ASSOCIAÇÃO DE APOIO A PESSOAS COM VIH/SIDA PESSOA COLECTIVA N.º 503 170 151 REGISTO DE I.P.S.S. N.º 12/93 DO LIVRO DAS INSTITUIÇÕES COM FINS DE SAÚDE Newsletter 2007 Dezembro A fibrose do fígado progride frequentemente com rapidez nos coinfectados com VIH/VHC Níveis elevados de AST são os melhores prognósticos Derek Thaczuk, Sexta-feira, 19 de Outubro de 2007 Um estudo prospectivo em pacientes co-infectados com VIH e hepatite C descobriu uma progressão significativa de fibrose no fígado num quarto da coorte num período de três anos, apesar de existir pouca ou nenhuma evidência de fibrose no começo do estudo. Descobriu-se que o estado da doença com VIH, o tratamento do VIH e o tratamento do vírus da hepatite C (VHC) desempenha um pequeno papel ou quase nenhum no risco de progressão da fibrose: análises identificaram apenas elevações do soro da aminotransferase de aspartato (AST) como um prognóstico significativo da progressão. As descobertas, por uma equipa de pesquisa na Baltimore's Johns Hopkins University School of Medicine, dirigida por Mark Sulkowski, foram publicadas na edição de Outubro de 2007 da Revista AIDS. O objectivo a curto prazo do tratamento da hepatite C é a resposta virológica sustentada (RVS): a carga viral indetectável prolongada do VHC, após a sequência do tratamento, está concluída. Porém, as taxas de RVS são frequentemente baixas, especialmente na co-infecção VIH/VHC. Os estudos têm revelado resultados opostos quanto ao efeito do tratamento fracassado do VHC, em termos virológicos, sobre a progressão da doença hepática e sobre o impacto da HAART na hepatite C. A equipa de pesquisa de Sulkowski tem seguido uma coorte prospectiva de adultos co-infectados com VIH/VHC, usando repetidas biópsias ao fígado para medir a progressão da fibrose, para determinar os impactos da HAART e do tratamento do VHC e avaliar os factores de risco de progressão. Os dados sobre 61 pessoas desta coorte foram apresentados previamente na 12ª. Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), em 2005, e, novamente, na 13ª. CROI, em Fevereiro de 2006. A corte publicada era composta por 184 adultos infectados pelo VIH e pelo VHC, que tinham feito pelo menos duas biópsias ao fígado entre Janeiro de 1998 e Julho de 2006 e que não tinham cirrose no fígado na primeira biópsia. A coorte era composta na sua maioria por Afro-Americanos (86%) e pessoas com um historial de toxicodependência por via endovenosa (80%); a maioria das pessoas eram homens (74%) com uma idade mediana de 44 anos. A doença do VIH estava bem-controlada na maioria: a contagem mediana das células CD4 era 379 células/mm3, 60% tinha uma carga viral de menos de 400 Serviços Centrais: Largo José Luís Champalimaud, n.º 4 A, 1600-110 Lisboa - Telef. 217 997 500 - Fax: 217 997 599, Email [email protected] Delegação Gaia: Rua da Carvalhosa, n.º 153, 4400-082 Gaia – Telef: 223 756 655 - Fax 223 756 652, Email [email protected] Delegação Funchal: Rua Santa Maria, n.º 111, 9060-291 Funchal - Telef: 291.236.700 - Fax 291.235.800, Email [email protected] Delegação Setúbal: Rua Mormungão, n.º 35, 2900-506 Setúbal – Telef: 265 228 882 - Fax 265 230 111, Email [email protected] Linha Telefónica de Apoio da ABRAÇO 800 225 115 Email [email protected] www.abraco.org.pt ASSOCIAÇÃO DE APOIO A PESSOAS COM VIH/SIDA PESSOA COLECTIVA N.º 503 170 151 REGISTO DE I.P.S.S. N.º 12/93 DO LIVRO DAS INSTITUIÇÕES COM FINS DE SAÚDE Newsletter 2007 Dezembro cópias/ml, 83% tinham estado a fazer a terapia antiretroviral e 62% estavam a tomar HAART à altura da primeira biópsia. Quase todos (95%) tinham o genótipo 1 do VHC; o nível médio do ARN do VHC era de 573.000 na primeira biópsia e poucos (1.7%) tinham recebido o tratamento do VHC nessa altura ou antes. Este estudo usou o sistema modificado de Ishak para medir a fibrose: as descobertas da biópsia foram classificadas de grau F0 a F6. Na altura da primeira biópsia, 136 pacientes (77%) tinham um mínimo de fibrose ou nenhuma (F0 ou F1), 9% estavam no grau F2 e 11% tinham uma fibrose transitória (grau F3 ou F4). (Dez pacientes foram excluídos devido a cirrose grau F5 ou mais alto). Uma “progressão significativa” entre biópsias foi definida como um aumento de pelo menos dois graus. Segundo esta definição, 41 dos pacientes (24%) eram os “progressores”, que sofreram um aumento significativo na fibrose entre a primeira e a segunda biópsia - um intervalo de 2.9 anos, em média. (O maior número (48%) não teve nenhuma alteração na contagem da fibrose durante esse tempo; 22% tiveram um aumento de um grau (menos do que significativo). Dos 136 que tiveram uma fibrose mínima ou nenhuma na primeira biópsia, 32% eram “progressores”, incluindo 14% que progrediram para o grau F3, F4, ou mesmo para os graus cirróticos F5 ou F6. Entre os “progressores”, a taxa média de progressão era de 0.83 unidades por