UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM GEOGRAFIA COM ÊNFASE EM ESTUDOS REGIONAIS VIVIANE VIEIRA DA SILVA FONTANELLA O ENSINO DA GEOGRAFIA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUDAMENTAL CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2007. VIVIANE VIEIRA DA SILVA FONTANELLA O ENSINO DA GEOGRAFIA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada para a obtenção do título de especialista em Geografia com ênfase em Estudos Regionais orientada pelo professor Maurício Ruiz Câmara da Universidade do Extremo Sul Catarinense. CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2007 Dedico a todos os meus alunos, aos meus familiares e ao meu esposo pelo apoio nos momentos difíceis e em especial à minha filha Alice recém-nascida que me iluminou para a conclusão deste trabalho. AGRADECIMENTO A Deus, por ter proporcionado saúde e abençoado a minha jornada de trabalho. A minha família pelo incentivo durante o estudo e aos professores que sempre tiveram dispostos para contribuir em uma melhor formação em especial ao professor orientador Maurício Ruiz Câmara que não mediu esforços para que este trabalho viesse ser concluído. RESUMO A pesquisa partiu com objetivo de verificar o estudo da disciplina de geografia nas séries iniciais do ensino fundamental, já que nós professores de geografia encontramos dificuldades em trabalhar esta disciplina na 5a série. O trabalho fundamentou-se em uma pesquisa bibliográfica em diversos autores da geografia e foi possível verificar que os mesmos chamam a atenção para uma metodologia fundamentada na concepção sócio interacionista de Vygotsky. Esta concepção trabalha nas séries iniciais com a construção dos conceitos. Os conceitos trabalhados pela geografia são os espaço, território, lugar, paisagem, região, natureza, sociedade. Todos devem ser construídos segundo a concepção sócio interacionista através da realidade e vivência do aluno. Para finalizar a pesquisa foi aplicado um questionário a seis professoras pedagogas da rede pública que atuam nas séries iniciais no município de Lauro Müller - S.C. Verificou-se que as professoras possuem dificuldades em trabalhar diversos conceitos e temas da disciplina de geografia, um dos problemas que fazem muitos alunos apresentarem dificuldades ao ingressarem na 5a série do ensino fundamental. Palavras-chave: Educação básica; ensino; geografia; sócio interacionismo; ensinoaprendizagem; formação de professores. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................6 2 A GEOGRAFIA E SEU ENSINO NAS SÉRIES INICIAIS ...................................9 2.1 O ensino da geografia numa perspectiva sócio interacionista e a construção dos conceitos geográficos 14 2.2 O ensino de Geografia nas séries iniciais numa perspectiva de estudo da realidade do aluno e o trabalho em conjunto com a História .............................................................................................................................23 3 A IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DO PROFESSOR E DOS RECURSOS DIDÁTICOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA ................................................................. 25 3.1 A importância de recursos didáticos nas aulas de geografia....................................................................27 3.1.1 O ensino da geografia na proposta de Santa Catarina: a geografia oficial.................................29 3.1.2 A geografia distante da realidade e o livro didático...................................................................31 3.2 As práticas pedagógicas dos professores nas séries iniciais ....................................................................33 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 36 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 39 ANEXOS............................................................................................................................. 41 6 1 INTRODUÇÃO Durante o meu percurso como professora de geografia, tenho observado que as maiorias dos alunos ao engressarem na 5a série do ensino fundamental apresentam aversão à disciplina de geografia. Contudo, tenho analisado que a geografia que é ensinada por profissionais das séries iniciais mostra-se tradicional, pouco atrativa e descontextualizada da realidade dos alunos. Essa prática gera uma grande deficiência no aprendizado desta disciplina, na maioria dos alunos das séries iniciais. Dessa forma o trabalho na 5a série torna-se desarticulado e lento, com relação aos conteúdos específicos, que devem ser estudados nesta série. Diante dessa realidade, fica difícil para os professores de geografia iniciar um trabalho com alunos de 5a série se os mesmos não conseguiram aprender os conceitos estudados nas séries iniciais que são a base para se estudar geografia. Portanto nós professores de geografia, nos deparamos diariamente com alunos que tem a geografia como mais uma disciplina no horário escolar e que se reduz somente à memorização, sem fazer referência às experiências sócio-espaciais vivenciadas pelos mesmos. “Assim, o ensino e a aprendizagem da geografia se caracterizam pela utilização excessiva do livro didático, pela aplicação dos conteúdos mais conceituais que procedimentais como também pela utilização descontextualizada e estereotipada de cartas geográficas” (CAVALCANTI, 1998). Mas o que leva os professores destes níveis de ensino, a terem esta prática? E quais seriam as propostas de intervenção que poderiam mudar este quadro? Um dos problemas, que fazem a disciplina de geografia ser vista na escola como desinteressante, pode ser a falta de preparação dos professores das séries iniciais com relação aos assuntos que envolvem esta disciplina. Outro fator que pode afetar o aprendizado da disciplina de geografia, nas séries iniciais, é a falta de conexão entre o assunto que é estudado com a realidade vivenciada pelo aluno. Este pode ser um dos principais problemas que tornam a disciplina de geografia apenas para a memorização de assuntos distantes do contexto vivido. Diante das dificuldades que nós professores de geografia encontramos para trabalharmos com alunos de 5a série do ensino fundamental, o objetivo da minha pesquisa centraliza-se no ensino de geografia nas séries iniciais, buscando analisar as opiniões de alguns autores sobre o assunto, bem como as dificuldades que os professores deste nível de ensino apresentam com relação aos conteúdos que envolvem esta disciplina, o que é importante e como 7 devem ser estudados os conteúdos de geografia nas séries iniciais, contribuindo assim para a melhoria da prática pedagógica. Os autores que serão abordados nesta pesquisa são professores de geografia com ampla experiência no uso da metodologia dessa disciplina em sala de aula. A autora do livro: “O Ensino em Estudos Sociais” Helena Copetti Callai que faz uma boa análise do ensino de geografia nas séries iniciais e também a mesma, em conjunto com outros autores em alguns artigos no Livro: “Geografia em sala de aula práticas e reflexões” como Nestor André Kaercher, no qual tive o privilégio de assistir a disciplina “Geografia e Ensino” ministrada por ele no curso de pós-graduação em Geografia na UNESC, Antonio Carlos Castrogiovanni; Lana de Souza Cavalcanti que mostra em seu livro: “Geografia, Escola e Construção de Conhecimentos” uma visão de como ocorre a construção do conhecimento em geografia através de uma didática sócio interacionista, segundo a concepção de Vygotsky, entre outros autores que no decorrer da pesquisa serão mencionados. As opiniões dos autores citados sobre o ensino de geografia nas séries iniciais serão complementadas com entrevistas a seis profissionais da área de pedagogia que atuam nas séries iniciais. Para concluir buscarei analisar o que foi abordado na entrevista, bem como o tipo de trabalho que desenvolvem e as dificuldades que têm com a disciplina de geografia nas séries iniciais, juntamente com a visão apresentada pelos dos autores sobre o assunto. Para os autores estudados a geografia é uma ciência social e ao ser estudada, tem de considerar o aluno e a sociedade em que vive. Para Callai (1991), não pode ser uma coisa alheia, distante, desligada da realidade. Principalmente nas séries inicias que é o período em que o aluno começa relacionar o que vive no seu dia-a-dia com o que estuda na escola. Segundo Paulo Freire e Milton Santos, articular alfabetização e geografia é refletir sobre o homem, a natureza, a cultura, a sociedade, é praticar uma “pedagogia da possibilidade”, fundada numa epistemologia situada entre a teoria e a realidade. Pensar o ensino de geografia nas séries iniciais, a partir de sua função alfabetizadora , é resgatar o seu próprio objeto, o espaço, inserindo-se numa perspectiva teórica que articula a leitura da palavra à leitura do mundo. Entretanto a geografia nas séries iniciais é marcada por um descompasso entre a geografia que se ensina e o nível que é ensinada, caracterizada na maioria dos casos pelo enciclopedismo, pelo excesso e reprodução de conteúdos e pela negligência dos conhecimentos anteriores dos alunos, adquiridos no seu espaço de vida. Assim, segundo Bonfim (2004), a 8 relação entre a geografia e a construção dos conhecimentos escolares, o espaço vivido pelos alunos tem um papel fundamental. Pois através das práticas sociais no espaço, os alunos desenvolvem estratégias que podem contribuir para seu aprendizado na geografia escolar. Portanto, cabe ao professor encontrar novas alternativas que irão mudar suas práticas em sala de aula, buscando analisar os conceitos que são estudados nas séries inicias, juntamente com os conteúdos que podem ser abordados, tentando sempre levar o que está sendo estudado para a realidade fora da sala de aula. Segundo Kaercher (2003): “Nosso desafio é buscar soluções para os problemas que enfrentamos na educação, na sala de aula, na escola. Sem o compromisso de refletir sobre nossa própria prática não creio ser possível crescer com competência técnica e política. Estudar é fundamental”. Segundo Callai (2003), este é o desafio que temos: fazer da geografia uma disciplina interessante, que tenha a ver com a vida e não apenas com dados e informações que pareçam distantes da realidade e na qual se possa compreender o espaço construído pela sociedade, como resultado da interligação entre o espaço natural, com todas suas regras e leis, com o espaço transformado constantemente pelo homem. 