UMA ANÁLISE SOBRE A APRENDIZAGEM EM UMA TURMA DE ENSINO MÉDIO E TÉCNICO SOB A ÓTICA DAS COMPONENTES DA TEORIA SOCIAL DA APRENDIZAGEM Marily Aparecida Benicio – [email protected] Telêmaco Borba - Paraná Sergio de Mello Arruda – [email protected] Marinez Meneghello Passos – [email protected] Universidade Estadual de Londrina Rodovia Celso Garcia Cid, Pr 445 Km 380 Londrina – Paraná Resumo: A aprendizagem é um processo social que acontece em conjunto com as outras atividades da vida cotidiana. A teoria social da aprendizagem, apresentada por Wenger (2013), tem por foco principal a participação social como processo abrangente, de envolvimento e participação ativa nas práticas de comunidades sociais. A aprendizagem sob esta perspectiva social é colocada como um processo que envolve a construção de conhecimentos teóricos, científicos, comportamentais. Os trabalhos científicos e pesquisas, sobre área da aprendizagem social, são relevantes para uma perspectiva de educação em que o conhecimento não se consiste apenas em um conjunto de informações. Devido a isso, apresenta-se neste artigo, o resultado das análises das entrevistas realizadas com um grupo de estudante do Ensino Médio e Técnico do IFPR. Para a realização das análises das entrevistas, utilizaram quatro aspectos principais, significado, prática, comunidade e identidade, os quais formam as componentes para a Teoria social da aprendizagem. Palavras-chave: Teoria Social da Aprendizagem, Comunidade, Ensino Médio e Técnico. 1 INTRODUÇÃO Aprender é uma ação inerente ao ser humano. A aprendizagem se dá ao longo da vida por meio das interações e situações apresentadas aos indivíduos, sejam elas intencionais, imprevisíveis, ou até mesmo imperceptíveis. Charlot (2000) apresenta que o aprender pode ser compreendido como a ação de adquirir um saber, ou a ação de domínio de um objeto ou atividade, ou ainda a ação de estabelecer formas relacionais. Aprender, segundo Charlot (2000), é exercer uma atividade em situação: em um local, em um momento da sua história e em condição de tempo diversas, com a ajuda de pessoas que ajudam a aprender. Dessa forma, podemos pensar que a aprendizagem sofre influência do lugar, das pessoas e do tempo. Este aprender ocorre simultaneamente ao longo das experiências vividas, de acordo com a cultura e comunidade em que as pessoas se inserem e em diferentes locais, que se constituem como diferentes ambientes de aprendizagem, tais como igreja, trabalho, clube, escola, empresa e a família. Em um processo de aprendizagem, destaca-se a importância em compreender as relações que se estabelecem entre o estudante com o saber, com ele mesmo e com os outros. A construção do saber esta vinculada ao interesse e envolvimento do aprendiz com as situações de aprendizagem. Como aprender faz parte da natureza humana, pode-se dizer que a aprendizagem é um processo social, tendo em vista que, as relações humanas são fundamentalmente relações sociais. No âmbito da teoria social da aprendizagem, discutida por Wenger (2013), o autor apresenta quatro premissas em relação à aprendizagem e a natureza do conhecimento: Somos seres sociais. Longe de ser uma verdade trivial, esse fato é um aspecto central da aprendizagem. O conhecimento é questão de competência com relação a atividades valorizadascomo cantar com afinação, descobrir fatos científicos, concertar maquinas, escrever poesias, ser gregário, crescer como garoto ou garota, e assim por diante. O conhecimento é questão de buscar participar da busca dessas atividades, ou seja, de desenvolvimento ativo no mundo. O significado - nossa capacidade de experimentar o mundo e o nosso envolvimento com ele como algo significativo – é, em ultima análise, o que a aprendizagem deve produzir. (WENGER, 2013, p.248). A teoria social da aprendizagem, apresentada por Wenger (2013), tem por foco principal a participação social como processo abrangente, de envolvimento e participação ativa nas práticas de comunidades sociais. Neste processo de participação social a busca pela construção da identidade, é determinante para a compreensão e construção do sujeito, como ser único, com ações próprias e implicações e interpretações particulares de seu agir dentro desta comunidade. De forma, a trazer ao sujeito um sentimento de pertencimento. Assim, na presente investigação busca-se analisar um grupo de estudante da turma de 3º ano do curso de Florestas - Ensino Médio e Técnico Integrado do Campus de Telêmaco Borba do Instituto Federal do Paraná (IFPR). O intuito é de identificar os componentes da teoria social de aprendizagem, sendo estes: significado, prática, comunidade e identidade. Este artigo inicia-se com a apresentação de algumas informações sobre a aprendizagem social e o conceito de comunidade de prática. Em seguida, é realizada a descrição da proposta e dos procedimentos metodológicos adotados. Na sequência são apresentados os dados levantados, as análises realizadas, e por fim, as considerações que as análises proporcionaram, diante desta investigação. 