Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde ISSN: 1415-6938 [email protected] Universidade Anhanguera Brasil Kiyomi Iseki, Katia; Negrão, João Alberto; de Lauro Castrucci, Ana Maria EFEITO DA TEMPERATURA E DA FOTOFASE NOS NÍVEIS PLASMÁTICOS DE MELATONINA EM PACUS MADUROS E EM REPOUSO REPRODUTIVO Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. XIII, núm. 2, 2009, pp. 19-32 Universidade Anhanguera Campo Grande, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26015684003 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto Ensaios e Ciência Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde Vol. XIII, Nº. 2, Ano 2009 EFEITO DA TEMPERATURA E DA FOTOFASE NOS NÍVEIS PLASMÁTICOS DE MELATONINA EM PACUS MADUROS E EM REPOUSO REPRODUTIVO RESUMO Katia Kiyomi Iseki Centro Universitário Anhanguera UNIFIAN Leme [email protected] João Alberto Negrão Universidade de São Paulo - FZEA / USP [email protected] Ana Maria de Lauro Castrucci Universidade de São Paulo - IB / USP [email protected] O pacu é um peixe migratório de grande importância econômica. Em cativeiro, sua reprodução depende da indução hormonal. Atualmente, existem evidências de que é possível obter a reprodução de algumas espécies de peixes somente manipulando a fotofase e/ou a temperatura da água. Neste contexto, a melatonina parece ser um intermediário importante no processo reprodutivo. O presente trabalho teve por objetivo verificar o ritmo diário da melatonina plasmática de pacus em maturação e em repouso reprodutivo mantidos sob fotofase curta (10h30/13h30) e longa (13h30/10h30) associadas a temperaturas de água baixa (20 ºC) e alta (30 ºC). Apesar de não termos verificado uma relação significativa do estágio maturacional com os níveis de melatonina, observamos que os níveis plasmáticos de melatonina foram influenciados pela fotofase. Animais mantidos em fotofase longa apresentaram um curto período de secreção de melatonina, enquanto animais mantidos em fotofase curta apresentaram um longo período de secreção de melatonina. Por outro lado, as duas temperaturas de água utilizadas não foram capazes de alterar os níveis de melatonina como esperado. Em conclusão, para Piaractus mesopotamicus nas condições em que foi realizado o presente experimento, a fotofase parece ter influência maior nos níveis plasmáticos de melatonina, ao passo que a temperatura parece ter influência menor na secreção desse hormônio. Palavras-Chave: desenvolvimento reprodução; ritmo circadiano. gonadal; Piaractus mesopotamicus; ABSTRACT Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13278-181 [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE The pacu is a migratory fish of great economic importance. In captivity, its reproduction is only possible by hormonal induction. In recent years, manipulations of photoperiod and temperature have been successfully used to alter the spawning periods in several fish species. In this context, melatonin seems to be an important intermediary in the reproductive process. The aim of this study was to investigate the daily rhythms of plasma melatonin in both phases of the reproductive period of pacus (resting and maturation) kept under short photoperiod (10h30/13h30) and long (13h30/10h30) associated with low (20 °C) and high (30 ºC) water temperature. Although we found no significant relationship of the maturational stage with the levels of melatonin, the results showed that the water temperatures tested did not change melatonin levels. However, melatonin was influenced by photoperiod, since pacu maintained in long photoperiod demonstrated a short period of melatonin release. In contrast, fishes maintained in short photoperiod demonstrated a long period of melatonin release levels. In conclusion, to Piaractus mesopotamicus, in the conditions in which we conducted our experiment, the photoperiod seems to have greater influence on plasma melatonin levels, whereas the water temperature seems to have less influence on the secretion of this hormone. Keywords: gonadal development; Piaractus mesopotamicus; reproduction; circadian variations. 