AULA I I TEORIA DAS ELITES Disciplina TEORIA POLÍTICA II para o Curso de Relações Internacionais – UFSC Prof. Juliana Grigoli AULA 2 TEORIA DAS ELITES “A controvérsia entre elitismo e democracia é tão antiga quanto a tradição da filosofia política” A formulação de uma teoria das elites surgiu das críticas de Sócrates (século V a.C.) às rotinas da vida pública em Atenas. Antes dessa experiência os gregos tinham formas de governo, mas não formas de política – ampla negociação e debates sobre a vida pública. Democracia direta. Vida em liberdade – constituir a vida pública. AULA 2 Vida pública X Vida privada = pólis x óikos. Na República, Platão condena a pólis e a premissa da igualdade política na esfera pública. Para ele a harmonia social estava no reconhecimento das desigualdades humanas. Em seu modelo de cidade perfeita, o governo estaria sob a responsabilidade de uma elite de sábios e filósofos. A subversão a essa hierarquia ameaçava a justiça. Nota-se uma clara tensão entre elites e democracia. AULA 2 Marcado por esses dilemas, o modelo de democracia direta não foi incorporado ao liberalismo político – John Locke. Na concepção liberal, homens livres são aqueles que se afastam do cotidiano da vida pública e passam a valorizar a vida privada. Modelo mais adequado - democracia representativa. Voto é entendido como o instrumento de escolha e de participação política. “a cidade passa a viver em função do homem”. Liberdade privada e pouca interferência política. AULA 2 Percebe-se que houve uma acomodação entre liberalismo e democracia. Estimulados por esses rearranjos políticos, surgem uma série de manifestações intelectuais. Dentre elas, as de Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michels. É possível afirmar que o movimento desses intelectuais foi uma forte reação ao avanço da democracia. Compartilhavam das seguintes concepções: Comportamento irracional das massas. Existia uma hierarquia natural entre os homens. Modelo da distinção. AULA 2 Para os elitistas todos os sistemas políticos instituem uma relação de dominação. A intenção é entender a realidade e encontrar um modelo político compatível com ela. Maquiavel – “recusa das concepções ideais e adesão as questões reais”. Os elitistas rejeitam as teorias – anarquista, socialista e comunista. Para os elitistas a desigualdade é a condição da sociedade. Defendiam o desenvolvimento de uma teoria científica e da utilização sistemática de metodologias de pesquisa. AULA 2 GAETANO MOSCA, VILFREDO PARETO E ROBERT MICHELS Produção intelectual conectada: Debates políticos de meados do século XIX e início do século XX. Questões metodológicas – forma, procedimentos e a postura científica diante do seu objeto de investigação. É possível afirmar que parte das reflexões teóricas desses autores foram reativas....... Reações críticas em relação aos modelos de democracia adotados pelos países europeus. Em especial – Itália. Percebiam que a disputa pelo poder, pela dominação era feroz...... Que privilegiavam um extrato da sociedade AULA 2 MOSCA Defendia uma postura científica pautada na racionalidade. Razão – era um caminho seguro para determinar a organização social. Critica a associação entre democracia e liberalismo. Defende a democracia representativa. Partia do princípio que: “sempre haverá uma classe política organizada que se impõe, por superioridade moral aos numerosos.” Única distinção política: Governantes X Governados AULA 2 Distinções: Riqueza Lugar social de nascimento Mérito Elite: Ocupam um lugar privilegiado na sociedade. Propõe o conceito de fórmula da sociedade para entender como ocorre a dominação entre os extratos sociais. Qual é a origem da sociedade? AULA 2 1- princípio sobrenatural – fundamento teológico. 2 - abstração racional – soberania popular – conectada a noção de representação. 