Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil (67,0$7,9$(672&È67,&$'($)81'$0(1726'(7(162 MÁRIO F. ALVES, membro IEEE, VIVIANE R. C. FONSECA Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil 3RQWLItFLD8QLYHUVLGDGH&DWyOLFDGH0LQDV*HUDLV38&0* $Y'RP-RVp*DVSDU&RUDomR(XFDUtVWLFR %HOR+RUL]RQWH0* HPDLO PIDELDQR#SXFPLQDVFRPEU 5HVXPR A natureza probabilística do fenômeno eletromagnético que caracteriza o afundamento de tensão dificulta muito o estabelecimento de tendências baseadas exclusivamente em resultados de monitorização. A simulação de curtos circuitos em um sistema elétrico prevê, de forma determinística, seu comportamento perante as diversas situações de curto circuito (tipos e localizações) possíveis. Os resultados destas simulações são utilizados para compor uma base de dados, cuja informação pode ser tratada de forma estocástica, acelerando o processo de inferência de um padrão de ocorrência dos afundamentos de tensão. Este artigo descreve uma metodologia de estimativa estocástica do número e das características dos afundamentos de tensão que podem afetar um determinado consumidor. Um estudo de caso foi utilizado para a aplicação da metodologia, e seus resultados são apresentados. The characterization of tendencies for the behavior of voltage sags based on monitoring results only, is a difficult task, due to the probabilistic nature of electromagnetic phenomena involved. Short circuit simulations, on the other hand, is a deterministic estimation of the various short circuit situations (type and location). The results of these situations are then used in a stochastic simulation to estimate the voltage sags tendencies. This article presents a stochastic methodology for the estimation of the number and other characteristics of voltage sag events affecting any specific consumer. An application example is show. $EVWUDFW Keywords Power Quality;voltage sag; stochastic assessment; voltage sag database. ,QWURGXomR A preocupação com a Qualidade da Energia Elétrica (QEE) fornecida é crescente. O afundamento de tensão é um dos mais importantes distúrbios que afetam a QEE, sendo responsável por maior parte dos prejuízos financeiros relatados pela indústria quando o assunto em discussão é QEE. A literatura sobre o assunto mostra que para que seja possível abordar corretamente a questão, é necessário que se possa realizar uma estimativa confiável sobre os números e as características dos afundamentos de tensão que possam afetar uma determinada carga ou processo. Várias proposições têm sido apresentadas de como se fazer uma estimativa do afundamento de tensão (Conrad, Little e Grigg, 1991) (Becker, Braun e Carrick, 1994) (Bollen, Qader e Allan, 1998) (Bolen, 1999) (Qader, Bollen e Allan, 1997) (Qader, Bollen e Allan, 1999). Estas metodologias são formadas em geral de duas etapas. Num primeiro momento a preocupação central é a estimativa das características do afundamento de tensão, como a sua amplitude, sua duração e sua freqüência de ocorrência. Na segunda etapa realizase um estudo da compatibilidade dos equipamentos frente às características previstas para a energia do sistema elétrico em estudo. As ferramentas indicadas para a estimativa das características do afundamento de tensão são bem conhecidas. Para o cálculo da amplitude usam-se ferramentas de análise de curto circuito. Para estimar a duração do afundamento devem ser identificados os tempos de atuação dos dispositivos de proteção, pois um afundamento dura tanto quanto o tempo que a falta permanece no sistema. Para a previsão da freqüência de ocorrência, utilizam-se dados estatísticos que informam as taxas de ocorrências anuais de falhas nas LT’s. Para a comparação entre as características do sistema e a sensibilidade dos equipamentos são sugeridas várias formas, como por exemplo as tabelas de distribuição de freqüência dos afundamentos em função de sua amplitude e duração, associadas à curva de sensibilidade de equipamentos diversos. De acordo com esta tendência é proposta a seguir uma metodologia de cálculo estocástico do afundamento de tensão. A metodologia proposta engloba a estimativa da quantidade, amplitude e duração dos afundamentos de tensão que atingem uma determinada carga através de um método estocástico, associado a um programa computacional de cálculo de curto circuito e um banco de dados relacional. 