Nº33 Jul-Set 2014 Pág. 28-39
Manuela Fiuza
Serviço de cardiologia i, centro Hospitalar Lisboa norte, Lisboa, Portugal
“Whole” truth in cardiovascular disease
Keywords: Whole grains; cardiovascular disease
consumo de cereais integrais (“whole grain”)
e doença cardiovascular
Palavras chave: Grãos integrais; Doença cardiovascular
Abstract
diet is a key modifiable factor affecting
the long-term health and well-being of individuals. Whole grains are universally recommended as part of a healthful diet. A grain is
"whole" when the entire grain seed is retained: the bran, germ and the endosperm.
The bran and germ components are rich in
fiber, vitamins, minerals, antioxidants, and
healthy fats. These are the parts removed in
the refining process, leaving behind the
energy-dense but nutrient-poor endosperm
portion of the grain. examples of whole
grain foods include wild rice, popcorn, oatmeal, brown rice, barley, wheat berries and
flours such as whole wheat.
Whole grain food sources have been associated with lowered risk of cardiovascular
disease. in addition to protecting against
cardiovascular disease, which accounts for
one-third of deaths worldwide, there is evidence that whole grains also protect against
diabetes and other chronic conditions.
The evidence for the role of whole grains
in reducing coronary heart disease risk is
compelling – it shows that increasing whole
grains to 2-4 servings a day can reduce the
28
Resumo
A dieta é um importante fator modificável
que afeta a saúde e o bem-estar dos indivíduos
a longo-prazo. Os grãos integrais são universalmente recomendados como parte de uma
dieta saudável. Um grão é «integral» quando
toda a semente do grão é retida, ou seja o farelo, o gérmen e o endosperma. Os componentes do farelo e do gérmen são ricos em fibra,
vitaminas, minerais, antioxidantes e gorduras
saudáveis. São estas as partes retiradas no
processo de refinação, deixando o endosperma com elevada densidade energética, mas
pobre em nutrientes. São exemplos de alimentos integrais o arroz selvagem, as pipocas, a
aveia, o arroz integral, a cevada, os grãos de
trigo e farinhas tais como a de trigo integral.
As fontes de cereais integrais têm estado
associadas a um risco mais baixo de doença
cardiovascular. Para além de proteger da
doença cardiovascular, que é responsável
por um terço das mortes no mundo, existe a
evidência de que os grãos integrais protegem
da diabetes e de outras doenças crónicas.
A evidência do papel dos grãos integrais
na redução do risco da doença coronária é
convincente – mostra que duas a quatro por-
risk of heart disease by as much as 40%
– equal to the effect of statin drugs.
There is a consistent, inverse association
between dietary whole grains and incident
cardiovascular disease in epidemiological cohort studies. in light of this evidence, policymakers, scientists, and clinicians should
redouble efforts to incorporate clear messages
on the beneficial effects of whole grains into
public health and clinical practice endeavors.
The take-home message is that consumption of generous amounts of whole grains,
cereal fiber, total fiber, fruit, or vegetables
decreases the risk of cardiovascular disease
by about 30%, irrespective of other lifestyle
behaviors. These observations encourage us
to recommend that at least 3 servings of
whole grains be consumed daily.
Introduction
diet is a key modifiable factor affecting
the long-term health and well-being of individuals. Whole grains (WG) are universally
recommended as part of a healthful diet.
WG are made up of the endosperm, the
germ, and the bran of the grain (Figure 1). Most
WG wheat kernels are composed of about 80%
endosperm (the predominant component of
refined flour, which is rich in starch and protein
but poor in most micronutrients), 15% bran (a
major source of fiber, micronutrients, antioxidants, and phytochemicals), and 5% germ
Figure 1
Structure of wheat grain
ções de grãos integrais por dia podem reduzir o risco de doença cardíaca até 40% - um
valor equivalente ao efeito das estatinas.
estudos epidemiológicos de coorte comprovam que há uma associação inversa consistente, entre o consumo de grãos integrais e
a incidência de doença cardiovascular. À luz
desta evidência, os decisores políticos, os cientistas e os clínicos deveriam redobrar os seus
esforços no âmbito da saúde pública e da prática clínica, para difundir mensagens claras
sobre os efeitos benéficos dos grãos integrais.
A mensagem chave é que o consumo de elevadas quantidades de grãos integrais, de fibras
de cereais, de fibras totais, de fruta ou de vegetais, diminuiu o risco de doença cardiovascular em cerca de 30% independentemente de
outros comportamentos relacionados com estilos de vida. estas observações estimulam-nos
a recomendar que devem ser consumidas diariamente pelo menos três porções de grãos integrais.
Introdução
A dieta é um importante fator modificável
que afeta a saúde e o bem-estar dos indivíduos a longo prazo. Os grãos integrais (Gi)
são universalmente recomendados como
parte de uma dieta saudável.
