resumo
Uma vida sem fome
combatendo a
desnutrição infantil
Enquanto os líderes mundiais se preocupam com uma crise económica
atrás de outra, passa despercebida uma crise de fome e desnutrição que
afecta milhões de crianças. Ao mesmo tempo que o mundo enfrenta
anos de turbulência financeira, a profunda desnutrição a longo prazo está
lentamente a corroer a base da economia global, através da destruição
do potencial de milhões de crianças.
Esta crise não é recente. Os progressos a nível da
redução da desnutrição têm sido lastimosamente
lentos ao longo de 20 anos. Uma combinação
de tendências globais – alterações climáticas, a
volubilidade do preço dos bens alimentares, a
incerteza económica e as alterações demográficas
– estão a colocar em risco os futuros progressos
no combate à desnutrição.
Devem tomar-se medidas agora, de forma a
impedir a deterioração da situação de crise e que
mais crianças sofram consequências para a vida.
Em 2013, será já demasiado tarde para se fazer
alguma diferença à última geração de crianças
que irá celebrar o segundo aniversário – uma
etapa crucial a nível da nutrição – até 2015.
Este é o prazo para o oitavo Objectivo de
Desenvolvimento do Milénio, seis dos quais
dependem em parte do combate à desnutrição.
Em cada hora de cada dia, morrem 300 crianças
devido à desnutrição. É uma causa subjacente
de mais de um terço das mortes infantis – 2,6
milhões todos os anos.1 Não é registada nas
certidões de óbito, e como tal, não é abordada
de forma eficaz.
Mesmo para aquelas crianças que sobrevivem,
a desnutrição a longo prazo causa danos
devastadores e irreversíveis. A falta de alimentos
nutritivos, acompanhada pelas infecções e pela
doença, significa que os corpos e as mentes destas
crianças não desenvolvem devidamente. Pelo
menos 170 milhões de crianças são afectadas
por raquitismo.2
CJ CLARKE
Isto significa que não só são muito pequenas
para a sua idade, como têm menos probabilidades
de frequentarem a escola e têm um desempenho
académico inferior. Por exemplo, a deficiência
de iodo, um tipo de desnutrição causada pela
falta de nutrientes específicos, afecta um terço
das crianças em idade escolar nos países em
desenvolvimento, e está associada à perda de
10 – 15 pontos do QI.3 A desnutrição na infância
pode diminuir a produtividade – calcula-se que
as crianças raquíticas ganhem em média 20%
menos quando adultas.4 Se as tendências actuais
continuarem, a vida de 450 milhões de crianças,
globalmente será afectada pelo raquitismo nos
próximos 15 anos.5
1
Estatísticas Vitais
1 em 4
2,6 milhões
Uma em cada quatro
crianças no mundo sofre de
raquitismo.6 Nos países em
desenvolvimento, esta
estatística é ainda mais elevada.7
Isto significa que o corpo
e a mente da criança não
desenvolveram adequadamente
devido à desnutrição.
A desnutrição é a causa
subjacente da morte de 2,6
milhões de crianças todos os
anos – um terço do total global
da mortalidade infantil.10
48%
48% das crianças na Índia
sofrem de raquitismo.8
450 milhoes
450 milhões de crianças serão
afectadas pelo raquitismo nos
próximos 15 anos se as
tendências actuais
continuarem.11
pontos
0,6 percentuais
Menos 20%
Os adultos que foram
desnutridos em criança ganham
em média pelo menos 20%
menos do que aqueles que não
o foram.9
Os progressos globais a nível
do raquitismo têm sido
extremamente lentos. A
proporção de crianças que
sofrem de raquitismo desceu de
40% em 1990 para 27% em 2010
– uma média de apenas 0. 6
pontos percentuais por ano.12
Duas vezes
mais provável
Nos países mais pobres, as
crianças mais pobres têm duas
vezes mais probabilidades de
sofrerem de desnutrição
crónica do que as crianças mais
ricas.13
80%
80% das crianças raquíticas
vivem em apenas 20 países.14
Mais 1,6
milhões
Prevê-se um aumento na
quantidade de crianças com
raquitismo em sete países, até
2015. A Nigéria deverá ter mais
1,6 milhões de crianças
raquíticas. Até 2020, prevê-se
que a Tanzânia tenha mais
450,000 crianças raquíticas.15
Frederic Courbet/Panos for Save the Children
“Não temos suficiente para comer”
“Hoje comi um bocado de injera [pão redondo servido com
um molho básico] para o mata-bicho – uma injera para quatro
pessoas – e comi o mesmo ao almoço. Não comemos mais
nada – Uma vez por ano, nas ocasiões especiais, talvez coma um
ovo ou carne. Não há que chegue mas os meus pais dão-me o
que tiverem. Às vezes, tenho fome na escola. Eu vou a pé para a
escola porque é já ali depois do morro.”
