1º CURSO DE ANTIMICROBIANOS DA AECIHERJ DRA. DEBORA OTERO MÉDICA INFECTOLOGISTA SMS/RJ, HEMORIO E HF IPANEMA Caso Clínico Mulher, 40 anos, com passado de múltiplos parceiros sexuais sem uso de preservativos. Acompanhante relata emagrecimento não quantificado há 6 meses, episódio de pneumonia há 4 meses, herpes zoster há 2 meses, e dificuldade para se alimentar há um mês, com “língua esbranquiçada”. Procura a UPA com relato de cefaléia e rebaixamento do nível de consciência. Ao exame físico com rigidez de nuca, e candidíase oral. Caso Clínico Qual o diagnóstico? Neurotoxoplasmose Qual o tratamento? 1ª opção: Sulfadiazina 1g VO 6/6h + pirimetamina 75mg no 1º dia, 50 mg no 2º dia, e 25 mg a partir do 3º dia por 6 semanas 2ª opção: SMX-TMP 15 a 20 mg/Kg TMP/dia dividido a cada 6h por 6 semanas 3ª opção: Clindamicina 600mg VO ou IV 6/6h + pirimetamina 75mg no 1º dia, 50 mg no 2º dia, e 25 mg a partir do 3º dia por 6 semanas Caso Clínico Homem de 43 anos com antecedente de infecção pelo HIV, sem uso de TARV ou acompanhamento regular Procura UPA com história de 4 semanas de tosse seca e dispnéia progressiva, além de febre nos últimos 4 dias de até 38,4 graus. Refere ainda perda de peso de 5 quilos nos últimos 6 meses e abatimento progressivo. Caso Clínico Exames complementares LDH 680 UI/L GSA: PH 7,44 ; pO2 70 mmHg ; pCO2 22mmHg ; HCO3: 26 Diagnóstico? Pneumocistose Tratamento? Sulfametoxazol-trimetropim (SMX-TMP) 15mg a 20mg/kg/dia IV ou VO de TMP dividido 6/6h por 21 dias Associar corticoide se pO2 abaixo de 70 Sulfonamidas Inibem o metabolismo do ácido fólico, por mecanismo competitivo devido a analogia ao ácido paraaminobenzóico (PABA), fazendo com que este não seja utilizado pelas bactérias para a síntese de ácido fólico. Os microrganismos sensíveis são todos aqueles que precisam sintetizar o seu próprio ácido fólico; aqueles capazes de utilizar o folato pré-formado não são afetadas. Exemplos de sulfonamidas: Sulfadiazina, Sulfassalazina, Sulfametoxazol, etc Anvisa, 2007 Sulfonamidas Possuem um espectro de ação bastante amplo, na presença de Gram positivos e Gram negativos. No entanto nos últimos anos houve o desenvolvimento de estirpes resistentes. Exercem efeito bacteriostático em Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e ducreyi, Nocardia sp., Actinomyces sp., e Chlamydia trachomatis. As estirpes de Neisseria meningitidis dos sorogrupos B e C tornaram-se resistentes a este antibiótico. Anvisa, 2007 Sulfonamidas O cotrimoxazol (combinação do sulfametoxazol com o trimetropim) é disponível nas apresentações oral e intravenosa, e a sulfadiazina na forma oral ou tópica. Ambos são absorvidos no tubo digestivo, atingem altos níveis séricos e apresentam alta ligação protéica. Distribuem-se amplamente nos tecidos, atingindo níveis terapêuticos nos líquidos cefalorraquidiano, sinovial, pleural e peritoneal, com concentração de cerca de 80% da plasmática. Atravessam a barreira placentária. São metabolizadas pelo fígado e a excreção é renal. Anvisa, 2007 Sulfonamidas Efeitos Adversos Mais comuns: sintomas digestivos (náuseas e vômitos) e farmacodermias como erupção morbiliforme e prurido cutâneo. Outras reações incluem febre, cefaléia, tremores, nefrotoxicidade, flebite, vasculite, hipercalemia Os efeitos colaterais com maior risco de vida incluem anormalidades hematológicas (leucopenia, trombocitopenia, agranulocitose, anemia hemolítica e supressão da medula óssea) e reações cutâneas graves, como a dermatite exfoliativa, síndrome de