A IMPORTÂNCIA DO PATRIMÓNIO NA ESCOLHA DO DESTINO TURÍSTICO Autor: Licenciado Artur Jorge Faria Quintal Orientador: Professora Doutora Maria Manuela M. S. Sarmento Coelho DISSERTAÇÃO SUBMETIDA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM GESTÃO ESTRATÉGICA E DESENVOLVIMENTO DO TURISMO Funchal, Outubro 2008 DEDICATÓRIA À Caty, pelo apoio e pelo conforto, pela energia e pela Luz 2 AGRADECIMENTOS São em momentos como este - que marcam o nosso percurso de vida, enriquecem o nosso património intelectual e, por consequência, a nossa essência humana – em que temos de exaltar a nossa gratidão e profundo reconhecimento a todos quantos, directa ou indirectamente, tornaram possível a realização deste trabalho de investigação académica. Cabe, por isso, uma primeira palavra de agradecimento à Professora Doutora Manuela Sarmento pela sabedoria transmitida, pelo acreditar no tema proposto, pelo empenho, estímulo e dedicação ao seu desenvolvimento, e pelo seu carinho à Madeira. À minha mãe, por Tudo, aos amigos, pela solidariedade e conforto, aos colegas de Mestrado, pelo companheirismo e troca de ideias. Ao João Carlos Abreu, ex-secretário regional do Turismo e Cultura, e ao Gilberto Teixeira, antigo Conselheiro Técnico do Gabinete do Secretário Regional do Turismo e Cultura, pela amizade, pelo saber e experiência, pelo apoio e compreensão. Aos colegas e amigos Dorita Mendonça, Elisabete Alves e Gil Camacho (SRTT) e Sara Camacho (DRAC), pela colaboração prestada ao longo do trabalho de pesquisa exploratória. À Márcia Baptista, pelas horas dedicadas aos números, ao amigo portosantense Artur Ferreira, pela inesgotável disponibilidade, aos jornalistas e amigos de sempre Emanuel Correia, João Carlos Silva e Lourenço Freitas, pela lealdade e bons conselhos. Aos directores hoteleiros Manuel Cid (Riu Palace Madeira), Vanda Rosado (Residencial Central), João Dias (Albergaria Dias), Daniel Serrão (Hotel Monumental Lido), Guida Silva (Hotel Girassol), Isaac Gomes (Monte Mar Palace Hotel) e Énio Encarnação (Quinta do Jardim da Serra), pelo tempo e cooperação dispensados à aplicação dos inquéritos. 3 A Sua Excelência o Presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira, Dr. Alberto João Jardim, aos directores regionais do Turismo e dos Assuntos Culturais, respectivamente, Dr. Paulo Faria e Dr. João Henrique Silva, ao director executivo da Associação de Promoção da Madeira, Dr. Oto Oliveira, ao delegado da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo, Sr. João Welsh, e à presidente da Associação de Arqueologia e Defesa do Património da Madeira, Dra. Isabel Gouveia pela gentileza e disponibilidade com que acederam às entrevistas. E a ti, meu Amor, muito obrigado! 4 RESUMO O turismo continua a ser o principal sector de actividade e motor da economia regional. Graças ao clima ameno e às belezas naturais, a imagem do destino Madeira esteve sempre associada ao factor Natureza, recurso turístico mais autêntico e vendável. Neste trabalho de investigação propôs-se avaliar se o património regional, nos seus componentes natural, cultural e histórico, condiciona ou favorece a escolha pelo destino e de que modo contribui para a sua promoção externa. Através de uma abordagem antropológica, procurou-se aferir se a cultura popular, transmitida de geração em geração, construída ou apreendida, se apresenta como um factor de atracção para o turista e veículo de captação de novos segmentos de mercado. Além da pesquisa bibliográfica e documental, os turistas foram convidados a revelar as motivações das suas escolhas e os responsáveis do Turismo e da Cultura a explicar que políticas preconizam para estes sectores. A Madeira conserva um perfil de turista de idade adulta, de nível económico médio-alto, que viaja em voos charter e prefere hotéis de quatro e cinco estrelas. A maioria viaja atraída pelos recursos naturais e culturais da Ilha, com as férias a terem correspondido às expectativas para 81,6% dos turistas. O regresso é admitido pela quase totalidade dos visitantes, que classificaram de bom o tempo passado na Madeira. A satisfação pela qualidade da oferta turística é o ponto mais evidenciado pelos turistas. Por sua vez, as entidades regionais do sector público e privado assumem que a cultura é efectivamente uma componente indissociável na promoção do destino. Palavras-chave: Património, Turismo Cultural, Destino Turístico, Marca, Promoção. 5 ABSTRACT Tourism is the main sector of activity and a driving force of our regional economy. Thanks to its mild climate and natural beauty, the Madeira’s image as a tourist destination has always been linked to Nature. In this research project the purpose is to analyse if regional heritage in its natural, cultural and historic components, encourages the choice of this destination and how this has contributed to its promotion abroad. Through an anthropological approach, we tried to ascertain if popular culture handed down from generation to generation, raised or apprehended, presents itself as an attraction factor for tourists and as of new form of conquering new market segments. In addition to literature and documentary research, tourists were invited to expose their motivations, while those responsible for tourism and culture had to explain why they recommend and pursue these policies for this sector. Madeira Island preserves a senior tourist profile with a medium-high economic level, which travels on charter flights and prefers four to five stars hotels. The great majority of travellers are attracted by the natural and cultural resources of the island, with the holidays coming up to the visitor’s expectations on 81.6%. Almost all visitors admit they will be returning to Madeira and rate their time spent in Madeira as being good. The satisfaction with the service quality provided is clearly the most pointed out factor by tourists. In return, local public and private sectors assume that culture is indeed a determinant component, when promoting Madeira as a tourism destination. Key words: Heritage, Cultural Tourism, Tourist Destination, Brand, Promotion 6 ÍNDICE DEDICATÓRIA……………………………………………………………...…………..2 AGRADECIMENTOS.......................................................................................................3 RESUMO............................................................................................................................5 ABSTRACT.......................................................................................................................6 ÍNDICE..............................................................................................................................7 ÍNDICE DE FÍGURAS....................................................................................................11 ÍNDICE DE GRÁFICOS.................................................................................................12 ÍNDICE DE QUADROS..................................................................................................14 SIGLAS............................................................................................................................16 CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO....................................................................................17 1.1 INTRODUÇÃO………………………………...……………………………….17 1.2 TEMA E OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO…………...………………......19 1.3 HIPÓTESE E JUSTIFICAÇÃO…………………………...……...……...……. 21 1.4 METODOLOGIA DE TRABALHO…………………………...….……………23 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO…………………………...…….…...…….….26 ´ CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA……...…………………………. …28 2.1 INTRODUÇÃO………………………………..………………….……………28 2.2 PRESSUPOSTOS DO TURISMO..…...……………………...….….……. …. 29 2.2.1 2.3 O TURISMO CULTURAL……………………………..………..………...30 LUGARES DE INTERACÇÃO CULTURAL…………..……....…….……....32 2.3.1 A GESTÃO DA MARCA NOS DESTINOS TURÍSTICOS……...........…. 34 2.3.2 A MARCA………………………...………………………………....……. 35 2.3.3 PROMOÇÃO E MARKETING TURÍSTICO……………….……....……. 37 7 2.4 O TURISMO DE PORTUGAL……………..………………………….……....40 2.5 O TURISMO NA MADEIRA………………………….……….……..……….42 2.5.1 2.6 NOÇÕES DE CULTURA……………………………………...……………....50 2.6.1 2.7 ESTATÍSTICAS DO TURISMO NA MADEIRA…………..……...……...46 IDENTIDADE E ESPECIFICIDADE CULTURAL……………….………52 O PATRIMÓNIO COMO OPÇÃO TURÍSTICA...……………...…….…...….53 2.7.1 DO LEGADO À CONSTRUÇÃO SOCIAL……………........….…..…. …55 2.7.2 TURISMO E PATRIMÓNIO ANTROPOLÓGICO…………….....…...….56 2.8 PATRIMÓNIO E CULTURA NA MADEIRA……...…………....……...……58 2.8.1 PRESERVAÇÃO VERSUS UTILIZAÇÃO………...…………. …..……. 63 2.8.2 FÉRIAS E GASTO EM ACTIVIDADES CULTURAIS… …….……..…. 65 CAPÍTULO III: MADEIRA: RETRATO SOCIETÁRIO………………..…. ……67 3.1 INTRODUÇÃO……………………………..…………………….………...….67 3.2 BREVE RESENHA HISTÓRICA…………………...………….……….....…68 3.2.1 GEOGRAFIA DO ARQUIPÉLAGO…………………………..……..……69 3.2.1.1 3.3 Clima e Natureza……………………………..……...……………….71 CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO…………………………...………………72 3.3.1 O SABER E O FAZER…………………...………..…. …...………..…. …77 3.4 ANIMAÇÃO, CULTURA E IMAGEM…………...…….…...……………. …80 3.5 ANÁLISE SWOT DO DESTINO MADEIRA…………….…......……………84 CAPÍTULO IV: PERFIL DO TURISTA E MODELO ECONÓMICO…..………87 4.1 INTRODUÇÃO………………………………………………………………...87 4.1.1 4.2 CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA DO TURISTA……………89 4.2.1 4.3 ASPECTOS METODOLÓGICOS…………………………..……....…88 FREQUÊNCIA E TIPOLOGIA DAS VIAGENS………………..…….93 DETERMINATES DAS ESCOLHAS……………………………………..….98 4.3.1 DESCOBERTA E IMPACTO DO DESTINO……………..….…...…101 4.3.2 PARÂMETROS DA SATISFAÇÃO…………………………………109 4.3.2.1 Motivações e Segmentos de Mercado……………...………………….114 8 CAPÍTULO V: VISÃO E ESTRATÉGIAS GLOBAIS...........................................120 5.1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………….120 5.2 ENTREVISTAS………………………………………………………...…….121 5.3 ANÁLISE FUNCIONAL ÀS ENTREVISTAS…………………………...….135 5.4 CONCLUSÕES DAS ENTREVISTAS………………………………………141 CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES………...…………..…143 6.1 INTRODUÇÃO………………………………………………………...……..143 6.2 CONCLUSÕES GERAIS…….………………………………….……………144 6.3 REFLEXÕES FINAIS…………………………………………………...……146 6.4 MODELO FINAL………………………………………………………….…147 6.5 RECOMENDAÇÕES……………………………………………………..…..148 6.6 LIMITAÇÕES DO TRABALHO.....................................................................149 6.7 INVESTIGAÇÕES FUTURAS………………………………………………150 BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………...…………151 APÊNDICES………………………………………………………………………….160 APÊNDICE A - INQUÉRITO……………………………………………...………160 APÊNDICE B – GUIÃO DE ENTREVISTA………………………………..……..167 APÊNDICE C – PLANO OPERACIONAL DE VARIÁVEIS…………………….169 APÊNDICE D – MANANCIAL DE QUADROS………………………………….183 APÊNDICE E – LISTA DE ENTIDADES, ESPAÇOS, MONUMENTOS E EVENTOS CULTURAIS………………………………………..…………193 ANEXOS……………………………………………………………………………...202 ANEXO F – EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS E DE TURISMO NO ESPAÇO RURAL, POR CATEGORIA………………………………….202 ANEXO G – EMPRESAS DE ANIMAÇÃO TURÍSTICA LICENCIADAS NA RAM…………………………………………..………..203 ANEXO H – AGÊNCIAS DE VIAGEM EXISTENTES NA RAM………….……207 ANEXO I – RENT-A-CARS EXISTENTES NA RAM……………………..……..209 ANEXO J – ESTABELECIMENTOS HOTELEIROS COM REGIME DE DIREITOS REAIS DE HABITAÇÃO (TIME SHARING-TS)…….……211 ANEXO L - IMÓVEIS CLASSIFICADOS DA RAM, 9 POR CATEGORIA E CONCELHO……………………………………….…212 ANEXO M – ORÇAMENTO DO TURISMO E CULTURA-PIDDAR2008 E DA ASSOCIAÇÃO DE PROMOÇÃO…………………………………….216 10 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 3.1: Mapa do Arquipélago da Madeira……………………………………………69 Figura 3.2: Divisão Administrativa da RAM……………………………….…………….70 Figura 3.3: Modelos de Pirâmides Etárias……………………………………...…………75 11 ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 3.1: Evolução da População Residente na RAM…………………………...…….72 Gráfico 3.2: Evolução da População Residente na RAM, por Concelhos………………..73 Gráfico 3.3: Pirâmide Etária da População Residente na RAM…………………………..76 Gráfico 4.1: Total de respostas, segundo o sexo dos inquiridos………………………….90 Gráfico 4.2: Total de indivíduos, segundo a situação face ao trabalho…………………...91 Gráfico 4.3: Total de indivíduos, segundo os grandes grupos etários ……………………91 Gráfico 4.4: Total de indivíduos, segundo a frequência que viaja para fora do seu país………………………………………………93 Gráfico 4.5: Total de indivíduos, segundo o motivo das viagens…………………..…….94 Gráfico 4.6: Total de indivíduos, segundo o período de gozo de férias…………………..94 Gráfico 4.7: Total de indivíduos, segundo viaja sozinho ou acompanhado…………...….95 Gráfico 4.8: Total de indivíduos, segundo o acompanhante em férias……………………95 Gráfico 4.9: Total de indivíduos, segundo já ter visitado a RAM…………………….…..96 Gráfico 4.10: Total de indivíduos, segundo o tipo de voo utilizado…………….………..97 Gráfico 4.11: Total de indivíduos, segundo o conhecimento que tinham da Madeira…....99 Gráfico 4.12: Total de indivíduos, segundo o conhecimento das grandes áreas turísticas da RAM………………………………………..99 Gráfico 4.13: Total de indivíduos, segundo o conhecimento de locais turísticos………..101 Gráfico 4.14: Total de indivíduos, segundo os elementos característicos 12 associados ao destino Madeira………………………………………….….103 Gráfico 4.15: Total de indivíduos, segundo os factores associados à Madeira antes de conhecer o destino………………………………………………...104 Gráfico 4.16: Total de indivíduos, segundo actividades de lazer realizadas…….……….105 Gráfico 4.17: Total de indivíduos, segundo actividades desportivas realizadas…………106 Gráfico 4.18: Total de indivíduos, segundo eventos culturais ou de animação a que assistiram……………………………………………107 Gráfico 4.19: Total de indivíduos segundo os factores associados à Madeira depois de conhecer o destino……………………………………..……...…108 Gráfico 4.20: Total de indivíduos, segundo o nível de satisfação sobre o destino e por diferentes categorias……………………………………………...………….110 Gráfico 4.21: Total de indivíduos, segundo o nível de satisfação………………...……..112 Gráfico 4.22: Total de indivíduos, segundo o grau de satisfação global…………...……112 Gráfico 4.23: Total de indivíduos, segundo as expectativas/objectivos de férias…...…..113 Gráfico 4.24: Total de indivíduos, segundo a melhor altura do ano para férias…………113 Gráfico 4.25: Total de indivíduos, segundo a intenção de voltar à Madeira….