Uma abordagem pragmática para a análise e interpretação da piada Dra Elena Godoi (UFPR, email: [email protected]) MS Sebastião Lourenço dos Santos (PG/UFPR, email: [email protected]) Resumo: O objetivo deste trabalho é discutir a interpretação do gênero piada pela perspectiva pragmática da Teoria da Relevância (TR) de Sperber & Wilson (1986/95), posto que as principais teorias do humor analisam a piada como uma incongruência. A nossa hipótese é que para que o ouvinte interprete a piada ele tem que resolver a incongruência intencionada, fazendo uso de inferências semânticas e/ou pragmáticas. A metodologia constitui a análise de um repertório variado de piadas retiradas de sites, livros e revistas humorísticas. Concluímos que no processamento da interpretação da piada entra em jogo, além das inferências e do conhecimento de mundo, que abrange crenças, valores e convenções sociais, um sistema dedutivo que demanda complexos processos cognitivos do ouvinte. Palavras-chave: relevância, inferência, incongruência, piada 1 1. Introdução O homem chega ao consultório médico: _ Doutor, quero fazer uma vasectomia. _ Essa é uma decisão muito séria. O senhor já consultou sua mulher e seus filhos? _ Claro que sim, doutor. Os favoráveis ganharam de 15 a 2. Por que rimos de uma piada? E por que não rimos de uma piada? Ou por que rimos de uma piada que já conhecemos? Primeiramente, a piada passa por um processo físico (ouvir), depois por um processo cognitivo (interpretar) e, por último, entra em ação um processo afetivo-emotivo (rir). Por detrás dessa cadeia, aparentemente simples e natural, se oculta um trabalhoso processo cognitivo que demanda complexas atividades mentais. De acordo com Kraft (2004), o riso é uma atividade exterior à mente causada pela percepção de uma incongruência, de um paradoxo, uma virada “ilógica” sobre o final “lógico” da história narrada pela piada. Num primeiro momento, 1 As piadas deste estudo foram tiradas de Reader´s Digest Brasil, s/d. especulamos, sem nos dar conta, sobre o final lógico da história, o que significa dizer que a mente traça expectativas e faz previsões sobre o final lógico, enquanto a história vai sendo conduzida. Porém, esse suposto final lógico é substituído por um desfecho inesperado. Esse rompimento do encadeamento orientado da história parece ilógico, sem sentido, pois não se encaixa no contexto lógico. A mente, então, tenta encontrar uma solução ao problema. Abandona o ponto de vista inicial, que tendia ao final lógico, e busca uma adequação, na qual a conclusão, o final desconexo, se encaixe ao restante da história. A mente, numa espécie de viagem exploratória e criativa, salta para uma nova perspectiva e a recompensa é uma surpreendente descoberta causada pelo desfecho da piada. Pode ser que o significado alcançado com a mudança de perspectiva não seja óbvio, porém a descoberta do novo é no mínimo divertida. Se por um lado, se buscam respostas no comportamento humano, por outro, as teorias lingüísticas do humor (RASKIN, 1995; CURCÓ, 1995, YUS RAMOS, 2003), centradas na semântica cognitiva, tentam dar conta dos processos cognitivos de interpretação desta manifestação emotivo-afetiva que nasce da percepção de uma incongruência, de um paradoxo lingüísticocognitivo sobre o desfecho inesperado de uma narração. Como nosso objetivo é analisar a piada a partir dos conceitos e pressupostos da pragmática, apresentamos resumidamente a seguir a Teoria da Relevância de Sperber e Wilson (1986/95) 2) A Teoria da Relevância (TR) “Como será que os seres humanos se comunicam uns com os outros?” questionam Sperber e Wilson em Relevance: comunication & cognition (1986/95), ou simplesmente Teoria da Relevância (TR), como é conhecida essa influente teoria e, talvez, a mais interessante, atrativa, poderosa e polêmica tentativa de explicação da comunicação humana. A TR é uma proposta que se reveste de uma inevitável complexidade teórica, sobretudo por convergir uma tradição de estudos sintático-semânticos com os mais recentes estudos em psicologia cognitiva, principalmente sobre o processamento de informações – processos inferenciais, representação, memória, etc. Mais: a TR subverte a teoria de linguagem como código, retifica a teoria das implicaturas conversacionais de Grice (1975) e ignora o ceticismo das teorias cognitivas sobre a abordagem dos sistemas centrais (SILVEIRA e FELTES, 1997). Sperber e Wilson (op cit) sugerem que os seres humanos possuem um mecanismo cognitivo inerente e que é este mecanismo que permite aos falantes elaborar, em um contexto conversacional dado, uma hipótese interpretativa (inferencial) entre todas as