TÍTULO: MUNDO LIVRE: MUSEU DO MANGUEZAL E ESPAÇO PARA EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS AUTORES: Adryane Gorayeb* ([email protected]), Marlon A. Melo** ([email protected]), Celina M. Lima* ([email protected]), Gesphis de Lima Mendes* ([email protected]), Erica Silva Pontes* ([email protected]), Edson Vicente da Silva*** ([email protected]) ÁREA TEMÁTICA: Meio Ambiente INTRODUÇÃO O Espaço Mundo Livre foi criado no Departamento de Geografia, da Universidade Federal do Ceará (UFC), estando integrado ao Laboratório de Recursos Hídricos e Climatologia. Inaugurado em junho de 2002, este espaço dispõe de três exposições temporárias sobre recursos hídricos, climatologia e trabalho dos estudantes, e exposição permanente sobre o Ecossistema Manguezal. Possui painéis sobre a flora e a fauna dos manguezais e sobre os impactos ambientais ocorridos em estuários de áreas metropolitanas, além de uma exposição com espécies de crustáceos embalsamados e dissecados, estando organizados em forma de quadro — de forma a explicitar a morfologia dos caranguejos. Há um aquário que expõem os tipos de solo do manguezal — o lodoso e o arenoso —, uma mostra em vidraria de sete espécies de peixes que habitam este ecossistema, conservado em álcool 70% e, complementando a fauna do manguezal, uma exposição utilizando placas de madeira como suporte, de diferentes espécies de moluscos. Todo o ambiente foi decorado com painéis ilustrativos, de temas variados, porém relacionados ao meio ambiente, pintados pelos próprios estudantes do curso de Geografia. Este novo espaço foi construído com recursos próprios, e teve como principais colaboradores os orientadores de pesquisas do Laboratório de Climatologia e Recursos Hídricos. Sendo que foi idealizado e elaborado por seus estagiários e bolsistas do programa CNPq – PIBIC. Contribuíram também para a realização plena do trabalho: o Programa Especial de Treinamento (PET) da Geografia, o Laboratório de Malacologia da Biologia e o Laboratório de Recursos Aquáticos (LARAq) da Engenharia de Pesca, todos da Universidade Federal do Ceará. Os bolsistas do programa CNPq – PIBIC e estagiários idealizaram este espaço de extensão universitária, inicialmente, pelo fato de o laboratório possuir uma antessala que estava sendo subutilizada no Departamento de Geografia. Desocupando e limpando-a, pode-se visualizar um local de tamanho razoável, que poderia beneficiar a todos. Após várias discussões acerca da composição e dos objetivos que seriam propostos para este local, foram angariados recursos com os orientadores, feito contatos preliminares com os colaboradores e iniciada a construção do espaço. Durante o desenvolvimento das atividades, várias modificações foram feitas, surgindo várias idéias novas, obtendo-se, finalmente, o resultado atual. Devido ao fato de o laboratório, historicamente, possuir uma política de abertura a novos estagiários e colaboradores, sejam da Geografia ou de outros cursos, não importando o semestre letivo que cursam, criou-se um espaço plural, transdisciplinar, enriquecendo mais ainda as discussões ambientais no âmbito universitário. Relacionado ao Mundo Livre e apoiando as atividades do museu, o laboratório foi reformado pelos estagiários e bolsistas, utilizando recursos dos orientadores. Foram organizadas as mapotecas, com aproximadamente 600 mapas catalogados e, ainda em desenvolvimento, está a Biblioteca Ambiental, que já vem auxiliando vários estudantes universitários em suas pesquisas e, também, estudantes do Ensino Médio, principalmente de escolas públicas. O Mundo Livre destaca-se atualmente como um espaço aberto a discussões e atividades que já vem integrando a Universidade com outros segmentos da sociedade, servindo, portanto, como mais um elemento do componente das ações de extensão universitária da UFC. *alunos de graduação do curso de Geografia da UFC **aluno de graduação do curso de Engenharia de Pesca da UFC *** professor doutor do Depto. de Geografia da UFC OBJETIVOS Geral