PNUMA
economia VERDE
Relatório Síntese
Visão geral
O financiamento necessário para uma transição
para uma economia verde é substancial, porém,
pode ser mobilizado por uma política pública
inteligente e mecanismos de financiamento
inovadores. O financiamento público e políticas
solidárias, a crescente orientação verde dos
mercados de capitais e a evolução dos instrumentos
dos mercados emergentes estão abrindo espaço
para um financiamento de larga escala que irá
reforçar as iniciativas nacionais rumo às economias
verdes. Porém, essas correntes ainda são pequenas
em comparação com volumes totais e precisam
ser aumentadas com urgência para o sucesso
da transição a curto prazo. Os pools de ativos
concentrados, tais como aqueles controlados por
investidores de longo prazo, como as instituições
financeiras públicas, bancos de desenvolvimento
e fundos soberanos de investimento, bem
como alguns fundos de pensão e seguros irão
desempenhar um papel importante para facilitar
esta mudança econômica em nível nacional e global.
Um crescente conjunto de evidências tem
enfatizado a escala do desafio na mobilização
de fluxos de capital para a transição rumo a uma
economia verde. Por exemplo, o Relatório sobre
Economia Verde do PNUMA estima que é necessário
2% do PIB global (atualmente 1,3 trilhão de dólares
por ano) para financiar a transição para uma
economia verde até 2050. As estimativas em outros
lugares são semelhantes. Por exemplo:
O cenário do Blue Map da AIE (Agência
Internacional de Energia) estima que serão
necessários aproximadamente 750 bilhões de
dólares por ano até 2030 e 1,6 trilhão por ano
de 2030 a 2050 para diminuir pela metade as
emissões de CO2 relacionadas a energia em
todo o mundo. O Fórum Econômico Mundial e
o Financiamento de Nova Energia da Bloomberg
calculam que os investimentos de energia devem
alcançar 500 bilhões por ano em 2020 para limitar
Finanças
o aquecimento global para 2°C. O HSBC estima que
a transição para uma economia de baixo carbono
irá observar um crescimento total em investimentos
de capital cumulativo de 10 trilhões de dólares entre
2010 e 2020.
Lidar com a alocação inadequada de capital na
economia marrom através de reformas das políticas,
principalmente a remoção dos superados subsídios
de combustível fóssil e a introdução de impostos
verdes tem o potencial de engendrar a mudança
de comportamento direcional e aumentar o capital
para sustentar as transições rumo às economias
mais verdes. Contudo, a escala dominante dos
mercados de capital privado nacional e global,
as receitas máximas possíveis que podem ser
levantadas através da reforma das políticas e
os crescentes desafios fiscais em muitos países
desenvolvidos sugerem que os grandes fluxos
financeiros necessários para uma transformação
para uma economia verde serão, a longo prazo,
privados em sua composição. Portanto, as
reformas regulatórias e de políticas devem mudar
os incentivos e os perfis de risco dos mercados
de capitais, de forma que o financiamento da
economia verde se torne comercialmente viável sem
subsídios.
Oportunidades de financiamento
emergentes e existentes na economia
verde
Mercados verdes emergentes. Uma série de mercados
verdes tem surgido como resultado do aumento dos
investimentos públicos e privados. Particularmente,
registrou-se um crescimento persistente nos fluxos
de capital no setor de energia renovável desde
2004, atingindo um recorde de 211 bilhões de
dólares em investimentos novos em 2010 (veja a
Figura 1).
Inovação nos instrumentos financeiros. Outros
exemplos de mercados verdes e instrumentos
financeiros que surgiram na última década incluem:
O PNUMA define a economia verde como aquela que resulta na melhoria
do bem-estar humano e igualdade social, e, ao mesmo tempo, reduz
significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica.
financiamento de carbono, fundos de
estímulos verdes, microfinanças, produtos
de seguro indexados pelo clima, títulos de
dívida verdes, e fundos temáticos como os
fundos domésticos e internacionais de clima,
infraestrutura verde, fundos imobiliários e
fundos de ações socialmente responsáveis,
entre outros.
