UPC II - M PROTOCOLOS UPC II - MICROBIOLOGIA Aula Prática 3 Recolha e processamento de amostras microbiológicas – Biofilme oral Os microrganismos são ubiquistas e podem existir em qualquer superfície ou ambiente, tanto como populações planctónicas, em suspensão e dispersos no meio, como populações sésseis, aderentes a superfícies sólidas (bióticas ou abiótica) sob a forma de biofilme. Os biofilmes podem formar-se em condutas de água, louças sanitárias, cascos de navio, na pele e mucosas de animais (incluindo o homem), nos dentes, em próteses. Estima-se que mais de 90% dos microrganismos vivam sob a forma de biofilmes, colonizando qualquer tipo de superfície, como é o caso da superfície do dente. Embora a flora oral seja muito diversificada, em biofilmes verifica-se a prevalência de espécies de Streptococcus e outros microrganismos produtores de ácidos como lactobacilos e leveduras. Genericamente, pode definir-se biofilme como sendo uma matriz polimérica, de aspecto gelatinoso, aderente a uma superfície sólida que é essencialmente constituída por aglomerados de células microbianas, produtos extracelulares resultantes do seu metabolismo e água. As análises microbiológicas tradicionais assentam na cultura dos microrganismos para detetar a sua presença. Os cuidados para que o isolamento de microrganismos seja possível começam na obtenção da amostra. Independentemente do tipo de amostra a utilizar, há sempre que ter em conta os seguintes cuidados: recolher uma amostra representativa; recolher as amostras e mantê-las em condições de assepsia e viabilidade até serem analisadas, adequar os métodos de recolha e tratamento das amostras aos objetivos da análise. A. Obtenção do inóculo: • Utilize uma zaragatoa estéril embebida numa solução salina. Esta solução serve não só para não irritar as mucosas mas também para recolher os microrganismos mais facilmente. AS Duarte 1 UPC II - M PROTOCOLOS • Toque com a zaragatoa na área do interior da bochecha, dentes ou garganta. • Rode a zaragatoa com os microrganismos na superfície de uma placa de LA numa zona restrita da placa (cerca de ¼ da superfície, numa extremidade). • Com uma ansa (agulha de inoculação) espalhe esse inóculo por riscado de acordo com o protocolo B (Riscado em placa). • Identifique a placa com o seu nome e incube a 37°C. • Depois de uma incubação de 18 a 24 horas verifique se houve crescimento, registe o número de colónias que se desenvolveram bem como as suas características de cor e aspeto. Caso não tenha obtido crescimento nas placas volte a incubar e vá verificando em períodos de 24 horas. B. Riscado em placa (técnica de isolamento de microrganismos) Após crescimento em meio sólido é possível observar a morfologia das diferentes colónias e isolar os microrganismos. Assim vamos utilizar o crescimento em LA numa placa de Petri para separar (isolar) colónias de microrganismos numa mistura. Para obter colónias separadas além de se utilizar meio sólido em placas tem que se proceder à inoculação segundo um método especial chamado riscado em placa. Esta técnica consiste em “diluir” uma amostra de microrganismos captada pela ansa. Assim, risca-se o agar em várias direcções, flamejando a ansa sempre que se altera a direcção, seguindo o método representado na figura 1. Para que se obtenha culturas isoladas depois da incubação é essencial que: não se esqueça de flamejar a ansa entre riscados, não perfure o agar durante o riscado. Tente espalhar o inóculo o mais possível sem “recuar” quando está a riscar numa determinada direção. Procedimento: • Identifique a placa. • Flameje a ansa até esta ficar incandescente e passe também o cabo pela chama. Deixar arrefecer durante alguns segundos. AS Duarte 2 UPC II - M PROTOCOLOS • Com uma mão levante o menos possível a tampa da placa de Petri. • Começando onde colocou a amostra inicial, na base da placa, risque a superfície do agar sem perfurar, até cerca de meio da placa. • Tape a placa e rode 90°. • Flameje a ansa. • Na nova posição da placa risque de novo até meio da mesma. • Tape a placa e rode 90°. • Flameje a ansa novamente. • Na nova posição da placa risque de novo até meio da mesma. • Fixe a tampa da placa com fita-cola e identifique a placa com o seu nome. Ponha a placa no suporte que vai ser incubado na estufa. • Incubar a 37ºC 18-24h. Observar a placa para verificar se o isolamento foi eficaz. Repetir o procedimento até ter colónias isoladas. 1 2 3 Figure 1: Procedimento para isolamento de colónias - técnica de 4 AS Duarte colónias riscado em placa. 3