Os Gi são constituídos pelo endosperma,
pelo gérmen e pelo farelo do grão (Figura 1). A
maioria dos Gi de trigo é composta por cerca
Figura 1
Estrutura do grão de trigo
Endosperm
Endosperma
Bran
Germ
Farelo
Gérmen
Wheat
Trigo
29
Nº33 Jul-Set 2014 Pág. 28-39
(plant embryo). A refined grain contains only
the endosperm and thus provides fewer nutrients and phytochemicals than does the whole
grain. WG are cholesterol-free and low in fat,
high in dietery fiber and vitamins (specially
B-vitamins), and are good sources of minerals
(particularly trace minerals). To be considered
a “whole grain,” each of the principal components of the grain must be present in the same
relative proportion as they exist naturally in the
seed. AAcci Board of directors approved the
Whole Grain Working Group’s characterization
of a whole grain product: “A whole grain food
must contain 8 grams or more of whole grain
per 30 grams of product.”
Several countries recommend consumption
of WG, but nutritional recommendations for
consumption of WG foods vary across countries. nevertheless they increasingly stress the
importance of choosing WG foods as key components of cereal intake. However, actual consumption of WG is invariably lower than the
recommendations, in all countries. Table 1 provides a summary of some existing global dietary
WG guidelines. The 2010 dietary Guidelines
for Americans (dGA) recommends 6–11 servings/d of grains based on an individual’s energy
needs, with at least one-half of those servings
(at least 3 servings) as WG. in these guidelines,
de 80% de endosperma (o componente predominante da farinha refinada, que é rico em
amido e proteína, mas pobre na maioria dos
micronutrientes), por 15% de farelo (uma
maior fonte de fibra, micronutrientes, antioxidantes e fitoquímicos) e por 5% de gérmen (o
embrião da planta). Um grão refinado contém
apenas o endosperma pelo que fornece menos
nutrientes e fitoquímicos do que um grão integral. Os Gi não contêm colesterol, têm pouca
quantidade de gordura, são ricos em fibras dietéticas e vitaminas (especialmente vitaminas
do complexo B) e são boas fontes de minerais
(em particular os elementos traço). Para um
produto ser considerado como «cereal integral» deve conter cada um dos principais componentes na mesma proporção relativa em que
naturalmente existem no grão. A direção da
Associação Americana de Química dos cereais
(AAcci) aprovou a caracterização proposta
pelo Grupo de estudo dos Grãos integrais de
um produto integral: «Os alimentos integrais
devem conter 8 g ou mais de cereal integral por
cada 30 g desses alimentos».
diversos países recomendam o consumo
de Gi, variando as recomendações nutricionais para o consumo de alimentos integrais
conforme os países. no entanto, salientam
cada vez mais a importância da escolha de ali-
Table 1
Whole Grains National Recommendations in some countries
National recommendations for a 2000 Kcal diet
USA
3 servings (=48g) or more of whole grains every day (dM, dry matter)
(2010 dietary Guidelines for Americans)
Denmark/Sweden
62g whole grain (dM) daily
(national Food institute/national Food Administration)
Netherlands
6 slices of bread daily, preferably whole grain ≈ 115g whole grain (dM)
(netherlands nutrition centre)
Germany
“At least 30g of dietary fibre daily, especially from whole-grain products, are recommended” (German nutrition Society (dGe))
Switzerland
At least 2 portions daily of whole grain products
(Swiss Society for nutrition Food Pyramid)
Adapted from Health Grain Forum 12 Dec. 2012
30
Tabela 1
Recomendações para o consumo de grãos integrais em alguns países
Recomendações Nacionais para uma dieta de 2000 Kcal
EUA
3 porções (=48gr) ou mais de grãos integrais por dia (PS, peso seco)
(2010 Dietary Guidelines for Americans)
Dinamarca/Suécia
62 gr de grãos integrais (PS) por dia
(National Food Institute/National Food Administration)
Holanda
6 fatias de pão por dia, de preferência pão integral ≈ 115 gr de grãos integrais (PS)
(Netherlands Nutrition Centre)
Alemanha
«Recomenda-se pelo menos 30 gr de fibras alimentares por dia, especialmente
provenientes de produtos integrais» (German Nutrition Society (dGe))
Suíça
Pelo menos 2 porções diárias de produtos integrais
(Swiss Society for Nutrition Food Pyramid)
Adaptado de Health Grain Forum 12 Dez. 2012
foods with at least 51% of the total weight as
WG ingredients or at least 8 g of WG/ounceequivalent (~28 g) were identified as foods that
provided a substantial amount of WG1.
