DESTAQUES GAÚCHOS EM PESQUISA Destaques Gaúchos em Pesquisa E ste é um espaço destinado às Sociedades de especialidade e aos Departamentos da AMRIGS, para divulgação de resumos de trabalhos gaúchos premiados nos eventos promovidos. Nesta edição estão publicados os trabalhos premiados no XVII Semana Acadêmica da Medicina, evento realizado entre 1 e 5 de outubro de 2007, em Passo Fundo, promovido pelo Diretório Acadêmico Dr. Sabino Arias da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo. 317 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 51 (4): 317-320, out.-dez. 2007 21-destaques_gaúchos.pmd 317 9/1/2008, 10:40 DESTAQUES GAÚCHOS EM PESQUISA XVII SEMANA ACADÊMICA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO Pôster Pesquisa: 1o Lugar Estudo de prevalência e multiplicidade de fatores de risco cardiovascular em ambulatório de hipertensão do sul do Brasil Julia Pastorello, Leandro Mazzoleni Stramari, Karen Regina Rosso Schons, Margareth Buaes Dal Maso Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF), Rio Grande do Sul, Brasil Contato: [email protected] Introdução A hipertensão arterial tem sido reconhecida como principal fator de risco para a morbidade e mortalidade precoces causadas por doenças cardiovasculares, sendo o escore de risco de Framingham (ERF) o principal preditor para tais eventos. Objetivo: Estimar o risco absoluto de ocorrência de doença arterial coronariana, nos próximos 10 anos, em pacientes hipertensos. Métodos: Análise transversal de todos os pacientes atendidos no ambulatório de HAS da UBS da Vila Operária da cidade de Passo Fundo-RS no período de março de 2006 a setembro de 2007 (18 meses). Para determinação do risco de doença cardiovascular (RCV), os pacientes foram estratificados como baixo (≤10%), médio (>10% e <20%) e alto risco (≥20%). Comparações entre os grupos foram feitas utilizando-se o teste t de Student nãopareado bicaudal para analisar as médias e o teste de qui-quadrado para as proporções, com correção de Fisher quando necessário. Foi considerado um p<0,05 para significância estatística. Resultados: Dos 85 pacientes incluídos no estudo, o risco médio foi de 14,51%, sendo maior no sexo masculino (p=0,01). A maior parte situou-se na categoria de baixo (45,9%) e alto risco (31,8%). O sexo feminino foi o mais prevalente, com 74,1% dos atendimentos. As médias obtidas foram: 60,33 anos para idade (DP±11,79), IMC 29,54 (DP±5,46), pressão arterial sistólica 144,87 e diastólica 89,5mmHg, todos medidos na primeira consulta. As associações tabagismo, sedentarismo, dislipidemia, pressão arterial e história familiar não foram estatisticamente significantes, diferentemente do ocorrido com diabetes melito, que teve grande influência no risco obtido (p=0,004). A dislipidemia foi mais observada no sexo feminino (p=0,04). Conclusões: O risco absoluto médio estimado para os próximos 10 anos de doença arterial coronariana, na população estudada, calculado pelo escore de Framingham, apresentou-se alto, principalmente no sexo masculino. Uma parte considerável dos participantes (54,1%) situou-se nas categorias de médio e alto risco, ou seja, superior a 10%. Tabela 1 – Fatores de risco relacionados ao grau de risco cardiovascular, medido pelo escore de Framingham Risco cardiovascular (Framingham) Baixo (n = 39) Fatores de risco Diabetes Dislipidemia História familiar Tabagismo Sedentarismo 29 35 32 13 45 Médio/alto (n = 46) n (%) n (%) n (%) p (34,1%) (41,2%) (37,6%) (15,3%) (52,9%) 7 15 12 6 21 24,1% 42,9% 37,5% 46,2% 46,7% 22 20 20 7 24 75,9% 57,1% 62,5% 53,8% 53,3% 0,004 0,640 0,228 0,983 0,878 Tabela 2 – Fatores de risco mais prevalentes na amostra estudada, comparado entre os sexos Fatores de Risco Tabagismo Dislipidemia Sedentarismo Diabetes 13 35 45 29 318 21-destaques_gaúchos.pmd Homens (n = 22) Mulheres (n = 63) n (%) n (%) n (%) p (15,3%) (41,2%) (52,9%) (34,1%) 4 5 13 8 18,2% 14,3% 28,9% 36,4% 9 30 32 21 69,2% 85,7% 71,1% 72,4% 0,662 0,041 0,502 0,796 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 51 (4): 317-320, out.