retransplante tiveram uma sobrevida menor que a sobrevida global, com taxa de mortalidade de 58,3%. Conclusão: Os resultados encontrados nessa casuística inicial são compatíveis com os resultados descritos na literatura. Com a redução do número de complicações arteriais na segunda metade deste estudo e, conseqüentemente, diminuição da necessidade de retransplante, esperase uma maior sobrevida tardia do enxerto e do paciente. PO-318 (539) COMPLICAÇÕES BILIARES PÓS-TRANSPLANTE NO CENTRO DE TRANSPLANTE DE FÍGADO DO CEARÁ MENESCAL CV, GARCIA JHP, VASCONCELOS JBM, COELHO GR, COSTA PEG, CAMPOS FILHO DH, ROCHA TDS, FERNANDES CR, SCHREEN D, CAVALCANTE FP Hospital Universitário Walter Cantidio - Centro de Transplante de Fígado do Ceará Introdução: As complicações biliares são comuns após o transplante hepático, ocorrendo em 6 a 35% dos pacientes. Apesar da mortalidade ser pouco freqüente, é a principal causa de morbidade pós-transplante. Objetivo: Definir a incidência de complicações biliares e avaliar os tipos, os métodos diagnósticos, as manifestações clínicas e o manejo dessas complicações. Métodos: No período de maio de 2002 a fevereiro de 2007, 210 transplantes de fígado foram realizados pelo nosso Centro. 34 pacientes (16,2%) desenvolveram complicações biliares. A partir desta amostra, foi realizado um estudo retrospectivo e descritivo através da análise dos prontuários desses pacientes. Resultados: A incidência de complicações biliares no nosso Centro foi de 16,2%. 64,7% dos pacientes eram do sexo masculino e 35,3% eram do sexo feminino. A idade média dos pacientes foi de 49 anos. O escore do Model of End-Stage Liver Disease (MELD) médio foi 13,8 (variando de 8 - 35), enquanto o escore de Child-Pugh dos pacientes variou entre 5 e 11 (média = 8,8). O tempo médio de isquemia fria foi de 441 minutos. As técnicas utilizadas na reconstrução biliar destes pacientes foram a coledocostomia término-terminal sem dreno de Kerh (76,5%), a coledocostomia término-terminal com dreno de Kerh (17,6%) e a coledocojejunostomia em Y de Roux (5,9%). A estenose biliar foi a complicação mais comum, sendo responsável por 73,5% das complicações. Quantos às manifestações clínicas, a icterícia e a dor abdominal foram as mais presentes, ocorrendo em 53% e 35,3% respectivamente. A elevação da gama-GT, da fosfatase alcalina e das bilirrubinas ocorreu em 94%, 76,5% e 50%, respectivamente. Os principais métodos diag- S 87 nósticos usados foram a CPRE (38%), a colangioressonância (29,5%) e a ultra-sonografia abdominal (26,5%). Os tratamentos instituídos foram a derivação biliodigestiva em Y de Roux (58,8%), o tratamento endoscópico com colocação de endoprótese (17,6%), a dilatação e colocação de stent através de radiologia intervencionista (8,8%), a dilatação com balão via endoscópica com posterior colocação de endoprótese (5,8%), a drenagem percutânea (5,8%) e a dilatação com balão via endoscópica (2,9%). Conclusão: As complicações biliares foram as principais complicações pós-transplante, tendo incidência semelhante as descritas pela literatura. A estenose biliar foi o tipo de complicação mais comum. Em nosso centro, a cirurgia foi o tratamento mais eficaz para a resolução destas complicações. PO-319 (544) LEAL CRG, POUSA F, ROMA J, GONZALEZ AC, ZYNGIER I, PAN MCC, VEIGA ZST, PEREIRA JL, PACHECO LF, BALBI E Hospital Geral de Bonsucesso Fundamentos: Os inibidores da interleucina dois têm sido empregados no transplante hepático como forma de retardar ou reduzir o uso dos inibidores de calcineurina, o que é particularmente importante nos pacientes com disfunção renal prévia. O objetivo do trabalho foi avaliar, retrospectivamente, a eficácia do Basiliximab em retardar a introdução dos inibidores de calcineurina no pós-operatório precoce e a incidência de rejeição celular aguda nesta população, nos primeiros três meses pós-transplante. Métodos: No período de março de 2002 a julho de 2007, 237 pacientes foram submetidos a transplante hepático, sendo 19 previamente selecionados, de acordo com o clearence de creatinina, para receberem Basiliximab como indução da imunossupressão. Dos 19 pacientes, 10 eram homens e 9 mulheres e a média de idade era de 49,92 anos (14-63). 15 eram portadores de cirrose (8 por hepatite C, 1 por hepatite B, 1 por hemocromatose, 3 por álcool, 1 por Budd-Chiari e 1 por deficiência de α1-antitripsina) dentre os quais 3 apresentavam hepatocarcinoma. Quatro pacientes foram transplantados por insuficiência hepática fulminante (3 por hepatite auto-imune e 1 medicamentosa), 2 destes necessitando de hemodiálise. A média da creatinina no préoperatório foi de 1,2 (DP ± 0.82). A insuficiência renal aguda no grupo das fulminantes foi determinada pela própria disfunção hepatocelular. O basiliximab (20mg) foi administrado até 6 horas após a revascularização do enxerto, e no 4° dia pós-operatório. Todos os pacientes receberam metilprednisolona desde o pós-operatório imediato. Resultados: O inibidor de calcineurina foi introduzido num intervalo de 5 a 11 dias de seguimento, em média sete dias, de acordo com a elevação das transaminases. Em 15 pacientes utilizou-se tacrolimus, em 3 ciclosporina e, em um caso, o óbito ocorreu antes do início da 3ª droga. Conclusões: Observamos uma necessidade precoce de introdução dos inibidores de calcineurina em comparação à proposta inicial da droga. Dentre os 19 pacientes avaliados, apenas 4 apresentaram um episódio de rejeição celular aguda antes do 3° mês (21% de incidência). PO-320 (547) TRATAMENTO DA RECIDIVA DA HEPATITE C PÓS-TRANSPLANTE HEPÁTICO LEAL CRG, POUSA F, ROMA J, GONZALEZ AC, ZYNGIER I, PAN MCC, VEIGA ZST, PEREIRA JL, PACHECO LF, BALBI E Hospital Geral de Bonsucesso Fundamentos: A infecção crônica pelo vírus da hepatite C (VHC), evoluindo para doença hepática terminal, é hoje a PRINCIPAL indicação de transplante hepático. O momento de se iniciar o tratamento do VHC pós-transplante varia desde o tratamento imediatamente após o transplante até o surgimento de evidência histológica da recidiva no enxerto. O presente trabalho mostra a experiência de um programa de transplante no tratamento da infecção pelo VHC após o desenvolvimento de recidiva histológica. Métodos: No período de março de 2002 a julho de 2007, os pacientes com diagnóstico de recidiva de doença (VHC) foram selecionados para o tratamento, após a realização de testes de função hepática, carga viral (HCV-RNA), genótipo e biópsia hepática. O HCV-RNA era repetido na 12° semana, 24° semana, ao final do tratamento (ETR), e 6 meses após o final do tratamento (resposta virológica sustentada - RVS) para os pacientes que alcançaram a ETR. O tipo de tratamento utilizado variou de acordo com o ano do mesmo, as características do paciente e a medicação disponível. As contra-indicações e a duração do tratamento foram semelhantes ao tratamento pré-transplante (48 semanas para o genótipo 1 e 24 semanas para os demais genótipos). Resultados: Nesse período, foram realizados 237 transplantes hepáticos, sendo 97 devido à infecção pelo VHC (41%). 20 pacientes foram selecionados para o tratamento: 8 completaram o esquema de tratamento proposto, 6 permanecem em tratamento e 14 não toleraram o tratamento (8 receberam 2 tipos de tratamento). Esses resultados e os esquemas terapêuticos utilizados estão na tabela abaixo. RESULTADOS DO TRANSPLANTE HEPÁTICO NA ERA PRÉ E PÓS MELD GONZALEZ ACG, ROMA J, ZYNGIER, I GUEDES C, VEIGA ZST, POUSA F, PAN MCC, ENNE M, PACHECO LM, BALBI E Fundamentos: A implementação do modelo para doença hepática terminal (MELD) reduziu a mortalidade na lista de espera para transplante hepático (TH) nos Estados Unidos, e foi recentemente introduzido no Brasil. Comparamos o desfecho do TH em 16 pacientes antes e após a implementação deste sistema no nosso Hospital. Consideramos que uma lista de espera extensa e a escassez de órgãos poderia significar valores de MELD mais elevados e desfechos piores durante e após o TH. Pacientes e métodos: Conduzimos um estudo retrospectivo com 32 pacientes submetidos a TH entre Julho de 2005 e Julho de 2007. 16 pacientes submetidos a TH antes da implementação do MELD (Grupo 1) foram comparados com 16 pacientes após sua implementação (Grupo 2). Parâmetros clínicos e bioquímicos foram registrados. Os desfechos foram definidos como a média da pontuação MELD (real e priorizado), percentual de hemotransfusões e extubações no centro cirúrgico (CC), média de dias no CTI e mortalidade (Tabela 1). Resultados: Observamos na Tabela 1, um maior número de hemotransfusões no segundo grupo, menor índice de extubação no CC, maior tempo de permanência em CTI assim como maior mortalidade. Podemos verificar pequena diferença no MELD real entre os dois grupos. Porém, quando levamos em consideração situações excepcionais (carcinoma hepatocelular, polineuropatia amiloidótica familiar e síndrome hepatopulmonar) com MELD priorizado, a diferença aumenta significamente. Tabela 1 – Parâmetros analisados nos Grupos 1 e 2 MELD Group 1 Group 2 Hemotransfusão Extubação 13,26 16,5 18,7% 38 Tempo no CC 75% 56,25% Óbito no CTI 6,05 43,7% Real Priorizado 0 10 25% Conclusão: Nosso estudo sugere que a implementação da pontuação MELD aumentou a morbidade e a mortalidade em pacientes submetidos a TH. Aqueles com patologias priorizadas pelo MELD (87,5%), foram predominantemente beneficiados por esta mudança. Esse achado deve ser analisado no contexto de um centro com uma grande lista de espera e escassez de órgãos, levando à seleção de pacientes com MELD elevados. PO-322 (561) TRANSPLANTE HEPÁTICO A PARTIR DE DOADOR CADÁVER COM SOROLOGIA POSITIVA PARA DOENÇA DE CHAGAS OLIVEIRA E SILVA A DE, WAHLE RC, SOUZA EO, MANCERO JPM, LARREA FIS, PERÓN JR G, RIBEIRO JR MAF, COPSTEIN JLM, GONZALEZ AM, D’ALBUQUERQUE LAC Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: As elevadas taxas de mortalidade nos pacientes em lista de espera para transplante hepático tem motivado o uso de “fígados marginais”, entre os quais estão inclusos fígados de doadores cadáveres com sorologia positiva para doença de chagas. Métodos: Neste trabalho discutiremos a realização de transplante ortotópico de fígado em pacientes com doença hepática avançada (Child C) com utilização de fígado de doadores com sorologia positiva para chagas. Os transplantes foram realizados de novembro de 2002 a janeiro de 2005, e os pacientes receberam tratamento profilático com benznidazol por sessenta dias como recomendado pelo consenso brasileiro de doença de chagas. Resultados: Os procedimentos cirúrgicos não apresentaram problemas técnicos e todos os pacientes receberam alta hospitalar. Cinco deles não apresentaram efeitos colaterais que exigissem interrupção do tratamento. Quatro dos pacientes estão clinicamente bem um ano após o transplante, com sorologia negativa para doença de chagas. Dois pacientes morreram um deles seis meses após a cirurgia por sepse de origem biliar e outro por complicação de tuberculose pulmonar. Ambos apresentavam sorologia negativa para doença de chagas. Conclusões: Estes resultados sugerem que o transplante hepático com doadores com sorologia positiva para doença de chagas seguindo o tratamento profilático preconizado é uma importante alternativa terapêutica para doença hepática avançada. N ETR RVS Tratamento Suspensão Em completo tratamento Ribavirina 08 Interferon + Ribavirina 05 Peginterferon + Ribavirina 15 S 88 PO-321 (548) Hospital Geral de Bonsucesso ASSOCIAÇÃO DE BASILIXIMAB E INIBIDORES DECALCINEURINA NO TRANSPLANTE HEPÁTICO Tratamento Conclusões: O tratamento de pacientes transplantados com Peginterferon + Ribavirina é possível, e parece não induzir alterações imunológicas graves. Os resultados do tratamento com Peginterferon + Ribavirina nessa pequena série são promissores, com uma taxa de RVS alcançada em 67% dos pacientes que completaram o tratamento. A ocorrência de feitos colaterais foi uma causa importante de suspensão do tratamento nesse grupo. 2 4 2 4 2 6 6 3 5 2 4 GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-323 (562) O USO DA ARTÉRIA ESPLÊNICA PARA RECONSTRUÇÃO ARTERIAL NO TRANSPLANTE HEPÁTICO INTER-VIVOS OLIVEIRA E SILVA A DE, WAHLE RC, SOUZA EO, MANCERO JPM, LARREA FIS, PERÓN JR G, RIBEIRO JR MAF, COPSTEIN JLM, GONZALEZ AM, D’ALBUQUERQUE LAC Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: A reconstrução arterial no transplante hepático com doador vivo ou cadáver é de fundamental importância para o sucesso do procedimento. Por vezes, a artéria hepática do receptor, que representa a primeira escolha, apresenta limitação de fluxo ou mesmo dissecção da camada íntima pela manipulação. Este estudo visa analisar a possibilidade de uso da artéria esplênica para arterialização do enxerto em transplante hepático inter-vivos. Métodos: No período entre agosto de 2004 e abril de 2006 foram realizados trinta e um transplantes hepáticos inter-vivos adultoadulto. Em vinte e sete pacientes (grupo A) a artéria hepática direita ou esquerda foi utilizada para arterialização do enxerto, enquanto que em quatro casos (grupo B) foi utilizada a artéria esquerda. Resultados: O média valor do Meld dos pacientes foi dezessete (17,2 para o grupo A e 15,2 para o grupo B) e variou entre sete e vinte oito. Pancreatite, infarto esplênico e outras complicações relacionadas com a ligadura da artéria esplênica não foram observados. Em dois casos (6,4%) foram observadas complicações arteriais, ambos em pacientes do grupo A: uma trombose observada no segundo dia pós operatório e uma estenose de artéria. A mortalidade geral foi de 25,8%, e complicações infecciosas representaram a principal causa de óbito (1 no grupo B). Conclusões: A artéria esplênica é uma alternativa prática e segura para reconstrução arterial em transplante hepático inter-vivos, quando a artéria hepática não é adequada e na presença de hipertensão portal com esplenomegalia. PO-324 (563) ESTUDO DAS COMPLICAÇÕES EM DOADORES DE LOBO HEPÁTICO DIREITO PARA TRANSPLANTE INTERVIVOS DE FÍGADO OLIVEIRA E SILVA A DE, PADILLA MJM, RIBEIRO JR MAF, PERON JR, G, COPSTEIN MJL, SERPA LF, GONZALEZ AM, SÁ GPD, DAZZI FL, D’ALBUQUERQUE LAC Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: O Doador vivo de lobo hepático direito (LHD) é uma opção para os pacientes em lista de espera com piora da função hepática o aparecimento de carcinoma hepato celular. Uma série de debates éticos em relação a esse tipo de procedimento foi levantada, principalmente no que diz respeito aos riscos de morbimortalidade para o doador. Apresentamos neste trabalho um estudo das complicações de 68 hepatectomias direitas para transplante intervivos realizadas de 1999 a 2007. Métodos: A seleção dos doadores segue critérios rígidos preestabelecidos, onde são submetidos à avaliação laboratorial, radiológica, psicológica, clínica e cirúrgica. Os doadores foram 46 homens e 28 mulheres, com idade média de 31 anos. Através de um estudo longitudinal prospectivo foram coletados dados referentes a complicações ocorridas nos períodos perioperatório e pós-operatório (90 dias), os 68 pacientes foram submetidos a hepatectomia direita pela mesma equipe cirúrgica e seguindo técnica estabelecidas pela literatura. Estes resultados foram agrupados utilizando-se uma classificação padronizada de Clavien. Resultados: No período perioperatório, 89,18% (61) dos pacientes não tiveram complicações; ocorreu lesão de via biliar em 4,05% (3) das cirurgias; lesão de veia hepática em 2,7% (2); lesão de plexo braquial em 1,35% (1), estenose de veia porta em 1,35% (1). No período pósoperatório, 70,27% (52) dos doadores não apresentaram qualquer complicação. 