Maritu, 9, Etiópia
Maritu à esquerda com a amiga Adna
2
Desnutrição: a história verdadeira
Melhorar a nutrição é
essencial para a sobrevivência
infantil. Salvará muitas vidas e proporcionará
a todas as crianças a oportunidade de um bom
início de vida, de forma a que possam crescer e
concretizar o seu potencial.
um país, pois gera comunidades mais fortes,
com uma população mais saudável, inteligente
e produtiva.
O mundo tem comida suficiente
para todos, portanto, pôr fim à crise
alimentar e à desnutrição é a coisa certa a
fazer. Todas as crianças têm o direito a uma
vida sem fome. Nenhuma criança deveria
nascer num ciclo de desnutrição e de doença
por não ter quantidade suficiente de
alimentos nutritivos.
A desnutrição está a minar o
crescimento económico e a reduzir
a produtividade das pessoas que estão a tentar
trabalhar para saírem da pobreza nos países mais
pobres do mundo. Calcula-se que se possa perder
2 –3% do rendimento nacional de um país devido
à desnutrição.16
Melhorar a nutrição infantil e reduzir os níveis
de mortalidade infantil, pode levar a famílias
mais pequenas e a sociedades mais sustentáveis.
Quando as crianças são mais saudáveis e têm mais
probabilidade de sobreviver, e quando os pais têm
acesso a métodos voluntários de planeamento
familiar, muitos optam por ter menos filhos,
com um espaço de tempo maior entre eles e
investem nos filhos que agora irão sobreviver. Um
benefício adicional é a diminuição do crescimento
populacional a longo prazo.
Melhorar a nutrição é um bom
investimento As soluções que são
delineadas neste relatório são eficazes a nível de
custo e relativamente fáceis de implementar. Muitas
delas pagam-se a si próprias em termos do impulso
que proporcionam à economia de um país, através
da diminuição dos custos do sistema de saúde –
as crianças bem nutridas têm menos tendência a
adoecer. Investir na nutrição é investir no futuro de
Trabalhando na linha da
frente das crises alimentares
e da desnutrição
rachel palmer
Desde o Corno de África aos bairros de lata de La
Paz na Bolívia, os funcionários da Save the Children
trabalham todos os dias com algumas das crianças mais
pobres do mundo, ajudando a combater a desnutrição.
Os nossos peritos em intervenções nutricionais e
política, têm um conhecimento profundo tanto das
causas subjacentes da desnutrição, tais como a pobreza
e as práticas agrícolas deficientes como das soluções
que funcionam, e a forma como podem ser aplicadas
em diferentes países e contextos.
Dr. Mourou Arouna a examinar Nazifa, de oito meses
de idade, no centro de estabilização para as crianças
desnutridas, apoiado pela Save the Children, no Níger
3
Sabemos já quais as soluções
que funcionam
Intervenções directas: as soluções
simples para as crianças que estão em risco de
desnutrição e as famílias das mesmas são já bem
conhecidas e bem apoiadas pelos nossos peritos
na área da nutrição. Em 2008, a revista médica
Lancet, identificou um pacote de 13 intervenções
directas – tais como suplementos de vitamina A
e de zinco; sal iodado e a promoção de
comportamentos saudáveis, tais como a lavagem
das mãos, a amamentação exclusiva e práticas
complementares de alimentação – que provaram
ter um impacto na nutrição e na saúde das crianças
e das mães. Este pacote eficaz a nível de custo e
financeiramente viável poderia evitar a morte de
quase dois milhões de crianças com menos de 5
anos, nos 36 países onde residem 90% das crianças
mais pobres do mundo.17 Ainda não se aumentou a
aplicação destas intervenções já provadas devido às
decisões de política pública e ao sub-investimento
crónico nos serviços de saúde necessários para a
sua concretização.