2 TEORIA SOCIAL DE APRENDIZAGEM Existem diferentes teorias de aprendizagem, as quais enfatizam aspectos diversos que influenciam no processo de aprendizagem. De maneira geral, algumas teorias apresentam a aprendizagem como individual e limitada em um intervalo de espaço e tempo. A teoria de aprendizagem social vem com outra perspectiva, em que uma pessoa pode aprender em um contexto social, mediante a interação com os participantes de uma comunidade. A aprendizagem pode ser construída por meio de experiências vivenciadas na participação no mundo, não sendo uma ação isolada em seu desenvolvimento. A aprendizagem é natural ao homem, sendo inevitável aprender situações novas, nas relações sociais que estabelecemos ao longo do cotidiano. Segundo Wenger (2013), o homem é um ser social, o que é determinante para a aprendizagem. De acordo com este autor ainda, o conhecimento é construído mediante a participação e envolvimento na sociedade. E as experiências vividas e o envolvimento com o mundo é o que traz significado ao que se aprende. A teoria social de aprendizagem, Wenger (2013), integra quatro componentes importantes que caracterizam a participação social como um processo de aprendizagem: significado: um modo de falar sobre nossa capacidade (mutável) – individual e coletivamente – para experimentar nossa vida e mundo como significativos; prática: um modo de falar sobre os recursos, modelos e perspectivas sociais e históricos compartilhados, que possam sustentar o envolvimento mútuo na ação; comunidade: um modo de falar sobre as configurações sociais nas quais nossas atividades são definidas como algo que merece ser perseguido e nossa participação é reconhecida como competência; identidade: um modo de falar sobre como a aprendizagem muda quem somos e cria histórias pessoais de formação no contexto de nossas comunidades. (WENGER, 2013, p.248). Estes quatro componentes estão interconectados no processo de aprendizagem. A aprendizagem como um processo social, acontece em uma comunidade a qual se pertença ou se deseja pertencer. Dentro da comunidade se desenvolve práticas e ações comuns aos membros. Nestas práticas, os participantes experienciam o mundo, seja individual ou coletivamente, como significado. Por sua vez, esses significados influenciam o “eu”, o “quem somos”, modificando e construindo a identidade no movimento de tornar-se. Tornar-se, no sentido de formar-se como pessoa, mas também de tornar-se parte de um grupo, ou seja, aprender para fazer parte, pertencer a uma comunidade. Figura 1 - Componentes de uma teoria social de aprendizagem segundo Wenger (2013) 2.1 Comunidade de Prática A aprendizagem, em um contexto social, compreende a participação nas mais diversas comunidades sociais. Segundo o dicionário Aurélio (2010), o significado de comunidade “é um agrupamento social que se caracteriza pela forte coesão fundamentada no consenso espontâneo dos indivíduos”. No meio científico pode-se perceber que o termo comunidade é usado com generalidade, com enfoque diferenciado de acordo com cada pesquisador. Neste sentido é possível encontrar termos como Comunidades de Práticas (Wenger, 1998), Comunidade Virtual (Rheingold, 2000), Comunidades Profissionais (McLaughlin, 2001 e Talbert, 2006), Comunidades de Aprendizagem (Kilpatrick, Barrett & Jones, 2003) e Comunidade de Inquirição (Garrison & Vaughan, 2008). Porém todos estes autores compartilham da ideia que uma comunidade social é um grupo de pessoas, que partilham e perseguem interesses em comum. Para Wenger (2013), todas as pessoas pertencem a comunidades de práticas, as quais estão disseminadas por todos os lugares, de forma variada no cotidiano. Muitas vezes se apresentam de forma tão informal, que não se possui uma denominação ou se percebe a convivência e participação como comunidade. O ser humano não possui ou escolhe uma comunidade específica para participar ao longo de sua vida, mas insere em muitas delas conforme seus objetivos, interesses e conexões sociais no momento presente. A participação em algumas comunidades pode diminuir conforme o foco de interesse do sujeito (participação central e periférica), ou simplesmente pode deixar de ocorrer. As comunidades podem estar inseridas no contexto familiar, compartilham sentimentos, cultura e identidade. No contexto profissional, em que os participantes compartilham experiências, buscam desenvolver profissionalmente, mantém interesses de permanecer no trabalho. Para isso procuram formas de garantir a satisfação do empregador e das pessoas que se relacionam direta ou indiretamente com sua atividade profissional. Na comunidade educacional, pode-se identificar comunidade de alunos, professores, técnicos administrativos, entre outros. Grupos com características diferentes, mas que trabalham e corroboram para o desenvolvimento e qualidade do sistema educacional. Os estudantes vão a escola e, enquanto