13,50% (10) apresentaram fístula biliar; seroma em 6,75% (5); Hérnia Incisional em 2,70% (2); Pancreatite em 2,70% (2) e outras complicações em 4,05%. Dois pacientes apresentaram sangramento sendo reoperados no primer PO. Um paciente necessito ser reoperado com 60 dias para correção de fístula biliar. Os pacientes permaneceram internados em UTI por 1,18 dias e receberam alta no 8° PO em média. Não houve óbito na casuística. Conclusões: A hepatectomia direita para doação de fígado para transplante intervivos é um procedimento seguro para o doador. As complicações em sua maioria são de fácil resolução através de procedimentos não cirúrgicos na quase totalidade dos casos. PO-325 (564) ESTUDO COMPARATIVO ENTRE HEPATECTOMIAS DIREITAS PARA TRANSPLANTE DE FÍGADO INTERVIVOS COM OU SEM A INCLUSÃO DA VEIA HEPÁTICA MÉDIA OLIVEIRA E SILVA A DE, PADILLA MJM, RIBEIRO JR MAF, PERON JR G, COPSTEIN MJL, SERPA LF, GONZALEZ AM, SÁ GPD, DAZZI FL, D’ALBUQUERQUE LAC Centro Terapêutico Especializado em Fígado (CETEFI), Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo, SP Fundamentos: Com a evolução do transplante hepático intervivos para adultos, notou-se que o lobo esquerdo, utilizado em crianças, não atingia um volume satisfatório em muitos casos. Iniciou-se então a utilização do lobo hepático direito (LHD) que corresponde a aproximadamente 2/3 do volume hepático total. Alguns centros incluem a veia hepática média juntamente com o enxerto, enquanto outros optam por não retirá-la. Comparamos múltiplos fatores de dois grupos de doadores hepáticos de lobo direito, com ou sem inclusão da veia hepática média (VHM) juntamente com o enxerto. Métodos: Foram realizadas 68 hepatectomias direitas para transplante interGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 vivos de 1999 a 2007, sendo 39 sem a inclusão da VHM (grupo A) e 29 com a inclusão da VHM (grupo B). Através de um estudo longitudinal prospectivo, forma coletados dados referentes ao tempo de internação, tempo cirúrgico, complicações pós-operatórias, peso do enxerto, peso proporcional do enxerto para o receptor, utilização de hemoderivados e evolução laboratorial no 1º dia, 3º dia e no dia da lata hospitalar dos dois grupos e comparados. Resultados: O estudo demonstrou que os gripos A e B forma semelhantes em relação aos dados gerais (idade, sexo e peso). Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa em nenhum dos parâmetros comparados. Conclusões: A inclusão ou não da VHM na ressecção do LHD do doador para transplante intervivos não demonstrou diferença nos diversos parâmetros estudados, tornando a opção por uma ou outra técnica uma decisão mais relacionada à anatomia vascular e biliar do fígado do doador e a experiência da equipe com cada método. Diversos PO-326 (51) HEPATITE GRANULOMATOSA POR MONONUCLEOSE INFECCIOSA CRÔNICA – RELATO DE CASO GIORDANO-VALÉRIO HM, GABURRI PD, MOUTINHO AC, COSTA MCR, MELLO ES Centro de Hepatologia do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Minas Gerais Homem, 39 anos, natural de Juiz de Fora procurou serviço médico por febre há vinte dias, mialgia e inapetência. Antecedentes: diabético há 15 anos. Mononucleose infecciosa, há 17 anos, ocasião em que esteve internado por febre persistente, icterícia, inapetência e emagrecimento de 40kg. Exame físico: bom estado geral, ictérico (+/ 4+), febril (38,5ºC), taquipneico, taquicárdico, hidratado, com “rash” cutâneo em tronco e membros inferiores, orofaringe com hiperemia, sem adenomegalias, estertores crepitantes em bases pulmonares, hepatomegalia e esplenomegalia, sem ascite, sem sinais de doença hepática crônica. Durante internação evoluiu com piora da icterícia, dispnéia discreta nos primeiros três dias, com dois a três picos de febre baixa por dia sem horário preferencial, com edema de membros inferiores +/4+, sem dor abdominal, com boa aceitação da dieta oral. Perdeu 10kg em 30 dias e a febre persistiu por 30 dias. Foram administrados insulina regular via subcutânea conforme glicemia capilar, paracetamol, vitamina K e ticarcilina/sulbactan via intravenosa por 10 dias. Exames: hemograma com leucopenia (3700) 10% bastões, 38% neutrófilos, 37% linfócitos e 5% linfócitos atípicos, plaquetopenia (60.000), AST 331, ALT 232, FA 450, γGT 1.718; BT 6,3/BD 5,2; PT 3,3; albumina 2,0; RNI 1,48; TAP 56,8%; Proteína C Reativa 61,84, três hemoculturas negativas. Sorologias de hepatite A, B, C e dengue foram negativas. Toxoplasmose: IgM(-) e IgG(+), citomegalovírus IgM(-) IgG(+). Os marcadores sorológicos para vírus Epstein-Baar apresentaram ascensão dos títulos tanto da fração IgM (reagente > 20): 27; 32 e 71, como da fração IgG (reagente > 20): 332, 377 e 381. Ultra-sonografia: esteatose hepática moderada, esplenomegalia leve. Biópsia hepática: presença de leve infiltrado inflamatório misto periportal e esteatose macrogoticular, numerosos pequenos granulomas epitelióides ao longo do lóbulo, pesquisa de BAAR e fungos negativa. Bilirrubinostase citoplasmática e canalicular presentes. Após 1 mês do início dos sintomas paciente evoluiu bem, sem febre, com melhora da icterícia, sem dispnéia, melhora do apetite, peso estável, sem mialgia. Realizou exames após 30 dias: AST 60UI; ALT 88UI; γGT 157; Bilirrubina total 1,2 TAP 93%, RNI 1,04, Proteína C Reativa negativa. PO-327 (57) ESTUDO PROSPECTIVO DAS ALTERAÇÕES HEPÁTICAS EM GESTANTES INTERNADAS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE BELÉM-PARÁ CONDE SRSS1,2, BARBOSA MSB1,2, MÓIA LJMP1,2, SOARES MCP3, LIMA SB1, SOUSA SP1 1. Universidade Federal do Pará; 2. Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará; 3. Instituto Evandro Chagas; Belém, Pará As doenças hepáticas na gravidez constituem um problema tanto para o obstetra quanto para o clínico, particularmente a grávida ictérica, influenciando negativamente no prognóstico materno-infantil. Objetivos: Determinar a freqüência das alterações dos testes hepáticos em gestantes e avaliar o prognóstico materno-infantil. Métodos: No período de março de 2005 a fevereiro de 2006, foram avaliadas grávidas internadas na enfermaria de alto risco da Santa Casa de Misericórdia do Pará, sendo em todas realizados exames de AST, ALT, GGT e bilirrubinas. Naquelas que apresentavam qualquer alteração, sua investigação era ampliada com exames bioquímicos, sorológicos, culturas de material biológicos e métodos de imagens necessários para elucidação diagnóstica e acompanhamento de sua evolução. Após esta fase, as pacientes foram divididas no grupo I (doenças relacionadas à gestação) ou no grupo II (doenças não relacionadas à gestação). Resultados: Das 480 pacientes avaliadas, incluíram-se 308 (64,2%), sendo que, destas, 93 (30,2%) possuíam testes alterados. Destas, 42 (45,2%) foram distribuídas no grupo I (45,2%) e 51 (54,8%) no grupo II. No grupo I, a doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) foi a patologia mais freqüente, encontrada em 71,4% (30/42) dos casos; enquanto que no grupo II, a maior parte das patologias relacionava-se às doenças infectoparasitárias, com 58,8% (30/51), sendo a infecção do trato urinário a mais freqüente com 33,3% (10/30). A maioria das pacientes encontrava-se no terceiro trimestre, com 85,7% (36/42) e 77,8% (40/51) nos grupos I e II, respectivamente. A evolução S 89 para parto ocorreu em 78,6% (33/42) no grupo I e em 27,5% (14/51) no grupo II, havendo nítida significância estatística (p = 0,0001). As complicações fetais foram observadas em 57,6% dos casos (19/33) no grupo I e 35,7% no grupo II, embora sem diferença significante entre ambos. Conclusão: As alterações hepáticas ocorreram em 30,2% (93/308) das gestantes, sendo a maioria causada por doenças não relacionadas à gestação (54,8%) e houve uma tendência de maiores complicações fetais no grupo de pacientes com doenças relacionadas à gravidez. PO-328 (58) EPIDEMIOLOGIA DO CENTRO DE HEPATOLOGIA DA SANTA CASA DE JUIZ DE FORA APÓS UM ANO DE CRIAÇÃO - ANÁLISE DE 205 PACIENTES GABURRI PD, GIORDANO-VALÉRIO HM, MOUTINHO AC, CORTES-FERNANDES G Centro de Hepatologia da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, MG Há um ano, o Centro de Hepatologia da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora atende pacientes encaminhados para investigação diagnóstica e tratamento de hepatopatias pelo Sistema Único de Saúde. Neste período, foram avaliados 205 pacientes, 66,5% do sexo masculino e 33,5% do feminino. A média de idade encontrada foi de 46,5 anos, e variou de 6 a 87 anos. Em 24% dos pacientes foi encontrado algum marcador sorológico para hepatite B e 41% dos pacientes apresentaram sorologia positiva para hepatite C. Na avaliação dos pacientes com marcadores da hepatite B, foram encontradas as seguintes doenças: hepatite B crônica em 41% pacientes, hepatite B aguda em 12%, hepatite B curada em 23%, co-infecção HIV e HBV em 4%, associação hepatite B e NASH em 4%, cirrose hepática por HBV em 8% e cirrose hepática por HBV + álcool em 8% pacientes. Na avaliação dos pacientes com anti-HCV(+), 50% têm hepatite C crônica, 9% têm cirrose por VHC, 7% cirrose por VHC + álcool, 25% têm co-infecção HIV + HCV, 2% com hepatite C crônica + NASH e 7% apresentaram-se sem sinais de doença hepática e RNA-HCV qualitativo(-) já na primeira avaliação. O estudo da genotipagem do vírus C mostrou: 81% genótipo 1 e 19% genótipo 3. O estudo histológico dos pacientes RNA-HCV(+) e elevação de aminotransferases evidenciou ausência de fibrose em 50% dos casos. Quarenta por cento dos pacientes relataram história de etilismo, com média de consumo de diário de 80g de álcool. Do total de pacientes, 6,5% têm cirrose por álcool e 1,9% têm hepatopatia alcoólica. Em 10,2% dos pacientes foi diagnosticada doença hepática gordurosa não alcoólica, dos quais 64% têm esteato-hepatite e restante é portador de cirrose hepática por NASH. Em 1% dos pacientes foi diagnosticada hepatite aguda pelo vírus Epstein-Baar com boa evolução clínica. Em 2% dos pacientes foi diagnosticada hepatite aguda medicamentosa, uma paciente apresentou a forma fulminante após uso de amitriptilina e evoluiu bem. Em 2% dos pacientes foi diagnosticada hepatite A aguda, 2,8% doença biliar extra-hepática, 1% Síndrome de Gilbert, 3,7% com nódulo hepático e 3,7% permanecem em investigação de hepatopatia crônica e/ou esplenomegalia a esclarecer. PO-329 (107) DETECÇÃO DO VÍRUS DA HEPATITE E (HEV) EM SUÍNOS NO BRASIL DRL1, VITRAL CL1, DE PAULA VS1, GASPAR AMC1, SADDI TM2, MESQUITA JR NC2, GUIMARÃES FR2, CARAMORI JR JG2, SOUTO FJS2, PINTO MA1 DOS SANTOS 1. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro; 2. UFMT, Cuiabá, Mato Grosso Fundamentos: Tem sido demonstrada alta prevalência de anti-HEV em suínos pelo mundo, inclusive Brasil (Rio de Janeiro e Mato Grosso). Porém, ainda não houve isolamento do HEV em nosso meio. Dois estudos de desenho semelhante foram realizados em 2005-2006 nesses estados, abordando suínos recém-nascidos e seguindo-os com coleta de sangue periódica para surpreender infecção natural pelo HEV. Métodos: No RJ, 26 leitões de 5 matrizes diferentes anti-HEV IgG+ foram seguidos do nascimento até 22 semanas de vida com coleta de sangue periódica (cada 15 dias) para detecção de anti-HEV. No MT, 47 leitões de 6 matrizes anti-HEV+ foram seguidos após o desmame (4 semanas de vida) com mesma periodicidade. Anti-HEV foi pesquisado por ELISA in-house usando antígenos recombinantes cedidos pelo CDC (EUA). Em caso de soroconversão, tentativa de extração de DNA por RT-PCR (amplificação parcial de ORF1 e ORF2) era realizada na amostra imediatamente anterior àquela que soroconverteu. Também foram colhidos pools de fezes de suínos das mesmas fazendas para extração de RNA. Fragmentos de RNA obtidos foram seqüenciados (3730 DNA Analyzer, Applied Byosystems). As seqüências obtidas foram comparadas entre si e com outras seqüências de HEV disponíveis no GenBank (DNAstar Inc., Madison, WI, USA). Resultados: Foi constatada soroconversão em 23/26 leitões no RJ e em 8/47 de MT. Foram extraídos seguimento de 242 pb da ORF1 e de 348 pb da ORF2 de RNA-HEV de 1 soro e de 1 pool de fezes do RJ. Das amostras do MT, 3 soros e 2 pools de fezes foram positivos para seqüências de 348 bp da ORF2. A análise filogenética das amostras mostrou grande proximidade filogenética entre elas, estando todas no genótipo III, como usualmente visto para HEV suíno. Conclusão: Esta é a primeira vez que seqüências genômicas de HEV são isoladas no Brasil, seja de animais ou humanos. A proximidade filogenética entre as seqüências dos dois estados e a inclusão no genótipo III torna mais robustos os achados aqui relatados e confirma que o HEV circula intensamente em rebanhos suínos no país. O potencial zoonótico do HEV tem sido ressaltado em vários relatos, justificando atenção de parte dos médicos em nosso meio. S 90 PO-330 (135) SÍNDROME DE ROTOR: RELATO DE CASO MAZO DFC, CARRILHO FJ, CANÇADO ELR Disciplina de Gastroenterologia Clínica da FMUSP, São Paulo Introdução: A síndrome de Rotor é doença hereditária rara do metabolismo da bilirrubina, caracterizada por hiperbilirrubinemia conjugada crônica, benigna, sem outras evidências de colestase. A síndrome de Dubin-Johnson também compartilha essas características, no entanto, há diferença no exame histológico hepático, onde se detectam depósitos de pigmento nos hepatócitos, e nos achados da cintilografia biliar. Descreve-se paciente com provável síndrome de Rotor. Caso clínico: JAR, masculino, 46 anos, com icterícia e colúria há 14 anos, sem outros sintomas relacionados à hepatopatia e sem antecedente familiar de icterícia ou doença hepática. Como comorbidades, referia convulsões há 4 anos, em tratamento com fenitoína e clonazepam, e hipertensão arterial há 2 anos, em uso de atenolol e ramipril. Todas as medicações iniciadas após o início do quadro. Colecistectomizado há 6 anos por colelitíase. Exames bioquímicos evidenciavam bilirrubina total de 14,5mg/dL, com fração direta de 9,0mg/dL e ALT 45U/L (VR: < 41U/L). O restante da bioquímica hepática, perfil de ferro, hormônios tireoidianos, eletrólitos e provas de hemólise foram normais. Sorologias virais e auto-anticorpos hepáticos estavam negativos. O exame ultra-sonográfico de abdome revelou moderada esteatose, sem dilatação de vias biliares, com exame ultra-sonográfico endoscópico normal. Revisão da biópsia hepática realizada há 2 anos confirmou esteatose macrogoticular grau 3. A cintilografia de fígado e vias biliares com 99mTc-DISIDA mostrou déficit acentuado de concentração do radiofármaco pelo parênquima hepático, com ausência de sua eliminação para o sistema biliar e presença de excreção renal do mesmo, com acentuada persistência de atividade de “pool” sanguíneo. Não foram identificados as vias biliares intra e extra-hepáticas e o intestino delgado no estudo de até 4 horas. Diagnóstico diferencial: Foram excluídos pela avaliação clínica e laboratorial infecções, distúrbios metabólicos, anormalidades das vias biliares e hepatotoxicidade por drogas. Conclusão: Com a exclusão dos diagnósticos diferenciais, associada à ausência de colestase, anormalidades das vias biliares ou interferência de medicações, o quadro de hiperbilirrubinemia direta associada à biópsia hepática sem pigmentos e os achados da cintilografia biliar são fortemente sugestivos de síndrome de Rotor. PO-331 (150) NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA EM HEPATITES VIRAIS: RESPONSABILIDADE SOCIAL PINTO L1, ALMEIDA EP2, PITTELLA AM3, SILVA FA4, RODRIGUES C1, ABREU K1, LEITE NV1, ANTUNES DP1 1. Médica do Ambulatório de Hepatologia do Hospital Quinta D’Or. 2. Enfermeira Coordenadora do Ambulatório do Hospital Quinta D’Or. 3. Clínica Médica/Hepatologia do Hospital Quinta D’Or - UNIGRANRIO. 