…...…….114 13 ÍNDICE DE QUADROS Quadro 2.1: Presidentes da Delegação de Turismo da Madeira ………………………….45 Quadro 2.2: Mapa dos Empreendimentos Turísticos na RAM, em 2007……………...….47 Quadro 2.3: Mapa das Entidades Turísticas Existentes na RAM…………………………48 Quadro 2.4: Imóveis Classificados por Concelho e Categoria…………………………... 59 Quadro 2.5: Monumentos e Espaços Culturais Existentes na RAM………………..…… 60 Quadro 2.6: Associações Culturais Existentes na RAM……………………………...…..61 Quadro 2.7: Centros Culturais Existentes na RAM……………………………...………..62 Quadro 3.1: População Residente na RAM, Sem Nenhum Nível de Ensino, a Frequentar o Ensino e Segundo a Taxa de Analfabetismo, Por Sexo, 2001………………………………………………..……………..78 Quadro 3.2: População Residente na RAM, Segundo o Nível de Escolaridade, Por Sexo, 2001………………………………………………………………78 Quadro 3.3: População Residente na RAM, Segundo a Actividade Económica e o Emprego, Por Sexo, 2001……………….………………………………79 Quadro 3.4: Famílias e Núcleos Familiares Residentes e Alojamentos Familiares Existentes na RAM, 2001…………………………...……………………………….……80 Quadro 3.5: Calendário de Eventos Culturais, Festas Religiosas e Festas Populares na RAM………………………………………………....81 Quadro 3.6: Calendário de Feiras e Eventos de Turismo com Participação da RAM……83 Quadro 3.7: Análise SWOT do Destino Madeira…………………………………...…….85 Quadro 4.1: Distribuição das respostas ao questionário, segundo local de aplicação…….88 Quadro 4.2: Distribuição das respostas ao questionário, segundo concelho de aplicação.......................................................................89 Quadro 4.3: Total de indivíduos, segundo o país de origem……...………………………90 14 Quadro 4.4: Total de indivíduos, segundo o nível de escolaridade……………………….92 Quadro 4.5: Total de indivíduos, segundo o rendimento mensal…………………………92 Quadro 4.6: Total de indivíduos, segundo as principais razões de escolha pelo destino Madeira………………………………………………………..96 Quadro 4.7: Total de indivíduos, segundo outros motivos de escolha do destino……..…97 Quadro 4.8: Total de indivíduos, segundo a tipologia do alojamento escolhido…...…….98 Quadro 4.9: Total de indivíduos, segundo o conhecimento de outras áreas turísticas...….100 Quadro 4.10: Total de indivíduos, segundo o conhecimento de outros locais turísticos…102 Quadro 4.11: Regressão Logística, segundo a variável dependente “tenciona voltar Madeira”……….……………………………………..….115 Quadro 4.12: Teste de Hosmer e Lemeshow…………………………………………….116 Quadro 4.13: Sumário do modelo…………………….…………………...…………….116 Quadro 4.14: Variáveis incluídas no modelo…………...……………………………….116 Quadro 4.15: Variáveis retiradas do modelo…………………………………………….117 Quadro 4.16: Agglomeration Schedule………………………………………………….118 Quadro 4.17: Descrição dos clusters…………………………………………………….119 15 SIGLAS AP-M – Associação de Promoção da Madeira APAVT – Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo ARCHAIS – Associação de Arqueologia e Defesa do Património da Madeira DRAC – Direcção Regional dos Assuntos Culturais DRT – Direcção Regional do Turismo INE – Instituto Nacional de Estatística IPDT – Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo PENT – Plano Estratégico Nacional do Turismo PIB – Produto Interno Bruto PIDDAR – Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira POT – Plano de Ordenamento Turístico OMT – Organização Mundial do Turismo RAM – Região Autónoma da Madeira SRTT – Secretaria Regional do Turismo e Cultura SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities, and Threats UMa – Universidade da Madeira UNESCO – United Nations Educational Scientific and Cultural Organization 16 CAPÍTULO I INTRODUÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO Com o fim do modelo fordista1, criaram-se novos cenários onde se expressa a tensão em que vive actualmente o turismo; reconversão das áreas industriais em declínio para fins turísticos; estratégias de reconversão dos destinos turísticos consolidados; novos espaços turísticos de hiper-realidade; e crescente procura de estratégias turísticas de sustentabilidade (Campêlo, 2007). A partir deste enquadramento, em que se desenham novos modelos da teoria e prática turística, emerge a necessidade de se proceder a uma reflexão pertinente e aprofundada, já que o turismo actual se redefine em moldes que ultrapassam as estratégias tradicionais. De acordo com as teorizações de Donaire (1998), Harvey (1989), Urry (1995), a redescoberta do património introduz no turismo novos espaços e realidades, como zonas industriais reconvertidas, seja pelo aproveitamento dos “vazios” entretanto causados pelo fim do seu uso ou, num sentido por vezes definido como “pós-moderno”, fazer desses espaços industriais espaços de memória, introduzindo o espaço de produção na lógica turística. Embora se reconheça que questionar o turismo a partir da Antropologia possa parecer um pouco abusivo, a verdade é que é preciso aceitar-se que a Antropologia tem uma palavra 1 O turismo fordista tinha por base uma especialização sectorial, a partir de poucos recursos naturais (praia ou montanha), numa oferta caracterizada pela homogeneização. O destinatário é visto como uma massa uniforme, esquecendo-se da singularidade da procura e das novas exigências. Outra característica é a contradição que se verifica entre uma oferta rígida e homogénea e uma procura em mudança e diferenciada. Este modelo turístico teve uma rápida consolidação por se basear no avanço tecnológico dos transportes e das comunicações e teve como objectivo estrutural a maximização do número de visitantes. 17 pertinente a dizer no redimensionamento das estratégias relativas ao turismo, se se trata de assuntos como os da cultura, do património e do desenvolvimento sustentado. Os conceitos de património, autenticidade e identidade, emergentes nos modelos recentes da indústria turística devem sujeitar-se a uma abordagem antropológica crítica. O conceito de património inclui não apenas o conteúdo a que se refere mas também as relações sociais e culturais que lhes são inerentes. Campêlo lembra que só deve ser considerado património aquilo que possa ser compreendido e sentido, como algo de pertença, pelo grupo humano que o herda. Ressalva que a herança patrimonial tem uma utilidade que vai para além do mero acto de guardar ou conservar. Ela é algo que enriquece as comunidades, porque lhes dá sentido, identifica-as com a sua memória, fazendo com que se transforme num capital, a que podem recorrer sempre que é preciso investir na consciência de si mesmas e na transformação do mundo onde age. «O consumo do património insere-se no conceito de mercantilização da cultura: vende-se e compra-se para usufruto imediato» afirma Hewison (1987) considerando que se passou de um olhar reducionista e elitista do património2 para uma visão de produto de mercado. Não obstante as correntes filosóficas que se debruçaram sobre o turismo contemporâneo e do chamado pos-modernismo, com a assumpção de novos paradigmas e modelos turísticos, a Cimeira do Rio (1992) marcou uma nova etapa na abordagem do sector ao definir os princípios do um desenvolvimento sustentável como estratégia de acção futura. Por desenvolvimento sustentável entende-se assim a capacidade de responder às necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras; um processo de mudança que tem em conta a exploração dos recursos, a orientação dos benefícios, a aplicação das técnicas, a evolução das instituições e empresas, com o fim de reforçar o potencial socioeconómico, apto para responder às necessidades e aspirações da humanidade; os sistemas políticos e económicos, assim como as realidades ecológicas variam de lugar para lugar e por isso não existe nenhum modelo ideal de desenvolvimento sustentável. Admitindo que o turismo sustentável é um turismo aberto e flexível, tendo em conta a realidade económica, social e cultural de um determinado lugar, Donaire (1998) propõe sete princípios básicos que identificam este modelo de desenvolvimento turístico: 2 Umas vezes era visto como expressão do exótico, lugar do “outro”, outras vezes como expressões do raro e do belo, próprio do mundo ocidental, ou ainda como espaços do popular, visitado pela nostalgia de uma identidade perdida. 18 1. Turismo planificado. A planificação terá em conta um estudo detalhado das condições do presente e das perspectivas do futuro, a partir de determinadas variáveis: económicas; ambientais; sociais e culturais. 2. Turismo integrado. A oferta turística deve ser o resultado natural dos recursos locais: as formas arquitectónicas, os acontecimentos festivos, a gastronomia, a relação com o território. Não pode haver turismo alheio à identidade (mesmo tendo em conta o quanto difícil é definir este termo) do lugar onde ele se pratica. 3. Turismo aberto. O turismo sustentável está aberto ao seu território. A dimensão local do turismo assenta nas especificidades locais, na abertura às localidades vizinhas, propondo assim uma oferta baseada na diversidade. 4. Turismo dimensionado. Não pode haver um turismo sustentável sem estar dimensionado ao tempo em que se realiza e ao espaço onde se pratica. O fim do conceito de “estação” turística é importante para reduzir os impactos sobre o território, a despersonalização da experiência turística. A viabilidade de um projecto turístico depende de um dimensionamento onde a capacidade do território e a qualidade da experiência sejam acauteladas. 5. Turismo participativo. Deverão ser incluídos novos sistemas de gestão, através da participação de todos os agentes que intervêm no processo turístico. É importante referir que esses agentes não são meramente os profissionais do turismo, mas também as comunidades locais, as associações comunitárias e outros agentes económicos e políticos. 6. Turismo duradouro. O turismo sustentável não se baseia num crescimento a curto prazo, tendo em conta a procura. Ele deverá ter em conta o modelo que propõe e definir a partir dele as estratégias a longo prazo. Assim, o turismo sustentável deverá integrar o crescimento económico com a preservação do meio ambiente e da identidade local, os quais são os principais activos do desenvolvimento turístico. 1.2 TEMA E OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO O tema que intitula a presente dissertação de mestrado – “A importância do património na escolha do destino turístico” – surge da ousadia confessa de se analisar, com igual rigor 19 científico, um sector que até aqui tem sido matéria privilegiada de estudo para economistas, gestores e analistas de marketing, com base naquilo que se considera alicerçar, estar na base, da essência humana e da vida dos indivíduos em grupo: a Cultura. Tratando-se de uma ilha com fortes tradições na história do turismo, uma das primeiras cidades europeias no Atlântico e, por consequência, hoje um produto e destino perfeitamente amadurecidos, procura-se avaliar numa perspectiva antropológica se os diferentes géneros do património regional, tangível e intangível, condicionam ou motivam a escolha por um determinado destino turístico e, naturalmente, a que níveis contribuem para a sua promoção e divulgação externa. Especificamente, procura-se aferir se os elementos físicos, mas também simbólicos e imaginários de um destino como a Madeira, insular, Atlântico e europeu, dotado de microclimas e paisagens únicas, constituem de per si vantagens comparativas capazes de se tornarem vantagens competitivas num mercado tão concorrencial, globalizado e vulnerável como é o de hoje. Por outro lado, tentar compreender se a sua génese cultural, assente nos costumes, nos usos, nas tradições, nas lendas e na memória colectiva de um povo que é ilhéu, se afigura como condição real de atractividade do turista que alimenta expectativas e que aqui procura sonhos, experiências e novas sensações. Na verdade, queremos saber se a identidade própria dos lugares, isto é, a língua, os dialectos, as crenças religiosas, os aspectos arquitectónicos, morfológicos, geológicos e climáticos, as manifestações culturais nas suas mais variadas expressões artísticas, o sentimento de pertença das populações, as redes sociais de parentesco, de vizinhança e de amizade e as relações entre povos ilhéus e insulares vizinhos, com as suas influências de inter e multiculturalidade, podem ou não constituir motivos de promoção e captação turística nos mais diferentes mercados do sector. Dito de outra forma, conferir se não são essas pequenas partículas do nosso património natural, cultural e histórico, como as casas de colmo, as piscinas naturais do Porto Moniz, os carrinhos de cesto do Monte, os vimes, o bordado e o Vinho Madeira, o bolo do caco, a espetada e o filete de espada com banana, o milho frito, a poncha, as levadas, o “brinquinho”, o folclore, o clima ameno… os nossos recursos turísticos mais importantes, verdadeiros 20 símbolos regionais, diferenciadores e distintivos de uma marca, a marca Madeira3 que levam por esse Mundo fora, a verdadeira razão da nossa existência turística e, por consequência, da nossa atractividade, ao invés de produtos construídos e copiáveis como o golfe, os SPA’s, os resort’s, entre outros. 1.3 HIPÓTESE E JUSTIFICAÇÃO Uma vez definidos tema e objectivos do presente trabalho, partimos da hipótese central de que o destino Madeira – o terceiro principal destino turístico em Portugal, seguindo-se a Lisboa e Algarve - continuará a beneficiar de uma promoção fortemente sustentada e interligada nas características do património cultural da ilha. Os recursos naturais e físicos e a hospitalidade das suas gentes são factores ainda hoje distintos e potenciadores de serem transformados em vantagens competitivas. Neste contexto, foram várias as motivações que nos conduziram à produção desta dissertação de mestrado versando a temática do Turismo e Cultura. Em primeiro lugar, pela oportunidade que o exercício de funções no Gabinete do secretário regional do Turismo e Cultura, no período compreendido entre 2004 e 2007, proporcionou na familiarização com a gestão diária de ambos os sectores, daí surgindo uma apetência quase natural para a realização de uma análise científica colocando em confronto o turismo e a cultura. Em segundo lugar, tratando-se de uma região cuja principal fonte de receita económica advém da actividade turística, com forte peso no PIB regional e fomentando o emprego e o sustento de grande parte das famílias madeirenses, urge saber se a promoção deve ou não continuar a incidir naquilo que verdadeiramente nos diferencia e distingue enquanto portugueses ilhéus e um dos povos mais antigos da Europa. 