PEDAGOGIA EMPRESARIAL
UMA PERSPECTIVA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
NICHETTI∗, Maria Aparecida Martins de Oliveira – FACIAP/UNIPAN
[email protected]
GONÇALVES∗∗, Josiane Peres – PUCRS
[email protected]
Resumo
Diante das modificações que vem ocorrendo no mundo corporativo, às portas das empresas
estão se abrindo para novos profissionais entre eles o pedagogo. Porém, para se ingressar
neste novo campo de trabalho, não basta ser formado em Pedagogia. É preciso também ter
conhecimentos na área empresarial para perceber as necessidades da organização. O presente
trabalho tem por finalidade, através de uma abordagem teórica e intervenções práticas em
empresas do Grupo de Extensão e Pesquisa em Pedagogia Empresarial – GEPPE da
FACIAP/UNIPAN, evidenciar que existe para o pedagogo um outro campo de atuação que
não somente a escola. Trata-se de um projeto realizado durante o ano de 2006 com 41
acadêmicos de Pedagogia cuja abordagem teórica ocorria aos sábados à tarde em reuniões que
tinha a duração de 02h30min. No primeiro semestre foram estudadas a história da
Administração Científica, como se apresenta na atualidade e as necessidades educativas
existentes no âmbito empresarial. Também foram analisadas as possibilidades de atuação do
pedagogo na empresa, sua postura ética e contribuição social especialmente em relação aos
trabalhadores. No segundo semestre deu-se início às atividades práticas em algumas empresas
de Cascavel-Pr. Os participantes foram organizados em grupos, que prepararam as propostas
de intervenção e apresentavam primeiramente aos demais componentes do grupo. Somente
após ser aprovado por todos é que as atividades eram desenvolvidas nas empresas. Os
resultados dos trabalhos desenvolvidos foram bastante positivos, especialmente para o
aprendizado dos acadêmicos envolvidos, já que foi possível perceber em quais aspectos o
grupo já havia conseguido avançar e em quais situações deveria ser redirecionado o trabalho.
Conclui-se que a Pedagogia Empresarial é uma área nova e que tem muita possibilidade de
trabalho para os pedagogos, mas que muito ainda deve ser aprendido para poder adequar a
proposta educativa às necessidades dos trabalhadores das empresas.
Palavras-chave: Administração Cientifica; Relações Humanas; Educação; Pedagogia
Empresarial.
Com o advento da administração cientifica, o crescimento rápido e acelerado da
industrialização e dos recursos tecnológicos, o mundo do trabalho sofreu grandes mudanças e
nos dias atuais a educação corporativa tem sido considerada como uma das ferramentas das
organizações tanto para valorização do seu capital humano para capacitá-lo quanto para
∗
Especialista em Psicologia do Trabalho e Licenciada em Pedagogia pela FACIAP/UNIPAN de Cascavel-Pr.
Coordenadora do Curso de Pedagogia da FACIAP/UNIPAN de Cascavel-Pr. Doutoranda em Educação pela
PUC/RS.
∗∗
915
mantê-lo atualizado e competitivo.
Mas, qual profissional poderia desenvolver atividades educativas nas empresas?
Partindo do princípio que o pedagogo é o profissional da educação que reúne as qualidades
necessárias para atuar em empresas, como ainda é assunto novo e uma nova área a ser
explorada, é importante que se desenvolvam estudos relativos ao tema para tornar claro aos
profissionais de educação de que forma poderá atuar nas empresas, quais os caminhos a
seguir.
Assim, o presente trabalho tem o propósito de mostrar ao pedagogo outro campo de
atuação, não menos importante que a escola. Através de estudo bibliográfico de autores da
área, abordagem da administração científica e de pesquisa de campo desenvolvido ao longo
do ano de 2006 no GEPPE que é possível aplicar os conhecimentos adquiridos na pedagogia
na empresa.
No século XVII, René Descartes, filósofo e matemático francês, afirmava que o
verdadeiro conhecimento está no poder da razão para resolver qualquer espécie de problema.