9 2 A GEOGRAFIA E SEU ENSINO NAS SÉRIES INICIAIS A história da geografia como disciplina escolar tem início no século XIX, quando foi introduzida nas escolas com o objetivo de contribuir para a formação dos cidadãos a partir da difusão da ideologia do nacionalismo patriótico (Cavalcanti,1998). Vlach comenta o caráter ideológico da incorporação da geografia no currículo escolar: Foi, indiscutivelmente, sua presença significativa nas escolas primárias e secundárias da Europa do século XIX que a institucionalizou como ciência, dado o caráter nacionalista de sua proposta pedagógica, em franca sintonia com os interesses políticos e econômicos dos vários Estados- nações. Em seu interior, havia premência de se situar cada cidadão como patriota, e o ensino de geografia contribuiu decisivamente nesse sentido, privilegiando a descrição do seu quadro natural. (1990, p. 45) Segundo Cavalcanti (1998), a geografia até o final do século XX era essencialmente tradicional, baseava-se no positivismo, era um ensino voltado às idéias nacionalistas, utilizava uma metodologia descritiva e pouco questionadora. Este modelo de geografia, no Brasil, foi presente nas escolas até por volta do final da década de oitenta. Era uma geografia extremamente descritiva e pouco questionadora para os alunos. Baseava-se em conteúdos repetitivos, pouco atraentes e de memorização (decorar capitais e países). Talvez seja por esse motivo que a maioria das pessoas mostram aversão a esta disciplina e também pode até ser por isto que alguns professores das séries iniciais não tenham tanta afinidade com a geografia, tornando assim uma disciplina desagradável para a maioria dos alunos. Mais tarde, por volta da década de setenta, o objetivo da disciplina de geografia é caracterizado pela função de transmitir dados e informações gerais sobre os territórios do mundo em geral e dos países em particular. Precisamente a partir dessa conotação é detonada a revisão das bases teóricas e metodológicas da ciência geográfica, com repercussões no ensino (CAVALCANTI, 1998). Como a geografia acadêmica passou por significativas mudanças, o ensino da geografia escolar também passou por reformulações. Por isso muitos trabalhos nas últimas décadas apareceram denunciando as fragilidades de um ensino com base em fundamentos críticos: “No Brasil, o movimento de renovação do ensino de Geografia faz parte de um conjunto de reflexões mais gerais sobre os fundamentos epistemológicos, ideológi- 10 cos e políticos da ciência geográfica, iniciado no final da década de 1970” (C AVALCANTI, 1998). Diante das reformulações, Moreira (1992) considera que Lacoste teve papel importante de dar impulso inicial às reflexões para renovação da Geografia no Brasil ao analisar, entre outras coisas, o comprometimento da “geografia do professor” e o caráter estratégico do saber sobre o espaço, “escondido” por esta geografia. Afirma, a esse respeito: (...) nada podia contrastar mais com a estreiteza da Geografia vigente, denunciar o envolvimento da “Geografia Quantitativa” com a guerra americana no Vietnã e chocar nossa consciência de professores e estudantes engajados alertando-nos para caráter contraditório entre nossa prática política geral de esquerda e este veículo discursivo particular conservador que é a “geografia do professor” (MOREIRA 1992, p.8). As reformulações do ensino da Geografia se deram através de críticas sobre duas correntes utilizadas na época: a Geografia Tradicional e a Geografia Quantitativa. Diante das criticas levantadas sobre as correntes do ensino da geografia surge uma nova visão dessa disciplina conhecida como Geografia Crítica e difundida no Brasil pelo geógrafo Milton Santos (CAVALCANTI, 1998). Na visão de Cavalcanti, a reformulação do ensino de Geografia também têm em comum o fato de explicitarem as possibilidades da Geografia e da prática de ensino de cumprirem papéis politicamente voltados aos interesses das classes populares. Diante dessa perspectiva, o saber e a realidade do aluno devem ser levados em consideração para o estudo do espaço geográfico. Sendo que a partir dessa nova visão de geografia, o ensino se desfaz das simples descrições de lugares e dados numéricos. Ao contrário, o ensino deve propiciar ao aluno a compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições: “Quanto aos aspectos pedagógico-didáticos das propostas de ensino de Geografia, persiste a crença, explícita ou não, de que para ensinar bem basta o conhecimento do conteúdo da matéria enfocado criticamente” (CAVALCANTI, 1998). Ou seja, para que o ensino da geografia contribua para a formação de cidadãos críticos e participativos bastaria que o professor se preocupasse em trabalhar na sala de aula com conteúdos críticos baseados em determinados fundamentos metodológicos dessa ciência. Embora essa seja, ainda, uma posição dominante, alguns autores demonstram preocupação maior com a questão pedagógica no ensino de Geografia. Sobre essa preocupação Moraes alerta: 11 ...é mister gerar um esforço de traduzir pedagogicamente as novas propostas e os novos discursos desenvolvidos pela Geografia(...) aproximar teoria e prática no plano do ensino de Geografia, estimulando uma reflexão pedagógica que assimile os avanços teóricos da geografia nas últimas décadas. (1989, p.122). Vesentini também considera a necessidade de se ir além do conteúdo numa proposta de ensino. Em suas palavras: Um ensino crítico de geografia não consiste pura e simplesmente em reproduzir num outro nível o conteúdo da(s) geografia(s) crítica(s) acadêmica(s); pelo contrário, o conhecimento acadêmico (ou científico) deve ser reatualizado, reelaborado em função da realidade do aluno e do seu meio (...) não se trata nem de partir do nada e nem de simplesmente aplicar no ensino o saber cientifico; deve haver uma relação dialética entre esse saber e a realidade do aluno – daí o professor não ser um mero reprodutor mas um criador (1987, p. 78). Formato de citação Atualmente, os estudos sobre o ensino da Geografia vêm ampliando as reflexões feitas no campo da Pedagogia e da Didática. “Se por um lado a transformação na prática de ensino não ocorre em função de nossas reflexões teóricas, com elas as possibilidades dessa transformação ficam potencializadas desde que sejam, efetivamente, reflexões “coladas”aos imperativos da prática” (CAVALCANTI, 1998). Vesentini, após comentar sobre as funções históricas de Geografia, argumenta sobre seu papel atual: Mas que tipo de geografia é apropriada para o século XXI? É lógico que não aquela tradicional baseada no modelo “A Terra e o Homem”, onde se memorizavam i nformações sobrepostas (...). E também nos parece lógico que não é aquele outro modelo que procura “consci entizar” ou doutrinar os alunos, perspectiva de que h averia um esquema já pronto de sociedade futura(...) Pelo contrário, uma das razões do renovado interesse pelo ensino de geografia é que, na época da globalização, a questão da natureza e os problemas ecológicos tornaram-se mundiais ou globais, adquiriram um novo significado (...) O ensino da geografia no século XXI, portanto, deve ensinar – ou melhor, deixar o aluno descobrir – o mundo em que vivemos, com especial atenção para a globalização e as escalas: local e nacional. Deve realizar constantemente estudos do meio (...) e deve levar os educandos a interpretar textos, fotos, mapas, paisagens. (1995, pp. 15-16) Pereira alerta para a necessidade de alcançar os objetivos do ensino de geografia e não somente a capacidade de conseguir repassar e atingir os conteúdos programáticos, isto ele chama de “lógica conteudísta”. Com esse entendimento, ele define o verdadeiro objetivo da 12 geografia , da seguinte forma: “Creio que é possível afirmar que a missão, quase sagrada, da geografia no ensino é a de alfabetizar o aluno na leitura do espaço geográfico, em suas diversas escalas e configurações” (1995, p. 74). Para Santos (1995), os conteúdos e o objetivo da geografia devem estar relacionados com o presente, vivido pelos alunos, pois para este autor o ensino deve ir ao encontro a realidade vivenciada pelo aluno. Diante dessa idéia ele afirma que a escola não está satisfazendo as necessidades dos alunos, pois se mostra como principal função de um ensinamento lógico e formal. Daí ele argumenta, que os professores mostram-se insatisfeitos e acomodados com o ensino e não preparados para encarar um novo ensinamento: o da lógica dialética. É preciso, ainda, proporcionar aos alunos o desenvolvimento de um modo de pensar dialético, que é pensar em movimento e por contradição. Como objetivos específicos da Geografia no ensino, Santos (1995), aponta que é importante o de aprender a observar a paisagem do ponto de vista de sua ordenação territorial e o de dominar a linguagem criada pela Geografia. Cavalcanti, insiste na importância dos objetivos de ensino para a Geografia, para a prática social. Para ele, entre o homem e o lugar existe uma dialética, um constante movimento: se o espaço contribui para a formação do ser humano, este, por sua vez, com sua intervenção, com seus gestos, com seu trabalho, com suas atividades, transforma constantemente o espaço. Não importa se refere a um individuo ou uma sociedade ou nação. Em qualquer caso, o espaço e as próprias percepções e concepções sobre ele são construídos na pratica social. Os autores mencionados defendem diferentes posições teóricas, porém têm a preocupação comum de ampliar a discussão sobre o ensino de Geografia para além da simples definição de conteúdos. Cavalcanti acrescenta que as propostas de ensino, sobretudo no ensino fundamental e médio, beneficiaram-se com o aprofundamento da investigação sobre métodos do ensino, visando à maior compreensão do processo de ensino em geral, com a contribuição das produções no campo da Pedagogia e, mais especificamente, no da Didática. Englobando as idéias apresentadas pelos autores, o ensino da geografia deve seguir uma Didática Crítico-Social, onde o ensino é um processo do conhecimento do aluno, mediado pelo professor e pela matéria que ele próprio ensina, no qual devem estar articulados seus componentes fundamentais: objetivos, conteúdos e métodos de ensino. Sendo que, os objetivos sóciopolíticos e pedagógicos gerais do ensino e os objetivos específicos da Geografia escolar é que orientam a seleção e a organização de conteúdos para uma situação de ensi- 13 no. No entanto, o uso de um método de ensino adequado que pode viabilizar os resultados almejados. Para os autores, se o professor realmente quer ensinar os alunos a pensarem dialeticamente, é importante definir, ao mesmo tempo, que conteúdos permitem a eles o exercício desse pensamento e o modo sob o qual esse exercício é viável. Portanto, integrando a idéia dos demais autores, para se cumprir os objetivos do ensino da Geografia, levando em