VIVÊNCIAS INTERDISCIPLINARES E MULTIPROFISSIONAIS – VIM: UMA AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO USUÁRIO A RESPEITO DO SUS E O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Geciane Claudia Moretto1 Jessica Scussiato2 Kauene da Rosa Konzgen3 Kérellyn Follador4 Maquieli Casaril5 Vanessa de Oliveira Pinto6 Vivian Breglia Rosa Vieira7 INTRODUÇÃO: Vivências Interdisciplinares e Multiprofissionais (VIM) é um projeto do Programa de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) da Unochapecó que envolve acadêmicos de diversos cursos da universidade e que tem por objetivo promover a interação ensinoserviço, visando à reorientação da formação profissional, assegurando uma abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na Atenção Básica e promovendo transformações na prestação de serviços à população. As atividades do VIM acontecem através de tutorias presenciais, onde são realizados estudos de textos e discussões acerca de temáticas relacionadas à Saúde Coletiva, e vivência, onde acontece a oportunidade de visita a um Centro de Saúde. Em um Centro de Saúde podem ser observados vários aspectos importantes, um deles é o entendimento do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre seus direitos e deveres. Além disso, pode ser avaliado outro ponto imensamente importante para o SUS, os impactos ambientais gerados pelo gerenciamento dos resíduos sólidos. Esses resíduos provocam contaminação do solo, da água e do ar, degradando o ambiente. Segundo Naime et al (2008), os resíduos infectantes contem um grau de contaminação, podendo gerar desde infecções hospitalares e epidemias, até mesmo endemias devido a uma possível contaminação do lençol freático. Este relato de experiência tem como objetivo mostrar reflexões percebidas por acadêmicos de diversos cursos da Unochapecó, a partir de uma vivência interdisciplinar em um Centro de Saúde do município de Chapecó/SC. A vivência permitiu, aos acadêmicos, entender a participação dos usuários nos conselhos de saúde e o entendimento dos mesmos com relação aos seus direitos e deveres. Além disso, foi verificado o gerenciamento de resíduos sólidos no Centro de Saúde. METODOLOGIA: A vivência do nosso grupo foi realizada num Centro de Saúde localizado no município de Chapecó-SC, no dia 08/04/2014. Fomos recebidos pela coordenadora do local e lá pudemos acompanhar consultas, conversar com profissionais, visitar casas com agentes comunitários de saúde, participar do grupo de hipertensos e diabéticos e observar as condições do local e de seus arredores. Para realização das observações foi utilizado um roteiro formulado pelos próprios acadêmicos em tutorias anteriores a vivência. O mesmo roteiro continha também questões para os diversos profissionais de saúde e para os usuários. As questões eram de caráter qualitativo, servindo para posterior análise dos resultados. RESULTADOS: A partir dos questionamentos feitos com os usuários pode-se perceber que os mesmos, com poucas exceções, nem ao menos sabem o que significa a sigla SUS. Muitos relataram estar insatisfeitos com o sistema de saúde do país e desconhecem seus direitos e deveres relacionados à saúde. Estes resultados apontam a necessidade de realizar mais pesquisas sobre a relação usuário x Sistema Único de Saúde. De acordo com Moimaz et al (2010), pesquisar a respeito da satisfação dos usuários é uma tarefa fundamental para a gestão do serviço prestado, uma vez que seu entendimento pode proporcionar uma avaliação de desempenho sob a 1 Acadêmica do 3º período de Fisioterapia da Unochapecó; 2Acadêmica do 5º período de Educação Física da Unochapecó; 3Acadêmica do 3º período de Farmácia da Unochapecó; 4Acadêmica do 1º período de Medicina da Unochapecó; 5Acadêmica do 6º período de Serviço Social da Unochapecó; 6Acadêmica do 5º período de Ciências Biológicas da Unochapecó; 7 Docente da Unochapecó, tutora do VIM. perspectiva do usuário, ou cliente, indicando decisões tanto estratégicas quanto operacionais que venham a influenciar no nível de qualidade dos serviços prestados pela organização. O mesmo autor afirma que a implementação de um sistema de avaliação de satisfação pode representar uma importante ferramenta para o desenvolvimento de estratégias de gestão para o setor de serviços. A lei 8080/90 regulamenta o SUS e traz