3- junção das 2 fórmulas anteriores. Segundo Mosca essas são formas de manipulação das massas e de ocultamento de uma relação de dominação entre os extratos sociais. Critica a forma de governo parlamentar. Para o autor, o Estado é a instituição responsável por mediar as paixões individuais X interesses racionais da sociedade. Estado – corpo racional que defende a sociedade e é responsável por permitir a renovação da classe política. AULA 2 De tendência conservadora e normativa. Apesar de criticar a associação do liberalismo a democracia, não propõe um modelo alternativo. Limita-se a pensar em correções ao modelo vigente da época. Formação de uma nova classe política na Itália. Foi o primeiro autor a sistematizar a interpretação elitista do fenômeno político e influenciou gerações posteriores. Contribuições de Mosca: Obra importante – segunda edição de “Elementos da Política” Formula o conceito de classe dirigente – conjunto de forças que orienta a sociedade em todos os níveis , incluindo as minorias no campo da economia, religião, tecnologia. AULA 2 PARETO: Crítico ao parlamentarismo, a corrupção, ao protecionismo e a intervenção estatal. Era simpático em relação ao liberalismo. Sua produção tem uma conotação liberal e pacifista. E por isso criticava o intervencionismo estatal na vida econômica e na vida política. Dedicou-se a debater sobre metodologia de investigação empírica. Critica a premissa igualitária socialista, apesar de simpatizar com a perspectiva da luta de classes. Discorda da tese – classe exploradora X explorados como um fenômeno próprio do capitalismo AULA 2 Concepção de ciência política para Pareto: É uma forma de compreensão da sociedade e da sua realidade. Nota-se uma intensa preocupação com o sentido e a origem das ações humanas. Obra importante : “Tratado de Sociologia Geral” Adere ao grupo de intelectuais que criticam o liberalismo ... como pressupostos para o desenvolvimento de teorias para entender as relações sociais e políticas. Para o autor os seres humanos agem de duas maneiras: AULA 2 Ação lógica X Ação não lógica . Motor das ações humanas – é a emoção. Desafio: “ Estudar por meio da lógica as ações não lógicas”. Para entender as bases móveis de funcionamento da sociedade, Pareto passa a investigar sobre as rotinas de circulação das elites políticas. Quem é considerado elite? Grupos da sociedade. Para Pareto, é necessário observar o funcionamento dos grupos, em especial os líderes. Considerados – homens talentosos. AULA 2 Elite política Homens de elite que são talentosos. Pressuposto de partida A realidade é a dominação dessa elite .... dos homens de talento em relação as massas. Implica numa relação de tensão entre dominantes e dominados. A política é algo instável ...... E por isso deve passar por períodos de renovação. AULA 2 MÉTODO IMPARCIALIDADE OBSERVADOR DA DINÂMICA SOCIAL ISOLAMENTO CURIOSIDADE APOIOU O FASCISMO NOMEADO SENADOR POR MUSSOLINI. AULA 2 MICHELS: Foi um intelectual que se envolveu com o seu objeto de investigação. Influenciado por Pareto e Weber. Na Alemanha militou no partido social-democrata, entre 1903 – 1907. Migrou de uma posição política reformista e conservadora para uma posição política revolucionária. Estabeleceu um diálogo com a esquerda do partido e se aproximou de Karl Kautsky. Criticava a democracia – principalmente sua estruturação em torno de um grupo dirigente. AULA 2 Desencantado com o mundo da política. Observa os fenômenos da época: Movimento da classe dominante nos partidos políticos. Burocratização progressiva das instituições e da política. Obra referência: “Sociologia dos Partidos Políticos” Preocupado em definir – o que é a Ciência? Ferramenta de verificação neutra da realidade. Para compreender e interpretar a realidade. Racionalidade acima das emoções e dos sentimentos. AULA 2 Nele postula que os partidos políticos é a estrutura capaz de criar vontade coletiva. Mediar os interesses X participação. Uma forma de organizar a relação entre – dominantes X dominados. Acredita que a realidade é de subordinação....... Pequeno grupo dominada o grande grupo. Lei de ferro das oligarquias: dentro de um grande grupo, existem os dirigentes líderes que determinam as direções políticas a serem tomadas, seguida pelas massas. AULA 2 Defende a oligarquização com uma forma de organizar a sociedade. Partidos aparecem como instrumentos de combate, formado por uma classe de políticos profissionais. Mas o que Michels percebe na prática é: Partidos servem a um pequeno grupo, que tendem a conservar o poder em suas mãos e considerar essa estrutra como um meio de vida. Propõe a investigação da origem social dos dirigentes na rotina dos partidos e as implicações de suas escolhas pessoais e coletivas. Diante dos desencantos, passa a apoiar o fascismo como um modelo político eficiente e de participação das massas. 1928 – 1936.