3 Segundo a Associação de Promoção da Madeira, “a nova marca Madeira assenta num posicionamento inovador de bem-estar e de descoberta de nós próprios como um todo. Este posicionamento, com uma carga emocional muito forte, leva-nos ao conceito revelador da Madeira como uma ilha holística. (…) É nesta paisagem de contrastes da Madeira, em perfeita harmonia, que encontramos o equilíbrio tão desejado entre o nosso corpo e a nossa mente. O novo posicionamento da Marca Madeira reflecte-se numa imagem rejuvenescida e inspiradora e numa assinatura que fala por si”. 21 Honestamente, tendo por base formação académica em Antropologia Cultural e Urbana, procuraremos demonstrar até que ponto uma explicação antropológica pode ser importante para a definição de estratégias futuras de marketing e promoção turística. Pois, só a História e factores de natureza antropológica podem explicar por que é que a Madeira figura no mapa turístico mundial desde há mais de dois séculos. Trata-se de uma ilha com um dos principais portos europeus, que esteve no centro das Descobertas, na rota do comércio do açúcar, procurada pelos povos do norte da Europa pelas qualidades terapêuticas do seu clima, foi a primeira região do país onde se jogou futebol, foi Região Europeia da Cultura em 2004 e cuja capital – o Funchal – assinala neste ano de 2008 os 500 anos da sua fundação. A riqueza do património edificado e classificado, a beleza das suas representações geológicas, a variedade de emblemas culturais, a estética dos núcleos históricos, a conservação e restauro das localidades, por um lado, e a introdução de novos equipamentos e mobiliário urbano, por outro, para além da variedade de sonoridades musicais e da qualidade do seu vinho de mesa, fazem desta terra uma terra com características únicas. Pegando no tema “Património em Diálogo”, assunto que esteve em destaque nas Jornadas Europeias do Património, em 2007, iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia, é nosso propósito fomentar o diálogo e o debate crítico entre os cidadãos sobre os seus valores culturais, a sua herança histórica e sobre a consciencialização para a sua conservação e preservação. Ou seja, sensibilizar os madeirenses e porto-santenses e os agentes de cultura e de turismo, em particular, para a importância do património cultural, do seu usufruto e sua consequente promoção e divulgação externa. A promoção da cultura integrada na vida socioecnómica de uma cidade ou região constitui um elemento de grande atracção para o turismo, proporcionando alternativas aprazíveis aos visitantes. Por isso, acreditamos que ao se criar um produto novo ou a se preservar um produto de turismo cultural, fomentamos um ambiente cultural e a fidelização de um turismo de qualidade. 22 1.4 METODOLOGIA DE TRABALHO O termo metodologia designa o conjunto de métodos, técnicas e procedimentos, organizados e sistemáticos, a partir dos quais se constrói o conhecimento respeitante a determinada área do saber. O processo de investigação envolve uma série de passos distintos, indo desde a elaboração do projecto até à altura em que são publicadas as suas descobertas ou disponibilizadas sob a forma escrita (Moreira, 1994). A estratégica metodológica ao longo das várias fases do trabalho assentou fundamentalmente na triangulação de técnicas: na pesquisa bibliográfica e documental e pesquisa exploratória de terreno. A pesquisa bibliográfica implicou necessariamente, e em primeiro lugar, a recolha de publicações sobre metodologias de trabalho e de obras várias nos domínios da antropologia urbana e cultural e em marketing e economia do turismo. O recurso à fonte documental compreendeu a recolha de dados estatísticos, mapas e documentos oficiais que permitiram uma caracterização precisa do quadro cultural existente, assim como das movimentações turísticas na Região. A pesquisa de terreno propriamente dita, e já numa fase mais avançada do trabalho, consubstanciou-se na realização de questionários de administração directa (ou autoadministrados) aos turistas hospedados em algumas unidades de alojamento espalhadas pela ilha, de modo a aferir as suas preferências, razões de escolha pelo destino e aspectos que mais valorizam. Os inquéritos bilingue, construídos em português e inglês, com 28 pontos de análise (Apêndice A), foram aplicados entre os dias 10 de Março e 10 de Maio de 2008, propositadamente para abranger o período de mini-férias da Páscoa e o fim-de-semana da Festa da Flor, dois momentos altos no turismo da Madeira. Antes, foi feito um pré-teste ao questionário sobre um universo de 30 indivíduos, de modo a assegurar-se um tipo de linguagem acessível e aferir-se da sua clareza, objectividade científica e ordem nas perguntas. Foram escolhidos hotéis segundo critérios de proximidade com a administração (que se pressupõe sem relação directa com os turistas, mas que nos garante maior abertura e colaboração na aceitação deste tipo de trabalhos), da sua distribuição geográfica e das 23 diferentes categorias de alojamento. Foram então seleccionadas três unidades hoteleiras no centro do Funchal (Albergaria Dias, Hotel Girassol e Hotel Monumental Lido), uma na zona Este (Hotel Riu Palace), duas para Oeste (Quinta do Jardim da Serra e Monte Mar Palace) e uma no Porto Santo (Residencial Central). A amostragem e em particular os processos de amostragem aplicam-se em variadíssimas áreas do conhecimento e constituem, muitas vezes, a única forma de obter informações sobre uma determinada realidade que importa conhecer. A teoria da amostragem é assim um dos instrumentos que possibilita esse conhecimento científico da realidade, onde outros processos ou métodos alternativos, por razões diversas, não se mostram adequados ou até mesmo possíveis. A amostragem é o processo de determinação de uma amostra a ser pesquisada, onde a amostra é uma parte de elementos seleccionada de uma população estatística. Antes de se estabelecer o plano amostral, é fundamental identificar a população-alvo e a população do estudo. No caso concreto do nosso estudo, a população-alvo é constituída por todos os turistas que visitam a Ilha da Madeira. No entanto, e por questões de ordem operacional, foi necessário identificar a população do estudo constituída pelos turistas que visitaram a Ilha da Madeira entre Março e Maio de 2008 e sobre a qual foi retirada a amostra. O objectivo geral na extracção de uma amostra é obter uma representação fidedigna da população que conduza a estimativas das características da população com uma boa precisão relativamente aos custos de amostragem, isto é, obter uma amostra representativa da população. Não obstante a amostragem por conveniência não ter “garantia estatística” de que a amostra seleccionada seja representativa, estas técnicas de amostragem não aleatória são muito utilizadas e muito úteis quando não é possível usar amostras aleatórias, no âmbito de estudos preliminares ou exploratórios, para além de que garantem maior taxa de participação e fidedignidade nas respostas e baixa redução de custos e de tempo. Apesar da sua fragilidade científica, este tipo de amostragem pode ser usada com êxito em situações nas quais captar ideias gerais e identificar aspectos críticos pode ser mais importante do que a objectividade científica, como é o caso da realização de pré-testes de um questionário. Importa salientar que o questionário administrado é na sua generalidade constituído por variáveis qualitativas ordinais e nominais, pelo que se definiu um Plano Operacional de 24 Variáveis (Apêndice C) segundo a respectiva designação na base de dados, tipo e escala. As variáveis qualitativas categóricas são codificadas na base de dados de acordo com a categoria definida. Com o objectivo de simplificar a análise estatística e a interpretação de resultados foram criadas variáveis auxiliares e, ainda, uniformizadas respostas no conjunto de variáveis onde aparece subjacente uma descrição resultante da alternativa “Outro”. Os métodos estatísticos aplicados de acordo com os objectivos do estudo consistem basicamente em procedimentos descritivos dos dados, tais como frequências absolutas e relativas, tabelas e gráficos, dado que as variáveis recolhidas são na maioria qualitativas. Numa fase posterior, surge a análise multivariada com Regressão Logística para indicar os factores determinantes na escolha do destino Madeira e a análise de Clusters para identificar segmentos de mercado. De salientar também o teste de independência do Qui-Quadrado, aplicado para testar a associação entre duas variáveis. A Regressão Logística consiste em determinar quais os factores, sob a forma de variáveis independentes, que podem influenciar um resultado (variável independente) e que pode ser apenas positivo ou negativo, ou seja, apenas dois valores possíveis: sim ou não. Neste estudo a variável independente encerra-se na escolha do destino Madeira. A análise de Clusters é um procedimento multivariado para detectar grupos homogéneos nos dados, de tal modo que os indivíduos pertencentes a um grupo são o mais semelhantes entre si e diferenciados dos restantes, podendo os grupos serem constituídos por variáveis ou casos. Podem ser utilizados métodos hierárquicos, que obrigam ao cálculo de uma matriz de semelhanças/distâncias ou os não hierárquicos que se aplicam directamente sobre os dados originais e que partem de uma repartição inicial dos indivíduos por um número de grupos definidos pelo investigador. O teste de independência do Qui-Quadrado é um teste estatístico com o objectivo de avaliar a associação entre duas variáveis qualitativas. Por último, e de acordo com o cronograma definido no projecto de investigação, foram ainda realizadas entrevistas semi-estruturadas a diversas entidades com responsabilidades nos sectores público e privado nos campos da Cultura e do Turismo (Apêndice B). A escolha pela realização de entrevistas semi-estruturadas prende-se com o facto do grau de estruturação deste tipo de entrevista permitir total liberdade de movimentos ao entrevistador 25 para alterar a ordem sequencial das perguntas, bem como introduzir novos elementos susceptíveis de obter mais informação. 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO Após a apresentação teórico e conceptual da temática de pesquisa e da operacionalização dos conceitos intrinsecamente ligados aos fenómenos do turismo e da cultura e da análise à complexidade de promoção e atracção dos turistas para mercados cada vez mais globalizados e concorrenciais, que se apresenta nos Capítulos I e II, o presente estudo discorre por mais quatro capítulos de trabalho prático, onde se processa a leitura dos censos à população e o tratamento e análise dos dados estatísticos resultantes dos questionários aplicados aos turistas, destinados a medir as suas preferências e razões de escolha pelo destino Madeira. Assim, o Capítulo III diz respeito à análise antroposociológica sobre o crescimento demográfico da população da Madeira ao longo dos últimos anos, com particular interesse para a sua estrutura etária, níveis de escolaridade, população activa e situação perante o emprego. Por outro lado, apresenta-se aqui o mapa dos principais eventos que fazem parte do calendário de actividades culturais e de animação, assim bem como das principais feiras de turismo onde a Madeira está assiduamente presente. Por fim, comentamos a percepção que se tem da Madeira em três dos seus principais mercados emissores (Reino Unido, Alemanha e Portugal) e esquematizamos a análise SWOT do destino Madeira. Já no Capítulo IV, a um nível etnográfico e mediante a colocação de inquéritos, validou-se o perfil sociográfico dos turistas que visitaram a Madeira e Porto Santo nos meses de Março e Abril de 2008, bem como a tipologia do alojamento escolhido, a distribuição dos locais visitados e de referência, as actividades desenvolvidas e os níveis de satisfação. No Capítulo V, apresenta-se a visão oficial das autoridades governamentais e associativas regionais para as problemáticas do turismo e da cultura, suas interpretações e formas de encarar os sectores, consequentes do conjunto de entrevistas efectuadas, designadamente ao Presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira, directores regionais dos Assuntos Culturais e do Turismo, director executivo da Associação de Promoção da Madeira, presidente 26 da Associação de Arqueologia e Defesa do Património (ARCHAIS) e delegado na Madeira da Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo (APAVT). Finalmente, no Capítulo VI, à laia de conclusão, procuramos traduzir em notas finais aquilo que consideramos ter sido a nossa estratégia argumentativa que sustenta o discurso e sintetizamos as conclusões que permitem confirmar a hipótese, e levantamos a ponta do véu para estudos futuros. À medida que fomos investigando no terreno e recorrendo ao uso de fontes estatísticas, documentais e a suportes multimédia, obteve-se um grande volume de informação que embora relevante para a realização deste trabalho de pesquisa, remetemos para o domínio dos anexos. 27 CAPÍTULO II REVISÃO DA LITERATURA 2.1 INTRODUÇÃO O turismo é um sector altamente dinâmico e mutável, irremediavelmente sujeito às vicissitudes do mundo moderno e globalizado. O turista sonha, idealiza conjunturas e alimenta expectativas. Os destinos pouco maduros, que definam posicionamentos de mercado sobre preferências pouco consolidadas, cuja oferta oscile consoante as modas e que não fidelizem os seus segmentos de mercado pelos recursos turísticos de que dispõem, perderão para modelos turísticos inovadores, mas suportados por estudos mutidisciplinares sobre turismo, onde uma abordagem antropológica permite a introdução de novos elementos de investigação, como a cultura, o património e novos públicos e espaços de fruição, susceptíveis de contribuir para uma mais eficiente e eficaz promoção dos destinos. No caso concreto do destino Madeira, com dois séculos de história do turismo, trata-se de fortalecer uma marca e definir estratégias de marketing assentes em factores de atractividade que preencham ou, pelo menos, complementem as escolhas dos turistas e, em termos de rendibilidade económica, acompanhem a ainda crescente oferta hoteleira. Neste capítulo, tratou-se de analisar os pressupostos do turismo do ponto de vista teórico e conceptual, as cidades como lugares de interacção social, a gestão da marca nos destinos turísticos, a promoção e o markting turístico e, numa perspectiva macro económica, o turismo em Portugal e na Madeira. Abordou-se também algumas noções de cultura e questões de identidade e especificidade cultural, o património como opção turística e o espectro do património na Madeira, sua preservação e utilização e, finalmente, as escolhas de férias e gasto médio dos turistas em actividades culturais. 