20 Efeito da temperatura e da fotofase nos níveis plasmáticos de melatonina em pacus maduros e em repouso reprodutivo 1. INTRODUÇÃO O pacu (Piaractus mesopotamicus) é uma espécie de peixe subtropical, originária da Bacia do Prata, com destaque nas pisciculturas comerciais em virtude de suas excelentes características zootécnicas como alta taxa de crescimento, resistência a enfermidades e ao manuseio, hábito alimentar onívoro, alta fecundidade e excelente conversão alimentar (CASTAGNOLLI, 1992). Porém, por ser uma espécie migratória, o pacu necessita realizar longos deslocamentos na época de reprodução. Assim, quando mantido em cativeiro, o pacu se reproduzirá somente após a indução hormonal em uma única época do ano (verão), concentrando, desta forma, a oferta de produtos em um determinado período do ano (GODINHO; GODINHO, 1986; CAROLSFELD et al., 1988; ZANIBONI-FILHO; WEINGARTNER, 2007). Porém, o mercado consumidor e as indústrias de transformação necessitam de um aprovisionamento regular, com produtos de qualidade, durante todo o ano. Devido a esse interesse prático, vários estudos vêm sendo conduzidos, a fim de se obter um melhor controle das reproduções ao longo do ano (FALCÓN et al., 2010). Atualmente, é possível programar as desovas de trutas arco-íris (Oncorhynchus mykiss) apenas submetendo-as a regimes apropriados de fotofase (BROMAGE et al., 1993). Assim, alguns autores sugeriram que a glândula pineal e/ou o hormônio melatonina seriam os mediadores das variações da fotofase na atividade reprodutiva de peixes (EKSTRÖM; MEISSL, 1997). Entretanto, a melatonina parece ter um efeito inibitório na reprodução de algumas espécies de peixes (FENWICK, 1970b; SAGI et al., 1983; JOY; KHAN, 1991), ao passo que para outras parece ter um efeito estimulatório ou, ainda, não exercer influência na reprodução (VOLDICNIK et al., 1978; JOY; KHAN, 1991; MAITRA; CHATTORAJ, 2007). Apesar desses resultados contraditórios, foi relatado que a melatonina influencia a secreção do hormônio LH na corvina Micropogonias undulatus (KHAN; THOMAS, 1996). Para esta espécie, a melatonina estimulou a liberação de LH pela hipófise em cultura e, in vivo, a melatonina administrada diretamente no diencéfalo basal provocou uma elevação significativa nos níveis plasmáticos de LH durante a fotofase. Isto sugeriu que a melatonina atuou tanto na região do hipotálamo/POA, quanto na glândula pituitária. Isto foi recentemente confirmado na enguia européia (Anguilla anguilla), onde implantes de melatonina induziram uma diminuição na expressão dos hormônios LH e FSH, bem como nos níveis plasmáticos de alguns esteróides sexuais (SEBERT et al., 2008). Em outro experimento, Amano et al. (2000) demonstraram que tratamentos com melatonina tiveram um efeito estimulatório na concentração plasmática de FSH de machos de Masu salmon Katia Kiyomi Iseki, João Alberto Negrão, Ana Maria de Lauro Castrucci 21 (Oncorhynchus masou), sugerindo que a melatonina seria um dos fatores que mediaria as informações da fotofase para o eixo hipotálamo-hipófise-gônadas. Em função desses fatos, este experimento teve como objetivo verificar se a temperatura da água e/ou comprimento do dia exercem efeito nos níveis plasmáticos de melatonina de pacus em diferentes estágios da reprodução. Assim, pacus machos e fêmeas foram submetidos a quatro tratamentos diferentes em duas fases específicas do ciclo gonadal (repouso sexual e maturação): Tratamento 1 - fotofase curta: dias curtos e noites longas associada a temperatura de água baixa: 20 ºC; Tratamento 2 - fotofase curta: dias curtos e noites longas associada a temperatura de água alta: 30 ºC; Tratamento 3 fotofase longa: dias longos e noites curtas associada a temperatura de água baixa: 20 °C; Tratamento 4 - fotofase longa: dias longos e noites curtas associada a temperatura de água alta: 30 °C. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Animais experimentais Neste experimento foram utilizados 80 pacus adultos com idade aproximada de três anos. As fêmeas utilizadas pesavam em média 2,2 ± 0,2 kg e os machos pesavam em média 1,9 ± 0,1 kg. Os pacus eram provenientes de reproduções realizadas no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (CEPTA-ICMBio), localizado em Pirassununga, São Paulo (zona subtropical, 22º02’S, 47º30’W) e foram mantidos em viveiros desde o nascimento. Durante o período experimental, os animais foram alimentados ad libitum com ração balanceada extrusada, sempre às 1100 h da manhã. 2.2. Amostragem de sangue e gônadas A amostragem de sangue foi realizada de acordo com o método descrito por Kezuka et al. (1988) e modificado por Iigo e Aida (1995). Os animais foram anestesiados por imersão em água contendo 2-fenoxietanol (Fluka) na proporção de 0,04%. Em seguida, o sangue foi coletado por punção da veia caudal, através de seringas de 5 ml previamente heparinizadas. Na fase escura, os peixes foram capturados e anestesiados no escuro, cobrindo-se em seguida a parte superior do peixe com um tecido preto. Durante a amostragem de sangue foi utilizada uma luz vermelha fraca. O sangue foi armazenado 22 Efeito da temperatura e da fotofase nos níveis plasmáticos de melatonina em pacus maduros e em repouso reprodutivo 20 minutos a uma temperatura de 4 ºC. Posteriormente, o plasma foi mantido a -20 ºC até ter os níveis hormonais determinados. Logo após a amostragem sanguínea, os peixes foram sacrificados, pesados e suas gônadas foram observadas in situ (dentro da cavidade abdominal) quanto a seu aspecto anatômico, tamanho, coloração, transparência, irrigação sanguínea e a sua disposição com relação aos outros órgãos. Na sequência, as gônadas foram removidas e pesadas para o cálculo da relação gonadossomática (RGS1), sendo que um fragmento do terço médio de uma das gônadas foi fixado em Bouin-Holanda para posterior análise histológica em microscopia óptica e determinação dos estágios de desenvolvimento gonadal (EDG) descritos na Tabela 1. Tabela 1 – Estágios do desenvolvimento ovariano (a) e testicular (b) do pacu, Piaractus mesopotamicus. a - fêmeas - EDG Tipos celulares observados Repouso Oogônias e oócitos perinucleolares iniciais e avançados Maturação inicial Oogônias, oócitos perinucleolares iniciais e avançados, oócitos em estágio cortical alveolar e vitelogênicos Maturação avançada Oócitos vitelogênicos avançados Regressão Oogônias e oócitos perinucleolares iniciais b - machos - EDG Tipos celulares observados Repouso Cistos de espermatogônias, espermatócitos I e II e espermátides Maduro Espermátides e espermatozóides 2.3. Determinação da melatonina plasmática pela técnica ELISA Para as dosagens plasmáticas de melatonina foram utilizados kits imunoenzimáticos (ELISA) da marca IBL (Immuno-Biological Laboratories GmbH). A sensibilidade detectada nesta dosagem foi de 3 pg/mL, a precisão foi de 10,5%, a reprodutibilidade foi de 19% sendo que a especificidade da dosagem está demonstrada na Figura 1. 1 A RGS foi utilizada a fim de se determinar o grau de maturação dos indivíduos, já que existe estreita relação entre o avanço do processo de maturação e o aumento de volume e peso das gônadas. A RGS expressa a porcentagem que as Katia Kiyomi Iseki, João Alberto Negrão, Ana Maria de Lauro Castrucci 1,5 23 curva padrão da melatonina diluições do plasma 1 logit OD 0,5 0 -0,5 -1 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 concentração (log) Figura 1 – Curva padrão da melatonina (n). Paralelismo obtido com diluições seriadas (1/½; 1/1; ½; 1/4) do plasma ( ) em Piaractus mesopotamicus. 