O intuito principal da criação deste espaço foi auxiliar os estudos que são feitos nos estuários, promover um novo espaço de exposição sobre temas relacionados a Geografia e atuantes na Sociedade. Procurou-se, assim, beneficiar não só os estudantes do curso de Geografia, como também os de outros cursos da universidade, de colégios, em especial o público em geral e pessoas de comunidades estuarinas onde o Laboratório desenvolve suas atividades. Específicos Realizar exposições temporárias, sobre climatologia, recursos hídricos e trabalhos que os estudantes desenvolvem relacionados ao meio ambiente; Construir um museu autoexplicativo do manguezal, que ilustre a fauna, a flora, o solo e os impactos ambientais deste ecossistema; Reformar o Laboratório de Recursos Hídricos e Climatologia, organizando as três mapotecas; Criar uma Biblioteca Ambiental, para auxiliar alunos universitários, secundaristas e de comunidades estuarinas que visitem o laboratório; Criar uma página na Internet do espaço Mundo Livre, servindo de divulgação do espaço e fonte de pesquisas. METODOLOGIA As atividades desenvolvidas podem ser divididas em três momentos: 1º) a exposição dos elementos sócioambientais do ecossistema manguezal; 2º) a realização das três exposições temporárias sobre temas ambientais; 3º) a reforma do Laboratório de Recursos Hídricos e Climatologia. 1º) Exposição dos elementos sócioambientais do ecossistema manguezal: 1.1) Para a exposição dos elementos da fauna do manguezal: a) Crustáceos Foram coletadas 9 espécies de crustáceos para a exposição, sendo 6 espécies de caranguejos, 2 de siri e 1 de camarão: Sesarma rectum, Ucides cordatus cordatus, Uca maracoani, Goniopsis cruentata, Cardisoma guanhumi, Uca thayeri, Callinectes danae, Callinectes bocurti e Macrobrachium acanthurus. Estas espécies foram coletadas no manguezal do rio Pacoti e do rio Cocó, estando os dois rios na Região Metropolitana de Fortaleza. Cada espécie, após a morte, foi preservada em solução de álcool etílico 70% por 24 horas e, em seguida, eviscerada e lavada com água corrente. Posteriormente, a carapaça do cefalotórax foi imersa em solução de formol 10%. Injetou-se, também, esta solução em toda musculatura do crustáceo, até este ficar banhado pela solução. Após, o crustáceo foi exposto ao sol para secar, em seguida, a carapaça do cefalotórax foi montada novamente com o auxílio da cola de silicone. Então, os crustáceos foram envernizados e postos em exposição. Este procedimento foi realizado para todos os crustáceos, com exceção do camarão, o qual não foi eviscerado nem retirada a sua carapaça. Todo o procedimento foi realizado com luvas descartáveis e máscaras, já que os produtos químicos utilizados são tóxicos. Os crustáceos em exposição possuem como referência o nome científico, o nome vulgar, o local e data de coleta e a pessoa que os embalsamou para a exposição. Ainda, foi feio para a exposição, um quadro explicativo da morfologia dos caranguejos. Um caranguejo da espécie Cardisoma guanhumi foi embalsamado, dissecado e envernizado, sendo expostas as seguintes partes: carapaça do cefalotórax, externo, abdome, estômago, 5 pares de pereiópodos, 3 pares de maxilípedes, 2 pares de maxílas e 1 par de mandíbulas. b) Peixes Foram coletadas 7 espécies de peixes para a exposição: Engerres brasilianus, Bairdiella ronchus, Sciadeichthys luniscutis, Arisotremus surinamensis, Trachinotus carolinus e Oreochromus niloticus. Estas espécies foram coletadas no manguezal do rio Pacoti e do rio Cocó. Cada espécie, após a morte, foi preservada em solução de álcool etílico 70% e, em seguida, foram identificadas a partir de bibliografia científica pelos estagiários do Laboratório de Malacologia do Curso de Biologia da UFC, e postas em vidros para exposição. Os peixes em exposição possuem como referência o nome científico, o nome vulgar, o local e data de coleta e a pessoa que os identificou para a exposição. c) Moluscos Foram coletadas 7 espécies de moluscos para a exposição: Littorina