interpretações que um enunciado pode produzir. Em oposição ao modelo inferencial de Grice, de acordo com o qual o falante pode optar entre ser cooperativo ou não e violar ou não uma ou mais máxima nas conversações em que participa, na TR esse mecanismo cognitivo-dedutivo é inconsciente, uma vez que é uma generalização da comunicação ostensivo-inferencial. Segundo Sperber e Wilson, a comunicação humana está assentada em uma propriedade psicocognitiva mínima que permite determinar se duas ou mais pessoas se comunicam. No ato da comunicação, o locutor tem a intenção de tornar algo manifesto ao interlocutor. No entanto, para que a comunicação se concretize, para que venha a ocorrer de fato, é necessário relacionar a intenção de manifestabilidade a duas características principais: i) que a intenção seja explícita e ii) que a intenção seja reconhecida pelo(s) interlocutor(es). Como as intenções não podem ser decodificadas, mas sim inferidas cognitivamente, ficam assim lançadas as bases da Teoria da Relevância. Para a TR, a comunicação humana é um processo no qual estão envolvidos dois mecanismos cognitivos – falante e ouvinte – e o falante modifica o ambiente acústico do ouvinte, levando-o a desenvolver pensamentos semelhantes às representações mentais do falante. Nesse processo, os “pensamentos” são representações conceptuais, opostos às representações sensoriais ou representações emocionais, e “suposições” são pensamentos que representam o mundo real dos indivíduos. No entanto, a questão é: o que uma suposição comunica, ou como um estímulo físico pode efetuar a requerida semelhança de pensamentos entre falante e ouvinte quando não existe semelhança nenhuma entre o estímulo e os pensamentos que a ele correspondem? Na TR a comunicação ocorre devido ao fato de que a cognição humana tende a dirigir-se à relevância ótima, conceito vago, pouco explorado por Grice em seus postulados conversacionais. Sperber e Wilson, no entanto, conceituam a relevância como uma propriedade psicológica que caracteriza a cognição humana: os indivíduos tendem a prestar atenção somente aos fenômenos e informações relacionados a seus interesses – os que causam maiores efeitos de significação e exigem menores esforços cognitivos para processá-los. O efeito cognitivo, por sua vez, pode fortalecer suposições já existentes, contradizê-las ao fornecer evidências contrárias ou combinar suposições existentes para deduzir implicações contextuais. Certamente quando em uma conversação um indivíduo interpreta os significados dos enunciados de seu interlocutor, nem todas as suposições que se criam na mente deste interlocutor alcançam o mesmo grau de relevância, haja vista que estas se organizam em um continuum de maior a menor probabilidade. Na comunicação inferencial o locutor cria expectativas de relevância ótima e o objetivo do ouvinte é encontrar uma interpretação que satisfaça essa expectativa de relevância ótima. Uma elocução é otimamente relevante se, e apenas se: i) for relevante para valer a pena ser processada e ii) for a mais relevante compatível com as capacidades e as preferências do falante. Segundo a TR, a compreensão inferencial ocorre do seguinte modo: o interlocutor, seguindo o caminho de esforço mínimo, de posse do significado lingüisticamente codificado deverá enriquecê-lo ao nível explícito e completá-lo ao nível implícito até que a interpretação resultante se coadune som sua expectativa de relevância. O principal problema nessa proposta consiste em saber quando começa e quando termina o processo inferencial. De acordo com a TR, a hipótese mais plausível é que o processo pára quando o interlocutor alcança o nível esperado de relevância, ou seja, quando há um “ajuste” mútuo do conteúdo explícito e de implicaturas ao enunciado. Entretanto, o significado codificado lingüisticamente é apenas o ponto de partida para a compreensão inferencial, uma vez que o enriquecimento do interlocutor vai fornecer uma hipótese sobre o significado pretendido pelo locutor. O problema para qualquer teoria pragmática consiste em descrever o modo como o ouvinte encontra um contexto de interpretação. Na comunicação inferencial, o interesse do ouvinte é pelo significado das elocuções, desde que elas lhe forneçam uma prova daquilo que o falante quer lhe dizer. A comunicação inferencial é, então, bem sucedida, não quando o ouvinte reconhece o significado lingüístico, mas quando infere o significado daquilo que o falante pretende dizer. Para Sperber e Wilson, os falantes não seguem conscientemente o princípio da relevância e não podem sequer violá-lo mesmo se quisessem fazê-lo O principio de relevância