2.4. Protocolo experimental Esse experimento foi realizado em duas épocas diferentes do ano. A primeira fase foi realizada no mês de agosto de 2000, época em que os peixes se encontram em repouso reprodutivo (RGS fêmeas = 0,62 ± 0,06%; RGS machos = 0,04 ± 0,002%). A segunda fase foi realizada no mês de dezembro/janeiro de 2001, época em que os peixes estavam em maturação (RGS fêmeas = 10,06 ± 1,12%; RGS machos = 0,53 ± 0,05%). Nas duas fases, 40 pacus adultos foram transferidos do viveiro para quatro caixas de cimento amianto (1000L/cada) devidamente preparadas (10 peixes/caixa). Cada caixa era abastecida individualmente de água filtrada e oxigenada através de uma bomba/filtro. A qualidade da água era monitorada diariamente (temperatura, oxigênio dissolvido, pH, amônia). A limpeza e reposição de cerca de 10% da água das caixas era realizada diariamente, sempre às 09h00. Para a limpeza das caixas, era utilizado um sistema de sifão, e a reposição da água era feita logo em seguida, adicionando-se água previamente filtrada. A temperatura da água das caixas foi mantida por meio de dois sistemas independentes, um sistema de aquecimento de água por resistência controlada por um termostato (± 1 ºC) e um sistema de refrigeração de água por compressão de gás freon (± 1ºC). As caixas foram mantidas em um local fechado a fim de evitar a interferência da luz externa. A fotofase foi controlada por um sistema de timer programado. Para o tratamento com fotofase longa (CE 13h30/10h30), a luz acendia às 07h00 e apagava às 20h30 e para o tratamento com fotofase curta (CE 10h30/13h30) a luz acendia às 09h00 e 24 Efeito da temperatura e da fotofase nos níveis plasmáticos de melatonina em pacus maduros e em repouso reprodutivo apagava às 19h30. A iluminação na fotofase foi feita por uma fonte de luz branca fluorescente (400 lux na superfície da água). 2.5. Período de adaptação Primeiramente, os peixes das quatro caixas foram adaptados às condições de laboratório por um período de quatro dias à temperatura ambiente (21 ± 1,4 ºC para 1ª fase e 27,5 ± 1,0 ºC para a 2ª fase) e fotofase CE 12h12. 2.6. Período experimental Para ambas as fases, os peixes das quatro caixas foram mantidos durante 21 dias em quatro diferentes tratamentos: • Tratamento 1 - fot.curta 20 - CE 10h30/13h30 e T ºC 20,5 ± 0,8 ºC. • Tratamento 2 - fot.curta 30 – CE 10h30/13h30 e T ºC 29,9 ± 1 ºC. • Tratamento 3 - fot.longa 20 - CE 13h30/10h30 e T ºC 20,5 ± 0,8 ºC. • Tratamento 4 - fot.longa 30 – CE 13h30/10h30 e T ºC 29,9 ± 1 ºC. Após este período, 1 ml de sangue era retirado de todos os animais em um intervalo de 4-5 horas durante dois dias consecutivos, perfazendo um total de 10 coletas, conforme esquema que segue (Tabela 2). Tabela 2 – Esquema dos horários das coletas de sangue em função do tratamento. Coletas de sangue Fotofase curta CE 10h30/13h30 Fotofase longa CE 13h30/10h30 T1 – fotofase 11h30 11h00 T2 – fotofase 17h00 16h30 T3 – fase escura 21h00 21h30 T4 – fase escura 02h15 01h45 T5 – fase escura 07h30 06h00 T6 – fotofase 11h30 11h00 T7 – fotofase 17h00 16h30 T8 – fase escura 21h00 21h30 T9 – fase escura 02h15 01h45 T10 – fase escura 07h30 06h00 Katia Kiyomi Iseki, João Alberto Negrão, Ana Maria de Lauro Castrucci 25 2.7. Análise estatística A análise estatística dos resultados foi realizada utilizando-se o programa Minitab, onde foi feita uma análise de variância one-way seguida do teste de múltipla comparação de Tukey (P<0.05 e P< 0.01). 3. RESULTADOS 3.1. Níveis plasmáticos de melatonina Não houve diferença significativa entre os níveis plasmáticos de melatonina em função do sexo dos indivíduos. Desta forma, os resultados de melatonina apresentados a seguir compreendem a média de machos e fêmeas. Os níveis plasmáticos de melatonina foram significativamente influenciados pelo horário em que foi realizada a coleta (P<0.01), sendo significativamente altos durante as coletas realizadas na fase escura (indicado no gráfico com barras escuras) e retornando para níveis basais durante as coletas realizadas na fotofase (Figura 1 e 2). Verificou-se que não houve