Gostaria de lembrá-lo dos seguintes
pontos:
1) Compensação da base craniana.
O crescimento da base craniana posterior ocorre principalmente pelo crescimento da sincondrose esfeno-occipital. Esta junção normalmente inicia o
fechamento após os 15 anos de idade e
finaliza em torno dos 18 a 20 anos.
Considera-se que o crescimento desta junção separa a fossa temporomandibular da parte anterior da face, o que
significa que a mandíbula é conduzida
para trás em relação à maxila ou o complexo maxilar é conduzido para frente
em relação à fossa glenóide. Segundo
o nosso estudo, a quantidade de crescimento desta junção é de cerca de
10mm para os homens e 7 a 8mm para
as mulheres em média.
Normalmente, numa face Classe I,
há cerca de 8 a 9mm de crescimento diferencial ântero-posterior entre a maxila e mandíbula. Mas esta diferença
de crescimento é, em geral, compensada pelo crescimento da base craniana
posterior pela movimentação para trás
da fossa glenóide. É por isto que uma
face Classe I pode manter um trespasse
horizontal adequado embora a mandíbula cresça muito mais para frente do
que a maxila. Chamo este mecanismo
de “Compensação da base craniana”
porque o crescimento diferencial
maxilomandibular estabelece e mantém uma relação normal ântero-posterior da dentadura.
Nosso estudo sobre a superposição
dos diagramas médios da face Classe III
em diferentes idades apresentou poucas alterações na articular. Suspeita-se
que a face Classe III pode não apresentar um bom crescimento da base
craniana posterior de tal maneira que
a sua compensação efetivamente não
ocorra. Como resultado, o mento será
progressivamente protruído com o
avanço da idade ao contrário do que
ocorre com aqueles Classe I.
Ainda não obtive dados longitudinais da quantidade de crescimento da
base craniana posterior das amostras
Classe III não-tratadas porque é difícil
coletá-las. Preciso continuar com a in-
vestigação.
2) Ângulo da base craniana
Como a base craniana cresce anteroposteriormente, uma base craniana
posterior conduz a mandíbula para trás,
como já expliquei anteriormente. Isto
se dá mais efetivamente quando a base
craniana posterior é mais plana. A base
craniana verticalizada irá conduzir a
fosse glenóide mais para baixo, reduzindo o efeito da compensação da base
craniana afirmada anteriormente. Nossos dados mostraram que os valores médios do ângulo da base craniana (BaS-N) da Classe III foram cerca de 4º
menores que os da Classe I. Isto significa que a face Classe III normalmente
está mais propensa a ter a mandíbula
deslocada para frente.
3) Alteração do plano oclusal.
O plano oclusal é mais ou menos
mantido durante o crescimento para
a face Classe III, mas apresenta uma
rotação em sentido anti-horário comparado à face Classe I. Quando o plano oclusal apresenta tal rotação, o
valor de AB em relação ao plano oclusal (Avaliação Wits) diminui. Isto significa que o problema na dentadura
Classe III é diminuído. Este é outro
mecanismo de compensação para o
crescimento diferencial entre a maxila e mandíbula.
Logo, mesmo que uma face Classe
III apresente crescimento quantitativamente semelhante ao da Classe I, precisamos entender que toda a estrutura
craniofacial participa da formação do
padrão Classe III.
No entanto, é claro que há faces
Classe III que apresentam uma boa
quantidade de crescimento da base
craniana posterior, uma base craniana posterior plana e/ou uma rotação
em sentido anti-horário do plano oclusal. Em tais casos, o reforço do perfil
Classe III não ocorre com o avanço da
idade, na verdade, ele mantém o padrão original Classe III. Por um outro
lado, há também aquelas mandíbulas
que apresentam uma quantidade maior de crescimento que a média. Como
resultado, elas irão apresentar uma
face excessivamente Classe III. Assim,
Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.5, n.3, p.1-6 - maio/jun. - 2000
entre os indivíduos Classe III, cada um
apresenta uma forma diferente de crescimento, como você pode observar em
sua clínica.
Gostaria de lembrá-lo que o que
afirmei foi o resultado da investigação
da média. Ela apenas indica uma tendência geral e inclui uma grande variação. Gostaria que você tomasse o que
seja uma condição ou condições de influência para a formação geral da Classe
III e verificasse nelas qual é ou quais
são as condições em particular do paciente que você irá tratar.
07 - Baseado nos seus estudos
sobre o efeito da mentoneira a
curto e a longo prazo para o
controle do crescimento mandibular na Classe III: Dr. Ary dos
Santos Pinto
a) Você indicaria o uso da mentoneira?
Normalmente não recomendo a
mentoneira quando um paciente ultrapassou o pico máximo do crescimento puberal. Quando um paciente
se encontra antes do crescimento puberal (ou antes do estágio inicial), eu
primeiro avalio o caso cuidadosamente. Quando uma Classe III é produzida
pela retrusão maxilar com mandíbula
normal, não uso a mentoneira (o recomendado é o aparelho de protração
maxilar). Quando a mandíbula é grande e a maxila é pequena (ou
retroposicionada) eu utilizo primeiro
o aparelho de protração maxilar, e então passo para a mentoneira. Quando
a mandíbula é grande e a maxila é
normal, considero a possibilidade de
adotar a mentoneira, mas explico aos
pais as incertezas e a pouca confiabilidade deste recurso.
Também discuto a possibilidade
da cirurgia com os pais na maioria
dos casos de Classe III esquelética
verdadeira. Quando os pais não desejam a cirurgia, eu opto pela mentoneira. Em tal circunstância, o desejo dos pais normalmente é predominante uma vez que nenhuma
criança gosta de cirurgias. Mas
quando preciso corrigir a oclusão
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entre os indivíduos Classe III, cada um apresenta uma forma