USO DE FERRAMENTAS DE SISTEMAS DE GESTÃO DE CONTEÚDO
PARA O COMPARTILHAMENTO DA INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO: O
CASO DO REPOSITÓRIO ACADÊMICO DE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA
DA INFORMAÇÃO - RABCI
Tiago R. M. Murakami *
[email protected]
Sibele S. Fausto **
[email protected]
Área Temática: Redes de Conhecimento
Sub-área: Arquitetura de Informação e Tecnologias
* Prefeitura Municipal de São Paulo
Centro Educacional Unificado - CEU Butantã
Av. Eng. Heitor Antônio Eiras Garcia, 1870
05588-001 - São Paulo, SP - Brasil
Tel. (11) 3735-0287
**Universidade de São Paulo
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Rua do Lago, 876
05508-080 - São Paulo, SP - Brasil
Tel. (11) 3091-4797
2
RESUMO
Este
trabalho
Biblioteconomia
apresenta
e
Ciência
a
trajetória
da
do
Informação
Repositório
Acadêmico
-
as
RABCI,
de
tecnologias
experimentadas inicialmente e sua evolução até a adoção atual de uma
ferramenta de Sistema de Gestão de Conteúdo em software livre – o Drupal,
abordando sua concepção, organização, os recursos tecnológicos e as
funcionalidades envolvidos em sua implementação, focando a experiência
prática do projeto como um recurso de compartilhamento dinâmico da
informação e do conhecimento gerada nos cursos de graduação em
Biblioteconomia e Ciência da Informação, contribuindo para o livre acesso e
disseminação da produção científica acadêmica da área.
Palavras-chave: Repositórios Digitais Temáticos. Sistemas de Gestão de
Conteúdo. Software Livre. Biblioteconomia. Ciência da Informação.
1 INTRODUÇÃO
A evolução da internet e de suas tecnologias derivadas alterou a interface
virtual da interação reativa com os conteúdos digitais basicamente estáticos
para um ambiente de interação ativa, participativo e compartilhado, com maior
autonomia e liberdade de seus atores. Os conteúdos web passaram a ser
colaborativos, gerados pelos usuários (User Generated Content - UGT), com
alta velocidade de disponibilização, e o arcabouço tecnológico necessário para
suportar essa dinâmica intensamente dialógica são os Sistemas de Gestão de
Conteúdo - SGC (Content Management Systems – CMS), que combinam
soluções flexíveis e ágeis para estruturar e facilitar a criação, administração,
distribuição, publicação e acesso do conteúdo web.
A produção científica acadêmica pode se beneficiar das muitas vantagens
reunidas nos CMS, a exemplo de sua adoção para um repositório digital
temático específico para a área da informação, o Repositório Acadêmico de
Biblioteconomia e Ciência da Informação – RABCI. Este trabalho apresenta o
RABCI, compartilhando a experiência de sua trajetória, discutindo os princípios
envolvidos nos CMS e nos repositórios digitais de acesso livre.
3
2 SISTEMAS DE GESTÃO DE CONTEÚDO
O atual panorama interativo da web tornou a publicação uma tarefa complexa
no ambiente digital, exigindo soluções para a gestão de seu conteúdo com
elementos de valor agregado, e as tecnologias de suporte que respondem a
esta demanda são os Sistemas de Gestão de Conteúdo, que integram
ferramentas necessárias para várias funções na criação e gerenciamento
(edição, inserção e workflow) de conteúdo de forma dinâmica, dispensando a
necessidade de programação de código. Os CMS, por serem frameworks, são
compostos pela interação entre vários módulos que gerenciam funções
específicas na construção de uma página web. Estes recursos provêem um
framework para criação, gerenciamento e publicação de conteúdos web; um
ambiente seguro através do gerenciamento de papéis de usuários e podem ser
complementados com extensões para ampliar suas funcionalidades, através de
customização (AUSTIN; HARRIS, 2008, p.5). Tais características1 tornam os
CMS o suporte tecnológico em praticamente toda a World Wide Web atual.