relação significativa entre os níveis de melatonina e o estágio maturacional em que se encontravam os indivíduos (Figura 1 - repouso ou Figura 2 - maturação). Também não foi observado um efeito da temperatura da água (20 °C ou 30°C) e da fotofase (longa ou curta) nos níveis de melatonina. Por outro lado, verificamos que a fotofase influenciou a duração da secreção noturna de melatonina, sendo que animais mantidos em fotofase longa (Figuras 1 e 2 – B; D; F e H) apresentavam um curto período de secreção de melatonina e animais mantidos em fotofase curta (Figuras 1 e 2 – A; C; E e G) apresentavam um longo período de secreção de melatonina. Ao analisarmos os efeitos dos diferentes tratamentos de acordo com o estágio reprodutivo, verificamos que indivíduos em repouso reprodutivo mantidos sob fotofase curta a uma temperatura de 20 °C apresentaram os níveis noturnos de melatonina plasmática superiores aos níveis dos animais maduros sob mesma fotofase e temperatura de água (P<0.1) (Figura 3). Efeito da temperatura e da fotofase nos níveis plasmáticos de melatonina em pacus maduros e em repouso reprodutivo fot.curto/20 150 180 Melatonina (pg/ml) A 120 90 60 30 C 120 90 60 30 0 0 180 180 150 fot.curto/30 B 120 Melatonina (pg/ml) 90 60 30 150 120 D fot.longo/30 90 60 30 11:00 06:00 01:30 21:30 16:30 11:00 11:00 11:30 7:30 2:15 21:00 17:00 7:30 11:30 2:15 21:00 17:00 11:30 06:00 0 0 01:30 Melatonina (pg/ml) fot.longo/20 150 21:30 Melatonina (pg/ml) 180 16:30 26 Coleta (hora) Coleta (hora) 180 150 150 Melatonina (pg/ml) 180 E fot.curto/20 120 90 60 30 90 60 30 180 180 F Melatonina (pg/ml) 0 fot.curto/30 120 90 60 30 150 fot.longo/30 H 120 90 60 30 11:00 6:00 1:30 21:30 16:30 11:00 6:00 1:30 21:30 11:30 7:30 2:15 21:00 17:00 11:30 7:30 2:15 21:00 17:00 Coleta (hora) 16:30 0 0 11:00 150 fot.longo/20 G 120 0 11:30 Melatonina (pg/ml) Melatonina (pg/ml) Figura 1 – Perfil plasmático da melatonina em machos e fêmeas de Piaractus mesopotamicus em repouso mantidos sob fotofase curta (CE 10h30/13h30) e temperatura de água de 20°C ( ) – gráfico A ou 30°C (g) - gráfico B ou sob fotofase longa (CE13h30/10h30) e temperatura de água de 20°C (O) – gráfico C ou 30°C (n) – gráfico D. Média ± epm (N=2-8). Barras na horizontal delimitam o período escuro. Coleta (hora) Figura 2 – Perfil plasmático da melatonina em machos e fêmeas de Piaractus mesopotamicus em maturação mantidos sob fotofase curta (CE 10h30/13h30) e temperatura de água de 20°C ( ) – gráfico E ou 30°C (g) – gráfico F ou sob fotofase longa (CE 13h30/10h30) e temperatura de água de 20°C (O) – gráfico G ou 30°C (n) – gráfico H. Média ± epm (N=2-8). Barras na horizontal delimitam o período escuro. Katia Kiyomi Iseki, João Alberto Negrão, Ana Maria de Lauro Castrucci maduro/noite 140 Melatonina (pg/ml) repouso/noite repouso/dia * 120 100 maduro/dia 27 * 80 60 40 20 0 fot.curta/20 fot.curta/30 fot.longa/20 fot.longa/30 Figura 3 – Médias dos níveis noturnos e diurnos de melatonina plasmática de Piaractus mesopotamicus maduros (N=11-33) em repouso (N=15-36), e mantidos em quatro tratamentos: fotofase curta (CE 10h30/13h30) e temperatura de 20°C ou 30°C ou fotofase longa (CE 13h30/10h30) e temperatura de 20°C ou 30°C. Média ± epm. Médias com * indicam que são diferentes estatisticamente (P<0.1). 4. DISCUSSÃO Os indivíduos de Piaractus mesopotamicus analisados apresentaram uma variação diária na secreção de melatonina, alcançando os maiores valores durante a fase escura e caindo a níveis basais durante a fotofase. Este perfil de secreção de melatonina já estava descrito para outras espécies de peixes (Oncorhynchus mykiss, Oreochromis niloticus, Salmo salar, Catla catla) (BROMAGE et al., 2001; MAITRA; CHATTORAJ, 2007; FALCÓN et al., 2010). Entretanto, observamos que os níveis diurnos (média de 5 pg/ml) e noturnos (média de 100 pg/ml) de melatonina em Piaractus mesopotamicus eram inferiores aos valores descritos para salmonídeos, mas