The possible ways in which WG intake may
exert health effects, is that the dietary fibre
and associated components, oligosaccharides,
and the resistant starch that reach the colon
are fermented by intestinal microflora to short
chain fatty acids (ScFA) which may inhibit inflammation and thus improve insulin sensitivity and blood lipid profile. Other bioactive
components present in WG, can affect colonic
fermentation (“antioxidants”, polyphenols
and phytate) or may lower homocysteine concentrations (choline, betaine) and thus improve vascular function (Figure 2).
Whole grains
and cardiovascular diseases
cardiovascular diseases (cVd), including
coronary heart disease, ischemic heart disease, stroke and peripheral vascular disease
are the most common causes of death in developed countries.
data from observational studies show that
a diet high in WG has been linked with a lower
relative risk of heart disease2-7. These studies
have suggested a favourable association
mentos integrais como componentes chave da
ingestão de cereais. contudo o consumo real
de Gi é invariavelmente inferior ao recomendado em todos os países. A Tabela 1 mostra
um resumo de algumas das recomendações
sobre Gi na alimentação. As 2010 Dietary
Guidelines for Americans (DGA) recomendam a ingestão diária de seis a onze porções
de cereais baseadas nas necessidades energé-
duas a quatro porções
de grãos integrais por dia
podem reduzir o risco de
doença cardíaca até 40%
- um valor equivalente
ao efeito das estatinas
ticas dos indivíduos, correspondendo pelo
menos metade dessas porções (mínimo de 3)
a Gi. nestas Recomendações, os alimentos em
que os ingredientes de cereais integrais correspondam a pelo menos 51% do seu peso
total ou que tenham pelo menos 8 g de grãos
integrais/onça (equivalente a ~28 g) foram
31
Nº33 Jul-Set 2014 Pág. 28-39
Figure 2
Some suggested mechanisms for metabolic benefits of whole grain. Adapted from HEALTHGRAIN EU
project (FP6-514008, 2005-2010)
Whole grain intake
Dietary
fibre
Bioactive
components
Oligo-saccharides
Resistant starch
colonic
fermentation
GI
Antioxidant/antiinflammatory status
insulin sensitivity
Type 2 diabetes
between WG food intake and markers of cardiovascular health8-10.
in the nurses' Health Study4, which included over 75,500 women, after 12 years of
follow-up, the 20% of patients who ate the
most WG products had a relative risk of coronary heart disease of 0.67 compared with
20% with the lowest intake. This study also
examined the relationship of WG intake and
risk of ischemic stroke, and an inverse association was observed between WG intake and
ischemic stroke risk, with the relative risk for
ischemic stroke in the highest quintile (median intake 2.7 servings/day) being 0.69
(95% ci, 0.50–0.98, p=0.04 for trend) relative to the lowest quintile (median intake 0.13
servings/day). no such inverse relationship
was observed for refined grain intake.
The iowa Women's Health Study2, had
nearly identical results, with a relative risk
of 0.7 between the highest and lowest quintiles of WG consumption.
32
Homocysteine
Blood lipids
CVD
considerados como alimentos com uma quantidade considerável de Gi1.
Os mecanismos pelos quais a ingestão de
Gi exercem efeitos na saúde, consistem no
facto de as fibras alimentares e os componentes associados, os oligossacarídeos, e o
amido resistente que chegam ao cólon,
serem fermentados pela microflora intestinal em ácidos gordos de cadeia curta que inibem a inflamação e assim melhoram a
sensibilidade à insulina e o perfil lipídico do
sangue. Outros componentes bioactivos presentes nos Gi podem afetar a fermentação
do cólon («antioxidantes», polifenóis e fitato) ou podem diminuir as concentrações
de homocisteína (colina e betaína) e deste
modo melhorar a função vascular (Figura 2).
Grãos integrais
e doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares (dcV), incluindo a doença coronária e a doença isqué-
Figura 2
Alguns mecanismos sugeridos para os benefícios metabólicos dos grãos integrais. Adaptado do projecto
HEALTHGRAIN EU (FP6-514008, 2005-2010))
Ingestão de grãos integrais
Fibras alimentares
Oligossacarídeos
Amido resistente
Componentes
bioactivos
Fermentação
do colon
Índice
Glicémico
estado antiinflamatório/antioxidante
Sensibilidade
à insulina
Diabetes tipo 2
The Health Professional Follow-up
Study10,16, a prospective cohort study showed
after 14 years similar evidence of benefit
with a relative risk of 0.82 between the extreme quintiles of WG intake. Those in the
highest quintile of added bran intake had a
relative risk of coronary heart disease of
0.70, relative to those with no intake of
added bran. Added germ showed no benefit.