consideração o desenvolvimento do raciocínio geográfico, é preciso que se selecionem e se organizem os conteúdos que sejam significativos e socialmente relevantes. A leitura do mundo do ponto de vista de sua espacialidade demanda a apropriação, pelos alunos, de um conjunto de instrumentos conceituais de interpretação e de questionamento da realidade sócio-espacial. É no processo de escolarização que a criança desenvolve a formação conceitual básica em geografia e sistematiza os temas e problematiza as questões geográficas. Desta forma, a escola tem um papel relevante na apropriação conceitual. Segundo Vygotsky, o processo de formação dos conceitos remete às revelações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. Para Vygotsky, a formação de conceitos é um processo criativo e se orienta para a resolução de problemas. Para ele, a formação dos conceitos inicia-se na infância. Portanto é importante começar a trabalhar de maneira correta os conceitos de geografia já nas séries iniciais, mas também é preciso levar em conta a experiência já vivida pelo aluno. Ou seja, se o meio não fornecer a criança desafios e as tarefas necessárias para estimular seu raciocínio poderá não alcançar o nível possível para sua faixa etária. Cabe então a família a tarefa também de estimular o intelecto da criança em casa, por meio de joguinhos, livros e conversas (CAVALCANTI, 1998). Segundo Vygotsky (1993), a linguagem nos fornece os conceitos, as formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio dela que as funções mentais são socialmente formadas. A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a interpretação do mundo real. Ela é responsável pela negociação no qual seus 14 membros estão em constante processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significações. A linguagem e a cultura são elementos principais para a formação dos conceitos. É por meio desses dois fatores que a criança internaliza o conhecimento formando seus conceitos. Assim a escola segundo Vygotsky (1993), é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem. O professor para Vygotsky (1993), tem o papel explícito de interferir no processo, diferentemente de situações informais nas quais a criança aprende por imersão em um ambiente cultural. Portanto, é papel do docente provocar avanços nos alunos e isso se torna possível com sua interferência. A partir desse trabalho realizado pelo professor aqueles conceitos antes vistos pela criança no seu cotidiano passam por mudanças tornado-se conceitos científicos. Cavalcanti (1998), ressalta que Vygotsky (1993) distingue três fases no processo de formação de conceitos. A primeira é denominada de “conglomerado vago e sincré tico de objetos isolados”. Nesta fase a criança não forma classes entre os diferentes atributos dos o bjetos; ela apenas os agrupa de forma desorganizada formando amontoados. A segunda fase é a do “pensamento por complexos” momento em que o agrupamento não é formado por um pensamento lógico abstrato e sim por ligações concretas entre seus componentes que podem ser os mais diferentes possíveis. A terceira fase é a de formação de conceitos. Porém, a formação de conceitos exige, abstração, isolamento de elementos e o exame dos elementos abstratos separados da experiência concreta. É nesta terceira fase onde professor, do Ensino Fundamental, atua juntamente com a criança. O desenvolvimento do pensamento conceitual, é a principal função que a escola tem, pois é a mudança na relação cognoscitiva do homem com o mundo (CAVALCANTI, 1998). Ou seja, o ensino é abstraído desenvolvendo os conceitos. 2.1 O ensino da geografia numa perspectiva sócio interacionista e a construção dos conceitos geográficos O processo de ensino-aprendizagem é lento e por isso os professores devem utilizar algumas metodologias de ensino, que podem estar melhorando suas práticas em sala de aula. 15 Diante do pressuposto, pode-se destacar a Didática Crítico-Social, onde o conhecimento do aluno é mediado pelo professor, ou seja, o ensino é construído em conjunto entre o educador e o educando. Sendo que a tarefa do professor é de dirigir, orientar e planejar o ensino de acordo com a realidade e conhecimento do aluno. Esta concepção leva o homem desenvolver uma relação com o meio sociocultural, assim o pensamento, o desenvolvimento mental e a capacidade de conhecer o mundo e nele atuar é uma construção social que depende das relações que o homem estabelece com o meio. Vygotsky aponta que a aprendizagem e o desenvolvimento relacionam-se desde a infância na construção dos conceitos. Com isso ele definiu o conceito de “Zona de Desenvo lvimento Proximal”. Neste conceito a aprendizagem do aluno se dá através de um amadurec imento dos conceitos estudados. Visto que a aprendizagem se dá através da valorização das experiências vivenciadas pelos alunos, tomando a sociedade como objeto de estudo na geografia, Corrêa aponta seus conceitos fundamentais: Como ciência social a geografia tem como objeto de estudo a sociedade que, no entanto, é objetivada via cinco conceitos-chave que guardam entre si forte grau de parentesco, pois todos se referem à ação humana modelando a superfície terrestre: paisagem, região, espaço, lugar e território. (1995, p. 16) Os conceitos apontados por Corrêa como fundamentais na geografia, também são vistos por outras ciências e pelo censo comum, de diferentes formas e por outros ângulos. Os principais conceitos da Geografia são: O conceito de lugar Segundo a discussão teórico-metológica sobre Lugar, a geografia humanística aponta lugar como espaço que se torna familiar ao indivíduo, é o espaço vivido, do experienciado. Na concepção histórico-dialética, lugar pode ser considerado no contexto do processo de globalização. A globalização indica uma tensão contraditória entre a homogeneização das várias esferas da vida social. O lugar, meio de manifestação da globalização, sofreria, 16 nesse entendimento, os impactos das transformações provocadas pela globalização, conforme suas particularidades e em função de suas possibilidades. Portanto lugar, pode ser visto nas séries iniciais como o espaço familiar vivido pelo aluno, levando em consideração a afetividade da criança sobre determinado lugar representado. Um trabalho conduzido dessa forma requer o professor uma maior aproximação com os alunos para conhecê-los melhor, para saber o que já conhecem e como conhecem. Dessa forma o professor pode estar trabalhando o lugar onde cada aluno mora e a valorização, mesmo que seja um condomínio de luxo ou até mesmo um bairro pobre e sem infra-estrutura. Assim, o trabalho entre professor e aluno passa a ter um maior significado, além de um simples conteúdo estudado em geografia. O conceito de paisagem Paisagem, dentro da geografia tradicional foi bastante evidenciada, tornando-se para determinados teóricos, o próprio objeto de estudo dessa ciência. Por permitir a observação dos aspectos visíveis dos fatos, fenômenos e acontecimentos geográficos, era considerada a melhor expressão do relacionamento entre o homem e o meio, caracterizando as diferenças entre as áreas. Sendo assim, ela servia como foco de análise tanto para quem defendia ser a geografia uma ciência em busca da individualidade dos lugares (regional), quanto para quem buscava leis e regularidades em diferentes lugares (geral). Conforme esse método, a pesquisa geográfica se ocuparia em descrever a natureza visível e os traços objetivos dos lugares. A veracidade da explicação geográfica estaria centrada na capacidade do próprio observador ao descrever o mais objetivamente possível a paisagem observada. A paisagem também pode ser vista diante da geografia física, como um sistema real cujos elementos se interagem formando determinada paisagem. Numa outra perspectiva da Geografia na atualidade, de cunho dialético, a paisagem tem sido tomada como um primeiro foco de análise, como ponto de partida para a aproximação de seu objeto de estudo que é o espaço geográfico, contendo ao mesmo tempo uma dimensão objetiva e uma subjetiva. Santos (1988), define paisagem da seguinte forma: “Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas por volume, mas também de cores, movimentos, odores, sons etc”. 17 Para Santos (1988), a paisagem é a materialização de um instante da sociedade, enquanto o espaço geográfico contém movimento dessa sociedade, por isso paisagem e espaço formam juntas um conjunto. Para este autor, a paisagem é a reprodução de níveis diferentes de forças produtivas; é uma espécie de marca histórica do trabalho, das técnicas; ela não mostra todos os dados. Cavalcanti (1998), diz que no seu entendimento, o conceito de paisagem é o primeiro nível de análise de lugar, estando assim um conceito ligado a outro. Pois para este autora, é pela paisagem vista em seus determinantes e em suas dimensões, que se vivencia empiricamente um primeiro nível de identificação com o lugar. Portanto, diante do que foi levantado sobre paisagem, sugiro que este conceito possa ser trabalhado já nas séries inicias, procurando o professor mediar o trabalho através do que as crianças conhecem sobre o assunto, levantando hipóteses, valorizando também o conhecimento empírico dos pais e avós através de imagens antigas sobre a cidade que moram para identificar as mudanças ocorridas. E nunca esquecer que trabalho está sendo elaborado com o público infantil e que portanto, não pode esquecer o lado lúdico da criança podendo, o professor, utilizar historinhas em quadrinhos, clássicos infantis e desenhos animados. O conceito de região O conceito de região é proposto como tema em vários programas curriculares e livros didáticos do ensino fundamental (especialmente na 6a série). Na ciência geográfica, esse é um conceito que tem sido discutido, formulado e reformulado ao longo de sua história. Na geografia Tradicional região era vista como: região natural (determinismo ambiental) e região geográfica (no possibilismo). Segundo Corrêa, essas regiões são entendidas da seguinte forma: A região natural é entendida como parte das superfícies da Terra, dimensionada segundo escalas territoriais diversificadas, e caracterizadas pela uniformidade resultando da combinação ou integração em área doas elementos da natureza. (1986, p.23) (...) A região geográfica abrange uma paisagem e sua extensão territorial, onde se entrelaçam de modo harmonioso, componentes humanos e natureza. (1986, p.28) 18 A Nova Geografia define Região como um instrumento de divisão do espaço segundo determinados critérios definidos; a cada critério ou conjunto de critérios corresponderia uma regionalização ou divisão do espaço. Na geografia crítica, o