intervenções directas mais eficazes a nível de
custo. A fortificação dos alimentos básicos durante
a produção – acrescentando por exemplo ferro
à farinha nos moinhos – ou através do
desenvolvimento de colheitas mais nutritivas –
tais como a batata-doce rica em vitamina A que
foi introduzida em Moçambique – pode beneficiar
uma população inteira. Para se chegar às
crianças, com alimentos fortificados, durante
o período crítico anterior de desenvolvimento
e crescimento, exige uma abordagem mais
direccionada. A fortificação comercial dos
produtos que se destinam às crianças dos 6
aos 24 meses, levada a cabo pelas empresas de
produção alimentar, e a adição de micronutrientes
em pó aos alimentos tradicionais são
prometedoras.
Com um custo de pouco mais de 1 dólar por
pessoa por ano, o Banco Mundial calcula que
mais de 4 mil milhões de pessoas18 poderiam
beneficiar do acesso ao trigo fortificado, ao
ferro, aos alimentos complementares e aos
micronutrientes em pó.19
A fortificação, ou o processo de acrescentar
vitaminas e minerais aos alimentos, é uma das
“E depois veio a voluntária de saúde da
comunidade da Save the Children”
Jostna, que vive com o filho Yameen em Bhola, no Bangladesh, onde os
voluntários de saúde da comunidade, da Save the Children, prestam cuidados
pré e pós natal, no sentido de melhorar a saúde e a nutrição das mães e das
crianças com menos de cinco anos. Os voluntários recebem formação para
identificarem casos de desnutrição e gerirem os casos em que as crianças
sofrem de diarreia ou têm pneumonia.
4
Menaca Calyaneratne
“Aos 14 meses, o Yameen começou a apresentar cicatrizes
e feridas à volta da boca e sofria seriamente de diarreia.
Eu sentia-me impotente e fiz muitas coisas para tentar que
ele se sentisse melhor. Depois, a Ruksana, a voluntária de saúde
da comunidade, da Save the Children, veio visitar-nos.
Ela pediu que o levássemos para o centro de monitorização
do crescimento. 12 dias depois levei-o sozinha para casa.
Dava-lhe com o meu dedo indicador uma comida medicinal
especial [pasta de jinguba nutricional] e esfregava-a nas gengivas.
A diarreia parou. A Ruksana vinha todos os dias ver como ele
estava. Gradualmente, ele melhorou.”
Protegendo as famílias da
pobreza: A pobreza é uma das causas
subjacentes da desnutrição. No caso de muitas
famílias, as crianças tornam-se mal nutridas e
raquíticas não porque não existem alimentos
nutritivos disponíveis, mas porque não têm
condições financeiras para os adquirir. A pesquisa
da Save the Children demonstra que uma
proporção significativa de famílias nas comunidades
do Bangladesh, Etiópia e Quénia não têm condições
financeiras para alimentar a família com uma dieta
nutritiva, mesmo se gastassem todos os seus
rendimentos em comida.20 Nestes casos,
disponibilizar dinheiro ou alimentos às famílias, para
as manter acima da linha da pobreza e proteger as
crianças da desnutrição, poderá ser a melhor solução.
real de reduzir a desnutrição global. Para que isso
seja possível, é essencial que os esquemas estejam
ligados especificamente à nutrição, e que tenham
como alvo as mulheres grávidas e lactantes assim
como as crianças até aos dois anos de idade.
Fazer com que o sistema de
alimentação global funcione
para a nutrição: o sistema global através
do qual os alimentos são produzidos, distribuídos
e consumidos está neste momento a falhar no que
diz respeito às necessidades nutricionais de grande
parte da população mundial.
Para que o sistema alimentar funcione a nível da
nutrição, é preciso mais do que simplesmente
aumentar a produção – uma maior quantidade
de alimentos não significa automaticamente uma
melhor nutrição. A atenção deve concentrar-se
no resultado final – melhorar a dieta das crianças.
A chave é investir em pequenos agricultores
e em mulheres agricultoras – três quartos das
crianças desnutridas em África vivem em pequenas
fazendas e 43% do trabalho agrícola é levado a
cabo pelas mulheres.21 O sucesso depende em
garantir que os mercados locais sejam acessíveis e
estejam em funcionamento; melhorar a educação
sobre a nutrição; e em investir em melhor pesquisa
e provas.
