18 DIDÁTICA E PRÁTICAS DE ENSINO NAS SÉRIES INICIAIS MARCONDES, Elisiane1 RESUMO Este artigo tem um significado maior apesar da sua especificidade temática de seu conteúdo. Foi entre os Gregos que se ancora a etimologia da palavra técnica, que significa arte, habilidade. É com esse sentido que os dicionários trazem a arte como um “conjunto de processos de uma arte”, ou “a maneira ou habilidade especial de executar ou fazer algo”, e designa sempre a uma atividade prática, diferentemente da ação de compreender. Assentandose as discussões sobre as técnicas de ensino, algumas questões são levantadas com ênfase: que relações a técnica de ensino tem com a forma de ensinar? Que relações estabelecem com os conteúdos? Constitui a técnica de ensino um conjunto de orientações normativas, por meio das quais se consegue algo? Uma coisa é óbvia, as técnicas de ensino não são naturais ao processo de ensinar, mas são condições que dão acesso a ele. Portanto, nesse sentido elas são compreensíveis como “artifícios” que se interpõem na relação professor e aluno, submissas a autoridade e intencionalidade do primeiro. Assim sendo, as técnicas de ensino não são algo mecânico que se sobrepõe a relação humana como quer certas tendências pedagógicas. Palavras Chave: Didática. Prática de Ensino. Planejamento. Currículo ABSTRACT This article has a bigger meaning despite their thematic specificity of its content. Was among the Greeks that anchors the etymology of the word technique, which means art, skill. It is with this sense that the dictionaries bring art as a "set of processes of an art", or "the way or special ability to perform or do something", and designates the a practical activity, unlike action to understand. Seating-if discussions about teaching techniques, some questions are raised with emphasis: what relations the teaching technique has with the way to teach? To establish relations with the content? Is the technique of teaching a set of regulatory guidelines, whereby you get something? One thing is obvious, the teaching techniques are not natural to the process of teaching, but are conditions that give access to it. So in that sense they are understandable as "gimmicks" that stand in the relationship between teacher and student, submissive to authority and intentionality of the first. Therefore, the teaching techniques are not something mechanical that overlaps the human connection as either certain pedagogical trends. Word – key: Didactics. Practice of teaching. Planning. Curriculum INTRODUÇÃO 1 Acadêmica da Pós graduação em Ppsicopedagogia e Gestão Escolar . Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível:: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 19 E em consequência sua autonomia permitirá discorrer a respeito de um saber sobre as técnicas de ensino e é isso que procuramos realizar, porém, devemos ter consciência de que o ensino seja puramente técnico. Devemos reconhecer sim que a significação e o lugar da técnica que permite viabilizar a execução do ensino. De outro modo cairíamos numa inversão de que o saber é puramente técnico, e bastaria informar para formar, instruir para educar e assim provocar a aprendizagem. Nessa linha teríamos a possibilidade de sustentar que as técnicas de ensino são puramente mecânicas. 1. Didática e Práticas de Ensino Com essas inquietações é que percebemos que as técnicas de ensino, apesar de resguardadas pelo pensamento dominante de que as mesmas estivessem a serviço do homem, determinadas técnicas tem implicações e conceitos mais comprometidos com a “descentração” do homem. Portanto, eficácia, rendimento e eficiência devem estar em nosso horizonte pedagógico sem imobilizar o processo a ponto de realizar um ensino e uma aprendizagem ampla e irrestrita. As mudanças nas praticas de ensino nos ultimo anos, ocorreram articuladas às transformações sociais, políticas e educacionais de forma ampla, bem como aquelas ocorridas no interior dos espaços acadêmicos e escolar. Assim, discutir o ensino hoje é na verdade dar ênfase a produção do conhecimento da realidade educacional, como também de outras áreas, sobretudo as sociais, que se revestem de ênfases, oscilações e evoluções em torno dos conceitos-chave, ora mais, ora menos, penetrados por conceitos ideológicos, determinadas pela própria dinâmica da realidade histórica. Tornar independente o processo de ensinar e de aprender no desenvolvimento das aulas é nada mais, nada menos que o professor ensinar e o aluno aprender e assim superar a visão de especialistas que tão somente conhecem e explicam bem o assunto e deixam a tarefa de aprender como total responsabilidade do aluno. Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível:: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 20 O Conceito expressivo na educação, por mais disperso que à princípio pareça ser, preconiza a construção de conhecimento, através de um processo ensino-aprendizagem que leva o indivíduo a aprender, a saber pensar, criar, inovar, construir conhecimentos, participar ativamente de seu próprio crescimento, sempre orientado pela sua experiência, de seus pares e os facilitadores do processo conhecimento - os Educadores Expressivos. Permitindo assim, que ao indivíduo apoderar-se do único ser que ele é, expressar-se e através da relação interpessoal que estabelece com outros reconhecendo em si e nesta relação o conhecimento que traz e constrói com o outro. Esta nova forma de pensar Educação, pressupõe que educar significa, portanto, propiciar situações, experiências e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo através de mediadores expressivos, tais como a expressão artística, plástica, dramática, lúdica, musical, entre outros. A princípio didática e currículo se desenvolveram de forma paralela, sem a interferência de uma no campo da outra, referindo-se cada uma a conteúdos, sujeitos e finalidades diferentes. Somente a partir dos anos 60 o currículo começou a formar parte do campo da didática, alternando-se sua incumbência segundo predominava uma forma ou outra de entender a educação e a didática. Porém a tendência atual considera imprescindível uma integração entre currículo e didática, esta favorece o trabalho em sala de aula. A didática com suas técnicas são ferramentas cotidianas do professor e, como tal, estão em contínua evolução, razão porque os conteúdos destinam-se não só a reforçar os conceitos fundamentais das disciplinas, mas, sobretudo, aperfeiçoar e atualizar o professor pelo conhecimento de novas técnicas que possam vir a ser utilizadas em sala de aula. É uma ciência teórico-prática, que pesquisa e experimenta novas técnicas de ensino e sugere formas de comportamento a serem adotadas no processo da instrução. A instrução é um conjunto de eventos planejados pelo professor com o fim de iniciar, ativar e manter a aprendizagem que consiste em uma mudança no comportamento do aluno em face do processo da instrução e é o resultado desse processo que, para ser eficiente, precisa ser planejado. Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível:: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 21 O planejamento da instrução é um processo de tomada de decisões que visam à racionalização das atividades do professor e do aluno, na situação de ensino-aprendizagem que envolve, pelo menos, três fases: elaboração, execução e avaliação. Os estudos curriculares e suas técnicas tendem a aspectos mais globais, expondo como se realiza a seleção e a organização do conhecimento. Ao planejar técnicas de ensino é fundamental estabelecer os objetivos que se pretende no processo ensino-aprendizagem, pois os objetivos comunicam aos alunos a intensão do professor em relação a sua aprendizagem, tendo em vista que é o professor quem toma as decisões sobre agrupamentos dos alunos em sala de aula. Da mesma maneira, é ele quem observa a dinâmica da turma, sendo assim, consideramos como mais vantajoso que seja ele quem decida os agrupamentos, porque é o professor que tem o saber mais elaborado sobre as melhores condições do conjunto da sala de aula. Assim sendo, o enfoque curricular há de ampliar o "que", o "porque", o "para que" e, em que condições há que levar-se a cabo o ensino, mas sempre colocando no centro de suas considerações o aluno. E para que estes conteúdos cumpram seu objetivo é necessário uma adequada seleção e uso acertado das melhores estratégias didáticas, que não poderão ser independentes do conteúdo, dos objetivos e nem do contexto. É importante para atingir as metas pretendidas uma estreita colaboração entre a elaboração do currículo e a escolha das técnicas e estratégias didáticas. O espaço físico da sala de aula deve ser planejado em função dos objetivos didáticos. Ensinar, aprender, pesquisar e avaliar por meio do projeto de ação didática centrada em problemas desenvolvidos por grupos de alunos, orientados por professores, introduz uma dinâmica nova na sala de aula. O projeto de ação didática desenvolve