angulifera, Iphigenia brasiliana, Anomalocardia brasiliana, Crassostrea rhizophorae, Mytella sp., Melampus coffeus e Tagelus plebeus. Estas espécies também foram coletadas no manguezal do rio Pacoti e do rio Cocó. Cada espécie, após a morte, foi preservada em solução de álcool etílico 70% . Em seguida, elas foram identificadas a partir de bibliografia científica pelos estagiários do Laboratório de Malacologia do Curso de Biologia da UFC. Após serem identificadas, elas foram expostas ao sol para secar. Para a exposição, foram feitas 3 placas de madeira com 21cm de altura e 30cm de comprimento e dois pés expostos em sua lateral, servindo para sustentação, como em um porta-retratos. Em duas das placas foram expostas duas espécies e em uma delas três espécies. Os moluscos em exposição, possuem como referência o nome científico e o nome vulgar. 1.2) Para a exposição dos elementos da flora do manguezal: Foram coletadas as cinco espécies principais da flora do manguezal do rio Pacoti, são elas: Rhizophora mangle, Avicennia germinans, Avicennia schaueriana, Conocarpus erectus e Laguncularia racemosa. Com amostras de fruto em botões, no caso da Conocarpus erectus, flor e propágulo, no caso da Rhizophora mangle, sementes da Avicennia sp. e amostras da Laguncularia racemosa recém-germinada. Essas amostras foram prensadas e, posteriormente ressecadas numa estufa durante duas semanas. Depois, montou-se as excicatas de forma artesanal, para após serem montadas em um painel. Para o painel, foi utilizado 1m2 de tecido de algodão cru, lã e plástico. Fez-se seis bolsos com o plástico para colocar as excicatas, em seguida, as costuramos com fio de lã no tecido de algodão cru, indicando-se a sua denominação comum e a nomenclatura científica. 1.3) Para a exposição dos tipos de solo do manguezal: Foi encomendado um aquário com 50cm de comprimento e 20cm de altura, com uma divisória de vidro no meio. Sendo colocado, de um lado, o sedimento arenoso e de outro o sedimento lodoso, de forma que possa ser visualizado como um perfil no campo. 1.4) Para a exposição dos impactos ambientais no manguezal em áreas metropolitanas: Foi exposto, em forma de painel, trabalhos científicos de aluno de graduação do PET da Geografia e de outro do mestrado em Desenvolvimento do Meio Ambiente (PRODEMA), os resultados estão ilustrados por fotografias e mapas temáticos. Além disso, para melhor ilustrar o espaço e compor o tema de impactos, foi exposto um cartaz sobre o ecossistema manguezal da Série Ecossistemas Brasileiros, do Instituto de Biociências de São Paulo, indicando todas as espécies da fauna e da flora do manguezal, os recursos hídricos e os tipos de solo, colocando, inclusive, a disposição dos animais nos diferentes ambientes do manguezal. Ainda, foi pintado pelos alunos da Geografia, um painel no móvel que sustenta os crustáceos embalsamados. A pintura ilustra o ecossistema manguezal, com sua fauna e flora mais características e a pesca artesanal de tarrafa das comunidades estuarinas. 2º) Realização de exposições temporárias sobre temas ambientais: 2.1) Exposição temporária de Recursos Hídricos: Foi pintado, por estagiário do Laboratório de Recursos Hídricos e Climatologia e estudante do curso de Geografia, um painel com 2,10m de comprimento e 0,5m de largura, com paisagens naturais litorâneas. Este painel foi colocado acima da exposição e, abaixo foram arrumados os trabalhos apresentados. Inicialmente, foram apresentados trabalhos dos estagiários do laboratório. Os trabalhos devem ser substituídos em forma de rodízio, de dois em dois meses. Por constar na grade curricular do curso de Geografia a disciplina de Águas Superficiais, os seminários apresentados nesta irão, periodicamente, serem expostos na forma de painel na exposição de Recursos Hídricos. O espaço total da exposição é de 1,20m de largura por 2,10m de comprimento. 