Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 VARIAÇÃO DE PROFUNDIDADE DE ATUAÇÃO DAS HASTES SULCADORAS DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA DE PLANTIO DIRETO Beethoven Gabriel Xavier Alves¹ (UEG), Elson de Jesus Antunes Júnior² (UEG), Elton Fialho Reis³ (UEG). INTRODUÇÃO A degradação de pastagens pode ser vista como o processo evolutivo de manejo inadequado, de perda de vigor, de produtividade, de capacidade de recuperação natural da espécie contra pastejos contínuos, assim como o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e plantas daninhas, culminando com a degradação (ALBUQUERQUE et al. 2001; MACEDO, 2001). Cerca de 60 % das áreas de pastagem apresentam algum grau de degradação em função do manejo inadequado e uma alternativa para renovação de pastagens é por meio do consórcio com culturas anuais (FREITAS, et al.2005). O aumento da profundidade de atuação das hastes sulcadoras das semeadorasadubadoras, ao romper de forma localizada camadas compactadas dos solos (CONTE et al., 2009, REIS et al. 2006), é uma medida que também pode estimular o desenvolvimento radicular e reduzir os efeitos da compactação sobre a produtividade, enquanto a recuperação física por processos biológicos está em andamento (DEBIASE et al. 2010). O desempenho das semeadoras-adubadoras, suas regulagens e operações eficientes, influenciam diretamente na germinação e na emergência de uma cultura (CEPIK et al., 2006). Áreas afetadas por compactação superficial, causadas pelo pisoteio de gado, devido à pequena área de contato entre o solo e a pata do animal, não necessitariam ser descompactadas ou revolvidas antes da semeadura se as semeadoras-adubadoras apresentassem regulagens adequadas, o que resultaria em uma profundidade adequada, abaixo da camada compactada, dos mecanismos de abertura do sulco (RODRIGUES, et al., 2000, CASÃO JÜNIOR, et al., 2000, REIS et al., 2006). Logo a força de tração e a profundidade de semeadura são influenciadas diretamente pelo mecanismo de abertura do sulco das semeadoras em sistema de plantio direto. OBJETIVO Em decorrência do grande número de fatores e variáveis que envolvem o processo de plantio, a pesquisa de campo com máquinas agrícolas encontra dificuldade quando se pretende estudar a interação máquina-solo-planta (REIS et al., 2003). Com isso, objetivou-se com esse trabalho avaliar o consumo de combustível, a patinagem do trator, da semeadora-adubadora e a força de tração requerida por uma haste sulcadora de uma semeadora-adubadora em semeadura direta com diferentes tipos de adubação e profundidades de semeadura. MÉTODOS O experimento foi conduzido na Estação Experimental da SEAGRO de Anápolis-GO e na Universidade Estadual de Goiás. As coordenadas geográficas da área são 17º43'19'' latitude Sul e 48º09'35'' longitude Oeste. A altitude do município é de 820 m e o clima regional é classificado como Cwa-Mesotérmico Úmido, com precipitação e a temperatura média anual de 1750 mm e 25ºC, respectivamente. ¹ Graduando em Engenharia Agrícola, Bolsista PIBIC/CNPq - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica do CNPq, UnUCET/UEG, Anápolis - GO. ² Graduando em Engenharia Agrícola, Bolsista PIBIT/CNPq - Programa Institucional de 1 Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 Bolsas de Iniciação Tecnológicas do CNPq, UnUCET/UEG, Anápolis - GO ³ Engenheiro Agrícola, Prof. Doutor em Engenharia Agrícola, UnUCET/UEG, Anápolis - GO. O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho Escuro Eutrófico, com declividade média de 1% e textura argilosa. A área na qual foi implantado o experimento estava sendo conduzida com pastagem de BrachiariaBrizhanta, implantada há oito anos com pastejo intenso e sob efeito de pisoteio de animais. O experimento foi montado no esquema de parcela subdividida, em que as parcelas foram constituídas de quatro sistemas de semeadura da Brachiária Brizantha Stapf cultivar Marandu (sementes, sementes com adubo - NPK, sementes com inoculante e NPK e sementes com inoculante ), e as subparcelas constituídas de quatro profundidades de deposição das sementes (0,067; 0,076; 0,081 e 0,085 m). O delineamento foi em blocos ao acaso, com três repetições. Cada parcela experimental foi constituída de uma área de 40 m2, sendo 20 metros de comprimento por 2 metros de largura, com espaçamento no final da parcela de 10 m para manobras. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e quando significativos as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As análises estatísticas dos dados foram realizadas utilizando-se o software SISVAR. O nível de cobertura na área em que se implantou o experimento foi determinado antes da realização do plantio, fazendo-se a coleta da palha em uma área de 1 m2, escolhida em locais mais representativos dentro das parcelas experimentais (6 t ha-1 de massa seca). A área foi previamente dessecada com aplicação de herbicida a base de Glyphosathe, na dosagem de 5 l ha-1 para o controle de plantas daninhas. Foram distribuídos 326 kg ha-1 de adubo na formulação 05-30-15 (N-P-K) nas parcelas onde aplicou adubo. Já na cobertura foram utilizados 100 kg ha-1 de uréia em uma única aplicação a 60 dias após a semeadura. O valor médio de resistência à penetração na semeadura foi de 1,0 Mpa, os valores médios da densidade e do teor de água na semeadura foram de 1,24 Kg/dm³ e 29,79 %, respectivamente. Para a realização dos ensaios foi utilizado um trator agrícola da marca New Holland, modelo TT4030, com motor ciclo diesel, com potencia nominal de 75 cv (55,1 kW), a 2500 rpm. A velocidade media de 5,1 km h-1. A semeadora-adubadora utilizada foi equipada com quatro linhas, marca Seed Max, modelo PC2125, com massa total 1.100 kg, composta por disco liso de corte de palhada, conjunto distribuidor de fertilizantes, sulcador para deposição do adubo juntamente com as sementes de braquiária tipo haste sulcadora, dosador de sementes tipo disco alveolado, com regulagem feita por meio de troca de engrenagens e acionado por pneus de tração e disco duplo defasado para a deposição das sementes. A densidade do solo foi determinada no dia em que foi realizada a semeadura coletando uma amostra indeformada em cada parcela experimental. As amostras foram coletadas com anel de aço de bordas cortantes de volume interno conhecido, colocadas em uma sacola plástica e vedadas para o transporte. No laboratório, as amostras foram pesadas em balança digital de precisão (0,01g) e conduzidas à estufa com temperatura entre 105 a 110ºC em lata de alumínio, numeradas e pesadas, onde permaneceram por um período de vinte e quatro horas. Essa determinação foi realizada conforme metodologia proposta por Embrapa (1997). A umidade do solo foi determinada utilizando as amostras retiradas para densidade do solo, conforme descrito anteriormente. Para a realização da medição dos valores de esforço de tração na haste sulcadora, foi instalado no suporte da linha da semeadora adubadora extensômetros de 2 Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 resistência elétrica capaz de medir a deformação ocorrida no suporte quando em operação. Os dados obtidos foram adquiridos na freqüência de uma leitura por segundo, considerando a velocidade de operação do conjunto trator/semeadora utilizado. Os valores medidos foram armazenados em todas as unidades experimentais, por meio de um Datalogger. A medição da força de tração da haste sulcadora foi realizada com uso de um modelo comercial de haste sulcadora com ponteira substituível, condutor fixo de fertilizante para semeadora de plantio direto acoplada a um suporte preso ao chassi, construído de forma a simular as condições originais, permitindo a variação da profundidade da haste em até 0,16 m. Foi adaptado um sistema transdutor de força sensível a pequenas deformações, extensômetros elétricos, para captar a variação da força necessária para romper o solo, montado no arranjo da Ponte de Wheatstone. Antes de realizar as leituras em campo, as hastes foram previamente calibradas utilizando cargas conhecidas, objetivando relacionar as leituras nos extensômetros com os esforços impostos à haste obtidos no campo. Esta calibração do transdutor de força foi realizada no Laboratório de Resistência dos Materiais da Universidade Estadual de Goiás, Anápolis - GO. Este procedimento resultou na conversão dos valores de tensão em força conhecida e na calibração do sistema transdutor de força. As hastes sulcadora foram presas a uma prensa hidráulica, conforme Figura 4, munida do sistema de aquisição de dados programado para coletar dados a cada segundo e alimentação do circuito transdutor com 12 V. Foram adicionados lastros de peso conhecido a extremidade da haste com variação média de 2,3 kg, iniciando em zero e carregando até 87,4 kg e voltando para zero, em intervalos de 20 segundos entre cada carregamento. Os valores de tensão adquiridos foram subtraídos os valores correspondentes a zero de carregamento. Comprovado a sua relação, submeteu-se ao teste de regressão para construção da curva que melhor se ajustava os dados, respeitando o comportamento esperado de deformação do metal. Foi construída uma equação para a haste. A equação que se apresentou mais satisfatória foi a logarítmica, por explicar o comportamento do metal em deformação