Instituições e infraestruturas essenciais. A
introdução de infraestruturas verdes essenciais
e de instituições que facilitam a alocação de
capital em mercados eficientes em termos
de recursos e de baixo carbono, incluindo
os mercados sustentados por serviços de
biodiversidade e ecossistêmicos de valor,
têm evoluído como meios importantes que
catalisam também o financiamento privado.
Alguns exemplos notáveis incluem: os
pagamentos de serviços ecossistêmicos, os
mais de 50 índices de sustentabilidade e um
número emergente de índices de clima e
bancos de investimento verdes especializados.
Motivadores do investimento verde.
Uma confluência do apoio das políticas
direcionadas e da demanda do mercado,
combinadas com as inovações dos mecanismos de
financiamento público e privado têm sustentado a
emergência dos mercados verdes e o crescimento
da infraestrutura renovável, em particular. Além
disso, a utilização de informações financeiras e
não financeiras integradas (questões ambientais,
sociais e de governança) e sua divulgação são os
principais motivadores da tomada de decisões de
investimentos preparados para o futuro.
Contudo, há uma série de falhas maiores de
mercado, institucionais e de políticas e riscos
associados, que ainda estão dificultando os
investimentos verdes em escala.
Figura 1: Novos investimentos globais em energia renovável,
2004 - 2010 (em USD bi)
Crescimento:
75%
43%
23%
0,4%
32%
211
159
160
2008
2009
129
90
57
33
2004
2005
2006
Investimento financeiro
2007
2010
SDC, PD&D corp, P&D gov
SDC - Pequena Capacidade Distribuída. Ajustes de volume de investimentos novos
para ações reinvestidas. Os valores totais incluem estimativas para transações não
divulgadas.
Fonte: Financiamento de Nova Energia da Bloomberg.
categorias amplas de barreiras específicas para o
investimento verde:
•
Falhas ou barreiras de mercado, institucionais
e de políticas que tornam os mercados verdes
sem atrativos, por meio do rebaixamento do
retorno privado ajustado ao risco em projetos
de infraestrutura que sustentam o crescimento e
a criação de empregos em importantes setores
verdes, como o de renováveis e de eficiência
energética, transporte, água, silvicultura e
saneamento.
•
Percepções de alto risco em mercados verdes
que possuem um período de retorno mais
longo devido a, por exemplo, incertezas em
relação aos sistemas das políticas climáticas,
incertezas tecnológicas e falta de consciência
ou de informação sobre projetos verdes
aparentemente “imbancáveis” (por ex., os
investimentos para a implementação de energia
eficiente que reduz custos em ativos físicos,
como infraestrutura ou edifícios).
•
Ausência de políticas e de medidas regulatórias
para internalizar as externalidades, tais como
uma política fraca ou falta de política ampla de
preços de carbono, serviços ecossistêmicos e de
biodiversidade não mensurados e desvalorizados
ou requisitos obrigatórios insuficientes para o
reportamento e divulgação de sustentabilidade
Desafios na mobilização de
financiamento em escala para uma
economia verde
Os investimentos verdes, como qualquer outro
tipo de investimento, são determinados por uma
multiplicidade de fatores financeiros e extrafinanceiros, que podem variar conforme o setor,
país ou outro critério. As crescentes evidências
e a opinião do setor financeiro sobre uma série
de processos internacionais, incluindo aqueles
convocados ou apoiados pelo PNUMA, sugerem
que existe um consenso geral sobre as seguintes
57%
O PNUMA lançou sua Iniciativa Economia Verde em 2008 e,
atualmente, oferece apoio a mais de 20 países em todo o mundo em sua
transição rumo a uma economia verde.
integrada que, por sua vez, estimulam o
pensamento a curto prazo no setor financeiro.