4. Radiologia do Hospital Quinta D’Or – UNIGRANRIO Hospital Quinta D’Or – Rio de Janeiro Fundamentos: As hepatites virais constituem um grave problema de saúde pública, sobretudo as causadas pelos vírus B e C. O fornecimento de dados para a Vigilância Epidemiológica é feito através de um sistema universal de notificação compulsória de casos suspeitos. Este número não reflete a real incidência das infecções, dado o percentual significativo de portadores assintomáticos ou oligossintomáticos, dificilmente detectáveis. O objetivo do trabalho é notificar os casos de pacientes com hepatites virais visando determinar o perfil dos agentes etiológicos, identificar os principais fatores de risco e ampliar as estratégias de prevenção. A análise destes dados contribuirá para que os profissionais de saúde estejam aptos ao diagnóstico e tratamento adequados e ao desenvolvimento de programas de prevenção e controle. Métodos: A rotina do Ambulatório de Hepatologia do Hospital Quinta D’Or caracteriza-se pelo levantamento retrospectivo e prospectivo de todos os prontuários dos pacientes atendidos desde março de 2004, realizando as respectivas notificações, registros e repasses. Estratégia utilizada: 1) Preencher a ficha de investigação epidemiológica para os pacientes com diagnóstico suspeito ou confirmado de hepatite viral; 2) Carimbar o prontuário identificando-o como NOTIFICADO; 3) Inserir os dados desta notificação em um banco de dados criados pelos profissionais do Ambulatório 4) Entregar a notificação original ao Serviço de Infecção Hospitalar. Resultados: Temos observado assimilação das práticas da Vigilância Epidemiológica, permitindo avançar no propósito inicial de manter o Protocolo de Notificação Compulsória em Hepatites Virais, como prática e exigência. Conclusão: A notificação compulsória é um dever dos profissionais de saúde, às vezes negligenciado pelo desconhecimento de sua importância. É fundamental o desenvolvimento de trabalhos educacionais para sensibilizar os profissionais e a sociedade. A notificação compulsória é uma responsabilidade social. PO-332 (159) EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS HEPÁTICAS-IMPORTÂNCIA DO CENTRO ESPECIALIZADO GABURRI PD, GIORDANO-VALÉRIO HM, MOUTINHO AC, CORTES-FERNANDES G, DELGADO AA, TOSTES LM Centro de Hepatologia da Santa Casa de Misericórdia-Juiz de Fora-MG Estudo prospectivo durante um ano, avaliou 207 pacientes, encaminhados para análise de enfermidade hepática a um Centro Especializado. Dos pacientes 101 (49%) GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 eram homens, com média de idade de 48 anos. Em 37 (18%) foram identificados marcadores sorológicos para hepatite B (HB); 78 (38%) tinham sorologia positiva para hepatite C (HC). As seguintes formas da doença no grupo estudado foram: HB crônica em 13 (35%), HB aguda em 3 (8,1%), HB curada (cicatriz sorológica) em 10 (27%), co-infecção HIV e HBV em 2 (5,4%), associação HB e Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) em 1 (2,7%), cirrose hepática por HBV em 2 (5,4%), cirrose hepática por HBV+álcool em 3 (8,1%), anti-HBc (+) isolado em 1 (2,7%) e co-infecção HBV+HCV em 2 (5,4%). Os anti-HCV (+) tiveram sua avaliação pela PCR; 34 (43,5%) tinham HC crônica, 11 (14,1%) cirrose por VHC, 5 (6,4%) cirrose por VHC+álcool, 18 (23%) co-infecção HIV+HCV, 1 (1,3%) com HC crônica + DHGNA, cirrose por VHC+DHGNA em 1, hepatite C aguda em 1 paciente e 5 (6,4%) sem queixas, com RNA-HCV negativo. A genotipagem do vírus C mostrou: 77% do tipo 1 e o restante tipo 3. Em quarenta e dois pacientes com suspeita clínica de hepatite crônica foi solicitada a realização da biópsia hepática. A histologia evidenciou (classificação Metavir): F0 em 60% e F4 em 25%. Sessenta e oito (33%) pacientes eram etilistas. Em 20 (9,7%) pacientes, havia DHGNA sem comorbidades; destes: 8 tinham esteato-hepatite, 6 esteatose hepática e 6 já com cirrose. Houve 2 casos de hepatite aguda pelo vírus Epstein-Baar. Cinco pacientes (2,5%) apresentaram hepatite aguda medicamentosa, um dos quais na forma fulminante, 3 (1,5%) pacientes apresentaram-se com hepatite A aguda. Os demais casos eram: um de Cirrose Hepática criptogenética associada a síndrome de Turner, dois casos (1%) de síndrome de “Overlapping”, um de síndrome de Budd-Chiari com cirrose, Síndrome de Gilbert em 1 (0,5%) paciente e 16 (7,8%) têm hepatopatia crônica e estão em investigação diagnóstica. O restante dos pacientes (13/6,2%) apresentava doença biliar extrahepática ou doenças cuja etiologia hepática foi excluída. Conclusão: A assistência de doentes portadores de doenças hepáticas por um centro especializado, permite maior acurácia no diagnóstico e de conduta terapêutica mais apropriada. PO-333 (179) MARCADORES VIRAIS EM HEMOCENTRO - EVOLUÇÃO DE UMA DÉCADA TOVO CV, ALMEIDA PRL, BALSAN AM, WINCKLER MA, CARVALHO V, GALPERIM B Hospital Nossa Senhora da Conceição de Porto Alegre-RS Fundamento: Tem sido relatado na literatura que a prevalência de indivíduos soropositivos para vírus de hepatite C reduziu-se drasticamente entre a população de doadores de sangue. Objetivo: Avaliar as taxas de prevalência, em Banco de Sangue, dos marcadores de hepatite B, C e HIV. Material e métodos: Foram revisados retrospectivamente os marcadores de hepatite B (HBsAg e Anti-HBc), C (anti-HCV) e resultado do teste anti-HIV de todos os doadores do Banco de Sangue do Hospital Nossa Senhora da Conceição, o maior hospital do Sistema Único de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, no período compreendido entre o ano de 1993 e 2007. Resultados: Ano Doações Anti-HCV Anti-HIV HBsAg Anti-HBc 1993/1994n (%) 1997n (%) 1999n (%) 2001n (%) 2003n (%) 2005 n (%) 2006n (%) 2007*n (%) 37.335 649 (1,74) - 18.284 16.279 17.255 18.102 148 (0,81) 124 (0,76) 117 (0,68) 92 (0,51) 44 (0,24) 32 (0,17) 34 (0,20) 33 (0,18) 60 (0,33) 48 (0,26) 45 (0,26) 47 (0,26) 859 (4,70) 548 (2,3) 479 (2,78) 396 (2,19) 18.417 66 (0,36) 24 (0,13) 25 (0,13) 406 (2,20) 17.964 57 (0,3!) 30 (0,16) 31 (0,17) 401 (2,23) 8.443 35 (0,41) 12 (0,14) 13 (0,15) 178 (2,11) * = análise do primeiro semestre Conclusões: Houve nítida diminuição nas prevalências de anti-HCV, anti-HIV, HBsAg e anti-HBc. As causas destas modificações são especulativas, podendo o menor número de casos ter ocorrido em decorrência das campanhas governamentais de orientação à população bem como da exclusão sistemática do pool de indivíduos soropositivos do cadastro de doadores. são: DM, esteatose hepática, sorologia positiva para vírus B e/ou C, alcoolismo, doença auto-imune e hemocromatose (20 pacientes foram excluídos). O diagnóstico de intolerância à glicose foi baseado no TTOG de acordo com critérios da Organização Mundial de Saúde. O perfil de tolerância à glicose em portadores de EHE de acordo com critérios da Associação Americana de Diabetes: glicemia de jejum (GJ) alterada (entre 100 e 126mg/dL); GJ normal (70 a 100mg/dL) e alteração diabética, GJ ≥ 126mg/dL. TTOG é considerado diagnóstico de DM se ≥ 200mg/dL; e tolerância diminuída à glicose se ≥ 140 e < 200. Resultados: Dos 19 pacientes com EHE, 5 (26,32%) apresentaram ao TTOG diagnóstico de DM [entre eles 1 (20%) apresentou GJ alterada e 4 (80%) GJ normal]; 7 (36,84%) tiveram tolerância diminuída à glicose [2 (28,57%) com GJ alterada e 5 (71,43%) com GJ normal]; 7 (36,84%) glicemia normal. Conclusão: Os dados obtidos apontam que de forma semelhante ao que ocorre com os cirróticos os pacientes esquistossomóticos parecem ter tendência ao desenvolvimento de DM e intolerância a glicose. PO-335 (228) DOENÇA POLICÍSTICA HEPÁTICA HEREDITÁRIA COMPLICADA POR INFECÇÃO CÍSTICA ESCOBAR FA, FRÓES RSB, MORAES GF, TEIXEIRA EFL, CAMPOS ESO, PORTO CD, TEIXEIRA RS, GUARISCHI A Seção de Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva do Hospital de Força Aérea do Galeão, Rio de Janeiro Introdução: A doença hepática policística autossômica dominante (DHPAD) é em geral assintomática e o diagnóstico acidental em sua maioria. Pode apresentar complicações como ruptura, infecção, hemorragia, degeneração maligna e efeito de massa. Objetivo: Relatar um caso de DHPAD complicada por infecção em cisto único. Relato: AHFN, 61 anos, feminino, branca, com febre intermitente há 1 mês, icterícia e perda ponderal. Dois irmãos com doença policística hepática. Exame físico normal. Aumento de ALT, AST e BT. Tomografia computadorizada de abdome (TCA) mostrou múltiplos cistos hepáticos simples, de tamanho e formas variáveis. Evoluiu com resolução espontânea da icterícia e aumento de γ-GT, FA e proteína C reativa. Sorologias virais, hemoculturas e FAN negativos. Alfa-feto proteína e CEA normais. CA 19-9 = 1903U/mL. PET-Scan revelou cisto hepático hipercaptante em segmentos V e VIII, sugerindo neoplasia ou infecção. Iniciados ceftriaxone e metronidazol, com melhora da febre. Laparoscopia exibiu vesícula biliar escleroatrófica com bloqueio pelo cólon transverso que, à laparotomia, revelou fístula colecistocólica. Realizadas rafia do cólon, colecistectomia e hepatectomia de segmento IV, que continha o cisto hepático hipercaptante, cuja a congelação não revelou malignidade. A paciente evoluiu bem, com queda do CA 19-9 e afebril. Discussão: A DHPAD pode relacionar-se à doença policística renal. Pode haver dor abdominal, náuseas, saciedade precoce e alterações de enzimas hepáticas. A FA aumenta em 30-47% e a γ-GT em 60-70%. À ultra-sonografia de abdome (USG) os cistos mostram-se anecóicos, com paredes finas. A TCA revela cistos de paredes bem definidas, sem preenchimento por contraste. Espessamento de parede, septação, nível líquido, alteração sonográfica, ou rápido crescimento podem ser sinais de complicações. No caso relatado, tanto a TCA quanto a USG não evidenciaram sinais de complicações. Entretanto, o PET-Scan revelou hipercaptação do marcador em um único cisto, não podendo diferir entre neoplasia ou infecção. Embora a fenestração tenha eficácia similar, optou-se pela hepatectomia devido à possibilidade de neoplasia. Conclusão: A USG e a TCA são os métodos de escolha para o diagnóstico da DHPAD. No entanto, o diagnóstico de suas complicações pode necessitar de outros métodos complementares, como o PET-Scan. A hepatectomia é uma abordagem segura e definitiva para a infecção de cisto único. PO-336 (229) DOENÇA POLICÍSTICA RENAL AUTOSSÔMICA DOMINANTE COM COMPROMETIMENTO HEPÁTICO SINTOMÁTICO FRÓES RSB, MORAES GF, TEIXEIRA EFL, CAMPOS ESO, ESCOBAR FA, PORTO CD, MARCHON CR, COSTA JRB Seção de Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva do Hospital de Força Aérea do Galeão, Rio de Janeiro PO-334 (205) AVALIAÇÃO DO TESTE DE TOLERÂNCIA ORAL À GLICOSE EM PACIENTES COM A FORMA HEPATO-ESPLÊNICA DA ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA TENÓRIO PA, ROCHA LG, DOMINGUES ALC, PERNAMBUCO JR Hospital das Clínicas da UFPE – Recife-PE Fundamentos: A associação do Diabetes Mellitus (DM) com Cirrose é documentada em numerosos estudos. Contudo, são escassos os trabalhos que associam Esquistossomose Hepato-Esplênica (EHE) e DM. A intolerância à glicose ocorre freqüentemente em pacientes com cirrose hepática. Em 15-30% dos pacientes com cirrose, achados clínicos e laboratoriais indicam diabetes com hiperglicemia de jejum. O desenvolvimento de DM insulino-dependente em ratos não obesos tem sido demonstrado na infecção pelo Schistosoma mansoni. O objetivo desse estudo se constituiu na avaliação da intolerância à glicose, através da análise do teste de tolerância oral a glicose (TTOG) em pacientes com EHE. Pacientes e métodos: Estudo prospectivo tipo coorte incluiu 39 pacientes (21 mulheres e 18 homens) portadores de EHE acompanhados no ambulatório de gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFPE. Dados coletados entre agosto de 2006 e julho de 2007. Critérios de excluGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 Introdução: A Doença Policística Renal Autossômica Dominante (DPRAD) é a mais comum doença renal de caráter hereditário e responsável por cerca de 10% das doenças renais terminais. O comprometimento hepático ocorre em 80% dos casos e freqüentemente é assintomático com função hepática preservada. Objetivo: Relatar um caso de DPRAD com comprometimento hepático determinando importante sintomatologia. Paciente e método: MJCO, feminina, 66 anos, branca, natural do RJ, portadora de insuficiência renal (IR) crônica devido DPRAD, em hemodiálise há 5 anos, apresentando dor e aumento do volume abdominal, saciedade precoce e vômitos. História familiar de 1 irmã falecida por neoplasia de fígado e outras 3 por IR terminal. Gesta I/Para I. Tabagista de longa data. Nega hipertensão arterial. Ao exame: hipocorada, anictérica, sem adenomegalias. Epigástrio com abaulamento por massa facilmente palpável, móvel, pouco dolorosa, de consistência endurecida e superfície lisa. Função hepática preservada e função renal sob controle através de hemodiálise. Endoscopia digestiva alta com pangastrite enantematosa. Ressonância Nuclear Magnética (RNM) do abdome demonstrou inúmeras lesões císticas, dispersas no parênquima hepático, algumas com conteúdo hemático. Rins de volume aumentado, também apresentando múltiplas lesões císticas, sendo algumas de conteúdo hemorrágico. Discussão: A DPRAD associada a cistos hepáticos pode causar sintomatologia conforme o tamanho do fígado, que depende do número e da dimensão destes, independente da S 91 hepática. O comprometimento hepático é mais comum em mulheres e o tamanho e número dos cistos estão relacionados à gravidez. As complicações mais comuns dos cistos hepáticos incluem infecção, carcinoma e hemorragia. O diagnóstico é baseado no número de cistos renais conforme faixa etária, sendo a RNM e a Tomografia computadorizada (TC) mais sensíveis que a ultra-sonografia. A mortalidade e a morbidade estão relacionadas ao grau de comprometimento renal associado. A cirurgia hepática ou renal é raramente necessária, sendo indicada para os casos de cistos maiores (fenestração do cisto, ressecção hepática ou transplante hepático). Conclusão: Paciente portador de DPRAD pode apresentar comprometimento hepático sintomático. A RNM e a TC são os exames mais sensíveis para confirmação diagnóstica. O tratamento cirúrgico do cisto, inclusive com estudo histopatológico, deve ser indicado quando ocorre sintomatologia importante. PO-337 (249) REPERCUSSÃO CLÍNICA DA TROMBOSE DE VEIA PORTA EM PACIENTES ESQUISTOSSOMÓTICOS SUBMETIDOS À DESCONEXÃO ÁZIGOPORTAL SANTOS MF, RIBEIRO MA, SUPINO C, RONDELLI I, PAES-BARBOSA FC, KOSZKA AJM, AQUINO CGG, FERREIRA FG, SZUTAN LA Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo A Desconexão Ázigo-Portal é uma das opções de tratamento cirúrgico que previne a recidiva hemorrágica por varizes esofagogástricas de pacientes portadores de esquistossomose mansônica que já apresentaram sangramento prévio pelas mesmas lesões. Uma das críticas ao resultado desta cirurgia é o alto índice de ocorrência de trombose de veia porta nestes pacientes, chegando a quase 60% de incidência. Objetivo: Avaliar as alterações clínicas apresentadas por estes pacientes, comparando-os aos que não apresentaram esta ocorrência no pós-operatório. Casuística e metodologia: Estudo retrospectivo de 200 pacientes esquistossomóticos submetidos à Desconexão Ázigo-Portal pelo grupo de fígado da Santa Casa de São Paulo de 1991 a 2006, dos quais foi diagnosticada trombose de veia porta em cerca de 50%. Resultados: O tempo de seguimento variou de 1 a 15 anos. A mortalidade ficou em torno de 7%, A recidiva hemorrágica ficou em torno de 12%. