UMA QUESTÃO DE OPINIÃO
Recentemente, a presidente Dilma Rousseff causou polêmica ao enviar projeto de lei referente à
obrigatoriedade de médicos recém-formados atenderem no Sistema Único de Saúde por dois anos. O texto
abaixo é um artigo de opinião que discute esse fato. Leia-o com atenção e responda às perguntas que se
seguem.
A vez dos pobres
Decisão de obrigar estudantes de medicina a servir ao SUS não é só correta e necessária – é fundamental
para o processo civilizatório brasileiro.
(por Leandro Fortes — publicado 12/07/2013)
Em meio às atabalhoadas reações do governo às manifestações de rua, da constituinte exclusiva ao
plebiscito natimortos, a presidenta Dilma Rousseff se saiu muito bem ao mexer na estrutura de dominação
social brasileira com essa história de botar os formandos em medicina para trabalhar no Sistema Único de
Saúde, a partir de 2015. Trata-se de uma discussão antiga e necessária, mas que, até agora, ninguém tinha
tido coragem de levar adiante. Pela reação das corporações de médicos e da nação de coxinhas de jaleco
que se manifesta nas redes sociais, sem falar nos suspeitos de sempre da mídia, tudo leva a crer que Dilma
mandou muito bem nesse assunto.
Todo mundo sabe que, no Brasil, as universidades públicas sempre foram um privilégio da classe média e dos
ricos, quadro que só foi levemente modificado na última década graças às políticas de cotas raciais e sociais
implementadas, sobretudo, no governo Lula. Lembro que, durante os governos do professor, sociólogo,
intelectual, PhD e, agora, imortal da Academia de Letras Fernando Henrique Cardoso, a criminosa expansão
do ensino superior privado levou essa distorção ao paroxismo.
[...]
Não sei se a presidenta foi correta ao estender a obrigatoriedade de serviço ao SUS para os estudantes de
medicina das faculdades privadas, embora não veja nisso nenhum bicho-de-sete-cabeças. Talvez fosse o caso
de impor a regra somente àqueles que estudaram com bolsa do Estado, como os beneficiários do Prouni.
De qualquer maneira, o fato é que esse poderá ser o primeiro passo para a construção de uma nova e
essencial cultura de solidariedade cidadã com resultados óbvios para o processo civilizatório nacional. Mais à
frente, espero, será possível estabelecer regras para que todo formando de universidade pública seja
obrigado, em algum momento de seu curso, ou mesmo depois de receber o diploma, a prestar algum serviço
para a sociedade que financiou seus estudos.
Ah, e que venham, também, os seis mil médicos cubanos.
(Original disponível em: http://www.cartacapital.com.br/blogs/leandro-fortes/a-vez-dos-pobres-2456.html. Acesso: 10/11/2013.)
QUESTÃO 1:
A partir do título e do subtítulo desse texto, IDENTIFIQUE a opinião do autor sobre a obrigatoriedade de os
médicos trabalharem no SUS. Em seguida, DESTAQUE expressões que confirmem a opinião do autor.
QUESTÃO 2:
ASSINALE a alternativa que melhor expressa a adesão do autor à decisão tomada pela presidenta.
a) “Trata-se de uma discussão antiga e necessária, mas que, até agora, ninguém tinha tido coragem de levar
adiante.”
b) “Em meio às atabalhoadas reações do governo às manifestações de rua, [...] a presidenta Dilma Rousseff
se saiu muito bem ao mexer na estrutura de dominação social brasileira [...]”
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c) “[...] a criminosa expansão do ensino superior privado levou essa distorção ao paroxismo.”
d) “Não sei se a presidenta foi correta ao estender a obrigatoriedade de serviço ao SUS para os estudantes
de medicina das faculdades privadas, embora não veja nisso nenhum bicho-de-sete-cabeças.”
QUESTÃO 3:
O autor utiliza expressões coloquiais que qualificam a proposta da presidenta e, ao mesmo tempo,
desqualificam opiniões contrárias a essa proposta. TRANSCREVA trechos que ilustrem essa estratégia.
QUESTÃO 4:
Com base na resposta à questão anterior, ASSINALE, entre as opções abaixo, aquela que melhor identifica o
tom utilizado pelo autor para desqualificar as opiniões contrárias ao serviço obrigatório no SUS e, ao mesmo
tempo, favorecer a proposta da presidenta.
(
(
(
(
(
) denúncia
) esperança
) indiferença
) ironia
) urgência
QUESTÃO 5:
Artigos de opinião visam à expressão de um ponto de vista e à persuasão do leitor. IDENTIFIQUE no segundo
parágrafo os argumentos utilizados para justificar a opinião do autor em relação ao trabalho obrigatório no
SUS para os médicos recém-formados.
QUESTÃO 6:
Em “Todo mundo sabe que, no Brasil, as universidades públicas sempre foram um privilégio da classe média
e dos ricos”, a expressão em destaque permite inferir que:
a) o autor supõe que o leitor compartilha da informação.
b) o autor se exclui do grupo dos que compartilham a informação.
c) o autor apresenta uma informação nova para defender sua tese.
d) o autor exclui o leitor do grupo dos que compartilham a informação.
QUESTÃO 7:
Ao expressarmos nossa opinião sobre um fato, evento ou ideia, podemos concordar (ou discordar) total ou
parcialmente. Assim, no terceiro parágrafo, o autor faz uma ressalva sobre o projeto. EXPLIQUE essa
observação ao projeto da presidenta e APONTE a proposta formulada pelo autor.
QUESTÃO 8:
Nesse artigo de opinião, o quarto parágrafo poderia corresponder à conclusão, visto que, nesse trecho, o
autor: i) reafirma sua opinião e ii) aponta uma previsão (ou um desejo). IDENTIFIQUE as expressões que
introduzem esses dois momentos no texto.
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Uma questão de opinião Atividade 2