INCLUSÃO EDUCACIONAL DE PORTADORES DE DEFICIÊNCIA NA UNIVERSIDADE: PERCEÇÃO E AVALIAÇÃO DOS DISCENTES DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA. Renata Meira de Almeida, Raquel Correia da Silva. Orientadora: Lúcia Patriota Universidade Estadual da Paraíba/Departamento de Serviço Social, Rua Antônio Guedes Andrade 114, Catolé, Campina Grande, Paraíba. [email protected] Resumo- A pessoa com deficiência, historicamente, enfrenta grandes dificuldades para usufruir de seu direito de cidadania. O acesso às políticas públicas e sociais fica distante da realidade e necessidades dos portadores de deficiência por vários fatores. Como conseqüência, verificamos um significado estado de vulnerabilidade social desses indivíduos, que enfrentam um cenário de exclusão na sociedade e, especificamente, na educação, pois a grande maioria não teve acesso ou condições para concluir o processo de formação escolar desde a básica a superior. A universidade como parte integrante da sociedade, precisa preparar-se para receber e manter adequadamente esses alunos com deficiência, percebendo assim seu papel fundamental na construção dos cidadãos críticos e atuantes na sociedade. Em decorrência disto, analisamos como esse processo de inclusão vem se configurando no curso de Serviço Social da UEPB,quais os seus avanços, esforços para implementação de uma universidade inclusiva, assim como, descrever também como os discentes percebem e valiam esse processo. Palavras-chave: Deficiência; exclusão, educação, inclusão, cidadania. Área do Conhecimento: VI - Ciências Sociais Aplicadas - Serviço Social. Introdução Inclusão Social é oferecer aos mais necessitados oportunidades de participarem da distribuição de renda do País, dentro de um sistema que beneficie a todos e não somente uma camada da sociedade, e que esta participe de todos os aspectos e dimensões da vida - o econômico, o cultural, o político, o religioso e todos os demais, além do ambiental. A inclusão social, especificamente na educação, é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trate-se de uma reestruturação da cultura, da prática e de suas políticas vivenciadas nas escolas, de modo que estas respondam às diversidades de alunos. (SASSAKI, 1997) Contudo a inclusão social nos mais variados aspectos é uma questão de políticas públicas, e na educação não é diferente, foi formulada e executada por leis, decretos, assim como declarações recomendações internacionais. No Brasil, a inclusão de portadores de deficiência no ensino regular, é garantida constitucionalmente. Através dos artigos 206 e 208 e ratificando o preceito constitucional, a lei nº 9.394. A partir da década de 1990, a realidade educacional dos portadores de necessidades especiais passou a ser a da inclusão. Os sistemas de ensino devem assegurar aos educandos com necessidades especiais, currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organizações específicas para atender as necessidades, terminalidade especifica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino, professores com especialização adequada. Enfim, em todos os níveis de ensino, isto é da pré-escola à universidade, a inclusão deve ser inserida. Ao refletirmos mais profundamente sobre essa questão nos damos conta de que o acesso ao ensino superior, dos alunos com necessidades educativas, tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, apesar de ainda não ser um numero tão significativo, se compararmos com o numero geral dos alunos que ingressam na universidade. A Universidade Estadual da Paraíba que em 07 de julho de 2006 foi oficializado um Programa de Tutoria Especial através da RESOLUÇAO 013/2006, que visa oferecer assistência pedagógica aos alunos da UEPB com deficiência visual, física, mental, auditiva e múltipla. Esse Programa seleciona alunos de graduação da UEPB para a função de tutor especial os quais, após a capacitação, passam a auxiliar os alunos especiais em suas tarefas acadêmicas, surgiu a partir de uma experiência criada em 2001 no curso de Serviço Social pelo próprio departamento. Em vista disto como essa inclusão educacional é percebida pelos discentes do curso de Serviço Social da UEPB. Metodologia Trata-se de uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa, podendo trazer elementos XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 com enfoques quantitativos. A mesma compreende um estudo descritivo-analítico. A coleta de dados foi feita através de entrevista semi-estruturada, utilizamos um roteiro de entrevista cujas respostas foram gravadas, com a permissão das entrevistadas, e transcritas na íntegra. A pesquisa foi realizada na Universidade Estadual da Paraíba, no curso de Serviço Social, foram entrevistados 21 discentes da mesma, que representa aproximadamente 5% no universo de 437 discentes do referido curso, e analisado segundo o referencial teórico utilizado. A escolha pela pesquisa nessa instituição se deu pelo fato de ser sido a partir de uma experiência do curso de Serviço Social, que o Programa de Tutoria Especial foi implantado, um programa que visa à qualidade de ensino aos portadores de deficiência, e uma universidade inclusiva. Os entrevistados foram indagados sobre suas percepções e conhecimento sobre política educacional inclusiva, como ela se expressa na Universidade Estadual da Paraíba, quais as Políticas adotadas pela universidade para inclusão de portadores de deficiência, o conhecimento dos discentes a respeito das Políticas inclusivas, e sua compreensão sobre universidade e educação inclusiva, a importância dessa inclusão para a sociedade. Assim abordando diversos aspectos sobre o tema proposto. A coleta de dados foi precedida de informações aos sujeitos da pesquisa e da autorização das mesmas com base na assinatura do termo de Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE). O estudo foi realizado respeitando os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, garantindo às participantes informações sobre o objetivo do estudo, como também o sigilo das informações, o anonimato e a liberdade de expressão sem interferência do pesquisador quanto às opiniões, conforme preconiza a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados Ao começarmos com as pesquisas, de inicio, já nos deparamos com uma informação de grande relevância, o número de portadores de deficiência no curso de Serviço Social da UEPB, que é 1 discente, deficiente visual, que vem a