EB23 de Olival (7ºC) Tanto por descobrir Gostava de viajar no espaço, é um sonho que muitos seres humanos têm. É fascinante imaginar a calma que se viverá no espaço, o desligar de tanta coisa que nos prende aqui em baixo. Imagino o prazer semelhante aquele que sentimos quando estamos sós, no silêncio do nosso quarto. Um dia à noite, antes de adormecer, creio eu, que foi antes de adormecer, aconteceu algo que vou contar-te. Deitei-me vestida, por cima da colcha, a janela estava aberta. No meu quarto, situado no rés-do-chão, é habitual entrar o aroma de erva cortada e os insectos que quiserem visitar-me. Desta vez entraram pirilampos, a julgar pelas luzinhas encantadoras que vi. Notei que uma luzinha destemida tinha prazer em andar à minha volta. Achei engraçado e num acto de brincadeira perguntei-lhe se o meu quarto era alguma hospedaria. - Como te chamas? – Perguntou o pirilampo. Olhei à minha volta para me certificar se alguém estava a falar comigo. - Sou eu que estou a falar contigo, não me estás a ver? Chamo-me luzizul. Digo-vos que reagi com tanta naturalidade e que conversei com ele como se ele fosse um velho amigo. E para minha surpresa, sabia imenso acerca da constituição do Universo. Ele era física e intelectualmente um autêntico “astro” com luz própria. Planeamos os dois, uma viagem no espaço. Aconteceu … que de repente, estávamos na Estação Espacial Internacional. Foi incrível a sensação da falta de gravidade e ainda mais espectacular a tecnologia que me rodeava. Havia, no entanto, algo “muito terrestre” e eficiente na sala de estufas - as plantas, que eram a base da alimentação dos astronautas, a fonte do oxigénio e o garante da manutenção nos níveis de dióxido de carbono, para além disso, colaboravam para a manutenção do solo onde os decompositores transformam a matéria orgânica em minerais úteis às plantas. No futuro haverá, muito provavelmente, explicação para isto que me aconteceu; gosto de pensar que não foi um simples sonho e de procurar a luzinha no meu quarto.