This study also examined the association
between WG intake (grams per day) and risk
of incident hypertension (HTn). WG intake
was measured at baseline and with administration of each follow-up food frequency
questionnaire. A total of 9,227 cases of incident HTn were reported over the 18 years of
follow-up. in multivariate-adjusted analyses, comparing the extreme quintiles of consumption, WG intake was inversely
associated with risk of HTn (RR=0.81; 95%
ci: 0.75-0.87, p<0.0001). in those in the
highest quintile of WG intake (46g a day) the
Homocisteína
Lípidos no
sangue
DCV
mica do coração, os acidentes vasculares cerebrais e a doença arterial periférica, são as
causas mais frequentes de morte nos países
desenvolvidos.
dados provenientes de estudos observacionais mostram que uma dieta rica em Gi
tem estado relacionada com um risco relativo
mais baixo de doença cardíaca2-7. estes estudos sugeriram uma associação favorável entre
a ingestão de alimentos integrais e marcadores de saúde cardiovascular8-10.
no Nurses’ Health Study4, que incluiu mais
de 75 500 mulheres, após doze anos de seguimento, as 20% que comiam uma maior quantidade de produtos integrais, apresentaram
um risco relativo de doença coronária de 0,67,
quando comparada com as 20% que ingeriram menor quantidade. este estudo examinou também a relação entre a ingestão de Gi
e o risco de acidente vascular cerebral isquémico. Foi observada uma associação inversa
entre a ingestão de Gi e o risco de AVc isqué-
33
Nº33 Jul-Set 2014 Pág. 28-39
incidence of hypertension was reduced by
19% compared to those with the lowest intake (3g a day), independent of sodium intake. Total bran intake was also inversely
associated with a 15% risk reduction in the
highest versus lowest quintiles of intake.
The authors concluded that there was an
independent inverse association between WG
intake and incident HTn in men. Bran may
play an important role in this association.
in the Atherosclerosis Risk in communities
(ARic) study12, a prospective cohort study, the
relationship between incident heart failure
(HF) (death or hospitalization) and consumption of seven food categories (WG, fruits and
vegetables, fish, nuts, high-fat dairy, eggs, red
meat) were studied. during a mean follow-up
period of 13 years, 1,140 cases of incident HF
were identified. HF hazard ratios were calculated on a one serving per day difference in
each food group intake. The multivariateadjusted HF risk for WG intake was 0.93 (95%
ci: 0.87, 0.99; p<0.05) for each one serving
per day difference in consumption. This association remained significant independent of
intakes of the other food categories analyzed.
The authors concluded that in their large,
population-based sample of African-American and white adults WG intake was associated with lower HF risk.
An inverse association between WG intake
and cardiovascular disease has been consistently demonstrated in multiple observational
studies. Some are summarised in Table 2.
even after allowing for the many confounding
factors mentioned above, substantial positive effects are still seen for cVd and stroke.
Two meta-analyses of WG and cVd found
a protective effect of WG on cVd. Kelly et al13
made a systematic review and a meta-analysis of nine randomized clinical trials (RcT)
(eight oat, one rye), and reported a significantly lower total cholesterol and LdLcholesterol concentrations with higher WG
intake. Seven of these studies reported lower
total cholesterol and LdL cholesterol with
oatmeal foods compared to the control
foods, with a significant weighted mean dif-
34
mico com um risco relativo de 0,69 (intervalo
confiança 95%, 0,50-0,98, p=0,04 - tendência) no quintil mais elevado (ingestão média
de 2,7 porções diárias) comparativamente ao
quintil mais baixo (ingestão média de 0,13
porções/dia). não se verificou relação inversa
no caso da ingestão de grãos refinados.
O estudo Iowa Women’s Health Study2,
apresentou resultados quase idênticos, com um
risco relativo de 0,7 entre os quintis de mais
elevado e de mais baixo do consumo de Gi.
À luz desta evidência,
os decisores políticos,
os cientistas e os clínicos
deveriam redobrar os seus
esforços no âmbito da saúde
pública e da prática clínica,
para difundir mensagens claras
sobre os efeitos benéficos
dos grãos integrais
no estudo Health Professional Follow-up
Study10-16, um estudo prospetivo de coorte
mostrou, após catorze anos, uma evidência
semelhante de benefício com um risco relativo de 0,82 entre os quintis extremos, relativos à ingestão de Gi. Os indivíduos
pertencentes ao quintil mais elevado da ingestão adicionada de farelo tiveram um risco
relativo de doença coronária de 0,70, quando
comparados com aqueles que não tiveram
adição de farelo. A inclusão de gérmen não
trouxe qualquer benefício.
este estudo também examinou a associação entre a ingestão de Gi (gramas por dia) e
o risco de hipertensão arterial (HTA). A ingestão de Gi foi medida no início e no seguimento
através de questionários de frequência alimentar. Houve uma incidência total de 9227
ference of -0.19mmol of total cholesterol/L.
