TRANSFERIBILIDADE DE PRIMERS SSR DE Cucumis melo PARA Luffa cylindrica Alves, E.O.(1); Silveira, L.M.(1); Nunes, G.H.S.(1); Nascimento, E.C.(2); Carvalho, K.K.A.(1); Oliveira, G.D.C.(3); Antonio, R.P.(2) [email protected] (1) Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, Mossoró - RN, Brasil; (2) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, Mossoró - RN, Brasil; (3) Biotecnologista, Mossoró - RN, Brasil. RESUMO Dentre as espécies da família Cucurbitáceae, a bucha vegetal (Luffa cylindrica) vem despertando a atenção por apresentar uma ampla variabilidade genética e por ser utilizada para fins econômicos como esponja para banho, de louça, na limpeza geral e no artesanato. Dessa maneira, o objetivo do presente estudo foi analisar a transferibilidade de primers microssatélites desenvolvidos para melão (Cucumis melo) em acessos de L. cylindrica. Foram utilizados dois genótipos de bucha pertencente a coleção de cucurbitáceas da UFERSA. A extração do DNA genômico foi de acordo com o método CTAB. Após a extração foram escolhidos 28 primers desenvolvidos para C. melo, os quais foram utilizados nas reações de amplificação de PCR. Os géis foram analisados de acordo com a presença “1” ou ausência “0” de transferibilidade dos primers de C. melo para L. cylindrica. Foi observado que dos 28 primers Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 escolhidos 21 foram considerados transferíveis, obtendo assim um percentual de transferibilidade de 75%. Dessa forma, verificou-se que houve uma taxa significativa de primers transferíveis de C. melo para L. cylindrica, o qual auxiliará em estudos genéticos dessa espécie. Esse estudo acarretou na otimização do tempo investido em relação a busca e ao desenho de primers realizados em estudos com L. cylindrica. Palavras-chaves: Biotecnologia Vegetal, Marcador Molecular, Bucha vegetal. Tema de interesse: Biologia Molecular INTRODUÇÃO A família Cucurbitaceae é formada por cerca de 118 gêneros que contém em torno de 825 espécies com distribuição significativa em solos tropicais (PRIORI et al., 2010). Entre as principais espécies cultivadas destaca-se a abóbora (Cucurbita moschata), melão (C.s melo L.), melancia (Citrullus lanatus) e o pepino (Cucumis sativus), dentre outros representantes importantes para o agronegócio empresarial brasileiro e na agricultura familiar (FERREIRA; DINIZ, 2007). Uma das espécies dessa família que está despertando a atenção é a bucha vegetal (L. cylindrica) por apresentar uma ampla variabilidade genética e podendo ser utilizada para fins econômicos. Essa espécie pertence ao gênero Luffa que é formado por sete espécies sendo à L. cylindrica a mais conhecida e utilizada (FERREIRA et al., 2010). Conforme Carvalho (2007), a bucha vegetal pertence ao grupo que é conhecido como “Plantas industriais” assim como outras da mesma família. Na comercialização a bucha se destaca por possuir um conjunto 2 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 de fibras finas sendo utilizada como esponja de banho auxiliando na higiene pessoal, dessa forma a bucha se torna mais procurada por consumidores por ser natural, biodegradável e não poluente derrubando assim suas competidoras que são feitas com materiais sintéticos. Pode ser ainda usada no artesanato e tem se mostrado bastante importante como produto medicinal (LEITE et al., 2007; CARVALHO, 2007). A bucha vegetal vem sendo uma das espécies mais estudadas devido apresentar uma ampla variabilidade genética, a qual possui alta importância econômica (ASSIS, 2006). Buscando o aumento na produtividade e uma boa qualidade na espécie programas de melhoramento vem sendo realizados (AGUIAR, 2012). No entanto, para seleção de algumas características esses programas podem levar muitos anos. Uma ferramenta que pode acelerar esses programas de melhoramento são os marcadores moleculares que de acordo com Aguiar (2012) podem ser definidos como todo e qualquer fenótipo molecular oriundo de um gene expresso ou de segmento específico do DNA. Dentre vários tipos de marcadores moleculares os microssatélites ou SSR (Simple Sequence Repeats) são os mais informativos, indicado para uma análise genômica detalhada, pois são codominantes e possui um alto grau de polimorfismo, além de necessitar apenas de uma pequena quantidade de DNA pela técnica PCR (Polymerase Chain Reaction) (RITSCHEL et al., 2004). 3 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Apesar do alto custo no desenvolvimento de marcadores microssatélites, a análise de transferibilidade desses marcadores de uma espécie para outra do mesmo gênero ou de gêneros diferentes é bastante propício, podendo se visualizar uma afinidade entre as mesmas (LEITE et al., 2007). Muitas transferências de primers microssatélites de melão tiveram resultados positivos, havendo transferibilidade para plantas como a abóbora e melancia. Observando-se que esse método pode ser empregado de forma a economizar tempo e estudos da variabilidade da bucha vegetal (RITSCHEL et al., 2004; LEITE et al., 2007; PEIXOTO et al., 2009). Dessa maneira, o objetivo do presente estudo foi analisar a transferibilidade de primers microssatélites desenvolvidos para C. melo em acessos de L. cylindrica. MATERIAL E MÉTODOS