Steven-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica. Anvisa, 2007 Sulfonamidas Efeitos Adversos Cristalúria com conseqüente insuficiência renal pode ocorrer em pacientes hipoalbuminêmicos. Hipercalemia reversível tem sido descrita durante o uso parenteral. Atenção! Durante a gestação devem ser evitadas devido ao potencial de teratogenicidade (risco C). São contra-indicados no terceiro trimestre da gestação e durante a amamentação, pelo risco de indução de kernicterius. Anvisa, 2007 Sulfonamidas – Sulfadiazina Indicações É a droga de escolha no tratamento da toxoplasmose, associado a pirimetamina, e como alternativa na malária por P. falciparum sensível ou resistente à cloroquina. A forma tópica da droga é a sulfadiazina prata, indicada comumente na prevenção de infecções em pacientes queimados. Anvisa, 2007 Sulfonamidas – Cotrimoxazol Indicações Infecções do trato urinário, altas e baixas, uretrites e prostatites agudas ou crônicas. Tem sido menos recomendado no tratamento empírico das infecções mais graves, devido à freqüência cada vez maior de germes resistentes. Tem excelente atividade contra Stenotrophonas maltophilia. É a primeira escolha para o tratamento e profilaxia da pneumonia por Pneumocystis jirovecii nos pacientes imunodeprimidos. Também pode ser utilizado no tratamento da diarréia por Isospora belli, Ciclospora spp. e na doença invasiva por cepas sensíveis de Salmonella spp. Anvisa, 2007 Cotrimoxazol (SMX-TMP) O trimetoprim pertence ao grupo das diamino-pirimidinas O efeito das duas drogas é sinérgico, pois atuam em passos diferentes da síntese do ácido tetra-hidrofólico (folínico), necessária para a síntese dos ácidos nucléicos. Usado para tratamento de infecções renais e urogenitais, do aparelho gastrointestinal e da pele. Evento adversos TMP: náuseas, vômitos, déficit de ácido fólico com consequente disfunção da formação das células sanguíneas, reações alérgicas. Anvisa, 2007 Cotrimoxazol (SMX-TMP) Correção no caso de insuficiência renal: Clearance Cr (ClCr) > 50 dose habitual 30 < ClCr < 50 – 75% da dose habitual 10 < ClCr < 30 – 50% da dose habitual ClCr < 10 – uso não recomendado; se utilizar, fazer 25% da dose habitual Infecções Cutâneas Caso Clínico Paciente adolescente, assintomático exceto pelas lesões cutâneas ao lado. Qual o diagnóstico? Principal agente etiológico? Foliculite Staphylococcus aureus Qual o tratamento? Local, com compressas quentes ou agentes tópicos Caso Clínico Paciente jovem, 30 anos, obesa, reclama de lesão dolorosa, vermelha e quente em face interna de coxa Qual o diagnóstico? Qual a etiologia ? Furunculose Staphylococcus aureus Várias lesões de furunculose confluentes são chamadas CARBÚNCULO Arquivo pessoal Dr. Rodrigo Cunha Furunculose Tratamento A maioria dos furúnculos é tratada satisfatoriamente pela aplicação de calor úmido. Nos casos onde há necessidade de ATB, as cefalosporinas orais de primeira geração (cefalexina e cefadroxil) são as indicadas. O carbúnculo ou o furúnculo em que o paciente evolui para toxemia ou celulite deve ser tratado em regime hospitalar, com ATB IV A droga de escolha nesses casos é a oxacilina (12 g/dia divididos a cada 4 ou 6h) No adulto alérgico a penicilina as alternativas são: clindamicina, vancomicina ou teicoplanina Clindamicina É um fármaco da classe das lincosaminas que inibe a síntese protéica dos ribossomos ao ligar-se a subunidade 50S, sendo bacteriostática. Altera a superfície bacteriana, facilitando a opsonização, fagocitose e destruição intracelular dos microrganismos. Pode ser administrada por via