Mellen et al14, in a meta-analysis, quantified observational evidence on WG intake and
clinical cardiovascular events. Seven prospective cohort studies with quantitative measures of dietary WG and clinical cardiovascular
outcomes were identified for pooled analysis.
Six studies provided information for demographic adjusted analyses and seven for riskfactor-adjusted analyses. Based on event
estimates adjusted for cardiovascular risk factors, greater WG intake (pooled average 2.5
servings per day vs. 0.2 servings per day) was
associated with a 21% lower risk of cVd
increasing whole grains to
2-4 servings a day can reduce
the risk of heart disease by
as much as 40% – equal to
the effect of statin drugs.
events (OR 0.79; 95% ci: 0.73-0.85). The
findings were similar when analyses were restricted to studies that provided genderspecific results for men (OR: 0.82; 95% ci:
0.73-0.92) and women (OR: 0.79; 95% ci:
0.68-0.91). Similar estimates were noted for
other cVd outcomes, including incident
cHd, stroke and fatal cVd. The authors’ concluded that evidence from prospective cohort
studies consistently showed an inverse association between dietary WG and incident
cVd in epidemiological cohort studies.
in one interventional study, the Whole
Heart Study15, investigated the effect of substituting WG for refined grains on cVd risk
markers. Subjects (n=266; BMi>25kg/m2)
who routinely consumed few WG products
were randomized to consume 60g WG per day
for eight weeks or 60g WG per day for eight
weeks and then 120g WG per day for eight
more weeks. Markers of cVd risk (BMi, percent body fat, waist circumference; fasting
casos de HTA durante um seguimento de 18
anos. em análises multivariadas ajustadas, ao
comparar os extremos dos quintis de consumo, a ingestão de Gi foi inversamente associada ao risco de HTA (RR=0,81; intervalo de
confiança 95%: 0,75-0,87, p <0,0001). nos
que se incluem no quintil mais elevado de
consumo de grãos integrais (46gr por dia) a
incidência de hipertensão foi 19% mais reduzida do que nos que se incluem no consumo
mais baixo (3 g por dia), independentemente
da ingestão de sódio. A ingestão total de farelo
foi inversamente associada a uma redução de
risco de 15% de HTA no quintil mais elevado
versus o quintil mais baixo.
Os autores concluíram que houve uma associação inversa independente entre a ingestão de Gi e a incidência de HTA nos homens.
O farelo pode ter um papel importante nesta
associação.
no estudo Atherosclerosis Risk in Communities12, um estudo prospetivo de coorte, foram
analisadas as relações entre a probabilidade de
insuficiência cardíaca (ic) (morte ou internamento) e o consumo de sete categorias de alimentos (Gi, fruta e vegetais, peixe, nozes,
laticínios gordos, ovos e carne vermelha). durante um período médio de seguimento de 13
anos, foi identificada uma incidência de 1140
casos de ic. As taxas de risco da ic foram calculadas com base na diferença de uma porção
diária em cada grupo de alimentos. O risco
multivariado-ajustado de ic na diferença de
consumo diário por cada porção de Gi foi de
0,93 (intervalo de confiança 95%: 0,87- 0,99;
p<0,05). esta associação foi considerada significativa independentemente da ingestão de
outras categorias de alimentos analisadas.
nesta vasta amostra, baseada na população afro-americana e em adultos brancos, os
autores concluíram que a ingestão de Gi estava associada a um risco mais baixo de ic.
Uma associação inversa entre a ingestão de
Gi e a doença cardiovascular foi consistentemente demonstrada em múltiplos estudos observacionais. Alguns estão resumidos na
Tabela 2. Mesmo após considerar os múltiplos
fatores confundentes acima mencionados, os
35
Nº33 Jul-Set 2014 Pág. 28-39
plasma lipid profile, glucose and insulin) were
measured at baseline, eight and 16 weeks. no
significant differences in cVd risk markers
were found between the control and the averaged intervention groups between groups.
Another interventional study, the Health
Professionals Follow-Up Study16, came out
with different conclusions. This prospective
cohort study, examined the association between WG intake (grams per day) and risk of
incident hypertension (HTn) in a cohort from
the Health Professionals Follow-Up Study
(n=31,684 males, baseline age 40-75 years).
WG intake was measured at baseline and with
administration of each follow-up food fre-
in light of this evidence,
policy-makers, scientists,
and clinicians should redouble
efforts to incorporate clear
messages on the beneficial
effects of whole grains
quency questionnaire. A total of 9,227 cases
of incident HTn were reported over the 18
years of follow-up. in multivariate-adjusted
analyses, comparing the extreme quintiles of
consumption, WG intake was inversely associated with risk of HTn, (RR=0.81; 95% ci:
0.75-0.87, p<0.0001). Those in the highest
quintile of WG intake (46g a day) the incidence of hypertension was reduced by 19%
compared to those with the lowest intake (3g
a day), independent of sodium intake. Total
bran intake was also inversely associated with
a 15% risk reduction in the highest versus
lowest quintiles of intake. The authors concluded that there was an independent inverse
association between WG intake and incident HTn in men. Bran may play an important role in this association.