Coleta e extração do material Foram utilizados dois genótipos de bucha, escolhidos ao acaso, da coleção de cucurbitáceas da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, campos Mossoró. As sementes foram plantadas e cultivadas em casa de vegetação até a germinação de suas folhas. Essas foram coletadas e procedeu-se o processo de extração do DNA genômico de acordo com o protocolo 4 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Doyle e Doyle (1990). Reação da Polimerase em Cadeia (PCR) Após a extração foram escolhidos 28 primers (CMMS 1-3, CMMS 2-3, CMMS 3-2, CMMS 4-3, CMMS 12-6, CMMS 15-4, CMMS 22-2, CMMS 24-3, CMMS 30-3, CMMS 33-1, CMMS 33-2, CMMS 34-8, CMMS 34-10, CMMS 35-4, CMMS 35-5, CMBR 16, CMBR 44, CMBR 83, CMBR 95, CMBR 98, CMBR 109, CMBR 111, CMGAN 3, CMAGN 68, CMCT 505, CMAGN 32, CMGA 165, CSAT 425) desenvolvidos para C. melo, os quais foram utilizados nas reações de amplificação. Essas foram feitas em um volume total de 10 µL, contendo 10 mM (pH 8,3) de Tris-HCl, 50 mM de KCl, 2,5 mM de MgCl2, 0,25 mM de cada dNTP, 250 µM de cada dos primers SSR de acordo com DANTAS (2011), 0,5 U de Taq DNA polimerase e, aproximadamente, 10 ng de DNA. As amostras foram diluídas em água ultrapura e padronizadas em 10 ng/µL para serem utilizadas nas análises de microssatélites. Em seguida, seguiu-se com as amplificações, as quais foram realizadas em termociclador de acordo com o seguinte programa: 94°C por 2 min, seguida de 40 ciclos de 94°C por 30 seg, a temperatura de anelamento variou de 45, 50, 60°C por 1 min, 72°C por 1 min, extensão final de 72°C por 4 min e redução a 15°C. 5 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 Para verificar a qualidade da amplificação, cada amostra foi corada com 3 µL de azul de bromofenol, e aplicadas em gel de agarose a 3% em TBE 1X (EDTA 2 mM e Tris-borato 90 mM). Após a eletroforese a 80 V, os géis foram banhados com brometo de etídio (10 mg/mL) e as bandas foram fotodocumentadas sob luz ultravioleta em sistema de fotodocumentação. Análise dos resultados Os géis foram analisados de acordo com a presença “1” ou ausência “0” de transferibilidade dos primers de melão para bucha. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi observado que dos 28 primers escolhidos 21 foram considerados transferíveis (Tabela 2). Dentre os primers transferíveis analisaram-se as temperaturas e a qualidade da amplificação, sendo observado que dos 21 primers testados, 17 foram transferíveis a uma temperatura de anelamento de 50ºC. Desses, CMMS 4-3 e CMMS34-10, obtiveram um resultado de amplificação sem necessitar de otimização. Porém, os primers CMMS 33-2 e CMMS 34-10 foram otimizados para uma temperatura de 60ºC (Tabela 2). O padrão de bandas amplificadas encontra-se entre 200 a 750 pares de base. O percentual obtido de primers transferíveis foi de 75%, sendo superior aos 31, 25%, ao estudo obtido por Leite et al., (2007). Esse 6 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 resultado mostra um percentual considerável de genes em comum entre essas espécies, fazendo com que haja uma diminuição econômica considerável em pesquisas nessa área, facilitando assim o uso de um mesmo primer em estudos de diversidade genética em mais de uma espécie de uma mesma família. Peixoto et al., (2009) também analisaram o percentual de primers de C. melo transferíveis e otimizados para L. cylindrica, os quais obtiveram um resultado significativo. Dessa forma, foi dada a continuidade das análises em otimização desses primers em L. cylindrica para a utilização em estudos posteriores. Tabela 1: Análise da transferibilidade de primers desenvolvidos para C. melo para L. cylindrica. Primer CMMS 1-3 CMMS 2-3 CMMS 3-2 CMMS 4-3 CMMS 12-6 45ºC * * * * * Temperatura de anelamento 50ºC 60ºC 0 * 1 1 1 * 1 * 1 * 7 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 CMMS 15-4 CMMS 22-2 CMMS 24-3 CMMS 30-3 CMMS 33-1 CMMS 33-2 CMMS 34-8 CMMS 34-10 CMMS 35-4 CMMS 35-5 CMBR 16 CMBR 44 CMBR 83 CMBR 95 CMBR 98 CMBR 109 CMBR 111 CMAGN 3 CMAGN 68 CMCT 505 CMAGN 32 CMGA 165 CSAT 425 ‘*’ – Não houve teste; ‘0’ * 1 * * 1 1 * 1 * * 1 1 * 1 1 * 1 1 * 1 * * 1 1 * 1 1 * 1 * 1 * * 1 * * 0 0 * 1 1 * 1 1 * 1 0 * 1 0 * 0 * * 1 1 * 0 * * 0 * * 0 * * 0 * * – Não houve transferibilidade; ‘1’ – Houve transferibilidade. CONCLUSÃO 1 – Houve uma taxa significativa de primers transferíveis de C. melo para L. cylindrica, o qual auxiliará em estudos genéticos dessa espécie; 8 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 2 – Esse estudo acarretou na otimização do tempo investido em relação a busca e ao desenho de primers que poderiam ser realizados em estudos com L. cylindrica. REFERÊNCIAS AGUIAR, M. S. Os marcadores moleculares como ferramenta no melhoramento genético de plantas. In: I Ciclo de Palestras sobre o Uso de Marcadores Moleculares na Pesquisa Agropecuária. 1., 2012. Aracajú. Anais... Aracajú: EMBRAPA, 2012, p. 10-14. ASSIS, J. G. A. Ensino e Pesquisa em Recursos Genéticos Vegetais no Instituto de Biologia/UFBA. 131 – 141p. In: ROMÃO, R. L.; RAMOS, S. R. R. (Org.). Recursos Genéticos Vegetais no Estado da Bahia, Teresina: EMPRABA, 2006, 229 p. ÁVILA, G. A. A Cultura da Bucha. 2002. 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