3 REPOSITÓRIOS DIGITAIS DE ACESSO ABERTO
Da evolução da comunicação científica no ambiente digital derivaram formas
de armazenamento e disseminação da produção científica em modelos
eficientes que promovem sua visibilidade e acesso, a exemplo dos chamados
repositórios digitais, podendo ser institucionais ou temáticos. Os esforços para
a
livre
disseminação
do
conhecimento científico2 promoveram
várias
alternativas para esse fim, entre elas os repositórios de acesso livre baseados
em arquivos abertos, “[...] onde os conteúdos podem ser acessados sem
custos e barreiras de quaisquer naturezas” (MORENO; LEITE; MÁRDERO
ARELLANO, 2006, p. 84), reunindo padrões e normas de interoperabilidade
para facilitar a eficiente disseminação de conteúdos científicos na internet.
1
Módulos essenciais de um CMS são os de coleção, gerenciamento e publicação; administração do
BackOffice; o módulo de contribuição, o workflow editorial e o módulo de publicação (TRAMULLAS,
2005; LALAUDE, 2009).
2
Estes esforços foram capitaneados pelo Movimento do Acesso Aberto (Open Access Movement – OAM)
e pela Iniciativa dos Arquivos Abertos (Open Archives Initiative – OAI).
4
4 REPOSITÓRIO ACADÊMICO DE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO – RABCI3
A convergência dos princípios envolvidos nos CMS e nos repositórios
temáticos de acesso livre direcionaram a criação de um repositório digital
temático
específico
para
a
produção
científica
da
graduação
em
Biblioteconomia e Ciências da Informação (CI).
4.1 Por que um Repositório Acadêmico de Biblioteconomia e Ciência da
Informação?
Segundo Petinari (2008), quase não há iniciativas para a disponibilidade online
da produção científica da graduação no Brasil, pois a obrigatoriedade legal4 em
divulgar de forma digital a produção das Instituições de Ensino Superior - IES
restringe-se às teses e dissertações dos programas reconhecidos de doutorado
e mestrado dessas instituições. Neste contexto, é pertinente a existência de um
repositório digital temático livre e gratuito voltado à graduação. O RABCI
objetiva ser um espaço alternativo de compartilhamento do conhecimento
produzido por alunos e também profissionais da área de Biblioteconomia e CI,
preenchendo o gap existente, além de ser um espaço de experimentação de
novas tecnologias web facilitadoras da disseminação da informação, em um
panorama em que as inovações e soluções surgem e disseminam-se
rapidamente, exigindo agilidade para acompanhar e adotar as novidades
tecnológicas.
4.2 RABCI: histórico e configuração atual
A idéia de criar um repositório surgiu em 20045. O intuito inicial era utilizar as
tecnologias disponíveis em soluções livres (Free/Live Open Source Software FLOSS) e sob licença de uso público geral (General Public License – GNU
GPL) para divulgar o conhecimento produzido por alunos de graduação dos
cursos de Biblioteconomia e Ciência da Informação.
3
RABCI: http://www.rabci.org
Portaria nº 13, de 15 de fevereiro de 2006, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Capes (BRASIL, 2006).
5
Durante o mini curso sobre Bibliotecas Digitais durante o Encontro Nacional de Estudantes de
Biblioteconomia e Documentação - ENEBD 2004, na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.
4
5
O RABCI foi então desenvolvido no final de 2004, inicialmente considerando-se
softwares distribuídos nos modelos OAM/OAI. A princípio, adotou-se
experimentalmente o Open Journal System (OJS)6, porém como este aplicativo
é específico para a editoração de revistas, surgiu a necessidade de outras
alternativas apropriadas para a criação de um repositório que aceitasse
diversos formatos de publicações. Além disso, este e os demais modelos
OAM/OAI7 se mostraram inviáveis por exigirem um alto controle do servidor,
adequados para instituições com capacidade de infra-estrutura para tanto.
Continuando o trabalho de prospecção de uma alternativa mais adequada às
nossas necessidades8, percebemos que os CMS seriam uma boa solução, por
dependerem somente da estrutura LAMP (Linux – Apache – MySQL - PHP),
dispensando infra-estruturas especialistas e/ou proprietárias. Surgiu então a
opção pelo CMS livre Drupal9, inclusive por contar com um módulo
customizável para gerenciamento bibliográfico, o Bibliography. Verificamos que
este CMS é altamente flexível, com variadas possibilidades de customização10,
além de contar com uma ampla comunidade de suporte, também no Brasil11, e
até mesmo de bibliotecários usuários do recurso12.