É a substituição do tradicional (do subjetivo) pelo racional (razão). No século XVIII, o
racionalismo tomava conta chegando ao século XIX sendo aplicado às ciências naturais e
finalmente às ciências sociais. Conforme Motta (2002), o único campo que ainda não havia
sido afetado pelo racionalismo era o do trabalho. No início do século XX, diante do progresso
da industrialização no mundo, viu-se a necessidade de racionalizar o trabalho e
conseqüentemente a administração. Surgem os pioneiros desta racionalização do trabalho e
ficaram conhecidos como fundadores da Escola de Administração Cientifica ou Escola
Clássica: Winslow F. Taylor e Henri Fayol. Taylor em 1903 publicou nos Estados Unidos o
livro intitulado “Shop Management”. Taylor era engenheiro e mestre de obras em uma fábrica
e tinha a preocupação em aumentar cada vez mais a eficiência no trabalho. Em 1916 na
França, Henri Fayol também engenheiro, que trabalhava como administrador e que como
diretor geral salvou uma grande empresa da falência, lança seu livro “Administração Geral e
Industrial”. Seu estilo esquemático e bem estruturado dividiu as funções do administrador em
planejar, organizar, coordenar, comandar e controlar as atividades. (MOTTA, 2002)
Para aumentar esta eficiência no trabalho defendida por Taylor, o administrador
deveria determinar a única maneira certa, que segundo ele só existia uma única forma de fazer
o trabalho e, que descoberta e adotada maximizaria a eficiência do trabalho. O administrador
pensava, de acordo com o pensamento de Taylor, e aos operários cabia apenas executar
estritamente as tarefas planejadas. Idéias que complementaram com as de Fayol e essas idéias
acabaram dando uma nova direção para o mundo do trabalho. Mais tarde, por volta de 1930,
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as idéias de Henry Ford relativas à seriação do trabalho vieram para complementar o modelo
Taylor/Fayol. (MOTTA, 2002)
As máquinas de fabricação em série, com certeza fizeram aumentar significativamente
a produção. Cada empregado passou a desempenhar uma única função, o que dava mais
agilidade ao processo e triplicava a produção em menos tempo. Essa padronização na
produção foi adotada praticamente por todo o mundo capitalista e aos poucos a administração
científica tornou-se a única forma eficaz de administrar uma empresa.
Com o passar do tempo, a administração científica começou a apresentar seus
problemas. Percebeu-se que a repetição de um mesmo movimento estava gerando fadiga,
ineficiência no trabalho e deficiências no ambiente físico, pois este tipo de administração
tratava o homem como “uma unidade isolada, cuja eficiência poderia ser estimada
cientificamente” (MOTTA, 2002, p.15). Começaram os conflitos industriais e os empresários
pensavam na solução em termos de força. Na visão de Follet (apud MOTTA, 2002) existiam
três métodos para a solução do conflito industrial: o método da força, o da barganha e o da
integração. Para Follet o melhor era o da integração dos interesses entre as partes.
Com a grande crise de 1930 que assolou o mundo capitalista, a preocupação dos
administradores e empresários era aumentar a produtividade e reduzir os custos. As idéias da
Escola de Relações Humanas trouxeram uma nova perspectiva para o reerguimento das
empresas. Com o aparecimento da Escola de Relações Humanas, que através dos estudos
realizados por professores da Universidade de Harvard a partir de 1927, dando seqüência a
outros estudos ocorridos em 1924 pela Academia Nacional de Ciências, concentrada na
análise das relações de produtividade com a iluminação no local de trabalho. Para uma melhor
compreensão do assunto, a experiência foi feita da seguinte forma: selecionados dois grupos
de trabalhadores. Em um grupo a iluminação permaneceu constante durante toda a
experiência. O outro grupo teve a sua intensidade sempre aumentada. A produção dos dois
grupos foi elevada. Tentaram reduzir a iluminação e a produção continuou a aumentar.
Constatou-se então que fatores físicos não influenciavam na produtividade. A partir deste
estudo, em 1927 os pesquisadores de Harvard iniciaram novas pesquisas com o objetivo de
determinar novas variáveis. (MOTTA, 2002)
Começa então as modificações no sistema de equilíbrio entre empregados e
empregadores. O psicólogo industrial australiano George Elton Mayo, foi quem realmente deu
maior ênfase aos aspectos humanos na administração. Nos dias de hoje, século XXI, o modelo
Taylor/Fayol/Ford continua sólido. Porém, as empresas estão buscando conciliar
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administração e relações humanas para uma maior integração entre funcionários e
empresários, pois se entende que neste relacionamento profissional um precisa do outro.