e explicar mais de 85% dos dados representado pelo R2. Todos os dados relacionados a força coletados tanto em laboratório quanto em campo foram armazenados em um Datalogger, modelo CR800, da empresa Campbell Scientific INC, alimentado por uma bateria recarregável de 12 Volt e 7 Ah. A aquisição dos dados foi feita no software PC400 1.5 coralid3.dll versão 1,3,9,78 Copyright, disponibilizado pela própria empresa Campbell Scientific, INC. Os dados obtidos foram adquiridos numa freqüência de uma leitura por segundo, considerando a velocidade de operação do conjunto trator/implemento utilizado e os valores medidos e quando em campo armazenados a cada 20 m. A velocidade de deslocamento do conjunto trator semeadora-adubadora foi determinada, pelo tempo gasto necessário para o conjunto percorrer os 20 metros de cada parcela experimental. O consumo do combustível foi avaliado durante o deslocamento do trator/implemento em cada parcela, sendo a leitura realizada por um fluxômetro com leitura direta, para a medição do combustível consumido. O consumo horário em volume de combustível foi determinado com base no volume de combustível consumido no percurso dentro de cada unidade experimental, conforme Equação 2. Chv = C*3,6/ t Onde: Equação (2) 3 Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 Chv – Consumo horário (L h-1) C – Volume consumo na parcela (mL); t – Tempo percurso na parcela (s) RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises de variância indicam que: os sistemas de semeadura da braquiária afetaram significativamente a forca de tração na haste sulcadora, e a profundidade de atuação da haste sulcadora afetou significativamente o consumo de combustível e a patinagem do trator e da semeadora-adubadora. A força de tração média demandada pela haste sulcadora foi de 528 Kgf, levando em consideração as características do solo (em valores médios) na avaliação da semeadura, a densidade (1,24 Kg dm-3) e a resistência à penetração (1,0 MPa), este valor de força de tração é aceitável, tendo em vista o trabalho de Conte et al. (2007), que avaliaram, em área de integração lavoura-pecuária, o esforço de tração demandado por hastes sulcadoras na operação de semeadura direta da soja em áreas com diferentes intensidades de pastejo e concluíram que as maiores demandas de tração ocorreram nos tratamentos mais pastejados, demonstrando o impacto da presença dos animais. O valor de esforço de tração na maior profundidade de atuação deles (0,15 m) foi de 4874 N (497 Kgf) na área com o pastejo mais intensivo. O consumo médio de combustível pelo trator, equipado com a semeadoraadubadora, foi de 10,5 l h-1, em Lopes et al. (2003) por exemplo, que avaliaram o uso de diferentes tipos de pneus variando a lastragem (que é a presença, ou não, de água no interior dos pneus) e a quatro velocidades diferentes, concluíram que a condição de lastragem com água no interior dos pneus reduziu o consumo de combustível. O consumo de combustível deles, quando variada a lastragem e a velocidade, variou de 8,5 (com água no interior do pneu, e com a menor velocidade trabalhada) até 16,3 l h-1 (sem água no interior do pneu, e com a maior velocidade). A patinagem média das rodas do trator foi de 23,3 % (m m-1). A patinagem média das rodas da semeadora-adubadora, média da roda que aciona o derramamento de adubo, e da que aciona o plantio das sementes, foi de -5,0% (m m-1). Em Cepik et al. (2010), que semearam aveia preta e nabo, objetivando avaliar um conjunto trator e semeadora-adubadora também em semeadura direta, com diferentes doses de resíduo sobre a superfície e com hastes sulcadoras de distribuição de adubo atuando em diferentes profundidades de distribuição, obtiveram a média da patinagem das rodas tratórias de 16 % (m m-1). CONCLUSÃO O consumo de combustível e a patinagem do trator e da semeadora-adubadora foram influenciados pela variação da profundidade de atuação da haste sulcadora da semeadora-adubadora. O esforço de tração obtido nas hastes sulcadoras correlacionouse apenas ao sistema de semeadura de braquiária. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, J.A.; SANGOI, L. & ENDER, M. Efeitos da integração lavourapecuária nas propriedades físicas do solo e características da cultura do milho. Revista Brasileira Ciencia Solo, 25:717-723, 2001. 4 Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 CASÃO JÚNIOR, R.; ARAÚJO, A. G.; RALISCH, R. Desempenho da semeadoraadubadora Magnum 2850 em plantio direto no basalto paranaense. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.3, p.523-532, 2000. CEPIK, C. T. C. 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