CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA
MOTRICIDADE ORAL
ORIENTAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA A GESTANTES
Relato de uma experiência interdisciplinar
MILENA HOFFMANN DE MAGALHÃES
SÃO PAULO
2000
CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA
MOTRICIDADE ORAL
ORIENTAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA A GESTANTES
Relato de uma experiência interdisciplinar
Monografia de conclusão do curso de
especialização em Motricidade Oral
Orientadora: Mirian Goldenberg
MILENA HOFFMANN DE MAGALHÃES
SÃO PAULO
2000
RESUMO
Este
estudo
pretendeu
mostrar a
importância
de
orientações
fonoaudiológicas a gestantes, para a prevenção de distúrbios da comunicação
relacionados a alterações miofuncionais orais.
Este trabalho foi realizado através de pesquisa teórica e do relato de uma
experiência vivenciada em uma clínica particular com profissionais da área de
fonoaudiologia, odontologia e nutrição.
Para tanto, foi feito um estudo sobre as principais influências da sucção no
desenvolvimento craniofacial durante a amamentação natural, o uso de
mamadeira, chupeta e sucção digital.
Sabe-se que o aleitamento materno tem grande participação no
desenvolvimento ósseo muscular do recém-nascido até o sexto mês de vida,
sendo que a partir desse período a mastigação passa a realizar o papel da
sucção, devendo-se então iniciar a introdução de alimentos para o bebê.
O uso inadequado de chupeta e mamadeira e o hábito de sucção digital são
fatores que poderão influenciar de forma negativa no desenvolvimento
craniofacial.
Dessa forma essa pesquisa pode contribuir com o trabalho preventivo da
fonoaudiologia, orientando gestantes em equipes multidisciplinares em clínicas,
hospitais e postos de saúde. Contribui também aos obstetras e pediatras, que
conhecendo melhor o trabalho da fonoaudiologia, poderão encaminhar gestantes
e bebês para profissionais
especializados. Além disso, proporcionará às
gestantes um melhor preparo e maior segurança para receber seus bebês, e
contribuirá com as crianças, evitando que as mesmas desenvolvam maus hábitos
bucais, proporcionando-lhes um melhor desenvolvimento da comunicação oral.
SUMMARY
This study intend to show the importance of training Speech Therapy for
pregnant women, for the prevention of disturbance of the communication related in
alterations oral muscular.
This work has been done through teoric research and the related of an
experience vived in a private clinic with professinals in the speech therapy,
destistry and nutririon area.
And then, was made a study about the main influence of the suction in the
natural breast feeding, the use of the feeding bottle, dummy and digital suction.
It is well know that maternal feeding has got a big participation in the
development muscular bony in a newborn child until the sixth month of life , and
from this moment on the chew period starts to do the function of the suction,
begnning then to start the introduction of the food for the babies.
The wrong use of the dummy and the breast feeding and the habit of the
digital suctions are reasons that can influence in a negative way the development
cranial skull.
In this way, this research can contribute with the preventive work of the
Speech Therapy, guiding pregnant women in multidicipline teams in clinics,
hospitals and ranks of helth. It helps as well obstetricians and pediatricians, that
better knowing the work of the Speech Therapy, they will be able to direct pregnant
women and babies for specialized professionals. And also, it will provide the
pregnant women for a better prepare and safety in the moment of receiving their
babies, and will help the kids, avoiding then develop bad mouth habits, provinding
to them a better development in their verbal communication.
Dedico esse trabalho
aos meus pais que muito lutaram para minha
educação e meus estudos,
e ao meu marido que sempre me apoia
no meu crescimento profissional.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha irmã e cirurgiã dentista Neliza Hoffmann e a
nutricionista Juliana Soave Chiodini, que contribuem para o
enriquecimento do trabalho de orientação a gestantes, e que a cada
dia me mostram o valor do trabalho interdisciplinar
Não somos responsáveis somente
pelo que fazemos mas também
pelo que deixamos de fazer.
Moliére
SUMÁRIO
1- Introdução ------------------------------------------------------------------------------------ 01
2- Discussão teórica -------------------------------------------------------------------------- 03
2.1- Sucção ---------------------------------------------------------------------------------- 03
2.2- Aleitamento materno ---------------------------------------------------------------- 04
2.3- Mamadeira ----------------------------------------------------------------------------- 08
2.4- Sucção digital -------------------------------------------------------------------------- 10
2.5- Chupeta ---------------------------------------------------------------------------------- 12
3- Relato de experiência ---------------------------------------------------------------------- 17
4- Considerações finais ----------------------------------------------------------------------- 28
5- Referências bibliográficas ---------------------------------------------------------------- 31
6- Anexos ---------------------------------------------------------------------------------------- 34
1- INTRODUÇÃO
A sucção é um reflexo presente no recém-nascido, que tem um papel muito
importante no seu crescimento facial.
Para
o
psicoemocional.
bebê
o
ato
de
sugar
significa satisfação nutricional e
O recém-nascido
suga para alimentar-se, seja no seio materno ou na
mamadeira; e além disso, uma grande maioria dos bebês fazem uso de chupeta
ou sucção digital.
Sabe-se que a sucção estimula o desenvolvimento ósseo e muscular,
conforme descreve PIEROTTI (1999) ao citar que os bebês apresentam
retrognatismo
mandibular,
e
que
os
movimentos
de
anteriorização
e
posteriorização da mandíbula durante a sucção na amamentação, favorecem o
crescimento e desenvolvimento mandibular do bebê, propiciando a oclusão neutra
e reforçando o circuito neural fisiológico da respiração.
Porém, sabemos que se o estímulo de sucção não for realizado de forma
adequada algumas alterações poderão ser desencadeadas, levando-se em conta
também outros fatores como hereditariedade, doenças, raças, clima e fatores
sócio econômicos.
Será que as mães sabem dessa influência que a sucção exerce sob o
crescimento e desenvolvimento do seu filho?
NAGEM (1997) conclui em sua pesquisa que a maioria dos pais tem
conhecimentos sobre os malefícios causados pelo uso de mamadeira e chupeta,
porém, os maus hábitos bucais continuam presentes. A autora acredita que isso
ocorra porque as orientações que os pais tem recebido não tem dado à eles os
dados mais importantes. Para NAGEM (1997) , os pais deveriam ser orientados
sobre como, quando e porque fazer o uso de chupeta e mamadeira.