Neste contexto histórico, com as modificações no mundo do trabalho e o
fortalecimento das relações humanas, começaram a abrir campo para outros profissionais
atuarem nas empresas e entre eles o pedagogo. A Pedagogia voltada à empresa não é algo
novo, já vem de décadas e no momento atual tem gerado discussões a respeito do assunto
principalmente porque com a nova onda da globalização mudou muito o perfil deste
profissional. O pedagogo começou a ser chamado para atuar na empresa no final da década de
60 inícios de 70, conforme Ribeiro (2005). Naquele momento histórico vivido pela educação,
cuja função era contribuir para aceleração do desenvolvimento econômico e progresso social,
o pedagogo era a pessoa mais indicada para transferir os princípios da racionalidade,
eficiência e produtividade da economia para a educação de modo a conciliar educação e
política desenvolvimentista.
As novas tecnologias, a automação do processo de trabalho, o trabalhador totalmente
despreparado para este estágio do desenvolvimento industrial, a escola também despreparada
para oferecer contribuições na profissionalização dos trabalhadores principalmente no âmbito
industrial. Como solução, o governo brasileiro através de incentivos fiscais pela lei 6297/75
apoiou as empresas para que as mesmas preparassem a mão de obra necessária para a
indústria dentro da própria indústria. Ribeiro (2005) relata que o pedagogo de chegada
encontrou uma empresa com características Taylor/Fayol/Ford, trabalhadores com pouca
escolaridade. O seu papel voltou-se quase que exclusivamente para a área de treinamento. O
Pedagogo era quem fazia o levantamento das necessidades de treinamento, planejava,
ministrava, avaliava e ainda conduzia alguns processos de escolarização que ocorriam dentro
das organizações. Visava atender as necessidades e interesses da empresa. Havia a
preocupação em uma adaptação pacífica do empregado ao posto de trabalho. Como afirma
Motta (2002), a escolaridade básica e o conhecimento técnico da atividade a ser desenvolvida
eram o bastante e conseqüentemente não havia promoção de conflitos.
No final da década de 80, com a retirada do apoio financeiro do governo brasileiro às
empresas, os processos de treinamento nas organizações foram diminuindo e as empresas que
tinham um número grande de pedagogos passaram a ficar com um psicólogo e um pedagogo.
Mudou então o perfil deste profissional, passando a ser o gestor do conhecimento, pois a
empresa percebeu que seu sucesso não estava somente na utilização dos braços e mãos do
trabalhador, mas na sua capacidade inventiva e dedutiva. Homens com habilidade em
aprender e aplicar o aprendido. Para Franco e Dantas (2002), com o novo processo de
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globalização a partir de 1990, o pedagogo voltou a ser solicitado nas empresas, pois a
globalização exige indivíduos versáteis, omnilaterais. A Pedagogia busca formar o homem
para a vida, se preocupa com uma formação integral, crítica, seres pensantes, de opinião capaz
de ver a realidade e modificá-la.
Uma das pedagogas que desde a década de 70 atua na área de Pedagogia Empresarial é
Maria Luiza Marins Holtz, que se baseando em sua experiência afirma que: “A empresa e a
pedagogia fazem um casamento perfeito. Ambas têm o mesmo objetivo em relação às
pessoas”. Ela ainda define a Pedagogia como: “A ciência que estuda e aplica doutrinas e
princípios visando um programa de ação em relação à formação, aperfeiçoamento e estímulo
de todas as faculdades da personalidade das pessoas de acordo com ideais e objetivos
definidos.” (HOLTZ, 2000, p. 03).
Os conhecimentos adquiridos através do curso de Pedagogia, a habilidade em
conhecer melhor as pessoas; ter um tato mais aguçado que torna capaz de traçar o perfil de
uma pessoa em pouco tempo; entre outros conhecimentos aplicados à empresa são muito úteis
na hora de recrutar, selecionar e contratar pessoas. O trabalho pedagógico é necessário dentro
das empresas. De acordo com Ribeiro (2005) “A pedagogia empresarial se ocupa basicamente
com os conhecimentos, as competências, as habilidades e as atitudes diagnosticados como
indispensáveis/necessários a melhoria da produtividade”. É necessário trabalhar nas empresas
as relações humanas e buscar dentro das pessoas o que elas têm de melhor e ensiná-las a
colocar este melhor a serviços delas próprias e da empresa na qual elas trabalham.