capacidades de pesquisa na medida que incita a observar, a recorrer às técnicas diversificadas - entrevista, questionário, trabalho em grupo, exposição dialogada, observação visitas, [...] para levantar indagações, desenvolver estratégias, descobrir, inventar... ( VEIGA, 2006, p. 76) Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível:: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 22 Na falta de estudos acadêmicos que se proponham a discutir encaminhamentos para o trabalho com os conteúdos na educação básica, duas formas de ensino continuam predominantes no contexto escolar. Uma, na qual os conhecimentos das várias áreas são ensinados conforme estão sistematizados e apresentados nos livros didáticos, reservando-se momentos "extras" para atividades diferenciadas, de cunho cultural, movidas, geralmente, por aspectos lúdicos. Outra, que prioriza saberes supostamente úteis para a formação do pensamento crítico e, consequentemente, para o exercício da cidadania. Nesta, os conteúdos clássicos acabam sendo valorizados tão-somente mediante a possibilidade de servirem a tal formação. Essas formas de ensino, divergentes entre si, não resultam de pesquisas orientadas pela abordagem Histórico-Cultural. Ocorre que, quando não se tem domínio sobre uma abordagem teórica, facilmente supõe-se encontrar nela indícios que justificam modos de ensino de conteúdos escolares há muito arraigados na sala de aula, onde Vygotsky (1989) enfatiza o impacto da aprendizagem no desenvolvimento dos sujeitos, bem como a necessidade de, no interior da escola, aos sistemas organizados de conhecimento ser destinada atenção especial. Porém, o entendimento equivocado dessa idéia pode justificar a primeira das duas formas de ensino acima destacadas. Como afirma Oliveira (1995, p. 14), "uma compreensão superficial de Vygotsky poderia levar a [...] uma postura diretiva, intervencionista, uma volta à educação 'tradicional". Já a segunda das duas formas de ensino evidenciadas parece se ancorar em um aspecto igualmente pertencente à teoria de Vygotsky e de seus colaboradores, qual seja: o desenvolvimento do pensamento. Junta-se a isso a falsa ideia de que o fato de a Teoria Histórico-Cultural ter raízes na matriz metodológica marxiana que garante que a meta das propostas que se dizem orientar por ela é promover a formação do pensamento crítico, lembrando-se que na atualidade não faltam alusões, sobretudo em documentos oficiais, de que o pensamento crítico é imprescindível ao exercício da cidadania. Sem dúvida, a transmissão do conhecimento sistematizado e a formação do pensamento no qual são analisados não como fenômenos estanques, mas como uma unidade que justifica a relevância do ensino. Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível:: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 23 Há que se destacar que, nessa perspectiva teórica, a formação almejada com a apropriação do conhecimento e aprender, portanto, não significa recitar um número cada vez maior de conceituações formais, mas elaborar modelos, articular conceitos de vários ramos da ciência, de modo a cada conhecimento apropriado pelo sujeito ampliar-lhe a rede de informações e lhe possibilitar tanto a atribuição de significados como o uso dos conceitos como instrumentos de pensamento. Enfim, a aprendizagem promove uma transformação cognitiva no indivíduo que envolve reflexão, análise e síntese, ou seja, "...o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer" (VYGOTSKY, 1984, p.101). 2. Um breve comentário sobre a relação Teoria e Prática A relação teoria e prática na formação do educador são mais uma das problemáticas, que também está evidente no processo ensino-aprendizagem, e que trata da formação dos profissionais de educação, quando nos referimos ao estabelecimento de uma relação harmoniosa entre teoria e prática. Na verdade a prática deveria ser uma aplicação da teoria. Se considerarmos que a diferença básica entre os seres humanos e os outros seres vivos conhecidos se prende às possibilidades de suas consciências, fica claro que toda atividade será mais ou menos humana na medida em que vincula ou desvincula da Ação-reflexão e Reflexão-ação. . Só ao humano é permitida a percepção de si mesmo, dos outros, dos seus próprios atos, do mundo e de toda a realidade que o caracteriza, ao mesmo tempo em que pode ser modificada artificial e intencionalmente por ele e é neste momento que percebemos a relação Teoria/Prática. O que seria uma sem a