se aplica à comunicação humana sem exceções: cada ato de comunicação ostensiva comunica sua presunção de relevância, ou seja, a atenção humana e seus recursos de processamento estão dirigidos para as informações que forem relevantes. O resultado é que na comunicação espontânea a elocução mais relevante é aquela que causa maior efeito cognitivo e exige o menor esforço de processamento. Por outro lado, o modelo interpretativo proposto por Sperber e Wilson outorga à dedução um papel fundamental. Na TR, a dedução é entendida como o resultado da união de uma nova informação {P} a uma informação antiga {C} armazenada na mente do indivíduo. A esta operação cognitiva Sperber e Wilson chamam “contextualização”; a contextualização é, portanto, responsável por gerar um efeito contextual. Nesse sentido, uma informação é relevante na medida em que seus efeitos contextuais sejam grandes e o esforço requerido para processá-la seja pequeno. A TR tem como premissa a mente modular (FODOR, 1983) e, nesse sistema, o processamento da linguagem opera em dois módulos: os “sistemas de entrada” (inputs perceptuais ou periféricos) e os “sistemas centrais” Na psicologia cognitiva corrente os processos de entrada de dados são processos de decodificação relativamente especializados e os processos centrais são processos inferenciais relativamente não-especializados. A interpretação está, assim, invariavelmente condicionada à percepção e representação que o indivíduo tem ou faz do mundo em que vive, bem como dos outros indivíduos com quem convive. Nesse processo, os sentidos atuam como captores de informações que as enviam aos sistemas de entrada. Os processos centrais do pensamento, por sua vez, fazem a integração das informações derivadas dos sistemas perceptuais com as informações armazenadas na memória e desempenham uma variedade de tarefas inferenciais. Os sistemas centrais, portanto, têm de efetuar uma transformação da informação captada pelos sistemas de entrada (inputs) em uma representação (uma linguagem mental) que será armazenada na memória O que a mente armazena é, então, uma representação dos estímulos trazidos pelos sistemas de entrada. A essa representação mental sobre o estado de coisas do mundo, a TR chama “conceito”. Para a TR, a representação de um conceito é uma representação conceitual (RC). O fato de a compreensão oral ser quase instantânea e com o auxílio ativo da fonte de informação, isto é, do falante, torna a escolha do contexto pelo ouvinte muito mais fácil de analisar, a partir das informações de sua memória conceitual. Essa compreensão é processual e se dá via “inferência”. A inferência é, então, um processo pelo qual uma suposição é aceita como verdadeira, provavelmente verdadeira, possivelmente verdadeira ou falsa. A inferência é uma forma processual de fixação daquilo que se acredita No entanto, a grande variedade de informações acessíveis à mente se torna um problema para a investigação dos processos cognitivos centrais, assim como a natureza dos processos inferenciais pelos quais passam as informações também é um problema. Embora a lógica clássica tenha fornecido vários modelos de inferências demonstrativas, para a TR os processos inferenciais são “não-demonstrativos”, ou seja, não podem ser provados, apenas confirmados. Segundo Sperber e Wilsom, a inferência não-demonstrativa também não se baseia em regras da lógica indutiva, porque não existe um sistema de lógica indutiva suficientemente desenvolvido a ponto de fornecer um modelo plausível dos processos cognitivos centrais. Na comunicação humana, os indivíduos formam inferências espontâneas, instantâneas e inconscientes sobre a intenção comunicativa do falante, ou seja, a inferência não-demonstrativa advém de um significado psicológico mais geral. Assim, as únicas regras lógicas espontaneamente acessíveis à mente são as regras dedutivas, uma vez que estas geram todas as conclusões interessantes implicadas logicamente por um conjunto de premissas. O processo de chegada às conclusões não-demonstrativas válidas é, em geral, repartido em duas etapas: i) formação das hipóteses e ii) confirmação das hipóteses. A formação das hipóteses é uma questão da imaginação criativa, ao passo que a confirmação das hipóteses pode ser vista como um processo puramente lógico regido por regras inferenciais. A função das regras inferenciais é a de garantir a validade lógica das inferências que regem – conectar o significado (conteúdo psicológico) ao estado das coisas do mundo. No entanto, a inferência humana não-demonstrativa não é totalmente um processo lógico. Na formação de hipóteses existe a utilização de regras