4.2.1 Organização e funcionalidades
A grande flexibilidade do Drupal permitiu a implementação de algumas
funcionalidades facilitadoras para a organização e recuperação da informação
no RABCI, de forma inédita, descritas a seguir.
O RABCI é organizado no framework do Drupal, através do módulo
Bibliography,
6
uma
extensão
customizável
para
gerenciar
conteúdos
O OJS é um software de editoração de periódicos científicos desenvolvido pelo Public Knowledge
Project (PKP), da University of British Columbia (Canadá), em GNU-GPL, traduzido para o português e
distribuído pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT em 2003.
7
Como o E-prints (da Southampton University, Inglaterra), o Greenstone (desenvolvido na Waikato
University, Nova Zelândia, e distribuído em cooperação com a UNESCO) ou o DSpace (do
Massachusetts Institute of Technology – MIT).
8
Inclusive experimentando gerenciadores de bibliografia em FLOSS/GNU-GPL como o WikiNDX e o
Aigaion, que se mostraram robustos, mas limitados em termos de customização e com pouca atualização.
9
CMS Drupal: http://drupal.org/
10
O RABCI usa a versão 6 do Drupal, que soma 100 módulos customizáveis diferentes.
11
Drupal Brasil: http://drupal-br.org/
12
Drupal Group Libraries: http://groups.drupal.org/og/manage/1845.
6
estruturados, prevendo em sua estrutura: a Administração do sistema13; o
Workflow editorial14; e o Produto informacional15. Esta estrutura suporta a
gestão dos conteúdos fornecidos pelos usuários, através do auto-depósito
(self-archiving) de seus trabalhos, mediante cadastro prévio16, possibilitando o
acesso e preenchimento do formulário estruturado com informações de
metadados dos trabalhos a ser depositados, inclusive atribuindo palavraschave de sua escolha (Folksonomia) - que alimentam a nuvem de assuntos
(tags) disponível na página principal ou escolhidas do vocabulário controlado17
disponível no sistema. O preenchimento do formulário de metadados possibilita
ao sistema a busca em todos os campos. A pesquisa de documentos no
catálogo do RABCI pode ser processada de diferentes maneiras, através dos
links específicos para pesquisar ou navegar18. É possível imprimir, salvar ou
fazer o download dos trabalhos, além de exportar os dados recuperados de
uma dada pesquisa em EndNote, XML ou BibTex, pois o Módulo Bibliography
do Drupal provê um filtro para esse procedimento19.
Ao preencher o formulário de auto-depósito, os usuários concordam em
disponibilizar seus trabalhos sob uma licença de copyleft Creative Commons20,
permitindo aos visitantes do RABCI livre acesso ao conteúdo, mas impede sua
comercialização ou modificação por terceiros. Assim, são assegurados os
direitos autorais morais sobre a obra, e compartilhados os direitos materiais.
Em dezembro de 2008, foi adicionado ao RABCI um novo recurso adotado pelo
suporte do Drupal no Módulo Bibligraphy, provendo uma interface para a
13
Função essencial do CMS, administra dados importantes para todo o sistema como os dados dos
usuários, permissões de cada tipo de usuário, modelagem da estruturação de dados, etc.
14
Permite o gerenciamento do processo editorial e suas funções.
15
Permite acesso ao produto informacional final.
16
Atualmente há 360 usuários cadastrados no RABCI.
17
Este vocabulário controlado é o JITA, um sistema de classificação de documentos da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, criado para ser usado no E-Lis, repositório temático
internacional, de acesso aberto, da área de CI, integrante da iniciativa E-Prints (http://eprints.rclis.org).
JITA é um acrônimo formado pelo nome dos autores: Jose Manuel Barrueco Cruz, Imma Subirats Coll,
Thomas Krichel e Antonella De Robbio.