semelhantes a outras espécies como Oreochromis niloticus e Dicentrarchus labrax (MIGAUD et al., 2007; MARTINEZ-CHAVES et al., 2008). Segundo Pavlidis et al. (1999), os níveis plasmáticos de melatonina em peixes variam consideravelmente de acordo com a espécie, desde 10-100 pg/ml na fotofase a 100-800 pg/ml na fase escura. De acordo com Migaud et al. (2010) existe, até mesmo, uma grande variabilidade de resultados para uma mesma espécie, sendo que os diferentes tipos de análises usadas, estágio de desenvolvimento do peixe, idade e salinidade da água provavelmente estão relacionados às variações. No presente experimento observamos que a fotofase influenciou a duração da secreção noturna de melatonina, sendo que indivíduos mantidos em fotofase longa apresentavam um curto período de secreção de melatonina e indivíduos mantidos em fotofase curta apresentavam um longo período de secreção de melatonina, independente 28 Efeito da temperatura e da fotofase nos níveis plasmáticos de melatonina em pacus maduros e em repouso reprodutivo da temperatura da água e do estágio reprodutivo do indivíduo. Esta observação está de acordo com vários trabalhos, que relataram que esse perfil de secreção fornece uma tradução direta do comprimento da noite (KEZUKA et al., 1988; IIGO et al., 1994; ZACHAMANN et al., 1992b). Em determinados mamíferos sazonais, o modelo de secreção de melatonina acima descrito determina a ocorrência de uma variedade de eventos sazonais (BARTNESS et al., 1993). Em peixes, a amplitude dos níveis noturnos de melatonina também varia sazonalmente, podendo estar relacionada com as variações na fotofase (BARTNESS et al., 1993). Porém, no presente experimento, a amplitude dos níveis noturnos de melatonina não se alterou significativamente com a fotofase, mas observamos que os maiores valores de melatonina ocorreram na fotofase longa para os animais maduros. Resultados semelhantes foram obtidos com pacus mantidos sob fotofase natural (ISEKI et al., no prelo) onde os altos níveis de melatonina foram observados em fotofase longa (verão) e baixos níveis em fotofase curta (inverno). Randall et al. (1995) sugeriram que os altos níveis noturnos de melatonina observados no verão poderiam ser consequência da alta temperatura da água observada neste período. Nas condições em que foi realizado o presente experimento, não houve um efeito significativo da temperatura da água nos níveis de melatonina. Por outro lado, observamos que os níveis noturnos de melatonina foram numericamente superiores em pacus mantidos a 20 °C do que a 30 °C, em ambos os estágios reprodutivos. Estes resultados contrariam a maioria dos trabalhos. Em geral, os níveis noturnos de melatonina são menores a baixas temperaturas e aumentam com um incremento na temperatura da água (IIGO; AIDA, 1995). Porter et al. (2001) observaram para Salmo salar que os maiores valores de melatonina ocorriam nas maiores temperaturas de água, independente do regime fotoperiódico. Outros autores observaram que os níveis noturnos de melatonina eram maiores no verão do que no inverno e sugeriram que a temperatura da água era o fator que modificava a amplitude dos níveis de melatonina (RANDALL et al., 1995). No presente experimento somente a fotofase parece ter influenciado a secreção de melatonina em Piaractus mesopotamicus. No entanto, não podemos ignorar que em peixes tropicais e subtropicais várias eventos sazonais são fortemente influenciados pelo regime de chuvas (BERNADINO et al., 1988; LIMA et al., 1991). De fato, em Piaractus mesopotamicus, o início da maturação gonadal precedeu o início do período de chuvas sendo observadas altas correlações entre os níveis de melatonina e o regime de chuvas (R=0.6) (ISEKI et al. no prelo). Katia Kiyomi Iseki, João Alberto Negrão, Ana Maria de Lauro Castrucci 29 De acordo com Vazzoler (1986), apesar da temperatura e do fotoperíodo serem os fatores que estariam presentes em todas