dedutivas, mas a confirmação das hipóteses é um fenômeno cognitivo não-lógico: é um fenômeno proveniente do modo com são processadas as suposições, quer dedutivamente quer de outra forma. A informação relevante é uma informação que modifica e aperfeiçoa uma representação conceitual total de mundo. Segundo a TR, uma maneira de conseguir relevância é fornecer ao ouvinte evidencias que tenham alguma influência sobre uma sua suposição qualquer. Uma suposição não prova nada sobre as coisas do mundo, mas confirma aquilo que o falante acredita conseguir: alguma relevância. Para a TR, as regras de dedução são não-triviais (não simples) no sentido de que são regras interpretativas, cujas suposições dos resultados explicam ou analisam o conteúdo das suposições da entrada de dados. São não-triviais também no sentido de que, pela formação de uma hipótese que envolve raciocínio criativo, analógico e associativo, a verdade das premissas torna a verdade das conclusões apenas provável. A hipótese pode ou não ser confirmada, ou seja, se ajusta ao conhecimento de mundo do indivíduo. Há uma ligação necessária entre a implicação lógica e a inferência. O que distingue uma regra de dedução das outras computações mentais é o fato de ela ser uma operação que faz a preservação da verdade, ou seja, quando se aplica a uma suposição, a conclusão a que dá origem fica numa relação semântica em relação à premissa que a originou. Desse modo, todas as implicações lógicas são também inferências. As informações armazenadas na memória num endereço conceitual são de três tipos: i) lógicas; (ii ) enciclopédicas e iii) lexicais. O endereço conceitual é, portanto, um ponto de acesso às informações lógicas, enciclopédicas e lingüísticas necessárias ao processamento das formas lógicas que contém esse endereço. Uma entrada lógica é constituída por um conjunto de regras de dedução (e, se... então e ou) que descrevem formalmente um conjunto de suposições de premissas e de conclusões. Estas regras se aplicam somente aos conjuntos de premissas em que existe uma ocorrência especificada desse conceito e que originam somente conclusões das quais foi eliminada essa ocorrência. Aqui se aplicariam as relações de implicação que se estabelecem entre hiperônimos e hipônimos. Uma entrada enciclopédica contém informação sobre as extensões ou denotações – idéias associadas ao referente, o que inclui, por exemplo, informações sobre os frames, scripts ou “protótipos” de uma categoria conceitual. Isto demonstra que os seres humanos tendem as construir suposições estereotipadas sobre pessoas, objetos e eventos. A entrada lexical contém informações lingüísticas sobre a contraparte correspondente ao conceito na linguagem natural (informação fonológica e morfossintática), ou seja, a palavra da linguagem natural que exprime o conceito. No entanto, se fizermos uma comparação entre as entradas enciclopédicas e as entradas lógicas, veremos que as entradas enciclopédicas variam de falante para falante e de um tempo a outro e estão sempre abertas a informações novas. Segundo a TR, as entradas lógicas, por sua vez, são finitas, pequenas e relativamente constantes, através dos falantes e dos tempos. As informações das entradas enciclopédicas são de caráter representacional; as das entradas lógicas são de caráter computacional. Mais: o conteúdo de uma suposição é determinado pelas entradas lógicas dos conceitos que contém, enquanto que o contexto em que é processado é, pelo menos em parte, determinado pelas suas entradas enciclopédicas. Contudo, representação e computação são dois processos formalmente distintos e complementares, nenhum deles pode existir sem o outro e são ambos necessários para a compreensão. 3. A estrutura da piada e a estratégia humorística A maioria das teorias do humor tentam explicar a criação intencionada do efeito humorístico de um texto oral ou escrito, como a piada, a partir do conceito de incongruência. Segundo Yus Ramos (1995/96), entre essas teorias se sobressai o trabalho de Victor Raskin (1987), para quem o humor advém de cinco elementos textuais, a saber: i) uma mudança no modo de comunicação bona-fide (sério, boa fé) ao modo de comunicação não-bona-fide, ii) o texto pretensamente humorístico, iii) dois âmbitos ou scripts parcial ou totalmente dissimulados que convergem nesse texto, iv) alguma relação de oposição entre os dois âmbitos e v) um mecanismo, óbvio ou implícito, que muda um âmbito por outro. No entanto, nenhum pesquisador que estuda a piada, seja no âmbito lingüístico-discursivo ou psico-cognitivo, apresenta uma sistematização formal textual satisfatória. A maioria dos investigadores (POSSENTI, 1998; ATTARDO, 1994; RITCHIE, 2004; MUNIZ, 2004; CONDE, 2005; PAVEI, 2005; DONZELI, 2008), faz conjecturas sobre os mecanismos e elementos proposicionais que compõem o texto da piada, sem, contudo, formalizá-lo. Nesta reflexão, portanto, pretendemos postular uma “fórmula” para a piada, uma armação narrativa que estrutura a piada Nesse sentido, toda piada que se ajuste a essa fórmula estrutural narrativa, chamamos “piada prototípica”. A piada prototípica é, portanto, aquela que apresenta uma estrutura clássica da narração tradicional. É esta piada que nos interessa no presente estudo. A piada como texto é uma narração centrada numa linha comunicativa criada com a intenção de ressaltar a discrepância, o paradoxo, a incongruência, entre duas realidades – a do mundo (ontológico) exterior e a de um mundo hipotético (ficcional) interior – deslocando uma delas. Ainda que o conceito de narração seja, tradicionalmente, abrangente, porque caracterizaria alguns princípios universalmente convencionados ao tipo de texto narrativo, a estrutura da piada que analisamos neste estudo é a de um texto relativamente curto, de caráter ficcional, em que os personagens/actantes, num jogo de contraste lingüístico-cognitivo, desempenham um papel vinculado à ação intersubjetiva, cuja força engendra o caráter humorístico de um ato comunicativo. Dessa maneira, a piada prototípica, como gênero textual, não pode ser pensada como uma simples seqüência de sentenças, uma soma de significados sintático-semântico-pragmáticos localizados, mas como um tecido, uma tessitura consistente, uma textualidade, uma rede de relações internas, cuja compreensão/interpretação se produz pela (e na) relação de significação com o(s) contexto(s) em que ocorrem, que condiciona(m) sua coerência à atuação sócio- comunicativa dos interlocutores. Com efeito, cabe ao interlocutor – o ouvinte da piada – buscar a competência comunicativa da piada para rir, ou não, dela – competência comunicativa é a capacidade que os indivíduos têm de atuar com eficácia e eficiência em situações sociais de comunicação. Nessa relação, fica evidente o aporte da piada na dimensão pragmática, posto que sua significação não se limita a esclarecer o que o texto diz, ou a identificar a informação que ele possa veicular, mas, pelo contrário, a piada causa uma remodelação no estado do mundo mental do interlocutor, porque prevê a realização de um ato perlocutório humorístico que o locutor intencionalmente pretende tornar manifesto (AUSTIN, 1962; SEARLE, 1969, SPERBER e WILSON, 1986/95). Vejamos como essa estrutura textual aparece em uma piada prototípica: A mulher chega por trás do marido quando ele estava tomando o café da manhã e lhe dá um tapa na cabeça. _ Encontrei no bolso da tua calça um papel com o nome Vanessa escrito – disse ela, furiosa. – É bom você se explicar. _ Calma, benzinho – responde o homem. – Lembra-se de que na semana passada fui às corridas? Vanessa era o nome da égua em que apostei. Na manhã seguinte a mulher chega perto dele de novo e lhe dá outro tapa. _ E por que foi isso? – reclamou o marido. _ Tua égua telefonou ontem à noite. Em todas as piadas, a seqüência e linearidade do texto ativam, no ouvinte/leitor, algumas expectativas sobre o final da história. Veja-se que inerente aos personagens, ao tema, ao tempo e ao espaço da narrativa, haveria sempre um conflito, um obstáculo envolvendo os personagens (EMEDIATO, 2004). Além disso, a narração da piada se dá pela presença do narrador em terceira pessoa, um narrador onisciente e onipresente, que é quem narra a história, quem guia, quem orienta o interlocutor, quem brinca com sua imaginação, quem dá pistas e dicas sobre o desenrolar da história, exaltando, em maior ou menor grau, as qualidades e defeitos dos personagens, gerando, assim, no ouvinte, algumas (muitas) expectativas de interpretação. No caso da piada, o narrador em terceira pessoa é autônomo, independente e não assume nenhuma responsabilidade nem com a narrativa da piada, nem com os personagens, nem com seu(s) interlocutor(es). O narrador em terceira pessoa está, assim, isento da subjetividade da piada. No entanto, pragmaticamente, a textualidade da piada resulta da relação conjunta de elementos lingüísticos e não lingüísticos que subjazem o texto narrativo, tais como personagens, tema e história. Desse ponto de vista, a seqüencialidade, a linearidade e o desfecho da piada prototípica evoluem sob a ordem de alguns elementos internos à narração, elementos que são responsáveis pelo concatenamento do material lingüístico com as representações conceituais, ou seja, as representações resultantes