Projeto de Educação Ambiental NOS BONS TEMPOS EM QUE A PESCA ERA UMA FARTURA Autores: Maurício dos Santos Silva Daniella Ferreira Caetano Silva Curso de Educação Ambiental – Uma Introdução à Gestão Ambiental Portuária Itajaí – SC OUT / 2005 PROBLEMA Não raro nos deparamos com profissionais da pesca comentando sobre a dificuldade que têm de capturar peixes na quantidade com que faziam em tempos passados. A atividade de pesca vem, a cada dia, se profissionalizando. Embarcações cada vez maiores e mais modernas vêm tornando a pesca artesanal sem expressão. Na mesma dimensão vem crescendo o potencial de captura, originando o problema de não renovação de algumas espécies de peixes. A legislação ambiental vem se aprimorando e hoje já temos importantes ferramentas legais como o período de defeso e o auxílio desemprego que possibilitam a preservação de espécies. Mas isso não tem sido suficiente. PÚBLICO-ALVO O projeto visa trabalhar o aquaviário que, na essência, depende da pesca para alimentação e sustento da família. Cerca de 20.000 pescadores são inscritos na DelItajaí e é a eles que queremos atingir com este projeto. Com isso estaremos, ainda, atuando de forma indireta sobre mais um tanto de pessoas que formam a comunidade pesqueira desta Região. CENÁRIO A pesca comumente é uma opção para cidadãos de origem humilde, que têm parentes cujo sustento vem também da pesca. A atividade sempre foi atrativa por valorizar a prática, dispensando o pré-requisito da escolaridade. Alguns órgão públicos ou mesmo o sindicato laboral da pesca percebem o quão difícil é convencer um pescador a entrar numa sala de aula. A bem da verdade o EPM só consegue isso porque o esforço do pescador, em fazer determinados cursos, vai gerar melhorias no próprio salário, quando embarcado. Uma barreira existe nesse processo: não existem áreas exclusivas para pesca por determinados grupos. Assim, regra geral, barcos de quaisquer regiões do Brasil podem atuar em todo o país. Isso traz desrespeito a regras que podem já estar sendo cumpridas por uma certa colônia de pesca, por exemplo. Isso exige que sejam criados dispositivos eficazes de resposta a denuncias. Um claro exemplo é a pesca com uso de explosivos que ainda é criminosamente praticada por certas embarcações. Ou mestres inconsequentes que deslocam suas embarcações em pesca de arrasto para próximo da costa. TEMA É nesse contexto que surgiu a necessidade de se conscientizar todos os envolvidos na atividade da pesca de que de suas atitudes hoje, sobretudo daqui pra frente, depende a quantidade e qualidade do peixe que seus filhos e netos capturarão dentro de anos. Hoje eles escutam falar NOS BONS TEMPOS EM QUE A PESCA ERA UMA FARTURA, o que fazer para reviver esses tempos? METAS Fazer com que as colônias transformem-se em pólos de divulgação de medidas simples de preservação de espécies, que podem fazer a diferença se aplicadas de uma forma geral. Esse propósito será alcançado atuando-se diretamente nos pescadores que formam essas comunidades. ATIVIDADES Periodicamente pescadores têm a necessidade de procurar a Divisão de Ensino Profissional Marítimo (EPM) da Delegacia da Capitania dos Portos em Itajaí (DelItajaí) para realizar cursos que os permitam ingressar formalmente na carreira da pesca ou que os permitam ascender na carreira. A Delegacia vem também, em cumprimento à nova legislação, incentivando o comparecimento dos aquaviários ao EPM para uma atualização de dados cadastrais e substituição de documentos por outros em novo padrão. É nesse momento raro que temos acesso ao pescador – durante cursos no EPM – e podemos efetuar seu contato com a Educação Ambiental. Esse trabalho seria feito incluindo-se palestras durante os cursos do EPM, de maneira sutil e constante. Os assuntos seriam apresentados: • por outros aquaviários que tenham experiências bem sucedidas em sua comunidade, repassando exemplos e idéias; • por outros que já notam as consequências de não terem se apercebido do destino que seu meio ambiente vinha tomando; e • por profissionais que, dentro de sua área de conhecimento, podem dar uma contribuição mais técnica à solução de alguns problemas. Esses pescadores, após treinados, atuariam como agentes de preservação em suas colônias, propagando o efeito do trabalho proposto neste projeto. Após esses procedimentos simples porém efetivos de fazer com que a informação chegue ao ator da atividade de pesca, poderemos avaliar a possibilidade de expandir o trabalho, implementando outras idéias. Itajaí, SC, em 05 de novembro de 2005. MAURÍCIO DOS SANTOS SILVA DANIELLA F. CAETANO SILVA