conceito de Região deve ser levado em destaque as relações de produção com a atual sociedade globalizada. É possível então compreender a região na atualidade, como uma área formada por articulações particulares no quadro de uma sociedade globalizada. Visto que o conceito de Região é estudado na 6a série do ensino fundamental, o professor das séries iniciais também pode mostrar para a criança uma noção de região através de trabalhos com recortes de notícias de jornais, analisando as diferenças de línguas, costumes, religiões e políticas entre determinadas regiões do mundo. Para Kaercher (2003), ao exercitar a crítica daquilo que faz parte de nossa vivência diária, e da história que estamos construindo nos grupos em que vivemos, podemos ir nos apropriando do conceito de espaço também. A construção do conceito de espaço tem início com a vida. Cabe aos estudos sociais, neste momento do currículo escolar, aproveitar-se da vivência diária do aluno para conhecer, exercitar de forma consciente, as relações espaciais e compreender o espaço em que vive e de construir o seu conceito, apropriar-se dele. O conceito de espaço Segundo Corrêa (1995), a palavra espaço é de uso corrente, sendo utilizada tanto no dia-a-dia como nas diversas ciências. Na geografia tradicional este conceito não se constitui um conceito-chave e portanto, a geografia constituía na ciência que estudaria todos os fenômenos organizados espacialmente, enquanto a história, por outro lado, estudaria os fenômenos segundo a dimensão tempo. Sendo que o papel da geografia por esta corrente era somente descritiva. Para a geografia teorético-quantitativa , o espaço aparece pela primeira vez na história do pensamento geográfico, como conceito-chave da disciplina. Sendo que o espaço é considerado sob duas formas que não são mutuamente excludentes. De um lado através da noção de planícies isotrópica e, de outro, de sua representação matricial. A planície isotrópica é uma construção teórica que admite-se como ponto de partida uma superfície uniforme tanto no que se refere à geomorfologia como ao clima e a cobertura vegetal, assim como a ocupa- 19 ção humana há uma uniforme densidade demográfica. A representação matricial trata-se do espaço geográfico apresentado por gráficos, uma comum representação vista pelos economistas (CORRÊA, 1995). Corrêa (1995), considera que a geografia quantitativa tem uma visão limitada de espaço, pois de um lado privilegia em excesso à distância e por outro lado, os agentes sociais, o tempo e as transformações são inexistentes. O conceito de espaço reaparece na década de 1970 com o surgimento da geografia crítica. O espaço é visto por esta corrente do pensamento geográfico, como espaço social, vivido em estreita relação com a prática social. Segundo Corrêa (1995) o espaço é organizado pelo homem e portanto os dois não podem estar separados. Segundo Callai (1991), o conceito de espaço é uma abstração da realidade. O espaço da criança é primeiramente muito limitado, reduzindo-se a impressões táteis, pois antes dos três anos a criança não dispõe de referências fundamentais representadas pelas distancias e pelos eixos. Segundo Callai (1991), é somente na fase denominada por Piaget de préoperacional que começa a constituir-se na criança o espaço representativo, graças à sua capacidade de formar esquemas simbólicos – capacidade de representar uma coisa pela outra: um objeto como se fosse outro; uma situação por outra ou objeto, pessoa ou situação por uma palavra. Portanto Callai (1991), resume que a construção da noção de espaço inicia-se com ações no nível concreto e que, progressivamente, vão sendo trabalhadas pela criança até chegar no nível das operações mais abstratas, ocorre através de relações topológicas (espaço vivido), projetivas (espaço percebido) e euclidianas (espaço concebido). Por muito tempo o conceito de espaço foi visto pela geografia tradicional como algo estático, pronto e acabado, através de descrições do chamado espaço físico e espaço cósmico. Através do espaço físico eram estudados acidentes geográficos, tipos de relevos e vegetações de determinados espaços. Sobre o espaço cósmico eram vistos os nomes e tamanhos dos planetas, nomes de estrelas, etc. Assim como a geografia tradicional, a geografia quantitativa também estudava o conceito de espaço através de descrições, apoiando-se no estudo de dados estatísticos de determinados lugares. 20 Ambos, geografia tradicional e geografia quantitativa não faziam referência ao conceito de espaço inserindo o homem dentro do próprio espaço vivido. Assim, surge a geografia crítica com uma nova concepção do conceito de espaço. Para a geografia crítica este espaço é real, concreto, onde vivemos e no qual ocupamos um lugar para morar e no qual nos locomovemos. Segundo Callai (2003), é uma dimensão da realidade e como tal precisamos nos apropriar intelectualmente dele. Para este autor o conceito de espaço tem início com a vida e história da humanidade. De acordo com a didática sócio interacionista e a geografia crítica, o professor das séries inicias pode trabalhar o conceito de espaço, segundo Kaercher (2003), através dos mapas. Pois o aluno vai aprendendo a noção de espaço, o seu significado e sua possibilidade de representação. Neste caso, o professor deve iniciar o trabalho pedindo que o aluno, individualmente ou em grupo, tente representar a rua onde mora ou seu bairro, assim é mais fácil ele compreender, sendo estes, elementos que fazem parte de sua realidade (como resultado de nossa história), e de construir o seu conceito, apropriando-se dele. O conceito de território O conceito de Território tem uma larga utilização na história da ciência geográfica, particularmente na área de Geografia Política e de geopolítica. No ensino, ele está presente em diversos conteúdos que compõem o programa curricular do ensino fundamental e médio. Segundo Cavalcanti, nas análises cientificas atuais, por exemplo, Souza (1995) e Santos (1995), atribuem ao conceito de território a característica de poder. Esta idéia que os autores fazem a respeito de território está centralizada na Geografia Clássica elaborada por Ratzel. Segundo os autores mencionados, Ratzel formulou sua teoria (sobre estado, Território, Espaço Vital) como se o Estado fosse o único núcleo de poder e que, assim concentrasse todo o poder. Para Souza (1995), define Território como: O território será um campo de forças, uma teia ou relações sociais que, a par de sua complexidade interna, define, ao mesmo tempo, um limite, uma alteridade: a diferença entre “nós” (o grupo, os membros da coletividade ou “comunidade”) e os o utros (os de fora, os estranhos) (1995, p.86) 21 Segundo Souza (1995), territórios são antes relações sociais projetadas no espaço. Para seu entendimento, território é um campo de forças com as relações de poder espacialmente delimitadas. Segundo Cavalcanti, no ensino escolar, para fazer os alunos entenderem o conceito de Território, é preciso trabalhar conteúdos que fundamentam o papel histórico que têm desempenhado as forças de poder exercidas por determinados grupos e/ou classes sociais na construção da sociedade e de seus territórios, o que requer o tratamento do poder no âmbito das relações sociais mais bem estruturadas. Trabalhar este conceito como um campo de forças, envolvendo campo de forças, envolvendo relações de poder, é trabalhar a delimitação de territórios na própria sala de aula, no lugar de vivência do aluno, nos lugares por ele percebidos (mais próximos), é trabalhar limites, fronteiras, continuidade, descontinuidade, superposição de poderes, domínio material e não-material, no âmbito vivido pelo aluno. Porém, cabe ao professor das séries iniciais, desde já, trabalhar o conceito de Território, fazendo relação com o mundo vivido pela criança, como relacionar este conceito com o seu próprio quarto, que é o seu território, onde dorme, brinca e guarda seus objetos pessoais. Em sala de aula o professor para iniciar o estudo, pode fazer brincadeiras do tipo (batemanteiga, esconde-esconde, caça ao tesouro, etc), que ajudem o aluno melhor compreender este conceito. O conceito de natureza O conceito de natureza deve ser também trabalhado nas séries iniciais, porém lembro que este tema também é estudado por outras ciências e que, portanto, o professor deve estar orientado em saber o que trabalhar sobre esse conceito dentro da disciplina de geografia. Para melhor entendimento ao professor das séries iniciais, ele nunca deve esquecer, sempre que falar de natureza, lugar, paisagem, enfim, dos mais diversos assuntos na disciplina de geografia, nunca pode isolar o homem do contexto, pois ele é ser integrante do meio. Mas então o que falar sobre natureza em geografia? Segundo Cavalcanti, toda a relação do homem com ela ou vice-versa. Analisar a maneira pela qual o homem se relaciona com a natureza, às modificações que ele próprio faz em torno dela. Os meios que a própria natureza proporciona ao homem para que ele produza seus meios de existência. 22 Talvez para alguns professores das séries iniciais, ainda o conceito de natureza venha a ser assunto de uma aula sobre ecologia, pois realmente por muito tempo este assunto foi visto pela geografia tradicional dessa forma. Atualmente, falar de natureza, faz parte do nosso dia-a-dia. Por exemplo, em matemática o professor coloca um problema para o aluno calcular os metros de madeira para fazer uma casa, a partir daí ele pode estar integrando sua aula de geografia fazendo os alunos refletirem sobre o desmatamento, mas que também pode ser a única fonte de renda dos pais de alguns alunos da sala (lenhador), e por aí se pode gerar um longo debate em sala de aula. O conceito de sociedade O conceito de sociedade, segundo Cavalcanti, também é bastante complexo, tanto quanto o de natureza, podendo ser analisado por diferentes perspectivas, correspondentes aos enfoques que se queira dar. Entre os aspectos mais diretamente ligados a construção do espaço geográfico pela sociedade, estão os seguintes: a relação da sociedade com a natureza; as relações sociais materializadas no espaço geográfico; o fenômeno da globalização da sociedade e do espaço. A geografia tradicional estuda separadamente sociedade e natureza. Para Moreira (1987), no ensino, essa estruturação geográfica pode ser esquematizada no padrão de organização dos conteúdos escolares definido como N-H-E (natureza, homem, economia). A geografia atual faz uma análise da relação sociedade/natureza, sendo que o que importa é a história da sociedade. A sociedade produz seus meios de vida a partir de um intercâmbio com a natureza, porém esse intercâmbio dependerá de como a sociedade concebe seus meios de vida. Portanto, a relação que a disciplina de geografia tem, atualmente, com a sociedade é muito ampla, pois podemos dentro desse contexto falar sobre as diferentes sociedades, a forma do homem se relacionar na sociedade, a organização da sociedade atual, enfim, vários temas sobre sociedade podem ser abordados pela geografia. Sugiro que o professor das séries iniciais comece esse trabalho sobre sociedade, contando a antiga história da cigarra e da formiga ou passe o filme: Vida de Inseto, pois ambos mostram a forma e a importância de até mesmos os insetos se organizarem em sociedade. Depois disso, o professor pode trazer o aluno para sua realidade e começar a estudar a sua própria sociedade. Saliento, mais uma vez, nessa pesquisa, que o trabalho com o público in- 23 fantil deve partir do lúdico, pois é algo que está presente na criança e que torna mais fácil para que logo ele possa compreender a sua realidade. 