das inferências e implicaturas do interlocutor sobre a incongruência. Mas, quais seriam estes elementos? E como se daria, na piada, essa relação do lingüístico com o cognitivo? De acordo com Emediato (op cit), a narrativa clássica apresenta uma estrutura composta por quatro estágios, a saber: a exposição, a complicação, o clímax e o desfecho Formalmente são estes elementos que dão suporte à narração na sua versão mais tradicional, pois tal formatação possibilita a progressão das ações conforme a narração vai evoluindo linearmente. A exposição, que desempenha um papel de introdução da narrativa, apresenta os personagens, caracterizando-os, envolvendo-os em uma ou outra ação, construindo relações entre eles. A complicação caracteriza as ações, envolvendo-as em conflitos, criando obstáculos para os personagens, estabelecendo contrastes e confrontos entre os diversos personagens. O clímax constitui essencialmente o ponto limite do conflito e da complicação, ponto que requer finalização e conclusão, ponto gerador de angústia e expectativa de desfecho. O desfecho justamente sinaliza o alívio para os personagens e para o ouvinte, momento de conclusão e finalização que propõe “a moral da história”, ainda que esta seja incongruente, mas sem a qual todo conjunto de ações narrativas perde fundamento e razão de ser. É interessante acrescentar que, do ponto de vista composicional, o modelo de piada prototípica com a qual trabalhamos nesta investigação está assentado sobre os mesmos elementos da narrativa clássica, ou seja, a narração da piada, invariavelmente, se estrutura sobre os quatro componentes da narrativa clássica, ainda que o aparecimento de tais elementos não se dê na seqüência anteriormente elencada. Observemos o seguinte exemplo: O empregado diz ao patrão, que acaba de chegar da rua: _ E aí, seu velho babaca e idiota, chegando da zona agora? _ Não. Estou voltando do médico, que me curou da surdez! Observe-se que nesta armação esquemática, ainda que a estrutura narrativa seja simples, estão presentes os elementos da narrativa clássica. Nesta piada, a exposição aparece nas duas orações introdutórias, nas quais são apresentados os personagens, bem como a relação social que há entre ambos – a de empregado e de patrão. A partir destas informações introdutórias, com base no conhecimento de mundo, o interlocutor – aquele que ouve a piada – cria expectativas sobre o desenrolar e o fim da história narrada, haja vista que nenhum empregado falaria assim com o patrão dessa maneira. A complicação constitui-se pelos modificadores qualificativos “velho”, “babaca” e “idiota” atribuídos pelo empregado ao patrão – afinal, em nossa cultura ocidental nenhum empregado trataria seu patrão desta maneira. Nesse instante, aumentam as expectativas do interlocutor sobre a narrativa, porque, em princípio, há um contraste, uma violação na conduta do empregado em relação ao patrão, ou seja, gerou-se um conflito entre numa situação “normal” que envolve patrão e empregado. O clímax decorre, então, da informação dada pelo patrão ao questionamento do empregado, marcado pela locução adverbial espaço-temporal “voltando do médico”, que serve de preparação para o desfecho da piada. O desfecho, enfim, surge repentinamente na oração subordinada “que me curou da surdez” da resposta do patrão, a qual traz a informação que sinaliza o alívio das tensões e expectativas geradas pela seqüência e linearidade da narração (mas provavelmente não o alívio do empregado quanto às suas perspectivas futuras no emprego!) É o desfecho da narrativa, portanto, que carrega o mote humorístico, que faz a conexão entre o lingüístico e o extra-lingüístico com o cognitivo, causando no ouvinte da piada, o riso. Ou não. Observemos este outro exemplo: O marido chega em casa e fica surpreso ao encontrar a mulher, sempre muito conservadora, deitada na cama, completamente sem roupa. _ O que aconteceu, Gorete? _ Nada, é que nenhum dos meus vestidos é confortável e estão todos velhos. _ Como? – diz o marido abrindo o guarda-roupa. – Na semana você ainda comprou três modelos. E olha este vermelho, o azul, o estampado, o cinza-claro, o Alberto, o verde... Neste caso, fica evidente que a exposição aparece na introdução da narração, quando são apresentados os personagens e a relação que existe entre eles, ou seja, marido e mulher. A complicação resulta do fato da mulher, apesar de ter muitos vestidos, estar nua na cama e dizer que não tem nenhum vestido confortável e que os que tem estão velhos. O clímax surge da inspeção do marido ao guarda-roupa ao enumerar a cor dos vestidos recém adquiridos, o que sinaliza o aumento da tensão psicológica da narração. E o desfecho se dá justamente nessa seqüência(ação) enunciativa do marido quando, entre as cores citadas, cita o nome do Alberto. Essa atitude do marido remete, intertextualmente, a inúmeras piadas sobre o assunto ‘marido/mulher’. No entanto, neste caso, a piada só ganha contornos humorísticos se o ouvinte fizer uma correlação inferencial entre o Alberto e alguma relação de amizade com o marido, ou seja, pelas inferências não-triviais e cálculos dedutivos não-demonstrativos a partir de um conjunto de suposições geradas pelo desfecho da piada. Caso contrário, a piada perde o mote humorístico. 