Na minha prática clínica, tenho observado que muitos pais apresentam
dúvidas como: Como devo amamentar o meu filho? E quando a amamentação
natural não for possível, o que devo fazer ? Até que idade o meu filho pode usar
chupeta? Qual é a chupeta ideal? Entre o dedo e a chupeta o que escolher?
A partir desses questionamentos, observei que os pais muitas vezes não
sabem como agir com os seus filhos diante da instalação de maus hábitos, e
concluí que seria importante orientá-los ainda durante a gestação.
Atuando em uma equipe com profissionais na área de odontologia e
nutrição, desenvolvemos um programa de orientação a gestantes, no qual é
realizado acompanhamento nutricional durante toda a gestação, passando por
sessões de orientações no setor de odontologia e fonoaudiologia.
Este estudo tem como objetivo mostrar a importância da fonoaudiologia
preventiva orientando gestantes, através de uma pesquisa teórica, e relatar a
experiência de um programa de orientação à gestantes em equipe multidisciplinar.
Acredito que essa pesquisa pode contribuir com o trabalho preventivo da
fonoaudiologia, orientando gestantes em equipes multidisciplinares em clínicas
particulares, postos de saúde e hospitais, visto que nos dias de hoje temos a
consciência de que a prevenção é o caminho mais prático e econômico.
2- DISCUSSÃO TEÓRICA
2.1- SUCÇÃO
A sucção é um ato reflexo que é observado desde a vida intra-uterina e que
se torna ato voluntário por volta do quarto mês de vida. A maioria dos autores
relatam a importância da sucção para o crescimento e desenvolvimento
craniofacial do recém-nascido.
Segundo CAMARGO ET AL(1998), os exercícios musculares realizados no
ato de sugar são extremamente importantes para o desenvolvimento ósseo
muscular do bebê, que possui a maxila mais protruída em relação a mandíbula.
Os exercícios de sucção fortalecem os músculos, alongam as fibras do
músculo orbicular dos lábios, promove a coordenação da sucção e respiração
estimulando a respiração nasal, além de realizar o treino de um bom padrão de
mastigação.
TANIGUTE (1998) coloca que para um bom desenvolvimento facial, além
dos determinantes genéticos, necessitamos também dos estímulos externos.
Esses estímulos são oferecidos, naturalmente, pelas funções de respiração,
sucção (amamentação), mastigação e deglutição.
A mandíbula do recém-nascido é pouco desenvolvida e o seu crescimento
será favorecido pelos movimentos de sucção, contribuindo assim, para o estímulo
de crescimento da mandíbula e proporcionando uma harmonia facial, e um bom
desenvolvimento dos órgãos fonoarticulatórios.
PIEROTTI (1999) também lembra que os bebês apresentam retrognatismo
mandibular, e que os movimentos de anteriorização e posteriorização da
mandíbula durante a sucção no aleitamento materno, favorecem a oclusão neutra
reforçando o circuito neural fisiológico da respiração.
2.2- ALEITAMENTO MATERNO
O recém nascido tem necessidade de sugar. Segundo CAMARGO ET AL
(1998), o bebê tem duas fomes, a necessidade nutricional e a de fazer sucção. O
ideal seria que ele saciasse as duas fomes ao mesmo tempo. No aleitamento
materno, normalmente o bebê obtém a satisfação da sucção antes de saciar a
fome alimentar. No aleitamento artificial, se realizado de forma inadequada, o
bebê atinge a satisfação de estar alimentado antes da sucção ser completada,
portanto, não satisfeito, ele chora.
TANIGUTE (1998) relata que durante a sucção do leite materno, a criança
movimentará a mandíbula dorsalmente para frente e para trás, voltando a posição
inicial para obter o leite. Assim ocorrerá a exercitação da mandíbula, da
musculatura orofacial, bochechas, lábios e língua. Essa movimentação promoverá
o desenvolvimento anterior da mandíbula, de forma que a oclusão normal ocorra
na época da erupção da dentição decídua.
JUNQUEIRA (1999) complementa que a sucção durante a amamentação
natural proporciona o amadurecimento dos lábios, língua, bochechas, mandíbula e
dos músculos da face, que são estruturas fundamentais para um bom
desenvolvimento da fala e mastigação.
PIEROTTI (1999) cita que a importância da amamentação para o bom
desenvolvimento facial do bebê e consequentemente, para prevenção dos
distúrbios miofuncionais da face, é frequentemente afirmado na literatura. Em sua
pesquisa, concluiu que crianças amamentadas exclusivamente no peito, ou
amamentadas no peito no mínimo por 6 meses, não desenvolveram hábitos de
sucção, ou se o fizeram, foram por períodos mais curtos quando comparados por
crianças que não foram amamentadas ou foram por um período inferior a 6
meses.
PIEROTTI (1999) não confirma o que um grande número de autores afirma,
que a amamentação natural favorece a respiração nasal. Em seu estudo
encontrou achados de que 55,33% das crianças que haviam sido amamentadas
no peito pelo menos até 6 meses, apresentaram problemas respiratórios. Por
outro lado, CARAVALHO (1996) afirma que ao sugar o seio materno, a criança
estabelece o padrão correto de respiração nasal e postura corretamente a língua,
podendo concluir que a amamentação é a prevenção da Síndrome do Respirador
Bucal,
das
deglutições
atípicas,
das
mal-oclusões,
das
disfunções
craniomandibulares e das dificuldades de fonação.
Da mesma forma, BARBOSA & SCHONBERGER (1996) afirmam que o
uso de mamadeira e/ou uso prolongado e inadequado de chupeta, acarretará
malformação de arcada, palato ogivado, língua hipotônica, lábios entreabertos e
consequentemente um vício respiratório bucal.
JUNQUEIRA (1999) também coloca que enquanto o bebê está mamando
no seio materno, a possibilidade de respiração é somente pelo nariz, o que facilita
a instalação do hábito adequado de respiração nasal.
BARBOSA & SCHONBERGER (1996) colocam que a substituição do
aleitamento materno por mamadeira, fará com que a criança realize menor esforço
muscular perioral e da língua, e em consequência disso haverá uma deformação
da arcada dentária e palato, o que prejudicará a mastigação e deglutição.
COMO E ATÉ QUANDO AMAMENTAR ?
JUNQUEIRA (1999) coloca que o momento da amamentação deve ser
agradável para a mãe e para o bebê. Nesse momento a mãe deve aproveitar para
conversar com o bebê, acariciá-lo e tocá-lo.