36
efeitos positivos substanciais são ainda visíveis na dcV e no acidente vascular cerebral.
duas meta-análises de Gi e de dcV encontraram um efeito preventivo dos Gi na dcV.
Kelly et al13 fizeram uma revisão sistemática
e uma meta-análise de nove ensaios clínicos
aleatorizados (oito com aveia e um com centeio) em que, com consumos mais elevados
de Gi, apresentaram um colesterol total e
concentrações de colesterol-LdL significativamente mais baixos. Sete destes estudos relataram que o colesterol total e o colesterol
LdL são mais baixos com a ingestão de alimentos com aveia quando comparados com
os alimentos de controlo com uma significativa diferença média ponderada de
0,19mmol/L (7,3mg/dl) do colesterol total.
numa meta-análise de estudos observacionais, Mellen et al14 quantificaram a evidência
na relação de ingestão de Gi e de eventos cardiovasculares clínicos. Sete estudos de coorte
prospetivos com medidas quantitativas do
consumo de Gi e de resultados cardiovasculares clínicos foram identificados para uma
análise agrupada. Seis estudos forneceram informação para análises demograficamente
ajustadas e sete para análises ajustadas aos
fatores de risco. Baseada em estimativas de
eventos ajustadas aos fatores de risco cardiovasculares, uma maior ingestão de Gi (média
agrupada de 2,5 porções diárias versus 0,2
porções diárias) foi associada a um risco inferior de 21% de eventos cardiovasculares
(RR 0,79; intervalo de confiança 95%: 0,730,85). As constatações foram semelhantes
quando as análises foram restringidas a estudos que providenciaram resultados específicos relativamente ao género nos homens (RR
0,82; intervalo de confiança 95%: 0,73-0,92)
e nas mulheres (RR 0,79; intervalo de confiança 95%: 0,68-0,91). Foram observadas estimativas semelhantes para outros resultados
da dcV, incluindo a probabilidade de dc, de
acidente vascular cerebral e de dcV fatal. Os
autores concluíram que a evidência de estudos prospetivos de coorte mostrou consistentemente uma associação inversa entre os Gi
alimentares e a probabilidade de dcV em es-
Conclusions
dietary WG have been inversely associated
with cardiovascular risk factors, atherosclerosis, and incident cVd. in light of this consistent
evidence, policy-makers, scientists, and clinicians should redouble efforts to incorporate
clear messages on the beneficial effects of WG
into public health and clinical practice endeavors. And the new U.S. dietary Guidelines suggest a new graphic representation summarizing
key messages, called “MyPlate”, according to
which, one-half of the grain content should be
composed of whole grains. The Healthy eating
plate is another recent proposal from the Public
Health and Medicine departments of Havard
University recommending that all of the grain
content should consist of whole grains.23
The take-home message is that consumption of generous amounts of WG, cereal fiber,
total fiber, fruit, or vegetables decreases the
risk of cHd by about 30%, irrespective of
other lifestyle behaviors. These observations
encourage us to recommend that at least 3
servings of WG be consumed daily.
tudos epidemiológicos de coorte.
num estudo de intervenção, o Whole
Heart Study15, procedeu-se à investigação do
efeito da substituição de Gi por grãos refinados relativamente aos marcadores de risco da
dcV. indivíduos (n=266; iMc > 25 kg/m2)
que rotineiramente consumiram menos
produtos integrais, foram aleatorizados para
consumir 60 g de Gi por dia durante oito semanas ou 60 g de Gi por dia durante oito semanas e 120 g de Gi por dia durante mais oito
semanas. Os marcadores de risco da dcV
(iMc, percentagem de massa gorda, perímetro abdominal; perfil lipídico plasmático em
jejum, glicose e insulina) foram medidos no
início, às oito e às dezasseis semanas. nos
grupos, não foram encontradas diferenças
nos marcadores de risco da dcV entre o controlo e a média dos grupos de intervenção.