se unem para lidar ao seu modo com a agenda da instituição impositora e os desconcertantes mistérios da juventude, surgem comunidades de prática em toda parte – na sala de aula e no pátio, oficialmente ou nas brechas do sistema. E apesar do currículo, da disciplina e da exortação, a aprendizagem que é mais transformadora, no sentido pessoal, vem a ser aquela que envolve a participação nessas comunidades de prática. (WENGER, 2013, p.250). As comunidades de prática são comunidades, em que, os participantes se envolvem de maneira ativa no contexto das práticas sociais referentes a um grupo, construindo identidades em relação a essas comunidades. A participação permite determinar ações em um contexto social, refletir sobre as consequências dessas ações, perceber e construir a individualidade. De forma, a ter mais clareza na interpretação da atuação desempenhada no mundo. Pode-se pensar em comunidade de prática, como organizações que possibilitam experimentar situações que propiciem a aprendizagem. 3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS Na presente investigação apresentam-se os resultados obtidos na análise das entrevistas realizadas juntos aos alunos do terceiro ano do curso técnico de Florestas - Ensino Médio e Técnico Integrado do Campus de Telêmaco Borba do IFPR. As entrevistas visavam compreender o olhar dos alunos frente a sua aprendizagem ao longo do curso e se esta atende a perspectiva da teoria da aprendizagem social. Ou seja, se a aprendizagem leva em consideração os aspectos e interações sociais, para a formação da identidade. E também, o conhecimento com prática social, associadas a atividades valoradas e que promova o desenvolvimento e produção de significados, para uma melhor atuação e envolvimento na comunidade. As buscas foram norteadas por meio da caracterização das entrevistas nas seguintes componentes da teoria social de aprendizagem: significado, prática, comunidade e identidade. Estas características foram elencadas, por serem componentes essenciais e necessários para a caracterização da participação social como processo de aprendizagem. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas realizadas com cinco estudantes do terceiro ano do curso de florestas, do IFPR – Campus Telêmaco Borba. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. Os alunos relaram sobre a sua aprendizagem e sobre a formação profissional. O objetivo é capturar vestígios das componentes de aprendizagem social, durante os anos de estudo no curso. Os cursos de Ensino Médio e Integrado são cursos voltados aos estudantes que já concluíram o Ensino Fundamental. O termo integrado refere-se ao fato de que além do estudante cursar as componentes curriculares do Ensino Médio, cursará concomitantemente as componentes curriculares da formação técnica profissional. Estes cursos possuem duração de três a quatro anos. Com a conclusão, o formado obtém diploma de Técnico de Nível Médio e conquistando o direito de exercer atividade profissional técnica, podendo ainda, dar continuidade aos estudos em cursos de nível superior. A oferta deste curso técnico integrado ao Ensino Médio tem como objetivo vincular a educação básica e a educação profissional técnica. Ao interligar conhecimentos básicos de formação geral com conhecimentos específicos das áreas de habilitação profissional têm-se com o objetivo a formação para o trabalho e o desenvolvimento da cidadania e autonomia do sujeito. As entrevistas realizadas possuem diversas questões dirigidas com o foco em obter informações sobre as impressões com relação ao processo de aprendizagem, o qual eles fazem parte. Algumas questões tinham como objetivo capturar as impressões com relação à formação profissional, os percalços, as mudanças, as evoluções, uma vez que estes se encontram em fase de término do curso. Os dados levantados e analisados na presente pesquisa se basearam nas respostas fornecidas às questões a seguir: 12345- Como você pensa o curso de Florestas, o qual você faz parte? Você participou de atividades práticas durante o curso? Você participou de visitas técnicas, em diferentes locais de aprendizagem durante o curso? Fale sobre as funções do técnico e as contribuições deste profissional para a comunidade? Se você seguir a carreira de técnico em Floresta, quais os possíveis problemas que você pode enfrentar? Como fará para resolvê-los? Com a realização da transcrição buscou-se encontrar nos fragmentos das falas dos estudantes em respostas a entrevistas, referências as componentes da teoria social de aprendizagem, utilizados como categorias a priori. A ação metodológica adotada para poder alcançar o objetivo da investigação, compreendendo os instrumentos de coleta de informação e os procedimentos de análises realizadas, seguiu o método de análise textual. Para esse fim, utilizou-se a Análise de Conteúdo (AC). Este método, apresentado por Bardin em 1977, insere-se em um conjunto de técnicas de análise textuais, que