XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO HOMEOPÁTICO FRENTE AO
TRATAMENTO CONSERVADOR DA INSUFICIÊNCIA RENAL
AGUDA OU CRÔNICA EM CÃES
Ewerton Borges de Lima1, Telga Lucena Alves Craveiro de Almeida2, Armele Karina da Silva Rodrigues3, Gisele
Barbosa da Silva4, Eneida willcox Rego5, Helena Emília Cavalcante da Costa Cordeiro Manso6, Hélio Cordeiro Manso
Filho7.
Introdução
A insuficiência renal (IR) é uma enfermidade comum em cães e gatos idosos, podendo ser classificada como aguda
ou crônica. A fase em que existe a possibilidade de reversibilidade dos danos morfofisiológicos acarretando na
restauração da função dos nefrons é característica da fase aguda. A fase crônica é marcada por lesões estruturais e
funcionais irreversíveis, sendo esta a forma de maior prevalência da afecção renal em cães e gatos (Brown et al., 1997;
Polzin et al., 1997).
Animais com IR, geralmente apresentam perda de peso devido a falta de apetite e diminuição da absorção de
nutrientes. Pacientes sintomáticos com insuficiência renal crônica (IRC) necessitarão de fluidoterapia, reposição de
calorias de origem não-proteica, redução gradual da quantidade ingerida de sódio, tratamento para a correção dos
desequilíbrios ocasionados pelas desordens gastroentéricas, pela poliúria, pelo déficit ou excesso de eletrólitos como
também pelo acúmulo de toxinas (Polzin, 1997; Rubin, 1997). A limitação da ingestão de proteínas é recomendada no
protocolo terapêutico de pacientes com IRC que apresentam sinais clínicos evidentes ou quando a concentração sérica
de creatinina é superior a 1,5-2,0 mg/dl (Polzin et al, 1997)..
Toda ou quase toda glutamina consumida é absorvida pelos enterócitos, além da glutamina fornecida nos alimentos,
o organismo produz a glutamina endógena, o órgão que mais produz glutamina é o musculo esquelético. Os rins
participam da produção endógena da glutamina e apesar da glutaminase renal derivar do mesmo gene que a enzima
presente em diversos órgãos (exceção do fígado), ela apresenta uma acentuada regulação pelo pH, estando condizente
com a função renal de regular o pH sanguíneo (Stipanuk, 2000).
Os sinais clínicos iniciais da doença renal podem variar dependendo da natureza, gravidade, duração, velocidade da
progressão, presença de outra enfermidade não relacionada, idade, espécie e administração concomitante de
medicamentos. Esses sinais associados à uremia incluem anorexia, depressão, vômito, diarreia, desidratação, hemorragia
gastrointestinal, estomatites ulcerativas, letargia, tremores musculares, convulsões, coma, hipertensão, perda de peso e
hálito com odor amoniacal provocado pela acidose metabólica (Polzin et al., 1997; Nelson & Couto, 2001; Stockham &
Scott, 2002). Hoje em dia existem vários tratamentos para pacientes nefropatas, entre eles podemos citar; hemodiálise,
tratamento conservador, Tratamento Halopatico e tratamento Homeopático. Objetivou-se avaliar a evolução do quadro
clinico do paciente nefropata correlacionando o tratamento homeopático com o halopatico, avaliando as concentrações
séricas de ureia, creatinina, glutamina e glututamato.
Material e métodos
Foram selecionados aleatoriamente 11 pacientes com IR de raças variadas, machos e fêmeas, com idades acima de
cinco anos, no período de setembro de 2012 a Março de 2013, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Os animais foram divididos quatro grupos distintos com a finalidade de observar o
tratamento seria a mais eficaz em relação a qualidade de vida, sobre vida e redução das variáveis (Ureia e Creatinina).
Os animais foram distribuídos aleatoriamente em cada grupo.
Grupo 1 – Composto por 2 animais tratados apenas com dieta com restrição de proteína e medicações sintomáticas.
1
Aluno do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. .Av. Dom Manoel deMedeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE,
CEP 52171-900. E-mail: [email protected]
2
Aluna de Pós-graduação em Ciência Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos,
Recife, PE, CEP 52171-900.
3
Aluna do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE,
CEP 52171-900.
4
Médica Veterinária Autônoma, graduada na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife,
PE, CEP 52171-900.
5
Professor adjunto do departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n,
Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900.
6
Professor adjunto do departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos,
Recife, PE, CEP 52171-900.