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. (P > 0.05). A imensa maioria dos pacientes esquistossomóticos que evoluíram com trombose de veia porta era assintomática (64%, aproximadamente), porém quando sintomáticos, a queixa mais freqüente foi a diarréia, seguida de dor abdominal pós-prandial, em raros casos levando a perda de peso significativa (> 10% do peso corporal). Todos os pacientes apresentaram recanalização do sistema venoso portal, alguns com transformação cavernomatosa, outros readquirindo aspecto habitual à ultra-sonografia, com intervalo médio de 10 meses. Conclusão: Nas condições do presente estudo, podemos afirmar que a ocorrência de trombose de veia porta é freqüente no pós-operatório de pacientes esquistossomóticos submetidos à desconexão ázigo-portal, a maioria não apresenta qualquer alteração clínica e os pacientes evoluíram sistematicamente para recanalização do sistema venoso portal. PO-338 (251) HEPATECTOMIA A TAJ MAHAL POR METÁSTASE DE GIST GÁSTRICO: RELATO DE CASO SANTOS MF, PAES-BARBOSA FC, OLIVAL GS, GALLO AS, KOSZKA AJM, AUADA EPM, RIBEIRO MA, FERREIRA FG, SZUTAN LA Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo O termo GIST (gastrointestinal stromal tumors) é utilizado para designar um grupo de neoplasias heterogêneas, não-epiteliais do trato gastrointestinal. Originários das células intersticiais de Cajal, mais comumente no estômago (65%), ou intestino delgado (25%). Cerca de 5% a 10% são localizados no cólon e reto e 5% no esôfago. Classificar o GIST em baixo, médio e alto risco baseado no seu potencial de recorrência e metástase é mais apropriado que dividi-lo em benigno e maligno. Pacientes com metástase hepática isolada podem se beneficiar de ressecção hepática. Relatamos caso de GIST gástrico com metástase hepática submetido à ressecção. Mulher, 58 anos, branca, casada, natural e procedente de São Paulo com queixa de dor abdominal há um ano localizada em epigástrio com abdome distendido, flácido, indolor à palpação, fígado palpável a 6cm do RCD de consistência endurecida. USG com imagem hepática complexa, predominantemente cística, nos segmentos IV, V e VIII medindo 7cm, compatível com abscesso hepático. Dois meses após, realizou TC que mostrou volumosa formação expansiva/infiltrativa hepática, medindo 11,5 x 8,0 x 7,9cm nos segmentos anteriores do lobo direito. Após infusão de contraste apresentou realce de parede com grande área central de necrose. Também se observou uma formação expansiva, lobulada, medindo 6 x 7,8 x 5,6cm com realce heterogêneo ao contraste, localizada entre fundo gástrico e pâncreas. Alfafeto proteína e CEA normais, sorologias para hepatite B e C negativas, Child-Pugh 5A. Realizada laparotomia exploradora com ressecção de tumoração aderida à parede posterior gástrica com biópsia de congelação intra-operatória que foi inconclusiva. O tumor hepático foi puncionado, guiada por USG intra-operatório, com saída de 400ml de secreção hemática. Realizado hepatectomia à Taj Mahal (ressecção dos segmentos IV, V e VI) com ressecção da massa hepática. O anatomopatológico mostra tumor gástrico com caracteres de GIST, c-kit+ e CD34+, 3 mitoses/50 campos S 92 grande aumento. Fígado com caracteres de metástase de GIST, c-kit+ e CD34+, 5 mitoses/10 campos grande aumento. A paciente apresentou óbito no 6° dia pósoperatório por insuficiência hepática. A necropsia revelou fígado livre de neoplasias com extensa área de necrose provavelmente devido a comprometimento vascular por trombose da veia porta. PO-339 (262) PERFIL ETIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE HEPATOLOGIA DA 18ª ENF. DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO RJ MENDES AF, ASSAD-BRAZ T, SILVA-JÚNIOR EF, OLIVEIRA RA, GONÇALVES PR, CARVALHO AC, MELO CB, GALVÃO MC, GALVÃO-ALVES J Santa Casa da Misericórdia do RJ, 18ª Enfermaria, Serviço do Prof. José Galvão-Alves Fundamentos: Considerando a grande importância das patologias relacionadas à hepatologia na rotina ambulatorial do gastroenterologista, objetivamos determinar as principais etiologias apresentadas pelos pacientes referenciados ao ambulatório de hepatologia. O conhecimento de tal perfil visa favorecer diagnóstico e tratamento precoces, além de evitar possíveis complicações. Métodos: Foram revistos 539 prontuários de pacientes atendidos entre março de 2000 e julho de 2007 no ambulatório de hepatologia da 18ª Enfermaria da SCMRJ. Resultados: De acordo com os dados analisados, a maioria dos pacientes atendidos foi do sexo masculino (56,53%), com faixa etária entre 51 e 60 anos (33,60%). Em relação à origem dos pacientes, a maioria veio encaminhada de ambulatórios externos (53,82%), seguida de banco de sangue (22,07%) e ambulatório interno (20,03%). Encontramos sorologia positiva para hepatite C em 66,81% dos pacientes. Sorologia indicativa de contato com o vírus da hepatite B ocorreu em 27,64%; desses, 72,72% evoluíram para cura espontânea e 27,27% para cronicidade. Cisto hepático simples ocorreu em 2,33%; nódulo e hemangioma em 1,79% e 1,43%, respectivamente. Cirrose hepática foi encontrada em 25,41% do total de doentes, estando a maior parte relacionada ao vírus C (54,05%) e ao álcool (35,76%). Doença hepática gordurosa não alcoólica foi diagnosticada em 2,96%; destes pacientes 87,50% apresentaram esteatose simples e 12,50% esteatohepatite. A esteatose relacionada ao álcool ou ao vírus da hepatite C foi responsável por 16,92% dos atendimentos. Hepatite alcoólica, lesão hepática induzida por drogas e esquistossomose foram etiologias encontradas em 1,11%, cada. Apenas três pacientes apresentaram carcinoma hepatocelular confirmado. Outras etiologias foram patologias da via biliar (25,94%), com predomínio de colelitíase e síndrome de Gilbert em 0,57%. Conclusão: Os dados obtidos permitiram estabelecer o perfil etiológico do ambulatório de hepatologia. Verificamos que as hepatopatias virais B e C foram as maiores responsáveis pelos atendimentos. Este predomínio provavelmente está relacionado ao fato de tratar-se de um serviço de referência em hepatites virais. Atribuímos a baixa freqüência de casos confirmados de hepatocarcinoma ao fato de, mediante suspeita clínica, referenciarmos os pacientes ao centro especializado de tratamento. PO-340 (307) PERFIL CLÍNICO-LABORATORIAL DE PRÉ-DOADORES DE SANGUE COM ALT ALTERADA DE ACORDO COM GÊNERO NARCISO-SCHIAVON JL, CARVALHO FILHO RJ, EMORI CT, MELO IC, MARIYA FA, SCHIAVON LL, SILVA AEB, FERRAZ MLG Setor de Hepatites – Escola Paulista de Medicina Fundamentos: A partir da resolução RDC nº 153 de junho de 2004, a pesquisa da ALT como teste de triagem em pré-doadores deixou de ser obrigatória. Dentre as causas mais comuns de alteração de ALT estão o abuso da ingesta etílica e a doença hepática gordurosa não alcoólica. Este estudo busca definir as diferenças clínico-laboratoriais entre mulheres e homens pré-doadores de sangue com ALT alterada. Métodos: Estudo transversal de pacientes encaminhados de Bancos de Sangue com ALT alterada, atendidos na Liga de Hepatites entre setembro/1997 e agosto/2006. Os dados foram obtidos por revisão de prontuários padronizados. Resultados: Foram incluídos 322 pacientes com média de idade de 35 ± 9 anos, sendo 90% homens. As mulheres apresentaram maior índice de IMC (31,4 ± 6,4 vs. 28,8 ± 4,1, P = 0,039) e maiores níveis de colesterol HDL (53,4 ± 16,7 vs. 73,8 ± 10,0, P = 0,027). Por outro lado, exibiram menores níveis de colesterol total (191,0 ± 37,1 vs. 214,2 ± 50,8, P = 0,044) e menor porcentagem de etilistas (3% vs. 40,6%, P < 0,001). Laboratorialmente, não houve diferença entre os níveis de glicemia, triglicerídeos, AST, ALT, bilirrubina direta, FA, GGT, atividade de protrombina, albumina e plaquetas. Na repetição da sorologia, um homem apresentou HBsAg (+), sendo diagnosticado como portador crônico do HBV, e uma mulher apresentou HAV IgM (+), tendo sido diagnosticada hepatite aguda pelo HAV. Quarenta e seis por cento dos pacientes que realizaram ultra-sonografia apresentaram esteatose ao US, não havendo diferença entre homens e mulheres (46% vs. 43%, P = 1,000). Dentre aqueles submetidos à biópsia hepática, 76% apresentou esteatose ou esteatohepatite, e não houve diferença entre mulheres e homens em ambos os grupos. Conclusões: Apesar de apresentarem maiores índices de IMC, as mulheres têm colesterol total mais baixo e HDL mais alto que os homens, e bebem menos bebidas alcoólicas. Entretanto, esses fatores não influenciam a presença de esteatose ao ultra-som ou à biópsia hepática. Deve-se salientar a importância da dosagem da ALT na triagem laboratorial de doadores de sangue, pois ela pode ser mais sensível que os testes sorológicos na detecção de hepatites virais. GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 PO-341 (320) ACADÊMICOS DE MEDICINA: UMA POPULAÇÃO VULNERÁVEL AOS VÍRUS HEPATOTRÓPICOS IMUNOPREVENÍVEIS ALVIM RC, REIS DER, RODRIGUES FLB, DE PAULA MS, EL-AOUAR NG, ROCHA SN, BASSETTI-SOARES E Faculdade de Medicina do Vale do Aço, Ipatinga (MG) Hepatite é um processo inflamatório no fígado, de etiologia variada, principalmente causada pela infecção por vírus hepatotrópicos. A hepatite A é extremamente prevalente no Brasil e os profissionais da área de saúde são grupo particularmente de risco para hepatite B, mas não para hepatite C. Apesar de vacinas contra hepatite A e B estarem disponíveis há mais de uma década, não existe no Brasil uma política bem articulada de imunização de estudantes e profissionais de saúde. Para avaliarmos o conhecimento de estudantes de medicina sobre estas três enfermidades, submetemos a um questionário 295 discentes, do primeiro ao nono período da Faculdade de Medicina do Vale do Aço (Ipatinga, MG), abordando: 1) conhecimento em relação à sua vacinação; 2) princípios de biossegurança; 3) histórico de acidente pérfuro-cortante; 4) importância da vacinação; 5) intenção de atualização das vacinas; 6) reflexão e intenção de mudança de hábitos, e 7) histórico de doenças infecto-contagiosas. Dos entrevistados, 163 eram do gênero feminino (55,3%) e 132 eram do gênero masculino. Observada a variável idade, no grupo feminino a média foi inferior à do grupo masculino (21,5 ± 2,8 anos versus 23,0 ± 3,9 anos, p = 0,001). Quando avaliados sobre seu passado de hepatite viral, 28/271 (10,3%) tinham conhecimento de ter tido a enfermidade, sendo 28/271 (10,3%) hepatite A e 2/274 (0,7%) hepatite B, não havendo relato de nenhum caso de hepatite C. A média de idade dos que já tiveram hepatite A foi superior à dos que não a tiveram (23,6 ± 3,7 versus 21,8 ± 3,1; p = 0,005). Na avaliação do status vacinal, 63/158 (39,9%) afirmavam ter recebido vacina anti-hepatite A, 208/236 (88,1%) anti-hepatite B e 43/139 (30,9%) anti-hepatite C. Não observamos relação entre a vacinação contra hepatite A ou B e o período cursado pelo estudante, entretanto somente no nono período todos os avaliados estavam imunizados contra hepatite B. Podemos concluir que a cobertura vacinal contra hepatite A foi baixa e que um percentual não desprezível está sem cobertura contra o vírus B. A desinformação sobre vacinas está presente, também, de forma significativa, no meio acadêmico médico. A imunização contra hepatite B está ocorrendo tardiamente no decorrer do curso de graduação. Estudos semelhantes em outras instituições de ensino superior da área de saúde trarão mais informações sobre esta população e possibilitarão o desenvolvimento de uma necessária política de vacinação contra essa e outras enfermidades imunopreveníveis. PO-342 (323) PREVALÊNCIA E IMPACTO DA INFECÇÃO PELO GBV-C ENTRE PACIENTES COM HIV/AIDS E CO-INFECTADOS HIV/HCV LANZARA G, BAGGIO G, BARBOSA A, ALVES V, PEREIRA PSF, FERRAZ ML, GRANATO CFH Laboratório de Virologia – Disciplina de Infectologia e Setor de Hepatites – Disciplina de Gastroenterologia, Universidade Feder Fundamentos: O GBV-C parece exercer influência benéfica sobre a infecção pelo HIV. Entretanto, ainda é controversa a relação entre HIV, HCV e GBV-C, quando em tripla infecção. O objetivo do presente estudo foi estimar a prevalência e o impacto da infecção pelo GBV-C entre pacientes infectados pelo HIV e co-infectados HIV/HCV. Métodos: Foi realizado estudo transversal, com inclusão aleatória e prospectiva de pacientes HIV positivos e co-infectados HIV/HCV, no período de abril a dezembro de 2006. Foram realizados entrevista, exame físico e determinação da carga viral HIV, contagem CD4, ALT, AST, GGT, HCV-RNA e genotipagem do HCV. A pesquisa do GBVC foi feita por sorologia (pesquisa de anticorpos anti-E2) e detecção do GBV-C-RNA por técnica de PCR. Resultados: No período de estudo foram Incluídos 60 pacientes, 30 infectados pelo HIV e 30 co-infectados HIV/HCV. A prevalência de infecção pelo GBV-C entre pacientes HIV-positivo foi de 43%, menor que a descrita na literatura; porém, a prevalência de tripla infecção HIV/HCV/GBV-C (27%) foi semelhante à encontrada em outros estudos. A presença de marcadores para o GBV-C se associou a maior exposição parenteral (P=0,04) e maiores níveis de AST, ALT e GGT (P=0,03, P=0,02 e P=0,03, respectivamente). Conclusões: Neste estudo, a prevalência de infecção pelo GBV-C entre pacientes com HIV foi menor do que a observada na literatura. Porém, a prevalência de tripla infecção HIV/HCV/GBV-C foi semelhante à descrita. Este achado poderia ser explicado pela predominância da transmissão parenteral do GBVC em nosso meio. O aumento das enzimas hepáticas observado em pacientes coinfectados com GBV-C parece ser resultado da replicação hepática do vírus. PO-343 (324) ALTERAÇÕES METABÓLICAS EM PACIENTES CO-INFECTADOS HIV/HCV LANZARA G, BAGGIO G, BARBOSA A, ALVES V, PEREIRA PSF, FERRAZ ML, GRANATO CFH Laboratório de Virologia – Disciplina de Infectologia e Setor de Hepatites – Disciplina de Gastroenterologia, Universidade Feder Fundamentos: A infecção pelo HCV parece estar relacionada com maior ocorrência de lipodistrofia e resistência à insulina em portadores do HIV. Porém, a associação da co-infecção com outras alterações metabólicas ainda não está clara. O objetivo do presente estudo foi estimar o impacto da infecção pelo HCV, entre pacientes infectados pelo HIV, quanto ao perfil metabólico. Métodos: Estudo transversal e prospectivo, GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 com inclusão aleatória de pacientes HIV positivos e co-infectados HIV/HCV, no período de abril a dezembro de 2006. Foram avaliados os seguintes parâmetros: LDL-colesterol, triglicérides, glicemia de jejum e índice de massa corpórea (IMC). Resultados: No período de estudo foram incluídos 100 pacientes, 56 infectados pelo HIV e 44 coinfectados HIV/HCV, que não diferiam significativamente quanto à idade (p = 0,84) e uso de anti-retrovirais (p = 0,57). Houve predomínio de homens entre os co-infectados HIV/HCV (p = 0,008). A presença de infecção pelo HCV tendeu a se associar com níveis menores de LDL-colesterol (P = 0,056), mas não exerceu impacto sobre os níveis de triglicérides (p = 0,38), glicemia de jejum (p = 0,67) e IMC (p = 0,07). Conclusões: A hepatite C crônica em pacientes infectados pelo HIV parece se relacionar com taxas menores de LDL-colesterol, sugerindo haver um aparente efeito protetor da infecção pelo HCV sobre o desenvolvimento de dislipidemia. PO-344 (338) SÍNDROME HEPATOPULMONAR: MELHORA CLÍNICA APÓS UTILIZAÇÃO DE ALLIUM SATIVUM (CÁPSULAS DE ALHO) MOMESSO DP, BARRETO EA, BRANDÃO-MELLO CE, PALAZZO RF, MENDONÇA PC, FAGUNDES ML, CORRÊA RF, PUPPIN BA, HARGREAVES ESR Hospital Universitário Gaffree e Guinle (HUGG) Fundamentos: A Síndrome hepatopulmonar (SHP) manifesta-se por hipoxemia, ortodeoxia, platipnéia e shunt intrapulmonar, na presença de hepatopatia e/ou hipertensão porta. É entidade subdiagnosticada, necessitando de alta suspeição clínica e de confirmação através de métodos complementares, tais como, ecocardiograma contrastado ou cintilografia pulmonar com MAA. Relato de caso: Mulher 58 anos, portadora de infecção pelo vírus C da hepatite (HCV), genótipo 1a, Child A6, com dispnéia progressiva aos esforços há 1 ano, agravada por decúbito, sem demais sinais de descompensação clínica. Apresentava baqueteamento digital, cianose perioral e de extremidades, telangiectasias, com restante exame físico inalterado. Gasometria arterial em decúbito PaO2: 59mmHg, SatO2: 92% e em ortostase PaO2: 37mmHg, SatO2: 78% (ortodeoxia) e diferença alvéolo arterial de O2 (DAaO2) de 49. Radiografia de Tórax com discreto infiltrado intersticial em bases, por aumento da trama vascular. Ecocardiograma contrastado demonstrou passagem de contraste para câmaras esquerdas confirmando a presença de dilatações vasculares intrapulmonares. Após a confirmação do diagnóstico foi iniciado tratamento com Allium sativum, uma cápsula duas vezes ao dia, o que proporcionou melhora clínica e da qualidade de vida da paciente. Conclusão: Este relato corrobora a importância da investigação de SHP em portadores de hepatopatia crônica com dispnéia e hipoxemia, e a necessidade de se realizar estudos controlados para verificar o benefício de medicações alternativas. Ao contrário das descrições iniciais, SHP pode ocorrer com qualquer grau de disfunção hepática ou hipertensão porta, não sendo exclusividade da cirrose avançada. PO-345 (344) ESTUDO ANÁTOMO-CLÍNICO DO CARCINOMA HEPATOCELULAR ALMEIDA TC, LOPES EP, JUCÁ NT, ALMEIDA JR, ALMEIDA RC, MOURA IF, DOMINGUES ALC Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco – Recife, PE Fundamentos: O objetivo deste estudo foi estabelecer os padrões histopatológicos do carcinoma hepatocelular (CHC) e correlacioná-los com dados demográficos, vírus de hepatite, dosagem de alfa-fetoproteína (AFP), classificação de Child-Pugh e tamanho do tumor. Metodologia: Entre dezembro de 1997 e dezembro de 2006, foram avaliados pacientes com exame histopatológico de CHC, dos quais foi preenchida ficha clínica e colhidos 10mL de sangue. Os níveis de AFP e os marcadores de hepatites (HBsAg, anti-HBc e anti-HCV) foram dosados e pesquisados, respectivamente, por ensaio imunoenzimático. Também foram avaliados exames ultra-sonográficos (US) e tomografia computadorizada para aferir o tamanho do tumor. O fragmento da lesão foi retirado por biópsia percutânea guiada por US ou durante hepatectomia e corado por HE e Masson. Resultados: Foram avaliados 32 pacientes, sendo metade do sexo masculino, com idade