A autora relata que a melhor posição para a criança é como se ela
estivesse sentada, pois a posição horizontalizada favorecerá o escoamento do
leite para o ouvido podendo propiciar a ocorrência de otites. Ao abocanhar o
mamilo, seus lábios devem ficar virados para fora, como que apoiados na mama e
o bebê deve pegar o mamilo e a maior parte possível da aréola do seio, de forma
que parte dela fique dentro de sua boca ( Conforme figura 1 ).
A
B
Fig.1-Em A. o mamilo está corretamente colocado na boca do bebê, pegando o mamilo e a
maior parte da aréola. Em B a forma de abocanhar o seio materno está inadequada, não
proporcionando posicionamento adequado de língua para a lactação. ( JUNQUEIRA, 1999)
PIEROTTI (1999) conclui que as crianças amamentadas no peito, por no mínimo 6
meses, satisfazem à necessidade fisiológica de sucção, não desenvolvendo
hábitos de sucção ou abandonando tal hábito precocemente.
BARBOSA & SCHONBERGER (1996) afirmam que tanto pelo aspecto nutricional,
como pela
estimulação dos órgãos fonoarticulatórios, o tempo mínimo de
amamentação deverá ser de 6 meses.
Ressalto que para ANDRADE e GARCIA (1998) dentre todos os cuidados
necessários com a maternidade, o incentivo ao aleitamento materno é sem
dúvidas prioritário. A participação do Fonoaudiólogo nesse aspecto é recente e
ainda muito restrita, mas de grande valia.
O aleitamento natural deve ser incentivado, pois é o tipo de amamentação que
mais favorece harmonia do desenvolvimento miofuncional oral e neurovegetativo,
requisitos básicos para o desenvolvimento posterior da funções comunicativas de
fala e linguagem.
NAGEM (1997) em sua pesquisa constatou que uma grande porcentagem
de mães, mesmo quando dão leite materno aos seus filhos, introduzem a
mamadeira, após o período de 6 meses, quando a criança já poderia ser
alimentada com colheres e copos.
VALENTE (1997) conclui que quase metade das mães orientadas
previamente à gestação, executaram na prática a passagem do seio diretamente
para o copo e com sucesso. Fato que a autora considerou um resultado que
confirma a viabilidade de se introduzir diretamente o copo sem a necessidade de
passar pelo uso de mamadeira.
2.3- MAMADEIRA
ANDRADE e GARCIA (1998) citam que o aleitamento natural configura-se como
o mais favorável à adequação das estruturas miofuncionais orais, o aleitamento
misto proporciona um maior comprometimento da musculatura facial, porém, o uso
exclusivo da mamadeira, é a pior opção para o desenvolvimento equilibrado da
funcionalidade oral.
LANG (1999) relata que o uso de mamadeira deve ser evitado no recém
nascido que a mãe pretende amamentar. Porém , CLARK (1999) lembra que a
introdução da mamadeira tem sido comum em função da mulher estar mais ativa
na sociedade, mas ressalta que os pais devem ser orientados para não facilitarem
a alimentação dos seus filhos.
QUELUZ & AIDAR (2000) relatam que bebês alimentados com mamadeira,
apresentam hábitos de sucção com maior frequência, principalmente se a
mamadeira for usada para acalmá-los ou induzí - los ao sono. Estas crianças ,
após o desmame, tendem a apresentar hábitos de sucção para adormecerem ou
acalmarem.
JUNQUEIRA (1999)
refere que quando o aleitamento materno não é
possível a mãe deverá ser orientada na escolha do tipo da mamadeira com que irá
alimentar o seu filho, de forma que não facilite o processo de sucção, não
permitindo que o bebê realize todo o esforço necessário para o correto
desenvolvimento de suas estruturas orais. Se isso ocorrer o bebê poderá
apresentar algumas dificuldades para falar corretamente algumas palavras, não
ter um bom encaixe entre os dentes superiores e inferiores, ter os músculos da
face flácidos, respirar pela boca, entre outros.
QUAL É A MAMDEIRA MAIS INDICADA?
JUNQUEIRA (1999) e CLARK (1999) estão de acordo ao descreverem que
o tipo de bico de mamadeira ideal, que permite o bebê realizar os movimentos
semelhantes a amamentação natural é o bico ortodôntico.
JUNQUEIRA (1999) coloca que o bico ortodôntico é anatômico, moldandose de forma muito semelhante ao mamilo, evitando assim, deformidades na boca
do bebê. O bico ortodôntico vem com furo de tamanho adequado, não devendo
ser aumentado.
Há 2 tamanhos de bico ortodôntico ( para recém nascido até 6 meses e
outro de 6 meses a 1 ano e meio) podendo ser de látex ou silicone, sendo que o
de silicone apresenta maior durabilidade.
Ressalta que deve-se trocar os bicos no mínimo uma vez por mês, pois
com o uso constante podem deformar e perder a forma anatômica.
ATÉ QUANDO FAZER O USO DA MAMADEIRA?
CLARK (1999) coloca que a retirada da mamadeira deve coincidir com a
época de erupção dos dentes.
JUNQUEIRA (1999) é da opinião de que a mamadeira seja substituída pelo
copo com canudo, por volta dos doze meses.
2.4- SUCÇÃO DIGITAL
JUNQUEIRA (1999) relata que alguns bebês que não são alimentados no
peito, mas por mamadeira comum, tem a tendência de introduzir o dedo na boca
como forma de exercitar a musculatura. Com o bico convencional o bebê não faz
esforço, tendo sua fome satisfeita mais rapidamente, dessa forma sugar o dedo
pode se tornar um hábito, que a princípio servirá como pacificador de uma
necessidade não realizada, e que posteriormente, por seu uso prolongado, poderá
ser prejudicial.
O hábito de sucção digital faz com que a língua se posicione entre as
gengivas ou dentes, proporcionando uma alteração na arcada dentária,
prejudicando a fala da criança ( Conforme figura 2). Como medida preventiva,
sugere a manutenção da amamentação natural, que fará com que a criança supra
a necessidade de sucção, e/ou o uso da chupeta ortodôntica .
Fig. 2- Demonstra o posicionamento inadequado de língua e lábios durante a sucção
digital, e pressionamento do dedo sobre dentes e palato. (JUNQUEIRA, 1999)
CAMARGO ET AL (1998) também concordam que caso o bebê manifeste
iniciativa de sucção de dedo, devemos preferir a chupeta, pois o dedo exerce
maior pressão e está sempre mais acessível à criança ficando mais difícil a
retirada do hábito.
