A constituição de uma turma de GE para operações
de GLO em ambiente urbano
João Gabriel Álvares – 2º Ten Com
Ronaldo Bach da Graça – Maj Com
Centro de Instrução de Guerra Eletrônica – CIGE – Brasília, DF.
Resumo  Este trabalho apresenta uma proposta de
constituição de uma Turma (Tu) de Guerra Eletrônica
(GE) para ser empregada em operações de Garantia da
Lei e da Ordem (GLO) em ambiente urbano. Buscou-se
identificar o quantitativo de operadores e analistas ideal
para compor uma Tu GE para esse tipo de operações,
identificar pré-requisitos dos operadores quando da
seleção desses, determinar as ações de GE a serem
executadas por essa turma e o período conveniente de sua
substituição, e identificar características e tipos de
equipamentos a serem utilizados pela Tu GE em
operações de GLO.
Palavras-chave – Turma de Guerra Eletrônica, Garantia
da Lei e da Ordem, ambiente urbano.
I. INTRODUÇÃO
O emprego da GE é considerado elemento de apoio
fundamental ao combate contemporâneo. Peça fundamental
para a tomada de decisão dos comandantes dos escalões em
que é empregada, a GE é o recurso de que os exércitos se
valem na tentativa de dominar o espectro eletromagnético,
considerado atualmente como a quarta dimensão do combate.
De acordo com o manual C 34-1 (BRASIL, 2008), a GE
compreende o conjunto das ações que tem por finalidade
“desenvolver e assegurar a capacidade de emprego eficiente
das emissões eletromagnéticas próprias, ao mesmo tempo em
que buscam impedir, dificultar ou tirar proveito das emissões
inimigas”.
A fim de melhor se organizar para cumprir suas missões,
as atividades de GE se dividem em campos e ramos. Os
campos são o das Comunicações e o das Não-Comunicações.
Os ramos podem se subdividir em Medidas de Apoio de
Guerra Eletrônica (MAGE), Medidas de Ataque Eletrônico
(MAE) e Medidas de Proteção Eletrônica (MPE).
Figura 1: Organização da GE. [3]
A partir de uma análise da proposta de manual C 34-10,
constata-se que a organização da Cia GE e dos pelotões que a
integram são explicados detalhadamente e que nele existe o
conceito de turma como o resultado de uma subdivisão do
pelotão em missões específicas.
Todavia, a referida proposta de manual não estabelece
diretrizes para a composição de uma turma para atuar isolada
da OM de GE, citando apenas que é possível realizar apoio
diferente do divisionário, no qual se emprega toda a Cia GE.
Não se estabelecem, da mesma maneira, fundamentos para
emprego de tropas de GE em operações de GLO.
A atuação em operações de GLO exige das tropas
empregadas com essa finalidade diferentes parâmetros dos
considerados para operações convencionais. O planejamento
e o emprego dos elementos que atuam nesse tipo de
operações devem estar fundamentados no máximo emprego
da inteligência, limitação do uso da força e das restrições à
população, e no máximo emprego da dissuasão e da
comunicação social. [5]
Outro grande desafio vivenciado por efetivos do Exército
nos dias de hoje é alocação de tropas em ambientes urbanos,
o que não raramente tem acontecido. “De uma maneira geral,
as localidades limitam o apoio de GE realizado por sistemas
convencionais.” [3] Tal fato pode ser compreendido na
medida em que se observa que as limitações impostas aos
meios de comunicação, sobretudo no que diz respeito a
efeitos atenuadores de propagação, também repercutirão nos
sistemas de GE. Logo, faz-se necessário planejamento
detalhado, escolha criteriosa dos meios empregados e
adestramento do pessoal que compõe os órgãos de GE.
Percebeu-se, então, a necessidade de se estudar qual
deveria ser a constituição de uma Tu GE para emprego em
operações de GLO em ambiente urbano, levando-se em
consideração as particularidades do caso em questão.
II. DESENVOLVIMENTO
Inicialmente, foi realizada pesquisa bibliográfica referente
à GE, onde pôde ser constatada a escassez das fontes que
tratam do assunto
Em seguida, confeccionou-se um questionário de
percepção da composição da turma de GE, distribuído a
militares servindo no Centro de Comunicações e Guerra
Eletrônica do Exército (CCOMGEX) em 2009.
No total, participaram da pesquisa, realizando o
preenchimento do questionário, 29 militares, sendo 13
oficiais – entre majores, capitães e 1º tenentes – e 16
sargentos – entre 2º e 3º sargentos.