2.2 O ensino de Geografia nas séries iniciais numa perspectiva de estudo da realidade do aluno e o trabalho em conjunto com a História O ensino de geografia e história é o próprio cotidiano escolar, pois é principalmente na escola (mas não apenas nela, na vida toda) que o aluno tem um grupo com o qual trabalha, brinca, realiza as atividades, em um determinado espaço que é a própria sala de aula, o pátio da escola, o bairro, a casa onde mora entre outros. Segundo Callai (1991): “A vivência diária tem que ser discutida e criticada, pois são as relações sociais que o aluno realiza”. A partir dessa perspectiva, Callai (1991) ressalta que nas séries iniciais o ensino da Geografia e da História vai acontecer dentro do currículo por atividades, às vezes com o nome de Estudos Sociais. Nas séries seguintes é a História e a Geografia que devem ser trabalhadas e, mais recentemente, é essa a denominação também nas séries iniciais. Segundo Helena Callai e Jaeme Callai (2003), não se trata apenas de ensinar os conteúdos de história e de geografia, mas de desenvolver conceitos que são importantes, constitutivos da própria vida. Eles devem ser propostos, exercitados, para que a criança entenda o seu significado, não em si mesmo, mas em sua dinâmica na vida da sociedade. Dentre os conteúdos de história e de geografia, é relevante estudar relações sociais que se estabelecem entre as pessoas e os distintos grupos sociais; o espaço diferenciado ocupado por um outro grupo ou atividade e as relações que se estabelecem; o tempo, como presente vivo e passado vivido, dimensões necessárias para viver individual e societário. Como construir com as crianças esses conceitos é o desafio, especialmente porque não se trata de oferecer à criança um conceito produzido, mas precisamente, oportunizar que ela mesma construa seu próprio conhecimento. Segundo Callai (1991), nesse período ocorre basicamente o processo de socialização da criança e esse se dá através das relações que se estabelecem dentro da sala de aula, do processo de interação entre os alunos com o professor e com o conteúdo que deve ser desenvolvido. É o momento de alfabetização, do uso e domínio da linguagem escrita, do uso dos números, do saber contar, somar, diminuir. Esse processo é o próprio instrumento para alcan- 24 çar a socialização. Essa socialização, que a autora chama atenção, é o processo de conhecer a si mesmo, dentro do mundo, no seu tempo e no seu espaço, que são sociais acima de tudo. Sabemos que atualmente o volume de informações é cada vez maior, mais complexo, e o aluno tem o direito de receber da escola condições para aprender tudo, mas a escola nunca conseguirá dar conta em extensão e profundidade de passar todo o saber produzido e acumulado. Torna-se necessário então fazer um recorte, pôr limites, selecionar, eleger o que ensinar. Esse limite deve ser posto no confronto dos interesses dos alunos com os programas respectivos e as condições postas anteriormente. Se o ponto de partida segundo Helena Callai e Jaeme Callai (2003), é conhecer a própria realidade em que vivem, é neste âmbito que se problematiza a questão de como dar conta dos conceitos de “grupo -espaço-tempo”, seguindo esses critérios. Em síntese, pode-se considerar a Geografia e a História (Estudos Sociais) nas séries iniciais sendo o ponto fundamental do ensino/aprendizagem. Os estudos sociais trazem em si próprio objetivo, a finalidade deste período de aprendizagem, sendo que a partir dele poderiam ser desenvolvidas as demais atividades, num todo globalizado, que abra caminhos para o aluno, que instrumentalize de fato, sem ficar parcelando todas as atividades como se a vida e o mundo fossem de pedaços. 25 3 A IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DO PROFESSOR E DOS RECURSOS DIDÁTICOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA Para Callai o principal objetivo da disciplina de geografia é os fenômenos que envolvem as pessoas, ou os grupos, ou a sociedade como uma toda está situada em um espaço delimitada e em um tempo definida. E isto deve ser apreendido de forma crítica. Entender o que acontece e não apenas aceitar passivamente, tentando analisar a situação como um todo; entender a posição e as atitudes das pessoas. O professor precisa ter clareza dos objetivos que pretende alcançar com seus alunos nessa determinada série, e a partir daí, considerar as situações de aprendizagem aproveitando o conteúdo que é a própria vida. Callai (1991), afirma que o conteúdo, que é a própria vida, vem sendo construído desde a própria casa, na família, nas brincadeiras de rua. À escola, nas séries iniciais, cabe organizar esse conhecimento, através da formalização das informações que o aluno possui. Segundo Callai (1991), as séries iniciais é período em que se dá a alfabetização, é o início da vivência socializadora em um grupo formal, organizado fora da criança e por motivos externos a ela. Se o aluno tem de vivenciar a sua vida dentro desse grupo, formalmente desenvolve a aprendizagem de certos aspectos da vida, não se pode deixar de lado a vivência que ele tem fora da escola e aquela dos anos de vida que precederam a alfabetização (dentro e especialmente fora da escola). A partir daí Callai (1991), afirma que o estudo da geografia torna-se importante nas séries iniciais, pois o aluno vem construindo a vida de sua família e dos grupos que lhes são mais próximos. Parece então que o ponto básico tanto a Geografia ou Estudos Sociais, nas séries iniciais, é fazer com que o aluno compreenda o seu “viver”, entendendo a sociedade em que vive, conhecendo o espaço em que está sendo construído por essa sociedade, e o tempo em que vivemos; e que está se desenvolvendo a trajetória de vida da população em geral e de cada grupo, família e pessoa individualmente. Dessa forma, o ponto básico da Geografia nas séries iniciais, é fazer com que o aluno compreenda o seu viver, entendendo a sociedade em que vive, conhecendo o espaço que está sendo construído por essa sociedade, e o tempo em que vivemos; e que está se desenvolvendo a trajetória de vida da população em geral e de cada grupo, família e pessoa individualmente. 26 Para Callai (1991) e Kaercher (2003), os principais objetivos da Geografia nas séries iniciais devem possibilitar ao aluno: vivenciar o espaço em que vive; reconhecer o mundo que o rodeia; entender as relações sociais em que estão envolvidos; entender por que as coisas são assim como se apresentam (as relações sociais, a organização do espaço, a diferenciação em classes sociais); compreender a história, os processos constitutivos dessas situações; compreender a trajetória que percorrem os pais, os familiares e outras pessoas próximas para chegar ao que são hoje em dia: compreender por que chegar ao que são hoje em dia: compreender por que o acesso à terra (para trabalhar e / ou para morar) é diferenciado entre os homens se, formalmente, perante a lei, eles são todos iguais; compreender por que o acesso e o direito ao trabalho e ao estudo, embora por lei seja igual para todos, é na realidade extremamente seletivo e diferenciado, compreender por que os frutos do trabalho são mais promissores do que para os outros. Para atingir os objetivos, Callai (1991) e Kaercher (2003), sugerem que o trabalho inicie a partir da vida do aluno que é o caminho mais coerente, entendendo por que sua vida é assim como se apresenta, como é o meio em que vive, como é sua história. Deve-se ter o cuidado para não enaltecer demais a própria individualidade, pois ninguém vive sozinho no mundo, pelo contrário, a própria vida é resultado de uma construção socializada e socialmente distribuída, embora isso não signifique igualdade na prática do dia-a-dia. Portanto para Callai (1991) e Kaercher (2003), o homem deve ser considerado não de forma abstrato, desligado da realidade em que vive, mas sim inserido na sociedade. É o cidadão que tem direitos e deveres para com a própria sociedade. E a sociedade também tem de ser entendida na sua real dimensão, não abstrata, distante do aluno, mas concreta, situada em determinados espaço e tempo. De acordo então com a realidade do aluno, Callai (2003) sugere como temas importantes para o professor das séries iniciais abordar: o aluno no mundo em que vive (como é sua vida): neste tema o professor pode abordar vários assuntos dentro da geografia como, o lugar onde família mora, a estrutura do lugar, o uso da terra, a economia da família, o espaço ocupado pela família, etc. O município: é importante e necessário para o aluno, na medida em que ele está vivendo. Ali estão o espaço e o tempo delimitados, permitindo que se faça a análise que permite que tenhamos próximos de nós todos aqueles elementos que expressam as condições sociais, econômicas, políticas do nosso mundo. É uma totalidade considerada no 27 seu conjunto, de todos os elementos ali existentes, mas que, com tal, não pode perder de vista a dimensão de outras escalas de análise. Ter o município como conteúdo de todas as séries do currículo por atividade, e ainda na quarta série, poderá parecer repetitivo e talvez muito tempo para pouca coisa. Callai (2003), ressalta que será assim mesmo, se ficarmos naquela forma tradicional de trabalhar o conteúdo a partir do “eu” em círculos concêntricos, que vão se ampliando na medida em que a criança avança a série. Essa é uma forma de trabalhar que precisa necessariamente ser superada, pois o mundo e a vida não têm uma seqüência linear e homogênea. São muito mais complexos e cheios de situações contraditórias. Além do mais, não é o espaço físico quem vai definir a maneira como as coisas acontecem. Assim a evolução psicológica da criança, no seu processo de amadurecimento, deve-se considerar também a questão social. O estudo do município permite que o aluno constate a organização do espaço, que possa perceber nele a influência e/ou interferência dos vários segmentos da sociedade, dos interesses políticos e econômicos ali existentes e também de decisões externas ao município, confrontando-se inclusive com interesses locais e da população que ali vive. Segundo Callai (2003), o mundo muda muito rapidamente. As coisas que acontecem em qualquer recanto podem ter a ver com lugares distantes. O que acontece em qualquer lugar logo é sabido por todos. As crianças de hoje acompanham essa mudança rápida que o mundo vem passando. Por isso um tema muito importante para se estudar já nas séries inicias é a globalização. Segundo Callai (2003), a globalização é um fenômeno atual e não se pode entender o que acontece sem fazer referência maior. As diversas escalas de análise devem estar presentes em tudo o que se estuda, sem o que corremos o risco de fazer interpretações que não dêem conta do que queremos entender. Sugiro que a globalização possa ser vista nas séries iniciais, através de uma coleta de rótulos de produtos trazidos de casa pelos alunos, a partir daí o professor pode trabalhar a procedência do produto e em quais países o mesmo é consumido. 