MATEMÁTICA E NATUREZA: O ESTUDO DAS ESPIRAIS IX Salão de Iniciação Científica PUCRS Theodoro Becker de Almeida1, Rodiane Ouriques Martinelli2, Ana Maria Marques da Silva2 (orientadora) 1 Faculdade de Matemática, PUCRS, 2 Faculdade de Física , PUCRS. Resumo Este trabalho apresenta uma proposta de abordagem do tema espirais nas aulas de matemática. Além do estudo de PA e PG, o tema permite a exploração de conceitos relacionados com a geometria fractal. Introdução A educação escolar, em geral, mostra-se ainda pouco articulada com os fenômenos e os acontecimentos que presenciamos em nosso cotidiano, tornando-a carente de significado e, conseqüentemente, de pouca importância e utilização para nossa vida (MORIN, 2002). Pensadores e educadores contemporâneos vêm propondo o resgate de uma educação mais globalizada, em que se possa desenvolver um conhecimento e uma forma de pensar menos reduzida e mutilada, em que seja priorizada e evidenciada a complexidade do real (MORIN, 1991). A proposta deste trabalho está inserida dentro de um projeto de desenvolvimento de atividades transdisciplinares que abordem a teoria da complexidade para professores de ciências e matemática, em particular, mostraremos como explorar um estudo de espirais no Ensino Médio. Metodologia A exploração do tema proposto pode ser realizada a partir da observação da existência de fenômenos meteorológicos da natureza observados nos últimos meses no país e em outras regiões do mundo, como a formação de tempestades e ciclones. As imagens de tais IX Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2008 fenômenos assemelham-se a espirais que podem ser discutidas nas aulas de matemática no Ensino Fundamental e Ensino Médio, em diferentes níveis de complexidade. Além desses fenômenos, as espirais podem ser observadas freqüentemente na natureza e na arte, como mostram alguns exemplos na Figura 1. (a) (b) Figura 1: (a) Formação de um ciclone; (b) centro de um girassol. A partir destes elementos de motivação, pode-se buscar identificar as características periódicas das espirais. Matematicamente, uma espiral é uma curva que gira em torno de um ponto central, afastando-se ou aproximando-se deste ponto, dependendo do sentido em que se percorre a curva, segundo uma lei determinada (MAOR, 2003). Neste trabalho, realizamos o estudo de dois tipos de espirais, as quais apresentam propriedades semelhantes, porém possuem comportamentos totalmente diferentes: a Espiral de Arquimedes (Figura 2) e a Espiral Logarítmica (Figura 3). Figura 2: Espiral de Arquimedes. Figura 3: Espiral Logarítmica. Na abordagem do tema espirais, conteúdos e atividades propostas pelos parâmetros curriculares nacionais (PCNs) podem ser desenvolvidos, como o estudo de seqüências e progressões, construção e interpretação de gráficos (BRASIL, 2007). A espiral de Arquimedes, ao ser percorrida por arcos iguais (distância ao pólo - centro da espiral), tem seu comprimento aumentado em uma progressão aritmética (PA) (seqüência numérica em que cada termo, a partir do segundo, é igual à soma do termo anterior com uma constante). IX Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2008 Na espiral logarítmica, a taxa de aumento do comprimento da espiral ocorre segundo uma progressão geométrica (PG) (seqüência numérica em que cada termo, a partir do segundo, é igual ao produto do termo anterior com uma constante) (LIMA et al, 1999). A espiral logarítmica pode ser construída a partir do uso de triângulos retângulos de tamanhos crescentes ou dos chamados “retângulos dourados”, que possuem uma relação constante entre a largura e a altura. Resultados e Discussões Além do estudo de progressões aritmética e geométrica, a abordagem desse tema torna oportuna a exploração de conceitos relacionados com a geometria fractal, pouco trabalhada nos estabelecimentos de ensino. A geometria fractal é um importante ramo da Teoria dos Sistemas Dinâmicos, ramo este pertencente à matemática que forma hoje um conjunto de técnicas e conceitos utilizados por cientistas e pesquisadores de todo mundo para tentar melhor compreender a complexidade dos fenômenos dos variados ramos da Ciência (CAPRA, 1996). A geometria dos fractais possui propriedades peculiares, entre elas, a similaridade em diferentes escalas e a geração por processos recorrentes ou iterativos (MANDELBROT, 1986). Tais objetos geométricos podem ser observados em diversos ramos, como na natureza, arte e cinema, o que desperta um grande fascínio e interesse dos alunos devido ao seu apelo visual. Referências BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM-2007). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf>. Acesso em: 12 maio 2008. CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo, SP: Editora Cultrix, 1996. LIMA, Elon Lages; CARVALHO, Paulo Cezar Pinto; WAGNER, Eduardo; MORGADO, Augusto César. A Matemática do Ensino Médio. Vol. 2. Rio de Janeiro, RJ: Coleção do Professor de Matemática – Sociedade Brasileira de Matemática, 1999. MANDELBROT, Benoit. Comment j’ai découvert lês fractales. La Recherche, França, n. 175, pp. 420 - 424, mar. 1986. MAOR, Eli. e: A História de um Número. Tradução de Jorge Calife. Editora Record. Rio de Janeiro, 2003. MORIN, Edgard. Introdução ao pensamento complexo. Instituto Piaget: Lisboa, 1991. MORIN, Edgar. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. 2ªed. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil, 2002. IX Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2008