No campo educacional costuma-se questionar como educadores que tipo de homem
deseja-se formar. Na empresa, o pedagogo não trabalhará com crianças pequenas, mas
trabalhará com muitos adultos que tiveram uma infância complicada e trás em si as
conseqüências de uma família desestruturada, vítimas de violência, maus tratos, pedofilia, etc.
O pedagogo não pode querer fazer o trabalho da psicologia ou da psiquiatria, mas pode fazer
um trabalho educativo que mostra caminhos, ajudar, conduzir, visando o bem estar do
trabalhador tanto na empresa como em sua própria casa com sua família. A educação é capaz
de transformar, modificar e elevar o ser humano na sua totalidade.
Para harmonizar de forma produtiva essas diferentes personalidades, o pedagogo com
o seu conhecimento pode observar o comportamento individual, como faz com os alunos em
sala de aula, a fim de buscar as causas de alguns comportamentos através do diálogo e através
da elaboração de treinamentos, palestras com profissionais de outras áreas, colaborar de forma
sutil para a superação de suas dificuldades e com isso harmonizar o indivíduo consigo mesmo
e conseqüentemente com os outros ao seu redor. O comportamento na organização pode ser
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direcionado de forma a ensinar a pessoa a dominar seus impulsos e a se tornar mais humana e
humanizar é o trabalho da pedagogia. A partir do momento em que o homem se sente homem
e parte de uma sociedade humana, a sua vida ganha sentido e tudo passa a ter um valor
intrínseco.
A sociedade só poderá ser transformada à medida que os que fazem parte dela
mudarem sua forma de pensar e ver o mundo e essa transformação pode acontecer tanto na
escola como na empresa.
O desenvolvimento do homem acontece por intermédio de sua relação ativa com o
meio ambiente, quer social ou natural dando forma ao meio culturalmente organizado. Neste
sentido Brandão (apud LOPES, TRINDADE, CARVALHO E CADINHA, 2006, p.23), que é
antropólogo afirma que:
Não há uma única forma nem um único modelo de educação; a escola não é o único
lugar em que ela acontece..., o ensino escolar não é a única prática, e o professor
profissional não é seu único praticante. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de
um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para
aprender, para ensinar, para conviver, todos os dias misturamos a vida com a
educação.
Quando se fala em educação, hoje não se restringe mais as paredes da escola. Nos dias
de hoje aprender a aprender é a questão. Estamos vivendo uma economia global, onde tudo
gira em torno da aquisição de novos conhecimentos, novas formas de aprendizagem, no
desenvolvimento de novas competências. Não tem como parar de aprender. O mundo a nossa
volta está sempre em constantes mudanças, evolução e transformação. Com a globalização e a
internet, que permite acesso às informações em tempo real no mundo todo, o processo
educacional também tende a se transformar para acompanhar a evolução do conhecimento
que se faz cada vez mais dinâmica. Diante dessas modificações profundas, as organizações
também se vêem investindo intensamente em educação. Como afirma Drucker (2006, p.1) “Se
as organizações também perderem a sua capacidade de desenvolver pessoas, elas terão feito
um pacto com o Diabo”.
A administração aponta a forma organizada de como atingir seus objetivos. Como
num campo de batalha: os soldados (funcionários) ouvem as estratégias de guerra (trabalho);
enquanto a Pedagogia impulsiona, leva a ação consciente tendo em mente o objetivo a ser
atingido. O papel do pedagogo dentro da organização pode acontecer de várias formas, dentre
elas pode-se mencionar a comunicação dentro da empresa. Ele transforma em manuais de
instrução as funções numa linguagem própria para cada nível de trabalhador. Pode trabalhar
com um processo de educação à distância, ainda através de manuais de instrução que seguem
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de sua matriz para as filiais em empresas de grande porte. O pedagogo pode se ocupar ainda
do treinamento do novo funcionário capacitando-o para a função. É aquele que se preocupa
com a integração do novo funcionário à empresa. Se a empresa tem um plano de carreira,
cabe aí uma orientação pedagógica e avaliação de desempenho.
