Sinergia com os EUA
Henrique Rezezinski¹
Ano: 2012
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HENRIQUE REZEZINSKI é membro do Conselho Curador do CEBRI e presidente da Câmara de Comércio
Americana do Rio de Janeiro (Amcham-Rio).
CEBRI – Centro Brasileiro de Relações Internacionais
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20091-020
Sinergia com os EUA
Henrique Rezezinski
Ano: 2012
Este texto foi publicado no jornal O Globo dia 29/02/2012
As opiniões expressadas neste documento são de única responsabilidade do
autor e não necessariamente refletem a opinião do CEBRI.
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Sinergia com os EUA
Henrique Rezezinski
A maior relevância do Brasil em questões importantes da
agenda internacional pode ajudar a estabelecer uma parceria
estratégica entre as duas potências das Américas. O Brasil, por
exemplo, tornou-se uma potência na produção de biocombustíveis.
Juntos, o país e os EUA produzem quase 70% do etanol mundial – e
tudo indica que os dois podem desempenhar papéis centrais no
desenvolvimento desse setor e dos mercados afins em escala global.
Com relação às formas tradicionais e ainda proeminentes de
energia, o Brasil é destaque atualmente por suas enormes reservas
de petróleo e gás natural. Nem todas as informações estão
disponíveis para determinar o real valor econômico dessas reservas,
mas o Brasil está pronto para se tornar, possivelmente, um
exportador importante.
Na agricultura, o país é uma potência global incontestável. É o
maior exportador mundial de açúcar, suco de laranja, carne bovina,
aves, tabaco e café; o segundo maior exportador de soja e alimentos
à base de soja; e o quarto maior exportador de milho e carne de
porco. A mineração é outra área em quer o Brasil é uma potência.
De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o
Brasil está entre os países com as maiores reservas mundiais de
diversos minerais e é também líder em exportação. É importante
lembrar que muitos minerais tem papel fundamental em diversas
tecnologias e produtos industriais. Os EUA dependem 100% da
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importação de determinados minerais, como bauxita, grafite, nióbio
e tântalo, dos quais o Brasil é fornecedor.
Por fim, talvez um dos setores de maior sinergia estratégica
seja o aeronáutico. Esta é uma nova área a ser explorada, à medida
que o Brasil se torna um dos quatro maiores produtores de aviões
comerciais do mundo, com importantes potenciais desdobramentos
geopolíticos. O setor aeronáutico, tanto civil como militar, merece
especial destaque, pois apresenta notável potencial de cooperação
estratégica entre os dois países na área industrial, em tecnologia de
ponta e defesa hemisférica.
Outra indicação das novas tendências é o Brasil ter se tornado
rapidamente um importante detentor de títulos do Tesouro do EUA
e protagonista das discussões globais. Em maio de 2011, o país
possuía US$211,4 bilhões em títulos do Tesouro, valor que
representa um aumento de 30,89% em um ano e mantém o Brasil
como quinto maior credor externo dos Estados Unidos – atrás
apenas de China, Japão, Reino Unido e um grupo de países
exportadores de petróleo.
A visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos nas
próximas semanas se consubstancia, portanto, numa grande
oportunidade de levar ao presidente Barack Obama uma proposta
de uma agenda de trabalho abrangente, desde os tópicos
comerciais até os delicados assuntos políticos, condizente com a
posição de protagonista do Brasil na Agenda de Governança Global.
Essa visão tem a virtude de colocar para os nossos interlocutores
americanos a mensagem do Brasil de que tanto os temas bilaterais
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quanto os multilaterais, com a sua dimensão bilateral, devem ser
vistos de forma integrada numa agenda que permita estabelecer
uma parceria estratégica de dimensões globais. Esta abrangeria
assuntos de comércio e investimentos (tratado de bitributação,
acordo de investimento e acordo de livre comércio), energia
(renováveis e não renováveis), governança global (Conselho de
Segurança,
FMI,
Banco
Mundial
e
OMC),
desenvolvimento
sustentável e mudanças climáticas e segurança hemisférica (aviação
civil e militar).
Temos uma grande oportunidade de negociar, de forma
soberana, uma parceria estratégica que seja ganhadora para ambos
os países e que posicione o Brasil cada vez mais no centro da
governança global. Independentemente da importância de outras
parcerias estratégicas, é fundamentalmente na relação Brasil-Estados
Unidos que se estabelecerão os principais alicerces do protagonismo
do Brasil na governança global.
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