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10/17/07
4:40 PM
MULHERES DO MUNDO
“Mutilada” (já traduzido para o
português) e uma das mais respeitadas militantes internacionais
contra a mutilação genital feminina: “Todas as mulheres têm o direito à informação, de saber o
que o corte no clitóris representa
para sua vida”. Pode ser que ainda demore para que esse gesto
bárbaro deixe de ser visto como
tradição e para que os homens
não precisem disso para preservar a honra da família. Mas, saindo de Rombo, tive a certeza de
que o caminho da preservação
da integridade dessas mulheres
passa pelo fim do ciclo da ignorância. E ele pode estar mais
perto do que imaginamos.
Para entrar em contato com a
MAA e colaborar com o fim
da mutilação feminina, visite o site
www.e-solidarity.org.Você também pode entrar em contato pelo
tel. 41-22-3483-370, ou pelo e-mail
[email protected], ou ainda escrever para 38 Ch. Edouard Olivet, 1.226,Thônex, Genève, Suíça.
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EM NOME
DA VIDA
mutilação genital feminina (MGF) é um problema
crônico em países asiáticos e do Norte e Nordeste da
África. Atualmente, ocorrem seis mil mutilações diariamente —ou
mais de dois milhões ao ano no mundo, segundo a ONG Massai
Aid Association (MAA), uma das várias entidades internacionais
empenhadas em extingüir a prática ligadas à Organização das
Nações Unidas (ONU). Ao contrário do que muita gente imagina,
a mutilação não está diretamente ligada a nenhuma religião, embora seja mais freqüente entre povos muçulmanos. A prática tem
se perpetuado como tradição cultural necessária para preservar a
castidade e a honra das mulheres. Quase sempre é realizada
numa espécie de rito de passagem para a adolescência, e muitos governos ainda resistem em classificá-la
como violação dos direitos humanos para não provocar a ira de líderes locais. Os tipos de corte variam da
forma mais “branda” (só o clitóris é cortado), passando pelo corte dos pequenos ou grandes lábios, até a
infibulação, onde pequenos e grandes lábios são extirpados e a vagina é costurada. Cada comunidade
alega suas próprias razões para continuar a prática,
mas a mais comum é o controle do prazer da mulher
pelos homens. Em algumas tribos, a MGF ocorre em
ambientes privados, longe dos olhos da família. Mas
em outras, pode acontecer durante uma festa: dançar sentindo dor intensa seria prova de bravura. Existem situações ainda mais
grotescas —não há limite
para a crueldade. Neste
Mulheres de
ano, a discussão sobre a
Rombo assistem
curiosas à
MGF ganhou especial fôaula de Annie
lego no Egito, onde está
em curso campanha que
conseguiu aliar de maneira inédita setores do
governo, líderes religiosos
e ativistas populares. Dados da MAA mostram que
97% das egípcias entre
15 e 49 anos são mutiladas. Um recente decreto
do Ministério da Saúde
do país proibiu o procedimento e o Ministério de
Assuntos Religiosos publicou um folheto explicando por que o Islã não exige a prática. Na lista de
países com situação mais
crítica, além do Quênia,
constam Sudão, Mali,
Burkina Faso, Etiópia e
Chade, entre outros.
NO EGITO,
HÁ UMA
CAMPANHA
FORTE PARA
ELIMINAR
DE VEZ
A PRÁTICA
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no egito, há uma campanha forte para eliminar de vez a prática