mostrar que o número de alunos com necessidades educativas está aumentando consideravelmente , apesar de ainda não ser tão significativo , se compararmos com o número geral dos alunos matriculados. Os discentes percebem e avaliam e processo de forma pacífica e algumas vezes apática, por não ter informação sobre a Política inclusiva da universidade, como fica claro no relato de RD, que nos diz: “Acho importante a participação de alunos com deficiência na construção de uma Universidade realmente inclusiva, apesar de não ter nenhum portador de deficiência aqui em Serviço Social, acho fundamental a presença deles em todos os cursos.” Com a realidade educacional modificada a partir da década de 1990, a realidade passou a ser da inclusão, onde devem ser assegurados aos educandos e educados com necessidades especiais, currículos, métodos e técnicas, recursos educativos e organizações específicas pára atender as necessidades, terminalidades específicas para àqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino, em todos os níveis de ensino, isto é, da pré- escola à universidade, a inclusão deve ser inserida. Em relatos dos discentes do curso de Serviço Social da UEPB, essa estrutura tanto física, quanto educacional se mostra falha, onde fica claro no relato de DF que nos fala: “O espaço físico daqui não é adequado para pessoas com necessidade especiais.” Contudo a inclusão educacional nos mais variados aspectos é uma questão de políticas públicas, e ações e por parte das instituições de ensino, que visem uma efetivação da política inclusiva, buscando remover as barreiras que impedem a promoção da educação para qualquer parcela da população. Políticas e ações que muitas vezes são desconhecidas, o que dificulta ainda mais sua efetivação, e promoção. Como fica evidente no discurso de vários alunos da UEPB, do curso de Serviço Social, que desconhecem a o Programa “A UEPB em busca da educação inclusiva”. Esse desconhecimento fica claro no discurso de MD, que diz: “Não tinha conhecimento desse programa não, acho importante ter, mais tão importante quanto ter o programa, é fazer com que os alunos tenham acesso ao conhecimento de sua existência.” Para que se tenha uma educação verdadeiramente inclusiva, é necessário a efetivação de políticas públicas, a busca de maior investimento para que esse processo ocorra não apenas em determinadas instituições, mas em todas as escolas, universidades do país, com a construção de uma sociedade efetivamente inclusiva. Discussão Inclusão social é uma ação que combate a exclusão social geralmente ligada a pessoas de classe social, nível educacional, portadoras de deficiência física, idosas ou minorias raciais entre outras que não têm acesso a várias oportunidades, especificamente na educação se XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 constitui num processo contrário a delimitação do homem num espaço para ele reservado e por ele ocupado. A educação inclusiva atenta a diversidade humana, busca perceber e atender as necessidades educativas especiais de todos os sujeitos-alunos, em sala de aulas comuns, em um sistema regular de ensino, de forma a promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos. Vale lembra que não deve ser confundido com educação especial. O ensino especial é desde sua origem um sistema segregador, baseado na crença de que as necessidades das pessoas com deficiência não podem ser supridas nas escolas regulares, voltando a idéia de separação social e humana. A educação inclusiva aponta para uma sociedade inclusiva, ou seja, um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e inteligências na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades. A pessoa com deficiência, historicamente, enfrenta grandes dificuldades para usufruir de seu direito a cidadania. O efetivo acesso às políticas públicas e sociais fica distante da realidade e necessidades dos portadores de deficiência por vários fatores. Como conseqüência, verificamos um significativo estado de vulnerabilidade social desses indivíduos, que enfrentam um cenário de exclusão na sociedade e, especificamente, na educação, pois a grande maioria não teve acesso ou condições para concluir o processo de formação escolar desde a básica à superior. acesso a informações e políticas, que buscam a melhoria e equidade da população. Conclusão - SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção dos conhecimentos. 6 ed. Rio de Janeiro: DP&A,2004. A exclusão dos portadores de necessidades especiais é um fenômeno inaceitável. É um fenômeno que se manifesta em todas as esferas da sociedade. Todavia, ela se apresenta de maneira diversificada, explicitada ou velada. Com isto há que se promoverem profundas reflexões teóricas e metodológicas a fim de se avaliar o impacto causado por estudos e intervenções nessa área. Destacando também a responsabilidade das universidades na condução de ações e de pesquisas que venham a contribuir com essa população que se encontra em situação de vulnerabilidade, a fim de promover maior inclusão social desses portadores de deficiência , a partir da sua participação ativa na sociedade, como autora de resistência. Fazendo com que, a realidade dos portadores de necessidades especiais passe a ser a da inclusão, sendo necessário para efetivação dessa sociedade inclusiva, maior respaldo, político, social e econômico, maior discussão, debate sobre o tema, para que a sociedade tenha Referências - BRASIL. Constituição Federal de Ministério da Educação. Brasília 2007 a. 1988. - BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Ministério da Educação. Brasília, 2007 b. - BOLONHINI JÚNIOR, Roberto. Portadores de necessidades especiais: as principais prerrogativas e a legislação brasileira. São Paulo: Arx, 2004. - MARQUES, Carlos Alberto Tomaz. Do universo aos múltiplos: os caminhos da inclusão. Disponível em :<http//WWW.diverso.gdhoost.net/carlosalbertomar ques.Acesso em 22 junho de 2009. - PEREIRA, Marilú Mourão. A inclusão de alunos com necessidades especiais no ensino superior. In UNIrevista. Vol.1, n 2,abril, 2006. P1-5. -RAMALHO, Maria Noalda, Primeiro Congresso Nordestino de Extensão Universitária em Salvador. O programa de Tutoria Especial da Universidade Estadual da Paraíba em foco: Principais resultados. 14 à 16/10/2007. P1-4. SASSAKI, Romeu Kassumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: Wva, 1997. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4