7
Professor adjunto do departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n,
Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Grupo 2 - Composto por 2 animais tratados com dieta com restrição de proteína, fluido terapia e medicações
sintomáticas.
Grupo 3 - Composto por 3 animais tratados apenas com Homeopatia (Pro-rim) e medicações sintomáticas.
Grupo 4 - Composto por 4 animais tratados com dieta com restrição de proteína, fluido terapia e medicações
sintomáticas e Homeopatia.
As Coletas sanguíneas foram feitas através de venopunção da jugular, utilizando-se o sistema de coleta a vácuo1,
contendo solução de anticoagulante ácido etilenodiaminotetra-acético tripotássico (EDTA-K3) a 10%, para análises
hematológicas, e outro com tubo seco para realização das analises bioquímicas (uréia, creatinina, cálcio, fósforo), para
as a analises de glutamina e glutamato foi utilizado um tubo com heparina, amostra foi então acidificada e neutralizada
imediatamente após a coleta conforme descrito Manso Filho et al. (2009).
Após o inicio do tratamento, o animal foi acompanhamento, com avaliação clinica a cada 3 dias, exames de ureia e
creatinina, assim como os demais exames que apresentavam alteradas no primeiro exame para comparação do mesmo.
Sendo acompanhado por um período de 30 dias ou até estabilizar o quadro 1.
Resultados e Discussão
O resultado encontrado de Glutamina e Glutamato estão abaixo da literatura consultada (Archilbald, 1944, Iwashita
et. al, 2005) (Tabela 1). A redução na concentração deste aminoácidos deve-se ao fato da glutamina participar do
equilíbrio acido básico. Em casos de acidose metabólica a capacidade de tamponamento e/ou eliminação dos excessos
de H+ tem de ser incrementada de maneira que o organismo atinja um novo estado de equilíbrio acido básico. E a
adaptação no metabolismo da glutamina é a principal alteração em defesa do equilíbrio acido-basico. A glutamina
direcionada para o tamponamento não é apenas a dos rins, o organismo lança mão também a glutamina muscular e do
fígado (CURI, 2000). A síntese de glutamina é o principal mecanismo de remoção de amônia do cérebro, impedindo que
a neurotoxicidade, já que o grupo amida da glutamina proporciona uma forma não toxica de estoque e transporte de
amônia (Curtis & Johnston. 1974, Bejamin, et.al 1977), Por esta razão animais com Insuficiência renal apresentam
perda de massa muscular.
Com base nos dados estatísticos (tabela 2), pode se observar que a media do hemograma revelou anemia
normocítica normocrcômica arregenerativa, leucograma sem alteração, e plaquetas numericamente dentro dos padrões
da normalidade, os resultados encontrados estão dentro do esperado, pois segudo (Almeida et.al, 2009) descreve que
pacientes com IR apresentam anemia normocítica normocrômica do tipo arregenerativa em decorrência da deficiência
de eritropeitina.
Apesar de Almeida, et. al, 2009 relatarem que animais com IRC podem apresentar hiperfosfatemia e que nos
estágios iniciais da insuficiência renal a concentração sérica de fosfato não se altera, pois o aumento é compensatório na
excreção de fosfato pelos néfrons residuais e que geralmente as concentrações séricas de fósforo acompanham as
concentrações de nitrogênio sangüíneo. Tipicamente não ocorre hiperfosfatemia em pacientes com afecção renal, não
azotêmicos, porém os animais estudados apresentavam azotêmico e com fosfato dentro da normalidade. Os níveis de
cálcios estavam dentro da normalidade, pois cálcio pode ser reabsorvido do osso o que leva a uma concentração de
cálcio normal ou aumentada.
A avaliação dos níveis séricos de ureia e creatinina foram realizadas de acordo com grupo do protocolo terapêutico
(tabela 3). foi observado diferença estatística entre os grupos 1 e 4, quando avaliamos a ureia. O grupo 4 apresentou
menor concentração de ureia que o grupo 1. Quando levamos em consideração a creatinina a diferença estatística
ocorreu entre os grupos 2 e 3, o grupo 3 apresentou menor índice de creatinina em relação ao grupo 2.Quando
compramos as fases do tratamento independente do grupo pertencente pode observar que não ouve diferença estatística
entre as fases (tabela 4).
Conclui-se que os protocolos 3 e 4 foram os que apresentaram resultados satisfatório, por ser visto uma melhor
diminuição nas concentrações de ureia e creatinina. O tratamento homeopático e alopático podem ser utilizados juntos
para o tratamento de nefropatias, estando associado a dieta de baixo teor proteico.