as fases do ciclo reprodutivo, estes atuariam principalmente no início do desenvolvimento gonadal. Por outro lado, fatores como aumento do nível fluviométrico, a mudança na condutividade da água e a disponibilidade alimentar atuariam como fatores sincronizadores e sinalizariam a ocorrência de condições favoráveis à desova. Esses fatores atuariam na maturação final dos gametas e no comportamento reprodutivo de machos e fêmeas. Em pacus mantidos em cativeiro, as supressões fisiológicas no processo reprodutivo que observamos podem ocorrer devido às restrições desses fatores sincronizadores que suprimem de alguma forma a ação dos hormônios indutores da desova, pois, embora haja o desenvolvimento gonadal, o processo da maturação final (migração do núcleo e quebra da vesícula nuclear) não acontece, por causa dessas restrições (ZOAR; MYLONAS, 2001). Assim, uma melhor investigação de como esses fatores sincronizadores atuariam controlando a reprodução dos peixes tropicais e subtropicais seria de extrema importância na otimização dos protocolos de reprodução induzida que ocorrem nas pisciculturas, antecipando ou retardando as desovas de acordo com o mercado consumidor. 5. CONCLUSÃO Em conclusão, para Piaractus mesopotamicus nas condições em que foi realizado o presente experimento, a fotofase parece ter influência maior nos níveis noturnos de melatonina, ao passo que a temperatura parece ter influência menor na secreção desse hormônio. Apesar de existirem trabalhos que sugerem que a melatonina teria uma função na reprodução de peixes, nossos resultados não suportam essa afirmação. Piaractus mesopotamicus maduros ou não, respondem de maneira semelhante às mudanças na fotofase ou não respondem à variação na temperatura da água. Embora a fotofase e a temperatura sejam fatores importantes na regulação do desenvolvimento gonadal em peixes, esses fatores não são os únicos. Para espécies tropicais e subtropicais, o regime das chuvas parece influenciar a maturação de modo significativo. AGRADECIMENTOS Este trabalho foi financiado pela FAPESP, CEPTA/IBAMA e IB/USP. 30 Efeito da temperatura e da fotofase nos níveis plasmáticos de melatonina em pacus maduros e em repouso reprodutivo REFERÊNCIAS AMANO, M.; IIGO, M.; IKUTA, K.; KITAMURA, S.; YAMADA, H.; YAMAMORI, K. Roles of melatonin in gonadal maturation of underyearling precocious male masu salmon. . General and Comparative Endocrinology. v.120, p. 190-197, 2000. BARTNESS, T,J.; POWERS, J.B.; HASTINGS, M.H.; BITTMAN, E.L.; GOLDMAN, B.D. The timed infusion paradigm for melatonin delivery: what has it taught us about the melatonin signal, its reception and photoperiodic control of seasonal responses? Journal of Pineal Research, v.15, p.161-190, 1993. 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Katia Kiyomi Iseki Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (1992), Mestrado em Biologia e Agronomia Université de Rennes I (1995), Mestrado em Élevage d'animaux d'interêt zootechinique - École Nationale Supérieure Agronomique de Rennes (1996) e Doutorado em Ciências (Fisiologia Geral) pela Universidade de São Paulo (2002). 32 Efeito da temperatura e da fotofase nos níveis plasmáticos de melatonina em pacus maduros e em repouso reprodutivo João Alberto Negrão Graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (1991) , mestrado em Biologia e Agronomia pela Ecole Nationale Superièure Agronomique de Rennes (1993) , doutorado em Biologia e Agronomia pela Ecole Nationale Superièure Agronomique de Rennes (1996) e pós-doutorado pela Dairy and Swine Research Centre, Agriculture and AgriFood Canada (2002). Ana Maria de Lauro Castrucci Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (1969), mestrado em Ciências (Fisiologia Geral) pela Universidade de São Paulo (1973) e doutorado em Ciências (Fisiologia Geral) pela Universidade de São Paulo (1974). Realizou seu pós-doutorado na University of Arizona, nos Estados Unidos.