JUL 2013 eSPECIAL Saúde e Segurança no Trabalho: uma área vital às empresas Cumprindo sua missão de apoiar as empresas no seu desenvolvimento, os profissionais da Pactum, em parceria com a Rádio Gaúcha, realizaram o primeiro de uma série de eventos programados para o ano de 2013. O seminário sobre Saúde e Segurança do Trabalho, realizado em Caxias, contou com uma plateia seleta de mais de cem convidados, entre empresários, gestores, profissionais das áreas de recursos humanos, engenharia, medicina, técnicos e também estudantes universitários. “É crescente a responsabilização das empresas por todo e qualquer afastamento ou acidente de trabalho, o que traz repercussões diretas à rentabilidade dos negócios”, pontuou o advogado Vinícius Piazzeta sobre a importância da consultoria trabalhista preventiva. “E como atuamos, há muitos anos, em diversas empresas da região, conhecemos bem o cenário local”, acrescentou. Conforme destacou a consultora Karla Roberta Bernardo, advogada da Área Trabalhista e Empresarial da Pactum em São Paulo e uma das palestrantes do encontro, a prevenção tornou-se basilar para quem deseja prosperar econômica e financeiramente. “Você consegue evitar uma série de problemas e de custos, prevenindo, conscientizando, atuando e, principalmente, não enxergando a parte da saúde do trabalho como custo, mas como benefício, como um investimento”, acrescentou. Em 2011, por exemplo, os Ministérios da Saúde, Previdência Social e Trabalho e Emprego lançaram o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho – Plansat, incluindo diversas medidas, como normas já em implantação. “Algumas das obrigações dessas normas ainda não entraram em vigor, mas já merecem atenção imediata e planejamento, pois são pauta positiva dos auditores fiscais do MTE e dos procuradores do Ministério Público do Trabalho”, salienta. “Para este ano, o Plansat prevê o retorno de uma NR de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho, medida que causará um grande impacto na própria gestão empresarial.” De acordo com a painelista Mirela Cardoso, advogada da Área Trabalhista da Pactum no Rio Grande do Sul, agir de forma preventiva é tratar dos problemas em seu nascedouro, onde eles efetivamente podem ser resolvidos, tirando o foco do contingenciamento para processos e viabilizando o investimento desses altos montantes no crescimento do negócio. Além do mais, diz ela: “O colaborador que sente que sua segurança, sua saúde e sua integridade estão sendo bem cuidadas no local de trabalho, é naturalmente mais produtivo e passa a confiar e valorizar a empresa, o que é muito importante, especialmente na atual crise de mão de obra. Nesse contexto, o conhecimento aprofundado de todos os riscos envolvidos nas relações trabalhistas, incluindo a área de Saúde e Segurança do Trabalho, será decisivo para a sustentabilidade e competitividade das empresas no cenário brasileiro atual”. O terceiro painel contou com o talk-show conduzido pelo jornalista Daniel Scola, da Rádio Gaúcha, e abordou aspectos estratégicos que impactam na competitividade das empresas e na vida dos trabalhadores. O debate contou ainda com a participação do médico do trabalho Armando Lepore Jr., diretor da Safe, empresa parceira da Pactum. “A parceria surgiu da necessidade de prestar um atendimento técnico voltado para medidas efetivas no controle, na gestão e no levantamento dos riscos envolvidos na operação empresarial, e que vem se mostrando um grande diferencial para a tomada de decisão dos gestores. Correr riscos faz parte de qualquer empreendimento empresarial, mas não conhecê-los pode fazer a diferença para o sucesso”, pontuou Mirela. Notícias O direito à saúde do trabalhador, já consagrado objetivamente em nosso ordenamento jurídico, vem ganhando contornos cada vez mais nítidos e firmes na jurisprudência, conforme pode-se constatar nas recentes decisões judiciais. Empresa fecha acordo com Ministério Público do Trabalho A multinacional alemã KSPG Automotive, uma das maiores fabricantes de autopeças do mundo, celebrou acordo judicial com o Ministério Público do