Uma empresa jamais será definitivamente educada, pois estará sempre aprendendo e
ensinando num processo continuado de educação. O conhecimento é o produto mais valioso
da atualidade. E, esse conhecimento não vem em frascos, nem sprays, nem caixas e muito
menos pode ser adquirido em supermercados. Vêm do relacionamento entre pessoas,
relacionamentos bem conduzidos, baseados no respeito mútuo. Não basta mais ter um
diploma, é preciso estar ligado a tudo o que acontece no mundo. O conhecimento globalizado
enfatiza o saber acima de tudo. O ambiente organizacional contemporâneo requer o
trabalhador pensante, criativo, pró-ativo, analítico, com habilidade para resolução de
problemas e tomada de decisões, capacidade de trabalho em equipe e em total contato com a
rapidez de transformação e a flexibilização dos tempos atuais. Tudo isso gera insegurança,
medo de ficar fora do mercado de trabalho, gera estresse, pois o conhecimento de ontem é
obsoleto hoje. Não há mais segurança em nenhum setor da economia, o maior carrasco do ser
humano hoje é o mundo do trabalho. A educação nas organizações ajuda a amenizar tudo isto,
pois promove com responsabilidade a educação continuada. (AMARAL, 2004)
Quanto às responsabilidades do pedagogo empresarial, Holtz (2000, p.6) destaca que
ele deve:
Conhecer as soluções para as questões que envolvem a produtividade das pessoas –
o objetivo de toda Empresa; conhecer e trabalhar na direção dos objetivos
particulares da empresa onde trabalha; conduzir as pessoas que trabalham na
empresa – dirigentes e funcionários – na direção dos objetivos definidos, humanos e
empresariais; promover as condições necessárias (treinamentos, eventos, reuniões,
festas, feiras, exposições, excursões...), para o desenvolvimento integral das pessoas,
influenciando-as positivamente (processo educativo), com o objetivo de aperfeiçoar
a produtividade; aconselhar, de preferência por escrito, sobre as condutas mais
eficazes das chefias para com os funcionários e destes para com as chefias, a fim de
favorecer o desenvolvimento da produtividade empresarial; conduzir o
relacionamento humano na empresa, através de ações, que garantam a manutenção
do ambiente positivo e agradável, estimulador da produtividade.
A autora ainda enfatiza que a primeira tarefa do Pedagogo Empresarial é deixar claro
ao empresário que seu ideal de vida, suas aspirações e objetivos correspondem a uma questão
social e principalmente ética. O pedagogo para conseguir ingressar neste campo de trabalho,
em hipótese alguma deve abrir mão da ética. O fato de ter poder de persuasão e habilidade de
convencimento, não lhe dá o direito de usar estas habilidades para manipular pessoas no
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intuito de explorá-las. Diante de uma proposta de trabalho em uma empresa, Holtz (2000,
p.54) destaca que o pedagogo deve fazer três perguntas que são como um teste de ética:
É legal? (do ponto de vista criminal, civil)”, “É imparcial? (todos os envolvidos
serão ganhadores não deve haver perdedor)”, e,“ Vou me sentir bem comigo
mesmo? (se for publicado em jornais? Se a minha família souber?)”. Qualquer
resposta negativa a uma destas perguntas trará um resultado negativo a curto ou a
longo prazo.
O conhecimento do pedagogo vem para somar forças com a Administração e com a
Psicologia quando esta também está inserida numa determinada organização a fim de
solucionar os problemas de relações de um modo geral e no desenvolvimento das habilidades
de cada um dentro da empresa, além de contrabalançar os desequilíbrios que as relações
profissionais podem trazer. (HOLTZ, 2000).