0HWRGRORJLD3URSRVWD A metodologia proposta explora e complementa as metodologias indicadas em diversos trabalhos já desenvolvidos na área. A principal contribuição deste artigo é a proposta de avaliar a variação da amplitude e duração do afundamento de tensão em função da posição de falta ao longo de uma linha do sistema estudado. Esta avaliação é feita através de um estudo estocástico, através do qual é definida a tendência da distribuição dos afundamentos no sistema. (VWLPDWLYDGDDPSOLWXGH A amplitude de um afundamento de tensão é calculada através de ferramentas de análise de curto circuito. A metodologia aqui proposta tem como objetivo o estudo de sistemas elétricos de potência, em geral compostos de sistemas de transmissão, 1926 Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil subtransmissão e distribuição. Foi utilizado Anais um do XIII Congresso Brasileiro de7 Automática – CBA 2000 (1) = [ ×O programa de cálculo de curto circuito para obter as 11 a 14 de setembro de1IDOWDV 100 2000 – Florianópolis – SC – Brasil amplitudes dos diversos afundamentos de tensão a onde: 7[ é a taxa de falhas em Nº de serem simulados ao longo do sistema. O programa ocorrências/100km/ano escolhido foi o $1$)$6 ± 3URJUDPD GH $QiOLVH GH Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 O é o comprimento da linha em km. )DOWDV6LPXOWkQHDV&(3(/. 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil (VWLPDWLYDGDGXUDomR ,QIOXrQFLDGDSRVLomRGHIDOWDDRORQJRGHXPD OLQKD Os tempos de duração dos afundamentos de tensão são definidos através da análise de esquemas típicos de proteção utilizados em sistemas elétricos de potência. Para um dado sistema em estudo foi analisado qual tipo de proteção mais comum de ser usado em cada linha integrante, e considerado seu tempo típico de atuação. Estes tipos de proteção foram definidos de acordo com (Ayello, Carvalho Filho e Ordacgi, 1999), onde são mostrados os esquemas de proteção mais utilizados para a transmissão, subtransmissão e distribuição. Os tempos típicos de atuação utilizados (Abreu, Carvalho Filho, Noronha, et al, 1999), são mostrados na tabela 1. Tabela 1 - Tempos de atuação para tipos diferentes de proteção 7LSRGH 7HPSRGH 3URWHomR $WXDomRPV Teleproteção Fio Piloto Sobrecorrente Distância (alcance de 90%) 83 ou 110 110 300 1ª Zona: 150 2ª Zona: 550 (VWLPDWLYDGDIUHTrQFLDGHRFRUUrQFLD Para o cálculo da freqüência de ocorrência dos afundamentos de tensão foram utilizadas taxas médias de falhas nas linhas. Estes valores podem ser obtidos da concessionária cujo sistema está em estudo, ou em bibliografias referentes ao assunto. É importante ressaltar que quanto mais confiáveis estes dados, mais significativos são os resultados das simulações. Foi calculado o número de faltas para cada linha do sistema estudado usando a equação 1. Este número total de faltas deve ser dividido nas porcentagens adequadas referentes às faltas FT (fase terra), FF (fase fase), FFT (fase fase terra) e FFF (trifásica) de modo a refletir a probabilidade de ocorrência de cada tipo de falta. É importante ressaltar que o uso de um valor médio de taxa de falha para todo o sistema , como utilizado no caso estudado, não é um elemento limitador da metodologia proposta, a qual permite a utilização de taxas de falhas médias específicas para cada linha de transmissão. Desta forma, situações como a simulação de trechos específicos de linha que apresentam alta incidência de faltas podem