TOMÉ, FARRET & JURACH (1996) afirmam que as crianças que fazem
sucção digital após sete ou nove anos de idade, terão necessariamente que fazer
tratamento para correção dos dentes, porém, isso não é suficiente se a criança
não estiver preparada para abandonar o hábito.
As autoras colocam que durante a sucção digital as contrações da parede
bucal podem produzir uma pressão negativa dentro da boca resultando em um
estreitamento do arco maxilar. Em vista disso, na grande maioria das vezes,
encontramos succionadores de dedo com o assoalho do nariz estreito e com
palato profundo, associado a um aumento de deformações pelas contrações
musculares durante a sucção e deglutição.
RAMOS-JORGE, REIS & SERRA-NEGRA (2000) concluíram que para a
eliminação dos hábitos de sucção deve-se ter a conscientização da criança e da
família. As autoras colocam que aparelhos ortodônticos podem ser efetivos, desde
que tenha conscientização, e para que isso ocorra é de grande importância a ação
conjunta de dentistas, médicos, psicólogos e fonoaudiólogos para auxílio do
paciente portador de hábito de sucção não nutritiva. Porém, não são
recomendadas atitudes punitivas, por não agirem na raíz do problema.
2.5- CHUPETA
COLETTI (1998) conclui que o prolongamento da amamentação natural
diminui a incidência de hábitos de sucção e que o uso de mamadeira parece agir
como um dos fatores predisponentes dos hábitos de sucção.
JUNQUEIRA (1999) acredita que alguns bebês sentem necessidade de
sugar, mesmo após a amamentação. Neste caso seria indicado o uso de chupeta
ortodôntica. Quando isso ocorre, podemos observar que ao a chupeta ser
introduzida, o bebê suga-a fortemente até ter sua necessidade satisfeita,
geralmente abandonando-a após este momento. É muito importante que o adulto
não reintroduza a chupeta na boca do bebê, para que a mesma não perca a sua
função e se torne um hábito.
CAMARGO ET AL (1998) concluem que a sucção de chupeta pode ser
benéfica, desde que usada racionalmente, como aparelho de sucção.
Quando usada com muita frequência e por um tempo prolongado, o hábito
instala-se e a presença da chupeta altera a direção do crescimento maxilar,
impede o contato entre os lábios, além de ocupar o espaço funcional da língua,
que acabará se posicionando de forma inadequada na boca; o que poderá
favorecer a instalação de maloclusões, interposição lingual e distúrbios
miofuncionais orais.
De acordo com PRAETZEL (1998), o uso prolongado de chupeta pode levar
a criança a se tornar um respirador bucal habitual, devido a postura adquirida pela
musculatura facial, da língua e mandíbula ( boca aberta, hipotonia da musculatura
facial e da língua) , necessária para manter a chupeta na boca.
LUTAIF (1999) conclui em seu trabalho que na nossa cultura, a chupeta é
usada indiscriminadamente. Acredita que se as mães fossem alertadas para o fato
de que nem todas as crianças necessitam da chupeta, seriam capazes em muitas
situações de conter seus filhos. Se as mães soubessem do poder e da força do
seu contato com o bebê, e se todas fossem orientadas quanto a importância do
leite materno para a sua relação com ele, talvez o uso de chupeta diminuísse.
NEGRA ET AL (1999) são da opinião de que o hábito da chupeta tem um caráter
cultural, visto que em uma pesquisa realizada observaram que um alto índice de
mães oferecem chupeta ao bebê, sendo que esse objeto já faz parte do enxoval
do mesmo. Constataram que a chupeta convencional foi utilizada por classes
menos favorecidas, enquanto a ortodôntica foi mais utilizada pelas pessoas de
classe social mais favorecida, sendo observada uma tendência de permanecer por
mais tempo com a chupeta crianças de classe menos favorecida. Houve um
percentual muito pequeno de mães que relataram ter buscado orientações de
profissionais da saúde para obter informações referente ao tipo de chupeta e
tempo de uso da mesma. Motivo pelo qual, mais uma vez, ressalto a importância
de orientação à gestantes.
NAGEM (1997) constatou em sua pesquisa que um grande índice de pais
são orientados em relação ao uso de chupeta, por dentistas ou pediatras na sua
grande maioria. Porém, muitas vezes uma orientação ineficaz , sendo assim a
autora questiona sobre o tipo de orientação que esses profissionais estão dando.
A autora acredita que essas orientações tem sido tardia e só enfocada nas
alterações que o mau hábito de sucção de chupeta pode causar.
CAMARGO ET AL (1998) relatam que quando o bebê está chorando por
falta de sucção, basta estimular colocando-se o bico da chupeta em contato com
os lábios do bebê com toques leves para que seja desencadeado o reflexo,
estimulando e satisfazendo a função de sucção do bebê, sendo assim a criança
rejeitará a chupeta naturalmente.
Segundo QUELOZ & AIDAR (2000), a chupeta não é tão maléfica, desde
que usada com cautela. A chupeta não é um artifício que apenas prejudica, pois
ela tem um papel importante no desenvolvimento emocional da criança.
QUAL É A CHUPETA MAIS INDICADA?
CLARK (1999) coloca que orienta os pais para uma melhor utilização de
chupeta e mamadeira. Refere que sempre deve fazer uso de bico ortodôntico.
JUNQUEIRA (1999) também relata que devemos dar preferência a
chupetas ortodônticas, do tamanho adequado para a idade do bebê, visto que no
mercado existem três tamanhos ( do nascimento aos seis meses, de seis meses a
um ano e meio e de um ano e seis meses a dois anos e seis meses de idade).
Coloca também que devemos dar preferência às chupetas com bico de
silicone, por terem maior durabilidade.
QUANDO FAZER A RETIRADA DA CHUPETA?
CLARK (1999) sugere que a retirada da chupeta coincida com a época de
erupção dos dentes.
Para JUNQUEIRA (1999) aos 2 anos, período ao qual a criança já
apresenta sua dentição decídua praticamente completa, tanto a chupeta como a
mamadeira devem ser evitadas. Pois após essa fase, qualquer objeto que
permanecer na boca da criança poderá alterar suas estruturas orais.
Neste momento a chupeta não tem função nenhuma, mas pode atrapalhar
o alinhamento dos dentes, causar flacidez da musculatura facial, impedir a correta
movimentação da língua durante a fala e favorecer a instalação da respiração
bucal.