Diante do exposto e tendo em vista que o assunto ainda é recente, falta experiência e a
checagem da viabilidade do trabalho do pedagogo dentro das organizações, assumi
juntamente com outra acadêmica do curso e sob a supervisão da orientadora deste trabalho a
coordenação do GEPPE - Grupo de Extensão e Pesquisa em Pedagogia Empresarial. O grupo
já existia desde em 2004, porém em 2006 organizamos uma proposta diferente do que vinha
sendo realizado. Para selecionar os participantes do projeto distribuiu-se em torno de 45
formulários onde os alunos do curso de Pedagogia de 1º a 3º ano da FACIAP/UNIPAN
poderiam se inscrever. As reuniões do grupo eram quinzenais, aos sábados das 2:30 às 17
horas.
Através do formulário foram solicitadas informações inerentes aos dados pessoais do
acadêmico como data de nascimento, local de trabalho, telefone para contato, e ainda foi
solicitado que respondessem as seguintes perguntas: Por que desejava fazer parte do projeto.
Se tinham algum conhecimento prévio sobre Pedagogia Empresarial. O que pensava a
respeito do trabalho do pedagogo na empresa.
O objetivo deste questionário era perceber o nível de conhecimento dos acadêmicos
sobre o assunto para sabermos como conduzir os trabalhos, cujos resultados serão
apresentados na seqüência. Para término do presente artigo, elaborou-se outro questionário
para saber qual o pensamento dos participantes a respeito do trabalho do pedagogo na
empresa diante dos conhecimentos adquiridos ao longo do projeto mesmo antes de concluir as
atividades nas empresas.
Dos 45 formulários distribuídos no início do trabalho, retornaram 41, cuja faixa etária
dos estudantes era de 19 a 50 anos, com experiências profissionais diferenciadas, tanto na área
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de educação exclusivamente como na área empresarial. Entre esses, 30 acadêmicos afirmaram
não ter nenhum conhecimento a respeito do assunto pedagogia empresarial, 03 afirmaram ter
pleno conhecimento; 02 disseram ter pouco conhecimento e 06 não responderam.
Observa-se que a maioria dos participantes não tinha nenhum conhecimento sobre a
possibilidade de atuação do pedagogo na área empresarial. Isto pode acontecer, pois conforme
afirma Greco (2006, p.7-8), os cursos de Pedagogia formam apenas professores:
Geralmente, o pedagogo tem-se caracterizado como profissional responsável pela
docência e especialidades da educação como: Direção, Supervisão, Coordenação e
Orientação Educacional, entre outras atividades específicas da escola. Podemos
dizer que, dificilmente, encontra-se o profissional da educação desvinculado da
escola propriamente dita e inserido em outras atividades do mundo do trabalho,
como empresas ainda que este trabalho refira-se à educação, mas numa perspectiva
extra-escolar. Ao analisar a estrutura de organização das disciplinas do curso de
Pedagogia notamos que não há direcionamento especifico para a atuação do
pedagogo em empresas.
Os casos em que já tinham conhecimento sobre a área eram os alunos que haviam
participado do GEPPE anteriormente evidenciando que o curso de Pedagogia da
FACIAP/UNIPAN embora não obrigando todos a participar oferece o projeto como opção,
para complementar esta formação que pode abrir novas possibilidades aos futuros pedagogos.
Quanto ao desenvolvimento do projeto neste ano de 2006, como já mencionado, as
reuniões ocorriam aos sábados à tarde tendo 02h30min de duração. Iniciamos o trabalho do
grupo com abordagem teórica da administração científica, sua história e em que momento
surgiu as relações humanas. Foi feito material deste histórico e distribuído entre os
participantes. Após o estudo deste material em grupo, uma professora do curso de
administração da instituição participou de dois encontros onde fez a apresentação da
administração hoje, a visão administrativa humana, fechando assim o assunto administração
científica. O objetivo deste trabalho foi trazer para mais perto a empresa em si, a sua
finalidade como organização e a comparação entre a administração ontem e a administração
hoje, as relações humanas que se consolidam a cada dia, a necessidade de se preocupar com o
capital humano do administrador de hoje.
A educação na empresa contribui significativamente para o crescimento pessoal do
trabalhador promovendo assim uma transformação social. Mudança de atitudes não só no
ambiente de trabalho como também no meio em que vive. Como afirma Greco (2006, p. 6):
“A educação tem por finalidade possibilitar o crescimento das pessoas como seres humanos; é
processo de humanização”. E ainda acrescenta: “[...]a educação é uma prática social.” O
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pedagogo é quem reúne mais requisitos apresentando plenas condições de atuar nas empresas
e auxiliar neste processo.