Trabalho no valor de R$ 450 mil reais que serão investidos no Corpo de Bombeiros de Americana e nas universidades USP e UNESP para subsidiar programas de pesquisa na área de prevenção de acidentes. O acordo tem 14 itens voltados ao bem-estar do trabalhador nas áreas médica, de segurança, desenvolvimento de atividades de conscientização, educação e orientação dos empregados para a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. A empresa, que contou com o apoio da Piazzeta e Boeira Advocacia Empresarial, parceira da Pactum, para firmar o acordo, já havia iniciado sua adequação a esses itens, considerando esse compromisso uma de suas prioridades. Dow Brasil pagará indenização a herdeiros de trabalhador A 1.ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve por unanimidade decisão que condenou a Dow Brasil S.A. a pagar R$ 1 milhão de indenização por danos morais a herdeiros de um técnico de operações morto na explosão de uma caldeira. Pela análise dos laudos periciais, constatou-se que a empresa não tomou as devidas precauções para evitar o acidente e não observou alguns aspectos relacionados ao histórico de problemas com a caldeira, registrados antes do acidente, deixando de tomar medidas administrativas para melhor solução do problema. TST 2 Condenação por adoecimento Multinacional de terminais elétricos é condenada por expor seus empregados a insalubridade e riscos ergonômicos. Na mesma ação, o médico da empresa é condenado em R$ 200 mil por sonegar a emissão de Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs), o que impossibilita o afastamento pelo INSS. As investigações apontaram ritmo de trabalho intenso e sem pausas, repetição exaustiva das rotinas de produção, ausência de análise ergonômica e de programa de proteção a riscos de acidentes. Com a decisão, a empresa deverá implantar programas de prevenção para evitar novos acidentes e criar equipe médica e emitir CATs em caso de acidente ou suspeita, entre outras medidas. MPT Editorial Uma visão estratégica nas Relações Trabalhistas Na realidade dos empreendedores brasileiros, a filosofal frase segundo a qual a única constante no universo é a mudança se aplica com perfeição. Mais um movimento se consolida na dimensão empresarial do país. As relações que as organizações mantêm com os trabalhadores, em especial no que tange à saúde e à segurança no trabalho, demandam tais mudanças. Acompanhamos com interesse a atuação dos órgãos ligados à Previdência Social, mormente após a criação da Receita Federal, efetivada em 2/5/2007 pela fusão do INSS e da Secretaria da Receita Federal. Tem sido constante e crescente a atuação pública sobre o ambiente de trabalho, quase sempre impondo obrigações ou critérios mais rigorosos às empresas. A fiscalização do Trabalho, o Ministério Público e o Poder Judiciário estão mobilizados e preparados, o mesmo não se podendo assegurar quanto aos empresários. Os casos citados nesta edição especial do DATAPACTUM, iniciativa que visa conscientizar e auxiliar as empresas a melhor se adaptarem à mudança de paradigma, ilustram bem nossa percepção. Vinicius Ochoa Piazzeta Datapactum é uma publicação trimestral distribuída gratuitamente aos clientes e parceiros da Pactum Consultoria Empresarial Endereço: Avenida Independência, 1.199 – CEP 90035-077 – Porto Alegre – RS • Telefone: (51) 3314-1414 • Fax: (51) 3311-0438 • www.pactum.com.br E-mail: [email protected] • Direto com a Presidência: [email protected] • Comissão editorial: Denise Mari de Andrade, Francisco Boeira, Vinicius Piazzeta• Execução: Entrelinhas Ltda. • Telefones: (51) 3395-2515 • Jornalista responsável: Milene Leal (Reg. Prof. nº 7036/30/42) • Redação: Lia Luz • Editoração: Mônica Marques • Atendimento: Izabella Boaz Projeto gráfico: Carmen Fonseca • Os artigos assinados publicados nesta edição não traduzem, necessariamente, a opinião da Pactum. Doutrina Pausas e rodízios em frigoríficos Roberto Monson Coronel Advogado e sócio da Pactum Consultoria Empresarial Comumente chamada de “NR dos Frigoríficos”, a Norma Regulamentadora nº 36 foi assinada pelo Ministro do Trabalho