CLARK (1999) cita também, que alguns pais dizem conhecer pessoas que
usaram chupeta até mais tarde e que não tiveram alterações, a autora coloca que
isso é uma verdade, e lembra que existem variáveis que devem ser levadas em
consideração, como a tipologia facial, os tipos de maus hábitos, a duração, a
frequência e a intensidade dos mesmos.
COMO FAZER A RETIRADA DA CHUPETA?
RAMOS-JORGE, REIS e SERRA-NEGRA (2000) colocam que o estímulo ao
aleitamento materno previne a instalação de hábitos orais viciosos.
JUNQUEIRA (1999) , CAMARGO ET AL
(1998) e QUELUZ & AIDAR
(2000) estão de acordo quando citam algumas dicas para facilitar a retirada da
chupeta, tais como:
-
Não deixar a criança com a chupeta durante todo o dia,
-
Não fazer uso de presilhas deixando a chupeta dependurada na roupa
da criança deixando-a a disposição da mesma;
-
Retirar a chupeta da boca do bebê após adormecer ;
-
Reservar o uso para situações de cansaço ou sono ;
-
Evitar passar substâncias doces na chupeta ao oferecê-la a criança.
Além disso, QUELUZ & AIDAR (2000) colocam um fator que considero de
grande importância, que é a necessidade de conscientização da mãe para a
eliminação do hábito. As autoras colocam também, que o uso de chupeta deve ser
gradativo, restringindo seu uso inicialmente , apenas a noite e posteriormente
eliminando o seu uso por completo.
Concordo com CLARK (1999) quando relata que um recém- nascido é
incapaz de definir o certo do errado, e que cabe aos pais distinguirem e decidirem
por ele neste momento.
Um ponto importante relatado por RAMOS-JORGE, REIS e SERRANEGRA (2000) é que os hábitos de sucção não nutritiva normalmente estão
ligados a fatores psico- afetivos. As autoras concluem também, que atitudes
punitivas não são recomendadas por não buscarem a raiz do problema.
3- RELATO DE EXPERIÊNCIA
Este relato de experiência foi baseado num trabalho que vem sendo
desenvolvido há um ano na Clínica de Atendimento Especializado, que é uma
clínica particular
na cidade de Rio Claro, onde atuo em conjunto com uma
Nutricionista e uma Cirurgiã Dentista.
Juntas desenvolvemos um “Programa para uma Gravidez mais Saudável”, que
tem o objetivo de informar a gestante para que
tenha uma gravidez mais
saudável, e que esteja preparada para receber seu bebê da melhor maneira
possível.
Nos dias atuais a prevenção tem sido um assunto muito discutido, porém nem
todas as pessoas possuem a consciência de que é o caminho mais fácil e eficaz.
Dessa forma, temos enfrentado algumas dificuldades em mostrar a importância do
nosso trabalho, principalmente aos médicos ginecologistas e obstetras, e
conscientizá-los a realizar o encaminhamento das gestantes para a participação
no Programa.
No “Programa para uma gravidez mais saudável” a gestante passa por
acompanhamento nutricional periódico e individualizado, e recebe duas sessões
de orientações odontológicas e uma de orientação fonoaudiológica.
No acompanhamento com a nutricionista, a gestante recebe recomendação
nutricional personalizada,
faz controle de ganho de peso periódico, além de
receber orientações sobre a importância da alimentação da gestante, incentivo ao
aleitamento materno direcionado às importâncias dos aspectos nutricionais,
preparo das mamas e orientação quanto a alimentação da mãe que amamenta.
O trabalho de orientação odontológica ocorre em duas etapas. A primeira
ocorre logo no início do programa, onde são abordados assuntos como:
embriologia , enfocando a formação dos dentes e do paladar, uso de flúor e saúde
bucal da gestante . A segunda sessão de orientação ocorre por volta da trigésima
terceira semana de gestação, onde são abordados assuntos mais direcionados ao
bebê, tais como: aspectos odontológicos do aleitamento materno e aleitamento
artificial, higiene bucal do recém- nascido, erupção dos dentes e quando deve
ocorrer a primeira consulta odontológica do bebê.
A orientação
fonoaudiológica, dentro do programa, ocorre em uma única
etapa, em torno da vigésima nona semana gestacional, onde são abordados os
seguintes assuntos: aspectos fonoaudiológicos do aleitamento materno e
aleitamento artificial, uso racional de chupeta, e sucção digital.
A orientação é feita através de apresentação de slides , fazendo-se utilização
de chupetas e mamadeiras de forma ilustrativa, acompanhado da entrega de um
material descritivo para a gestante levar para a casa e ter em mãos tudo o que lhe
foi orientado.(Anexo)
De maneira mais detalhada, a orientação fonoaudiológica será descrita.
ALEITAMENTO MATERNO
Vantagens do aleitamento materno:
•
Proporciona um melhor desenvolvimento ósseo e muscular da face.
Para a retirada do leite do seio o bebê necessita elevar a língua, pressionando
o mamilo contra o céu da boca, e assim fazer o movimento com a mandíbula
para frente e para trás. Esse movimento exige uma grande força muscular,
fortalecendo toda a musculatura facial, auxiliando para um melhor crescimento
ósseo.
A mandíbula do bebê é pouco desenvolvida, e através da movimentação e da
força muscular realizada no momento do aleitamento materno seu crescimento
será estimulado de forma adequada.
•
Previne deglutições atípicas
Essa é uma das patologias mais encontradas nas clínicas fonoaudiológicas.
Durante o aleitamento a criança deglute corretamente com movimentos antero-
posteriores de língua, o que estimulará desde de cedo que esse movimento
permaneça adequado futuramente, se não houver outras interferências do meio.
•
Auxilia na adequação da respiração.
A respiração adequada é a respiração nasal. O bebê nasce respirando pelo
nariz, e assim deverá ser até o final da vida. Porém, muitas vezes ocorrem
interferências do meio que podem prejudicar a respiração adequada, tais como:
rinites, sinusites, adenóides ou até mesmo o simples hábito de respirar pela boca
que pode aparecer devido aos maus hábitos de uso de chupeta ou mamadeira. No
momento em que o bebê está sugando no peito, se posicionado corretamente, ele
só terá condições de respirar pelo nariz, o que ajudará com que isso se torne um
hábito.