podem ser produzidas de diferentes formas, tais como entrevistas, respostas a questionários e outros documentos. De acordo com Bardin (2011) o termo Análise de Conteúdo refere-se á: [...] um conjunto de técnicas de analise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2011, p.48). A Análise de Conteúdo pode ser organizada por três etapas: a pré-análise, exploração do material e o tratamento dos resultados com inferências e interpretações, conforme apresenta Bardin (2011). A primeira etapa que é a pré-análise objetiva a sistematização para que o pesquisador possa conduzir as intervenções sucessivas de análise. Para tanto, realiza-se uma leitura e a escolha dos documentos de acordo com o objetivo da pesquisa. Nesta etapa, ainda, é possível a formulação de hipóteses, a elaboração de indicadores para a interpretação final. Os documentos selecionados constituem o corpus, que é segundo Bardin “[...] conjunto de documentos tidos em conta para serem submetidos aos procedimentos analíticos” (BANDIN, 2011, p.126). A etapa de exploração do Material é caracterizada pela codificação e a categorização das informações do corpus. Inicia-se pela desconstrução e fragmentação do corpus na busca de compreender particularidades do texto, chamadas de unidades de contexto, de busca e de registro. Na procura de estabelecer relações entre as unidades de contextos, temos o processo de categorização. A etapa tratamento dos resultados, inferências e interpretação, é a fase final em que é realizada a sistematização dos resultados, em que os relaciona com os objetivos iniciais da pesquisa, com a emergência de novas compreensões sobre o objeto de estudo. Nesta etapa é fundamental o processo de interpretação dos dados, pois é a partir da interpretação dos resultados, que deve estar de acordo com o corpus de investigação, que os objetivos da pesquisa podem ser alcançados, permitindo a produção de novos conhecimentos relacionados ao fenômeno investigado. Para a presente pesquisa, a fase de pré-análise, com a constituição do corpus, foi utilizada a leitura das entrevistas realizadas junto aos alunos investigados. Escolheu-se realizar-se esta entrevista com cinco alunos da turma, sendo que estes se voluntariaram para a atividade investigativa. Outros materiais também foram utilizados para a pesquisa, como os documentos e artigos científicos voltados para o tema da teoria social de aprendizagem e outros trabalhos que contribuem para o entendimento da temática. Como unidade de busca elegeu-se as componentes, significado, prática, comunidade e identidade, apresentadas na teoria social de aprendizagem como categorias a priori. Nesta busca procurou-se acomodar dos fragmentos das entrevistas nas categorias a priori e analisá-los em função da questão investigativas, tomando como configuração a aprendizagem social. 4 ANÁLISES DOS RESULTADOS O foco principal das entrevistas era encontrar os componentes da teoria social de aprendizagem, trazidos nas falas dos estudantes entrevistados. Os sujeitos de pesquisas estão representados pelos códigos E1, E2, E3, E4 e E5, em que a letra E refere-se ao estudante e a numeração a ordem que foi realizada a entrevista. Foram realizados os procedimentos de análises, na busca de uma compreensão mais ampla do assunto em estudo. Alguns resultados e considerações referentes a esse tema são apresentados a seguir. 4.1 Significado Nesta categoria procurou-se identificar nos depoimentos, exposições de ações realizadas pelos estudantes ao longo do aprendizado no curso de florestas, que se mostraram significativas. Indícios de novos significados produzidos pela aprendizagem e descrição de projetos futuros que possuam vestígios da capacidade para experimentar individual ou coletivamente a vida e o mundo como significativo. Uma das ações apontadas como significativas pelos estudantes é a decisão de se inscrever e realizar o curso técnico de florestas no IFPR. Nesse sentido, abordam o momento de incerteza na escolha do curso e principalmente a expectativa de ingressar em uma rede federal de ensino. Os alunos, ainda, argumentam sobre novas perspectivas, o ingresso em novos cursos no futuro, principalmente no ensino superior. E4: Ai eu já havia feito o primeiro ano, mas ai pensei já que a área me chama a atenção então eu vou fazer o médio integrado pra ver se realmente é o que eu quero. Pra eu não começar uma faculdade de modo que eu vá parar. As implicações e resultados da realização de suas funções, enquanto técnicos em florestas, como uma experiência significante para a aprendizagem, para vida pessoal e em comunidade. A seguir é apresentado o produto do trabalho realizado como algo significativo. E1:[...] plantar árvores e ver elas “crescendinho”, assim sabe? É uma sensação muito grande, uma alegria, é como se você tivesse um filho. Você fez aquilo, entendeu? Se não fosse você, aquela arvore não estaria ali, ela não estaria crescendo, ela não estaria dando frutos. Outro ponto