outra? Porém, vale ressaltar que existe uma subordinação por parte dos métodos e/ou técnicas em face aos conteúdos, oque deveria ser pelo menos equivalentes, no entanto o que podemos perceber é uma ênfase primordial na mera transmissão de conteúdos os quais são Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível:: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 24 universais nas escolas, que por sua vez deveriam estar atendendo às reais necessidades de vida dos alunos, fazendo uma relação entre conteúdo e contexto no qual estão inseridos. Diante dessa problemática, entende-se que as técnicas de ensino em sua metodologia assume uma importância fundamental no processo de ensino-aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste Artigo foi demonstrar as diversas habilidades que o professor deve dispor, sendo ele um agente mediador na relação ensino-aprendizagem, diante de uma formação acadêmica desvinculada com a realidade educacional, cuja desmotivação é a falta de conhecimento da elaboração de um bom planejamento, falta de treinamento didáticopedagógico e acaba comprometendo todo o processo de ensino, evidenciando que o mesmo não domina a habilidade na arte de ensinar, de formular perguntas, na habilidade de se comunicar, na habilidade de ilustrar com exemplos, na habilidade de empregar reforços e na habilidade de aumentar a participação dos alunos para o fechamento da aprendizagem. O professor deve ser o inspirador do aprendizado das matérias. Ele retomará o lugar que lhe é devido na sociedade quando despertar do marasmo comodista e partir para o devotamento profissional e a ação amorosa. Para isso deve pesquisar, inovar e incrementar seus conhecimentos pedagógicos, expandir sua cultura geral e procurar conhecer e desenvolver novas técnicas de ensino. O professor que deseja realizar uma boa atuação docente sabe que deve participar, elaborar e organizar planos em diferentes níveis de complexidade para atender, em classe, seus alunos. Pelo envolvimento no processo ensinoaprendizagem, ele deve estimular a participação do aluno, a fim de que este possa, realmente, efetuar uma aprendizagem tão significativa quanto o permitam suas possibilidades e necessidades. O professor utiliza uma série de procedimentos, visando receber o retorno de suas ações e, ao mesmo tempo, dar ao aluno o retorno das suas próprias ações. Desta forma, o professor vê o processo de ensino-aprendizagem de forma horizontal, como uma via de mão Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível:: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 25 dupla, onde ambos aprendem e assim, ensinam, estando, com certeza, mais aberto para dar, receber e trocar experiências. Esperamos que este artigo possa contribuir, principalmente, àqueles que almejam trabalhar, desenvolvendo novas habilidades na relação ensino-aprendizagem. Concluímos que a conscientização profissional deve ser um paradigma para o desenvolvimento de uma nova postura didática-pedagógica, frente às habilidades em prol dos alunos, onde possamos utilizar de técnicas especiais para contribuirmos com segurança e dedicação na construção do conhecimento do ser humano como um todo, para que este venha enfrentar o mundo com firmeza e desenvolva habilidades para se proteger do descaso social. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Lições de didática. Campinas: Papirus, 2006 MACHADO, Nilson José. Epistemologia e Didática – as concepções de conhecimento e inteligência e a prática docente. São Paulo: Cortez, 1996. OLIVEIRA, Marta Kohl. Pensamento de Vygotsky como fonte de reflexão sobre a educação. Cadernos CEDES. Campinas: Papirus,1995. PALANGANA, Isilda Campaner. Desenvolvimento & aprendizagem em Piaget e Vygotsky (a relevância do social). São Paulo: Plexus, 1994. SAMPAIO, Maria das Mercês Ferreira; RIBEIRO, Maria J. R. Coerência entre avaliação e organização curricular. In: Ensinar e aprender: reflexões e criação. v. 3. São Paulo: CENPEC, 1998. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1989. ____________. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. MACHADO, Nilson José. Epistemologia e Didática – as concepções de conhecimento e inteligência e a prática docente. São Paulo: Cortez, 1996. SFORNI, Marta Sueli de Faria. Aprendizagem conceitual e organização do ensino: contribuições da Teoria da Atividade. Araraquara: JM , 2004. Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível:: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266