Manuel Lamas de Mendonça totalmente rigorosos, restituirão, apesar de tudo, uma imagem bastante aproximada da evolução das ligações desta linhagem ás ordens militares durante os períodos em apreço. E verificámos que, dos 78 descendentes de ambos os sexos que estudámos, 45 se encontravam directamente ligados a essas mesmas ordens, o que significa que 57,6% dos inventariados se encontravam de algum modo vinculados às milícias de Avis e Santiago, registando-se alguns vínculos à Ordem de Cristo, evidentes nos ramos que se apresentam mais próximos do serviço da Coroa, e da participação directa na expansão ultramarina. Regista-se uma única presença na ordem do Hospital/Malta, porventura relacionada com as relações com os Almeida, Priores do Crato. É certo que outras linhagens da nobreza de corte apresentam, entre os finais dos Século XV e os primeiros três quartéis de Quinhentos, múltiplas ligações à ordem de Santiago e, embora menos, à de Avis, mas em nenhuma delas sobressai com tamanha nitidez um tamanho percentual de dependência em relação aos cargos e dignidades proporcionadas pelas supracitadas milícias. Parece relevante mencionar que num primeiro período, compreendido entre o começo do governo da Ordem de Avis pelo príncipe – herdeiro D. João, e os anos de 1494-1496, em que se começam a documentar as primeiras “nomeações” cuja iniciativa se poderá atribuir ao Mestre D. Jorge, embora ainda sob tutela régia, encontramos apenas como membros destas milícias (é certo que dentro dum universo elegível limitado aos 8 filhos e filhas de Afonso Furtado de Mendonça e aos descendentes destes que tivessem atingido a maioridade até 1494, número que convencionámos estimar em 25) três irmãos, filhos do supracitado Afonso Furtado de Mendonça e tios de D. Ana de Mendonça, a saber: Pedro Furtado que, embora tenha recebido pagamento por serviços prestados como escrivão da chancelaria da Ordem de Santiago em 1497, teria estado ligado à milícia de Avis desde finais da década de Setenta, Violante Nogueira, que teria professado em Santos antes de 1490, e Duarte Furtado de Mendonça, Comendador do Torrão, na Ordem de Santiago, muito provavelmente em data anterior a 1472. Estes três irmãos, considerados num universo de 25 familiares teoricamente elegíveis, representariam apenas cerca de 12% de Mendonça ligados ás milícias antes de 1494. Ora, na geração de Jorge e de António Furtado de Mendonça o Chú, únicos dois filhos varões do Aposentador-mor Nuno Furtado de Mendonça (pai de D. Ana), e já durante o Mestrado de D. Jorge, a situação muda radicalmente. Apenas entre os 29 filhos/filhas e netos, aqui recenseados, de Jorge Furtado de Mendonça, irmão mais velho de D. Ana, tio materno do senhor D. Jorge, 19 deles encontram-se ligados ás ordens (65%), sendo que destes, a esmagadora maioria, 15, (ou 78,9% dos que têm ligações ás milícias) pertenciam à Ordem de Santiago, 3 à Ordem Avis (15,7%) e apenas um à Ordem do Hospital-Malta (5,3%). 209