bastante relevante observado nas falas dos entrevistados, são os novos significados que a aprendizagem permitiu construir ao longo do curso. A intensidade dos novos significados varia de acordo com o interesse e motivação do estudante diante das experiências vividas. E2: Quando me interesso por uma coisa, eu sou bom, muito bom. Quando eu não me interesso, não tenho interesse, eu deixo a “coisa” pra lá. Eu não chego a ser horrível. Assim, porque eu sei que necessito daquilo, mas eu não tenho aquele “pique”. A habilidade e disposição para experimentar novas formas de atuação, foram também focos bastante abordados pelos estudantes. A descrição de projetos futuros, o preparo para novas funções e experiências a serem vividas. E ainda nesse sentido, as inseguranças com relação ao novo e com a capacidade profissional. E3: Então, eu acho que nós estamos preparados para tudo. (...) Acho que preparado, preparado assim, ninguém vai. Mas na hora que tiver que ir lá e fazer, a gente vai fazer. E1: Às vezes eu não me sinto preparada para atuar como técnico. Para contornar a insegurança existente para a atuação profissional, os alunos apontaram como uma experiência rica para a aprendizagem, e que traria maior significados ao aprendizado técnico, é o estágio supervisionado. Inclusive, reiteram que as experiências realizadas nas visitas técnicas contribuem significativamente para o aprendizado. E que os sentidos afetam a experiência e as torna significativas. E4: Agora você estar lá, você até sentindo aquela poeira daqueles caminhões, daquelas arvores, “plash” no chão, aquelas folhas, levantando aquele pó, é outra coisa. Então ajuda muito. [...] O vídeo às vezes é uma distancia enorme, você olha e pensa, nossa é só isso! Agora quando você vê pessoalmente você sente. 4.2 Prática Na categoria Prática é caracterizada pela aprendizagem como uma fazer. Assim, buscou-se por identificar nas entrevistas, fragmentos associados aos diferentes modos e padrões que podem assumir a ação do fazer. As particularidades das atividades, as especificidades das tarefas desenvolvidas pelos técnicos, o trabalho em equipe com o esforço conjunto para colocar em ação os saberes compartilhados. As primeiras frases, mencionadas nas entrevistas a respeito da aprendizagem como prática ao longo do curso de florestas, é sobre as competências desenvolvidas, as implicações do saber fazer. Os alunos apontam a diversidade de atividades que podem ser realizadas pelo técnico em florestas. As atividades referem-se ao trabalho com as pessoas, com diversos grupos que vivem nas florestas e dependem da agricultura, da agroecologia. E1: Com os povos, você pode auxiliar aquele povo que trabalha na Mata Atlântica, os Faxinalenses, que trabalham com o produto da Mata a Atlântica, como pinhão essas coisas. Você pode ajudar as tribos indígenas, você pode ajudar ate mesmo fazendeiros que não tem renda total para contratar um engenheiro. As atividades do técnico compreende ainda, o trabalho com florestas, com o setor empresarial, atividades de produção, de mecanização, no setor de economia, entre outros. Mostra-se um campo amplo de atuação profissional. Os estudantes concebem a aprendizagem como fazer, não apenas como o conhecimento profissional, mas a transposição desse conhecimento para outras áreas de atuação futura. Indicando a longevidade e aplicabilidade do saber em diferentes contextos. E4:Um técnico pode fazer planejamento, ele pode ajudar, que nem na área de arquitetura, da pra fazer planejamento de urbanismo, (...) medicina você encontra plantas medicinais, você vê elas nas florestas, muitas vezes vocês nem sabem que elas existem. Os trabalhos e funções específicos realizados por técnicos foi o tema mais abordado dentro da categoria Prática. Os entrevistados assumem a dualidade de papeis, no processo que estão. O papel de alunos e o papel de futuros técnicos. Dessa forma, os relatos mesclavam ações de aprendizagem como um fazer, dentro do contexto disciplinar, abordando características de atividades de algumas matérias técnicas. Abordam também, as especificidades de algumas tarefas na atuação do técnico, entre elas, planejamento, inventário, atividades de topografia, medição de terrenos, tarefas burocráticas envolvendo a legislação florestal, entre outras. E2:Você calcular é uma coisa muito exigida em Florestas. É você saber cálculo. Porque se você trabalhar, desde um fazendeiro ou para uma empresa, vão querer saber o quanto eles tem em uma área, quanto aquilo vai ser rentável, se eles vão querer ou não, se é bom fazer aquilo ou não e quanto de caminhão que você vai ter que utilizar pra pegar todo o volume pra levar a cidade. As dificuldades na realização de algumas atividades disciplinares também foram elencadas como parte do processo de aprendizagem como prática. Os alunos expuseram como o envolvimento coletivo foi essencial, na busca de superar as dificuldades encontradas e conseguir construir um conhecimento compartilhado