também ser consideradas. Este assunto que implica na introdução de mais uma variável estocástica está sendo, no momento, alvo de estudo pelos autores. O processo em questão é a previsão das características dos afundamentos de tensão que atingem uma carga sensível específica. O objetivo é a predição do número, a amplitude e a duração dos afundamentos de tensão. As causas principais do afundamento de tensão são as faltas no sistema elétrico, que ocorrem na sua grande maioria devido a descargas atmosféricas. De posse de dados estatísticos que informam o número de curtos circuitos por ano por 100km em um determinado tipo de linha de transmissão, é preciso considerar o fato de que o fenômeno de descarga atmosférica ao longo do comprimento de uma linha se comporta de maneira aleatória. Isto significa que a média de curtos circuitos que ocorrerão numa certa linha é conhecida, mas as posições das faltas não são. Como a intensidade e a duração do afundamento de tensão dependem da localização do curto circuito ao longo da linha, é necessário que as posições dos curtos circuitos sejam escolhidas de forma aleatória para que as simulações representem melhor o processo real de descarga atmosférica. Este fenômeno estudado é tipicamente um 3URFHVVR(VWRFiVWLFR. Um processo estocástico é um fenômeno que varia em algum grau, de forma imprevisível, à medida que o tempo passa. A imprevisibilidade, nesse caso, implica em que se observou uma seqüência de tempo inteiro do processo em diversas ocasiões diferentes, sob condições presumivelmente “idênticas” e as seqüências resultantes foram em geral diferentes. Para que seja feita a predição das características de um afundamento (amplitude e duração), é necessário o conhecimento da posição da falta ao longo da linha de transmissão. As simulações de curto circuito são feitas no ANAFAS, que permite o cálculo de faltas em pontos intermediários de uma linha de transmissão. Esta característica é de fundamental importância para este estudo, e foi uma das razões para a utilização deste programa. A partir desta característica do programa foi possível estudar a variação da amplitude e da duração de um afundamento em função do deslocamento da falta ao longo de uma linha. O programa permite que uma linha seja dividida em intervalos de até 1%, o que significa 101 pontos intermediários (de 0% a 100%). Esta capacidade foi aproveitada por completo. Para um sistema em estudo são simulados curtos circuitos FT, 1927 Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil 2 FF, FFT e FFF em todos os 101 pontos de análise estatística (é usado –oCBA Matlab Anais doprograma XIII Congresso Brasileiro de Automática 2000 propósito). Estas simulações são repetidas intermediários em cada linha que compõe o sistema. 11 apara 14 deeste setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil quantas vezes forem necessárias para a definição da São simuladas então 404 faltas em cada linha. O tendência do processo. É importante ressaltar que total de simulações será o número de linhas cada simulação feita eqüivale a um ano de existentes no sistema multiplicado por 404. Através Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 estimativa para as ocorrências de afundamento. destas simulações são obtidos os valores das 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil O resultado final do estudo será mostrado correntes de falta de cada fase e as tensões Va, Vb e através de uma distribuição de freqüência como a Vc em uma ou mais barras do sistema, para todos os apresentada na tabela 2. A distribuição de freqüência pontos e tipos de falta simulados. Estes dados são é dividida em intervalos de tensão e tempo interativamente gravados em arquivos texto para convenientemente escolhidos, e as suas células posterior importação pelo banco de dados representam os resultados médios de ocorrências de desenvolvido (bdAT – banco de dados de