Os militares que compõe a amostra desempenharam
funções relacionadas à GE por, na média, cerca de 5 anos; e
participaram em média de 3 ou 4 missões de GE em
operações de GLO em ambiente urbano.
São indicados resultados com vistas a um aproveitamento
maximizado de pessoal e meios empregados. São abordados
aspectos que dizem respeito à composição mais adequada
para a Tu GE de uma Cia GE em operações de GLO em
ambiente urbano no que tange ao quantitativo de analistas e
operadores.
Importantes dados também foram levantados no que diz
respeito à seleção dos militares que atuam nas funções de
operadores em pauta. Não foram apresentadas alternativas de
reposta a essa questão aos militares que preencheram o
questionário no que dizia respeito aos pré-requisitos dos
operadores de GE.
Buscou-se, também, apresentar uma solução quanto ao
período em que devem ser substituídas as Tu GE empregadas
neste contexto, tendo em vista o desgaste físico e psicológico
a que estão submetidos os militares que participam desse tipo
de missões de GE.
Além disso, o trabalho também abordou os tipos de
atividade de GE (campos, ramos e ações) em que a Tu GE
deveria se focar prioritariamente quando empregada em
operações de GLO em ambiente urbano.
Outro aspecto pesquisado foram as características
desejáveis dos equipamentos a serem conduzidos pelas Tu
GE em operações de GLO em ambiente urbano. Foram
levantados, também, modelos de receptores e suas formas de
emprego.
III. CONCLUSÃO
Com o crescimento da importância da Guerra Eletrônica
para o combate nos dias de hoje, faz-se necessário que o
Exército Brasileiro esteja preparado para atuar na quarta
dimensão do combate de forma eficiente. Isso somente será
possível com a combinação de pessoal preparado e material
condizente com a missão a ser cumprida pela tropa de GE.
Contudo, conhecendo-se as limitações da Força Terrestre
quanto a recursos humanos e financeiros, torna-se
imprescindível o uso adequado e a dosagem correta dos
recursos disponíveis, a fim de aumentar sua operacionalidade
e o poder de combate.
O trabalho a que se refere o presente artigo apresenta uma
solução, que acredita-se seja a melhor, para a questão da
composição da Tu GE para ser empregada em operações de
GLO em ambiente urbano, tendo como dados analisados com
a finalidade de gerar a informação ora apresentada a opinião
de militares que vivenciaram funções relacionadas à GE.
Sugere-se a realização de trabalhos futuros nesta área, tendo
em vista o vasto campo de estudo que proporciona e por ser,
comparando-a com outros setores das ciências militares, uma
área relativamente nova e de rápida evolução. Como foco
desses próximos estudos, ressalta-se a possibilidade de se
aprofundarem os conhecimentos sobre a utilização de
veículos aéreos não-tripulados (VANT) em operações de
GLO, bem como de equipamentos capazes de realizar MAE
que possam ser conduzidos por uma Tu GE em condições
determinadas,bem como o emprego da Tu GE de forma
isolada em outros tipos de operações.
Outro importante ponto a ser estudado são novas opções de
equipamentos, sobretudo de transceptores, a serem utilizados
pelas turmas de GE que apóiam de forma isolada da OM de
GE. Para tanto, deve-se levar em consideração algumas
características desses equipamentos identificadas como de
grande importância, tais como a portabilidade, para permitir a
mobilidade da tropa, grande largura de banda e uma boa
sensibilidade.
REFERÊNCIAS
[1] BASTOS, Ezequiel da Silva. Guerra Eletrônica de
Não-Comunicações. Brasília: CIGE, 2009.
[2]
BRASIL.
Constituição
(1988).
Constituição
da
República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 2002.
[3] ______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. C 34-
1: O Emprego da Guerra Eletrônica. 2. ed. Brasília, 2008.
[4] ______. Estado-Maior do Exército Brasileiro. C 34-10: A
Companhia de Guerra Eletrônica (proposta). Brasília, 2009.
[5] ______. Estado-Maior do Exército. IP 85-1: Operações
de Garantia da Lei e da Ordem. 1. ed. Brasília: EGGCF,
2002.
[6] PINHO, Harley de. Organização e Emprego da Guerra
Eletrônica. Brasília: CIGE, 2009.
[7] SAKAMOTO, Bráulio F R. Guerra Eletrônica de
Comunicações. Brasília: CIGE, 2009.
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