•
Auxilia no bom desenvolvimento da mastigação.
O movimento que os lábios, língua e mandíbula realizam durante a sucção no
aleitamento materno, propicia boas condições oclusais ao bebê, o que é
fundamental para uma boa mastigação.
•
Previne problemas de fala.
Os lábios, a língua, as bochechas, a mandíbula e os músculos da face são
fundamentais para que a criança possa falar corretamente , e com a
amamentação natural o amadurecimento e desenvolvimento dessas estruturas
serão estimulados positivamente, trazendo vantagens para o desenvolvimento de
fala da criança.
A sucção é o exercício mais eficaz e natural para a adequação dos órgãos
fonoarticulatórios e consequetemente para um bom desenvolvimento de fala.
•
Auxilia na prevenção de problemas de linguagem
Enquanto a mãe amamenta, ela deve aproveitar o momento para conversar
com o bebê e tocá-lo, pontos essenciais para o início do desenvolvimento da
linguagem do mesmo.
Como e quando amamentar?
•
No mínimo até seis meses.
Até os seis meses o bebê tem necessidade fisiológica de sugar, e o movimento
de sucção será o principal estímulo de crescimento e desenvolvimento ósseo e
muscular do bebê sendo que com a erupção dos dentes, a mastigação toma o
lugar da sucção, tendo também grande importância no desenvolvimento ósseo e
muscular do mesmo.
•
Posição confortável para a mãe.
O contato com o corpo da mãe, o toque e o carinho, tornam o momento da
amamentação essencial para o desenvolvimento emocional da criança, motivo
pelo qual deve ser prazeroso tanto para o bebê, como para a mãe.
•
Não amamente com o bebê dormindo
Caso o bebê durma logo após o início da mamada, essa deverá ser
interrompida ou a mãe deverá utilizar de recursos externos para despertar a
criança para que ela continue sendo amamentada de forma satisfatória, e não
simplesmente use o mamilo como chupeta satisfazendo apenas o prazer do
contato oral.
•
A criança deve ficar como se estivesse sentada.
Esta posição favorecerá para que o leite não escoe para a região nasal e dos
ouvidos, prevenindo assim, problemas de otite ( infecções no ouvido).
•
O bebê deve abocanhar o mamilo e a maior parte a aréola.
O mamilo estando totalmente dentro da boca favorecerá a movimentação
adequada de língua durante a deglutição, evitando assim problemas futuros de
deglutição e consequentemente da oclusão.
Além disso, ao abocanhar toda essa porção do seio a própria sucção do bebê,
estimulará as glândulas mamárias, que se localizam nessa região, estimulando a
produção de leite.
•
Cuidado para que a mama não bloqueie as narinas do bebê.
Principalmente quando a mama está cheia, ela pode bloquear as narinas do
bebê, impedindo a respiração nasal do mesmo. Para evitar que isso ocorra você
pode segurar a mama com a mão livre entre o dedo indicador e o dedo médio,
isso também auxiliará a criança a abocanhar a porção da aréola.
MAMADEIRA
E quando o aleitamento materno não for possível?
•
Uso de mamadeira
O aleitamento materno sempre deverá ser a primeira opção como forma de
nutrir um bebê, porém, infelizmente existem alguns fatores sociais e /ou orgânicos
que podem impedir que o bebê receba o leite materno, necessitando fazer uso de
mamadeira. No entanto, nesses casos devemos estar atentos quanto:
•
Bico adequado
O tipo de bico que mais se assemelha ao seio da mãe é o bico ortodontico,
assim ele propicia que o bebê exerça forças musculares próximas das realizadas
enquanto é amamentado no peito, evitando assim “deformidades” na boca.
•
Tamanho do bico
Existem dois tamanhos de bico ortodôntico :0 a 6 meses e
6 meses a 1 ano e
meio, e é muito importante que os pais adquiram o tamanho de bico adequado
para a idade do bebê, para que os estímulos oferecidos sejam proporcionais ao do
tamanho da boca da criança.
•
Tamanho do furo
Frequentemente os bicos das mamadeiras são violados para orifícios maiores
propiciando à criança uma deglutição passiva, quase sempre acompanhada de
engasgos e regurgitamento. Isso jamais deverá ser feito, pois os bicos já vem com
o tamanho do furo adequado para que o bebê exerça força para retirar o leite e
consequentemente estará trabalhando com o músculos periorais, assim como no
momento em que faz a retirada do leite materno.
•
Material dos bicos
Existem bicos de látex e silicone. Os bicos de silicone tem uma durabilidade
maior, e é mais difícil de deformar, o que seria prejudicial para desenvolvimento do
bebê.
•
Manutenção dos bicos
Os bicos deverão ser trocados pelo menos uma vez por mês, visto que com o
uso constante, eles se deformam perdendo sua forma anatômica.
•
Posição adequada
Assim como
na amamentação natural, o bebê alimentado por mamadeira
também deverá experimentar o contato íntimo de carinho com sua mãe, através
do toque, do olhar e de carícia.
O bebê deve estar acomodado no colo e em posição quase sentado.
Até quando fazer o uso de mamadeira?
•
Até no máximo um ano e seis meses.
Com um ano a criança já pode ter uma alimentação próxima a do adulto, não
dependendo tanto do consumo de leite, o que facilita o processo de retirada. Além
disso, com essa idade a criança apresenta mais independência e tem condições
de fazer uso de copo e canudo sem necessitar de ajuda.
SUCÇÃO DIGITAL
•
A sucção
A sucção é um ato reflexo presente desde o quinto mês de gestação e que
somente desaparecerá por volta do quarto
mês,
passando
a ser um ato
voluntário. Portanto, na maioria das vezes a necessidade de sucção do bebê é
saciada enquanto ele é alimentado, porém quando a amamentação não é de
forma adequada ou a sucção nutritiva não foi o suficiente para satisfazer suas
necessidades fisiológicas, com a ausência da chupeta, muitas vezes acabam
levando o dedo para a boca.
•
Porque algumas crianças sugam o dedo?
Inicialmente sugar o dedo, serve para suprir a necessidade fisiológica não
realizada, e posteriormente, pode se tornar um hábito , que de forma prolongada
poderá trazer grandes danos ao bebê.
•
Porque a sucção é prejudicial?
Durante a sucção o dedo exercerá pressão contra o céu da boca, podendo
levar a uma projeção da arcada dentária superior para frente e da inferior para
baixo, além disso, poderá ocasionar uma inadequação na postura de lábios e
língua, o que levará a problemas de respiração, deglutição e fala.