Para o segundo semestre a proposta era ir às empresas desenvolver na prática o que foi
visto em teoria. Como já estava definido, todos os trabalhos seriam apresentados
primeiramente no GEPPE para avaliação do grande grupo. Cada grupo apresentou seu
trabalho, todos avaliados pelos participantes que apontaram falhas e sugestões para o melhor
desempenho e resultado nas empresas.
O primeiro trabalho a ser avaliado foi o de Relações interpessoais e trabalho em
equipe. O segundo grupo a apresentar foi o grupo da assertividade. O terceiro grupo foi o
grupo da motivação no trabalho e o quarto grupo foi o da auto- estima. Depois da
apresentação de cada grupo aos presentes na reunião, todos deram opiniões, elogios e
sugestões. O resultado foram trabalhos bem elaborados para aplicação nas empresas.
Para as atividades práticas tivemos a oportunidade de atuar em duas empresas que
doravante serão chamadas apenas A e B. Na empresa A o número de funcionários era de 12, e
na empresa B 22 funcionários. O trabalho foi realizado primeiramente na empresa B, das
15h30min até as 17 horas o assunto foi relações interpessoais e trabalho em equipe. Foi
possível perceber durante a prática que os funcionários da empresa aparentemente mostraram
interesse, todos se envolveram com o que estava sendo proposto. O grupo que estava
realizando o trabalho tinha um entrosamento muito bom, domínio do assunto o que passava
segurança aos que estavam participando. O mesmo assunto foi apresentado posteriormente à
empresa A no horário das 8h30min às 9h30min. A participação foi muito satisfatória em
todos os sentidos.
Na empresa B foi apresentado ainda o assunto assertividade. Para este tema apenas 06
de 22 funcionários participaram. O horário foi o mesmo do encontro anterior. Tinha sido um
dia muito intenso de trabalho, todos estavam muito cansados e a maioria acabou indo pra
casa.
A empresa, segundo relato de uma das proprietárias, tem investido em treinamento e
no desenvolvimento dos funcionários, o que é um fator positivo, pois demonstra que
realmente as empresas têm se preocupado com seu capital humano. Comprovando o que
afirma Éboli, (2006, p.34-40):
As empresas passaram a se preocupar não só com treinamento, mas com educação
também. Elas perceberam que a pedagogia aumenta a eficácia dos programas de
treinamento por que as pessoas aprendem melhor. E, quanto maior a coerência entre
cultura da companhia e os princípios pedagógicos aplicados, maior será o sucesso da
empresa no mercado.
924
Por outro lado pode-se perceber que nem todos os funcionários apresentaram interesse
incondicional pela própria formação ou valorizam aquilo que pode fazê-las crescer como
pessoa e profissionalmente. Por mais que se tenha que compreender a ausência da maioria,
fica o exemplo da minoria que passou por cima do cansaço e ficou para o treinamento. Um
ponto de reflexão em relação à freqüência é que na escola, o pedagogo conta com recursos
para “segurar” o aluno em sala, de certa forma “obrigá-lo” através de punições: falta, nota,
reprovação, etc. Isto faz parte das regras sociais as quais desde os tempos mais remotos vem
sendo aplicadas como forma de controle para moldar o ser humano para a vida em sociedade.
Como afirma Émile Durkheim (apud Rodrigues 2003, p.5) “O homem que a educação deve
realizar, em cada um de nós, não é o homem que a natureza fez, mas o homem que a
sociedade quer que ele seja...” Na empresa não tem esse controle. O empresário não impõe,
nem obriga o funcionário a participar de qualquer treinamento principalmente fora do seu
expediente de trabalho. Ela conta com o interesse pessoal de cada um em se desenvolver. Para
alguns funcionários isso até pode soar ainda como forma de exploração, manipulação,
lavagem cerebral.
Um ponto que pode ser avaliado como negativo são as críticas indiretas entre os
próprios funcionários a respeito do trabalho desenvolvido pelo grupo GEPPE dizendo que
acharam o encontro anterior monótono e atribuir a isto a razão pela qual não ficaram.