média de 56 anos (21 a 76 anos). Destes, 12 (37,5%) apresentaram sorologia positiva para o HBV, 8 (25%) para o HCV e em 12 (37,5%) a sorologia foi negativa para ambos. A média de AFP foi 291 ± 444ng/mL (1,1 a 1050ng/mL). Onze pacientes foram classificados como Child A, 8 como B, 7 como C e 6 nãocirróticos. Doze pacientes (37,5%) tinham exames de imagem compatíveis com nódulos (< 5cm) e 20 (62,5%) foram considerados portadores de “massa” hepática. Quanto ao tipo histopatológico do CHC, 22 casos (68,7%) foram do tipo trabecular, 8 (25%) fibrolamelar e 2 (6,3%) do tipo pseudo-acinar. Observou-se predominância do sexo feminino no grupo com CHC fibrolamelar (75%) em relação ao grupo trabecular (43%) (p = 0,22); e que a idade média foi menor no grupo com CHC fibrolamelar (43 ± 18 anos) em relação ao grupo trabecular (60 ± 9,8 anos) (p = 0,002). Houve predomínio do HBV no grupo com CHC fibrolamelar (62,5%) em relação ao grupo trabecular (31,8%), (p = 0,106), não tendo sido encontrado qualquer caso positivo para o HCV no grupo fibrolamelar. A média de AFP foi mais elevada no grupo trabecular (367 ± 474ng/mL) em relação ao fibrolamelar (153 ± 366ng/mL) (p = 0,259). Não houve associação entre o tipo histológico com a classificação de Child-Pugh e nem com o tamanho da lesão neoplásica. Conclusão: Neste estudo, foi observado predomínio do CHC do tipo trabecular (68,7%). No grupo com o tipo fibrolamelar, foi encontrado predomínio do sexo feminino, idade média menor e menores níveis de AFP, estando a maioria dos casos relacionada com o HBV. S 93 PO-346 (345) PO-348 (361) FIBROSE HEPÁTICA CONGÊNITA (FHC): RELATO DE 2 CASOS EM IRMÃOS ARTRITE SÉPTICA POR AEROMONAS HYDROPHYLIA EM PORTADOR DE CIRROSE – RELATO DE CASO NETO GR, FLORES GG, REIS JS, FELDNER ACCA, ROCHA JMA, RIBEIRO TCR, BRAGAGNOLO JR MA, LANZONI VP, PARISE ER, KONDO M COELHO M, FOSSARI RN, CARIÚS LP, MAJEROWICZ F, FLAUSINO KCG, INGUNZA MQ, LEAL AB, PEREIRA GHS, AHMED EO, PEREIRA JL Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP/EPM Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia - Hospital Geral de Bonsucesso (RJ) Introdução: FHC é uma rara doença autossômica recessiva que se manifesta principalmente na infância e juventude. É caracterizada por desordem nos ductos biliares intra-hepáticos, devido à persistência de estruturas embrionárias. Freqüentemente associa-se a Doença Policística dos Rins e Síndrome de Caroli. Em geral, os pacientes cursam com hipertensão portal e a função hepática tende a ser normal; não raro é confundida com cirrose hepática. Relatamos 2 casos de FHC em 2 irmãos. Caso 1: homem, 28 anos, assintomático, teve esplenomegalia e plaquetopenia evidenciados em exames de rotina; submetido à esplenectomia e encaminhado ao serviço. Sem antecedentes mórbidos, negava etilismo, tabagismo ou uso de drogas. Exame físico: ausência de estigmas de hepatopatia crônica, fígado normal. AST e ALT < 1,5x LSN, BT 1,8mg/dL, BD 0,3mg/dL, FA normal, GGT 4x LSN, AP 100%, ALB 4,9g/dL. Sorologias virais e auto-anticorpos negativos, ceruloplasmina normal, pesquisa de anel de Keiser-Fleisher negativa, perfil de ferro normal. US: parênquima hepático heterogêneo. EDA: varizes esofágicas. Biópsia hepática: alteração arquitetural com fibrose e alterações biliares, sugerindo FHC. Caso 2: mulher, 29 anos, com astenia e malestar geral, sem antecedentes mórbidos, negava etilismo, tabagismo ou uso de drogas. Exame físico: palidez cutâneo-mucosa, sem sinais de hepatopatia crônica; esplenomegalia. Exames: HB 9,9g/dL HT 30%, 2500 leucócitos/mm3, 45000 plaquetas/mm3, AST, ALT, FA e GGT normais, BT 1,5mg/dL, BD 0,8mg/dL; AP 69% INR 1,27, ALB 3,9g/dL. Sorologias virais e auto-anticorpos negativos, sem anel de KeiserFleisher, perfil de ferro normal. US: heterogeneidade do parênquima hepático com sinais de hipertensão portal. EDA: varizes de esôfago. Biópsia hepática mostrou alteração da arquitetura do parênquima por fibrose, com emissão de septos e esboço de nódulos e dilatação de ductos biliares, alguns com arranjo circular sugerindo malformação da placa ductal. Discussão: FHC é doença rara, que pode se manifestar de forma familiar, cursando com hipertensão portal, e podendo ser confundida com cirrose hepática. Entretanto, em geral, não cursa com insuficiência hepática. Os achados histológicos podem ser característicos, como descrito. Introdução: Infecções bacterianas são comuns em pacientes cirróticos. Aproximadamente 20% dos pacientes são excluídos por causas infecciosas no momento do transplante hepático e 40% dos pós-transplantados morrem por intercorrências desta ordem. Caso: A.O.S, 57 anos, masculino e natural da Paraíba. Queixa-se de dor em MID há 3 dias associada a 1 pico febril. A dor teve inicio na panturrilha direita com localização posterior no joelho direito. Paciente é portador de cirrose por VHC e álcool (Child B8). Ao exame, dor à mobilização da perna direita com leve hiperemia do joelho e empastamento de panturrilha. Restante do exame físico sem alterações. Evolução: colhidos exames laboratoriais, hemoculturas, solicitado Doppler de MID e iniciado Enoxiparina dose plena. Após 2 dias, evoluiu com hiperemia do joelho DIR, com sinal da tecla positivo. Realizado de RX da articulação, sem sinais de osteomielite. Abordado o líquido sinovial, cujo aspecto foi purulento, com presença de 43.400 cel/mm3 (90% de PMN), glicose de 47mg/dL e Albumina de 1,3g/dL. Iniciado Ceftriaxone venoso. Doppler de MID afastou TVP. No 4° dia de Ceftriaxone obtivemos resultado da cultura do líquido sinovial positiva para Aeromonas hydrophylia resistente a Ceftriaxone e sensível a Cefepime. No terceiro dia de Cefepime, foi realizada artrocentese com cultura negativa. Recebeu alta após 21 dias de Cefepime completando o esquema com 7 dias de Ciprofloxacina oral. Discussão: Aeromonas hydrophylia é um bacilo gram- negativo anaeróbio de águas naturais podendo causar infecções em pacientes que sofrem trauma neste meio, em especial imunocomprometidos, existindo poucos relatos na literatura de infecções por este patógeno. As articulações do joelho e metatarsofalangianas são as mais freqüentemente envolvidas. Lesões pontuais associadas a imunossupressão são suficientes para instalação deste patógeno. Após questionamento sobre fatores de risco, confirmamos contato com piscina de água limpa, porém sem trauma local. Relatamos um raro caso de infecção em paciente cirrótico com status imunológico frágil. PO-347 (353) DADOS PRELIMINARES DA CAMPANHA INSTITUCIONAL CONTRA HEPATITE B EM ESTUDANTES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, BRASIL CARVALHO PMP, SCHINONI MI, PARANÁ R, ANDRADE J, MARQUES P, RÊGO MV, SCHAER R, SIMÕES JM, MEYER R, FREIRE SM Programa de Pós-graduação em Imunologia (PPGIm), Fundamentos: No Brasil estima-se 15% da população teve contato com o vírus da hepatite B (VHB). Destes 1% são portadores crônicos com risco de cirrose e carcinoma hepatocelular. Além da transmissão sexual há ainda o risco ocupacional na área da saúde. Segundo o Ministério da Saúde, todos os profissionais da saúde devem ser vacinados para hepatite B, com comprovação laboratorial da imunização. Desde 2004, nosso grupo realiza estudos visando avaliar a situação vacinal, soroprevalência da hepatite B, resposta vacinal e susceptibilidade ao VHB nos profissionais/estudantes da saúde. Dando continuidade a este projeto está sendo realizada a campanha contra VHB em estudantes e profissionais de saúde da UFBA. Metodologia: Estudo longitudinal em quatro etapas com aplicação de vacina para o VHB e coleta de sangue para sorologia em indivíduos já imunizados com a ultima dose há pelo menos um mês. Foram analisados os seguintes marcadores: Ag-HBs e anti-HBs (ELISA) e anti-HBc total (quimiluminescência). Um questionário clínico-epidemiológico está sendo aplicado nos alunos dos cursos de medicina, enfermagem e farmácia. Este contempla aspectos do Perfil Epidemiológico e de Conduta de Risco para VHB. A campanha é promovida pelas Secretarias de Saúde Municipal e Estadual, FAPESB, CNPq, CRIE, SMURB, PPGIm e diretorias das faculdades intervenientes. Resultados parciais da 1º e 2ª etapa: 1245 voluntários participaram fazendo sorologia e/ou recebendo vacina. Em ambas aplicaram-se 1.345 doses de vacina, distribuídas da seguinte forma: na 1ª etapa, das 728 doses, 588 foram 1ª dose, e na 2ª fase, das 617 doses, apenas 100 receberam a 1ª dose. As demais foram 2ª, 3ª, 4ª e 5ª doses, o que inclui indivíduos que reiniciaram o esquema (apresentaram Anti-HBs negativo depois de 3 doses aplicadas). Foram coletados e analisados 394 soros, dos quais: 21 anti-HBs negativo, anti-HBc negativo e AgHBs negativo, 4: anti-HBs positivo, anti-HBc positivo e agHBs negativo, os demais apresentaram anti-HBs positivo, anti-HBc negativo e AgHBs negativo. Ao todo foram preenchidos 835 questionários que estão em fase de análise de dados. Conclusão: Foi encontrada uma porcentagem de 1% de antiHBc total positivo valor menor que a prevalência na população. A falta de comprovação do esquema vacinal completo com três doses, e a ausência de controle sorológico (dosagem do Anti-HBs) mostra a não valorização da vacina como medida preventiva eficaz contra o VHB, evidenciando a necessidade de uma política de conscientização destas pessoas expostas ao risco de infecção pelo VHB. S 94 PO-349 (362) GRANULOMA HEPÁTICO POR HANSENÍASE – APRESENTAÇÃO DE CASO FOSSARI RN, CARIÚS LP, COELHO M VEIGA ZST, SANTOS CMB, PEREIRA GHS, MARTINS DS, MIRANDA NL, AHMED EO, PEREIRA JL Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia- Hospital Geral de Bonsucesso (RJ) Introdução: A hanseníase é uma infecção crônica granulomatosa que tem como agente etiológico o Mycobacterium leprae. A doença é um importante problema de saúde pública no Brasil e em vários países. O bacilo de Hansen, irá se localizar na célula de Schwann e na pele. A disseminação para outros tecidos, como linfonodos, olhos e fígado pode ocorrer nas formas mais graves da doença. Caso: D.S.S., feminina, 57 anos, assintomática, apresentando em exames laboratoriais de rotina aumento de transaminases, fosfatase alcalina e δGT. Apresenta como co-morbidades Diabetes Mellitus tipo II, HAS, e hipotireoidismo, em uso de Insulina NPH, Enalapril e Levotiroxina. Na história patológica pregressa havia relato de infecção por hanseníase na forma tuberculóide há 3 anos, tratada por 6 meses com rifampicina, dapsona e clofazimina. Ao exame físico apresentava madarose e espessamento do nervo ulnar direito à palpação, sem estigmas de doença hepática crônica. Exames laboratoriais: sorologias para HBV e HCV negativas, AST 143UI/L, ALT 249UI/L, bilirrubina total 1,2mg/dL (fração direta 0,2), fosfatase alcalina 899UI/L, δGT 586UI/L, TAP 50%, função renal normal, hormônios tireoidianos normais. Rx de tórax normal. US abdome e colangiorressonância magnética não mostraram alterações de vias biliares. Foi realizada biópsia hepática percutânea que evidenciou discreto infiltrado linfocitário portal, sem fibrose ou septos, com presença de agregados linfo-histiocitários envolvendo hepatócitos com alterações degenerativas e granuloma epitelióide. Considerando a história prévia de hanseníase e após descartar outras causas de doença granulomatosa hepática, foi estabelecido diagnóstico de hepatite por hanseníase. A paciente foi encaminhada para tratamento. Discussão: Envolvimento hepático na hanseníase é comum, sendo mais freqüente na forma lepromatosa, apesar de também ser descrito nas formas tuberculóide e bordeline. É necessário um alto grau de suspeição para se estabelecer o diagnóstico, uma vez que achados clínicos expressivos são incomuns, bem como alterações laboratoriais características. Biópsia hepática, com achado de infiltrados linfocitários focais e granuloma epitelióide, é necessária para estabelecer-se o diagnóstico. PO-350 (363) METÁSTASE PARA ÁTRIO DIREITO DE CARCINOMA HEPATOCELULAR EM FÍGADO NÃO CIRRÓTICO CARIÚS LP, COELHO M, FOSSARI RN, INGUNZA MQ, SANTOS CMB, MIRANDA NL, PEREIRA GHS, AHMED EO, PEREIRA JL, FIGUEIREDO CB Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia - Hospital Geral de Bonsucesso-RJ Introdução: Metástases extra-hepáticas em pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) podem estar presentes em até 50% dos casos, quando submetidos à necropGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 sia, sendo mais freqüente em pacientes sem cirrose. Os locais mais comuns de metástase são pulmões e linfonodos regionais, além de cérebro, ossos e supra-renais. Acometimento cardíaco pode estar presente em até 10% dos casos, geralmente por invasão de pericárdio e miocárdio por continuidade a partir da veia cava. Metástase à distância para cavidade cardíaca é extremamente rara. Relato de Caso: Paciente 19 anos, brasileiro, negro, sem comorbidades prévias, internou para investigação de astenia, dispnéia e emagrecimento de início há 3 meses. Acompanhante referiu uso de esteróides anabolizantes. Ao exame físico: ascite moderada, sem estigmas de hepatopatia crônica. Tomografia de abdômen demonstrou múltiplas imagens nodulares hipodensas, de contornos irregulares, algumas coalescentes e tomografia de tórax com aspecto sugestivo de linfangite carcinomatosa, além de nódulos hipodensos de diferentes tamanhos disseminados pelo parênquima. Ecocardiograma transtorácico evidenciou massa volumosa aderida à parede de átrio direito, móvel, com contornos irregulares, invadindo ventrículo durante contração atrial. Sorologias para hepatite B e C negativas. Alfafetoproteína de 415.689ng/mL. Evolui para o óbito 10 dias após admissão hospitalar, com piora da dispnéia e hipotensão refratária. Biópsia hepática post-morten evidenciou a presença de carcinoma hepatocelular em fígado não-cirrótico. Discussão: A incidência de CHC aumenta com a idade, porém não é incomum esse diagnóstico em pacientes com menos de 30 anos. Neste contexto, geralmente se relaciona com a presença de hepatite B crônica e surge antes do desenvolvimento de cirrose. O paciente apresentava sorologias virais negativas e biópsia não revelava alterações do parênquima hepático nas áreas não acometidas pelo tumor. Alguns estudos descrevem a apresentação do CHC em jovens como sendo mais agressiva, demonstrando níveis mais elevados de alfafetoproteína e metástases extra-hepáticas ao diagnóstico, mas raramente com metástase para cavidade cardíaca, como neste caso. PO-351 (373) ção para graduar os resultados negativos na cirurgia do doador. O objetivo deste estudo é comparar quantitativamente a morbidade entre os primeiros 31 DV e os últimos 31 DV, submetidos a esta cirurgia num centro de referência em hepatectomias para tumor. Métodos: De Dez/01 a Nov/06, 62 DV foram submetidos à hepatectomia para transplante, 32 submetidos à lobectomia direita (LD) e 29 submetidos à lobectomia esquerda (LE). Os dados foram obtidos através da revisão dos prontuários médicos. Esses doadores foram incluídos em 2 grupos; Grupo 1: os primeiros 31 DV (Dez/01 – Abr/05), e o Grupo 2: os últimos 31 DV (Abr/05 – Jun/ 07). A classificação de Clavien Modificada foi usada para graduar a severidade das complicações. Foi investigado se a experiência cirúrgica com DV obteve diferenças estatisticamente significativas na morbidade entre esses dois grupos. O teste de Quiquadrado foi usado para comparar a morbidade entre esses dois grupos, com um índice de significância de 5%. Resultados: Não houve mortalidade de DV em nossa série. 