28 2.2 PRESSUPOSTOS DO TURISMO A Organização Mundial do Turismo (OMT) define o Turismo como «…o deslocamento para fora do local de residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado por razões não-económicas», mas em 1994 aperfeiçoou esta definição para «… o turismo engloba as actividades das pessoas que viajam e permanecem em lugares fora do seu ambiente usual durante não mais do que um ano consecutivo, por prazer, negócios e outros fins». Para uma compreensão mais abrangente deste fenómeno, importa ter em conta os quatro componentes que envolvem o turismo, na perspectiva de Ignarra (2003:11-12): · O turista, que busca diversas experiências e satisfações espirituais e físicas; · Os prestadores de serviços, que encaram o turismo como uma forma de obter lucros financeiros; · O governo, que considera o turismo como um factor de riqueza para a região sobre a sua jurisdição; · A comunidade do destino turístico, que vê a actividade como geradora de empregos e promotora de intercâmbio cultural. Mas, não obstante a discussão continuada sobre o uso do termo, o turismo emerge nos tempos actuais com um conceito mais amplo, quer como actividade humana, quer como actividade económica, visto que em muitas regiões do país e do estrangeiro a indústria do turismo é a principal responsável pelo fomento do emprego e pela geração de riqueza. Porém, o turismo é na verdade uma actividade fundamentalmente humana e universal e só depois económica e numérica, conforme defendeu o antigo secretário regional do Turismo e Cultura do Governo Regional da Madeira, João Carlos Abreu, em sede da Comissão de Ética da OMT, reunida em 1978, em Nova Iorque. Com efeito, o turismo tem como móbil o motivo da viagem, as expectativas, escolhas e desejos do turista e a satisfação dessas emoções e desses sonhos por parte dos lugares e dos prestadores de serviços de produtos turísticos. É feito por pessoas e para as pessoas. 29 Assim, de uma visão estrita de que o turismo se resumia a uma viagem recreativa de lazer, passou-se a assumir uma visão mais abrangente na qual se passa a considerar uma multiplicidade de motivações possíveis na génese dos movimentos turísticos. Também assim, se aceita a definição de que o turismo envolve uma viagem e quase sempre se desenvolve a uma distância de casa. Ou seja, que as experiências oferecidas pelos destinos não se encontram disponíveis no ambiente de residência, daí constituir uma motivação turística o facto de as pessoas terem de se deslocar dos seus locais de origem. Entre as muitas definições possíveis, Henriques (2003:23) sublinha que o turismo pode estruturar-se segundo diferentes características tais como «as motivações», «os seus modos de exercício», «os seus espaços de prática» e ainda segundo o seu «conteúdo funcional». Com base nestes pressupostos, fala-se então de turismo de negócios e profissional, turismo religioso, desportivo, cultural, técnico, de saúde, de aventura, verde, litoral, urbano, rural, elitista, de elevada gama social, de massas, entre outros. O fenómeno turístico na percepção de Dantas (2005:12), começa por um pensamento, por um desejo de uma sociedade, de uma determinada região ou país, em criar novas condições de desenvolvimento económico, através da oferta dos seus recursos naturais, culturais e históricos. Daí que a questão seja «o que oferecer, como, onde e quando?». Até, porque, do outro lado de uma população desejosa de conhecer outros horizontes e de quebrar com a rotina do seu quotidiano, surge a pergunta «que lugares visitar?». 2.2.1 O TURISMO CULTURAL O turismo cultural começa a ser reconhecido como uma categoria de produto turístico distinta nos finais dos anos 70, com o reconhecimento de que algumas pessoas viajam especificamente com o objectivo de conhecer a cultura ou património de dado destino. No entanto, conforme destacam Mckercher e Cros (2002), é a partir da «fragmentação do mercado de massas nos anos 90 que o turismo cultural começa a ser reconhecido por aquilo que ele é: uma actividade de mercado, de elevado perfil». 30 A Carta de Turismo Cultural Internacional, revista e ratificada em 1999, no México, reafirma a importância da conservação assim como salienta a natureza dinâmica da relação turismo/património. Por sua vez, a OMT (1985) propõe uma definição ampla e outra mais restrita de turismo cultural. A mais ampla define cultura como toda a viagem que pela sua natureza satisfaz a necessidade de diversidade, de ampliação de conhecimento, que todo o ser humano traz em si. A mais restrita compreende a viagem por motivos unicamente culturais ou educativos. Já no entendimento de Richards (2000), turismo cultural abarca não só o consumo de produtos culturais do passado como também da cultura contemporânea ou modo de vida de um povo ou região. Assim, turismo cultural pode incluir tanto turismo do património (relacionado com artefactos do passado), como turismo artístico (relacionado com a produção cultural contemporânea) e turismo étnico. Numa visão mais abrangente, Henriques (2003:50) diz que esta ideia romântica de cultura e de intercomunicação cultural, deixa transparecer a importância da relação entre visitantes e visitados, encontro entre pessoas, lugares com memória e inspiração e deixam transparecer também a ideia do aumento das actividades de lazer e do consumo cultural. Gomes Domingues (2000) fala de uma «mercantilização da cultura» com o desejo cada vez maior de cultura, seja uma cultura socialmente mais codificada e mediática, seja uma cultura reservada a círculos mais restritos. Outros autores, como Talavera (2003) consideram que o turismo cultural é concebido como uma forma de turismo alternativo que encarna o consumo da comercialização da cultura. Elementos escolhidos de qualquer cultura passam a ser produtos oferecidos no mercado turístico, pelo que o processo de geração de produtos culturais conduzem a novas formas de interpretar a autenticidade e expressam o dinamismo e imaginação dos grupos locais para adaptar-se às exigências da procura. Fazendo referência a Villa (2001) acrescenta que a motivação do turismo cultural é multidimensional, de maneira que o turista cultural não procura uma única experiência na sua viagem, antes, no sentido estrito, o turista cultural está sobredimensionado, tratando-se de um pequeno número de viajantes individuais, mais do que um turismo de massas. Qualquer produto turístico (seja Sol e Praia, City Breaks, Touring ou Náutico, por exemplo) é sempre resultado de um conjunto de recursos existentes num determinado território. 31 Na sua reflexão sobre a necessidade do recurso cultural se converter em recurso turístico, Rodrigues (2007) defende que do ponto de vista de recursos culturais, cada território expressa uma relação permanente entre passado e presente cuja manifestação ocorre no legado cultural que vai deixando ao longo de sucessivas gerações. Desse legado fazem parte formas de cultura mais eruditas ou populares; mais de carácter material ou imaterial. Lembra então que as tradições, lendas, monumentos, arqueologia, artesanato ou simplesmente a gastronomia são apenas alguns exemplos dos vários recursos culturais que caracterizam um território. «Na cadeia de valor em turismo, a oferta cultural de um destino representa um factor de produção fundamental» sublinha Rodrigues, para logo acrescentar, porém, que «para que esse factor de produção seja utilizado na concepção de um produto, neste caso de um produto turístico, é necessário que se submeta a um processo de transformação e que de recurso cultural passe a recurso turístico». Em suma, independentemente do valor cultural, patrimonial, histórico que um recurso possa ter, somente adquire importância para o turismo se for de facto “consumido” pelo turista. 2.3 LUGARES DE INTERACÇÃO SOCIAL O estilo de vida urbano e a modernidade são faces do mesmo fenómeno de complexidade e de diferenciação da vida social, cujas principais características são o princípio da não-linearidade e a grande autonomia de mundos e domínios específicos. De acordo com Marc Augé (1998: 49-85), o urbano desenvolveu a coexistência e a articulação entre lugares antropológicos e não lugares, ou seja, os indivíduos e os grupos podem desenvolver relações individuais de natureza secundária, tais como relações de trabalho ou de face a face, de amizade, de vizinhança ou ainda relações fundadas em interesses comuns que se constituem nas ocupações de tempos livres. Assim, os lugares antropológicos são lugares carregados de símbolos e valores culturais comuns e de relações continuadas e de natureza variada. Os não-lugares são então espaços caracterizados pelo isolamento e pelo anonimato. Rémy e Voyé (1994), na sua teoria das escalas, entendem a urbanidade como a arte de comunicar à distância e o espaço urbano como o loucs de aculturação da modernidade. É, 32 pois, neste sentido que a cidade se torna numa forma de organização do espaço que favorece a mobilidade e a troca dentro de um amplo sistema de inter-dependências. A identidade dos indivíduos e dos grupos constrói-se num diálogo permanente entre dois tipos de espaços: o espaço de enraizamento; e o espaço móvel. Ao definir que a modernidade se organiza em torno de dois modelos espaciais, Rémy e Voyé (1994) consideram que o primeiro modelo, o dominante, que corresponde àqueles adaptados à vida em espaço urbano, permite a inclusão, enquanto que o segundo modelo, o de ambiguidade e distância, representa uma maior dominância do espaço de enraizamento, tornando o espaço aquilo a que Marc Augé (1998) chamou de lugar antropológico. Ou seja, ao mesmo tempo que afirma que o espaço urbano se caracteriza por um lugar em que predominam as relações secundárias, o isolamento e a impessoalidade, admite, por outro lado, a circunstância de nesse mesmo lugar poderem coexistir relações face a face, resultantes de um conjunto de estratégias comunitárias que unem os indivíduos e os grupos em torno de interesses comuns ou que partilham um passado comum, um presente ou um futuro. Analisando modalidades de ligação das áreas urbanas a um sistema internacional de relações económicas, entre as quais o turismo, Giddens (2000) distingue cinco tipos emergentes de cidade: o das cidade sede, onde as grandes empresas transnacionais estabelecem as suas actividades principais e são orientadas para interesses globais; o da cidade centro de inovação, que traduz uma área urbana onde se concentram indústrias de investigação e desenvolvimento, desenvolvendo processos técnicos e científicos para produzir bens noutros lugares; o da cidade local da produção modular, áreas urbanas que passaram a ser lugares de produção de componentes mas cuja montagem final é efectuada noutras regiões do país; o entreposto do Terceiro Mundo, centros fronteiriços com uma população substancial de imigrantes oriundos de países do Terceiro Mundo; e o de cidades como centros de retiro, áreas com condições climatéricas amenas para onde muitos reformados se mudam (casos de algumas colónias de residentes ingleses e alemãs na Ilha da Madeira), sendo em parte uma migração interna. Por conseguinte, a cidade tornou-se produtora de novas formas de cultura e de relações sociais, em que um dos seus traços essenciais, conforme sublinham Gottdniener e Hutchison (2000), é o da interacção intensa e permanente entre actores variados, circulando entre mundos e domínios, num espaço social e geograficamente delimitado4. 4 Podemos ilustrar esta visão conceptual com os exemplos de algumas cidades marca na Europa, como Roma, Amsterdão, Copenhaga, Londres, Paris, entre outras, onde sobressaem aspectos de diversidade cultural, de aculturação e de multiculturalidade. 33 Cada vez mais associados à pós-modernidade e aos efeitos da globalização, os espaços urbanos sofrem alterações por via de um novo turismo urbano, sobretudo ao nível da sua espacialidade e territorialidade e transformações culturais por força do impacte do visitante na dinâmica cultural das sociedades. Ao estudar espaços específicos de interacção social como o locus de análise – em concreto a taberna/mercearia de uma aldeia transmontana, enquanto espaço de circulação de bens, pessoas e ideias e de produção e reprodução de relações sociais – Pais de Brito (1991) pretendeu mostrar como nestes lugares se espelham e revelam estruturas e formas de organização local, homogeneidades e diferenciações ou desigualdades entre os habitantes que dela são clientes e se exprimem dimensões da temporalidade da aldeia no que esta tem de universo auto-centrado e na diversidade das suas ligações com o exterior. Isto para se compreender que são as particularidades comparativas e diferenciadoras dos destinos e dos seus recursos turísticos que atraem os turistas amantes de um turismo cultural e de natureza, que procura experiências relacionadas com o pulsar e o com quotidiano da terra, suas envolventes e populações. Já no entendimento de Urry (1995), os lugares estão cada vez mais a ser reestruturados como centros para o consumo, enquanto providenciam o contexto para os bens e serviços serem avaliados, comparados, comprados, utilizados. Depois, os lugares são em certa medida consumidos, numa vertente visual, por locais e/ou visitantes, e através do uso sistemático desses serviços. Mas, também, as localidades podem consumir a sua identidade de modo a que os lugares se tornem todos literalmente consumíveis, muitas vezes se descaracterizando devido a pressões económicas ou culturais externas e, com isso, diluindo-se na população o seu sentimento de identidade e pertença tão caro à Antropologia Cultural e Urbana. 