afundamentos num determinado intervalo, para um afundamentos de tensão). número N de simulações. Para cada valor médio Os cálculos são feitos no Anafas de uma vez (referente a cada intervalo) temos um erro de só, e todos os resultados são armazenados no banco estimação cometido. O objetivo aqui, além de de dados. Através deste procedimento foi possível a calcular as médias de ocorrências, é o de calcular o automatização do processo de simulação de vários erro para cada intervalo, e analisar se o seu valor é anos de funcionamento do circuito. Outra vantagem adequado ou não. é a disponibilização de dados referentes ao sistema com o objetivo de estudos futuros. Tabela 2. Exemplo de uma distribuição de freqüência para os O bdAT tem como objetivo principal o de resultados do estudo - número de ocorrências (afundamentos) por servir como ferramenta para a aplicação da Ano metodologia proposta. Além disto tem também outras duas funções. A primeira é a de integrar V (pu) 150 (ms) 300 (ms) 550(ms) 800 (ms) dados de simulação com dados de medição, >0.9 - 1.0 0 1 0 4 utilizando para isto um banco de dados de QEE já >0.8 - 0.9 1 5 3 3 disponível (Alves e Fernandes, 1999), para o qual os >0.7 0.8 1 2 9 3 dados do bdAT são exportados. A segunda função é >0.6 - 0.7 0 1 2 1 a de formar uma base de dados sobre alguns sistemas para estudos posteriores. O bdAT foi >0.5 - 0.6 1 1 1 1 construído no Microsoft Access1 , que é um sistema >0.4 - 0.5 0 2 0 0 de gerenciamento de bancos de dados relacional >0.3 - 0.4 0 1 0 0 (SGBDR) baseado em objetos. O esforço >0.2 - 0.3 0 0 0 0 computacional envolvido na construção e >0.1 0.2 0 0 0 0 manipulação do banco de dados foi pequeno. Um 0 - 0.1 0 0 0 0 microcomputador com configuração normal foi utilizado, e o espaço em disco necessário para o estudo de caso apresentado no item 3 foi de Para a definição da tendência do processo são aproximadamente 15Mbytes. utilizadas ferramentas clássicas da estatística. É feita As simulações para as ocorrências de uma amostragem aleatória da população em questão, afundamentos são feitas no bdAT para cada ano de ou seja, são simulados N anos de funcionamento do estimativa, através de consultas. Primeiramente são sistema é estimada a média de ocorrências. A calculados os números de faltas FT, FF, FFT e FFF, finalidade desta amostragem aleatória é obter uma de acordo com as taxas de falhas do sistema e o indicação do valor da média e do desvio padrão da comprimento das linhas. Em seguida estas faltas são população em estudo, pois na verdade o conjunto de alocadas de forma aleatória ao longo da linha em elementos da população não está disponível para que questão. Isto é feito a partir de um gerador de seus parâmetros (média e desvio padrão) sejam números randômicos, que indica de 0 a 100% da calculados. É feita então uma estimativa dos linha qual será a posição da falta. A próxima etapa parâmetros populacionais através de um é a seleção dos registros equivalentes às faltas, de determinado tamanho de amostra. acordo com os seguintes critérios: linha faltosa, tipo A média aritmética da amostra é a soma dos de falta, localização da falta em % a partir da barra valores do conjunto dividida pelo número de de origem da linha faltosa, barra monitorada. A observações do conjunto (Equação 2). etapa final é a exportação dos resultados (amplitude e duração) dos afundamentos simulados em arquivos ; (2) ;=∑ texto, que são posteriormente importados por um Q 1 0LFURVRIW$FFHVV Corporation L marca registrada da Microsoft 2 1928 0DWODE marca registrada da The MathWorks Inc. Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil devido a Brasileiro faltas ao longo de toda uma linha, onde: ; é o i-nésimo elemento do conjunto e Anais é o dotensão XIII Congresso de Automática – CBA 2000 gráficos comparativos entre os erros de estimação número de observações do conjunto. 