4. A Teoria da Relevância aplicada na resolução da incongruência na piada Como se afirmou anteriormente, a maioria das teorias e estudos que abordam o humor parte, invariavelmente, do princípio de que o humor, e por conseqüência o riso, é oriundo de uma incongruência. No caso da piada, não é diferente. No entanto, de acordo com a Teoria da Relevância, a interpretação de uma elocução demanda o agenciamento de complexos processos dedutivos que são os responsáveis pela representação, ajuste, modificação, revisão e remodelação mental do estado de coisas de um indivíduo. Nossa hipótese é que, no caso da piada, não basta a percepção da incongruência para rir dela: seria necessário resolvê-la. Mas, o que é uma incongruência? Na literatura especializada sobre o humor, o conceito da incongruência se fundamenta na idéia de um mundo intrinsecamente ordenado. Sempre que percebemos ou experimentamos algo que não se enquadra dentro das normas preestabelecidas desse mundo, rimos dele. Vejamos como se dá a incongruência em uma piada: _ Maria, vá ver se o açougueiro tem pé de porco. A empregada sai e volta cerca de meio hora depois, anunciando: _ Não pude ver, dona Zilda, o açougueiro estava calçado! A incongruência é uma violação das expectativas a respeito do mundo em que a realidade é construída. Do ponto de vista humorístico, uma incongruência é uma “dissonância cognitiva” (invalidação) das expectativas cognitivas que o ouvinte foi elaborando em seu processamento de informação da narração. A incongruência é justamente o ponto de união entre o descompasso do plano do mundo real e o plano de um “mundo virtual”. Para Yus Ramos (1995/96), na piada o locutor direciona a atividade interpretativa do interlocutor rumo a um dos dois planos de interpretação para interromper essa atividade em curso com fins de produzir uma “incongruência intencionada”. Nesse sentido, o interlocutor é levado a assumir regras de relevância sabendo que não são aplicáveis à história que ouve. No caso da piada, que é regida pelo princípio de comunicação ostensivo-inferencial, o locutor é co-responsável pela ativação desse paradoxo lingüístico-cognitivo (HAUGH, 2007), uma vez que a narração se relaciona com o poder (BROWN e LEVINSON, 1986) que o ouvinte exerce sobre o locutor, e a cultura (MUNCK, 2000) que permeia ambos. Poderíamos caracterizar a piada a partir da TR por três premissas: i) os seres humanos possuem um mecanismo cognitivo inconsciente de atribuição de sentido e significado aos enunciados; ii) o sistema de processamento de informações se baseia em arquétipos e iii) o fato do ouvinte da piada eleger unicamente a primeira interpretação que se ajusta ao principio de relevância e deixar de lado outras possíveis interpretações menos relevantes Contudo, a questão principal é: que tipo de inferência pragmática resolve a incongruência na piada? Observemos outro exemplo: Um casal sai de férias para um hotel-fazenda. O homem gosta de pescar de madrugada e a mulher gosta de ler. Uma manhã, o marido volta da pescaria e resolve tirar uma soneca. Apesar de não conhecer bem o lago, a mulher decide pegar o barco do marido e ler no lago. Ela navega um pouco, ancora e continua lendo seu livro. Chega um guarda florestal em seu barco, pára ao lado da mulher e diz: _ Bom dia, madame. O que a senhora está fazendo? _ Lendo um livro – responde a mulher. _ A senhora está em uma área restrita em que a pesca é proibida – ele informa. _ Sinto muito tenente, mas não estou pescando, estou lendo – responde ela. _ Sim, mas com todo o equipamento de pesca? Pelo que sei, a senhora pode começar a pescar a qualquer momento. Se não sair daqui imediatamente, terei que multá-la e processá-la. _ Se o senhor fizer isso, terei que acusá-lo de assédio sexual – diz a mulher. _ Mas eu nem toquei na senhora – diz o guarda. _ É verdade, mas o senhor tem todo o equipamento. Pelo que sei, pode começar a usá-lo a qualquer momento. _ Tenha um bom dia madame – diz o guarda, enquanto retira-se de mansinho. Observe-se