para o cumprimento da proposta. E5: No momento que os professores falaram que nos íamos escrever o inventário. Foi o momento que tipo, nossa, me deu muito dificuldade, assim, porque nós já tínhamos feito inventário, assim, florestais, mas não desse jeito. E notória a preocupação, dos estudantes, com os resultados do trabalho realizado ou a ser realizados enquanto atuantes como técnico em Florestas. A responsabilidade que as ações do técnico podem trazer aos empregadores, as consequências do erro para o indivíduo, e para a comunidade que lhes confiaram à tarefa. E1: Por exemplo, na questão do inventario, se você não fizer direito você vai dar um prejuízo enorme para a pessoa que te pediu, pro seu chefe ou fazendeiro que te pediu. Porque isso é dinheiro, você vai trabalhar com dinheiro, ele vai confiar em você, você nunca mais... É como se um engenheiro civil construísse um prédio, e o prédio caísse. As visitas técnicas e atividades práticas foram aspectos de muita importância para os estudantes. Nas entrevistas, fica claro a contribuição da participação nestas atividades para o aprender prático, e consequentemente aprender desempenhar a sua função e adquirirem confiança em suas ações, enquanto profissional. E1:As visitas técnicas, também a gente faz nas florestas que tem aqui de Pinus e Eucalipto. E essa parte de medir que é a parte técnica mesmo, de pegar a “fitinha” métrica e colocar na “arvorezinha” e medir quanto é o diâmetro dela. Assim, é uma coisa que você só aprende na prática. Medir o desnível dos terrenos, que é uma coisa que deveria ser feito o ano passado e a gente não fez. 4.3 Comunidade A categoria Comunidade abrange as descrições sobre as diferentes configurações sociais, a qual eles estão inseridos, ou conheceram, ou que pretendem fazer parte. Configurações estas que influenciam as atividades e práticas realizadas, despertando o sentimento de reconhecimento às ações desenvolvidas dentro destas comunidades. Tendo em vista, o desejo de pertencer, ser acolhido e fazer parte integrante, com ações que sejam reconhecidas, valorizadas como competência. A primeira característica observada nas entrevistas é a descrição da comunidade local. Como é a cidade de Telêmaco Borba, principalmente em seus aspectos econômicos, industrial e a forte influência do setor florestal na cidade. Outra particularidade destacada é a caracterização das esferas de ensino, em ensino estadual e ensino federal. Em ambos os casos a falas registradas, indicam o desejo de pertencimento. No primeiro, pertencer ao setor florestal como profissional e no segundo caso, pertencer a uma instituição federal de ensino. E2: [...] você vê que a região é totalmente voltada para essa área, o Paraná é mais voltado para essa área de floresta e a Klabin é uma das maiores das regiões, da América Latina em produção de papel e celulose. E2: Então, é assim foi mais um ensino por ter nome de federal foi o que mais me chamou a atenção. A influência de algumas comunidades, em que os estudantes já estão inseridos, para as ações, escolhas e decisões é algo bastante presente. A família se caracteriza por ser a comunidade que exerce o maior alcance, junto aos estudantes. O direcionamento, o exemplo de pessoas da família que atuam como profissionais da área de florestas, ou no setor de produção industrial e a cultura familiar, com características próprias devido a proximidade do campo e de florestas. E2: Ai, junto com minha família, meu pai também trabalha na empresa Klabin, ele falou que era um bom negócio estudar floresta. E4: Por eu ter vindo de uma área mais do interior, eu sempre vivi perto da floresta, de arvores de ter aquela coisa de comer a fruta debaixo do pé. O curso de Floresta abre um amplo campo de atuação. Os estudantes indicam que cada área de atuação é caracterizada como uma comunidade que possui interesses particulares comuns entre seus membros. Além disso, em alguns momentos os entrevistados caracterizarão a própria turma escolar como uma comunidade. Outro ponto forte observado são os benefícios que a atuação do profissional técnico em florestas pode trazer para a comunidade local, e em uma esfera maior a para a sociedade como um todo. É observado o reconhecimento de outras comunidades de profissional para que o trabalho realizado seja de qualidade. E ainda, que existe uma interdependência entre essas comunidades profissionais. E2: É mais empresarial, ajuda a empresa a ter lucro, a empresa tendo lucro gera outros empregos e ajuda a sociedade. Você pode ajudar também na produção de papel e celulose. É que não é só a gente é um conjunto. São os engenheiros, são os técnicos, tem os famosos peões também, então é um conjunto. São todos que juntos, não vou falar que fazem a diferença, mas conta bastante, para uma empresa principalmente. A visita em diferentes comunidades sociais, mais uma vez, foi mencionada. Como visitas em fazendas, em aldeias, em comunidades de assentamento, em pequenas produções e em empresas. O conhecimento cultural que as visitas permitiram foi apontado como relevante para a aprendizagem, inclusive para desenvolver o respeito aos diferentes povos e comunidades. 