2.2) Exposição temporária dos Trabalhos dos Estudantes: Foi pintado, por estudante do curso de Geografia, um painel com 2,10m de comprimento e 0,5m de largura, com paisagens naturais e antrópicas. Este painel foi colocado acima da exposição e, abaixo foram arrumados os trabalhos apresentados. Inicialmente, foram apresentados trabalhos dos bolsistas e dos estagiários do laboratório e que também devem ser substituídos em forma de rodízio, de dois em dois meses. Nesta exposição podem ser apresentados trabalhos de qualquer estudante universitário, contanto que o tema seja relacionado a meio ambiente. O espaço total da exposição é de 1,20m de largura por 2,10m de comprimento. 2.3) Exposição temporária de Climatologia: Foram pintados, por estudante do curso de Geografia, dois painés com 2,10m de comprimento e 0,6m de largura, com paisagens naturais. Estes painéis foram colocados nas laterais da exposição e, no meio foram arrumados os trabalhos apresentados. Os trabalhos também devem ser substituídos em forma de rodízio, de dois em dois meses. Por constar na grade curricular do curso de Geografia a disciplina de Climatologia e Climatologia Dinâmica, os seminários apresentados nestas irão, periodicamente, serem expostos na forma de painel na exposição de Climatologia. O espaço total da exposição é de 1,20m de largura por 2,10m de comprimento. 3º) A reforma do Laboratório de Recursos Hídricos e Climatologia: A reforma do Laboratório foi no sentido de organizar o local para visitação. As paredes foram pintadas novamente e os quadros e flanelógrafo reorganizados. Alguns móveis foram tirados e outros rearranjados no espaço. As três mapotecas, sendo duas verticais e uma horizontal foram reorganizadas, tendo todos os seus mapas uma nova catalogação. Completando a organização do laboratório está sendo feita uma Biblioteca Ambiental, com publicações acerca deste tema e que servirá para consulta dos estudantes universitários, estudantes e professores do Ensino Médio e Fundamental, principalmente de escolas públicas. Além de pesquisas dos próprios estagiários e bolsistas do Laboratório. Todas essas atividades foram realizadas pelos bolsistas e estagiários do Laboratório, e financiadas pelos orientadores. CONCLUSÃO O fato dos estudantes que fazem as disciplinas relacionadas ao tema do Laboratório poderem apresentar seus seminários em forma de painel no espaço Mundo Livre, os incentiva a exporem seus trabalhos em outras situações acadêmicas, além de os motivarem a conhecer as atividades do Laboratório, podendo, futuramente, integrar-se a elas. Além dos painéis pintados ditos acima, o espaço Mundo Livre possui sua logomarca, também pintada pelos estagiários do Laboratório, estudante do Mestrado PRODEMA e do curso de Geografia. Este painel possui 2,10m de comprimento e 0,5m de largura e fica exposto logo na entrada do espaço, que dá acesso às exposições e ao museu do manguezal e, também, ao Laboratório. O espaço Mundo Livre é um espaço integrado que interage com pessoas de vários cursos e setores da universidade, servindo de apoio e fonte de pesquisa para a comunidade científica e a sociedade em geral, e promovendo a Geografia fora dos muros da Universidade. As atividades do Mundo Livre foram integradas a do Laboratório, já tendo sido realizado cursos, palestras e visitas monitoradas ao espaço. Mas, sabemos que muito ainda deve ser feito e, por espaço ser dinâmico e aberto — o que o próprio nome sugere —, ele está sempre sujeito a sugestões, complementações e rearanjamentos. Pretendemos, ainda, elaborar uma página para colocarmos na Internet, para servir como mais um espaço de divulgação de nossos trabalhos e fonte de pesquisas para estudantes em geral. BIBLIOGRAFIA JÚNIOR, Airton Ibiapina Montenegro. Parque Ecológico do Cocó. Fortaleza: AUMEF/SDU/Secretaria do Meio Ambiente, 1989. MIRANDA, Paulo de Tarso & NÓBREGA, Régia Maria de. O que é Manguezal. Fortaleza: Governo do Ceará/SDU/SEMACE, 1992. PROJETO PARQUE VIVO. Fauna e Flora do Manguezal do Rio Cocó. Fortaleza: 1994. SCHAEFER-NOVELLI, Yara. Manguezal- Ecossistema entre a terra e o mar. São Paulo: Coribbean Ecological Researih, 1995.