CENTRO BRASILEIRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Debate: The Revolutionary China and the Market Socialism Palestrante: Lijia Zhang Data: 09/09/2010 Local: CEBRI O CEBRI, em parceria com a Editora Reler, recebeu a escritora e jornalista chinesa Lijia Zhang para a realizar palestra sobre sua experiência no período de transição política no país em especial nas décadas de 1970 e 1980, com base em seu mais recente livro, intitulado “A garota da fábrica de mísseis – memórias de uma operária da Nova China”. Lijia Zhang relatou que embora almejasse se dedicar aos estudos e se tornar escritora, foi obrigada a abandonar a escola para trabalhar numa fábrica de mísseis aos dezesseis anos. Sua mãe acreditava que o melhor a fazer pela filha era assegurar um emprego na prestigiada empresa estatal em que trabalhava. Porém a incompatibilidade ideológica de Zhang com o ambiente opressivo vigente na fábrica a impediu de obter uma promoção durante o período de dez anos em que lá trabalhou. Ela então resolveu aprender inglês, na esperança de conseguir um emprego como tradutora. O inglês ampliou seus horizontes, aumentou sua independência, tanto no estilo de se vestir, em suas relações sociais, quanto em seu interesse por questões políticas e sociais, acrescentando conteúdo à sua bagagem cultural. Em seguida, Lijia Zhang destacou a eclosão do Movimento Democrático de 1989, o qual consistiu em uma série de protestos estudantis que alcançaram proporções nacionais, conquistando apoio massivo da população. Esse movimento promoveu um despertar para as questões políticas no país e assinalou a importância da década de 80, a qual definiu como a mais importante na China contemporânea. Como explicitado, foi o momento em que as transformações começaram a acontecer, destacando-se as reformas no plano econômico, com vistas ao estabelecimento de uma economia de mercado. Como exemplo, Zhang lembrou que a fábrica em que trabalhava começou a produzir produtos civis. A escritora mencionou também mudanças em outros campos, como a permissão para ler literatura ocidental, que acarretou a tradução de inúmeros livros para o chinês. Zhang ressaltou que todo esse quadro de transformações engendrou um enorme impacto e alterações na percepção de mundo dos jovens da época, que passaram a discutir o futuro da China, e a falar sobre política e democracia. Zhang afirmou que hoje em dia, entretanto, a China se tornou um país mais comercial, no qual os jovens não leem muito e não se interessam tanto por política. A China já ultrapassou o Japão ao se tornar a segunda maior economia do mundo e que mais de 200 milhões de pessoas saíram da faixa de pobreza nas C E B R I CENTRO BRASILEIRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Rua do Russel, 270 – 2º andar, Glória - CEP 22210-010 Rio de Janeiro – RJ – Brasil tel.: 55 21 2219-4461, Fax 55 21 2558-3006 – E-mail: [email protected] últimas três décadas. Acrescentou que hoje as pessoas desfrutam de mais liberdade, podendo optar pela maneira na qual querem viver, e que a sociedade chinesa tornou-se mais humana. Nesse ponto, a escritora classificou o movimento de 1989 como um divisor de águas. No que tange à posição da China no cenário mundial, Lijia Zhang afirmou que não vê o país como uma superpotência, uma vez que se trata de um país ainda muito pobre, demasiadamente desigual, em que a falta de transparência e de democracia e o desrespeito aos direitos humanos figuram como grandes problemas a serem superados. Assinalou que o controle do Governo ainda é forte, a exemplo da censura contra as redes sociais virtuais, mas assinalou que a liberdade aumentou enormemente e utilizou de metáfora para afirmar que a gaiola de aprisionamento da sociedade chinesa cresceu de uma tal maneira que as pessoas deixaram de perceber seus limites. C E B R I CENTRO BRASILEIRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Rua do Russel, 270 – 2º andar, Glória - CEP 22210-010 Rio de Janeiro – RJ – Brasil tel.: 55 21 2219-4461, Fax 55 21 2558-3006 – E-mail: [email protected]