oral, EV ou tópica. Anvisa, 2007 Clindamicina Sua absorção intestinal é de 90%, mas é menor em idosos e alimentação não interfere na absorção. Ao ser administrada por via venosa atinge altas concentrações na maioria dos tecidos; entretanto, não atravessa a barreira hematoencefálica. A concentração óssea é 1/3 da plasmática. Atravessa a placenta atingindo o feto, mas não há relatos de teratogenicidade, Anvisa, 2007 Clindamicina A maior parte da droga é metabolizada no fígado e é eliminada com seus metabólitos por via biliar, onde atinge alta concentração. A meia-vida aumenta na presença de doença hepática e a dose deve ser ajustada dependendo da gravidade. Pequena parte é eliminada pelos rins, geralmente não requerendo ajuste de dose em pacientes com disfuncao renal. Entretanto, se houver lesão hepática e renal concomitantes, a dose deve ser reduzida. Não é eliminada na diálise peritoneal ou hemodiálise. Anvisa, 2007 Clindamicina Indicações Seu uso é comum para bactérias Gram positivas em alérgicos à penicilina. Também é ativa contra: Corynebacterium diphteriae, Campylobacter jejuni, e anaeróbios da microbiota bucal e orofaríngea. Não apresenta atividade contra: Meningococo, Gonococo, Enterococo, bacilos gram-negativos entéricos, Bordetella pertussis, Moraxella catarrhalis, Mycoplasma pneumoniae, Haemophilus influenzae, Chlamidia trachomatis, Clostridium difficile. Anvisa, 2007 Clindamicina Indicações Geralmente empregada no tratamento de infecções superficiais da pele por estreptococos ou estafilococos, principalmente em alérgicos a penicilina. Também é indicada em casos como infecções intraabdominais, infecções pélvicas (incluindo abortamento séptico) e infecções pulmonares (abscesso pulmonar, pneumonia aspirativa, empiema) causadas por anaeróbios gram-positivos e anaeróbios gram-negativos. Outras indicações: infecções odontogênicas e osteomielites causadas por estafilococos sensíveis à oxacilina ou anaeróbios Anvisa, 2007 Clindamicina Efeitos Adversos Mais comuns: Náusea, vômitos, diarréia, dor abdominal. Relacionados com a hipersensibilidade: exantema ocorre em 10% dos pacientes; febre, eosinofilia e reações anafilactóides são raras Locais: Eritema e flebite após infusão IV Outros possíveis efeitos adversos: Elevação da bilirrubina, fosfatase alcalina, TGO e TGP, leucopenia, neutropenia, eosinofilia, trombocitopenia e icterícia. A reação adversa mais severa da clindamicina é a diarréia associada ao Clostridium difficile (a causa mais comum de colite pseudomembranosa). Embora este efeito adverso ocorre em quase todos os antibióticos, incluindo os beta-lactâmicos, ele está associado classicamente ao uso da clindamicina. Anvisa, 2007 Caso Clínico Paciente jovem, apresenta-se com pequenas vesículas e lesões indolores, eritematosas e pruriginosas que rapidamente evoluem para pústulas e ruptura. Ao exame físico, verifica-se o aumento de linfonodos regionais Qual o diagnóstico? Impetigo Qual o(s) agente(s) etiológico(s)? Streptococcus (principalmente do grupo A,), e S. aureus (aumento na última década – infecção secundária das lesões?) Impetigo Bolhoso As lesões começam como vesículas que se transformam em bolhas com conteúdo inicialmente amarelo claro. Geralmente, não há eritema perilesional. As bolhas se rompem rapidamente e deixam uma superfície vermelha, úmida, com posterior formação de crosta. O impetigo bolhoso representa uma forma de resposta cutânea às toxinas extracelulares produzidas pelo S. aureus. Impetigo Tratamento Os ATB de escolha são as cefalosporinas orais