25.8% de todas as hepatectomias para doação, apresentaram ao menos uma complicação, sendo no total 32.3% do Grupo 1 e 16.1% do Grupo 2 (p > 0.05). Quando somente as complicações severas foram analisadas (Graduação 2/3), 8.1% dos doadores apresentaram complicações. O Grupo 1 apresentou 12.9% da graduação 2/3 e o Grupo 2 apresentou somente 3.2% (p > 0.05). Talvez essa diferença não seja significante devido ao pequeno número de doadores incluídos, sobretudo, quando somente as mais severas complicações são analisadas. Foram observadas mais complicações em doadores submetidos à LD. Discussão: A cirurgia do DV para transplante hepático, representa um procedimento peculiar, mesmo num centro com grande experiência em ressecções hepáticas. Quando somente as mais severas complicações são analisadas, há uma tendência de acontecerem mais freqüentemente em doadores submetidos a ressecção hepática quando a equipe de transplante hepático, em sua curva de aprendizado, está adquirindo experiência. PO-353 (379) O RISCO DE LOBECTOMIA DIREITA É O MESMO DE UMA LOBECTOMIA ESQUERDA? ANÁLISE COMPARATIVA DE DOAÇÃO VIVA DE FÍGADO USANDO UM SISTEMA DE GRADUAÇÃO DE RISCO AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR DE PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA PELA DINAMOMETRIA DO APERTO DE MÃO PACHECO-MOREIRA L, ALVES J, AMIL R, ENNE M, CERQUEIRA A, BALBI E, FILHO G, ROMA J, GONZALES AC, MARTINHO JM HUPE/UERJ Hospital Geral de Bonsucesso Objetivos: O uso de Doadores Vivos (DV) para o transplante de fígado foi inicialmente proposto para o transplante infantil e hoje já é pratica corrente, respondendo por aproximadamente 30% dos transplantes pediátricos. Em quase todos os casos pediátricos, o DV é submetido a uma lobectomia esquerda (LE). A utilização de DV para receptores adultos requer uma lobectomia direita (LD). Clavien propôs uma classificação para graduar os resultados negativos na cirurgia. O objetivo deste estudo é comparar a morbidade entre DV submetidos à LE ou LD, usando o sistema de graduação. Métodos: De Dez/01 a Nov/06, 32 doadores submetidos a LD (Grupo 1) e 29 doadores submetidos à LE (Grupo 2). Os dados foram obtidos através da revisão dos prontuários médicos. Morbidade foi definido como qualquer complicação ou intercorrência não esperada que não fosse inerente à cirurgia, que tenha levado a um desvio do curso normal do pós-operatório. A classificação de Clavien Modificada foi usada para graduar a severidade das complicações. Foi investigado por nós se a LD possui uma maior incidência de complicações do que a LE. O teste de Qui-quadrado foi usado para comparar a morbidade entre esses dois grupos, com um índice de significância de 5%. Resultados: Não houve mortalidade de doadores em nossa série. 24.5% de todas LD apresentaram ao menos uma complicação, sendo no total 29% do Grupo 1 e 20.7% do Grupo 2 (p > 0.05). Quando somente as complicações severas foram analisadas (Graduação 2/3), 8.1% dos doadores apresentaram complicações. O Grupo 1 apresentou 12.5% da graduação 2/3 e o Grupo 2 apresentou somente 3.5% (p > 0.05). Talvez essa diferença não seja significante devido ao pequeno número de doadores incluídos, sobretudo, quando somente as mais severas complicações são analisadas. Foram observadas mais complicações em doadores submetidos à LD. Discussão: A LD é uma cirurgia mais invasiva do que a LE. A última deveria estar associada a um menor risco de complicações, mas observamos que a incidência de morbidade foi a mesma em ambos os grupos. Quando graduadas por severidade, evidenciamos que o Grupo 1 possui complicações mais severas do que o Grupo 2. Um registro obrigatório de complicações em DV, com parâmetros iguais de classificação, torna-se um passo essencial na avaliação de riscos do doador. CASTRO TM, PEREZ RM, FIGUEIREDO FAF Fundamentos: A desnutrição protéico-calórica (DPC) é comum em pacientes com doença hepática crônica (DHC). Os parâmetros nutricionais freqüentemente usados têm valor limitado nos pacientes com DHC. A dinamometria do aperto de mão parece ser uma alternativa simples e barata para detectar DPC. O objetivo desse estudo foi medir a força muscular de pacientes ambulatoriais com DHC pela dinamometria do aperto de mão, comparando-a entre os grupos de pacientes com hepatopatia crônica não cirrótica (HCNC), cirrose compensada (CC) e cirrose descompensada (CD). Métodos: Foi realizada a dinamometria do aperto de mão dos pacientes ambulatoriais com DHC no período de 03/06 a 07/07. A força muscular foi obtida pela medida da força de preensão palmar através do dinamômetro Jamar, onde a força de preensão pode ser estabelecida em quilogramas/força [Kg/f] ou em libras/polegadas (lb/pol). Foram realizadas três medições, nos membros dominante e não–dominante, com intervalo de pelo menos um minuto entre elas. O valor final é a média entre as 3 medidas. A análise estatística foi realizada utilizando o teste Quiquadrado e teste Exato de Fisher, considerando-se um valor de p < 0,05 para rejeição da hipótese nula. Resultados: Foram avaliados 215 pacientes, sendo 115 (53,5%) do sexo masculino, com média de idade de 53 ± 12 anos (18 – 80). Quanto ao diagnóstico, 125 pacientes (59%) apresentavam HCNC, 56 (26%) CC (Child A) e 32 (15%) CD (Child B e C). Cerca de 73% da amostra tinha etiologia viral (B ou C). Na dinamometria, a força muscular do membro não-dominante foi de 70 ± 24 lb/ pol no grupo de HCNC, 63 ± 25 lb/pol no grupo com CC e 53 ± 26 lb/pol no grupo com CD (p = 0,02; HCNC = CC, HCNC CD, CC = CD). A força muscular do membro dominante foi de 72 ± 24 lb/pol no grupo de HCNC, 69 ± 24 lb/pol no grupo com CC e 61 ± 24 lb/pol no grupo com CD (p = 0,07). Conclusão: Houve uma redução progressiva da força muscular com o agravamento da doença hepática. A dinamometria do aperto de mão poderá ser um método adicional importante na avaliação nutricional desses pacientes. PO-354 (383) ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES AMBULATORIAIS COM DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA CASTRO TM, PEREZ RM, FIGUEIREDO FAF PO-352 (374) A EXPERIÊNCIA CIRÚRGICA COM A RESSECÇÃO HEPÁTICA DE TUMORES É SUFICIENTE PARA A REALIZAÇÃO DA CIRURGIA DE DOADOR VIVO? ANÁLISE COMPARATIVA DO RISCO DA DOAÇÃO DE FÍGADO USANDO UM SISTEMA DE GRADUAÇÃO DE SEVERIDADE PACHECO-MOREIRA L, ALVES J, AMIL R, ENNE M, CERQUEIRA A, BALBI E, FILHO G, ROMA J, GONZALES AC, MARTINHO JM Hospital Geral de Bonsucesso Objetivos: Em todos centros de transplantes com doador vivo (DV) a mortalidade e a morbidade dos doadores torna-se um ponto crucial. Uma acurada definição de morbidade em DV ainda não está bem estabelecida. Clavien propôs uma classificaGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 HUPE/UERJ Fundamentos: Desnutrição protéico-calórica é comum em pacientes com doença hepática crônica (DHC). Entretanto, a avaliação do estado nutricional (EN) é uma tarefa difícil, pois a própria DHC pode alterar as medidas comumente usadas na avaliação nutricional (AN) desses pacientes. Os objetivos desse estudo foram verificar o EN de pacientes com DHC, utilizando medidas subjetivas e objetivas da prática diária, e compará-las entre os pacientes com hepatopatia crônica não cirrótica (HCNC), cirrose compensada (CC) e cirrose descompensada (CD). Métodos: Foi realizada AN em 215 pacientes ambulatoriais com DHC no período de 03/06 a 07/07. A AN compreendeu a avaliação global subjetiva (AGS), antropometria (peso, índice massa corpórea-IMC, dobra cutânea triciptal-DCT, circunferência do braço-CB, circunferência muscular do braço-CMB, área muscular e área de gordura do braço) e parâmetros laboratoriais S 95 (albumina e linfócitos). O percentual de adequação (adq) foi obtido considerando-se o percentil 50 da tabela de distribuição de percentis como ideal. A análise estatística foi realizada utilizando o teste Qui-quadrado e teste Exato de Fisher. Resultados: Na análise comparativa entre os grupos, observou-se diferença quanto à AGS, que mostrou DPC em 10% do grupo HCNC, 16% do CC e 84% do CD (p < 0,001). Houve também diferença nos níveis de albumina (HCNC: 4,3 ± 0,4 vs. CC: 4,0 ± 0,4 vs. CD:3,2 ± 0,6; p < 0,001) e na contagem de linfócitos (HCNC: 2183 ± 937 vs. CC: 1909 ± 931 vs. CD: 1389 ± 788; p < 0,001). Não se observou diferença entre os grupos quanto ao peso (p = 0,40), IMC (p = 0,24), DCT (p = 0,57), DCT % adq (p = 0,69), CB (p = 0,69), CB % adq (p = 0,91), CMB (p = 0,61), CMB % adq (p = 0,96), área muscular do braço (p = 0,77) e área de gordura do braço (p = 0,56). Conclusão: A AGS, apesar de potencialmente subestimar a DPC em pacientes com HCNC e CC, se mostrou um método melhor para detectar DPC do que as medidas objetivas antropométricas, que foram pouco sensíveis para diagnosticar DPC em todos os espectros da DHC. Por outro lado, as medidas objetivas laboratoriais comumente usadas na prática clínica para AN também refletem a gravidade da doença hepática, o que pode limitar sua acurácia no diagnóstico de DPC. Novos métodos objetivos de AN precisam ser incorporados na prática diária. PO-355 (386) ALTA PREVALÊNCIA DE CIRROSE HEPÁTICA ASSOCIADA À CO-INFECÇÃO PELOS VÍRUS DA HEPATITE B (HBV) E DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV) BRANDÃO-MELLO CE1,2, AMENDOLA PIRES MM1, GRIPP K1, PAZ JCC1, ABRANTES J1, DI GRECCO T1, LEMOS FR1, BISCAIA L1, COELHO HSM2 1. Serviço Hepatologia do HUGG (UNIRIO) e 2. HUCFF - UFRJ Introdução: A co-infecção HBV - HIV é condição freqüente (10%), devido às semelhanças epidemiológicas compartilhadas por ambos os vírus. A infecção pelo HIV modifica o curso natural da infecção pelo HBV, permitindo maior replicação viral do HBV e menor dano celular. Com o advento da terapia HAART houve melhora da qualidade da resposta imune celular, porém, paradoxalmente, a restauração imune promove injúria hepatocelular e, ocasionalmente, o surgimento de doença hepática crônica. Objetivos: Avaliar a prevalência de doença hepática crônica e o estadiamento clínico, virológico e morfológico dos co-infectados. Pacientes e métodos: No período de junho de 2000 à agosto de 2007 foram avaliados os aspectos demográficos (idade, sexo), clínicos, bioquímicos (alt, ast, albumina, protrombina, bilirrubina), sorológicos (HBeAg-anti-Hbe), histológicos e virológicos (HBV-DNA e HIVRNA) de uma coorte de co-infectados HBV-HIV . Resultados: Foram analisados 57 pacientes, sendo 96% do sexo masculino, com média de idade de 42,8 ± 8,5 anos, com predomínio de aquisição sexual (80%). A maioria (93%) encontrava-se em uso de terapia HAART e sob o ponto de vista clínico, apresentavam-se assintomáticos (92%), sendo que hipertensão porta foi identificada em 7%. Destes 57, 70% eram HBeAg (+), com média de carga viral de HBV-DNA, HIVRNA e de títulos de CD4 de 4.1 x 108 cópias, 4.0 x 104 cp/ml e 423 ± 264 cél./mm3, respectivamente. As médias de alt, ggt, ast, alb., AP e BT foram, respectivamente, de 77, 93, 67, 3.9, 84% e 0.9. 20/57 (35%) submeteram-se à biópsia hepática sendo que fibrose avançada (F5-F6) foi observada em 12 (60%) e Fibrose Leve (0-2) em 7 (35%). Trinta e dois (59%) pacientes foram tratados com lamivudina, 16 com tenofovir (29,6%) e 6 com entecavir (11.1%), estes dois últimos utilizados como resgate de cepas resistentes à lamivudina. Conclusões: A co-infecção HBV-HIV na era HAART caracteriza-se predominantemente por formas de hepatite crônica HBeAg (+), com tendência evolutiva para cirrose em grande número, provavelmente devido à restauração da imunidade celular e pelo desenvolvimento de cepas mutantes e resistentes à lamivudina, caracterizadas por viremia elevada do HBV-DNA. PO-356 (395) FECHAMENTO DE FÍSTULA DE PAREDE ABDOMINAL COM CIANOACRILATO-RELATO DE CASO BASTO ST, SOUSA C, FERNANDES E, RIBEIRO J, COELHO HSM Serviço de Hepatologia e Programa de Transplante Hepático – HUCFF/Universidade Federal do Rio de Janeiro M.J.B.G, 65 anos. Paciente com diagnóstico de cirrose por hepatite C, Child Pugh C13. Apresentava ascite refratária, tensa, com necessidade de paracentese de alívio em duas ocasiões. Portadora de hérnia umbilical volumosa, não redutível e dolorosa. Internada em março de 2007 devido a peritonite bacteriana espontânea e elevação de escórias nitrogenadas. Durante esta internação evoluiu com fístula espontânea de parede abdominal, na topografia da hérnia umbilical, onde observava-se orifício pontual que drenava cerca de 500 ml de ascite ao dia. A Paciente foi submetida a paracentese de alívio com esvaziamento parcial de ascite, e curativo compressivo, sem interrupção do fluxo contínuo de líquido ascítico. Em função da drenagem mantida de ascite, a paciente apresentava dificuldade de controle hídrico e ajuste eletrolítico além de dificuldade de mobilização fora do leito. Após 23 dias de abertura do orifício da fístula a paciente foi submetida a aplicação de cianoacrilato (dermabond® – Johnson & Johnson). Foi utilizada agulha inserida no frasco como aplicador e introduzido parte do conteúdo no orifício fistuloso, além de selamento externo. A paciente evoluiu com fechamento completo da fístula, que persistiu por 3 meses, até a realização de transplante hepático. 12 horas após o procedimento, apresentou dor S 96 no local que cedeu com dipirona. Atualmente a paciente passa bem com 2 meses de pós operatório. Discussão: A persistência de drenagem de ascite através de fístula espontânea acarreta dificuldade no manejo clínico destes pacientes além de risco aumentado de infecção. O fechamento da fístula de parede abdominal cirurgicamente pode submeter estes pacientes a um risco elevado, dada a gravidade dos mesmos. Há apenas 1 relato na literatura de uso de cianoacrilato como opção para fechamento de fístula de parede abdominal. Existem alguns trabalhos utilizando cianoacrilato para fechamento de fístulas pancreáticas, biliares, oculares e até mesmo como selamento hepático após biópsia. O cianoacrilato pode ser uma opção no manejo desta intercorrência, possibilitando uma evolução melhor até o transplante. PO-357 (408) AVALIAÇÃO DAS AMINOTRANSFERASES DE PACIENTES HOSPITALIZADOS COM HIV/AIDS NÃO CO-INFECTADOS PELOS VÍRUS DAS HEPATITES B E C LANZARA G, MELLO AHW, MAIA FKO Universidade Federal de São Paulo, São Paulo Fundamentos: Alterações dos níveis de transaminases em indivíduos infectados pelo HIV podem estar relacionadas diretamente ao vírus, às afecções oportunistas, à toxicidade das drogas anti-retrovirais e daquelas usadas para condições associadas à AIDS, à alterações metabólicas, ao uso de álcool ou ainda não ter etiologia definida. Estudar a prevalência e a gênese do acometimento hepático nesta população é importante para prover melhor assistência. Objetivos: Avaliar as alterações de aminotransferases de pacientes hospitalizados com HIV/AIDS não co-infectados pelo vírus da hepatite B e C. Materiais e métodos: Estudo observacional prospectivo, realizado no Hospital São Paulo/UNIFESP, de maio a julho de 2007. O limite superior de normalidade para TGO, TGP e GGT foi 32, 42 e 30U/L, respectivamente. Aplicado o questionário CAGE para diagnóstico de etilismo. Resultados: Incluídos 14 pacientes, com média de idade de 43 ± 11 anos, 64% do sexo masculino. O tempo médio de diagnóstico de infecção por HIV foi de 44 meses (0-168 meses). Quanto a forma de exposição ao vírus, 50% referiram contágio sexual, 7% parenteral e 43% desconhecido. 