que no processo de resolução da incongruência primeiramente se dá uma violação ou invalidação das expectativas cognitivas que o interlocutor foi elaborando em seu processamento de informação, através da produção de uma dissonância cognitiva – incongruência. Na segunda fase, o narrador da piada elabora uma estratégia que vai culminar na resolução do dilema cognitivo do interlocutor, uma vez que, por um lado, o interlocutor é consciente de que foi objeto de engano e, por outro, da existência de outras possibilidades de interpretação, as quais nem locutor não se havia dado conta. A união deste reconhecimento do engano e a resolução paralela do dilema cognitivo derivam num efeito humorístico, que culmina no riso (ou não). Uma das inferências dedutiva não-triviais que a TR aplica para explicar a relevância como elemento cognitivo da comunicação humana é a regra dedutiva não-demonstrativa modus ponnens. a) input: (i) P (ii) (se P → Q) b) output Q Esta regra toma como entrada de dados um par de premissas, um condicional e outra sendo sua antecedente, e dá como resultado a conseqüente da condicional. Aplica-se somente às premissas que contem uma ocorrência designada do conceito “se...então” e dá como resultado as conclusões de que essa ocorrência foi retirada. Se aplicarmos esta regra à piada anterior, teremos: Implicatura semântica (plano de mundo 1): a) input: (i) (P) = instrumentos de pescar (ii) se instrumentos de pesca (P) → (Q) = vai pescar b) output: (Q) = vai pescar Regra pragmática dedutiva na piada (plano de mundo 2): a) input: (i) (P) = instrumentos de assedio (ii) se instrumentos de assedio (P) → (Q) = vai assediar b) output: (Q) = vai assediar A regra modus ponens é uma, mas não a única, das possibilidades de explicação e resolução da incongruência. Na interpretação da piada, para a estratégia acima é muito útil o conhecimento inconsciente do narrador sobre qual será a interpretação mais provável que o interlocutor escolherá em termos de relevância, ou seja, a atribuição de sentido e de significado é, até certo ponto, previsível pelo locutor. O ouvinte da piada fará uma interpretação que se ajuste ao princípio de relevância, qual seja aquela interpretação que lhe traga maiores efeitos e exija o mínimo de esforço cognitivo em processá-la. Vejamos outro exemplo: Três sujeitos discutiam quem tinha a profissão mais antiga. _ Não que eu queira contar vantagem – disse o marceneiro –, mas meus antepassados construíram a Arca de Noé. _ Isso não é nada! – respondeu o jardineiro. Foram meus antepassados que plantaram o Jardim do Éden. _ Tudo bem – disse o eletricista –, mas quando Deus disse “Haja luz”, quem você acham que tinha puxado toda a fiação? Aplicação da regra pragmática dedutiva na piada: a) input: (i) (P) = antepassado (ii) se antepassado (P) → (Q) = mais antigo b) output: (Q) = mais antigo Observe-se que o narrador produz uma dissonância cognitiva, introduzindo no desenvolvimento da história um elemento incongruente que viola o estado normal das coisas, uma vez que o interlocutor está ocupado, dando um sentido às informações que vai recebendo, adequando, dentro do possível, suas informações enciclopédicas aos atributos das novas informações que vai recebendo (antepassado versus marceneiro-Arca de Noé, versus jardineiro-Jardim do Éden). Diante da surpresa de ver que seu processamento cognitivo não foi bem sucedido, o interlocutor busca uma solução possível ao dilema e a encontra no reconhecimento de outra interpretação que favoreça a nova informação também é possível, mas muito menos provável em termos de relevância. Alem disso o interlocutor reconhece que foi enganado, que seguiu os passos interpretativos que desejava o “contador da piada”, e isto, unida à satisfação cognitiva de perceber que a informação finalmente possui um sentido e um significado, resulta num “entretenimento humorístico” Toda cena mental da piada (frame) produz um número muito grande de conexões contextuais Conclusão O locutor constrói os enunciados da piada de tal forma que possuam um equilíbrio entre o interesse que despertam no interlocutor - os efeitos contextuais - e o esforço de processamento que estes exigem, de tal forma que o interlocutor dirija sua atividade interpretativa na direção de uma interpretação determinada entre outras possíveis. A atribuição de sentido e de significado baseada na busca de relevância é uma operação de cunho cognitivo, intrínseca do ser humano e, até certo ponto, previsível pelo locutor. É nisto que se baseia a interpretação e explicação da piada e, em conseqüência, o riso. 5. 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