18
A pesquisa é possível por autor, por ano, por palavra-chave, na nuvem de assuntos ou no vocabulário
controlado.
19
No entanto, para isso o usuário precisa ter instalado em seu desktop um software gerenciador de
bibliografias, como o EndNote, mas existem alguns livres como o WikiNDX ou o Aigaion que aceitam o
formato utilizado no RABCI.
20
Creative Commons: licença e direitos autorais em copyleft: http://www.creativecommons.org.br/.
7
interoperabilidade com outras fontes de informação, através do padrão Open
Archives Initiative – Protocol for Metadata Harvesting – OAI-PMH, que consiste
em uma ferramenta de colheita de metadados. O uso deste protocolo permite
que os metadados do RABCI sejam passíveis de harvesting – promovendo a
visibilidade e a disseminação online dos trabalhos ali depositados, porém o
próprio RABCI ainda não atua como harvester de conteúdos externos.
O RABCI é organizado em Seções, onde são distribuídos os conteúdos,
acessíveis através de links. Mas a navegação no RABCI é muito flexível devido
às ferramentas de web 2.0 incorporadas ao framework, tornando a página
dinâmica e sempre atualizada, através da automatização de recepção de
informação em tempo real, proporcionadas pelo emprego de agregador de
Feeds
RSS
(Really
Simple
Syndication)21,
mantendo
seus
usuários
constantemente informados sobre temas, novidades e oportunidades da área22.
Outra funcionalidade é o calendário23, útil para indicar eventos da área. Além
de tudo, o RABCI conta também com um Blog próprio, criado para ser um
espaço de interatividade entre os usuários, através da réplica pública em
comentários, propiciando o estreitamento do contato e a criação de uma
comunidade social, fomentando discussões, críticas e sugestões sobre a
produção científica ali disponível.
4.3 Resultados do recurso informacional
Com quase 5 anos de existência, o RABCI acumulou resultados relevantes. A
seguir mostramos gráficos da avaliação quantitativa de seu desempenho
quanto ao número de trabalhos depositados por ano24 e por instituição:
21
O RABCI subscreve Feeds de vários blogs e páginas web com temáticas relacionadas à
Biblioteconomia e CI, bem como envia alertas aos usuários sobre suas atualizações, como novos
trabalhos depositados, por exemplo.
22
Esses Feeds são distribuídos em quatro categorias:
- Últimos posts em blogs de Biblio e CI;
- Últimos posts sobre concursos e empregos;
- Últimas contribuições em repositórios de acesso livre.
- Últimas contribuições ao repositório22;
Além de apontar os 10 documentos mais acessados e baixados – o chamado Zeitgeist do RABCI.
23
Para o Calendário, adotou-se o widget do Google Calendar.
24
É necessário esclarecer que a data refere-se ao ano de conclusão do trabalho, e não ao ano de depósito
no RABCI, já que esses dados são fornecidos através dos metadados dos documentos, onde consta sua
data de conclusão.
8
Gráfico 1: Distribuição dos trabalhos depositados no RABCI por ano
Fonte: RABCI, 2009
Gráfico 2: Distribuição dos trabalhos depositados no RABCI por instituição
Fonte: RABCI, 2009
O RABCI teve início em 2004, mas o Gráfico 1 mostra que a data dos trabalhos
é anterior, chegando a 2000. Isso aponta o repositório como alternativa para o
arquivamento retrospectivo, tornando-o uma fonte de memória científica
acadêmica, além de disseminador de novos trabalhos. O fato de haver mais
trabalhos do ano de 2005 em diante demonstra sua maior divulgação entre os
usuários, que adotam o recurso como alternativa de publicação online de sua
produção. Já o Gráfico 2, em relação às instituições de origem dos
documentos, verifica-se que a maior presença é da Universidade de São Paulo
– USP, com 16 trabalhos auto-arquivados25. Porém, nota-se que há instituições
de praticamente todo o Brasil, apontando o alcance do recurso.
25
Isso se deve ao fato de a USP ser a instituição da graduação do desenvolvedor do RABCI (Tiago R.M.
Murakami), onde naturalmente houve maior divulgação entre os alunos e colegas.