e Emprego Manoel Dias, no mês de abril, definindo padrões nacionais de higiene e segurança dos trabalhadores que atuam em empresas de abate e processamento de carnes e derivados. Embora as empresas do setor tenham seis meses para começar a investir em novos equipamentos e ferramentas após a publicação da Norma, algumas questões terão vigência imediata, como, por exemplo, a definição dos períodos mínimos de pausas psicofisiológicas de 10, 20 e 40 minutos, de acordo com a jornada diária laborada, além dos intervalos previstos na legislação trabalhista. A nova regulamentação exigirá dos empresários do ramo um investimento bastante significativo, sobretudo para aqueles que ainda não têm implantados os sistemas de pausas e rodízios já previstos na legislação anterior. Nesse sentido, aliás, estudos da Confederação Nacional das Indústrias – CNI – preveem que serão necessários investimentos da ordem de R$ 7 bilhões para as empresas se adequarem à Norma Regulamentadora em debate. Ainda, segundo o presidente do Sinduscarne de Minas Gerais, Cássio Braga, a Norma traz impactos econômicos muito significativos, eis que “as mudanças envolvem custos para as indústrias, que possivelmente serão repassados aos consumidores. Haverá inicialmente perda da competitividade da indústria e grandes dificuldades para as pequenas empresas, porque a Norma foi pensada a partir da realidade das grandes empresas, que têm um fluxo de produção mais mecanizado”. Dessa forma, vindo a NR 36 ao encontro da necessidade de coibir a recorrência de doenças ocupacionais em trabalhadores do setor, é imprescindível que os empresários do segmento tenham o pronto conhecimento das medidas mais urgentes a serem implementadas e do custo daí decorrente, já que o adequado planejamento é fator decisivo à competitividade. 3 Entrevista Os programas de gestão em saúde e segurança no trabalho Um sistema de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho pode ser implementado e obter resultados satisfatórios, porém para tornar isso possível é necessário que alguns programas obrigatórios pela legislação vigente sejam acompanhados mais de perto. Entre eles podemos citar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). O PPRA deve fazer parte do planejamento estratégico da empresa, ser parte integrante do conjunto amplo de iniciativas voltadas para a preservação da saúde e integridade física dos trabalhadores através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle das situações de riscos ambientais. Por se tratar de um programa por definição, deve ser planejado, implementado, avaliado e melhorado continuamente. A Norma Regulamentadora 09 (NR 09) define meios para que seja efetivo; entretanto, fazer apenas a revisão anual do programa não garante sua implementação, devemos fazer o acompanhamento sistemático de forma a atuar no desenvolvimento e execução das recomendações nele propostas, auxiliando a empresa nas questões relativas à gestão do PPRA. 4 Leandro Gomes Coordenador de segurança do trabalho - SAFE Saúde e Segurança Sustentáveis Para que o PPRA seja eficaz, deve ainda ser elaborado de forma criteriosa, contemplando todas as situações que exijam o controle sobre suas variáveis indesejáveis, eliminando os desvios que poderiam ser causadores de perdas para empresa e seus colaboradores. O PPRA, conforme definido na NR 9, tem como foco os riscos físicos, químicos e biológicos, deixando de fora a determinação da avaliação dos demais tipos de riscos, como por exemplo, riscos de acidentes e ergonômicos. E por isso é importante deixar bem claro que o PPRA, como já foi citado anteriormente, é parte integrante de um conjunto de iniciativas voltadas à preservação da saúde dos trabalhadores, e que de forma isolada pode não contribuir como poderia ao processo de controle sobre os riscos existentes nos ambientes de trabalho. O deficiente acompanhamento do planejamento do PPRA pelas empresas é um dos principais pontos de verificação durante ações de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, resultando em autuações e não raro em multas trabalhistas.