•
aumentar e/ou desenvolver novas estruturas
de incentivos para catalisar maiores ações
de fluxos de capital privado, enquanto as
instituições financeiras podem adotar incentivos
de mercado que recompensem os mercados
verdes de prazo mais longo. Em segundo,
o financiamento público pode enfatizar a
reorientação de recursos públicos existentes
de atividades econômicas marrons a verdes,
enquanto as instituições financeiras podem
direcionar os maiores fluxos para ativos que
sustentam e aumentam os valores financeiros,
ambientais e sociais na economia.
Pouco acesso ao financiamento em países
em desenvolvimento e, principalmente, nos
menos desenvolvidos, e a instabilidade do
sistema financeiro em países desenvolvidos,
influenciados por fatores mais amplos em todos
os setores da economia que possam afetar os
investimentos, principalmente os projetos de
capital intensivo e projetos verdes de maior
risco.
Uma série de iniciativas internacionais de
investimento têm como objetivo a redução das
referidas barreiras para o investimento verde em
países em desenvolvimento e menos desenvolvidos,
incluindo a catalisação de financiamento
privado. Exemplos notáveis do envolvimento
direto ou indireto do PNUMA incluem os fundos
internacionais de clima, como o emergente Fundo
Verde para o Clima, cujo alvo é a mobilização de
investimentos públicos e privados em países em
desenvolvimento na ordem de 100 bilhões de
dólares por ano em 2020; o Fundo de Investimentos
para o Clima, com 6,5 bilhões de dólares e
atividades de portfólio em 45 países, e a Fundo para
o Meio Ambiente Global (GEF).
Um aspecto importante é que para as iniciativas
verdes em nível de país, o financiamento público
e as políticas podem desempenhar um papel
fundamental, estabelecendo as estruturas de
incentivos necessárias para catalisar maiores níveis
de investimento privado nos principais setores
que sustentam o crescimento verde e a criação
de empregos, principalmente na infraestrutura
verde. A catalisação de recursos privados é
melhor alcançada através de uma combinação de
reformas regulatórias e de políticas que envolvem
o pensamento a curto prazo no setor financeiro
e que incentivam uma maior participação dos
financiadores e investidores nos setores verdes.
•
Incentivar uma maior participação das instituições
financeiras de desenvolvimento, bancos e
investidores institucionais em iniciativas conjuntas
de investimento, principalmente nos projetos
de infraestrutura que sustentam a criação de
empregos e o crescimento em setores tais
como energia, água, transporte, educação e
saneamento em países em desenvolvimento. A
esse respeito, as soluções criativas conduzidas
pelo financiamento e o uso de mecanismos
de financiamento público-privado adequados
que lidem com os problemas, como os perfis
de risco-retorno, são fatores fundamentais
para direcionar as estratégias de investimento
do setor privado rumo a iniciativas de
infraestrutura verde, principalmente em países
em desenvolvimento.
•
Promover a adoção de sistemas integrados
obrigatórios por parte dos negócios e das
indústrias para capacitar a tomada de decisão
consciente em investimentos, com base no
desempenho geral das empresas, incluindo o
desempenho em questões de governança social
e ambiental.
•
Promover a aplicação e a integração de
critérios de governança social e ambiental nos
quatro componentes do sistema financeiro:
intermediários, mercados de capitais,
infraestrutura e o conjunto de formadores de
padrões e agências de classificação de risco
que possibilitam a alocação de capital para os
usuários finais.
•
Acompanhamento de novas tendências nos fluxos
de investimentos verdes. O acompanhamento
e a quantificação precisa de fluxos de capital
para os mercados verdes, que não os de
renováveis, continua sendo um desafio.