9
Quanto aos acessos e downloads26, os quantitativos em um recorte temporal
de três anos (2007-2009)27 são mostrados no Gráfico 3 e na Tabela 1,
respectivamente
Gráfico 3: Número de acessos, por ano
Acessos ao servidor
ja
n/
07
ab
r/0
7
ju
l/0
7
ou
t/0
7
ja
n/
08
ab
r/0
8
ju
l/0
8
ou
t/0
8
ja
n/
09
20000
15000
10000
5000
0
Visitantes únicos
Numero de visitas
Tabela 1: Número de downloads, por ano e formato
Ano
PDF
DOC
PPS
Totais
parciais/ano
2007
3.039
114
122
3.275
2008
13.648
661
445
14.754
2009
1.148
7
4
1.159
782
571
Totais
parciais/formato 17.835
Total Geral
---------
19.188
O Gráfico 3 mostra que o RABCI tem um bom fluxo de acessos, chegando a
15.000 em janeiro de 2009. Em relação aos downloads efetivados por ano, o
maior número verificou-se em 2008, com o total parcial de 14.754 documentos
baixados. Em relação ao formato de publicação, o PDF foi majoritário em todos
os anos, atingindo o número de 17.835 no período analisado (2007-2009).
Lembramos que o RABCI aceita arquivos em formatos variados (pdf, doc, pps,
jpg, avi, mp3, html, etc.), porém o fato de ser um repositório acadêmico mostra
26
Utilizamos a ferramenta de análise web Debian AWStats: http://www.debianhelp.co.uk/awstats.htm.
O RABCI migrou de servidor, sendo que só foi possível analisar os dados de acesso e download
disponíveis no servidor atual, no período indicado.
27
10
que os documentos da produção científica (basicamente Trabalhos de
Conclusão de Curso) são geralmente em formatos de publicação PDF.
Verificamos a performance do RABCI na internet, nas ferramentas do Google
Indexed Pages (nota obtida: 3,360) e Google PageRank28 (nota obtida: 2). O
PageRank indica a relevância de um site, e a nota 2 obtida coloca o RABCI
como mais importante que 20% do conteúdo da internet, um bom resultado já
que o RABCI nunca adotou ações sistemáticas de marketing virtual, ficando
sua divulgação por conta do “efeito viral” da web. Utilizamos também a
avaliação de posicionamento web do Hubspot (Hubspot’s Website Grader), que
analisa sites em termos de efetividade de marketing na web e atribui uma nota
(website grade RABCI: 81/100). Nesta avaliação, o Hubspot mostrou também
que o tempo médio de acesso e permanência no site é de 8 minutos, além de
indicar a origem dos robôs/spiders utilizados nas buscas que levam ao site,
importante para apontar em quais deles o RABCI está indexado29.
As freqüências de acesso e download confirmam que o compartilhamento em
um repositório digital de acesso livre para disseminação da informação mostrase eficiente, devendo ser considerada por alunos de graduação e profissionais
da área de CI, aproveitando um recurso já disponível e aberto.
4.4 Desafios para o futuro
A adoção de um CMS livre e flexível como o Drupal, que possui uma ampla e
participativa comunidade de desenvolvedores confere ao RABCI uma
característica mutante – está sempre em “beta”, sempre se desenvolvendo e
adotando novos módulos de tecnologia disponibilizados pela comunidade. Isso
aponta para sua melhoria constante no alcance de algumas metas traçadas
para o futuro, entre as quais:
28
•
Ampliar a possibilidade de colaboração dos usuários;
•
Integração de ferramentas da Web Semântica;
O Google PageRank utiliza em sua análise de um site um algoritmo combinando acessos e links
recebidos para determinar sua relevância. .
29
O Hubspot mostra muitos outros indicadores, e disponibiliza os resultados em relatórios e gráficos, em
sua página web. O relatório de avaliação do RABCI está no URL:
http://grader.com/site/rabci.org/rabci para livre acesso e consulta.