Observa-se também a influência que o ser humano tem sobre o outro, tanto positiva como
negativamente. Segundo os funcionários que ficaram para o treinamento, não eram todos que
tinham a intenção de ir embora, mas devido às críticas de outros colegas acabaram cedendo.
Outro fator de grande importância é o horário de realização das atividades. Fazendo
um comparativo com os dois grupos de funcionários, o horário do treinamento na empresa B
foi na parte da tarde, depois do expediente normal de trabalho enquanto que na empresa A foi
na parte da manhã, dentro do horário de expediente normal. O primeiro grupo certamente já
estava cansado e o nível de concentração conseqüentemente era menor que o segundo grupo.
Possivelmente se o mesmo trabalho fosse apresentado na parte da manhã a resposta seria
outra. Ficou claro que o treinamento para se obter um resultado melhor em todos os sentidos:
participação, interação, interesse pelo assunto, o melhor horário é o da manhã.
Para concluir o presente artigo era necessário saber dos participantes deste grupo de
extensão e pesquisa qual a avaliação do trabalho realizado permitindo-lhes que apresentassem
suas críticas e sugestões e se todas as atividades desenvolvidas atenderam as suas
expectativas. Elaboramos um questionário e distribuímos ao grupo. Na avaliação do trabalho
todos consideraram o trabalho muito bom. Em relação a críticas, não houve. Alguns
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participantes sugeriram que os encontros que foram quinzenais que poderiam ter sido
semanais.
Quanto às expectativas, todos responderam que tiveram atendidas e até superadas. Os
acadêmicos que nada sabiam a respeito de pedagogia empresarial entenderam claramente qual
o papel do pedagogo na empresa e ao se perceberem dotados de condições de capacitar
pessoas, poder contribuir à formação e mudança de comportamento das pessoas relataram que
sentiram uma grande satisfação que os levavam a querer realizar mais e mais trabalhos nas
empresas.
Nós que estivemos conduzindo o trabalho pudemos perceber o crescimento pessoal de
cada um que permaneceu no grupo e desenvolveram trabalhos nas empresas. À medida que os
encontros foram acontecendo, percebemos que o grupo foi diminuindo e para as atividades
nas empresas contamos com apenas 15 participantes. Acreditamos que após conhecer melhor
o que é Pedagogia Empresarial alguns acadêmicos perceberam que não tinham real interesse.
Por mais que estejamos caminhando a passos lentos com relação à Pedagogia
Empresarial esta experiência mostrou que estamos no caminho certo ainda que longe de
atingir o ideal. O pedagogo para atuar nesta área tem que estar bem preparado para enfrentar
os desafios que aparecem. Ao planejar uma atividade ter os pés no chão, pois por melhor que
faça para alguns não será nunca suficientemente bom. Estar consciente de que não tem como
agradar a “gregos e troianos”, nem ter pressa para ver os frutos que virão cedo ou tarde. É
preciso ter motivação, persistência, vontade de se superar a cada dia e a capacidade de
transformar críticas em crescimento. A cada atividade, a cada grupo de funcionários um novo
desafio sempre. Há um novo campo de trabalho se abrindo. É preciso abraçar
verdadeiramente a causa. Para aqueles que realmente o fizer e estiver bem preparado,
certamente não faltará oportunidade.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Marta Teixeira do. Pedagogo Empresarial: o que é isso? Disponível no site
www.e-aprender.com.br/ensinar. Docente da Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro.
Pedagogia. Acessado em 17/06/2006.
DRUCKER, Peter. Eles não são empregados, são pessoas. Disponível no site
http://diario.de.verit.org/?m=200510. Acessado em 20/09/2006.
ÉBOLI, Marisa. Educação Corporativa. Docente da USP/SP. Disponível no site
www.revistavencer.com.br. Artigo publicado na revista Vencer. Março,2003 p. 34 a 40.
Acessado em 09/10/2006.
926
FRANCO, Iane, e DANTAS, Mércia. Aprendendo I. Ano 01, nº 1 Jornalzinho publicado no
campus Rebouças. Curso de Pedagogia da Universidade Estácio de Sá. Rio de Janeiro – RJ.
2002.
GRECO,
Glória
M.
O
Pedagogo
Empresarial.
Disponível
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pedagogia empresarial uma perspectiva de transformação