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil em amostras maiores e menores, e gráficos de O desvio padrão é a raiz quadrada positiva da curvas cumulativas das ocorrências em função do variância, sendo esta, o somatório dos quadrados dos nível tensão em uma barra monitorada (Becker, de desvios ( ; − ; ), dividido pelo Anaisnúmero do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 Braun e Carrick, 1994) (Standards Coordinating 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil observações menos um (Equação 3). Committee 22, 1997). O objetivo é retirar o maior L L −; Q −1 ) (3) onde: ; é o i-nésimo elemento do conjunto, ; é a média do conjunto e Q é o número de observações do conjunto. Para a estimação da média da população estudada é utilizada a distribuição de W VWXGHQW. Esta é a distribuição adequada quando precisa-se estimar a média de uma população mas não se conhece nem o seu desvio padrão, nem a sua distribuição. O primeiro passo é tomar um número de amostras n e calcular o desvio padrão para estas observações. Este desvio padrão é calculado da mesma forma que na equação (3), porém ele é denominado S, e não mais σ. Neste caso o desvio padrão amostral é usado como estimativa . A partir deste desvio padrão será calculado o erro de estimação da média da população para uma amostra de tamanho n (Equação 4). Este cálculo é feito através da escolha do coeficiente W GH VWXGHQW , em função do intervalo de confiança α desejado. Este argumento é retirado da tabela da função, que pode ser encontrada na referência (Stevenson, 1986). L δ = Wα * 6 DADOS DO SISTEMA Cálculos de curto circuito (ANAFAS) ARQUIVOS DE SAÍDA FILTRO DE DADOS EM C++ DADOS FILTRADOS Banco de dados de afundamento de tensão (bdAT) ARQUIVOS Cálculos estatísticos (MATLAB) DE SAÍDA DADOS REFERENTES AO SISTEMA L TEMPO DE ATUAÇÃO DA PROTEÇÃO ∑ (; número de informações possíveis dos dados disponíveis. Para um melhor entendimento da metodologia proposta foi feito um fluxograma geral, mostrado na figura 1. TAXAS DE FALHAS σ = 2 RESULTADOS Formatação dos resultados EXCEL CONCLUSÕES Figura 1. Fluxograma geral de dados da metodologia proposta $SOLFDomRGD0HWRGRORJLD3URSRVWD (4) Q onde: Wα é o argumento da função de W 6WXGHQW em função do intervalo de confiança α, 6 é o desvio padrão estimado e Q é o tamanho da amostra. A notação para a média estimada é dada pela equação 5. [ ±δ (5) Os cálculos estatísticos são feitos no Matlab, através de duas rotinas construídas para a execução das seguintes funções: • Organização dos dados dos resultados das simulações no bdAT em distribuições de freqüência. • Somatório de N anos de simulações, gerando uma outra tabela de distribuição de freqüência com o total de ocorrências. • Cálculo da média, do desvio padrão e do erro de estimação. A média de ocorrências obtida é apresentada em forma de tabela de distribuição de freqüência e gráficos de barra 3d (amplitude, tempo, nº de ocorrências). Também é possível construir gráficos da variação da amplitude dos afundamentos de A aplicação da metodologia proposta é feita através de um estudo de caso. A figura 2 apresenta o diagrama unifilar do sistema estudado, e a tabela 3 um resumo dos principais dados do mesmo. Tabela 3. Dados básicos referentes ao sistema estudado Comprimento total das LT's 138kV Comprimento total das LD's 13,8kV Taxas de falhas - LT's 138kV Taxas de falhas - LD's 13,8kV Potência do trafo TR1 Potência do trafo TR2 562,64 km 41 km 5 ocorrências/100km/ano 50 ocorrências/100km/ano 20 MVA 1,5 MVA De posse das taxas de falhas nas linhas do sistema, é simulada a distribuição aleatória destas faltas ao longo do comprimento das linhas. Foram feitos 120 sorteios, o que equivale a 120 anos de “observações”. A tabela 4 apresenta a média de ocorrências para os 120 sorteios. Por exemplo, para afundamentos de tensão de amplitude 0,7 < x ≤ 0,8 , e duração de 150 ms, a média é de 1,27 ocorrências por