Os esquemas de protecção social – que
disponibilizam às famílias transferências regulares
de dinheiro ou pacotes alimentares que
proporcionam uma rede de segurança durante
os tempos difíceis – têm provado ser um sucesso
em muitos países, protegendo as famílias contra os
piores efeitos da pobreza. Este tipo de esquemas
tem estado a ter um impulso global nos últimos
anos. Tendo sido iniciados nos países da América
Latina na última década, estão agora a ser
introduzidos ou a ser tidos em consideração em
muitos outros países. O Brasil, por exemplo, tem
demonstrado que o investimento na protecção
social pode reduzir de forma acentuada a fome
e a desnutrição e que contribui também para
o crescimento económico. A implementação
generalizada da protecção social tem um potencial
O repto é ainda mais urgente numa altura em
que o mundo o sistema mundial de alimentação
está a ser ameaçado pelas tendências globais,
tais como o crescimento populacional e as
alterações climáticas.22
“Tenho sempre fome quando vou dormir”
“Nós não temos dinheiro suficiente. Eu como gari seco
[mandioca desfiada] uma vez por dia, e, se tiver sorte,
arroz com manteiga e pimenta uma vez por dia. Não temos
dinheiro para fazer molho para comer com o arroz.
Quando vou dormir, tenho sempre fome.”
Ibrahim, 14, Freetown, Serra Leoa
aubrey wade
5
“Antes da rede de segurança tínhamos que vender
todos os nossos animais”
Cat Carter
“Antes do programa da rede de segurança ser introduzido, se
houvesse seca tínhamos que vender todos os nossos animais.
Não havia nada para criar, nem leite para ordenhar ou vender.
A seca afectou-nos a todos este ano. Os rios secaram. Os
animais estão a morrer noutros locais. O programa significa
que não tivemos que vender os animais que nos restam. Temos
comida suficiente para podermos sobreviver sem vendermos
tudo. Temos o suficiente para comer e para vender.”.”
Na Etiópia, em troca de cinco dias de trabalho por mês – como arranjar
escolas e centros de saúde e construir instalações de abastecimento pública
de água – Mujahid, a mulher e o filho (na foto à esquerda) recebem do
governo rações de alimentos, como parte do programa de rede de
segurança do mesmo.
O EMPENHAMENTO DO PODER POLÍTICO
Subjacente à necessidade destas soluções directas
e intermediárias, existe o requisito urgente para
os líderes mundiais reconhecerem que o papel
principal da nutrição é salvar a vida das crianças.
Têm que dedicar o tempo e os recursos
necessários para pôr fim à crise da desnutrição. A
fome e a desnutrição são problemas políticos e
como tal necessitam de soluções políticas.
desnutrição, não têm uma estratégia coerente
para melhorar a questão nutricional. A vida de
milhões de crianças depende de que os líderes
destas organizações façam com que o sistema
funcione no que diz respeito à nutrição.
Em terceiro lugar, há demasiado tempo que
os governos dos países ricos não proporcionam
à questão da nutrição o apoio que esta merece.
A situação tem estado a melhorar nos últimos
anos e o impulso político tem estado a
aumentar sobretudo através de processos
como o movimento Scaling Up Nutrition
(Alargar a Nutrição), mas a nutrição continua
ainda a ser mal compreendida e a ter
poucos recursos.
A responsabilidade para a tomada de acção é de
três grupos diferentes – mas interligados – de
líderes mundiais. Primeiro, os países com uma taxa
elevada de crianças desnutridas precisam de se
empenhar em melhorar a questão da nutrição.
O Brasil, o Bangladesh e o Gana, demonstraram
que é possível ter um impacto significativo na
percentagem das crianças com menos de cinco
anos que sofrem de desnutrição. O exemplo
destes países pode inspirar outros países a tomar
medidas para solucionar a crise nutricional das
pessoas pobres à escala necessária. Este facto é
particularmente importante nos países como a
Índia e a Nigéria, onde reside uma grande parte
das crianças raquíticas.
O combate à crise global de desnutrição necessita
de uma acção global concertada e coordenada.