•
Prevenção
Como medida preventiva é aconselhável a amamentação natural e quando
necessário, o uso da chupeta ortodôntica.
O USO RACIONAL DE CHUPETA
A chupeta
A chupeta ideal
• Chupeta ortodôntica
A chupeta ideal para a criança é a chamada chupeta ortodôntica, que possui o
bico chato ( e não arredondado como a maioria das chupetas) que permitirá o
fechamento dos lábios e a estimulação do crescimento do palato ( céu da boca); o
que auxiliará na respiração correta (respiração nasal) e a formação adequada da
arcada dentária.
•
Tamanho do bico
Existem 3 tamanhos de bicos: para recém-nascidos até seis meses, de seis
meses até dezoito meses e para crianças de um ano e meio até dois anos e meio.
É importante que se ofereça a chupeta de tamanho adequado ao da boca da
criança, para que a mesma receba estímulos corretos e não maléficos para o seu
desenvolvimento.
As chupetas ortodônticas de um custo inferior, existem somente em um
tamanho, e pelo fato de
muitas vezes serem muito grandes para o recém-
nascido, provocam o reflexo de vômito, motivo pelo qual, oriento para que a mãe
desmonte a chupeta e corte uma parte do bico, para que ocorra a redução do seu
tamanho.
•
Material do bico
Da mesma forma do bico da mamadeira, eles podem ser de látex ou silicone. É
sempre melhor darmos a preferencia para as chupetas de bico de silicone, por
terem uma maior durabilidade.
•
Quando oferecer?
A chupeta, quando usada de forma racional pode não ser prejudicial, porém é
desnecessária.
A chupeta só deverá ser introduzida nos momentos em que queremos
“acalmar” a criança , como por exemplo quando ela está chorando, está manhosa
ou quando vai dormir. Não devemos deixar a chupeta na boca da criança o dia
todo como se fosse um enfeite.
•
Uso de presilhas e correntinhas
Devemos evitar o uso de correntinhas e presilhas para prender a chupeta na
roupa da criança. Primeiramente a chupeta não é enfeite, além disso, se exposta a
todo momento, será estimulado o uso da mesma durante todo o dia.
•
Uma única chupeta
O fato da criança ter uma única chupeta faz com que ela perceba que não é
um brinquedo ou uma roupa que é trocada a todo momento. Além disso, o fato do
bebê usar sempre a mesma chupeta, quando ela for trocada, a criança perceberá
uma diferença , o que poderá facilitar no processo de retirada da mesma.
•
Uso de substâncias doces
Jamais devemos colocar algum tipo de doce (açúcar, coca-cola, mel,
chocolate, ou outros ) na chupeta, para facilitar a introdução da mesma . Quando a
criança suprir sua necessidade de sucção durante a alimentação, ela pode não
aceitar a chupeta, e porque insistir?
• O uso prolongado de chupeta
Mesmo quando a criança chupar a chupeta ortodôntica, o seu uso prolongado
pode acarretar: alterações no crescimento da mandíbula; estreitamento da maxila;
alterações na arcada dentária; alterações na respiração, problemas de fala e
dependência emocional.
Quando e como fazer a retirada da chupeta?
•
Uso no máximo até um ano .
Primeiramente é importante lembrar que nem todas as crianças necessitam de
chupeta, que é simplesmente um instrumento para saciar a necessidade de
sucção de alguns recém- nascidos . A partir do quarto mês, a sucção se torna um
ato voluntário, reduzindo ainda mais a necessidade de sucção do bebê. A partir do
momento em que a criança começa a substituir a sucção pela mastigação deixa a
chupeta sem nenhuma funcionalidade.
•
Oferecer ao bebê o mínimo possível.
Se os pais oferecerem a chupeta ao bebê, somente como um instrumento de
sucção e nos momentos certos, a sucção de chupeta não se tornará um hábito.
•
Retirada gradativa.
Se a criança tiver uma certa dependência da chupeta, a retirada da mesma
deverá ocorrer gradativamente, inicialmente restrigindo-se o seu uso somente
para os momentos que for dormir, e a mãe retirá-la após adormecer, e
posteriormente eliminando o hábito completamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos dias atuais a prevenção é um assunto muito discutido em nossa
sociedade.
Na fonoaudiologia a prevenção vem conquistando o seu espaço
lentamente, motivo pelo qual resolvi buscar as principais etiologias das alterações
do sistema estomatognático , então elaborei em conjunto com uma nutricionista e
uma cirurgiã dentista um “Programa para uma gravidez mais saudável”.
O objetivo deste estudo foi levantar dados teóricos que justifiquem o
trabalho preventivo da fonoaudiologia e relatar a experiência que venho
desenvolvendo em minha clínica particular, com orientações a gestantes.
Na pesquisa teórica encontrei dados relevantes no que refere à contribuição
da amamentação para o desenvolvimento ósseo e muscular do recém-nascido. Na
orientação que realizo incentivo o aleitamento , informando sobre suas vantagens
e a melhor forma de amamentar.
Sem dúvidas, o aleitamento materno é o ideal para o bebê, mas por outro
lado, alguns autores colocam que a participação atual da mulher no mercado de
trabalho, dificulta a manutenção do aleitamento materno. Por esse motivo, é
importante que esses pais sejam orientados para substituir o peito materno por
algo mais próximo possível. Então oriento as mães quanto ao uso da mamadeira,
informando-as sobre bicos, como e até quando utilizá-la, de forma que esse hábito
não contribua para o aparecimento de alterações do sistema estomatognático.
Outro tema muito abordado pelos autores, como etiologia de alterações nas
funções neurovegetativas, é a instalação de maus hábitos bucais, como uso de
chupeta e sucção digital. A chupeta tem um caráter cultural muito forte na nossa
sociedade, visto que já faz parte do enxoval do bebê. Na orientação, esse tema
também é abordado com as gestantes de forma que elas percebam que nem
todos os bebês necessitam fazer o uso de chupeta, e se usada de forma
inadequada e por tempo prolongado, pode ser prejudicial à criança. Oriento sobre
como e quando fazer uso de chupeta, de forma que prejudique menos o bebê.
A maioria dos autores colocam que alguns bebês tem iniciativa de sugar o
dedo, e concordam que é menos prejudicial a criança fazer uso da chupeta
ortodôntica do que habituar-se a sugar o dedo. Motivo pelo qual, oriento as
gestantes, quanto a prevenção , causas e consequências da sucção digital.
