Uma história sobre o negro no Brasil
O negócio tornava-se rentável, o tráfico negreiro alimentava o
bolso das metrópoles. Vieram escravos de vários lugares da África
e de diversas etnias: Fon, Mina, loruba, Haussás, Malês, entre
outras que foram se espalhando pelos cantos do Brasil, Tiveram
filhos - os crioulos, escravos nascidos no Brasil -, criaram raízes e
lutaram
pela
liberdade.
Durante o período escravagista houve várias insurgêncías
escravas, contrariando a idéia de que os negros eram passivos
diante da escravidão. Nas fugas e rebeliões em fazendas,
fundaram vários quilombos, simbolos da resistência e luta. Esses
quilombos eram formados por negros fugidos de seus donos, que
se embrenhavam nas matas e instituíam comunidades livres,
vivendo do auto-sustento e preservando suas origens. Inúmeros
quilombos foram criados, mas há poucos relatos deles.
O quilombo de maior destaque em nossa história foi o de
Palmares, que fica atualmente localizado entre Alagoas e
Pernambuco. Zumbi e Ganga Zumba foram os maiores líderes
deste quilombo, mas o primeiro se destacou mais. Tornou-se
Zumbi dos Palmares, um dos maiores heróis da história brasileira.
Ele foi morto pelas tropas da Coroa Portuguesa em 20 de
novembro de 1693. Este dia foi institucionalizado pelos negros
brasileiros como o Dia Nacional da Consciência Negra,
comemorado em todo o país.
O Brasil optou por continuar escravo, mesmo após a
Independência, em 1822, e “preparou” a população para a
abolição com as chamadas “Leis de Proteção”. Na oficial abolição
da escravatura em 1888, o negro brasileiro é colocado à margem
da nova sociedade que se constituía. Foi mantida ainda a sua luta
por ascensão, respeito e dignidade numa nova ordem econômica e
social que era estabelecida e que, até hoje, têm os vícios do
racismo e coloca a população negra nos últimos degraus da escala
social. Nos é negado o direito às oportunidades, a fazer nossa
História, e de receber a parte que nos cabe como descendentes
daqueles que contribuíram para a construção deste país.
Reivindicações
Em meio ao começo das reivindicações dos negros, surge o mito da “democracia racial”, uma falácia sobre
uma escravidão e integração do negro na sociedade de forma “amigável’. Esta idéia até hoje perdura e ganha
adeptos, no entanto é facilmente derrubada quando analisamos nossa situação: dos 22 milhões de brasileiros
que vivem na extrema pobreza, 69% são negros.
Nas décadas seguintes, o movimento negro brasileiro cresceu, reivindicando seus espaços. Em 1980
surge o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial(MNU), chamado depois de movimento
Negro Unificado.
Na década de 90, inicia-se o Movimento de Reparações, cobrando do Estado Brasileiro que assumisse
e respondesse pelo crime de racismo, pagando a cada descendente de escravos negro-africanos, a quantia de
300 mil dólares pelos anos de escravidão do Brasil. A partir desta iniciativa, os movimentos negros
continuavam a cobrar a dívida do Estado com Ações Afirmativas como as realizadas na Alemanha, EUA, India,
entre outros países. Entre estas medidas estão as cotas para negros nas universidades públicas, empresas e
cargos públicos, bem como a regularização de terras quilombolas.
Em 2003, o governo brasileiro instituiu um ministério para a Promoção da Igualdade Racial, presidido pela
ministra Matilde Ribeiro. Uma série de medidas são instituídas para a população negra, dentre elas a Lei
10.639 que cria o ensino de História da Africa e Cultura Afro-Brasieíra nas escolas do país.
Hoje, o negro brasileiro ainda encontra grandes obstáculos. Algumas políticas vêm sendo tomadas para a
população negra, entretanto ainda há muito que fazer. Faz-se necessário um trabalho conjunto entre a
população negra e todos os outros segmentos da nossa sociedade para haver iguais oportunidades a todos. A
Historia Negra Africana e a História Negra Brasileira exigem seu lugar na sala de aula, nos livros, na mídia,
nas universidades, querendo ser História de fato.
Questões para debate:
1- Por que a história do negro brasileiro, ainda hoje é pouco contada nas escolas, livros e meios é
comunicação social?
2- Qual a importância de esclarecermos o mito da “democracia racial”?
3 - Em sua escola/comunidade, como se dá a relação entre negros, brancos e membros de outras etnias?
Fonte: Mundo Jovem - um jornal de idéias.
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