de primeira geração (cefalexina e cefadroxil) nas infecções de menor gravidade. Macrolídeos também podem ser utilizados, como azitromicina, claritromicina e eritromicina, em pacientes alérgicos à penicilina e às cefalosporinas. Oxacilina ou clindamicina poderão ser utilizadas nos casos graves. Caso Clínico Paciente adolescente, portador de anemia falciforme, com queixa de aumento de volume, calor e vermelhidão em MIE, além de febre. Diagnóstico? Erisipela Agente etiológico mais provável? Streptococcus beta-hemolítico do grupo A Arquivo pessoal Dr. Rodrigo Cunha Erisipela Tratamento 1ª. Opção: penicilina G cristalina na dose de 200.000 U/Kg/dia a cada 6h IV Outras opções: derivados sintéticos da penicilina (p. ex.: amoxicilina 1,5 g a 3g/dia); cefalosporinas de 1ª. e 2ª Geração (p. ex.: cefazolina, cefalexina; cefuroxime) Erisipela Tratamento Em pacientes alérgicos a penicilina, as alternativas são clindamicina, vancomicina ou teicoplanina. Em casos de erisipela de repetição (mais de dois episódios no ano), pode ser utilizada a profilaxia com penicilina benzatina, 1.200.000 unidades, intramuscular, a cada 28 dias. Streptococcus grupo A Sensibilidade no Brasil Estudo em Curitiba avaliou 1.112 isolados de Streptococcus do grupo A obtidos no período de 1993 a 2009, e todos os isolados eram sensívels a penicilina e vancomicina Torres et al., MICROBIAL DRUG RESISTANCE, Vol 17, No. 2, 2011 p313-19 Caso Clínico Paciente com queixa de cefaléia, febre e aumento de partes moles peri-orbitária com calor e rubor. Diagnóstico e Agente Etiológico? Celulite de face por S. aureus Celulite Tratamento A droga de escolha é oxacilina (12g/dia divididos a cada 4 ou 6h) Cefalosporina de primeira geração pela ação, tanto sobre estafilococos como estreptococos, também representa uma excelente alternativa nas infecções causadas por estafilococos sensíveis. No adulto alérgico à penicilina e/ou cefalosporinas, a clindamicina, a vancomicina ou a teicoplanina são alternativas. Posologia de Cefalosporinas Infecções por estafilococos e estreptococos 1ª geração Cefazolina 30 a 50mg/kg/dia IV 8/8h Cefalexina 30 a 50mg/kg/dia VO 6/6h Cefadroxila 30mg/kg/dia VO 12/12h 2ª geração Cefuroxime Axetil IV 50 a 100mg/kg/dia (máx 6g/d) q8h Cefuroxime VO 250 a 500mg q12h Voltando ao S. aureus... Existe S. aureus resistente na comunidade? Como avaliar isso e qual o impacto na terapêutica empírica? Classicamente... Pacientes com risco de MDR: • • • • • • Internação prévia (últimos 3 meses) Uso de ATB recente Cuidados de Homecare IRC em Hemodiálise Procedimentos invasivos Colonização prévia MDR E pacientes com infecção comunitária? Eles podem ter infecção por bactérias multirresistentes? MRSA na comunidade?? No mundo, começaram a surgir relatos de caso de MRSA em indivíduos sem fatores de risco O MRSA de comunidade (ou CA-MRSA) difere do MRSA hospitalar (ou HA-MRSA), por ter exotoxinas, como a Panton-Valentine leucocidina (PVL), e pelo seu perfil de TSA. Liu et al, Clinical Infectious Diseases 2011;52(3):285–292 Fowler, NEJM 2006;355:666-74. Como reconhecer CA-MRSA pelo fenótipo Screening cefoxitina MSSA HA MRSA BEC III CA MRSA IV negativo positivo positivo OXA VANCO SMX/TMP RIFAMP ERITRO CLINDA TETRA LEVO GENTA S S S S S S S (?) S S R S R (S) S R R R R (S) R(S) R S S S S S S S S Genótipos SCCmec I a V CA-MRSA- genótipo IV HA-MRSA – BEC genótipo III Brasil e CA-MRSA • Primeiro relato de CA-MRSA na América Latina (2003) • Desde então relatos em diversos Estados brasileiros • Origem comunitária mas se dispersa em ambiente hospitalar Figueiredo et al Diag Microbiol. and Infectious Disease 59 (2007) 339–345 Trindade A J Clin Microbiol. 