2.3.1 A GESTÃO DA MARCA NOS DESTINOS TURÍSTICOS Ora, é nesta perspectiva que Litteljohn (2007) aponta para uma mudança de paradigma no interesse pela marca ou branding5 dos destinos turísticos. Inicialmente, o enfoque era dado à 5 O branding ou gestão de uma marca (construir imagens de marca), é um processo sistémico e pluridisciplinar, onde se integram disciplinas da gestão, do marketing, dos recursos humanos, da comunicação e do design entre outras. O objectivo da gestão da marca, é conferir-lhe valor e acentuar-lhe o carácter de perenidade. 34 imagem do destino, mas à medida que estes foram conhecendo níveis mais elevados e particulares de competição, surgiram sub-marcas de nicho que provocaram alterações no marketing de lugares. Com base nas definições de Kotler e Gertner (2004), Litteljohn sublinha que a marca de destinos auto-intitula-se como “marketing estratégico de lugares”, desenvolvendo-se com diferentes origens, como através da arte, da história, da educação, dos eventos contemporâneos, da cobertura dos media, do boca-a-boca e através das acções de promoção das empresas de turismo. Dito de outra forma, emergem sub-segmentos de produtos turísticos, em cidades ou sítios de interesse cultural e histórico, por exemplo, que têm na diferenciação o seu maior potencial e recurso comparativo, capaz de se tornar numa importante vantagem competitiva, o que, no entanto, obriga a acrescentar valor à experiência do visitante e a uma sincronização de marcas entre o destino e o lugar em si mesmo. Um exemplo de marca é o Reino Unido, que não sendo um destino barato viu-se obrigado a encontrar novas formas de se tornar atractivo, pelo que hoje é definido como uma “ilha de património tradicional e pouco convencional”, precisamente pela variedade de experiências multiculturais e benefícios emocionais que pode proporcionar ao visitante. 2.3.2 A MARCA A marca é a personalidade definida de um produto, uma experiência promissora, um compromisso em satisfazer as expectativas e a distribuição consistente dessa promessa de satisfação. Contudo, não se pode considerar uma marca, um nome ou logótipo, uma publicidade ou um website, uma surpresa. De acordo com Joana Neves (2006), uma marca é visível, funcional e emocional, sendo na sua essência última o elemento mais influenciador no processo de escolha e o activo económico intangível. 35 Na verdade, um produto ou serviço, além do seu conceito próprio, compõe-se por uma série de características tangíveis e intangíveis, como qualidade, opções, estilo, marca e embalagem, que satisfaçam efectivamente os desejos e as necessidades do consumidor. A individualização de um produto depende do investimento que se faça em seu nome, ou seja, na sua marca. Um nome, um símbolo, um design, qualquer que seja a sua forma, a marca contribui para o processo de decisão do consumidor, à medida que diferencia o produto em relação à concorrência. Segundo Kotler (1998), a criação e gestão da marca é o principal problema na estratégia do produto. Pois, desenvolver um produto de marca requer um grande investimento de longo prazo, especialmente em propaganda, promoção e embalagem. Embora adoptada em edições clássicas de marketing, a American Marketing Association acrescenta à definição jurídica: «A marca é um nome, um termo, um sinal, ou um desenho ou uma combinação destes elementos, com vista a identificar os produtos e serviços de um vendedor ou de um grupo de vendedores e a diferenciá-los dos concorrentes. Kotler acrescenta que «talvez a habilidade mais característica dos profissionais de marketing seja a capacidade de criar, manter, proteger e melhorar uma marca. Para os profissionais de marketing, o estabelecimento de uma marca é a arte e a essência do marketing». Concluindo, a marca é um signo distintivo, visualmente perceptível, utilizado para diferenciar produtos ou serviços de uma empresa das suas concorrentes, bem como atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas. As marcas surgiram com as primeiras trocas comerciais. De início eram sinais rudimentares, que tinham como função autenticar a origem dos produtos. Hoje certifica-se igualmente, mas por vezes não é um produto que tem uma marca, mas uma marca que tem, ou pode ter, um ou mais produtos, como a Coca-Cola, a Bic, a Mitsubishi, entre outras. Mas também pode ser uma marca de serviços, de acções sociais, políticas, ou religiosas, como a Cruz Vermelha, a Green Peace, entre muitas outras. Conforme salienta Pedro Sarmento (2006), a marca é em essência uma promessa da empresa em fornecer uma série específica de atributos, benefícios e serviços uniformes aos compradores. 36 Aliás, como o próprio Kotler frisa, a garantia de qualidade vem junto com as melhores marcas, mas um marca é um símbolo mais complexo, podendo trazer até seis níveis de significados: atributos; benefícios; valores; cultura; personalidade; e utilizador. Com muita propriedade e em tempo oportuno, João Welsh, delegado da APAVT na Madeira, escreveu o seguinte em artigo de opinião no Diário de Notícias do Funchal: «… Presidente da Câmara da Calheta não quer que esta passe a cidade, defendendo a manutenção do estatuto de Vila. Está de parabéns! Percebeu que ganham muito mais em ser uma Vila atractiva e autêntica do que uma suposta cidade… esta é, claramente, uma boa tendência de pensamento … só prejudicada pela praia de areia artificial que nada tem de Vila típica da Região, fere a autenticidade, descaracteriza o destino e em resultado penaliza-nos na diferenciação, maior valor da Marca Madeira». 2.3.3 PROMOÇÃO E MARKETING TURÍSTICO Nos tempos actuais, o turismo adopta um papel quase universal, e na verdade transversal a muitos sectores da economia, tornando-se o centro do interesse tanto dos governos como das pessoas, ao possibilitar diversas oportunidades de negócio e, sobretudo, de emprego. Face à tendência a que se assiste de globalização dos mercados, muitos sectores industriais, inclusive o do turismo, encetaram medidas de reestruturação e políticas de renovação na procura de uma especialização, visando a obtenção de melhores rendibilidades. As empresas de turismo passaram a dispor de um plano de marketing turístico, assumindo assim uma óptica de marketing na definição das suas actividades, numa perspectiva dinâmica e de futuro, passando a existir uma maior e melhor coordenação entre os departamentos e secções existentes na organização. Já no início da década, o Comité de Estudos de Mercado e Técnicas de Promoção da OMT, na definição do seu programa de trabalho para o biénio 2002-20036, aludia à convergência dos Estados membros em assinalar a importância para a conjuntura actual com base nos dados 6 Vide in http:// unwto.org/mkt/committees/dec_mipoc14-10_sp2.pdf 37 estatísticos e prospectivos, para o compartilhar de informação e de estudos sobre turismo e para a eficácia das campanhas de promoção e marketing, para a troca de informação e promoção em suporte electrónico, para os estudos da oferta e da procura, assim bem como para a necessidade de melhoria dos canais de distribuição e de sincronização dos meios de promoção para evitar a duplicação de esforços e o sobre emprego de recursos. O marketing entendido enquanto disciplina de gestão que implica em simultâneo um sistema de pensamento e um sistema de acção, torna-se uma ferramenta ou instrumento fundamental para todos aqueles que pretendam obter sucesso ao planearem estrategicamente a sua actuação. Sendo que o marketing turístico apresenta especificidades que decorrem muito das características particulares do produto turístico, da rigidez da oferta, da convivência com desequilíbrios sazonais em termos de procura e da elasticidade desta, Figueira (1997) afirma que o propósito da concepção de um plano de marketing turístico é, em consequência, o de reflectir de forma clara e sistemática sobre as opções da empresa, traduzidas em decisões e em planos de acção a fim de assegurar o seu sucesso e desenvolvimento. Já Cobra (1992) deixa bem claro que o marketing é mais do que uma forma de sentir o mercado e adaptar produtos e serviços. É, com efeito, um compromisso com a busca da melhoria da qualidade de vida das pessoas. De facto, com a introdução de novas técnicas de marketing, emerge primeiramente na Europa Ocidental o conceito de produto turístico, o qual atinge o seu auge no início da década de 70, período em que se deixa de olhar para dentro, ou seja, para o atractivo turístico, e se passa a olhar para fora, para o turista. O processo de comercialização do turismo passa então a ser sintetizado na obtenção da informação para a tomada de decisão, na preparação de um plano de marketing, na execução dos diferentes programas do plano e no controle da gestão. Fazendo referência a Lopes e Beltrón (1990) Margarida Aires Martins7 salienta que o plano de marketing é um instrumento que deve servir para estabelecer sequências de acções que a empresa deverá realizar dentro de um processo ordenado e coerente. Acrescenta que a razão principal que apoia a elaboração de planos de marketing é prever as acções da empresa frente à concorrência, com o objectivo de apresentar alternativas válidas a todo o momento. 7 Vide in http://tabula.weblog.com.pt/arquivo/2007/10/marketing_turis_25.html 38 Citando ainda Acerenza (1990), a autora reforça a ideia de que o plano de marketing é um documento no qual se encontram as decisões da empresa com relação ao mercado, ao tipo de produto, aos canais de distribuição, aos preços pelos quais se irá vender o produto turístico e as características gerais das actividades de promoção e venda. É, pois, com base neste pressuposto que o Governo Regional da Madeira no seu Programa de Actividades para o quadriénio 2007-2011 define um conjunto de orientações fundamentais em termos de promoção do destino e, para o efeito, o estabelecimento de parcerias públicoprivadas. A saber: · Na criação de interacções com os agentes e operadores turísticos para o estabelecimento de novas ligações aéreas; · Na execução de acções de promoção e divulgação do destino turístico Madeira nos mercados internacionais; · Na captação de novos segmentos e nichos de mercado. Visando: · A promoção, divulgação e consolidação de ofertas de alojamento alternativas de qualidade; · A consolidação de segmentos de mercado relacionados com o turismo activo; · A criação e requalificação dos locais e equipamentos de utilização ou de informação turística; · A promoção e divulgação do património natural, ambiental e edificado do destino Madeira; · A diversificação da oferta turística, valorizando destinos intra-regionais, no sentido de apoiar a conquista de novos mercados; · O rejuvenescimento da procura turística; · A descentralização da oferta. 39 O executivo madeirense determina também, como vectores estratégicos para o fortalecimento do sector do Turismo na Madeira, o desenvolvimento e a disseminação das novas tecnologias de informação, a medição e controlo das variáveis e indicadores afectos ao sector, a implementação de um sistema de informação turística que promova uma política eficaz e capaz de rentabilizar os investimentos públicos e privados, a consolidação e enriquecimento do calendário anual de eventos, a formação dos recursos humanos e dinamização do interesse pelas profissões turísticas junto dos mais jovens e na dignificação das carreiras profissionais ligadas ao sector e, por fim, no envolvimento de toda a população para a implementação de comportamentos e atitudes adequadas a um destino turístico de qualidade e excelência. Facilmente se observa que o turismo é uma indústria em constante desenvolvimento, num mercado em permanente evolução e com um grande público a alcançar. Daí que uma campanha bem estruturada, envolvendo organizações públicas e privadas, permitirá uma maior amplitude na divulgação do destino e na captação de um número cada vez maior de turistas. Pelo contrário, uma campanha de marketing que não incentive em simultâneo as campanhas de marketing a nível local, irá fazer com que os serviços locais não sejam conhecidos e que não haja um incentivo ao melhoramento dos serviços localmente, que mais cedo ou mais tarde iria resultar num falhanço da campanha por não apresentar um verdadeiro serviço de qualidade ao cliente. 2.4 O TURISMO DE PORTUGAL O turismo é um sector de actividade económica não apenas importante pelas vantagens directas que cria, mas também pelos efeitos multiplicadores e indutores que tende a provocar nos espaços onde se desenvolve. Considerando o turismo fundamental e decisiva a sua capacidade competitiva em relação a outros destinos, o Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, in “O Turismo em 2007”, uma publicação do IPDT8, deixa o alerta para que Portugal esteja atento às novas realidades competitivas que envolvem o sector, devendo voltar-se para o futuro na procura de 8 Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo, presidido por António Jorge Costa. 40 novos enquadramentos de oferta e devendo procurar a inovação, a qualidade, a diferenciação e a modernização. Com efeito, tratando-se de um sector transversal e que por consequência assume uma importância capital no desenvolvimento económico das cidades, carece definir-se e fomentarse políticas de desenvolvimento de um turismo sustentado9, que zelem pela preservação e qualidade ambiental, pelo ordenamento e valorização urbanística, pela defesa do património natural, cultural, histórico, linguístico e edificado. Não há duvida de que o turismo tem uma importância verdadeiramente estratégica para a economia portuguesa, em virtude da sua capacidade de criar riqueza e emprego, com o seu peso a crescer na economia nos últimos anos, chegando a representar 11% do PIB em 2004. Trata-se de um sector onde o país tem claras vantagens competitivas, mas a verdade é que Portugal perdeu quota de mercado a nível internacional e está muito dependente de quatro mercados emissores e do desempenho de três regiões, como sejam o Algarve, Lisboa e a Madeira, sendo ainda afectado por uma elevada sazonalidade e limitações nas ligações aéreas. Apesar disso, Manuel Pinho, ministro da Economia e Inovação, sustenta10 que o turismo em Portugal está a viver um bom momento, as receitas estão a aumentar, existe capacidade instalada e boa qualidade de infra-estruturas e recursos humanos. Em consequência – adiantou – estão a surgir novos destinos de grande qualidade, dando como exemplos o Litoral Alentejano, na zona Oeste, o Porto Santo e o Douro. Portugal assume-se como um dos destinos da Europa onde se irá verificar um maior crescimento do turismo, apostando fortemente na qualificação e competitividade da oferta, ou seja, preconizando a transformação do sector num dos motores de crescimento da economia nacional. Portugal vai apostar nos recursos turísticos e nos factores que mais o diferenciam de outros destinos concorrentes, como o “clima e luz”, “história, cultura e tradição”, “hospitalidade” e “diversidade concentrada”, e em elementos que qualificam o país para o leque de opções dos turistas, como “autenticidade moderna”, “segurança” e “qualidade competitiva”. 