FUTSAL, SÁBADO, 9H, NO GINÁSIO DE ESPORTES Filiado à O BANCÁRIO O único jornal diário dos movimentos sociais no país Edição Diária 5816 | Salvador, de 17.04.2015 a 19.04.2015 Presidente Augusto Vasconcelos TERCEIRIZAÇÃO joão ubaldo Nos bancos, a rejeição ao projeto de terceirização aprovado na Câmara Federal mobiliza bancários e clientes. O temor do desemprego é geral Pressão popular impõe derrota à terceirização Página 2 Jovens negros, maiores vítimas do Estado Página 4 Uma categoria sob ameaça Sem fiscalização, os bancos fazem o que bem entendem no Brasil. Cobram juros abusivos, demitem e terceirizam. O setor ampliou em 388% os gastos com a terceirização. Só para não pagar direitos próprios dos bancários. Página 3 www.ban car i os bah i a. org. br 2 o bancário TERCEIRIZAÇÃO Salvador, de 17.04.2015 a 19.04.2015 • www.bancariosbahia.org.br Eduardo Cunha amarga derrota joão ubaldo Pressão popular surte efeito e Câmara Federal adia a votação do PL 4330 rose lima [email protected] O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sofreu a primeira derrota nesta semana. A pressão do povo nas ruas, na quarta-feira, surtiu efeito e, acuados, os parlamentares adiaram a votação dos destaques do projeto de lei 4330, que libera a terceirização indiscriminada até nas atividades-fim da empresa. Cunha até tentou resistir, mas também sentiu na pele a forte pressão e recuou. A previsão é de que a proposta seja votada na próxima semana. Apesar da derrota, o presi- Manifestações nas ruas são fundamentais para pressionar parlamentares Bancários na mídia Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o algoz dente da Câmara, não vai desistir, afinal tem de pagar a conta bilionária da campanha eleitoral e o lobby do poder econômico é grande. O cenário, portanto, continua delicado e exige união entre os trabalhadores. A paralisação dos bancários e demais categorias contra o projeto de lei da terceirização teve grande repercussão em sites, jornais, televisão e blogs da Bahia. Os trabalhadores fecharam mais de 100 agências no Estado em protesto à votação do PL, aprovado na semana passada pela Câmara Federal. Em todas as entrevistas, o presidente do Sindicato, Augusto Vasconcelos, fez questão de alertar sobre os prejuízos da proposta. A terceirização reduz salários, corta direitos, como 13º e férias, e aumenta a jornada de trabalho. Senado se posiciona Ainda sob o efeito das manifestações que pararam o Brasil, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), resolveu se posicionar contra o projeto de lei da terceirização. O parlamentar diz que a proposta é um retrocesso nas leis trabalhistas e, por isso, não deve passar pelo Senado. Posição contrária a do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Advogados da Bahia se manifestam contra o PL Na Barra do Paraguaçu, jovem aproveita o pôr do sol para mergulhar iMAGEM DO DIA O BANCÁRIO Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 Fundado em 4 de fevereiro de 1933 A Associação Baiana de Advogados Trabalhistas (ABAT) está mobilizada contra o projeto de lei 4330. Ontem, os advogados distribuíram nas ruas manifesto que rejeita a ampliação da precarização do trabalho nas atividades-fim das empresas. Esteve presente no ato, realizado na sede da Justiça do Trabalho, Comércio, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), seção Bahia, Luiz Viana, que manifestou apoio a luta dos sindicatos e trabalhadores contra a terceirização. Informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Augusto Vasconcelos. Diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade. Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-Bahia. CEP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] Jornalista responsável: Rogaciano Medeiros - Reg. MTE 879 DRT-BA. Chefe de Reportagem: Rose Lima. Repórteres: Ana Beatriz Leal e Rafael Barreto. Estagiários em jornalismo: Amanda Moreno e Thiana Santana. Projeto gráfico: Márcio Lima. Diagramação: André Pitombo. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. o bancário www.bancariosbahia.org.br • Salvador, de 17.04.2015 a 19.04.2015 Visita na Caixa de Vilas do Atlântico Os diretores do Sindicato da Bahia e da AGECEF-BA visitaram a agência da Caixa de Vilas do Atlântico, em Lauro de Freitas, ontem, para verificar a situação da unidade, após um ataque ocorrido na quarta-feira. A unidade está destruída por conta da explosão de um terminal. Mas, a agência está fechada e deve voltar a funcionar na segunda-feira. Participaram da visita, o diretor do SBBA e a AGECEF-BA, Antônio Messias, além de Antonio Vianna, presidente a Associação dos Gestores da Caixa e de Paulo do Amor Divino, diretor. Ataque em dois bancos no interior A cidade de Tanque Novo está sem serviço bancário, por conta de duas explosões, ocorridas ontem, nas duas únicas agências do município. Enquanto parte da quadrilha dava tiros para o alto, a outra detonava o Bradesco e o Banco do Brasil. O dinheiro dos cofres e caixas eletrônicos foi levado. Até que os reparos sejam feitos, a população de Tanque Novo terá de se deslocar 75 quilômetros até Caetité para conseguir atendimento. Mesmo assim, a espera será longa, porque outra cidade próxima, Botuporã, também está sem serviço bancário em decorrência de um ataque ocorrido em dezembro de 2014. O Estado registra agora 75 ataques contra bancos, 60 no interior e 15 em Salvador. As explosões somam 47 casos, arrombamentos (8), assaltos (6) e tentativas frustradas (14). Moradores conferem os estragos após explosão TERCEIRIZAÇÃO Setor bancário é o que mais terceiriza Despesas dos bancos com terceirizados elevam 388% em 10 anos, diz o MPT rafael barreto [email protected] O bancário tem de ficar ligado e participar de todas as mobilizações contra o projeto de lei 4330, que versa sobre a terceirização. O setor financeiro é o que mais terceiriza mão de obra, aponta o MPT (Ministério Público do Trabalho). Entre 1999 e 2009, as despesas com terceirizados aumentaram em 388%, principalmente com trabalho de retaguarda e venda de produtos. Já o número de bancários apresenta redução considerável. No ano passado, foram mais de 5 mil demissões. A redução de custos com o funcionário com carteira assinada não se justifica, uma vez que o lucro cresce a cada ano. Em 2001, era de R$ 8 bilhões. Em 2010, batia na casa dos R$ 48,410 bilhões. Em 2014, chegou a inacreditáveis R$ 60 bilhões. Justiça Os bancos constantemente têm de responder processo judiciais. Segundo o MPT, a maior parte dos casos de terceirização termina em reclamações trabalhistas. Nas sentenças, os tribunais afirmam se tratar de terceirizações com a intenção de fraudar direitos próprios dos bancários. Mas, se o projeto de lei 4330 for regulamentado, os bancos vão poder terceirizar com o apoio da legislação. joão ubaldo Diretores do Sindicato e da Federação em reunião com representantes de Relações Sindicais do banco Sindicato negocia com o Santander A mesa de negociação entre representantes do Santander e diretores do Sindicato, ontem, no auditório do SBBA, tratou sobre condições de trabalho, assédio moral, contratações, metas e diferenças salariais. A saúde teve destaque. Bancários relataram os problemas em consultas médicas. Um funcionário disse que, em 2012, foi diagnosticado com LER, mas no ano seguinte foi demitido, mesmo sendo considerado inapto pelo médico. Outro bancário relatou o mau atendimento nas clínicas prestadoras de serviços. A denúncia é de que o tratamento é tenden- cioso e a espera por atendimento demora. “Pontuamos problemas recorrentes na área de saúde, porque queremos tratamento melhor e humanizado”, relatou o diretor de Comunicação do SBBA, Adelmo Andrade, também funcionário do banco. Outras questões foram relatadas, como problemas no sistema de refrigeração e a falta de limpeza em algumas unidades. Por parte do banco, estavam presentes Jeisiane Ramenzini, Fabiana Ribeiro e Thailice Castro. Do outro lado, representantes dos Sindicatos de Sergipe, Feira de Santana, Camaçari, Ilhéus, Itabuna e Juazeiro e da Federação. 