Outro estudo de intervenção, o Health Professionals Follow-Up Study 16, chegou a conclusões diferentes. neste estudo prospetivo de
coorte examinou-se a associação entre inges-
***
Table 2
Summary of large scale observational studies showing a benefit of increase whole grain consumption
on CVD risk. Adapted from HEALTHGRAIN Forum – 12 Dec 2012
Study Data Source
Reported Association/Outcome
Reference
Health Professionals Follow-Up
(42,850 adult men),
14 year follow-up
18% reduction in coronary heart disease
(Jensen et al
2004)11
Nurse’s Health Study
(75,521 adult women),
up to 12 year follow-up
36% reduction in ischemic stroke
(Liu et al
2000)20
Iowa Women’s Fealth Study
(38,470 postmenopausal women),
9 year of follow-up
18% reduction in all cardiovascular disease deaths (Jacobs et al
1999)21
18% reduction in coronary heart disease
Iowa Women’s Health Study
(34,491 postmenopausal women),
9 year of follow-up
30% reduction in ischemic heart disease death
(Jacobs et al
1998)3
U.S., Boston adult 535
men and women
52% reduction in cVd mortality
(Sahyoun et
al 2006)22
Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) Study (15,972 adult men
and women) 11 year follow-up
23% reduction in all-cause mortality
28% reduction in incidente coronary artery
(Steffen et al
2003)12
37
Nº33 Jul-Set 2014 Pág. 28-39
Tabela 2
Resumo de estudos observacionais de grande escala comprovando um benefício do aumento do consumo
de grãos integrais no risco de DCV (adaptado de HEALTHGRAIN Forum - 12 Dez 2012)
Estudos
Resultados
Health Professional Follow-up
(42 850 homens adultos) 14 anos
de seguimento
18% de redução de doença coronária
Nurse’s Health Study
(75 521 mulheres adultas)
até 12 anos de seguimento
36% de redução de acidentes vasculares cerebrais (Liu et al
isquémicos
2000)20
Iowa Women’s Health Study
(38 470 mulheres pós-menopausicas), 9 anos de seguimento
18% de redução de todas as mortes por doença
(Jacobs et al
cardiovascular
1999)21
18% de redução de doença coronária
Iowa Women’s Health Study
(34 491 mulheres pós-menopausicas), 9 anos de seguimento
30% de redução de mortes por doença isquémica
do coração
(Jensen et al
2004)11
(Jacobs et al
1998)3
U.S. Boston 535 homens e mulheres
52% de redução de mortalidade cV
adultos
(Sahyoun et
al 2006)22
Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) Study (15 972 homens
e mulheres adultos), 11 anos de
seguimento
(Steffen et al
2003)12
23% de redução de mortalidade global
28% de redução na incidência de doença coronária
tão de Gi (gramas por dia) e o risco de probabilidade de hipertensão (HTA) num coorte
proveniente do estudo Health Professionals
Follow-Up Study (n=31 684 homens, idade
basal – 40 a 75 anos). A ingestão de Gi foi medida no início e em cada visita de seguimento
com questionários de frequência alimentar. A
incidência de um total de 9227 casos de HTA
foi encontrada durante os 18 anos de seguimento. em análises multivariadas ajustadas,
ao comparar os quintis mais e menos elevados
de consumo, a ingestão de Gi foi inversamente associada com o risco de HTA
(RR=0,81; intervalo de confiança 95%: 0,75
– 0,87, p <0,0001). nos que se situam no
quintil mais elevado de ingestão de Gi (46g
por dia) a incidência de hipertensão foi reduzida em 19% quando comparada com os que
se situam no quintil de ingestão mais baixa (3
g por dia) independentemente do consumo de
sódio. A ingestão total de farelo foi também
inversamente associada a uma redução de
38
Referência
risco de 15% no quintil mais elevado versus o
quintil menos elevado. Os autores concluíram
que havia uma associação inversa independente entre a ingestão de Gi e a probabilidade
de HTA nos homens. O farelo pode ter um
papel importante nesta associação.
Conclusão
Os Grãos integrais na alimentação foram
inversamente associados aos fatores de risco
cardiovasculares, à aterosclerose e à probabilidade de dcV. em face desta evidência consistente, os decisores políticos, os cientistas e
os clínicos devem redobrar esforços para, no
âmbito da saúde pública e da prática clínica,
integrar mensagens claras sobre os efeitos benéficos do consumo de Gi. As Recomendações de Alimentação dos estados Unidos da
América (2010 Dietary Guidelines for Americans) sugerem uma nova representação
gráfica que resume as mensagens importantes, denominada MyPlate em que se aconse-
lha que 50% dos cereais sejam integrais. O
Healthy eating plate, ou Prato Saudável, é
uma outra proposta recente das Faculdades
de Saúde Pública e de Medicina da Universidade de Harvard em que se recomenda que
todos os cereais sejam integrais.23
A mensagem chave é que o consumo de
elevadas quantidades de Gi, de fibras de ce-
reais, de fibras totais, de fruta ou de vegetais
diminuiu o risco de dc em cerca de 30% independentemente de outros comportamentos
relacionados com os estilos de vida. estas observações estimulam-nos a recomendar que
devem ser consumidas pelo menos três porções de grãos integrais diariamente.