Precisa de uma liderança sólida. Em última
análise, os líderes mundiais podem desencadear
as melhorias mais fundamentais, seja através de
acções políticas, quer através da organização de
uma cimeira internacional sobre a nutrição, ou
dando inicio a um esquema nacional de protecção
social ou da atribuição de maior financiamento
a esta área.
Em segundo lugar, as instituições globais existentes,
que têm o mandato para enfrentar a fome e a
6
Seis passos chave para combater a
desnutrição
Apelamos a uma acção nacional e internacional de seis passos para
o combate directo à crise global de nutrição:
1. Tornar a desnutrição visível:
A desnutrição crónica é um assassino oculto
que mata lentamente e que não aparece nos
certificados de óbito. Para que a morte destas
crianças conte e para que os governos sejam
responsabilizados, tem que existir um alvo global
aceite para a redução do raquitismo nos países
mais afectados.
2. Investir em intervenções
directas: O custo do alargamento das 13
intervenções do “Pacote de Lancet”, incluindo a
fortificação, é de 10 mil milhões de dólares por
ano. Partilhada entre os governos doadores e
dos países em desenvolvimento, esta quantia é
facilmente financeiramente viável. Poderia salvar
dois milhões de vidas.
3. Preencher as lacunas a nível
dos profissionais de saúde:
Existe uma lacuna crítica de pelo menos 3,5
médicos, enfermeiros, parteiros e técnicos
comunitários de saúde, que são essenciais para
a concretização das intervenções directas que
podem melhorar a nutrição. Os governos e os
doadores deveriam trabalhar em conjunto para
preencher esta lacuna de profissionais de saúde,
através do recrutamento, formação, e apoio aos
novos e aos profissionais de saúde já existentes,
e levando a sua presença para onde estes são
mais necessários.
4. Proteger as famílias contra
a pobreza: Muitos dos melhores exemplos
de progresso a nível do combate à desnutrição,
tem vindo de países que investiram em políticas
de protecção social eficazes cheguem às famílias
vulneráveis. Os países deveriam trabalhar para
criarem sistemas que cheguem às mulheres
grávidas e lactantes e às crianças com menos
de dois anos de idade.
5. Mobilizar a agricultura
para ajudar a combater a
desnutrição: Os governos devem
apoiar os pequenos agricultores e as mulheres
agricultoras e garantir que ter um impacto
positivo sobre a nutrição é um objectivo
explícito das políticas agrícolas, centrando-se
em projectos que estejam elaborados para
melhorar a dieta das crianças – por exemplo,
a horticultura ou projectos educativos que se
centrem na nutrição.
6. O empenho da liderança
política: Elevar o perfil da desnutrição
exige o desenvolvimento de um impulso político
que dê força à mudança. O G8 dos EUA, o G20
Mexicano e o G8 no RU em 2013, representam
grandes oportunidades para progredir, pois
é provável que a alimentação, a nutrição e a
protecção social estejam na ordem de trabalhos.
Estes países deveriam trabalhar em conjunto
para assegurar um plano de acção ambicioso
que uniformize a reforma institucional com a
disponibilização clara de novos recursos. Com
o apoio da comunidade internacional, os países
com os maiores problemas a nível da nutrição
deveriam manifestar a liderança e o empenho
necessário para a eliminação da mesma.
7
2012 – um ano fundamental
para 7,6 milhões em 2011. O impulso está a
aumentar – em 2011, os líderes mundiais fizeram
avanços críticos a nível da imunização, através do
compromisso para a vacinação de 250 milhões
de crianças até 2015, salvando 4 milhões de vidas,
e 40 países comprometeram-se a preencher
a lacuna correspondente a 3,5 milhões de
profissionais da saúde. A acção deve continuar
nestas duas frentes. Simultaneamente, temos que
acelerar os esforços no sentido de melhorar a
nutrição, que é a chave para progressos maiores
para salvar a vida das crianças.
2012 é um ano fundamental para se conseguir
acertar a questão da nutrição e terminar a crise
nutricional oculta. Até meados de 2013, será já
demasiado tarde para se proporcionar protecção
contra o raquitismo à geração de crianças que
celebram o segundo aniversário – um marco
chave no que diz respeito à nutrição – aquando
do prazo dos OMD.