3.1 A importância de recursos didáticos nas aulas de geografia Segundo os autores Schäffer (2003), Kaercher (2003), Castrogiovanni (2003), em sala de aula, há momentos para o uso do globo e há momentos para os mapas. O importante é 28 a clareza de nossos propósitos em relação aos conteúdos de aprendizagem que pretendemos trabalhar. Através do globo o professor pode fazer o aluno compreender com maior clareza a forma da Terra, seus movimentos, estações do ano, mostra em totalidade a forma dos continentes, divisão política do nosso planeta, etc. Para Somma (1995), o mapa como auxiliar didático possibilita mecanismos de percepção visual e processos mentais que inter-relacionam o entendimento e a memória (níveis variáveis de abstração). Por isso deve estar sempre a disposição nas aulas, não só exclusivamente na disciplina de geografia, pois a cada assunto que é abordado em sala de aula, podemos estar localizando lugares, o que faz melhor ilustrar as aulas e deixar o aluno melhor se aproximar com a realidade. Outro instrumento que possibilita a compreensão dos alunos com relação a localização é a bússola. Com esse instrumento o professor pode fazer atividade de localização levando os alunos na rua e pedindo para que localizem determinados pontos na área estudada. Outro instrumento que o professor não pode esquecer de mencionar mesmo que ele não dispõem é o GPS (sistema de posicionamento global). Através de vídeos o professor pode trabalhar vários assuntos, ilustrando ainda mais suas aulas. Por exemplo: quando comentar sobre o Brasil, tentar coletar algum vídeo (por exemplo: o filme Central do Brasil) que mostre algo sobre o nosso país. A partir daí pode o professor pedir para que os alunos pesquisem algo mais sobre o mesmo, fazer debate, etc. Com o uso de recortes de noticias de jornais, o professor ao mesmo tempo em que trabalha assuntos transversais, pode estar trabalhando a localização dos lugares que estão abordados nas reportagens, podendo assim partir também para um trabalho em mapas. Coleta de fotos e figuras também contribuem para que os alunos compreendam melhor o assunto estudado. Principalmente para alunos das séries iniciais que ainda estão na fase da construção dos conceitos. Por exemplo: para explicar a diferença para os alunos entre um bairro nobre e um subúrbio, além é claro do professor questionar seus alunos, pode representa-los através de fotografias e figuras reais. É muito interessante nesta fase de escolaridade (séries iniciais), dinamizar as aulas de geografia através de jogos da memória, quebra-cabeça, dominós. Todos com conteúdos que contemplem a disciplina de geografia. Esses jogos podem ser elaborados em sala de aula com os próprios alunos. 29 Aqui foram abordados alguns métodos de ensino e instrumentos que possibilitam o professor melhor trabalhar a disciplina de geografia. Cabe ao professor usar a criatividade a obter ainda mais instrumentos que possibilite fazer suas aulas mais dinâmicas. 3.1.1 O ensino da geografia na proposta de Santa Catarina: a geografia oficial Segundo o que consta a Proposta Curricular de Santa Catarina de 1998 houve uma reformulação em 1988 dentro da disciplina de geografia no currículo escolar, já que passamos por um novo momento histórico. O surgimento de novos fatos históricos levou os professores a repensarem novas práticas pedagógicas. A geografia, antes vista de forma fragmentada, onde aspectos físicos e humanos não se encontravam, levou a uma nova realidade frente ao mundo globalizado. Fazendo estudar os lugares e o mundo, incorporando novos e rediscutindo velhos conceitos, a fim de dar conta desse novo cenário mundial. Segundo a Proposta curricular de Santa Catarina (1998), o avanço no processo de aprendizagem vem sendo acompanhado também por mudanças em alguns livros didáticos de geografia. Os livros de geografia passaram por mudanças na forma de abordagem de determinados assuntos do mundo atual. Atualmente, a geografia tem um novo papel dentro do contexto escolar, buscando o entendimento da própria sociedade em que vivemos. Segundo a Proposta Curricular de Santa Catarina (1991): A Geografia que propomos seja ensinada, deriva de uma concepção cientifica em que o espaço geográfico é produzido e organizado pelo homem. Conceber a Geografia como estudo da organização do espaço pelas comunidades humanas, significa estudar as relações que os homens desenvolvem no e com o meio: pressupõe o conhecimento de como os homens em suas relações com os outros homens se apropriam da natureza, pensam, produzem e organizam o espaço ao longo dos tempos. Segundo a Proposta curricular de Santa Catarina (1991), a geografia no Brasil na década de setenta passou por mudanças. Mudanças que foram fundamentadas no Materialismo Histórico. Tais fundamentos nos permitem, segundo Gomes (1995): 30 “A passagem da imagem caótica do real para uma estrutura racional, organizada e operacionalizada de um sistema de pensamento. A primeira etapa desse método é, pois, a busca de elementos essenciais comuns que estruturam o real. A perspectiva marxista encontra no método materialista-histórico o instrumento capaz de projetar a percepção para além do fenomenológico, fazendo sobressair as verdadeiras essências escondidas atrás das aparências. A realidade última é, portanto revelada por intermédio da razão, que reconhece no movimento caótico da sociedade, os fatores fundamentais de sua organização e de seu desenvolvimento”. Na década de oitenta surgem novas mudanças trazidas pela geografia crítica. Sendo agora, uma geografia comprometida com os anseios da sociedade. Diante das mudanças, foram divulgadas novas práticas pedagógicas pelas propostas curriculares em todo o país. Segundo Andrade (1994), compromisso social deve ser maior do que o interesse pessoal, que vivemos nesta última década do Segundo Milênio, um dos momentos das transformações mais agudas da sociedade, e a geografia nasceu não só como uma ciência social, mas também como uma ciência eminentemente política. Segundo o que Andrade (1994) aponta como momentos de transformações agudas na sociedade, seria a revolução técnico cientifica que a sociedade acompanhou e vem acompanhando nas últimas décadas, que fez cada vez mais o mundo tornar-se globalizado, mudando de forma significativa na maneira da sociedade organizar-se. Diante disso, a Proposta Curricular de Santa Catarina propõe que a Geografia que deve ser ensinada é a que concebe o espaço geográfico como produção do homem, num processo de construção social que é dinâmico e contraditório. A geografia a ser ensinada hoje é uma ciência que estuda aquilo que é marcado no território, que expressa o espaço como resultado de lutas, das disputas, do jogo de interesses e de poder dos povos, das sociedades, e dos homens. Segundo o que já foi visto e mencionado pelos autores referenciados, a proposta Curricular de Santa Catarina (1998), vem ao encontro e apóia-se fundamentalmete nas idéias apresentadas, por exemplo, em Callai (2003). A autora aborda que as séries inicias são o período de alfabetização e a geografia contribui, junto com as demais componentes da área de ciências sociais, para possibilitar o acesso ao conteúdo no processo de alfabetização, ao aprender a ler e escrever o mundo da vida. Sendo que o papel fundamental da Geografia nesta fase é construir conceitos, utilizando-se das informações da própria realidade, considerando o espaço vivenciado e visível. Este ó o momento segundo autores já estudados, de concretizar e complexificar a busca da identidade do aluno e sua situação no mundo social. 31 As séries iniciais é o momento, segundo a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), em que o aluno vai estudar o lugar em que vive, contextualizado nos demais níveis da escala de análise. Sendo que se pode considerar como temas de estudo: Quem são os homens que vivem nesse lugar?; Como eles se organizam? Como são as condições do lugar em que se vive (meio ambiente, infra-estrutura urbana e social)? Como é o espaço produzido pelo homem neste lugar? As atividades que essas pessoas exercem? As paisagens desses lugares em que se vive, como aparência dos processos sociais e das relações da sociedade com a natureza? Sendo que todos esses temas podem estar dentro de um único conteúdo, que é o estudo do município. Com isso, o município torna-se um conteúdo de grande importância nas séries iniciais, podendo ser estudado não em uma única série, mas em todas as séries das séries inicias, com diferentes abordagens, como discutido anteriormente. Consta na proposta Curricular de Santa Catarina (1998), que ao finalizar as séries iniciais, o aluno deverá ter organizado o conhecimento do seu mundo cotidiano, na perspectiva do seu município de moradia, da região do Estado e da sua inserção local e regional no Estado e possuirá bases para desencadear o estudo de Santa Catarina como uma Unidade da Federação, na qual vive, com suas especificidades regionais e sua integração no espaço brasileiro e sul-americano. O mais importante nas séries iniciais é a construção dos conceitos que serão estudados durante todo o período escolar do aluno. Portanto, os temas escolhidos, podem se repetir em várias séries, mas com aprofundamento de uma série para outra. Isso levará o aluno a desenvolver sua aprendizagem, analisando sua realidade conforme o que ele estudou. 