-dez. 2007 318 9/1/2008, 10:40 DESTAQUES GAÚCHOS EM PESQUISA Pôster Pesquisa: 2o Lugar Perfil epidemiológico das gestantes HIV dos Municípios de abrangência de uma Coordenadoria Regional de Saúde Marcia Lacerda Medeiros Schneider (UPF), Marlene Doring (UPF), Wagner Francisco de Medeiros Schneider (UPF), Talvã Norberto Grando (UPF). Introdução: A prevalência de gestantes portadoras do HIV, em 2004, no Brasil, foi de 0,41%. O Ministério da Saúde preconiza a administração de terapia anti-retroviral (TARV) durante a gestação, parto e ao recém nascido para prevenção da transmissão vertical (TV) do HIV. Objetivo: Conhecer a prevalência e o perfil sociodemográfico de gestantes HIV/Aids nos Municípios da 6a Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), no período de 2000 a 2006, e a utilização da TARV na prevenção da TV. Métodos: Estudo transversal das gestantes HIV diagnosticadas no período de 2001 a 2006. Os dados foram coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação da 6a CRS. Resultados: Foram notificados 189 casos de gestantes HIV positivas em 9 dos 58 Municípios da 6a CRS. A prevalência encontrada foi de 0,46%. Passo Fundo foi responsável por 72,5% dessas notificações, sendo seguido por Carazinho, 13,2%, e Lagoa Vermelha, 5,8%. Do total de gestantes, 15,3% eram adolescentes; 56,1% não tinham o ensino fundamental completo; e nenhuma possuía ensino médio completo. Usaram TARV durante o pré-natal 60,8% das gestantes. Quanto ao tipo de parto, 53,4% foram cesáreas. Em relação aos recém-nascidos, 74,1% iniciaram TARV nas primeiras 24h e 60,8% usaram TARV por até seis semanas. Não receberam aleitamento materno 83,1%, e 2,6% receberam. Conclusão: O perfil sociodemográfico e a prevalência de HIV entre as gestantes encontrados no estudo foram semelhantes aos dados nacionais. Entretanto, frente ao grande número de erros de preenchimento e falta de informações encontrados nas notificações, faz-se necessária a conscientização e sensibilização dos profissionais de saúde quanto à qualidade das informações, para o melhor enfrentamento da epidemia do HIV na região. Introdução: Embora o uso de tabaco entre estudantes de medicina tenha diminuído nos últimos 50 anos, essa doença ainda é preocupante, devido ao papel que esses futuros médicos irão exercer na comunidade. Objetivos: Verificar a prevalência de fatores associados à ocorrência do tabagismo entre os acadêmicos de Medicina de Passo Fundo e traçar um perfil da população fumante. Metodologia: Foram respondidos questionários auto-aplicáveis por 312 alunos, do 1o ao 6o ano do curso de Medicina, com perguntas sobre tabagismo, diversos fatores associados e atitudes em relação à doença. Seguindo recomendações da OMS, os estudantes foram classificados em quatro categorias: fumantes diários, fumantes ocasionais, ex-fumantes e não fumantes. Foram consideradas fumantes, para análise dos dados, as duas primeiras categorias. Foi utilizado o teste do qui-quadrado para avaliar a existência de associações entre as variáveis, considerando um valor de p<0,05. O projeto da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da UPF. Resultados: Observou-se que 16,3% dos acadêmicos eram fumantes, sendo 5,1% fumantes diários e 11,2% fumantes ocasionais, com 3,5% de ex-fumantes. A média de idade foi de 22,25 anos (DP±2,42). Os fatores significativamente associados ao tabagismo foram: sexo masculino (p=0,004), pai fumante (p=0,002), uso regular de bebidas alcoólicas (p=0,007) e uso de antidepressivos/ansiolíticos (p=0,001). Verificou-se que 68,6% dos fumantes iniciaram o tabagismo entre 15 e 19 anos, tendo como principais motivações a vontade própria e/ou a influência dos amigos. Entre os fumantes, 33,3% consideram o tabagismo uma doença, enquanto 55,6% dos não-fumantes não o consideram doença (p=0,004). No que se refere à carga tabágica, 68,8% dos fumantes diários fumam de 1 a 10 cigarros por dia. Dos fumantes, 66,7% já tentaram parar de fumar, 94,1% acreditam serem capazes de cessação e 78,4% pretendem deixar de fumar. Admitiram que o cigarro faz mal à saúde 94,1% dos tabagistas. Entre os não-fumantes, 76% evitam o tabagismo passivo, valor observado em somente 36,4% dos ex-fumantes (p=0,008). Conclusão: A prevalência do tabagismo é elevada entre os acadêmicos de Medicina de Passo Fundo. Estratégias preventivas devem ser empregadas para reduzir o uso de tabaco entre os futuros médicos. Temas Livres: 1o Lugar Temas Livres: 2o Lugar Prevalência e características do tabagismo em estudantes de Medicina de Passo Fundo – RS Sobrevida de pacientes com AIDS em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul (RS), 1986-2004 Leandro Mazzoleni Stramari, Munique Kurtz, Luiz Carlos Corrêa da Silva. Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF), Rio Grande do Sul, Brasil. Contato: [email protected]. Daiane Anzolin (UPF), Elisiane da Rosa Baldissera (UPF), Marlene Doring (UPF), Júlio César Foiatto (UPF), Jaber Nashat de Souza Saleh (UPF), Clarissa Pigatto Schneider (UPF), Wagner Francisco de Medeiros Schneider (UPF), Márcia M. Schneider (UPF). 319 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 51 (4): 317-320, out.-dez. 2007 21-destaques_gaúchos.pmd 319 9/1/2008, 10:40 DESTAQUES GAÚCHOS EM PESQUISA Objetivo: Verificar o tempo de sobrevida dos pacientes com AIDS no Município de Passo Fundo, no período de 1986 a 2004. Metodologia: Realizou-se um estudo de coorte dos indivíduos com AIDS, com 13 anos ou mais, de ambos os sexos, residentes e diagnosticados no Município de Passo Fundo/RS, entre 1986 a 2004. Os dados foram coletados no SINAN da Secretaria Municipal de Saúde de Passo Fundo, 6a Coordenadoria Regional de Saúde e prontuários do Ambulatório DST/Aids. O tempo de sobrevida compreendeu o intervalo entre a data do diagnóstico e a ocorrência do óbito/censura. As curvas de sobrevida foram analisadas pelo método de Kaplan-Meier e suas diferenças com o modelo de Cox. Resultados: Dos 415 pacientes com AIDS notificados, 66% eram do sexo masculino; a idade média foi 31,3 anos (DP: 9,28). O tempo mediano de sobrevida global foi de 94,21 meses. O tempo mediano de sobrevida no sexo masculino foi de 58 meses. A análise de regressão de Cox indicou uma força de mortalidade masculina de 2,33 em relação à feminina (IC:1,52 – 3,57). A análise de regressão de Cox indicou uma força de mortalidade dos UDI de 3,57 comparada com não UDI (IC: 2,36 – 5,38). Indivíduos que receberam biterapia e terapia tríplice apresentaram, em média, maior sobrevida. A análise multivariada mostrou que terapia com anti-retrovirais, seguida do não-UDI foi o melhor fator prognóstico de sobrevida. Conclusão: O aumento no tempo mediano de sobrevida encontrado possivelmente está relacionado ao acesso ao diagnóstico, aos novos métodos laboratoriais para monitoramento da terapia, ao surgimento da terapia anti-retroviral combinada e ao acesso universal e gratuito aos anti-retrovirais. Tabela 1 – Análise das variáveis relacionadas ao tabagismo na população estudada, 2007 (312 acadêmicos de Medicina – UPF) Fumantes atuais* n (%) Variáveis Sexo Masculino Feminino Com quem reside atualmente Sozinho(a) ou com amigos Pais, familiares ou cônjuge Estado conjugal dos pais** Casados Separados/Divorciados Tabagismo da mãe Fumante Não fumante ou ex-fumante Tabagismo do pai Fumante Não fumante ou ex-fumante Uso regular de bebidas alcoólicas Sim Não Prática regular de esportes Sim Não Transtorno psiquiátrico (Ansiedade / Depressão) Sim Não Uso de antidepressivo / ansiolítico Sim Não Desempenho estudantil Bom (ótimo e bom) Ruim (regular, ruim e péssimo) Não-fumantes N (%) Valor p 33 18 (64,7) (35,3) 106 144 (42,4) (57,6) 0,004 30 21 (58,8) (41,2) 119 131 (47,6) (52,4) 0,144 41 10 (80,4) (19,6) 213 36 (85,5) (14,5) 0,3 52 8 43 (15,7) (84,3) 21 229 (8,4) (91,6) 0,108 12 39 (23,5) (76,5) 22 228 (8,8) (91,2) 0,002 15 36 (29,4) (70,6) 35 215 (14,0) (86,0) 0,007 20 31 (39,2) (60,8) 95 155 (38,0) (62,0) 0,871 17 34 (33,3) (66,7) 53 197 (21,2) (78,8) 0,062 28 23 (54,9) (45,1) 75 175 (30,0) (70,0) 0,001 32 19 (62,7) (37,3) 187 63 (74,8) (25,2) 0,078 *Fumantes diários + Ocasionais **1 valor ignorado Os ex-fumantes (n=11) não foram incluídos nesta análise 320 21-destaques_gaúchos.pmd Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 51 (4): 317-320, out.-dez. 2007 320 9/1/2008, 10:40