23% foram classificados como etilistas. O motivo da internação foi doença definidora de AIDS em 71% dos casos. A média de CD4 foi 120 cels/mm3 e da carga viral 90217 cópias/ml. Quanto a prevalência de alterações das transaminases, observou-se que 57,1% dos pacientes apresentavam valores acima da normalidade de TGO, 21,4% de TGP e 100% de GGT. Apenas 57,1% dos pacientes faziam uso de ARV, sendo somente 14% dos inibidores da transcriptase reversa (ITR) nucleosídeo, 20% dos ITR não-nucleosídeo e 17% dos inibidor de protease potencialmente hepatotóxicos. Entretanto, 93% dos pacientes faziam uso de alguma outra medicação potencialmente hepatotóxica. A comparação dos pacientes com ou sem alterações hepáticas não revelou nenhuma diferença estatisticamente significante. Conclusão: Neste estudo destacou-se a alta freqüência de alteração de transaminases. O uso de ARV hepatotóxicos foi restrito, porém o de outras medicações hepatotóxicas elevado. Este estudo será ampliado para melhor definir etiologias de alterações hepáticas em pacientes HIV/AIDS. PO-358 (422) DIAGNÓSTICO DE DOENÇA CELÍACA (DC) AO LONGO DA INVESTIGAÇÃO DE ENFERMIDADE HEPÁTICA: DOENÇA HEPÁTICA DE BASE E IMPORTÂNCIA DO ANTICORPO ANTI-RETICULINA SANTOS MSC, BRITO T, ABRANTES-LEMOS CP, DEGUTI MM, MELLO ES, CARRILHO FJ, CANCADO ELR Departamentos de Patologia e Gastroenterologia, LIM-06 Instituto de Medicina Tropical FUMSP, São Paulo Fundamentos: O envolvimento hepático é uma das manifestações extra-intestinais mais freqüentes na DC. Por essa razão, é comum a pesquisa dos auto-anticorpos hepáticos para investigação de alterações de enzimas hepáticas, como também a realização do exame endoscópico digestivo em portadores de hepatopatia crônica que ignorem ser portadores de DC. Objetivos: Definir como foi diagnosticada DC em pacientes com doença hepática identificada previamente e caracterizar a doença hepática de base. Métodos: 37 pacientes (24 mulheres, 32 raça branca [4 mulatos e um negro], idade de 2-68 anos, mediana 35 anos) com diagnóstico de DC (sorologia e biópsia duodenal compatíveis) foram identificados ao longo de 10 anos, durante a investigação de doença hepática inicialmente detectada. Resultados: Em 27 pacientes (73%), o diagnóstico de DC foi decorrente da reatividade do anticorpo anti-reticulina e confirmação posterior do anticorpo antiendomísio; em 6 pacientes em conseqüência de manifestações compatíveis com DC (diarréia crônica, hipertransaminasemia criptogênica e anemia); em 3 pelo achado de atrofia de pregas duodenais durante procedimento endoscópico; em um durante rastreamento diagnóstico de DC em pacientes com doença auto-imune hepática ou hipertensão portal não cirrótica. Os diagnósticos das doenças hepáticas de base foram: 8 hipertensão portal não cirrótica (6 hiperplasia nodular regenerativa), 5 hepatite auto-imune, 4 hipertransaminasemia criptogênica (sem biópsia hepática), 4 hepatite C, 3 hepatopatia alcoólica, 3 cirrose biliar primária antimitocôndria negativo e 1 antimitocôndria positivo, 3 fígado reacional à biópsia hepática, 2 hepatite B, 2 hepatite crônica criptogênica, 1 vasculite granulomatosa e 1 hepatite aguda criptogênica. A evolução da doença hepática foi dependente principalmente da doença hepática de base, de acordo com seu tratamento específico. Conclusões: Reatividade do anticorpo GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 anti-reticulina foi a pista mais importante para se pesquisar DC. Hipertensão portal não cirrótica, especialmente a hiperplasia nodular regenerativa foi a doença hepática de base mais importante na presente série de doentes celíacos. PO-359 (425) TRABALHO DE COMPARAÇÃO CLÍNICA SOROLÓGICA E MOLECULAR ENTRE PACIENTES COM INFECÇÃO ÚNICA PELO VÍRUS HEPATITE B E COM INFECÇÃO DUPLA PELO VÍRUS HEPATITE DELTA (VHD) KIESSLICH D, FERREIRA F, FELGA GEG, CRISPIM M, KOMNINAKIS S, SANTOS C, DIAZ R Universidade Federal do Amazonas, Universidade Federal de São Paulo Como as hepatites B e Delta representam dois graves problemas de saúde pública na Amazônia brasileira, estabelecemos um protocolo de estudo que teve como objetivos identificar os genótipos dos vírus B e Delta na Amazônia Ocidental, e comparar características sorológicas, bioquímicas e moleculares entre indivíduos com infecção única e dupla. O estudo teve um delineamento do tipo caso-controle, para o qual foram selecionados 190 portadores crônicos de infecção única por VHB (controles), e 50 portadores de infecção dupla VHB/VHD (casos). Após diagnóstico clínico, detectou-se os marcadores sorológicos HBsAg, anti-HBc, HBeAg, anti-HBe e antiHDV, além da quantificação do DNA do VHB, e do RNA do VHD, por PCR em Tempo Real. Amostras positivas para DNA do VHB foram genotipadas por meio da PCR com iniciadores tipo específicos e as positivas para o RNA do VHD por Análise de Polimorfismo de Fragmentos de Restrição. A comparação entre ambos mostrou que pacientes anti-delta reativos apresentavam média mais elevada de ALT e BT do que controles, e doença hepática mais avançada. Pacientes anti-delta reativos apresentavam uma menor taxa de detecção de DNA e viremia mais baixa, quando comparados à monoinfecção (p = 0.020). Foram identificados os genótipos A (54.6%), D (19.6%) e F (25.8%) do VHB, sendo que o D foi associado a níveis mais elevados de ALT (p = 0.018). Todos os pacientes com VHD apresentavam o genótipo III. A mediana da carga viral do VHB foi igual a 1.551 cópias/mL, entre os pacientes anti-delta reativos, e de 7.768 cópias/mL entre os não reativos (p = 0.027), enquanto que a mediana da carga viral do VHD foi igual a 1.100 cópias/mL. A mediana da carga viral do VHB diferiu segundo o diagnóstico dos pacientes avaliados, sendo 2.425 cópias/mL nos assintomáticos, 7.068 cópias/mL nos pacientes com hepatite crônica, 6.526 cópias/ mL nos pacientes com cirrose hepática e 57.058 cópias/mL nos pacientes com hepatocarcinoma (p = 0.012). Os resultados encontrados mostram que os diferentes momentos da história natural da superinfecção pelo VHD, se caracterizam por distintos perfis dos parâmetros bioquímicos, sorológicos e moleculares. PO-360 (426) RELATO DE CASO: SARCOIDOSE HEPÁTICA EM PACIENTE ASSINTOMÁTICO BARBOSA CC, GIRÃO MS, MARTINS CF, PIMENTEL VL, REIS LA, MACHADO RL, SANTANA DM, SOUZA FF, ZAMBELLI LN, MARTINELLI AL Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – USP Paciente WRL, masculino, 53 anos, funcionário de RH, previamente assintomático, notou emagrecimento, procurando clínico para realização de exames de rotina, no mês de julho de 2006. Teve diagnóstico de diabetes mellitus, iniciando tratamento com hipoglicemiantes orais, e no mesmo mês, realizou USG abdominal, com achado de nódulos hepáticos e esplênicos. Submetido à biópsia hepática via laparoscópica, e encaminhado ao serviço de moléstias infecciosas do HCRP, pelo achado de granulomas caseosos no anatomopatológico. Foi internado, para realização de Tomografia de tórax e abdômen (em outubro de 2006) com achado de linfadenomegalia perihilar e mediastinal, e infiltrado intersticial. Na tomografia de abdome, diversos nódulos hepáticos e esplênicos, de natureza a esclarecer. Em novembro de 2006, foi repetida a biópsia hepática, por via percutânea guiada por USG no serviço de radiologia. Foi decidido pelo tratamento empírico com esquema RIP, por 45 dias, e como não houve regressão, foi encaminhado à gastroenterologia. O anatomopatológico da segunda biópsia, teve diagnóstico compatível com sarcoidose hepática. Realizou broncoscopia com LBA e biópsia às cegas em agosto de 2007, e está em seguimento com a pneumologia, com programação de início de terapêutica a ser definida após provas de função pulmonar. Exames laboratoriais revelam hipocalciúria, sorologias para hepatites virais negativas, bem como pesquisa de doenças auto-imunes e de depósito. Descartadas doenças hematológicas. Na literatura médica, Dourakius et als (European Journal of Gastroenterology and Hepatology - Volume 19(2), February 2007, pp 101104), tem a Sarcoidose hepática como segunda causa mais associada à presença de granulomas hepáticos, e citam algumas casuísticas, nas quais essa doença é uma das maiores causas de doença granulomatosa hepática entre os pacientes estudados. PO-361 (434) O MELD É EFETIVO PARA PREDIZER MORTE NA LISTA DE TRANSPLANTE HEPÁTICO? CASTRO RS, SEVÁ-PEREIRA T, DEI SANTI D, BOIN IFS, ALMEIDA JRS, YAMANAKA A, SOARES EC Disciplina de Gastroenterologia/DCM/Faculdade de Ciências Médicas- Gastrocentro –Unicamp, Campinas, SP Fundamento: O MELD vem sendo utilizado como índice de severidade de doença hepática na tentativa de otimizar a alocação de órgãos para o transplante (Tx) hepáGED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 tico. No Brasil, a mudança do critério cronológico pelo critério de gravidade, com a implantação recente do MELD, merece avaliação. Objetivos: 1. Avaliar a mortalidade de pacientes em lista de espera de Tx hepático, nos últimos 2 anos. 2. Estudar as variáveis que podem estar associadas ao óbito nos dois períodos (anterior e posterior à introdução do MELD no país). 3. Comparar a eficácia da utilização do escore MELD com a do Child nos 2 períodos distintos de análise. Métodos: Foram avaliados os indivíduos em lista de Tx, atendidos no ambulatório da Gastroclínica, nos períodos de agosto de 2005 a julho de 2007. As análises corresponderam a dois períodos de cerca de 1 ano, antes e depois da introdução do MELD no país. O evento avaliado em ambos os períodos foi o óbito, e as variáveis estudadas foram os escores Child e MELD para ambos os grupos, além dos valores de RNI, albumina, bilirrubina, creatinina e sódio séricos. Ambos os grupos foram comparados, bem como pesquisada a associação entre mortalidade na lista de Tx hepático e complicações prévias à introdução na lista de Tx. Na análise estatística foram aplicados os testes do qui-quadrado. Resultados: 1. Foram acompanhados 126 indivíduos (M/F: 84/42), com idade entre 17 e 67 anos, todos portadores de cirrose hepática, tendo por etiologia mais freqüentes o VHC e o álcool, totalizando ambos 69%. 2. O número total de óbitos foi de 21, onze no 1º período e 10 no 2º período. 3. Com relação ao primeiro período de estudo, houve associação significante entre óbitos na lista de transplante e as variáveis escore Child (p = 0,0002), níveis de albumina (p = 0,0001) e sódio séricos (p = 0,0047). No segundo período, foram encontradas associações significantes entre óbitos ocorridos na lista e escores Child (p = 0,0118) e MELD (p = 0,0043), além das seguintes variáveis: RNI (p = 0,03) albumina (p = 0,0003), creatinina (p = 0,0049) e sódio séricos (p = 0,0000). Conclusões: 1- Apesar de o MELD avaliar bem a gravidade na lista de espera para Tx hepático, não houve diferença quanto ao número de óbitos em lista nos dois períodos. 2- O Child revelou-se como um bom marcador de gravidade, em ambos os períodos. 3- A adoção do critério de gravidade na alocação de órgãos no Brasil parece ser mais importante do que o escore adotado. PO-362 (444) HEPATITE DELTA – APRESENTAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E CLÍNICA EM AMBULATÓRIO ESPECIALIZADO NO AMAZONAS SILVA MJS, ROCHA CM, CAMARGO KM, CAMPOS JG, KIESSLICH D, BESSA A, FERREIRA LF Serviço de Hepatologia -Hospital Universitário Getúlio Vargas - Universidade Federal do Amazonas – Manaus/AM Fundamentos: A co-infecção dos vírus da hepatite B (HBV) e hepatite Delta (HDV) não é rara no Amazonas, por compartilharem rotas de transmissão e semelhante distribuição geográfica. A infecção combinada resulta em doença hepática grave e maior risco de hepatocarcinoma. Objetivo: Avaliar a epidemiologia e a forma de apresentação clínica da co-infecção HBV-HDV. Métodos: Estudo retrospectivo de pacientes co-infectados HBV-HDV acompanhados ambulatorialmente no período de 2000 a 2007. Foram avaliadas as seguintes variáveis: idade, sexo, naturalidade, profissão, vida sexual, hemotransfusão, tatuagem, cirurgia, hemodiálise, história familiar de hepatite, modo potencial de contágio, sorologias HBeAg e anti-HCV e apresentação clínica. Resultados: Foram analisados 40 pacientes, que representavam 58% (40/69) da população HBsAg (+), com média de idade de 35 ± 11 anos, sendo 58% (23/40) homens. O modo potencial de contágio foi indeterminado em 77% (31/40), intra-familiar em 15% (6/40) e sexual em 8% (3/40). Quanto ao número de parceiros sexuais, 52% (21/40) referiram um parceiro/ano, 20% (8/40) 2 a 5 parceiros/ano, 13% (5/40) mais de 5 parceiros/ano; 15% (6/40) não tiveram contato sexual no último ano ou esta informação não foi registrada. Os fatores de risco foram: sexo (85% feminino vs 47% masculino), naturalidade (88% interior do Amazonas vs 12% outros estados da região Norte) e história familiar de hepatite (79%). As formas de apresentação clínica foram: hepatopatia crônica com hipertensão portal (varizes esofagianas ou esplenomegalia) em 65% (26/40) dos casos e hepatite crônica sem hipertensão portal em 35% (14/40). O antígeno HBe foi negativo em 83% (25/30). Houve co-infecção com vírus da hepatite C (anti-HCV +) em 3% (1/33). Conclusão: Os pacientes co-infectados HBV-HDV apresentaram sinais de doença hepática avançada à avaliação inicial. Essa co-infecção se acompanhou da ausência de marcador HBeAg (+), indicando uma infecção de longa data e/ou o efeito inibitório do HDV sobre a replicação do HBV. A maioria dos portadores era natural de municípios das calhas dos rios Purus, Juruá e Médio Solimões, conhecidamente de elevada prevalência da infecção pelo HDV. PO-363 (446) PREVALÊNCIA DAS HEPATITES B E C EM PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO BAIMA, JP, ROCHA CM, TORRES K, MESQUITA CB, LIMA DSN Hospital Universitário Getúlio Vargas - Universidade Federal do Amazonas – Manaus/AM Fundamentos: Numerosas manifestações extra-hepáticas têm sido associadas às hepatites causadas pelos vírus B (HBV) e C (HCV). O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença reumatológica clássica e sua associação com o HBV e o HCV tem sido questionada. Objetivos: Determinar a prevalência dos marcadores sorológicos para os vírus HBV e HCV em pacientes com LES, e comparar os resultados com pré-doadores de sangue, para o mesmo período. Métodos: Foram investigados prospectivamente 124 pacientes com diagnóstico de LES, segundo critérios do Co- S 97 légio Americano de Reumatologia, acompanhados ambulatorial no período de junho/2006 a junho/2007. O grupo controle consistiu de 44.088 pré-doadores de sangue do Hemocentro local. As variáveis analisadas foram: sexo, idade, naturalidade, sorologias HBsAg, anti-HBs, anti-HBc total e anti-HCV. Resultados: Os pacientes com LES eram 98% (120/124) do sexo feminino, com idade variando de 18 a 69 anos, média de 35 anos. Os pacientes do grupo controle eram 76% do sexo masculino, sendo que 74% tinham idade entre 18 a 38 anos. No grupo de estudo, não foi encontrado paciente portador do HBsAg vs 1% de HBsAg (+) no grupo controle. O anti-HBs (+) foi identificado em 39% (32/83) dos pacientes com LES, destes, 47% (15/32) tinham anti-HBc total (+), sendo que nos demais havia relato de vacinação para hepatite B. O marcador anti-HBc total esteve reativo em 23% (19/82) dos pacientes com LES vs 7% (2.998/44.088) no grupo controle, p < 0,001. Houve um paciente com sorologia anti-HCV indeterminada, entre os 98 exames realizados, não havendo casos de anti-HCV (+). A prevalência de sorologia anti-HCV (+) em prédoadores foi de 1,6% (695/44.088). Conclusão: Não identificamos portador do HBV nos pacientes com LES. A elevada prevalência de anti-HBc total nos pacientes com LES pode ser explicada pela naturalidade do grupo, em sua maioria de municípios do interior do Estado, locais de maior incidência e prevalência de hepatite B. O único caso de anti-HCV indeterminado aguarda confirmação diagnóstica e, caso se confirme anti-HCV (+), a prevalência não será superior a dos pré-doadores. Sendo assim, não foi encontrada maior prevalência dos vírus HBV e HCV nos pacientes com LES. PO-364 (478) DENGUE - MANIFESTAÇÕES HEPÁTICAS EM PACIENTES HOSPITALIZADOS EM UM HOSPITAL GERAL DO RIO DE JANEIRO PIGNATON GA, BORGES A, GAMA P, CAMPOS T, PAES FS, CHINDAMO MC Hospital Barra D’Or –Rio de Janeiro Fundamentos: A dengue caracteriza-se por síndrome viral aguda com acometimento sistêmico e espectro de gravidade variável. As manifestações hepáticas compreendem desde discretas alterações de transaminases até quadros de insuficiência hepática aguda. Objetivo: Descrever as alterações hepáticas nas diferentes formas de apresentação da dengue. Metodologia: Foram incluídos pacientes internados no Hospital Barra D’Or no período de fevereiro a maio de 2007, com diagnóstico confirmado de dengue por ELISA IgM positivo. Foi realizada análise retrospectiva da contagem de leucócitos, plaquetas, valores de transaminases, gama-GT e revisão dos aspectos clínicos apresentados por este grupo de pacientes. Foram utilizados os critérios de classificação de Dengue do Ministério da Saúde, 2006. Resultados: Foram estudados 32 pacientes, 56% do sexo feminino. A média de idade observada foi de 45,2 anos (14 a 82 anos). A doença foi classificada como dengue clássica (DC) em 35% (11/32) dos casos, febre hemorrágica da dengue (DH) em 34% dos casos (11/32) e dengue com complicações (DCC) em 31% (10/32). Aumento de transaminases acima do limite superior da normalidade (LSN) foi encontrado em 75% dos casos (22/32): mediana de AST = 151U/l (variação 26 e 7733U/l) e mediana de ALT = 162U/l (variação 35 a 2766U/l). Elevação significativa de transaminases (acima de 3x o LSN) foi observada em 50% dos casos (16/32) e hepatite aguda (transaminases > 10x o LSN), em 18% dos pacientes (5/32). Elevação de gama-GT ocorreu em 69,5% (16/23) com mediana de 162U/l (variação de 15 e 936U/l). Do total de pacientes com alterações significativas de transaminases, 44% (7/16) apresentavam DH. Leucopenia foi encontrada em 78% dos pacientes com contagem média de leucócitos de 3303/mm3 (1000 a 3600/mm3) e plaquetopenia inferior a 100.000/ mm3 foi observada em 72% dos pacientes, com média de 75763/mm3 (7000 a 95000/mm3). Derrames cavitários