3.1.2 A geografia distante da realidade e o livro didático Talvez para muitos professores das séries iniciais o objetivo da geografia seja a própria gênese da palavra: Geo – Terra e grafia – descrição. Ou seja, descrever a Terra de forma abstrata, a partir de estereótipos, de conteúdos vinculados a livros ultrapassados, de uma realidade que já tenha mudado, levando o aluno a ter uma própria ilusão de mundo. Talvez por achar mais cômodo para si próprio utilizar sempre o mesmo livro (já com folhas amareladas) sem procurar se interar de novos instrumentos didáticos, que irão lhe oportunizar novas práticas pedagógicas. Não que o livro didático não deva ser utilizado, pode e até deve 32 ser utilizado com fonte de pesquisa, mas não como o único recurso. Segundo o autor Castrogiovanni (2003): O livro deve oportunizar a reformulação de idéias e conceitos anteriormente empregados, inclusive do próprio texto. Isto significa a leitura do mesmo à luz da realidade, interpretando cada colocação, a partir do seu cotidiano, permitindo que o professor e aluno utilizem suas vivências e experiências no sentido de contribuir para o entendimento da geografia como ciência transformadora, assim possibilitando uma imediata utilização e valorização deste campo de conhecimento. Castrogiovanni (2003), afirma que atualmente nos deparamos com muitas críticas quanto aos atuais livros didáticos de geografia. Segundo estes autores alguns livros de geografia trazem absurdos, mostrando ainda alguns conceitos de forma muito tradicional da geografia atual, por outro lado, nos deparamos com publicações que podem contribuir de maneira significativa para o trabalho do professor. Para Castrogiavanni (2003), a seleção do livro didático deve ser constantemente discutida, analisando sempre a metodologia aplicada na geografia, sendo que as informações contidas no livro, como conceitos específicos, dados gráficos, tabelas e mapas, devem ser as mais fiéis possíveis à realidade estudada. O vocabulário aplicado deve ser o mais claro possível para que o aluno melhor compreenda. O livro didático deve oportunizar tanto ao professor quanto ao aluno desenvolverem a criatividade, sem trazer idéias prontas e limitadas. Trazendo elementos que possibilitem a observação, interpretação e uma visão crítica da atual sociedade, através de assuntos da atualidade. Cabe ao professor ter o bom senso de ter o livro didático como mais um recurso didático em suas aulas, não o único recurso, pois ele pode fazer de suas aulas um demonstrativo de informações, não valorizando a realidade e experiência já vivida pelo seu aluno. Um ensino distante da realidade faz o professor trabalhar, por exemplo, o conceito de paisagem, analisando somente o que é belo, sem fazer referência as paisagens modificadas, colocando o homem como elemento integrante. Ou trabalhar o conceito de lugar, falando, por exemplo, de São Paulo (que é o que geralmente vem nos livros didáticos), sem comentar da cidade que o aluno mora. Ou pior ainda é falar de espaço achando que o único seria aquele ocupado pelos astros, sem se quer falar do espaço ocupado pelo homem na Terra, no mundo, no seu país, na sua cidade e comunidade. É inútil falar de pobreza, dando como exemplo so- 33 mente os nordestinos, sem falar da pobreza de sua cidade, fazendo o aluno acreditar que a cidade que mora não existe pobre. Todos os exemplos citados acima levam os alunos a terem a geografia como mais uma disciplina a ser estudada, sem nenhum valor. Isso pode ser totalmente diferente se o professor tentar mudar sua prática, tentando mudar alguns hábitos, levando para sala de aula mais dinamismo, procurando associar o que é estudado em geografia com a realidade vivenciada pelo aluno. Essa visão de uma geografia descritiva, longe da realidade, foi em uma outra época. Atualmente o mundo passa por muitas mudanças, vivemos em um mundo globalizado, pertencemos a esta sociedade. Vivenciamos a era da Internet e de outras tecnologias, não podemos ficar para trás. Cabe ao professor interar-se de novos assuntos, com a responsabilidade de formar cidadãos e não somente em passar simples conteúdos do programa curricular. 3.2 As práticas pedagógicas dos professores nas séries iniciais Diante da pesquisa realizada, através de alguns referenciais bibliográficos sobre a disciplina de geografia nas séries iniciais, procurei coletar dados concretos, através de uma entrevista com seis professoras pedagogas que atuam nas séries iniciais nas escolas públicas Engenheiro Ernani Cotrim e Júlio Serafim Gonçalves em Guatá no município de Lauro Müller. Ao todo foram seis professoras de seis turmas das séries iniciais do ensino fundamental, totalizando 130 alunos. A entrevista foi realizada através de um questionário elaborado com dez perguntas abertas a respeito da disciplina de geografia na série que cada uma leciona. Procurei deixá-las tranqüila para responder as perguntas, preservando o nome de cada uma na folha do questionário. Solicitei que respondessem as perguntas sem pesquisar em livros, como a proposta e que fossem sinceras em suas respostas. Observei que todas ficaram inseguras para responder por eu ser professora formada na disciplina. Notei que todas recorreram aos livros didáticos (como a proposta curricular) utilizando até as mesmas frases em suas respostas. Quando recolhi os questionários, conversei com algumas e notei que suas falas não condiziam com o apresentado no papel. 34 Procurei questionar o que sabem sobre geografia, me responderam o seguinte: que é o estudo do espaço físico em que vivemos, outra falou que é descrição da Terra, é o estudo da terra, estuda a superfície da Terra e as relações que os homens desenvolvem com o meio e também falaram que a geografia hoje, é o estudo da compreensão das relações sociedadeespaço. Observei que, mesmo fazendo relação da sociedade com a geografia, o conceito que tem sobre esta disciplina ainda é muito vago e não condiz com que os autores abordam sobre a geografia nas séries iniciais. Segundo Kaercher (2003), a geografia é feita no dia-adia, seja através da construção de uma casa, da plantação de uma lavoura ou através das decisões governamentais. Ou ainda pelas nossas ações individuais, como pegar um ônibus, fazer compras, etc. Cabe então ao professor que atua nas séries iniciais aproveitar de todas as situações vividas pelos alunos para fazer o uso da disciplina de geografia. Sobre a importância da geografia, me responderam que serve para formar cidadãos e para reconhecer o lugar onde moram. Praticamente para esta pergunta a resposta foi unânime entre as professoras. Sobre o tempo destinado a disciplina de geografia, todas responderam que são duas aulas semanais de quarenta de cinco minutos cada uma. Realmente a geografia deve servir para formar cidadão. E portanto, o professor contribuir realizando um trabalho que realmente proporcione ao aluno interagir com o meio que vive, tornando ele um verdadeiro cidadão. Questionei sobre como foram trabalhados os conceitos de geografia durante a formação acadêmica de pedagogia. Todas responderam que foram estudados de uma forma breve e superficial e que o tempo destinado para a disciplina de geografia não foi suficiente para estudar com mais profundidade os conceitos, já que no curso de pedagogia, as disciplinas de geografia e história são vistas em uma única disciplina e por um único professor como o antigo Estudos Sociais. Dessa forma fica muito difícil para o professor das séries iniciais ter segurança tanto com a disciplina de geografia ou com a história, já que ambas as disciplinas são vistas juntas por muitos cursos de pedagogia. Isto faz com que muitos professores não consigam distinguir a diferença entre história e geografia, levando a trabalharem erroneamente alguns conceitos. 35 Quanto ao assunto de geografia que as professoras tem mais dificuldade, são os conteúdos que envolvem a localização e que devem ser utilizados mapas. Analisei que a dificuldade, portanto é maior com a cartografia e interpretação de mapas. Com certeza os professores das séries iniciais têm dificuldades em trabalhar a questão da localização e interpretação dos mapas. Como foi visto anteriormente, no curso de pedagogia a metodologia de história e geografia são estudadas em uma única disciplina o que torna o tempo muito pouco para se estudar com mais profundidade ambas as disciplinas. Para as professoras entrevistadas o lugar onde vivem é um assunto importante que deve ser trabalhado em geografia. Para tirar dúvidas sobre algum conteúdo, todas me responderam que além de livros recorrem a internet, vídeos ou colegas e usam como recursos didáticos além do livro, DVD e jornais. Com certeza o lugar onde os alunos moram deve ser o ponto de partida para se iniciar o estudo de geografia nas séries iniciais. O lugar não deve ser visto apenas por uma simples descrição, mas como algo que faz parte da vida dos alunos e que possui muitos problemas que devem ser estudados na busca de torná-lo melhor. Concluí que as professoras procuraram responder de acordo com a Proposta Curricular de Santa Catarina, achando que não deveriam errar às perguntas respondidas e ficaram inseguras para responder realmente o que sentem com a disciplina de geografia em suas aulas. Em conversa informal com duas das professoras entrevistas, uma ressaltou que tem dificuldades em suas aulas já que o assunto fica centralizado no estudo do município e o livro que a Secretaria da Educação utiliza aborda os países. Outra professora comentou que não gosta de trabalhar geografia, por ter sido uma disciplina “chata” quando estou no ensino fundamental. Observei que, quando apresentei a entrevista às professoras, todas demonstraram pouca afinidade com a disciplina e que o maior vilão dessa história foi à geografia tradicional que tiveram ainda quando crianças durante todo o ensino fundamental. Através da entrevista com as professoras, observei que é difícil trabalhar nas séries inicias com tantos conceitos, já que as disciplinas neste nível de ensino são vistas por um único professor. O maior problema encontrado pelas professoras é trabalhar a questão da localização e interpretação dos mapas o que faz com que os alunos cheguem a 5a série com tantas dificuldades em se situar. A falta de preparação, demonstrada pelas professoras, em trabalhar os conteúdos de geografia nas séries iniciais, pode estar ligada a formação pedagógica que receberam, já que foi uma das queixas apresentadas pelas professoras. 