9 Depois da Cimeira do Rio (1992), o Conselho da Europa (1997) define desenvolvimento sustentável como “aquele que permite suprir as necessidades de hoje dos turistas e das regiões receptoras, enquanto protege e melhora as oportunidades para o futuro. É visualizado como conduzindo à gestão de todos os recursos, de forma a que as necessidades económicas, sociais e estéticas possam ser supridas, ao mesmo tempo que são mantidos a integridade cultural, os processos ecológicos essenciais e os sistemas de suporte da vida». 10 Na apresentação pública do PENT, a 19 de Janeiro de 2007, no âmbito da abertura da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa. 41 Estas são, aliás, as linhas de orientação que estão bem expressas no Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), documento que define as estratégicas e modelos de desenvolvimento sustentado do sector do Turismo, visando entre muitas outras premissas, o fomento do reforço das acessibilidades aéreas que contribuam para a redução da sazonalidade, a melhoria da oferta e da imagem de marca e a realização de eventos que contribuam para a notoriedade do destino, o enriquecimento e desenvolvimento de elementos da oferta cultural, a qualificação e valorização urbana, ambiental e paisagística, a implementação de sistemas de qualidade turística e de formação e valorização dos recursos humanos e a implementação de uma forte campanha de comunicação e promoção do destino nacional. É certo que o turismo português já vem fazendo incidir a sua actuação nos sectores estratégico preço, condições climatéricas e belezas naturais, mas sendo que a procura de um destino é cada vez mais determinada pela qualidade, há que insistir na assumpção por todos os elementos da empresa turística desta cultura da qualidade. Aliás, qualidade e inovação são «dois factores estratégicos diferenciadores que o turismo português deve ter», sublinha Sarmento (2003: 62-63), frisando que essa deve ser uma estratégia bem presente e definida na política de turismo nacional, até porque Portugal tem perto de si mercados e infra-estruturas turísticas semelhantes que, por circunstâncias várias, podem atrair e fazer derivar os turistas para outros destinos. Enaltece por isso que a qualidade e profissionalismo devem ser o traço fundamental da oferta turística e de todos aqueles que operam no sector: agentes de viagens; guias turísticos; operadores de transportes; pessoal de hotelaria e restauração; construtores civis das unidades de alojamento e de todos quantos prestam serviço ao turista ou ao visitante. 2.5 O TURISMO NA MADEIRA A Madeira conta com cerca de duzentos anos na história do Turismo, mas há quem afirme que o Turismo da Madeira já remonta ao século XV, logo após o momento de descoberta da Ilha em 1419. 42 Em virtude da abertura das rotas oceânicas através do Atlântico e graças à sua posição geográfica, surgindo como uma plataforma de ligação para a Ásia, África e América, a Madeira começa, com naturalidade, a aparecer na cartografia da época. Lemos (2003) sublinha que já nesta altura a Ilha se destacava «pelos aspectos da sua geologia, orografia, clima, flora, fauna, antropologia e beleza paisagística», passando a ser internacionalmente conhecida pelas denominações ‘A Ilha dos Amores’, ‘O Recanto do Paraíso’ e ‘A Pérola do Atlântico’, esta última designação ainda em uso nos dias de hoje. É pelas qualidades do seu clima ameno e temperado e consequentes efeitos terapêuticos que a Ilha começa e merecer um importante destaque, sobretudo junto dos países do Norte da Europa, nos séculos XVIII e XIX, e com as primeiras publicações sobre as suas condições meteorológicas passa a constar nos guias médicos internacionais. Já em meados do século XIX, a Madeira começa a ser referenciada como clínica de cura da tísica pulmonar e como uma das mais importantes estâncias de cura para a tuberculose. Daí se deve a grande procura na época pelos ingleses, que já na altura tinha uma grande comunidade de indivíduos radicados na Ilha11, e às influências de vários médicos que recomendavam a Ilha pelas temperaturas mais ou menos constantes entre o dia e a noite e pela existência de fracas amplitudes térmicas diurnas e anuais. A Madeira passou então a ser divulgada nas cartas e guias destinados aos doentes, chegando a personalidades como o Príncipe Alexandre dos Países Baixos, a Princesa Amélia do Brasil, a Rainha Sofia da Dinamarca, a Rainha Adelaide de Inglaterra, o imperador Carlos de Áustria, Wiston Churchil, entre outros, que por razões terapêuticas e encantados pelo exotismo da Ilha estiveram na Madeira. Em “A Evolução do Turismo na Madeira no Período de 1975 a 2000”, Lemos cita Mourão Pita que no seu livro de propaganda médico turística, “Madère – Station Médicale Fixe” dizia em 1889: «Somos visitados anualmente por centenas de ingleses, alemães, muitos russos, e muitas centenas de outras nacionalidades, excepto franceses; todavia, no último Inverno vieram algumas famílias desta nacionalidade, quase por acaso, visitar a nossa ilha, mas sem dela ter um conhecimento preciso». 11 Foi na Freguesia da Camacha, no Concelho de Santa Cruz, o local onde se jogou futebol pela primeira vez em Portugal, trazido pelos muitos ingleses ali residentes. 43 Neste enquadramento, compreendemos que a fama da Madeira se afigurava no contexto da Europa pela sua dimensão e importância no Turismo Terapêutico passando a ser uma alternativa às estâncias de Itália e da França. Rapidamente, os aspectos do lazer e da beleza paisagística apareceram a par das referências climático-terapêuticas na propaganda divulgada sobre a Ilha, surgindo a partir daí os primeiros guias para o visitante (1825), embora o primeiro guia turístico da Madeira tenha saído apenas em 1850, focando aspectos da história, geologia, flora, fauna e costumes da Ilha. A rede hoteleira madeirense começa a dar os primeiros passos em 1881 pelas mãos dos ingleses e alemães, com a construção dos hotéis Santa Clara, Royal Edimburg, Carmo e Schaff. Contudo, já em meados de 1860 Robert White dizia existir na Madeira 14 pensões e 3 hotéis nos arredores da cidade. Aos dias de hoje, as ilhas da Madeira e do Porto Santo apresentam uma capacidade de alojamento da ordem dos 260 empreendimentos turísticos mais 52 unidades de turismo em espaço rural, representando um total de 29.661 camas adentro dos empreendimentos em funcionamento (Anexo F). Com o crescimento do turismo à escala mundial e com o sector a tornar-se o principal motor do tecido económico da Ilha, surgem as primeiras preocupações institucionais que levam à criação em 1930 da Comissão de Turismo. Anos mais tarde, em Setembro de 1936, esta deu origem à Delegação de Turismo da Madeira, hoje Direcção Regional de Turismo. Um dos objectivos que presidiram à criação da Delegação de Turismo da Madeira, foi precisamente o de colmatar lacunas numa área que rapidamente viria a revelar-se determinante para o desenvolvimento do Arquipélago, enquanto destino turístico. A crescente procura desta região portuguesa, em virtude do seu clima ameno e belezas naturais, obrigou o Estado a encetar mecanismos de planeamento, controlo e regulamentação das infra-estruturas e dos meios de apoio a todos os que nos visitavam. João Nuno Freitas escreve12 que «não terá sido debalde a formação de uma instituição, arquétipo da actual Secretaria Regional do Turismo, disciplinar, fiscalizar e promover o destino Madeira, elevando-a à categoria das melhores estâncias turísticas mundiais». 12 In: http://www.arquivo-madeira.org 44 Quadro 2.1 Presidentes da Delegação de Turismo da Madeira. 1 Dr. João Abel de Freitas 1937-1947 2 Dr. Álvaro Cristóvão do Nascimento Figueira Maio a Junho de 1947 3 Prof. José Rafael Basto Machado 1947-1966 4 Dr. Carlos Lélis da Câmara Gonçalves 1966-1967 5 Arqº Carlos Alberto de Matos Lameiro 1967-1969 6 Engº José dos Santos Ribeiro de Andrade 1969-1979 Fonte: Arquivo Regional da Madeira (2007). Mas é com a inauguração do aeroporto do Funchal, em 1964, que o turismo da Madeira conhece um novo fôlego, com a região a ligar-se ao mundo moderno e a acolher turistas das mais distintas origens, através dos voos internacionais e charters e das ligações com os voos domésticos. Na verdade, e conforme refere Lemos, a falta de infra-estruturas materiais de apoio à navegação mundial, (como portos de abrigo, cais, depósitos de óleo, etc), que na altura liderava as ligações transatlânticas, contribuíram também para a diminuição progressiva da navegação comercial no Porto do Funchal, tornando-se apenas num ponto de apoio a passageiros em trânsito. A partir daqui o turismo da Madeira conhece um novo ciclo, caracterizado por um elevado afluxo de turistas e pelo surgimento de novas infra-estruturas hoteleiras. De facto, o número de unidade hoteleiras quase triplicou nos últimos vinte anos, aumento este que se associa ao processo de desenvolvimento com a Autonomia Política e Administrativa da Região, após o 24 de Abril de 1974, com a criação da Secretaria Regional do Turismo, em 1978, e consequente regionalização do sector do turismo, com a implementação de importantes infraestruturas públicas, casos da construção da via rápida entre Machico e a Ribeira Brava e a ampliação da pista do aeroporto, em Setembro de 2000, mas também graças à estabilidade política e social vivida na Região Autónoma. No âmbito dos “Roteiros Temáticos” promovido pelo projecto de iniciativa comunitária “Culturede”, que junta Açores, Madeira e Canárias, e que visa nesta segunda fase a criação de novos produtos culturais, é dito que «o turismo será o novo impulsionador económico nos séculos XIX e XX», onde se acrescenta: 45 «… Nos inícios do século passado, com a chegada da população rural atraída pelas melhores condições de vida oferecidas pela cidade, o Funchal expande-se. São criados Serviços e Equipamentos Públicos e é alargada a rede viária, possibilitando a circulação de novos meios de transporte que emergem nesta época e que vão ligar a cidade a novas zonas habitacionais. A Oeste do Funchal, a expansão irá criar condições para a implantação de novas unidades hoteleiras». 2.5.1 ESTATÍSTICAS DO TURISMO NA MADEIRA Com efeito, o sector do turismo assume-se hoje como o pilar da economia madeirense, gerando receitas e fomentando o emprego qualificado. De acordo com os Censos do INE (2001), a taxa de actividade na Região era de 50%, com o sector do comércio e serviços a registar uma preponderância na ordem dos 63%. O sector secundário representa 24,2% no total da produção regional, enquanto o sector primário ocupa apenas 8% da população activa. Dentro das várias categorias de estabelecimentos turísticos13 (hotéis, hotéis-apartamentos, estalagens e pensões), o sector do turismo emprega na actualidade um total de 6.618 indivíduos, distribuídos em cinco categorias profissionais: quadros superiores (604 trabalhadores); técnicos de nível intermédio (872); pessoal administrativo (872); pessoal dos serviços (2501); e trabalhadores não qualificados (2329). De acordo com dados provisórios referentes ao mês de Outubro de 2007, entraram nos estabelecimentos hoteleiros da RAM um total de 83.843 turistas (mais 8% que no mês homólogo de 2006), dos quais 75,4% eram residentes no estrangeiro e 24,6% em território nacional. Em termos de valores acumulados, foram registados nos dez primeiros meses de 2007, 835.915 hóspedes, tendo-se observado um acréscimo de 5,7% comparativamente a igual período de 2006. 13 De acordo com as classificações e dados da Direcção Regional de Estatística, do Governo Regional da Madeira. De salientar que o produto “Quintas da Madeira”, que tem vindo a ser desenvolvido pela Associação de Promoção da Madeira, num total de 16 com uma capacidade de alojamento de 1.671 camas, tem a classificação oficial de Estalagem, com excepção da Quinta do Furão (Hotel) e da Quinta Splendida (Hotel-Apartamento) que não pertencem a esse grupo de empreendimentos. 