Várias organizações estão trabalhando para
O caminho para o futuro
Para lidar de maneira efetiva com os desafios do
financiamento das necessidades a longo prazo para
tornar verdes as economias globais, será necessário
dar uma atenção específica às seguintes atividades a
curto e médio prazo:
•
Promover a duplicidade de papéis das instituições
financeiras públicas e privadas para facilitar a
transição para uma economia mais verde. Em
primeiro lugar, o financiamento público pode
O Relatório sobre Economia Verde, publicado pelo PNUMA em 2011,
consiste em um convincente estudo econômico e social para o investimento de
2% do PIB global para tornar verde os 10 principais setores da economia.
desenvolver metodologias para medir os
investimentos verdes e planejar ferramentas de
acompanhamento.
O que o PNUMA está fazendo
O PNUMA contribui para lidar com os desafios
acima mencionados através do envolvimento com
instituições financeiras, principalmente através da
Iniciativa Financeira do PNUMA (UNEP-FI, na sigla
em inglês) - uma parceria global entre o PNUMA
e mais de 200 instituições financeiras de países
desenvolvidos e em desenvolvimento.
A UNEP-FI IF promove abordagens de financiamento
sustentável e de investimento responsável que
conduzem à concretização de economias verdes
através de projetos que mostram a correlação entre
o desempenho financeiro e ambiental e governança
social. Ela promove a liderança e o papel ativo
das instituições financeiras para alcançarem um
ambiente propício para as economias verdes. Alguns
dos projetos são realizados em conjunto, com
parceiros a nível global, regional e nacional. Alguns
exemplos a seguir:
Copyright © Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 2012
A Mesa Redonda Global da UNEP-FI 2011 convocou
mais de 500 bancos, empresas de investimento e
seguradoras, tomadores de decisão e representantes
da sociedade civil sob o tema abrangente do “Ponto
de Inflexão: A manutenção da estabilidade na
próxima economia”.
A UNEP-FI continua promovendo a necessidade de
uma estrutura política global exigindo que todas as
empresas listadas em bolsa e as grandes empresas
privadas considerem as questões de sustentabilidade
e incorporem as informações ambientais e sociais
em seu ciclo de demonstrações.
O PNUMA mobiliza as instituições financeiras
e parceiros para que identifiquem soluções
conduzidas pelo financiamento que lidam com as
barreiras aos investimentos nos mercados verdes.
Alguns exemplos recentes incluem: um relatório
intitulado Financiando a Energia Renovável
na África Subsaariana, lançado em fevereiro
de 2012, e o próximo relatório Destravando
oportunidades de investimento na readaptação da
eficiência energética: mecanismos disponíveis de
financiamento público e privado.
Com base no trabalho da Iniciativa Financeira para
a Energia Sustentável do PNUMA (SEFI, na sigla
em inglês), o PNUMA e seus parceiros continuam
promovendo o financiamento da energia sustentável
através de diversos projetos e atividades. Por
meio do Seed Capital Facility, por exemplo, o
PNUMA desempenha um papel de liderança na
catalisação de investimento privado, ao financiar
empreendimentos em energia de baixo carbono em
seus estágios iniciais na Ásia e na África.
Na conferência Rio+20, o PNUMA patrocinará um
evento paralelo sobre a “Mobilização de capital em
escala para a transição para uma economia verde:
O desafio do financiamento”. O objetivo principal
será examinar como os fluxos de investimento
atuais e futuros poderiam ser redirecionados para
transformar os principais setores econômicos e
contribuir para a trajetória do desenvolvimento
verde. O evento oferecerá uma plataforma onde
os principais pensadores sobre os mecanismos
inovadores de financiamento irão compartilhar e
discutir as opções possíveis de financiamento para
uma transição para uma economia verde com a
comunidade de desenvolvimento sustentável.
Para obter informações:
UNEP-DTIE
Divisão de Comércio e Economia do PNUMA
11-13, chemin des Anémones
1219 Châtelaine / Genebra
Suíça
T: +41 (0)22 917 82 43
F:+41 (0)22 917 80 76
E: [email protected]
www.unep.org/greeneconomy
Download

Finanças