2005 Jul;43(7):3435-7 Ribeiro A, J Clin Micro, 2005 CA-MRSA e Infecção cutânea comunitária No Brasil há poucos estudos destas infecções em pacientes ambulatoriais/comunitários. Em estudo feito em hospital universitário do Recife, de 30 pacientes atendidos por infecções de pele e partes moles em 2011 e dos quais foram obtidas culturas, 19 (63%) eram positivas para S. aureus Dentre as amostras positivas para S. aureus, a resistência encontrada foi de: 11% (2) para oxacillin e SMX-TMP, sendo que num caso de MRSA (1/2) o paciente não tinha fator de risco para MRSA Caraciolo FB, et al. An Bras Dermatol. 2012;87(6):857-61. Mas então... Tenho que tratar MRSA em infecção comunitária? 1. Quando devemos cobrir para MRSA? Em locais onde há uma alta prevalência de MRSA (>5–10%) 2. Quando houver suspeita de infecção por CA-MRSA OBS: Não esquecer que oxacilina é superior a vancomicina no tratamento de MSSA!! Cervera et al International Journal of Antimicrobial Agents 38 (2011) 365– 370 Quando suspeitar de CA-MRSA?? Infecção cutânea grave: Sinais de sepse grave: - oligúria ou alteração do nível de consciência - hipotensão - acidose lática Sem resposta satisfatória a ATB inicial (piora em ~48h ou ausência de resposta em 5 dias) Mas então, você verificou indicação de tratamento com cobertura para MRSA... ...qual a melhor droga? Quais as opções que nós temos? Antibióticos para CA-MRSA Opções orais: - Clindamicina - SMX/TMP - Doxiciclina - Linezolida Opções IV: - Vancomicina - Daptomicina - Linezolida - Clindamicina (grau de evidência menor) Liu et al Clinical Infectious Diseases 2011;52(3):285–292 Tetraciclinas Antimicrobianos primariamente bacteriostáticos quando em concentrações terapêuticas. Apresentam amplo espectro de ação, incluindo bactérias gram-positivas, gram-negativas aeróbias e anaeróbias, espiroquetas, riquétsias, micoplasma, clamídias e alguns protozoários. Exemplos: Doxiciclina, Minociclina, Tetraciclina, etc Anvisa, 2007 Tetraciclinas Ligam-se à porção 30S do ribossoma para inibir a síntese protéica O principal mecanismo de resistência microbiana é por diminuição da acumulação da droga no interior da célula. A resistência pode ser cromossômica ou, mais frequentemente, mediada por plasmídeos ou transposons. A absorção oral das tetraciclinas é prejudicada pela ingesta concomitante de alimentos, antiácidos, leite e ferro. Anvisa, 2007 Tetraciclinas É encontrada em pequena quantidade em muitos fluidos orgânicos como: pulmões, fígado, rins, cérebro, escarro, LCR (10 a 26% do nível sérico), líquido sinovial, mucosa dos seios nasais e líquido biliar. Atravessam a barreira transplacentária e são excretadas no leite materno. Todas as tetraciclinas são eliminadas pela urina e fezes, sendo a via renal a mais importante. No caso da doxiciclina, não ha necessidade de correção na insuficiência renal Anvisa, 2007 Tetraciclinas Indicações Tratamento de infecções causadas por clamídias, riquétsias, cólera, brucelose e actinomicose. São alternativas no tratamento de infecções causadas por Mycoplasma pneumoniae, N. gonorrhoeae, H. ducreyi, e Treponema pallidum A doxiciclina é muito utilizada nos EUA para tratamento de CA-MRSA (dose habitual 100mg VO 12/12h) A minociclina é uma droga antiga, não disponível na sua forma intravenosa no Brasil, é uma opção para patógenos MR como Acinetobacter baumannii Anvisa, 2007 Tetraciclinas Efeitos Adversos Reações alérgicas como: urticárias, exantemas, edema periorbitário e reações anafiláticas Alterações na cor dos dentes em crianças, hipoplasia do esmalte dentário e crescimento ósseo anormal, principalmente se utilizadas durante a gestação Os efeitos gastrintestinais mais comuns são: náuseas, vômitos e diarréia; Outros: cefaléia, incapacidade de concentração e, em raros casos, hipertensão intracraniana. Anvisa, 2007 Caso Clínico E se você pensou em CA-MRSA neste paciente?? Celulite Tratamento com cobertura pra CA-MRSA 1ª opção: SMX-TMP (adulto) 10mg a 20mg/kg/dia IV de TMP dividido 6/6h ou 800/160mg VO a cada 8h 2ª opção (considerar principalmente nas infecções graves): vancomicina na dose de 40 mg/Kg/dia ou teicoplanina com ataque de 6 a 12 mg/kg 12/12h por 48h ou 4 doses seguida da manutenção de 6 a 12mg/kg IV uma vez a cada 24h Cadena, et al AAC, Dec. 2011, p. 5430–5432 MRSA Treatment Guidelines – Liu et al, CID 2011:52 (1 February) 285 - 292 Posologia das outras opções para MRSA Tigeciclina: 100mg ataque depois 50mg IV 12/12h Linezolida: 600mg 12/12h IV ou VO Daptomicina: 6mg/Kg/dia MRSA Treatment Guidelines – Liu et al, CID 2011:52 (1 February) 285 - 292 Caso Clínico Paciente masculino, iniciou com quadro de dor perianal com evolução de sete dias onde começou a apresentar um abaulamento com hiperemia e edema com queda do estado geral. Síndrome de Fournier É uma fasceíte necrotizante de tecidos perineais e genitais Idiopática em até 42% dos relatos Fatores predisponentes: lesões penetrantes na região, grandes queimados, procedimentos cirúrgicos urológicos ou proctológicos, trauma fechado, idosos, diabéticos, imunossuprimidos. A taxa de mortalidade é elevada, podendo atingir até 33% dos casos. Etiologia: caracteriza-se por infecção polimicrobiana, com a presença de Enterobactérias (Escherichia coli, Proteus spp., etc), Streptococcus spp., Staphylococcus spp. e anaeróbios (Bacterioides spp., Clostridium spp., etc). Anvisa, 2007 Síndrome de Fournier Tratamento Cirurgia com ressecção ampla da fasceíte necrotizante + oxigenioterapia hiperbárica (em média, 5 a 10 sessões) + ATB de amplo espectro (terapia empírica), de acordo com as seguintes situações: infecção adquirida na comunidade: ampicilina-sulbactam ; amoxicilina-clavulanato ; ciprofloxacina ou aminoglicosídeos ou uma cefalosporina de 3ª ou 4ª geração associado com metronidazol ou clindamicina; piperacilina-tazobactam infecção relacionada a procedimentos invasivos no ambiente hospitalar: carbapenêmicos associados à vancomicina Com os resultados microbiológicos, a terapia antimicrobiana pode ser ajustada e sua duração dependerá da evolução clínica do paciente (geralmente, 3 a 4 semanas). Anvisa, 2007 Caso Clínico Diagnóstico Etiológico Infecções leves = monobacteriana - GRAM positivos - S.aureus (mais comum) - SCN - Streptococos B hemolítico Infecções grave e/ou profunda = Polimicrobiana - GRAM negativos - anaeróbios Diagnóstico Etiológico Característica da Lesão x Etiologia Tratamento É necessário avaliar: Demais medidas: • Profundidade da lesão • Controle glicêmico • Extensão • Desbridamento cirúrgico • Gravidade da infecção • • Dano vascular Coleta de material estéril para cultura • Dano neurológico • Curativo apropriado • Antibioticoterapia Tratamento Tipo de Infecção x Antimicrobiano Tratamento Tempo de tratamento: Infecções restritas às partes moles 2-3 semanas Osteomielite aguda 6-8 semanas Osteomielite crônica 6 meses Inicialmente terapia venosa por no minimo 2-3 semanas de acordo com a resposta ao tratamento Obrigada! [email protected]