ano. Através da equação 4 é possível calcular o erro de estimação da média da população estudada. A tabela 5 mostra 1929 Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil Tabela 5. Erro na Estimação da Média de Ocorrências para cada estes erros para uma amostra de 120 sorteios. Por Anais do Intervalo XIII Congresso Brasileiro de Automática CBA da Distribuição de Frequência – Monitoração–da Barra2000 16 exemplo, para afundamentos de tensão de amplitude 11 a 14 de setembro de 2000 Florianópolis – Média de 120 –Sorteios (120 anos) – SC – Brasil 0,7 < x ≤ 0,8 , e duração de 150 ms, o erro de V (pu) 150 (ms) 300 (ms) 550 (ms) 800 (ms) estimação é de 0,19 ocorrências. Para mostrar a evolução Anais do erro com o 1 0.12– CBA 2000 0 0.22 do XIII Congresso Brasileiro de 0Automática aumento do tamanho da amostra, foi 11 traçado 0.13 0.21 0.15 0.26 a 14 deum setembro de0.9 2000 – Florianópolis – SC – Brasil gráfico do erro em função do tamanho da amostra 0.8 0.19 0.14 0.32 0.22 para o intervalo da distribuição de freqüência de 0.7 0.08 0.18 0.21 0.15 amplitude 0,7 < x ≤ 0,8 e duração de 150 ms 0.6 0.1 0.17 0.11 0.16 (Figura 3). 0.5 0.11 0.23 0.06 0.06 0.4 0.08 0.13 0 0 0.3 0.06 0.09 0 0 0.2 0 0.03 0 0 0.1 0 0.02 0 0 (UU RQD(VWLPDomRGD0pGLDHP)XQomRGR7 DPDQKRGD$PRVWU D V D L F Q r U U R F R R U U ( 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0 20 40 60 80 100 120 140 7DPDQKRGD$PRVWUD Figura 3. Erro em Função do Tamanho da Amostra para Ocorrências de Amplitude 0,7 < x ≤ 0,8 e Duração de 150 ms – Monitoração da Barra 16 Figura 2. Diagrama unifilar do sistema estudado Tabela 4. Média de Ocorrências (afundamentos) por Ano para uma Amostra de 120 Sorteios (120 anos) – Monitoração Barra 16 V (pu) 150 (ms) 300 (ms) 550 (ms) 800 (ms) 1.0 0.00 0.73 0.00 3.74 0.9 0.80 4.42 2.65 3.28 0.8 1.27 1.60 8.82 0.7 0.21 1.12 2.94 Tabela 6. Variação da Amplitude do Afundamento para uma Falta FT a 1% e 100% de Cada Linha do Sistema &DVR /LQKD ∆SXHQWUHH GHBSDUD B 2.18 B 0.84 B 2_6 10_8 0,1 0,12 B B B 0.6 0.38 1.07 1.01 1.02 0.5 0.45 1.83 0.13 0.13 0.4 0.22 0.77 0.00 0.00 0.3 0.12 0.23 0.00 0.00 0.2 0.00 0.02 0.00 0.00 B 0.1 0.00 0.01 0.00 0.00 Demais linhas <0,1 A tabela 6 apresenta a diferença na amplitude de um afundamento de tensão sentido por uma carga conectada na barra 16, devido a uma falta FT no início e outra no final de cada linha do sistema. A figura 4 mostra como a amplitude do afundamento sentido na barra 16 varia para uma falta FT ao longo de toda a extensão da linha 1, que se inicia na barra 1 e termina na barra 2. Esta linha é uma das que mais apresentou variação na amplitude do afundamento devido à variação da posição da falta, como indicado na tabela 6. &RQFOXV}HV A metodologia proposta e implementada se mostrou eficiente, com a abordagem estocástica feita do processo contribuindo consideravelmente para uma maior precisão dos resultados da estimativa. A convergência do erro de estimação foi conseguida sem maiores dificuldades, para uma amostra de aproximadamente 100 sorteios. Caso o erro desejado seja menor que o conseguido, pode-se calcular o número de sorteios necessários. Porém, daí em 1930 Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA 2000 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil diante, para uma redução significativa do erro,Anais é do XIIIElétrica, Brasília – DF,dep.Automática 183-188, 08 a 122000 de Congresso Brasileiro – CBA necessário um aumento do número de sorteios. agosto de 1999. 11 a 14 de setembro de 2000 – Florianópolis – SC – Brasil Alves, M. F., Fernandes, D. E., "Development of an Automated Power Quality Management System", Anais do XIII Congresso Brasileiro de Automática – CBA and 2000 Distribution 1999 IEEE Transmission 11 a 14 de setembro deConference, 2000 – Florianópolis – SC – BrasilISBN 07803Vol. 2, pag. 579-584, 5515-6, New Orleans, USA, Abril, 1999 9DUL DomRGD$PSO LWXGHGR$IXQGDPHQWRHP)XQomRGD0XGDQoDGD 3RVLomRGH)DOWDDR/RQJRGHXPD/LQKD 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Ayello, F. P., Carvalho Filho, J. M., Ordacgi, J. M., et al, “Influência do Sistema de Proteção na Qualidade da Energia”, III Congresso Latino Americano de Distribuição de Energia Elétrica – USP – SP, 5p, 1999. 