Têm-se já concretizado progressos significativos
quanto a salvar a vida das crianças. O número
de crianças que não viveu até ao quinto
aniversário, diminuiu de 12 milhões em 1990
referÊncias
12M de Onis et al (2011)
1 Com base em cálculos que 35% da mortalidade infantil é atribuída à
subnutrição (Black et al Lancet, Janeiro 2008) e que em 2010 morreram
7.6 milhões de crianças. (UNICEF, 2011, Levels and Trends in Child
Mortality 2011)
13Inquéritos Nacionais sobre a Demografia e Saúde www.measuredhs.
com
14J Bryce, D Coitinho, et al (2008) ‘Maternal and child undernutrition:
effective action at national level’, The Lancet, 2008 Feb 9;371 (9611):
510–26
2 M de Onis M, M Blossne e E Borghi, (2011) ‘Prevalence of stunting
among pre-school children 1990-2020’, Unidade de Avaliação e
Fiscalização do Crescimento, Public Health Nutrition, 2011, Julho 14:1-7
15B Fenn (2011) Pesquisa para a Save the Children UK como parte do
relatório da campanha POR TODAS AS CRIANÇAS
3 M de Onis M, M Blossne e E Borghi, (2011) ‘Prevalence of stunting
among pre-school children 1990-2020’, Unidade de Avaliação e
Fiscalização do Crescimento, Public Health Nutrition, 2011, Julho 14:1-7
16S Horton (1999) ‘Opportunities for investments in low income Asia’,
Asian Development Review, 17, p.246–73
4 S Grantham-McGregor et al (2007) ‘Development potential in the first 5
years for children in developing countries’, The Lancet, 369:60-70
17The Lancet (2008) ‘Maternal and Child Undernutrition’, Série Especial,
Janeiro de 2008
5 M de Onis et al (2011)
18Banco Mundial (2010) Scaling Up Nutrition:What will it cost?, http://
siteresources.worldbank.org/HEALTHNUTRITIONANDPOPULATION/
Resources/Peer-Reviewed-Publications/ScalingUpNutrition.pdf
6 M de Onis et al (2011)
7 R E Black, L H Allen, Z A Bhutta, et al (2008) ‘Maternal and child
undernutrition: global and regional exposures and health consequences’,
The Lancet, 2008, Jan 19, 371 (9608), 243–60;
19Embora este seja um grande preço a pagar, os benefícios são bem
superiores aos custos. Uma fortificação do ferro traria 4,8 mil milhões
de dólares em benefícios (a 8:1 relação beneficio- custo) e a fortificação
de iodina traria 2,4 mil milhões de dólares em benefícios (a 30:1 relação
beneficio-custo). Estas duas intervenções, por si, seriam suficientes para
cobrir o investimento inicial)
8 Índia 2005–2006 Inquérito Nacional sobre a Saúde Familiar
9 S Grantham-McGregor et al (2007) ‘Development potential in the first 5
years for children in developing countries’, The Lancet, 369:60-70
10R E Black, L H Allen, Z A Bhutta, et al (2008) ‘Maternal and child
undernutrition: global and regional exposures and health consequences’,
The Lancet, 2008, Jan 19, 371 (9608), 243–60; UN Inter-agency Group
for Child Mortality Estimation (2011) Levels & Trends in Child Mortalit:
Report 2011, New York: UNICEF; Grupo do Foro Inter-agências para os
Cálculos sobre a Mortalidade Infantil (2011) Levels & Trends in Child
Mortalit: Relatório 2011, Nova Iorque: UNICEF
20Custos dos estudos sobre a dieta citados no relatório da Save the
Children (2009) Hungry for Change: An eight-step, costed plan of action to
tackle global child malnutrition
21Banco Mundial. 2005. Gender and ‘Shared Growth’ in Sub-Saharan Africa.
Washington D.C.: Banco Mundial.
22Foresight (2011) The Future of Food and Farming define e tem em
consideração o efeito conjunto de seis vectores de mudança que
influenciam o sistema alimentar.
11M de Onis et al (2011)
Para uma cópia do relatório integral de Uma Vida Sem Fome: Combatendo a desnutrição infantil
(A Life Free from Hunger:Tackling child malnutrition, versão em Inglês, é favor consultar:
everyone.org
Save the Children, Fevereiro de 2012
Organização de Beneficiência Nº 1076822
8
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Uma vida sem fome