ocorreram em 9% dos casos (3/32). Foram observados 2 óbitos (6%) devido a choque refratário. Conclusão: Alterações hepáticas são freqüentes nos pacientes com dengue. Elevação de transaminases acima de 3x o LSN predominaram na forma hemorrágica da dengue. Hepatite aguda foi observada em 18% dos casos, com evolução favorável. Não foram observados casos de insuficiência hepática aguda. PO-365 (487) ETIOLOGIA DA ELEVAÇÃO DA ALT ACIMA DE 300U/L EM AMBULATÓRIO ESPECIALIZADO GODOY WC, BARBOZA DV, FERRAZ MLG, SILVA AEB Setor de Hepatite - Escola Paulista de Medicina (UNIFESP) Fundamentos: Habitualmente, a elevação sérica da atividade da alanino aminotransferase (ALT) indica agressão ao parênquima hepático. Aceita-se que elevações maiores que 10x o limite superior da normalidade indiquem dano hepatocelular agudo. Por sua vez, nas agressões crônicas, a ALT dificilmente alcança esses níveis. Obstruções hepáticas agudas também não levariam a aumento tão importante. Objetivos: Determinar a causa do aumento da ALT > 300U/l em pacientes atendidos em ambulatório especializado. Métodos: Estudo prospectivo (18 meses de duração). Foram incluídos todos os pacientes atendidos no Ambulatório de Hepatites com elevação de ALT > 300U/L na primeira consulta. Todos foram avaliados pelo mesmo médico que realizou anamnese, pesquisa de antecedentes pessoais e familiares, e exame físico. Na primeira avaliação foi solicitada a pesquisa dos marcadores sorológicos das hepatites A, B e C. Além disso, naqueles com suspeita de hepatite S 98 medicamentosa, foi aplicado o escore de Maria e Victorino (1997). Se com os resultados obtidos, a etiologia não fosse definida, na segunda consulta eram solicitados marcadores para outros vírus (EBV, CMV), ceruloplasmina e FAN. US abdominal era solicitado na suspeita de quadros obstrutivos biliares. Resultados: No período de estudo, 92 dos 1287 pacientes novos cadastrados (7,1%) apresentavam ALT > 300U/ L na primeira consulta. Destes, 12 (13,0%) foram excluídos por não retornarem à consulta ou não realizarem os exames solicitados. Assim, 80 pacientes com ALT > 300U/l foram analisados. A média de idade foi 33,4 +/- 1,7 anos, 57,5% homens. A média da ALT foi 1422 +/- 126U/L e das bilirrubinas totais 6,8 +/- 0,5mg/dL. 66 pacientes (82,5%) estavam ictéricos na primeira consulta. As causas de elevação da ALT estavam assim distribuídas: hepatites A (28,75%), B (30,0%), C (6,3%), autoimune (5,0%) e medicamentosa (17,5%); obstrução biliar (5,0%) e miscelânea (7,5%). Nesse último grupo foram incluídos: 2 hepatites alcoólicas e 1 por CMV, e 1 colestase familiar idiopática. Conclusões: Nessa população, a maioria dos casos de elevação da ALT > 300U/L ocorreu por dano parenquimatoso hepático (93,8%), sendo que as hepatites virais foram as responsáveis por 66,3% destas elevações. A grande maioria dos casos foi de hepatite aguda ictérica, o que provavelmente permitiu seu diagnóstico nessa fase da doença. PO-366 (501) HEPATITE DE CÉLULAS GIGANTES: RELATO DE CASO OLIVEIRA DA, BRITO RC, LOPES AMR, GUIMARÃES APR, SILVA ISS, SILVA LD Universidade Federal do Pará (Belém-Pará) Hepatite de células gigantes do adulto é um evento raro e apenas 100 casos foram relatados nos últimos 20 anos. Tem sido observada em associação com infecções virais, reação a drogas ou desordens auto-imunes, mas, em muitos casos, a etiologia permanece desconhecida. O quadro clínico varia desde assintomático até sintomas debilitantes e falência hepática fulminante. Relato de Caso: Paciente masculino, 21 anos, branco, encaminhado em 2005 à gastrohepatologia para avaliação de icterícia, pesando 57Kg. Iniciou quadro de colúria, icterícia cutâneo-mucosa há aproximadamente 10 meses, sem outros sintomas. Exame físico: abdome sem alterações. Observou-se TGO: 486 e TGP: 713, bilirrubina total de 16, bilirrubina indireta 2,6 e direta, 13,4, fosfatase alcalina 392 e gama GT 205. Exames sorológicos: anti-HCV, anti-HBc IgM, HBsAg, Perfil de FAN, anti-HAV IgM, toxoplasmose IgM, citomegalovírus IgM, anticorpo anti-mitocôndria, anticorpo anti-músculo liso e anti-LKM-1 negativos; e toxoplasmose IgG e citomegalovírus IgG positivos. Ultra-sonografia abdominal sem alterações. Transferrina, alfa 1 antitripsina, ferritina, ceruloplasmina plasmática e cobre urinário dentro dos padrões de normalidade. Ressonância magnética do abdome normal. Biópsia hepática evidenciou: hepatite crônica com moderada atividade, estadiamento 3, infiltrado inflamatório portal/septal 2, atividade periportal/septal 3, atividade parenquimatosa 3, hepatite de células gigantes pósneonatal (do adulto). O tratamento foi iniciado em 16/06/05 com azatioprina 50mg e prednisona 50mg. Paciente evoluiu sem queixas, com ajuste da medicação em 28/ 06/07, com 100mg de azatioprina e 20mg prednisona. Os últimos exames realizados revelaram TGO 28, TGP 46, BT 2,5, BI 1,8, BD 0,7, FA 39 e GGT 123. Discussão: De acordo com a literatura estudada, a hepatite auto-imune pode apresentar-se com elevação isolada das aminotransferases e quadro clínico sugestivo de hepatite aguda viral. O padrão-ouro para investigação diagnóstica e para estadiamento desta doença hepática é a biópsia hepática. Não existe um consenso sobre esquema terapêutico a ser introduzido nesses casos. Conclusão: Hepatite de células gigantes é uma forma incomum de hepatite crônica em adultos. O tratamento com corticóide isolado ou em associação com azatioprina pode ser instituído precocemente nestes pacientes. PO-367 (520) SETENTA HEPATECTOMIAS REALIZADAS EM UM ÚNICO CENTRO EM 2005 MARTINEZ R, FERNANDES ESM, RIBAS JR, BASTO ST, BENTO G, RIBEIRO FILHO J Serviço de Cirurgia Geral, Serviço de Hepatologia - Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ Introdução: A cirurgia do fígado é realizada hoje em locais de excelência com mortalidade próxima de 0%. Contribui para esse resultado o desenvolvimento de centros de referência formados por equipes multidisciplinares de hepatologia clínica e cirúrgica. Métodos: Nesse trabalho foram analisados retrospectivamente os pacientes submetidos à ressecções hepáticas no ano de 2005 no Hospital Universitárico Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Resultados: Nossa casuística envolveu 70 pacientes, sendo 39 do sexo feminino e 31 do sexo masculino, com idades entre 18 e 82 anos e idade média de 58 anos. As indicações foram: Metástases tumores de origem colorretal (24); Metástases de tumores neuroendócrinos (2); Carcinoma hepatocelular em cirrótico (13); Litíase intra-hepática (6); Carcinoma de vesícula (4); Colangiocarcinoma (4); Cistoadenoma hepático (3); Cisto hepático simples (3); Hemangioma (2); Adenoma hepático (2); Fígado policístico (2); Necrose hepática (2); Tumor fibroso (1); Lesão iatrogênica de via biliar (1); APC (1). As ressecções foram subdivididas em hepatectomias maiores (3 ou mais segmentos): 34 e hepatectomias menores (até 2 segmentos): 36. A exclusão vascular total do fígado foi realizada em 8 ressecções. A mortalidade observada nessa casuística foi de 2,8% (2 casos em 70). As principais complicações foram: Hemorragia; GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 insuficiência hepática; coleções; fístulas e complicações pulmonares. Conclusão: Os autores referem que esse tipo de cirurgia pode ser realizada em hospital público brasileiro com resultados semelhantes aos grandes centros mundiais. PO-368 (119) ROCHA R, GUIMARÃES I, BITENCOURT A, BARBOSA D, ALMEIDA A, SANTOS A, CUNHA B, MARQUES S, COTRIM HP Faculdade de Medicina – Universidade Federal da Bahia Fundamentos: Obesidade central (OCT) tem sido correlacionada à resistência à insulina (RI), fator relevante na patogênese da Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA). Esta é considerada uma doença hepática freqüente crianças e adolescentes. Objetivo: Avaliar importância da DHGNA e da RI em adolescentes assintomáticos com obesidade central. Métodos: Estudo de corte transversal, que estudou adolescentes entre 11-18 anos com OCT de escolas públicas e privadas em Salvador-Bahia, no período de outubro/05 - outubro/06. A avaliação incluiu circunferência da cintura, índice de massa corporal (IMC), ALT, AST e GGT, glicemia e insulina e ultra-sonografia abdominal (USA). Critérios diagnósticos DHGNA: presença de esteatose na USA; história de ingestão alcoólica ≤ 140g/semana; investigação negativa de outras doenças hepáticas. A circunferência da cintura (CC) foi medida no final da expiração normal, na metade entre a porção da última costela e crista GED 2007;26(Supl 1):S 1-S 101 ilíaca. CC normal percentil 75 e CC aumentada percentil > 75, de acordo com a idade e sexo. HOMA [homeostasis model assessment] 3 foi considerado resistência à insulina. Projeto aprovado pelo CEP- MCO-Programa de Pós-Graduação em Medicina e Saúde. Resultados: Avaliados 648 adolescentes e selecionados 168 com obesidade central. Destes 54,2% eram do sexo feminino, com média de idade de 13,9 ± 2,0 anos. ALT estava elevada em 0,6% (n = 1) dos casos, GGT em 1,2% (n = 2), e 19% (n = 32) apresentavam RI. Na USA 1,2% (n = 2) apresentava esteatose grau I e 0,6% (n = 1) esteatose grau II. Foi estatisticamente significante a relação entre CC com ALT, GGT e RI (r = 0,3; p < 0,05). Entre os adolescentes com OBC, 49,4% tinham SP e 50,6% obesidade. Todos os adolescentes com elevação de ALT e/ou esteatose eram obesos. As médias da CC, ALT e GGT foram estatisticamente maiores naqueles que eram obesos quando comparados com os que tinham SP (93,8 ± 8,2cm–obesos e 83,4 ± 4,9cm–SP; 33,4 ± 11,1UI/L–obesos e 29,7 ± 8,1UI/ L–SP; 23,3 ± 8,4UI/L–obesos e 19,7 ± 5,6UI/L-SP, respectivamente). O HOMA apresentou correlação estatisticamente significante com ALT (r = 0,2; p < 0,05) e GGT (r = 0,4; p < 0,05). Apenas um adolescente com GGT elevada tinha RI. Conclusões: a) DHGNA foi freqüente entre adolescentes, que apresentavam obesidade central; b) resistência à insulina, níveis de ALT e GGT se correlacionaram com aumento da circunferência da cintura; os resultados mostram a importância da investigação da DHGNA em adolescentes para melhor orienta-los. S 99 Temas Prêmio Prêmio Tomaz Figueiredo Mendes TP-001 (124) VALIDAÇÃO E COMPARAÇÃO DE TESTES LABORATORIAIS SIMPLES COMO PREDITORES DE FIBROSE HEPÁTICA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA COUTO OFM, RIOS VH, FONSECA LP, FERRARI TCA, TEIXEIRA R Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG, Belo Horizonte Introdução: A biópsia é o padrão ouro para o diagnóstico do estádio de fibrose na hepC. Testes simples têm sido estudados como marcadores substitutos. O APRI tem demonstrado bom desempenho no diagnóstico de fibrose significativa e cirrose. O GUCI e o modelo proposto por Lok mostraram potencial utilidade no diagnóstico de cirrose, mas não foram estudados para o diagnóstico de fibrose significativa e não foram validados. Objetivo: Validar esses modelos para o diagnóstico do estádio de fibrose em pacientes com hepC crônica e investigar novos pontos de corte, incluindo valores para o diagnóstico de fibrose significativa com os modelos GUCI e de Lok. Métodos: 248 pacientes com hepC submetidos à biópsia hepática foram incluídos. O desempenho dos testes foi estudado por meio da sensibilidade (Se), especificidade (Es), valor preditivo positivo (VPP) e negativo (VPN), razões de verossimilhança (RV) para teste positivo e negativo, acurácia e índice J de Youden. A curva ROC foi utilizada para a definição dos novos pontos de corte. Resultados: Utilizando-se os pontos de corte originais, o APRI apresentou Se e Es de 78% e 97%, respectivamente, para o diagnóstico de fibrose significativa. O VPP foi igual a 99% e a RV, 30. Para o diagnóstico de cirrose, APRI apresentou Se e Es de 63% e 90%, respectivamente; GUCI, 79% e 67%, respectivamente e o modelo de Lok, 96% e 46%, respectivamente. Os novos pontos de corte selecionados a partir das curves ROC foram: para fibrose significativa: APRI: <0,45/ >1,2; GUCI: <0,45/>1,4 e Lok: <0,2/>0,6; para cirrose: APRI: <0,42/>2,6, GUCI: <0,46/>2,0 e Lok: <0,3/>0,76. Eles resultaram nos seguintes índices: para fibrose significativa: APRI: Se, 88% e Es, 89%; GUCI: Se, 88% e Es, 89%; Lok, Se, 89% e Es, 83%. Para cirrose: APRI: Se, 90% e Es, 86%; GUCI: Se, 97% e Es, 78% e Lok: Se, 84% e Es, 89%. Para diagnóstico de fibrose significativa, APRI, GUCI e Lok apresentaram as seguintes áreas sob a curva ROC: 0,83; 0,83 e 0,81; respectivamente e para diagnóstico de cirrose: 0,82; 0,82 e 0,81; respectivamente. Conclusão: Na fase de validação, o APRI e o modelo de Lok confirmaram o desempenho reportado originalmente. Os resultados obtidos com os novos pontos de corte demonstraram a utilidade potencial dos testes para o diagnóstico de fibrose significativa e cirrose e determinaram que os modelos GUCI e de Lok podem ser utilizados para o diagnóstico de fibrose significativa. Os três testes poderão ter utilidade na avaliação do tratamento em pacientes com HCV. TP-002 (414) PAPEL DOS DEPÓSITOS DE FERRO NO FÍGADO E DAS MUTAÇÕES NO GENE HFE (C282Y E H63D) COMO FATORES PREDITIVOS DE PROGRESSÃO DA FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA (HCC) SOUZA FF, TEIXEIRA AC, CARNEIRO MV, RAMALHO LZ, ZUCOLOTO S, RODRIGUES S, SECAF M, VILLANOVA MG, FIGUEREDO JFC, PASSOS ADC, MARTINELLI ALC Divisão de Gastroenterologia – Departamento de Clínica Médica - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo Fundamentos: Depósitos de ferro no fígado são freqüentes na hepatite C crônica (HCC), entretanto a relação com progressão da doença hepática é controversa. Mutações no gene HFE (C282Y/H63D) estão associadas a acúmulo de ferro, contudo seu papel na gravidade da lesão hepática na HCC não está esclarecido. Objetivos: Avaliar o papel dos depósitos de ferro no fígado das e das mutações no gene HFE como fator preditivo na progressão da fibrose hepática em portadores de HCC. Pacientes e métodos: Foram incluídos pacientes com HCC e divididos em dois grupos: fibrosantes lentos (FL: 190 pacientes) e rápidos (FR: 77 pacientes) de acordo com o tempo calculado para o desenvolvimento de cirrose (≥ 30 ou < 30 anos, respectivamente). Os dois grupos foram comparados avaliando os seguintes parâmetros: clínicos, enzimas hepáticas, ferro sérico, ferritina e saturação de transferrina. Foi realizada pesquisa das mutações no gene HFE (C282Y e H63D) e avaliação histológica hepática no que tange a atividade necroinflamatória (HAI), esteatose, fibrose [0 (ausência de fibrose) a 6 (cirrose)] e depósitos de ferro foram avaliados nos tratos portais, hepatócitos e sinusóides de acordo com as zonas acinares (1, 2 e 3), de forma semiquantitativa. Resultados: Depósitos de ferro no fígado estiveram presentes em 44,8% dos FL e em 46,1% dos FR, sem S 100 diferença significativa. Entretanto, no grupo com depósitos de ferro escores foram maiores nos FR (6,58 3,8) que nos FL(4,8 3,0) (p = 0,02). FR apresentaram maiores escores de ferro na zona 1, hepatócitos, sinusóides e tratos portais que os FL. A freqüência das mutações HFE foi semelhante nos FL (54/177) e FR (21/72). Análise multivariada considerando idade na biópsia hepática, IMC, plaquetas, GGT, mutações HFE, presença de depósitos de ferro, presença de esteatose e escores de HAI, mostrou que HAI ≥ 9, presença de esteatose e contagem mais baixa de plaquetas foram fatores independentes associados aos FR. Conclusão: Mutações no gene HFE ou presença de depósitos de ferro no fígado não foram fatores de risco para progressão de fibrose na HCC. Entretanto, houve associação entre intensidade dos depósitos de ferro hepático e graus de fibrose, especialmente, quando os depósitos eram na zona 1, hepatócitos, sinusóides e tratos portais. Foram fatores associados à gravidade da fibrose, HAI, plaquetas e esteatose. TP-003 (417) DEPÓSITOS DE FERRO NO FÍGADO: PAPEL DA LOCALIZAÇÃO E DA INTENSIDADE NA ATIVAÇÃO DAS CÉLULAS FIBROGÊNICAS E NA GRAVIDADE DA LESÃO HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA (HCC) TEIXEIRA AC, SOUZA FF, CARNEIRO MV, RAMALHO L, ZUCOLOTO S, FIGUEIREDO JF, PASSOS A, SECAF M, VILLANOVA MG, MARTINELLI ALC Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto Fundamentos: A fibrose hepática é processo dinâmico, mediado por necroinflamação e ativação de células fibrogênicas. Leve a moderada, a sobrecarga de ferro é comumente encontrada nos port