Agradecimentos
A CAPES pelo apoio financeiro à investigação
REFERÊNCIAS
Almeida, T.L.A.C, Vaz, S.G, Santos, B.M, Chagas, P.H.M, França Neto, J.H, et al. . Alteração eletrolítica de cães com
insuficiência
renal
crômica
agudizadaircarelato
de
caso,
jepex
2009.
Disponível
http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/R0285-3.pdf
Archiebald, M. R. The enzymatic determination of glutamine. Journal of Biological Chemistry, v. 16 p. 648-656, 1944.
Bejamin AM, verjee ZH, Quastel JH. Kinectics of cerebral uptake processes in vitro of L-glutamine, branchedhain Lamino acids, amd phenylalamine effects of ouabain. J neurochem 28 1189-96, 1977.
Brown, S. A.; Brown, S. A.; Crowell, W. A.; Brown, C. A.; Barsanti, J. A.; Finco, D. R. Review: Pathophysiology and
Management of Progressive Renal Disease. The Veterinary Journal, London, v. 154, n. 2, p. 93-109, 1997.
Curi, R. Glutamina: metabolismo e aplicações clínicas e no esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 2000
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Curtis DR, Johnston GAR, Amino acid transmitters in the mammalian central nervous system. Ergeb Physiol 69, 97188, 1974.
Iwashita, S.; Williams, P.; Jabbour, K.; Ueda, T.; KobayashI, H.; Baier, S.; FlakolL, P.J. Impact of glutamine
supplementation on glucose homeostasis during and after exercise. Journal of Applied physiology, v. 99, p. 1858-1865,
2005
Nelson, R.W. e Couto, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais: Insuficiência Renal. 2º Ed., Guanabara Koogan
S.A., Rio de Janeiro, P. 487-499, 2001.
Polzin, D.J. et al Insuficiência renal crônica. In: Ettinger, S.J. e Feldman, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária.
4º Ed. São Paulo: Manole, vol 2,cap 134, p. 2394-2431, 1997.
Rubin, S. I. Chronic renal failure and its management and nephrolithiasis. In: Veterinary Clinics of North America:
Small Animal Practice, v. 27, n. 6, p. 1331-1354, 1997.
Stockham, S. L.; Scott, M. A. Fundamentos de patologia clínica veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
cap. 8, 2011, p. 368-375.
Stipanuk, M. H. ;Watford, M. Amino acid metabolism. In: STIPANUK, M.H. (Ed). Biochemical and Physiological
Aspects of Human Nutrition. Philadelphia: W. B. Saunders, 2000, p.233–286.
Tabela 1 Media e erro padrão de glutamina, glutamato e glutamina e glutamato.
Parâmetros
Glutamina
Glutamato
Glutamina+Glutamanto
0,0423+0,0280
0,0500+0,00671
0,0101+0,0195
Tabela 2 Media e erro padrão dos índices hematimetricos e bioquímicos.
PARAMETROS
HEMÁCIAS
HEMOGLOBINA
HEMATÓCRITO
VCM
CHCM
LEUCOCITOS
PLAQUETAS
ALT
AST
FA
CALCIO
FÓSFORO
GLICOSE
4,38±0,31
10,0±0,91
30,1±2,54
69,0±1,50
32,7±0,36
12418,1±1519,7
201077,2±30044,8
89,7±34,8
52,2±13,9
153,6±45,0
9,92±0,44
8,79±1,15
94,5±5,91
Tabela 3 media e erro padrão dos valores de ureia e creatinina de acordo com os grupos
Parâmetros
Uréia
Grupo 1
2
3
330,4±45,6
254,9±45,6
208,7±37,1
A
AB
ABC
Creatinina
4,98±1,31
7,82±1,31
3,44±1,06
ABC
A
BC
Letras diferentes na mesma linha indicam P<0,05 pelo teste de Tukey.
4
164,1±23,0
BC
5,67±0,66
AB
Tabela 4 Media de ureia e creatinina de acordo com fase do tratamento.
PARÂMETRO
URÉIA
FASE 1
2
3
4
5
241,1±32,8 213,3±32,8 236,2±32,8 242,8±39,0 266,8±67,5
A
A
A
A
A
CREATININA
6,60±0,94
5,82±0,94
6,04±0,94
5,57±1,12
5,95±1,94
A
A
A
A
A
Letras diferentes na mesma linha indicam P<0,05 pelo teste de Tukey.
6
257,8±67,5
A
5,68±1,94
A
7
218,9±80,5
A
2,68±2,31
A
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