36 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das dificuldades encontradas em trabalharmos com alunos de 5a série no ensino de geografia, procurei entender como se dá o ensino dessa disciplina nas séries iniciais. Através da abordagem bibliográfica em vários autores professores de geografia, procurei analisar como vêem a geografia nas séries iniciais, quais os objetivos desta disciplina neste nível de ensino e as metodologias mais adequadas para serem aplicadas. Apoiando-se na didática sócio interacionista de Vygotsky, a autora do livro: “G eografia, escola e construção de conhecimentos”, Lana de Souza Cavalcanti, retrata através de uma visão crítica, a história da geografia e sua metodologia. Assim como outros autores ela aborda essa disciplina em seu momento tradicional, que acontecia de forma descritiva, informativa, descontextualizada da realidade e pouco questionadora. Observo que essa fase marcou muito o ensino de geografia, deixando ainda hoje herança dessa época no ensino escolar por parte de muitos profissionais. Com a geografia quantitativa também não foi diferente, o ensino passou a utilizar dados estatísticos, que embora representem nossa realidade, contribui para camuflar os problemas das cidades, dos bairros, entre outros. A geografia tanto acadêmica e escolar passou por reformulação, surge então a geografia crítica. Esta nova visão da geografia vem com o objetivo de integrar o homem e sua história com o mundo estudado por esta disciplina. Esta nova fase da geografia assemelha-se a didática sócio interacionista de Vygotsky, que segundo este autor a aprendizagem se dá a partir da vivência e realidade da criança. Portanto os autores abordados na pesquisa como: Lana Cavalcanti, Antonio Carlos Castrogiovanni, Helena C. Callai, Neiva O. Schaffer e Nestor A. Kaercher apóiam-se a esta metodologia de ensino. Segundo os autores citados o ensino da geografia deve seguir uma didática Crítico-Social, onde o ensino é um processo do conhecimento do aluno, mediado pelo professor e pela matéria que ele próprio ensina, no qual devem estar articulados seus componentes fundamentais: objetivos, conteúdos, métodos e ensino. Os autores ainda apontam que se o professor quer realmente ensinar os alunos a pensarem dialeticamente, é importante definir ao mesmo tempo, que conteúdos permitem a eles o exercício desse pensamento e o modo sob o qual esse exercício é viável. 37 De acordo com Vygotsky a aprendizagem da criança se dá através da construção de conceitos estudados. A formação dos conceitos é um processo criativo e se orienta para a resolução de problemas. E portanto, é na infância que é importante começar trabalhar de forma correta os conceitos de geografia e por isso o meio deve fornecer condições que estimule a construção dos conceitos. De acordo com a metodologia sócio interacionista de construção dos conceitos apontada por Vygotsky, os autores apontam os conceitos fundamentais que devem ser estudados nas séries iniciais: lugar, paisagem, região, natureza, sociedade e território. Segundo os autores todos os conceitos estudados devem partir da realidade do aluno, comprometendo-se em contribuir na formação do cidadão. Através da construção dos conceitos iniciada nas séries iniciais, a aprendizagem na 5a série do ensino fundamental pode partir para o estudo de conteúdos mais específicos. Portanto é fundamental que o professor das séries iniciais comprometa-se em trabalhar de forma correta os conceitos que serão fundamentais para o estudo da geografia no decorrer do ensino escolar. O professor deve partir de um trabalho com auxílio de instrumentos didáticos que possibilite a melhor representação da realidade do aluno. Como instrumentos didáticos utilizados nas aulas de geografia são sugeridos: o globo para representar a Terra; o mapa para melhor representar o espaço ocupado; a bússola como instrumento de orientação; fotografias para ajudar a trabalhar as paisagens e suas transformações; vídeos para ajudar ilustrar o assunto que está sendo trabalhado; músicas para refletirem sobre assuntos que envolvem a disciplina, jornais que possibilitam o estudo da atualidade. Assim o estudo passa a ser mais agradável e mais próximo do que o aluno vive. O livro didático segundo o que os autores abordam é um ótimo recurso didático, mas não o único, e portanto deve ser mais utilizado como fonte de pesquisa tanto pelo professor como pelo aluno. Ainda o professor deve ter o cuidado de sempre fazer a conexão do que o livro apresenta com a realidade do aluno. E para que sempre o aluno consiga compreender os conceitos com maior clareza, os conteúdos estudados nas séries iniciais devem sempre partir do lugar, bairro e cidade que os alunos moram. Em entrevista a seis professoras das séries iniciais procurei compreender o que faz com que os alunos ao chegarem na 5a série tem um conceito negativo da disciplina de geografia. Busquei analisar o que as professoras sabem sobre a disciplina de geografia, suas dificuldades, entre outras. Observei que as professoras tentam ter a disciplina de geografia como 38 formadora da cidadania, mas por outro lado demonstraram que possuem dificuldades, como por exemplo, trabalhar localização e interpretação de mapas e queixaram-se quanto a formação que receberam na pedagogia, já que a metodologia de história e geografia são estudadas em conjunto, limitando muito o tempo para o estudo de cada uma. Assim posso concluir que para o estudo da geografia nas séries iniciais tornar-se interessante e comprometedor com a formação do cidadão de acordo com a concepção sócio interacionista de Vygotsky defendida pelos autores pesquisados, os professores das séries iniciais devem ter apoio de profissionais da área da geografia que os orientem para aperfeiçoar o trabalho com os conteúdos que envolvem a disciplina. É muito importante que as secretarias disponibilizem cursos periodicamente para os professores das séries iniciais. 39 REFERÊNCIAS ANDRADE, Manuel C. de. Geografia, ciência da sociedade. São Paulo: Atlas, 1994. BOMFIM, N.R. As representações sociais do espaço a serviço da geografia escolar. Revista ciência geográfica, ano X, v. X, n.11, p. 252-253, 2004. CAVALCANTI, L. de S. Geografia, escolar e construção de conhecimentos. Campinas (São Paulo): Papirus, 1998. CALLAI, Helena Copetti. O ensino em estudos sociais. Editora: Unijuí da Universidade regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 1991. CALLAI, Helena Copetti. Geografia em sala de aula: práticas reflexões / org. Antonio Carlos Castrogiovanni – Porto Alegre: Editora da UFRGS/ Associação dos Geógrafos Brasileiros – 2003. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões / org. Antonio Carlos Castrogiovanni – Porto Alegre : Editora da UFRGS/ Associação dos Geógrafos Brasileiros – 2003. CORRÊA, Roberto L. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 1986. COORRÊA, Roberto L. Espaço: Um conceito-chave da geografia. In: Castro, Iná e outros (orgs.). Geografia: Conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. GOMES, Paulo César da C. O conceito de região e sua discussão. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. MOREIRA, Ruy. O discurso do avesso ( Para a crítica da geografia que se ensina). Rio de Janeiro: Dois Pontos, 1987. MOREIRA, Ruy. Assim se passaram dez anos (A renovação da geografia no Brasil – 1978-1988). São Paulo, 1992. MORAES, Antonio C. R. Geografia, pequena história crítica. São Paulo: Hucitec, 1986. MORAES, Antonio C. R. Renovação da geografia e filosofia da educação. In: Oliveira, Ariovaldo U. de (org.). Para onde vai o ensino de geografia? São Paulo: Contexto, 1989. 40 KAERCHER, Nestor André. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões / org. Antonio Carlos Castrogiovanni – Porto alegre: Editora da UFRGS/ Associação dos Geógrafos Brasileiros – 2003. PEREIRA, Diamantino. Geografia escolar: Conteúdos e/ ou objetivos? Caderno Prudentino de Geografia (17). Presidente Prudente: AGB, jul.1995. SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação. Proposta Curricular. Florianópolis: IOSESC, 1991. SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação. Proposta Curricular. Florianópolis: GEGEN, 1998. SANTOS, Douglas. Conteúdo e objetivo pedagógico no ensino de geografia. Caderno Prudentino de Geografia (17) Presidente Prudente: AGB, jul. 1995. SANTOS, Milton. Metamorfose do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988. SANTOS, Milton. Os espaços da globalização. Gendev. Paris, 1993. SOMMA, Miguel Ligüera. Enseñanza de la geografia: alguns problemas metodológicos.boletim Gaúcho de Geografia, n.20, Porto Alegre: 1995. SOUZA, Marcelo J. L. O território: Sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. SCHÄFFER, Neiva Otero. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões / org. Antonio Carlos Castrogiovanni – Porto Alegre: Editora da UFRGS/ Associação do Geógrafos Brasileiros – 2003. VLACH, Vânia. Geografia em debate. Belo Horizonte: Lê, 1990. VESENTINI, José W. O método e a práxis. Terra Livre. São Paulo: 1987. VESENTINI, José W. O ensino da geografia no século XXI. São Paulo: 1995. VYGOTSKY, Lev S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993. 41 ANEXOS 42 ANEXO 01 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA SOBRE A ATUAÇÃO DO PROFESSOR DAS SÉRIES INICIAIS COM A DISCIPLINA DE GEOGRAFIA EM SUAS AULAS Meu nome é Viviane. Sou professora de geografia. Faço pós-graduação em geografia e coleto dados para minha monografia. As perguntas a seguir são sobre o seu trabalho nas séries iniciais com a disciplina de geografia. Seu nome ficará em sigilo (mas se quiseres se identificar fique à vontade). Não há respostas certas ou erradas. Para respondê-las pense em suas aulas de geografia na série que você leciona. Obrigada. ESCOLA:.............................................................................................. SÉRIE:............. 1. O que é Geografia? 2. Qual a importância da Geografia na escola, especificamente nas séries iniciais? 3. Quais os conceitos/conteúdos você trabalha em geografia? 4. Qual espaço de tempo da Geografia no seu planejamento? 5. Durante a sua formação como pedagogo(a) como foram estudados os conceitos essenciais da geografia (tempo, espaço, lugar, paisagem, território)? 6. O tempo de estudo da geografia no seu curso superior foi suficiente para você trabalhar na sua prática pedagógica? 7. Em quais assuntos abordados em sua sala de aula sobre geografia você tem mais dificuldades? 8. O que você considera importante para estudar em geografia na série que você leciona. Por que? 9. Quando você tem dificuldade com algum assunto de geografia a quem você recorre para tirar suas dúvidas? 10. Além do livro didático, quais outros instrumentos didáticos você procura utilizar em suas aulas?