46 Durante o mês de Outubro, o número de dormidas foi de 498.462 (mais 3,8% face a Outubro de 2006), sendo que a taxa de ocupação-cama atingiu os 59,1%. No que diz respeito a valores acumulados, as dormidas registadas de Janeiro a Outubro de 2007 fixaram-se em 5.189.056, superiores em 4,1% às verificadas no mesmo período de 2006. Em comparação com Outubro de 2006, seis dos onze concelhos da RAM registaram aumentos nas dormidas, com destaque para o Porto Moniz e o Porto Santo, com crescimentos de 30,7% e 21,8%, respectivamente. Ponta do Sol e Santa Cruz apresentaram quebras de 11,1% e 4,3% nas dormidas. Em termos de repartição de dormidas por nacionalidades, verificou-se um predomínio dos turistas residentes no Reino Unido, Alemanha, Portugal, Suécia e França. Os proveitos totais dos estabelecimentos hoteleiros da RAM, de Janeiro a Outubro de 2007, aproximaram-se dos 240,7 milhões de euros (mais 6,9% em relação ao mesmo período do ano anterior), dos quais 61,5% corresponderam a proveitos de aposentos. Estes, por sua vez, aumentaram 6,7% em comparação com o período homólogo de 2006. Quadro 2.2 Mapa dos empreendimentos turísticos na RAM, em 2007. Tipos de empreendimentos Unidades Capacidade de alojamento Hotel 53 14.494 Hotel Apartamento 35 8.592 Pensão 53 2.385 Estalagem 24 1.844 Pousada 1 29 Aldeamento Turístico 1 573 Apartamentos Turísticos 50 915 Moradia Turística 43 298 Turismo em Espaço Rural 52 531 TOTAL 312 29.661 Fonte: DRT. 47 Não obstante o crescimento do parque hoteleiro durante os últimos vinte anos, o Plano de Ordenamento Turístico14 (POT) prevê até 2012 o aumento da capacidade máxima de alojamento para as 39.000 camas. Ao longo deste ano, cinco novas unidades hoteleiras abrirão as suas portas ao público, sendo quatro no Funchal e uma no Porto Santo. São, respectivamente, os casos dos quatros estrelas ‘Lido Atlântico’ (com capacidade para 148 camas), do “Funchal Centrum’ (252 camas) e do ‘Meliá’ (352 camas), e dos cinco estrelas ‘Pestana Promenade’ (529 camas), e ‘Colombo’s Resort’ (1.282 camas). Já em Maio deste ano foi inaugurado no Porto Santo o ‘Pestana Dunas Park’ (570 camas). A par dos novos hotéis, e após o encerramento por um longo período para obras de remodelação, vão reabrir o ‘Madeira Palácio’, na Estrada Monumental, um cinco estrelas com capacidade para 500 camas, e o ‘Hotel São João’, um quatro estrelas, com uma oferta de 468 camas, ambos no centro do Funchal. Assim, em finais de 2008 a capacidade hoteleira do destino Madeira contará com um total de mais 4.101 camas em funcionamento. Quadro 2.3 Mapa das entidades turísticas existentes na RAM. Entidades Total Agências de Viagens e Turismo 76 Rent-a-cars 49 Empresas de Animação Turística 56 Empresas Time-Sharing 12 Fonte: DRT. Dentro do conjunto de empreendimentos e entidades turísticas existentes na RAM (Anexos F, G, H, I e J), importa salientar o peso da marca ‘Quintas da Madeira’, enquanto produto turístico e parte integrante da história do turismo da Madeira15. 14 Segundo o director regional do Turismo, Paulo Faria, o POT (documento com uma validade de implementação de 10 anos) deverá ser revisto durante o ano de 2008. 15 Na sua maioria, propriedade de famílias inglesas, com parques, jardins, riachos e um riquíssimo mobiliário. A elas estão associados momentos históricos e importantes acontecimentos e decisões polícias, assim bem como a visitas de ilustres personalidades da aristocracia europeia. 48 Destaque-se a antiga Quinta das Angústias, agora denominada Quinta Vigia (actual residência oficial do Presidente do Governo Regional), a Quinta do Palheiro16, a Quinta do Jardim da Serra, a Quinta da Bela Vista, a Quinta das Vistas, a Quinta das Cruzes (hoje Museu da Quinta das Cruzes), entre muitas outras. Segundo o Anuário Estatístico da Região Autónoma da Madeira – 2006 (o último a ser publicado), no que concerne ao movimento dos portos17 registou-se a entrada de 1.512 embarcações de comércio, com os totais de 322.370 passageiros embarcados e o mesmo número de passageiros desembarcados18. Relativamente aos movimentos nos aeroportos da Madeira e Porto Santo, em 2006, verificouse um total de 13.669 movimentos nacionais e de 5.895 movimentos internacionais19, correspondendo a 5.800 provenientes da Europa, 88 das Américas do Norte e do Sul e 7 de África. Nesse mesmo ano, o número total de passageiros embarcados e desembarcados no Aeroporto da Madeira foi de 2.347.259, enquanto no Aeroporto do Porto Santo foi de 151.033 passageiros, na totalidade dos voos nacionais e internacionais. O Orçamento Regional para 2008 canaliza uma verba de 689 milhões de euros para a execução dos vários projectos inscritos no PIDDAR20, sendo que a Secretaria Regional do Turismo e Transportes (SRTT) tem previsto um montante de 9.532.000 milhões de euros para gestão do destino turístico (8.855.140 milhões de euros em 2007) e 7.335.00 milhões de euros em medidas de promoção e valorização da actividade turística (3.948.720 milhões de euros em 2007), dos 35.353.240 milhões de euros que totalizam o orçamento da SRTT para 2008 (16.867.000 milhões para o Turismo e 18.151.740 milhões para Infra-estruturas e Equipamentos Colectivos). 16 A primeira foi morada da Rainha Adelaide de Inglaterra (1847-1848), do Duque de Leuchtenberg (1849-1850) e da Imperatriz do Brasil D. Amélia (1852). Na segunda, passaram a Imperatriz Leopoldina do Brasil, em 1817, o Infante D. Luís, em 1858, e os Reis D. Carlos e D. Amélia, em 1901. 17 O Porto do Funchal irá ser, em 2008, objecto de uma intervenção profunda com vista à melhoria das suas condições, nomeadamente ao nível dos passageiros de cruzeiro com a construção de uma nova gare, representando um investimento público global da ordem dos 13 milhões de euros. 18 Apesar de terem entrado no Porto do Funchal menos 46 embarcações de comércio no ano de 2006, face ao período homólogo de 2005, houve um aumento de 4, 47% no número de passageiros embarcados e de 4,3% nos passageiros desembarcados. 19 Registou-se um decréscimo de -6,37% nas ligações nacionais e um aumento de 2,52% dos voos internacionais, relativamente a igual período de 2005. 20 Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Regional. Anexo M. 49 Em 2007, a extinta21 Secretaria Regional do Turismo e Cultura tinha inscrito uma rubrica de 15.608.000 milhões de euros destinada a suportar projectos de desenvolvimento no Turismo, de um orçamento global de 23.144.500 milhões de euros. Por sua vez, a Associação de Promoção da Madeira, que concentra capitais públicos e privados para a promoção do destino Madeira nos mercados externos e mercados emergentes22, inscreve do ponto de vista orçamental para 2008 igual verba aplicada no ano passado: 3.847.500 milhões de euros para promoção em mercados estratégicos (4), mercados prioritários (8) e mercados de acção dirigida (4). 2.6 NOÇÕES DE CULTURA Deve-se ao antropólogo britânico Edward Burnett Tylor, a primeira definição do conceito etnológico de cultura: «Cultura ou civilização, no sentido etimológico mais lato do termo, é esse todo complexo que compreende o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade». Sendo clara e simples, esta definição pretende ser puramente descritiva e objectiva, em vez de normativa. Para Tylor, a cultura é a expressão da totalidade da vida social do homem: caracteriza-se pela sua dimensão colectiva. A cultura é adquirida e não fruto da hereditariedade biológica, mas se é adquirida, a sua origem e o seu carácter são em grande parte inconsistentes. Discordando das teses difusionistas baseadas em reconstruções pseudo-históricas, Franz Boas, aqui recordado por Cuche (1999: 42-43) na sua concepção particularista de cultura começa por apontar a cultura como o factor de diferença existente entre os grupos humanos, responsável pela diversidade humana, cuja característica é a sua plasticidade, a sua instabilidade, a sua mestiçagem. 21 A 19 de Junho de 2008 deu lugar à nova Secretaria Regional do Turismo e Transportes, do X Governo da Região Autónoma da Madeira. 22 A Direcção Regional do Turismo fica com a promoção do destino Madeira nos ditos mercados tradicionais e no mercado nacional. 50 No entender de Boas, cada cultura é dotada de um estilo particular, que se exprime através da língua, das crenças, dos costumes, e também da arte, mas não só. Este estilo, este espírito próprio de cada cultura, influi sobre o comportamento dos indivíduos. O termo cultura para os investigadores franceses permanecia de um modo geral ligado à esfera intelectual, referia-se apenas ao domínio do espírito e era entendido num sentido elitista restrito e num sentido individualista (a cultura de uma pessoa “culta”). Mas, Durkheim (1960) contraria esta corrente, afirmando que cultura «é a consciência colectiva que realiza a unidade e a coesão de uma sociedade». Considerando que toda a cultura deve ser analisada numa perspectiva sincrónica, a partir exclusivamente da observação dos seus dados contemporâneos, Malinowski (1968) propõe o funcionalismo23 centrado no presente, único intervalo do tempo em que o antropólogo pode estudar objectivamente as sociedades humanas. Sublinha ainda que constituindo cada cultura um todo coerente, todos os elementos de um sistema cultural se harmonizam uns com os outros, o que torna qualquer sistema equilibrado e funcional, o que explica que qualquer cultura tenda a conservar-se idêntica a si própria. Já antes, Ruth Benedict (1950) lançava para discussão a hipótese da existência de um ‘arco cultural’, isto é, diferentes culturas definidas por um certo ‘tipo’ ou estilo. Apesar de convencida da especificidade de cada cultura, dizia que a variedade das culturas é redutível a um certo número de tipos caracterizados. Nesta ordem de ideias, defende que o que define uma cultura não é a presença ou ausência deste ou daquele traço ou complexo de traços culturais, mas a sua orientação global numa ou noutra direcção, «o seu pattern24 mais ou menos coerente de pensamento e de acção». Conclui então que uma cultura não é uma simples sobreposição de traços culturais, mas uma maneira coerente de combinar o seu todo. Igualmente interessantes são também as definições de Margaret Mead (1963), para quem a maneira como o indivíduo recebe a sua cultura é um processo de transmissão cultural e de socialização, que por um lado tem uma fonte biológica e, por outro, uma origem educacional, e a percepção de Lévi-Straus, na sua análise estrutural de cultura, aqui novamente recuperada por Denys Cuche, que entende a cultura como um conjunto de significações que os indivíduos de 23 Para explicar o carácter funcional das diferentes culturas, Malinowski elabora a teoria das necessidades em que os elementos constitutivos de uma sociedade teriam por função satisfazer as necessidades essenciais do homem. 24 Modelo no sentido antropológico do termo. 51 um dado grupo se comunicam através dessas interacções e que cultura só existe através do desempenho interactivo dos indivíduos. 2.6.1 IDENTIDADE E ESPECIFICIDADE CULTURAL Percorrendo os meandros da Antropologia depressa se apura que uma das fontes da especificidade cultural é a singularidade de base que identifica a pessoa com a família, uma tradição e também o lugar de nascimento, o que cria um círculo de solidariedade intenso e afectivo. Ao debruçar-se sobre os desafios do pluralismo cultural, Moreira (1996) identifica outros cinco factores determinantes da singularidade e especificidade cultural: 1. O corpus historicum do grupo, que é moldável e assente na reinterpretação do passado, que pode estar presente através de instituições, formas de vida, monumentos e símbolos; 2. O corpus mysticum, que gera auto-indentificação, auto-estima e, consequentemente, exclusão, pela presença das crenças, dos dogmas, das formalizações religiosas, das seitas e cultos; 3. O corpus linguisticum enquanto quarto locus de mobilização de diversidade, que é a língua e os dialectos, poderosos factores de especificidade; 4. O corpus consuetidinarium, que são as instituições, associações e costumes, ou seja, estas em simbiose com o meio ambiente em que habitam e vivem são também factor de separação dos povos entre si. O que tem que ver com os diferentes sistemas de produção e mercado; 5. O corpus symbolicum, que é a criação de um universo simbólico comum, onde os indivíduos vêm reflectidos o meio e os seus limites territoriais, a organização das relações internas, a irracionalidade e a fantasia, os valores, aspirações e ideologia do grupo. 52 Contudo, para este antropólogo, a idiossincrasia cultural não se esgota apenas em tradições institucionalizadas, valores e símbolos locais. Porque a região, a etnicidade, as diferentes nações submetidas ao mesmo Estado são elementos efectivos de especificidade. E todos se baseiam nos tais traços distintivos mencionados: instituições; território; história; língua. Conclui então que a especificidade não é imutável, antes pelo contrário, é algo que se transforma. E dá o exemplo de que um estilo de vida sucede a outro, a matrilinearidade dissolve-se e o rural transforma-se em urbano, pelo que cabe à etnografia captar este universo de significados internos. 2.7 O PATRIMÓNIO COMO OPÇÃO TURÍSTICA Património é uma palavra de origem latina, patrimonium, que significava, entre os antigos romanos, tudo o que pertencia ao pai, pater ou pater famílias, pai de família. A família compreendia tudo o que estava sobre o domínio do senhor, inclusive a mulher e os filhos, mas também os escravos, os bens imóveis e móveis, até mesmo os animais. O conceito de património, surgido no âmbito privado e do direito de propriedade, estava intimamente ligado aos pontos de vista e interesses aristocráticos. Com o Renascimento, produziu-se uma nova perspectiva sobre esta matéria. O estado nacional surgiu a partir da invenção de um conjunto de cidadãos que deveriam compartilhar uma língua e uma cultura, uma origem e um território. E assim começa a surgir o conceito de património actual aos tempos de hoje, não mais no âmbito privado ou religioso das tradições antigas e medievais, mas de todo um povo, com uma única língua, origem e território. Com efeito, o património constitui um reflexo dos valores culturais de uma comunidade, é a imagem objectivada dos valores que uma comunidade humana persegue e consagra como sustentáculo da sua identidade, em suma é o seu maior bem. E assim, também, o turismo de património se constitui por uma série de atributos que está associada a artefactos do património valorizados pela comunidade, designadamente a cidade histórica ou centro histórico constituído por núcleos/bairros históricos. 53 Ressalvando que património é um conjunto de elementos materiais e imateriais, Henriques fala de património tangível e intangível que, conforme declaração da UNESCO (2003), o primeiro inclui todos os activos que têm materialização/corporização física nos valores culturais como cidades históricas, edifícios, lugares arqueológicos, paisagens culturais e objectos culturais, ou aspectos da propriedade cultural móvel, e o segundo todas as formas de cultura popular e folclore, isto é, activos colectivos originários numa dada comunidade e baseados na tradição. Ao adoptar a Convenção sobre património cultural e natural, em 1972, a UNESCO reconhecia a importância da diversidade para toda a humanidade, mas com a novidade de passar a considerar que os sítios declarados como património da humanidade pertencessem a todos os povos do mundo. Segundo essa convenção, subscrita por mais de 150 países, o património da humanidade compõe-se de: · Monumentos: obras arquitectónicas, esculturas, pinturas, vestígios arqueológicos, inscrições, cavernas; · Conjuntos: grupos de construções; · Sítios: obras humanas e naturais de valor histórico, estético, etnológico ou científico; · Monumentos naturais: formações físicas e biológicas; · Formações geológicas ou fisiográficas: habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção; · Sítios naturais: áreas de valor científico ou de beleza natural. Porém, e conforme Henriques (2003) chama a atenção, o património só é cultural na medida em que pode ser conhecido e fruído pelas pessoas. Daí a necessidade de se tornar acessível ao público toda a riqueza que ele contém. 