Sociabilidade, Trabalho e
loucura
Edith Seligmann Silva, 1999
Espaço laboral e Cotidiano
familiar: Há um ecoar de um em
outro.
UNIBAN - Curso Psicologia
Disciplina: Psicologia do Trabalho
Profª: Regiane Vaccaro
Sociabilidade, Trabalho e loucura
O turno de revezamento.
Impacto na saúde física, psíquica e social
Pesquisa realizada na década de 80 com
trabalhadores da indústria de Cubatão e
de uma siderúrgica de SP.
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Conseqüências gerais:
• Propõe profundas alterações fisiológicas e sociais ao
trabalhador;
• Os biorritmos naturais são severamente
contrariados (Ex.: sono, fome, etc.);
• Atingem: sistema endócrino, aparelho digestivo,
sistema nervoso, etc. (Ex.: Baixa na libido).
• Doenças psicossomáticas, comprovadamente,
atingem mais os trabalhadores de turnos alternados
do que aqueles que trabalham no mesmo horário.
(Ex.: ulcera).
• Aceleração do processo de envelhecimento.
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Conseqüências psíquicas:
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• Distanciamento no convívio e no diálogo mantido com
cônjuge e os filhos, pelo cansaço e necessidade de
repouso e por horários desencontrados;
• Renúncia, frustração e sobrecarga de responsabilidade
para o cônjuge que assume todas as outras tarefas da
família como educação, administração de contas e
manutenção do lar. “É dureza! A gente tem que fazer às
vezes do homem!”
• Isolamento, fuga de conversas, procura pelo descanso,
que pode ser interpretado como desinteresse e rejeição,
causando magoas e conflito entre o casal.
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• O cônjuge pode também agir de forma a proteger o
companheiro das solicitações dos filhos ou de outras
pessoas da casa. Ex.: Adoecimento do filho. Cabe ao
cônjuge que não trabalha em turnos, levar ao pronto
socorro e até pedir ajuda a pessoas próximas.
• Irritabilidade e isolamento social em decorrência da
fadiga;
• Falta de práticas de lazer realizadas fora de casa com a
família (que pode ser agravado pela condição
econômica);
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• Perturbações do sono e irritabilidade, principalmente no
trabalho noturno.
• A irritabilidade aparece mais intensa como reação a
ruídos, então as crianças devem ser inibidas e vigiadas
para não fazer barulho. Não podem chorar, correr,
gritar, falar alto, ouvir musica ver desenho, etc. Uma
tensão maior para quem cuida das crianças.
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• Esta tensão dificulta os relacionamentos e agrava os
conflitos.
• Esposas reorganizam tarefas domésticas para evitar
problemas.
• O trabalhador, por sua vez, faz um esforço extremo para
não deixar extravasar a irritação e magoar a família.
• Quando o desespero e a irritação, não contidos, atingem
a família geram um sofrimento intenso e culpa.
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• As esposas desenvolveram alto grau de maturidade e equilíbrio, admiráveis,
conseguindo manter as relações familiares.
• A ausência do trabalhador no ambiente familiar, o distancia dos assuntos do
lar, como na educação dos filhos que ficam mais próximos da mãe e ela faz o
papel de mediadora da relação.
• O trabalhador sente-se excluído dos assuntos que não sejam referentes ao
dinheiro.
• As esposas sentem falta da participação e afeto do companheiro e buscam
mais aproximação com os filhos.
• A frustração atinge a todos.
• O interesse sexual também aparece como um fator de frustração para o
casal.
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Relato de trabalhadores:
• Abafava o desespero”.
• “Sofria minha esposa e os filhos por causa do meu
nervoso”.
• “Eu não era homem, não era nada”.
• “Fiquei embrutecido por aquele serviço, não tinha
raciocínio”.
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Relato das esposas dos trabalhadores:
• “E a senhora sabe que não da para lavar louça sem
fazer barulho, então só lavo depois que ele vai pro
serviço”. Depois das 11 da noite.
• “Antes ele era alegre, agora se irrita por qualquer
coisa”.
• “A gente quase não conversa, fico muito sozinha”.
• “Choro à toa, ele briga por tudo, não chorava assim
antes”.
• “Sou comunicativa, gosto de sair, conversar e ele só
calado, querendo dormir”.
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Repercussões sobre os filhos:
• O ambiente familiar é tenso;
• Pode ocorrer falta de motivação para os estudos,
dificuldade de aprendizagem, ansiedades e até abandono
dos estudos;
• O abandono dos estudos pelos filhos aumenta a
frustração dos pais que esperavam melhores
oportunidades de vida para os filhos através da educação
escolar e gera conflitos entre pais e filhos;
• Insegurança, timidez, desequilíbrio emocional.
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Conclusão:
• O trabalho em turnos alterados tem forte influência
na saúde psíquica e social do trabalhador e de sua
família, mas não só, depende muito das condições
gerais da família, do tipo de atividade do
trabalhador, das condições de salário como
deteriorador da qualidade de vida.
• O trabalhador pode apresentar um sentimento de
fracasso por não poder proporcionar ,à família, nada
além do sustento básico.
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Sociabilidade, Trabalho e loucura Edith Seligmann Silva, 1999