4.4 Identidade A identidade esta diretamente relacionada com o lado pessoal do sujeito. Envolvendo questões de afinidade, sentimentos, mudanças. Esta categoria enfoca os movimentos internos de tornar-se. A formação no campo profissional e pessoal, em que a aprendizagem promove a transformação do individual. Contribuindo para o desenvolvimento de historias pessoal, em um contexto comunitário. Os primeiros indícios de transformação pessoal são as descobertas das afinidades, interesses e que culminam na escolha para o curso superior ou para a área especifica da atividade profissional. Durante a realização do curso técnico, os alunos apresentavam expectativas referentes ao que eles aprenderiam e o que fariam após o término do curso. Algumas expectativas se apresentavam coerentes com a proposta do técnico em florestas correspondendo com a realidade. Outras acabaram por trazer conflitos e desmotivação. Isso indica que há uma mudança de perspectiva ao longo do percurso trilhado. E3: É assim, não é totalmente descartável. Eu gosto, mas não é uma coisa que eu queira seguir. Hoje, eu não me identifico com o curso. E3: Porque quando eu entrei no curso, eu achava, nossa! Lindo dia nasceu! Mágico! Planta, ecologia, só isso que eu achava. E quando vieram as matérias, economia, tudo assim de cálculo, eu pensei meu Deus! O que é isso? Um dos pontos mais citados pelos alunos entrevistados foi como o aprendizado do curso foi importante no âmbito pessoal. As contribuições para as mudanças de paradigmas, quebras de preconceitos, o desenvolvimento de empatia, o respeito ao outro e a ética profissional. A aprendizagem formal por mais que tenha como objetivos a aprendizagem de conhecimentos curriculares, ela não se isenta da formação do indivíduo como pessoa, para o convívio social e o trabalho. E que o processo de aprendizagem inclui a formação ética e o aprendizado de valores. E5: Você não aprende só uma profissão, mas, você aprende valores. Acho que é uma coisa que vamos levar para o resto de nossas vidas. E2:Acho que teve tanto o aprendizado técnico e o pessoal (...). E o pessoal foi assim, a do seu Renato pra você ver que você tem que valorizar o pequeno agricultor, a gente depende do pequeno agricultor. E também do pessoal que eu aprendi foi lá na visita das tribos indígenas, que tem a respeito das etnias (...). Então, assim, pra eu respeitar e ver o outro lado da moeda. Para os alunos investigados, o aprendizado técnico é algo que os influenciará para a vida, independente do caminho a ser escolhido para seguir. E que estes conhecimentos ajudam a decidirem os próximos passos. Eles apontam as possibilidades de utilizar o aprendizado para assumir diferentes funções na comunidade. A ação do tornar-se estará influenciada pelo processo de aprendizagem no qual eles se encontram. E4: Nessa área, então cada um pode localizar um pouquinho do que aprendeu na área de florestas pro que levar na vida em diante, entendeu? O interesse individual é um dos fatores que direciona as escolhas de experiências e, indiretamente, as mudanças que resulta por meio das experiências vividas. Esses interesses, afinidades contribuem para a formação do individuo. Os sujeitos da pesquisa demonstram apresentar conflitos internos, incerteza e insegurança com relação as suas escolhas e as suas ações se mostram presente. Os alunos abordam a questão do conhecimento prático, a incerteza de que o preparo ao longo do curso seja suficiente para as situações a ser enfrentadas na vida profissional, e como experiência e tempo são fatores decisivos para a formação profissional. E3: Assim, a gente ao mesmo tempo em que esta preparada para fazer com o ensino técnico a gente não está. Então não sei, é o tempo eu acho. E1:E se um dia a gente precisar e for ter que trabalhar como técnicos, saber se a gente realmente vai desempenhar bem a função. É muito grande a responsabilidade, então a gente não sabe realmente se um dia nós seremos capazes. Eu pelo menos tenho muito medo disso. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A aprendizagem é um processo social que acontece em conjunto com as outras atividades da vida cotidiana. De forma, a interferir na vida em comunidade, no sentir e agir no mundo. De igual forma o processo de aprendizagem não esta isento das interferências que as ações e práticas comuns exercem no decorrer da vida. A aprendizagem sob a perspectiva social de Wenger (2013) é colocada como um processo maior que a aquisição de conhecimentos curriculares. É um processo que, além dessa aquisição, envolve a ampliação e aquisição de conhecimentos atitudinais e comportamentais, com o desenvolvimento pleno do sujeito para atuar como um ser social. Participando das atividades em comunidade, com competências valorizadas e experiências