ano. A equipa de pesquisa comparou então as características dos “progressores” com as dos “não progressores”. Surpreendentemente, foram encontrados muito poucos factores que diferissem entre os dois grupos, especialmente após a análise multivariada. Não se encontrou nenhum dos seguintes factores como sendo prognósticos significativos: a idade, o sexo, a raça, a contagem das células CD4, a carga viral do VIH, tempo de exposição à TARV, a classe de medicamentos antiretrovirais usada ou o tempo de exposição aos medicamentos antiretrovirais individuais, ao genótipo do VHC ou ao nível do ARN do VHC. Entre biópsias, 37 dos pacientes (21%) receberam o tratamento do VHC com interferão (padrão ou peguilado) mais a ribavirina. As taxas de RVS eram extremamente baixas: somente três pacientes (2.7%) conseguiram a supressão sustentada do VHC; todos os três eram “não progressores”. Uma progressão significativa da fibrose foi mais comum naqueles que receberam o tratamento do VHC (35% contra 20%), mas era mais provável que aqueles que foram tratados já tivessem tido uma fibrose significativa na primeira biópsia e uns níveis mais elevados de ALT e de AST entre biópsias. Em análises multivariadas, a diferença devida ao tratamento do VHC desapareceu: o único factor de risco associado com a progressão da fibrose Serviços Centrais: Largo José Luís Champalimaud, n.º 4 A, 1600-110 Lisboa - Telef. 217 997 500 - Fax: 217 997 599, Email [email protected] Delegação Gaia: Rua da Carvalhosa, n.º 153, 4400-082 Gaia – Telef: 223 756 655 - Fax 223 756 652, Email [email protected] Delegação Funchal: Rua Santa Maria, n.º 111, 9060-291 Funchal - Telef: 291.236.700 - Fax 291.235.800, Email [email protected] Delegação Setúbal: Rua Mormungão, n.º 35, 2900-506 Setúbal – Telef: 265 228 882 - Fax 265 230 111, Email [email protected] Linha Telefónica de Apoio da ABRAÇO 800 225 115 Email [email protected] www.abraco.org.pt ASSOCIAÇÃO DE APOIO A PESSOAS COM VIH/SIDA PESSOA COLECTIVA N.º 503 170 151 REGISTO DE I.P.S.S. N.º 12/93 DO LIVRO DAS INSTITUIÇÕES COM FINS DE SAÚDE Newsletter 2007 Dezembro era um nível elevado de AST entre biópsias. (“Elevado”, neste caso, foi considerado como sendo 2.5 vezes ou mais superior ao limite normal, 37 U/l.) Foram encontrados ASTs elevados em 25% dos “progressores” contra 12% dos “não progressores” (p = 0.03); segundo as análises multivariadas, as probabilidades eram de 3.4 (intervalo de confiança de 95%, 1.4 - 7.9). Os investigadores mencionam diversas conclusões fundamentais. Em primeiro lugar, a descoberta da progressão significativa da fibrose num quarto da coorte é notoriamente maior do que a reportada em muitas coortes mono-infectadas com VHC e “foi um imprevisto nesta coorte de pacientes [co-infectados] com doença de fígado mínima na biópsia inicial.” Em segundo lugar, encontraram pouco ou nenhum efeito do tratamento antiretroviral ou do tratamento do VHC na progressão da fibrose. Estes dados “sugerem que é provável que o efeito da TARV na fibrogénese hepática seja modesto durante um período de 3 anos”. Outros estudos têm informado que o tratamento do VHC está associado com a fibrose hepática estável ou com melhorias (Rodriguez-Torres 2007). Em contraste, a equipa de Johns Hopkins “fracassou na detecção de um efeito benéfico do tratamento do VHC na progressão da fibrose na ausência de RVS, embora “não possam excluir um efeito modesto do tratamento do VIH e do VHC ", e observam que “a selecção não aleatória dos pacientes para receber o tratamento do VHC pode… trazer preconceitos e os testes aleatórios controlados são necessários.” O consumo de álcool (que foi auto-reportado) pode ter sido “avaliado de uma forma incompleta”. Como a maior parte dos pacientes já estavam na HAART na altura da primeira biópsia, os efeitos da HAART podem ter sido subestimados e as taxas de resposta extremamente baixas ao tratamento do VHC podem ter limitado o efeito do tratamento observado. Bibliografia Sulkowski M et al. Rapid fibrosis progression among HIV/hepatitis C virus-coinfected adults. AIDS 21: 2209-2216, 2007. http://www.aidsmap.com/en/news/E0599E09-8DB1-4622-B5FE-B6C983740227.asp Dezembro de 2007 Artigo traduzido da Newsletter da NAM Tradução: António Guarita Revisão: Samuel Fernandes Serviços Centrais: Largo José Luís Champalimaud, n.º 4 A, 1600-110 Lisboa - Telef. 217 997 500 - Fax: 217 997 599, Email [email protected] Delegação Gaia: Rua da Carvalhosa, n.º 153, 4400-082 Gaia – Telef: 223 756 655 - Fax 223 756 652, Email [email protected] Delegação Funchal: Rua Santa Maria, n.º 111, 9060-291 Funchal - Telef: 291.236.700 - Fax 291.235.800, Email [email protected] Delegação Setúbal: Rua Mormungão, n.º 35, 2900-506 Setúbal – Telef: 265 228 882 - Fax 265 230 111, Email [email protected] Linha Telefónica de Apoio da ABRAÇO 800 225 115 Email [email protected] www.abraco.org.pt