11
•
Ampliar a funcionalidade do OAI-PMH para atuar como harvester;
•
Trabalhar junto à comunidade de desenvolvedores para encontrar
soluções eficientes de preservação digital do conteúdo, um ponto
importante ainda não devidamente atendido pelo Drupal;
•
Melhoria da acessibilidade: o RABCI já foi submetido ao escrutínio de
diretrizes de acessibilidade para a Web30 e precisa desenvolver mais
as funcionalidades assistivas demandadas pelas Pessoas com
Necessidades Especiais (PNE);
•
Implantar avaliações sistemáticas e programadas do RABCI, através
de metodologias avaliativas fundamentadas (CAMARGO; VIDOTTI,
2008).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, o frenético surgimento de tecnologias propiciado pelo contexto
interativo e colaborativo da web aponta para os CMS como ferramentas ideais
para a gestão, publicação, disseminação e acesso da informação e do
conhecimento, por sua alta flexibilidade e necessária agilidade na adoção de
novidades úteis para esses fins. Os recursos de CMS livres, como o Drupal,
que conta com uma grande participação de comunidades de desenvolvedores
que compartilham erros e acertos e possibilitam ao sistema o desenvolvimento
contínuo numa interconexão dinâmica confirmam-se como alternativas viáveis
aos tradicionais sistemas de bibliotecas ou recursos de informação online
dependentes das instituições que as mantém, conferindo-lhes morosidade em
seu desenvolvimento e rápida obsolescência.
O RABCI, ao adotar o CMS Drupal, transmudou-se em um verdadeiro
laboratório de aplicações web, incorporando as soluções úteis para seus
objetivos e conferindo-lhe características dinâmicas e proativas, a nosso ver
extremamente necessárias aos serviços de informação vivendo sob o
paradigma tecnológico atual. Trabalhar com um CMS livre permitiu ao RABCI
atingir a vanguarda em muitas aspectos relacionados à disseminação, ao
30
Guias de acessibilidade para a Web30 do World Wide Web Consortium (Web Content Accessibility
Guidelines - W3CWCAG): http://www.w3.org/TR/WAI-WEBCONTENT/ .
12
acesso e ao uso da informação, que constituem a missão básica dos serviços
de informação.
REFERÊNCIAS
AUSTIN, A.; HARRIS, C. Drupal in Libraries. Library Technology Reports, v.
4, n. 4, Maio/Jun. 2008.
BRASIL. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes). Portaria nº 13, de 15 de fevereiro de 2006.
Institui a divulgação das teses e dissertações. Diário Oficial [da] União,
Brasília, DF, n. 35, 17 fev. 2006. Seção 1, p ---.
CAMARGO, Liriane S.A., VIDOTTI, Silvana A. B.G. Uma estratégia de
avaliação em repositórios digitais. In: Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias, São Paulo, 2008. Anais... São Paulo: CRUESP, 2008.
Disponível em: <http://www.sbu.unicamp.br/snbu2008/anais/site/pdfs/3560.pdf>.
Acesso em 05 mar.2009.
HUBSPOT’S WEBSITE GRADER. Report for rabci.org/rabci. Disponível em:
<http://grader.com/site/rabci.org/rabci>. Acesso em 24.03.2009.
LALAUDE, Myriam. Découvrir la gestion de contenu. Documentaliste:
Sciences de L´information, v. 45, n.3, 2008.
MORENO, Fernanda P.; LEITE, Fernando C.L.; MÁRDERO-ARELLANO,
Miguel A. Acesso livre a publicações e repositórios digitais em ciência da
informação no Brasil. Perspect. ciênc. inf. Belo Horizonte, v.11, n. 1, p. 82-94,
2006. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em 20 mar.2009.
PETINARI, Valdinéa S. Repositórios digitais e sua colaboração para
Disseminação da produção científica da graduação. In: Seminário Nacional de
Bibliotecas Universitárias, São Paulo, 2008. Anais... São Paulo: CRUESP,
2008. Disponível em:
<http://www.sbu.unicamp.br/snbu2008/anais/site/pdfs/2878.pdf>. Acesso em 05
mar.2009.
TRAMULLAS, Jesús. Open source tools for content management. Hipertext.
net, n. 3, 2005. Disponível em: <http://www.hipertext.net>. Acesso em: 1 jun.
2006.
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