3 4 o bancário BRASIL Salvador, de 17.04.2015 a 19.04.2015 • www.bancariosbahia.org.br Máquina da morte Em 10 anos, morreram no país 70% mais negros do que brancos rogaciano medeiros [email protected] Ao participar de debate na CPI da Violência Contra Jovens Negros e Pobres, o advogado Antônio Teixeira Lima Júnior, pesquisador da área de Igualdade de Gênero e Raça da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mexeu em uma questão que sempre se tentou colocar para debaixo do tapete. Um tabu explosivo. Disse que os autos de resistência, entulho da ditadura civil-militar (1964-1985), usados pela polícia, são instrumentos que “legitimam o Estado a matar”. E foi Manoel porto mais longe. Afirmou que “estão matando não apenas indivíduos, mas uma raça inteira”. Para o pesquisador, “os negros têm sido vítimas da precariedade e da política de morte instituída pelo Estado brasileiro desde o período colonial e que persiste até hoje”. Os dados do Ipea são impressionantes. O Mapa da Violência produzido pelo Instituto mostra que entre 2002 e 2012 houve uma redução considerável na taxa de homicídios entre os brancos, mas entre os negros registrou-se um aumento acentuado. Nesses 10 anos, morreram 70% mais negros do que brancos. O país possui uma “máquina de matar”. Os pobres são as maiores vítimas. Projeto de lei em tramitação na Câmara Federal cria regras rigorosas para a apuração de mortes e lesões corporais decorrentes de ações de agentes do Estado. Os autos de resistências dão carta branca ao Estado para matar Protesto contra abusos cometidos pelo Estado SAQUE Trabalhador pode ter aumento de 8,37% Salário mínimo de R$ 854,00 O salário mínimo pode chegar a R$ 854,00 a partir de 1º de janeiro de 2016. O valor é proposto pelo governo federal na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). O aumento é de 8,37%. O cálculo usado pelo Ministério do Planejamento para obter o reajuste não foi explicado, já que a fórmula atual, que leva em conta a inflação do ano anterior e a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes, só vale até este ano. Em março, o governo editou medida provisória mantendo o cálculo até 2019, mas o texto precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional. Os valores para os próximos dois anos também são especulados. Para 2017, a previsão é de R$ 900,10 e, em 2018, pode ser de R$ 961,00. DECADÊNCIA A falência de conhecidos veículos da comunicação impressa expõe a decadência de uma mídia que assinou filiação partidária e tem insistido em querer desrespeitar a cidadania. Depois das demissões em massa na Folha de S.Paulo e no Estadão, semana passada, ontem foi a vez de a ultraconservadora revista Veja demitir mais de 40 profissionais. Todos os meios vinham perdendo leitores em ritmo acelerado, na mesma proporção em que manipulavam e distorciam as informações para atender escusos interesses financeiros e políticos. TRÉGUA A mídia especula que a presidenta Dilma Rousseff teria selado a paz com o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao nomear para o Ministério do Turismo o peemedebista Henrique Eduardo Alves. Na realidade, o mais adequado é falar em trégua, porque do partido pode-se esperar tudo, menos uma aliança pautada em propostas e princípios. Outro detalhe, o PMDB nunca fica satisfeito, e sempre quer mais. DIFERENÇA "Fico imaginando que na época em que nasci vivíamos um período parecido. A grande diferença é que na ditadura todos sabiam as razões! Aqui, por mais que procuro, nada encontro para que se possa justificar a anunciada prisão". Foi o que disse o advogado Roberto Podval, que defende José Dirceu, diante da insistência da mídia conservadora em afirmar que o ex-ministro será o próximo a ser preso. “Se Dirceu é a representação do mal, quem representa o bem? Quem é o grande honesto? Quem se coloca nesse papel?”. APELO Ao ser abordado pela mídia sobre uma provável prisão do cliente que de- fende, o ex-ministro José Dirceu, o advogado Roberto Podval mandou um recado exemplar para o juiz Sérgio Moro, que tem usado a operação Lava Jato para fazer disputa de poder. “Mantenha-se duro, mas não injusto! Mantenha-se legalista, não publicista! Faça justiça, não pratique vingança!".