100 /RFDO L] DomRGD)DO WDGD%DUUDSDUDD%DUUD Figura 4. Afundamento de Tensão na Barra 16 para uma Falta FT Simulada ao Longo de Toda Extensão da Linha 1_2 Como conseqüência disto, o esforço computacional envolvido também aumenta. Por outro lado, com base no caso exemplo estudado, isto parece não ser necessário. As metodologias propostas em trabalhos anteriores (Conrad, Little e Grigg, 1991) (Becker, Braun e Carrick, 1994) (Bollen, Qader e Allan, 1998) (Bolen, 1999) (Qader, Bollen e Allan, 1997) (Qader, Bollen e Allan, 1999) sugerem a estimativa do afundamento de tensão através do cálculo de apenas um ano de ocorrências e sem considerar a distribuição aleatória das faltas ao longo das linhas. Através do exemplo estudado fica constatado que existe uma grande diferença entre fazer a estimativa dos afundamentos em relação a 1 ano e em relação a 100 anos de "observações" . O erro que se comete no primeiro caso é bem grande. Já no segundo caso, o erro é bem baixo. Por exemplo, no intervalo de amplitude de 0,7 < x ≤ 0,8 e duração de 550 ms do caso estudado, para um ano de "observação" (um sorteio) foram estimadas 5 ocorrências, enquanto pela média de 120 anos de "observações" (120 sorteios) foram estimadas 8,82 ocorrências. Também pode-se constatar através do exemplo estudado, que a análise da variação da amplitude do afundamento em função da distribuição aleatória das faltas ao longo da extensão das linhas se mostrou relevante para uma estimativa que gere bons resultados. Por exemplo, a diferença na amplitude do afundamento para uma falta a 1% e a 100% em uma das linhas do sistema estudado chegou a 0,58 pu. Ao possibilitar a obtenção de estimativas mais confiáveis em relação às ocorrências dos afundamentos, a metodologia proposta permite tomadas de decisão muito mais seguras na avaliação de alternativas de mitigação para o problema. Becker, C., Braun, W. Jr., Carrick, K. et al, “Proposed Chapter 9 for Predicting Voltage Sags (Dips) in Revision to IEEE Std 493, the *ROG %RRN”, IEEE Transactions on Industry Applications, v. 30, n. 3, p. 805-821, May/Jun, 1994. Bollen, M. H. J., Qader, M. R. e Allan, R. N. , “Stochastic Assessment of Voltage Dips in Large Transmission Networks – Theory and Case Study”, Int. Conf. on Large High-Voltage Eletric Networks - CIGRE, August, 1998, Paris. Bollen, M. H. J., “Understanding Power Quality Problems – Voltage Sags and Interruptions”, IEEE Press Series on Power Engineering, 543p., 1999, New York. Conrad, L., Little, K., Grigg, C., “Predicting and Preventing Problems Associated with Remote Fault-Clearing Voltage Dips”, IEEE Transactions on Industry Applications, v. 27, n. 1, p. 167-172, Jan/Feb, 1991. Qader, M. R., Bollen, M. H. J., Allan, R. N., “Stochastic Prediction of Voltage Sags in the Reliability Test System”, PQA-97 Europe, Stockholm, Sweden, Jun, 1997. Qader, M. R., Bollen, M. H. J., Allan, R. N., “Stochastic Prediction of Voltage Sags in a Large Transmission System”, IEEE Transactions on Industry Applications, v. 35, n. 1, p. 152-162, Jan/Feb, 1999. Standards Coordinating Committee 22 (Power Quality), “ IEEE P1346 – Recommended Pratice for Evaluating Eletric Power System Compatibility with Eletronic Process Equipment.”, Draft 4.1, IEEE, New York, NY , Fevereiro de 1997. Stevenson, W. J., “Estatística Aplicada a Administração” , Editora HARBRA Ltda, 493 P., São Paulo, 1986. 5HIHUrQFLDV%LEOLRJUiILFDV Abreu, J. P. G., Carvalho Filho, J. M.,Noronha, J. C. C., et al, “VISAGE – Um Software para Avaliar Depressões de Tensão”, III SBQEE – Seminário Brasileiro sobre Qualidade da Energia 1931