Ressalto que temas como o uso de chupeta e mamadeira, sucção digital e
aleitamento materno, têm sido frequentemente abordados. Porém, poucas vezes
pensando-se numa ação preventiva.
Alguns autores questionam sobre a efetividade de orientações. Porém,
como a gestante é uma pessoa que está passando por transformações a cada dia,
acredito que ela está mais acessível a se modificar. Futuramente pretendo
averiguar se essas orientações foram satisfatórias.
Como desdobramento deste trabalho e como complemento às orientações,
elaborei uma apostila com os pontos principais abordados, a qual é entregue no
final do encontro. ( Em anexo )
Este trabalho poderá contribuir para incentivar a fonoaudiologia preventiva e
como fonte de pesquisa para profissionais afins.
A prevenção é o caminho mais eficaz a ser percorrido, pois na realidade
nenhum profissional pode fazer por uma criança, o que os seus pais podem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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padrão
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cuidados e Dicas. Rio de Janeiro. Ed. Revinter Ltda, 1999.26p
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MARCHESAN, IQ –
Motricidade
Oral
- Visão
Clínica
do
trabalho
fonoaudiológico integrado com outras especialidades. São Paulo. Ed.
Pancast, 1993.70p
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Mamadeira. Belo Horizonte, 1997. Monografia de conclusão de curso de
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Fonoaudiologia, 2: 04-9,2000.
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TANIGUTE, C.C- Desenvolvimento das funções estomatognáticas.
In:MARCHESAN, IQ – Fundamentos em fonoaudiologia. Aspectos clínicos
da motricidade oral. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1998. p 01-6
TOMÉ,MC; FARRET,MMB & JURACH,EM. Hábitos orais e maloclusão.
Tópicos em Fonoaudiologia. (3) 97-109,1996.
VALENTE,D. - Promoção da Saúde materna Infantil: a importância da ação
prática e preventiva pré-natal na busca constante de um futuro saudável.
Belo Horizonte, 1997. Monografia de conclusão de curso de especialização
ANEXO
Juliana Soave Chiodini
Neliza Hoffmann
Nutricionista
Dentista
Milena Hoffmann de Magalhães
Fonoaudióloga
"!$#%&'(&*)+'-,.
Programa para uma Gravidez mais saudável!
Aleitamento Materno X Aleitamento Artificial
Aspectos fonoaudiológicos
ACREDITE NA AMAMENTAÇÃO - VALORIZE O SEU LEITE!!!
VANTAGENS FONOAUDIOLÓGICAS DO ALEITAMENTO MATERNO:
•
Proporciona um melhor desenvolvimento ósseo e muscular da face
•
Previne deglutições atípicas
•
Auxilia na adequação da respiração
•
Auxilia no bom desenvolvimento da mastigação
•
Previne problemas de fala
COMO E QUANDO AMAMENTAR???
•
Amamente no mínimo até 6 meses.
•
•
Não amamente com o bebê dormindo – O peito não é chupeta !!!
A criança deve ficar como se estivesse sentada
•
O bebê deve abocanhar o mamilo e a maior parte a aréola
•
Cuidado para que a mama não bloqueie as narinas do bebê
E quando o aleitamento materno não for possível?
O aleitamento materno sempre deverá ser a primeira opção como forma de
nutrir um bebê, porém, infelizmente existem alguns fatores sociais e /ou orgânicos
que podem dificultar a amamentação no peito, necessitando assim o uso de
mamadeira. Nesses casos devemos estar atentos quanto:
•
Bico adequado – BICO ORTODÔNTICO
•
Tamanho do bico de acordo com a idade do bebê
•
•
•
Tamanho do furo
Material dos bicos – silicone
Manutenção dos bicos – troca mensal
•
Posição adequada – “imitação” da amamentação natural
/
Lembre-se que a amamentação é UM DIREITO DA CRIANÇA!
Uso racional da chupeta X sucção de dedo
A sucção é um ato reflexo presente desde o 5o mês de gestação e que
somente desaparecerá por volta do 4o
mês de vida,
tornando-se
um ato
voluntário.
Na maioria das vezes a necessidade de sucção do bebê é saciada
enquanto ele é alimentado, porém, quando a amamentação não é de forma
adequada, ou a sucção nutritiva não foi o suficiente para satisfazer suas
necessidades fisiológicas, com a ausência da chupeta, muitas vezes , o bebê
acaba levando o dedo para a boca.
Inicialmente sugar o dedo, serve para suprir a necessidade fisiológica não
realizada, e posteriormente, pode se tornar um hábito , que de forma prolongada
poderá trazer grandes danos ao bebê.
Durante a sucção , o dedo da criança exercerá pressão contra o céu da
boca, podendo levar a uma projeção da arcada dentária superior para frente e da
inferior para baixo, além disso, poderá ocasionar uma inadequação na postura de
lábios e língua, o que levará a problemas de respiração, deglutição e fala.
Então, como medida preventiva é aconselhável a amamentação natural, e
quando necessário o uso da chupeta ortodôntica.
O uso racional de chupeta
A chupeta não será prejudicial para o seu filho desde que seja utilizada de
forma correta.
CHUPETA ADEQUADA
•
Bico ortodôntico
•
Tamanho de acordo com a idade do bebê
•
Material do bico - silicone
•
Disco côncavo e com perfuração
QUANDO OFERECER???
•
Não é prejudicial mas nem necessária
•
“Calmante” para o bebê
•
Uso noturno
•
Não fazer uso de correntinhas ou presilhas
•
UMA única chupeta
•
Não utilizar substâncias doces
CUIDADOS COM A CHUPETA
•
Esterilize antes de usá-la
•
Atenção para deformações do bico
ATENÇÃO!!!: Mesmo quando a criança chupar a chupeta ortodôntica, o
seu uso prolongado pode acarretar:
•
alterações no crescimento da mandíbula;
•
estreitamento da maxila;
•
alterações na arcada dentária;
•
alterações na respiração – RESPIRAÇÃO BUCAL;
•
problemas na mastigação ;
•
deglutição atípica;
•
problemas de fala e
•
dependência emocional
O RACIONAL DE CHUPETA , é uma questão de qualidade de vida!!!
Não somos responsáveis somente pelo que
fazemos
mas também pelo que deixamos de fazer.
Moliére
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ORIENTAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA A GESTANTES