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ANÁLISE DE FATORES ASSOCIADOS COM NÃO ADESÃO PARA
IMPLANTAÇÃO DO GENOGRAMA/ECOMAPA COMO ESTRATÉGIA
DE INCREMENTO DA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL ENTRE
PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS
Santos, Walquiria Jesusmara dos ¹
Bonolo, Palmira de Fátima²;
Ceccato, Maria das Graças Braga³;
Drumond, Eliane de Freitas4;
Freitas, Maria Imaculada de Fátima5
Descritores: soropositividade para HIV/; relações interpessoais; promoção da
saúde; sobreviventes de longo prazo ao HIV/psicologia; sorodiagnóstico para
aids/enfermagem
Introdução: A epidemia de HIV/aids é considerada, hoje, um dos maiores
problemas de saúde pública em todo o mundo. Um dos maiores avanços com
relação a essa epidemia no Brasil diz respeito à disponibilização gratuita de
medicamentos antirretrovirais, especialmente à terapia combinada. Os novos
regimes terapêuticos vêm melhorando a qualidade de vida de pessoas que vivem
com HIV/aids e causando diminuição dos episódios mórbidos e diminuição da
frequência de internações. Para que estes benefícios sejam observados, faz-se
necessária uma boa adesão ao tratamento antirretroviral. A adesão é variável na
qual os serviços de saúde podem intervir para melhorar a eficácia da terapia
antirretroviral (TARV). O foco dessas intervenções deve considerar as possíveis
barreiras psicossociais e não somente os fatores relativos ao paciente e ao
tratamento. O genograma demonstra a representação gráfica de dados sobre a
família e, durante sua construção há visualização da sua dinâmica e de suas
relações do ponto de vista do paciente, por meio de símbolos e códigos
padronizados. O ecomapa é um diagrama das relações entre a família e a
comunidade. O genograma/ecomapa (GE) ajuda a avaliar as redes e apoio
sociais disponíveis e sua utilização pela família. O GE é utilizado após
caracterização da situação inicial de uso da TARV, como ferramenta de
abordagem familiar, pela qual, podem ser identificados problemas sociais,
biológicos e de relações interpessoais, constituindo-se em aporte fundamental na
interação
equipe/profissional/paciente/família.
Objetivos:
Determinar
a
prevalência e os fatores associados com não adesão, caracterizando a população
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em uso de TARV, para fundamentar a definição de prioridades para a construção
do genograma/ecomapa do universo de pacientes atendidos no Serviço de
Assistência Especializada (SAE) Sagrada Família, Belo Horizonte. Metodologia:
Estudo do tipo quantitativo de corte transversal e posterior abordagem qualitativa
que resultará na construção do GE, aprovado pelos comitês de ética da UFMG
(Parecer n.322/06 e SMSA (Parecer n. 078/2006). A não-adesão foi considerada
pelas informações médicas de 2006 constantes do prontuário, no SAE Sagrada
Família, Belo Horizonte, Minas Gerais. Foram verificados prevalência e fatores
associados com não adesão na análise univariada (IC95%), analisados pelo
EPIINFO 2008. Resultados: Dentre as características sócio-demográficas e de
vulnerabilidade, os 621 avaliados eram: 66,6% do sexo masculino, com idade
média de 39,2 (variando de 18 a 78 anos); 68,0 % eram solteiros, separados ou
viúvos, renda mediana de R$525 (n=375) e 67,8% tinham escolaridade menor
que 08 anos. No acolhimento (de 2001 a 2006), 36,8% relatavam usar
preservativo (170/462) e 40,1% (202/504) tinham, pelo menos, um episódio de
infecção sexualmente transmissível. Dados do prontuário de 2006 sobre
características clínicas e imunológicas mostraram que 70,3% eram pertencentes
às categorias B (contagem linfócitos T de 200 a 499 cél./mm³) e C (linfócitos T
<200 cél./mm³) do CDC, e 29,7% à categoria A (≥500 cél./mm³); 19,2% eram não
aderentes (114/593) e 1,9% evoluíram para o óbito. Estão associados com nãoadesão à TARV: escolaridade (≤ 8 anos) (OR=2,08, IC95%=1,19-3,64, p=0,008);
presença de efeitos colaterais (OR=2,23, IC95%=1,43-3,49, p=0,0003); troca de
antirretrovirais (OR=2,74, IC95%=1,63-4,60, p≤0,000), e intervalos maiores que
seis meses entre as consultas médicas (OR=3,48, IC95%=1,37-8,55, p=0,005). O
GE está sendo utilizado primeiramente para os pacientes não aderentes e será
estendido para os demais. A construção do genograma/ecograma, em conjunto
com o paciente, tem permitido a identificação da rede de suporte social existente
ou latente, identificando pontos de vulnerabilidade para adesão à TARV. Os dados
preliminares mostram que são pessoas com fraca rede social aquelas com
maiores dificuldades de adesão. Conclusões: Os fatores associados à não
adesão apontam para a necessidade de estratégias de acompanhamento e
comunicação com os pacientes vivendo com HIV/aids, sendo o uso do GE
justificado
pela
complexidade
encontrada
nestes
resultados.
O
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genograma/ecograma mostra-se um instrumento eficaz para considerar a
narrativa de história de vida no acompanhamento pela equipe, para o autoconhecimento, reflexão sobre a infecção e o tratamento, e sobre perspectivas de
vida. Espera-se que o uso deste instrumento contribua para que o trabalho de
registro de dados seja um processo educativo para os pacientes e profissionais,
melhorando a eficiência e a resolutividade do trabalho de equipe no atendimento
aos pacientes.
REFERÊNCIAS:
Bonolo PF, Gomes RRFM, Guimarães MDC. Adesão à terapia anti-retroviral (HIV/aids):
fatores associados e medidas de adesão. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 2007; 16(4):
261-278.
Hacker MA, Petersen MI, Enriquez M, Bastos FI. Highly active antiretroviral therapy in
Brasil: the chalenge of universal access in a contexto of social inequality. Revista
Panamericana de Saúde Pública 2004;16(2): 78-83.
Pereira APS, Teixeira GM, Bressan CAB, Martini JG. O genograma e o ecomapa no
cuidado de enfermagem em saúde da família. Rev . Bras. Enferm, Brasília, 2009; 62(3):
407-16.
Seidl EMF; Merchíades A; Farias V; Brito A. Pessoas vivendo com HIV/AIDS: variáveis
associadas à adesão ao tratamento anti-retroviral. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
2007;23(10):2305-2316.
_______________________________________________________________________
¹ Enfermeira, Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas
Gerais. Bolsista FAPEMIG EEUFMG. E-mail: [email protected]
² Médica, Doutora em Saúde Pública. Docente Universidade Federal de Ouro
Preto.
³ Farmacêutica, Doutora em Saúde Pública. Docente Faculdade de Farmácia da
Universidade Federal de Minas Gerais.
4
Médica, Doutora em Saúde Pública. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte- MG.
5
Enfermeira, Doutora em Ciências da Educação, Docente Associada da Escola
de Enfermagem da UFMG.
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análise de fatores associados com não adesão