O Ensino Religioso no Ensino Médio Adalgisa O. Gonçalves Todos os dias somos interpelados por motivos religiosos que nos convocam para a reflexão. São manifestações de regimes teocráticos, são capas de revista anunciando ou denunciando algum tipo de incursão religiosa, são igrejas fundadas por insight de algum iluminado, etc. Para conviver com essa diversidade no campo religioso não basta saber que ela existe, mas saber reconhecê-la e decodificá-la. Isso não se aprende da noite para o dia, mas em um processo intencional e organizado de educação. A compreensão da história e decodificação dos símbolos; a interpretação e a ressignificação da cultura e a reverência nas relações sócio-religiosas; a interpretação e a ressignificação do fato religioso na busca de sentido; a compreensão da experiência religiosa e do sagrado são competências desenvolvidas ao longo da Educação Básica. O Ensino Médio é o momento em que os educandos têm a possibilidade de sistematizar os conhecimentos construídos. A contextualização desses saberes se dará com muito mais significado nesse segmento. A construção do saber religioso está intimamente relacionada à compreensão dos símbolos e significados historicamente objetivados pelos povos. Não basta que o ER possibilite o contato com elementos religiosos. É preciso que os alunos aprendam a reconhecê-los em seu contexto, reinterpretando-os e dando-lhes novo sentido. A contextualização é um princípio fundamental no processo de aprendizagem, pois uma coisa é ouvir falar e outra é experimentar com a intenção de aprender. A experiência religiosa insere-se e parte da experiência humana. Por isso a relação com o mundo, com as outras pessoas e com os grupos humanos é fundamental no processo de aprendizagem. Na experiência religiosa, o foco é a relação com o sagrado, com o mistério transcendente, mas sempre em relação ao imanente, às realidades vividas, pois, segundo Edgar Morin, todo conhecimento deve contextualizar seu objeto, para ser pertinente. O contexto que é mais próximo do aluno e que mais facilmente servirá para dar significado aos conteúdos de aprendizagem é aquele da vida pessoal, do cotidiano e da convivência. No Brasil, estamos envolvidos em uma pluralidade religiosa de proporções grandiosas. Além de termos nascido de três fontes culturais – européia, africana e indígena –, com o passar dos anos vimos surgir mais igrejas e grupos religiosos que se autodenominam com novo messianismo, portadores da salvação. É nessa sociedade que os jovens estão e é dela que devem apreender, compreender e ressignificar o fato religioso e o sagrado no mundo. Isto não podemos furtar aos nossos educandos: o sabor de aprender e experienciar o saber religioso, pois, como resume bem Fernando Pessoa no poema Guardador de rebanhos: Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido... Uma aprendizagem de desaprender... E com as mãos e com os pés O essencial é saber ver, Saber quando se vê, Nem ver quando se pensa. Isso exige um estudo profundo. Para maiores informações sobre o Ensino Religioso consulte www.gper.com.br