como princípios a universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência, a integralidade e a igualdade da assistência à saúde, além da participação da comunidade (BRASIL, 1990). Observou-se, no local visitado, que o acesso da população a essa informação é de suma importância, porém não é efetivo, muitas pessoas relataram não participar, por exemplo, do controle social. O sistema está aberto para ser reconhecido, porém se os usuários tivessem ideia de sua dimensão poderiam se estimular a participar dos conselhos de saúde, podendo, dessa forma, contribuir para a efetivação do SUS. Segundo Correia (2002), a participação social na área da saúde foi concebida para estimular que os setores organizados da sociedade civil participassem desde as suas formulações planos, programas e projetos e acompanhamento de suas execuções, até a definição da alocação de recursos para que estas atendam aos interesses da coletividade. Outro ponto importante observado na vivência foi a gestão de resíduos, englobando desde o descarte e o modo como é armazenado o resíduo infectante produzido pela unidade até a coleta pela empresa terceirizada responsável. Observou-se que dentro das salas da unidade o descarte é correto, porém o acomodamento do mesmo é feito de forma incorreta, pois no local os infectantes não são separados dos resíduos não contaminados. Garcia et al (2004) apontam que tal situação pode acarretar em uma série de contaminações e posteriores patologias, para as pessoas que os manipulam ou até mesmo para os funcionários das empresas que fazem a coleta, e ainda, se o resíduo que foi infectado tiver contato direto com o solo, durante uma chuva, por exemplo, poderá contaminar o solo e os lençóis freáticos. Dessa maneira e conforme cita Naime et al (2004) é inegável a emergência da gestão das atividades ligadas ao setor de saúde pois são fundamentais no contexto do comprometimento ambiental e responsabilidade pela saúde dos cidadãos. CONSIDERACÕES FINAIS: Com essa vivência observou-se que é importante que os usuários do sistema de saúde obtenham uma informação adequada em relação aos seus direitos e deveres, para que se possa ter uma otimização no comprimento dos princípios do SUS. A interação entre os profissionais ajuda no desenvolvimento de estratégias que abordem a complexidade inerente à saúde, os diferentes saberes ou campos de conhecimento quando juntados ajudam na melhoria da qualidade de vida, cidadania e inclusão social no seu campo de ação. Em relação aos cuidados básicos com os resíduos sólidos, notou-se que é preocupante tanto da parte da gestão da unidade, como da falta de uma fiscalização sanitária adequada para indicar o melhor manuseio dos resíduos contaminados. Outro ponto importante a se destacar é de que o VIM contribuiu com a nossa formação acadêmica, já que possibilitou uma visão extra-muro da universidade. Notou-se como é importante a integração quando o assunto é a atenção básica. Concluímos que o comprometimento e a integração da equipe de saúde se faz necessário para oferecer um serviço de melhor qualidade. Aprendemos isso enquanto acadêmicos e acreditamos que haverá maiores possibilidades de exercer tal objetivo no futuro, enquanto profissionais. REFERÊNCIAS: BRASIL. Lei 8080 de 19 de setembro de 1990. Lei orgânica da saúde. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário da união, Brasília, 1990, Seção 1. CORREIA, Maria Valéria Costa. Correia Controle Social na Saúde, 2002. Disponível em : http://www.fnepas.org.br/pdf/servico_social_saude/texto1-6.pdf . Aceso em 10/05/2014. GARCIA, Leila P; ZANETTI-RAMOS, Betina G. Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde: uma questão de Biossegurança. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(3):744-752, mai-jun, 2004. MOIMAZ, Suzely Adas Saliba et al.Satisfação e percepção do usuário do SUS sobre o serviço público de saúde. Physis [online], v.20, n.4, p.1419-1440. 2010. NAIME, Roberto; SARTOR, Ivone; GARCIA, Ana C. Uma Abordagem Sobre a Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde. Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v. 5, n. 2, p. 17-27, jun. 2004. NAIME, Roberto; RAMALHO, Ana H. P; NAIME, Ivone S. Avaliação do Sistema de Gestão dos Resíduos Sólidos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.9, n.1, p.1-17, dez.2008.