References / Bibliografia
1- USdA and U.S. department of Health and Human Services. dietary Guidelines for Americans; 2010. Available
from: http://www.cnpp.usda.gov/dietaryguidelines.htm.
13- Kelly SAM, Summerbell cd, Brynes A, et al. Wholegrain
cereals for coronary heart disease. cochrane database of
Systematic Reviews 2007, issue 2. Art. no.: cd005051.
2-Anderson JW. Whole grains protect against atherosclerotic cardiovascular disease. Proc nutr Soc 2003
Feb;62(1):135-42.
14- Mellen PB, Walsh TF, Herrington dM. Whole grain intake and cardiovascular disease: A meta-analysis. nutr
Metab cardiovasc dis (2008),18: 283-90
3- Jacobs dR Jr, Meyer KA, Kushi LH, Folsom AR. Wholegrain intake may reduce the risk of ischemic heart disease
death in postmenopausal women: the iowa Women’s Health
Study. Am J clin nutr 1998, 68:248–257.
15- Brownlee iA, Moore c, chatfield M, et al.: Markers of
cardiovascular risk are not changed by increased wholegrain intake: the WHOLeheart study, a randomised, controlled dietary intervention. Br J nutr 2010, 104:125–134.
4- Anderson JW, Hanna TJ, Peng X, Kryscio RJ. Whole
grain foods and heart disease risk. J Am coll nutr 2000,
19(Suppl 3):291S-299S.
16- Flint AJ, Hu FB, Glynn RJ, et al. Whole grains and incident hypertension in men. Am J Clin Nutr. 2009 Sep; 90 (3):
493-498.
5- Liu S, Stampfer MJ, Hu FB, et al. Whole-grain consumption
and risk of coronary heart disease: results from the nurses’
Health Study. Am J clin nutr 1999 Sep 1;70(3):412-9.
17- Harris KA and Kris-etherton PM. effects of Whole
Grains on coronary Heart disease Risk. curr Atheroscler
Rep (2010) 12:368–376
6- McKeown nM, Jacques P, Mayer J. Whole grain intake
and risk of ischemic stroke in women. nutr Rev. 2001;
59:149–152
18- Truswell AS. cereal grains and coronary heart disease.
eur J clin nutr. 2002; 56:1–14
7- Harris KA and Kris-etherton PM. effects of Whole Grains
on coronary Heart disease Risk. curr Atheroscler Rep
(2010) 12:368–376
8- Ajani UA, Ford eS, Mokdad AH. dietary fiber and c-reactive protein: findings from national Health and nutrition
examination Survey data. J nutr. 2004; 134:1181–1185.
9- Pereira MA, Jacobs dR, Kushi LH, et al. Whole grain consumption, body weight, fat distribution, and insulin in a biracial cohort of young adults: The cARdiA Study.
circulation. 1998; 97:18.
10- McKeown nM, Meigs JB, Liu SM, et al. Whole-grain intake is favorably associated with metabolic risk factors for
type 2 diabetes and cardiovascular disease in the Framingham Offspring Study. Am J clin nutr. 2002; 76:390–398.
11- Jensen MK, Koh-Banerjee P, Hu FB, Franz M, et al. intakes of whole grains, bran, and germ and the risk of coronary heart disease in men. Am J clin nutr 2004 dec 1;80
(6):1492-9.
19- Brownlee iA, Moore c, chatfield M, et al.: Markers of
cardiovascular risk are not changed by increased wholegrain intake: the WHOLeheart study, a randomised, controlled dietary intervention. Br J nutr 2010, 104:125–134.
20- Liu S, Manson Je, Stampfer MJ, Rexrode KM, Hu FB,
Rimm eB, Willett Wc. Whole grain consumption and risk of
ischemic stroke in women: A prospective study. JAMA. 2000
Sep 27;284(12):1534-40.
21- Jacobs dR Jr, Meyer KA, Kushi LH, Folsom AR. is whole
grain intake associated with reduced total and cause-specific
death rates in older women? The iowa Women's Health
Study. Am J Public Health. 1999 Mar;89(3):322-9.
22- Sahyoun nR, Jacques PF, Zhang XL, Juan W, McKeown
nM. Whole-grain intake is inversely associated with the
metabolic syndrome and mortality in older adults. Am J clin
nutr. 2006 Jan;83(1):124-31.
23- Harvard School of Public Health. Healthy eating Plate.
Available at The nutrition Source: www.hsph.harvard.edu
/nutritionsource
12- Steffen LM, Jacobs Jr dR, Stevens J, et al. Associations
of whole-grain, refined-grain, and fruit and vegetable consumption with risks of all-cause mortality and incident coronary artery disease and ischemic stroke: the Atherosclerosis
Risk in communities (ARic) Study. Am J clin nutr 2003,
1;78 (3):383-90.
39
Download

e doença cardiovascular