307 Trabalho 2753 - 1/3 ANÁLISE DE FATORES ASSOCIADOS COM NÃO ADESÃO PARA IMPLANTAÇÃO DO GENOGRAMA/ECOMAPA COMO ESTRATÉGIA DE INCREMENTO DA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL ENTRE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS Santos, Walquiria Jesusmara dos ¹ Bonolo, Palmira de Fátima²; Ceccato, Maria das Graças Braga³; Drumond, Eliane de Freitas4; Freitas, Maria Imaculada de Fátima5 Descritores: soropositividade para HIV/; relações interpessoais; promoção da saúde; sobreviventes de longo prazo ao HIV/psicologia; sorodiagnóstico para aids/enfermagem Introdução: A epidemia de HIV/aids é considerada, hoje, um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo. Um dos maiores avanços com relação a essa epidemia no Brasil diz respeito à disponibilização gratuita de medicamentos antirretrovirais, especialmente à terapia combinada. Os novos regimes terapêuticos vêm melhorando a qualidade de vida de pessoas que vivem com HIV/aids e causando diminuição dos episódios mórbidos e diminuição da frequência de internações. Para que estes benefícios sejam observados, faz-se necessária uma boa adesão ao tratamento antirretroviral. A adesão é variável na qual os serviços de saúde podem intervir para melhorar a eficácia da terapia antirretroviral (TARV). O foco dessas intervenções deve considerar as possíveis barreiras psicossociais e não somente os fatores relativos ao paciente e ao tratamento. O genograma demonstra a representação gráfica de dados sobre a família e, durante sua construção há visualização da sua dinâmica e de suas relações do ponto de vista do paciente, por meio de símbolos e códigos padronizados. O ecomapa é um diagrama das relações entre a família e a comunidade. O genograma/ecomapa (GE) ajuda a avaliar as redes e apoio sociais disponíveis e sua utilização pela família. O GE é utilizado após caracterização da situação inicial de uso da TARV, como ferramenta de abordagem familiar, pela qual, podem ser identificados problemas sociais, biológicos e de relações interpessoais, constituindo-se em aporte fundamental na interação equipe/profissional/paciente/família. Objetivos: Determinar a prevalência e os fatores associados com não adesão, caracterizando a população 308 Trabalho 2753 - 2/3 em uso de TARV, para fundamentar a definição de prioridades para a construção do genograma/ecomapa do universo de pacientes atendidos no Serviço de Assistência Especializada (SAE) Sagrada Família, Belo Horizonte. Metodologia: Estudo do tipo quantitativo de corte transversal e posterior abordagem qualitativa que resultará na construção do GE, aprovado pelos comitês de ética da UFMG (Parecer n.322/06 e SMSA (Parecer n. 078/2006). A não-adesão foi considerada pelas informações médicas de 2006 constantes do prontuário, no SAE Sagrada Família, Belo Horizonte, Minas Gerais. Foram verificados prevalência e fatores associados com não adesão na análise univariada (IC95%), analisados pelo EPIINFO 2008. Resultados: Dentre as características sócio-demográficas e de vulnerabilidade, os 621 avaliados eram: 66,6% do sexo masculino, com idade média de 39,2 (variando de 18 a 78 anos); 68,0 % eram solteiros, separados ou viúvos, renda mediana de R$525 (n=375) e 67,8% tinham escolaridade menor que 08 anos. No acolhimento (de 2001 a 2006), 36,8% relatavam usar preservativo (170/462) e 40,1% (202/504) tinham, pelo menos, um episódio de infecção sexualmente transmissível. Dados do prontuário de 2006 sobre características clínicas e imunológicas mostraram que 70,3% eram pertencentes às categorias B (contagem linfócitos T de 200 a 499 cél./mm³) e C (linfócitos T <200 cél./mm³) do CDC, e 29,7% à categoria A (≥500 cél./mm³); 19,2% eram não aderentes (114/593) e 1,9% evoluíram para o óbito. Estão associados com nãoadesão à TARV: escolaridade (≤ 8 anos) (OR=2,08, IC95%=1,19-3,64, p=0,008); presença de efeitos colaterais (OR=2,23, IC95%=1,43-3,49, p=0,0003); troca de antirretrovirais (OR=2,74, IC95%=1,63-4,60, p≤0,000), e intervalos maiores que seis meses entre as consultas médicas (OR=3,48, IC95%=1,37-8,55, p=0,005). O GE está sendo utilizado primeiramente para os pacientes não aderentes e será estendido para os demais. A construção do genograma/ecograma, em conjunto com o paciente, tem permitido a identificação da rede de suporte social existente ou latente, identificando pontos de vulnerabilidade para adesão à TARV. Os dados preliminares mostram que são pessoas com fraca rede social aquelas com maiores dificuldades de adesão. Conclusões: Os fatores associados à não adesão apontam para a necessidade de estratégias de acompanhamento e comunicação com os pacientes vivendo com HIV/aids, sendo o uso do GE justificado pela complexidade encontrada nestes resultados. O 309 Trabalho 2753 - 3/3 genograma/ecograma mostra-se um instrumento eficaz para considerar a narrativa de história de vida no acompanhamento pela equipe, para o autoconhecimento, reflexão sobre a infecção e o tratamento, e sobre perspectivas de vida. Espera-se que o uso deste instrumento contribua para que o trabalho de registro de dados seja um processo educativo para os pacientes e profissionais, melhorando a eficiência e a resolutividade do trabalho de equipe no atendimento aos pacientes. REFERÊNCIAS: Bonolo PF, Gomes RRFM, Guimarães MDC. Adesão à terapia anti-retroviral (HIV/aids): fatores associados e medidas de adesão. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 2007; 16(4): 261-278. Hacker MA, Petersen MI, Enriquez M, Bastos FI. Highly active antiretroviral therapy in Brasil: the chalenge of universal access in a contexto of social inequality. Revista Panamericana de Saúde Pública 2004;16(2): 78-83. Pereira APS, Teixeira GM, Bressan CAB, Martini JG. O genograma e o ecomapa no cuidado de enfermagem em saúde da família. Rev . Bras. Enferm, Brasília, 2009; 62(3): 407-16. Seidl EMF; Merchíades A; Farias V; Brito A. Pessoas vivendo com HIV/AIDS: variáveis associadas à adesão ao tratamento anti-retroviral. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2007;23(10):2305-2316. _______________________________________________________________________ ¹ Enfermeira, Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais. Bolsista FAPEMIG EEUFMG. E-mail: [email protected] ² Médica, Doutora em Saúde Pública. Docente Universidade Federal de Ouro Preto. ³ Farmacêutica, Doutora em Saúde Pública. Docente Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais. 4 Médica, Doutora em Saúde Pública. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte- MG. 5 Enfermeira, Doutora em Ciências da Educação, Docente Associada da Escola de Enfermagem da UFMG.