significativas para a sociedade e para o indivíduo. Por meio das análises das entrevistas realizadas junto aos alunos da turma de 3º ano do curso de Florestas, Ensino Médio e Técnico Integrado do Campus de Telêmaco Borba do IFPR, foi possível verificar indícios das componentes da teoria social de aprendizagem: significado, prática, comunidade e identidade. Por meio das análises, foi possível verificar a presença das quatro componentes interconectados no processo de aprendizagem. Com relação a categoria Significados, as principais características encontradas referem-se as decisões, o interesse e as visitas técnicas. As decisões são colocadas como sendo uma experiência significante, sejam as decisões passadas de ingresso no curso, ou as decisões futuras. O interesse é posto como algo que influencia as experiências vividas as quais podem ser intensificadas ou não mediante o interesse pela experiência. E as visitas técnicas, visitas em feiras e participações em eventos são apontado como as experiências que mais trouxeram significado para a formação. A categoria Prática foi a que os alunos mais fizeram colocações e apontamentos, sendo que esta possui maior número de frases categorizadas. As entrevistas trazem diversas formas do saber fazer, em que as mais destacadas foram à diversidade de atividades em que o técnico pode atuar, a descrição detalhada de tarefas especificas do técnico, e a contribuição das visitas técnicas para o aprendizado amplo e prático. Com relação a categoria Comunidade, os alunos manifestaram na entrevista a participação em diferentes comunidades, e como a aprendizagem que ocorre na comunidade escolar influencia em outras comunidades, possibilitando aplicação dos conhecimentos em diferentes contextos. Fica evidenciada a existência de outras comunidades menores dentro da comunidade de técnicos florestais. E ainda, diferentes comunidades que se conectam as de técnicos florestais para o cumprimento de tarefas em um setor empresarial. A categoria Identidade, as entrevistas evidenciam a preocupação com a transição do estudante para o profissional, o torne-se técnico na prática. As inquietações também perfazem o caminho da carreira a ser seguida. O descobrir-se nas relações de maior intensidade e afinidade. E por fim, a aprendizagem como processo importante para o desenvolvimento de valores. A análise realizada das entrevistas permitiu entender um pouco mais, sobre como os alunos concebem a própria aprendizagem. Os alunos manifestaram na entrevista, que o aprendizado compreende aspectos das componentes da teoria da aprendizagem social. A aprendizagem acontece não apenas no campo estritamente formal e nem apenas no campo informal, mas que uma e outra estão combinadas no processo de aprendizagem. Dessa forma, pode-se perceber que a aprendizagem é plural e suas formas são complementares, o que contribui para a atuação em comunidade de forma consciente e responsável. Agradecimentos Agradeço ao Professor Sergio de Mello Arruda pela orientação neste trabalho. A UEL pela oportunidade de participar do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciência e Educação Matemática. Ao IFPR por colaboração na disposição dos discentes para a realização da coleta de dados. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. BRASIL. Novas formas de Aprender: Comunidades de aprendizagem. Boletim 15, 2005. CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000. 93p. FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, Ed. Positivo. 2010. FLORES M. A; FERREIRA, F. I. Currículo e Comunidades de Aprendizagem: Desafios e Perspectivas. Santo Tirso, 2002. LAVE, J.; WENGER, E. Legitimate Peripheral participation in communities of practice. Cap. 7, p. 111 –126. In: Supporting Lifelong Learning. Perspectives on Learning. Edited by Roger Harrison, Fiona Reeve, Ann Hanson e Julie Clark. London and New York: Routledge & Falmer. 2002 PASSOS, M. M. OLIVEIRA, B. K., SALVI, R. F. As Questões de “Matemática e suas Tecnologias” do “Novo ENEM”: um olhar com base na Análise de Conteúdo. Educ. Matem. Pesq., São Paulo, v.13, n.2, pp.313-335, 2011. WENGER, E. Communities of practice and social learning systems. Cap. 10, p. 160 –179. In: Supporting Lifelong Learning. Organizing learning. Edited by Fiona Reeve Marion Cartwright and Richard Edwards. London and New York: Routledge & Falmer. 2002. WENGER, E. 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Scientific and research work on the area of social learning are relevant to an education perspective in which knowledge consists not only of a set of information. Because of this, this article presents the results of the analysis of interviews with a group of high school student and Technician IFPR. For the analyzes of the interviews, we used four main aspects, meaning, practice, community and identity, which form the components to social learning theory. Keywords: Social Learning Theory, Community, Middle and Technical Education.