54 2.7.1 DO LEGADO À CONSTRUÇÃO SOCIAL Da concepção antropológica, verdadeiramente nem todos os vestígios do passado podem ser considerados património, pois o património não é só o legado que é herdado, mas o legado que, através de uma selecção consciente, um grupo da população deseja legar ao futuro. Ou seja, existe uma escolha cultural subjacente à vontade de legar o património cultural a gerações futuras. Da tal noção de património privado, sentimento de posse que emerge quando um grupo de indivíduos identifica como seus um objecto ou um conjunto de objectos, resulta a percepção do indivíduo de estar perante algo de valor, individual ou social, valor que é atribuído aos bens patrimoniais numa dada circunstância histórica e conforme o quadro de referências de então. É pois, neste sentido, que o património é entendido como uma construção social ou cultural, exactamente por ser uma idealização construída. Como diz Peralta da Silva (2007), aquilo que é ou não é património depende do que, para um determinado colectivo humano e num determinado lapso de tempo, se considera socialmente digno de ser legado a gerações futuras. Trata-se, seguindo a sua linha de pensamento, de um processo simbólico de legitimação social e cultural de determinados objectos que conferem a um grupo um sentimento colectivo de identidade e de pertença. E assim, toda a construção patrimonial é uma representação simbólica de uma dada versão da identidade, de uma identidade “manufacturada” pelo presente que a idealiza. Deste modo, se conclui que o elemento determinante que define o conceito de património é a sua capacidade de representar simbolicamente uma identidade. Para esta antropóloga, é através destes símbolos – veículos privilegiados na transmissão cultural, que os indivíduos mantêm estreitos vínculos com o passado e é desta identidade e consciência passado-presente que nos reconhecemos colectivamente como iguais, que nos identificamos com os restantes elementos do nosso grupo e que nos diferenciamos dos demais. Por outro lado, ressalva que a exploração turística dos recursos patrimoniais levou a uma reinvenção do património cultural das diferentes regiões, com a fabricação de cenários ilusórios e a recriação de pseudo-eventos históricos para incrementar a valorização comercial do património, que ameaça as identidades locais, não existindo equilíbrio na utilização dos recursos, portanto necessitando da implementação de políticas para um desenvolvimento sustentável, durável e assente em critérios de qualidade, para que os seus benefícios resultem 55 numa efectiva melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, tanto daqueles que o praticam como daqueles que o acolhem. 2.7.2 TURISMO E PATRIMÓNIO ANTROPOLÓGICO Vários autores, como Alfonso (2003), defendem que o turismo sempre teve um aspecto cultural, sustentando que grande parte das viagens que se realizaram ao longo da História, e que hoje podemos vincular aos inícios do turismo, foram motivadas pela visita a lugares em que se podiam encontrar manifestações de interesse artístico ou histórico, mas também grupos de indivíduos pertencentes às denominadas “outras culturas” ou “culturas exóticas”. Este viajar e conhecer outros lugares e outros indivíduos ajudou a difundir elementos pertencentes a formas de vida de uns e de outros, ou seja, de viajantes e nativos. O turismo cultural tem a faculdade de revelar e valorizar um dos componentes essenciais da cultura viva: a identidade de um território. Assim, e conforme salienta a autora, «aqueles que se dedicam a praticar o turismo cultural consomem aspectos do património de uma determinada localidade com a intenção de compreender tanto o lugar, como aqueles que nela vivem ou viveram. E isto devia conseguir-se através das imagens que visualizam nesse sítio e das informações complementares que obtêm mediante folhetos e guias escritos, guias humanos, documentais, etc, mas também mediante o contacto com os anfitriões». O património cultural, a que também podemos chamar património antropológico, que se expressa pelas diferentes manifestações da nossa cultura, é então tudo aquilo que identifica os grupos humanos - e aquilo pelo qual se diferencia os indivíduos pertencentes a etnias distintas e inclui aspectos tão díspares como a arquitectura, as lendas, os utensílios da lavoura, os textos históricos ou os que nos falam da tecnologia actual, também a música, a poesia ou o vestuário, assim como os conhecimentos que se tem sobre as formas de produção. Alfonso aparece ainda a sublinhar que tanto os aspectos tradicionais como os de produção actual formam parte do património, o mesmo é dizer, da cultura, pelo que considerar somente os vestígios antigos como elementos patrimoniais, susceptíveis de serem preservados e difundidos, é negar os processos evolutivos dos indivíduos e, portanto, as criações geradas pelos lógicos câmbios culturais. 56 Por tudo isto, se considera útil referenciar a Lei nº 107/01 que estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural, aprovada pela Assembleia da República a 8 de Setembro, e define o conceito e âmbito do património cultural: · Integram o património cultural todos os bens que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse cultural relevante, devam ser objecto de especial protecção e valorização; · A língua portuguesa, enquanto fundamento da soberania nacional, é um elemento essencial do património cultural português; · O interesse cultural relevante, designadamente histórico, paleontológico, arqueológico, arquitectónico, linguístico, documental, artístico, etnográfico, científico, social, industrial ou técnico, dos bens que integram o património cultural reflectirá valores de memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade. · Integram, igualmente, o património cultural aqueles bens imateriais que constituam parcelas estruturantes da identidade e da memória colectiva portuguesas. · Constituem, ainda, património cultural quaisquer outros bens que como tal sejam considerados por força de convenções internacionais que vinculem o Estado Português, pelo menos para os efeitos nela previstos. · Integram o património cultural não só o conjunto de bens materiais e imateriais de interesse cultural relevante, mas também quando for caso disso, os respectivos contextos que, pelo seu valor de testemunho, possuam com aqueles uma relação interpretativa e informativa. · O ensino, a valorização e a defesa da língua portuguesa e das suas variedades regionais no território nacional, bem como a sua difusão internacional, constituem objecto de legislação e políticas próprias. · A cultura tradicional popular ocupa uma posição de relevo na política do Estado e das Regiões Autónomas sobre a protecção e valorização do património cultural e constitui objecto de legislação própria. 57 2.8 PATRIMÓNIO E CULTURA NA MADEIRA A Madeira tem na Floresta Laurissilva25 o expoente máximo do seu património natural, cultural e protegido, facto que ascendeu à qualidade de Património Mundial Natural da UNESCO, em Dezembro de 1999. A Laurissilva ocupa uma superfície de 15000 hectares (representando 20% do total da ilha), nas encostas viradas a Norte, revestindo de forma luxuriante as íngremes vertentes e os profundos e alcantilados vales do remoto interior, representando actualmente a mais extensa e melhor conservada Laurissilva das ilhas atlânticas. A Floresta Laurissilva da Ilha da Madeira, constitui na actualidade o remanescente de um coberto florestal primitivo que resistiu a cinco séculos de humanização. Segundo narrativas contemporâneas da descoberta da Madeira, toda a ilha era coberta de extenso e denso arvoredo, razão pela qual os navegadores portugueses atribuíram o nome de “Madeira” à ilha. O Instituto Português do Património Arquitectónico enaltece que se trata de uma floresta com características subtropicais, húmida, cuja origem remonta ao Terciário onde chegou a ocupar vastas extensões do Sul da Europa e da bacia do Mediterrâneo. As últimas glaciações levaram ao desaparecimento no continente europeu, sobrevivendo apenas nos arquipélagos atlânticos dos Açores, da Madeira e das Canárias. Mas a Ilha da Madeira é ainda muito rica em termos de recursos naturais e em particular no que diz respeito ao seu património geofísico e biológico, donde se destaca a formação do segundo promontório mais alto da Europa, o Cabo Girão com 580 metros de altura, as grutas vulcânicas de São Vicente, as piscinas naturais do Porto Moniz, o vale da Eira do Serrado cavado por entre a cordilheira do Curral das Freiras, o planalto do Paul da Serra, as “levadas”26, as Ilhas Selvagens, o Ilhéu da Cal no Porto Santo, as árvores tintureiras “Dragoeiro”, o Jardim Botânico, os diferentes micro-climas, as correntes de água, a diversidade da fauna e flora, entre outros exemplos. Por outro lado, a Região possui um conjunto de infra-estruturas exemplares do seu património edificado e classificado, como sejam o Convento de Santa Clara, o Palácio de São Lourenço e, 25 A Floresta Laurissilva é uma das áreas incluídas no Parque Natural da Madeira, que ocupa cerca de 2/3 da superfície da Ilha da Madeira e integra ainda a Ponta de São Lourenço e o denominado Maciço Montanhoso, que é constituído pelas zonas mais altas da Madeira, com cotas superiores aos 1.400 metros. 26 Cursos de água à volta das montanhas, construídos pelo Homem nos primórdios da colonização, para levar água aos terrenos agrícolas inacessíveis. 58 mais contemporâneo, o Centro das Artes da Calheta, que é já hoje uma referência internacional. A valorização e divulgação do património cultural regional é um dos eixos estratégicos do Programa do Governo até 2011 constantes no capítulo Cultura, que pretende o desenvolvimento de programas concretos de recuperação e de conservação de um conjunto de bens patrimoniais classificados, ou de valor regional, bem como apostar na sua divulgação através da publicação de roteiros de qualidade, no sentido de contribuir para a salvaguarda e promoção da identidade histórica da Madeira, dentro e fora da ilha. Considera o Governo que uma verdadeira política do património cultural implica prosseguir com o apoio técnico e financeiro às obras na área do património construído, seja ele de carácter erudito ou popular, bem como ao património móvel e imaterial, através de acções que passam pela sua inventariação, conservação e divulgação. Quadro 2.4 Imóveis classificados por concelho e categoria. Categoria Concelhos da RAM Total MN IP IM VR VCR VC VL VCL Calheta 4 20 24 Câmara de Lobos 1 4 5 Funchal 6 34 29 2 71 Machico 6 8 14 Ponta do Sol 3 11 14 Porto Moniz 3 3 Porto Santo 3 Ribeira Brava Santa Cruz 1 Totais 2 4 4 8 13 7 7 5 6 1 7 4 2 Santana São Vicente 1 55 100 1 2 165 Fonte: DRAC. 59 Conforme podemos observar pelo Quadro 2.4, dos 165 imóveis classificados no total dos 11 Concelhos da Região Autónoma da Madeira, a sua maioria são de Interesse Municipal (IM) e Interesse Público (IP), sendo que apenas 7 são imóveis classificados como Monumento Nacional (MN), 1 de Valor Regional (VR) e 2 de Valor Cultural Regional (VCR), não existindo nenhum com a categoria de Valor Concelhio (VC), Valor Local (VL) e Valor Cultural Local (VCL). Dentro dos imóveis de Interesse Público, é de destacar a Igreja do Espírito Santo, na Calheta, a Quinta do Monte, Torre do Capitão e Capela de Santo Amaro, Quinta das Cruzes, Forte de São João Baptista, Igreja de São Pedro, Colégio dos Jesuítas, Palácio dos Cônsules, Museu Vicentes, Teatro Baltazar Dias e Hospício Princesa D. Amélia, no Funchal, o Forte de São João, em Machico, a Quinta Splendida, no Caniço e o Forno da Cal, em São Vicente. No conjunto dos monumentos de Interesse Municipal, saliente-se o Convento de São Bernardino, em Câmara de Lobos, as Muralhas da Cidade, o Mercado dos Lavradores, o Instituto do Vinho da Madeira e a Farmácia Portuguesa, no Funchal, os solares de São Cristóvão e do Ribeirinho e o Engenho Cana-de-Açúcar, em Machico, o Relógio de Água, na Ponta do Sol, e o Fontanário de 1887, no Porto Moniz, o Solar dos Herédias, na Ribeira Brava, e a Fonte de Santo António, no Concelho de Santa Cruz. Entre os Monumentos Nacionais estão a Sé do Funchal, o Palácio de São Lourenço, a Casa da Alfândega, o Paço Episcopal, a Igreja e Mosteiro de Santa Clara e a Igreja de São João Evangelista, no Funchal, e o edifício dos Paços do Concelho de Santa Cruz. A Capela de Santa Catarina, no Funchal, é um dos monumentos de Valor Cultural Regional e a Pedreira do Pico de Ana Ferreira, no Porto Santo, o único monumento classificado de Valor Regional (Anexo L). Quadro 2.5 Monumentos e espaços culturais existentes na RAM. Igrejas Centros temáticos 95 6 Museus 11 Galerias Salas de espectáculo de arte ao vivo 22 4 Salas Salas de teatro de cinema 2 17 Bibliotecas 19 Fonte: DRAC. 60 Dos indicadores de cultura do património artístico e da memória colectiva publicados no Anuário Estatístico de 2006, é possível observar que no conjunto das 17 salas de cinema existentes na Região27, que transmitiram um total de 20.176 sessões, se registou uma taxa de ocupação de 11,3% (472.197 espectadores), o que corresponde a 1,9 espectadores por habitante, enquanto que apenas 1,0 espectador por habitante assistiu a espectáculos ao vivo (245.940 espectadores em 728 espectáculos realizados). O total de público que visitou os 11 museus28 ascende a 467.512 visitantes (25.417 por museu), ao passo que 67.773 foi o número de visitantes que tiveram contacto directo com as 163 exposições realizadas nas 22 galerias de arte (com um total de 3.581 obras expostas). Quadro 2.6 Associações culturais existentes na RAM. Património 3 Arqueologia 5 Artes Plásticas 2 Cinema 2 Dança 21 Teatro 23 Etnografia 1 Folclore 20 Literatura 2 Museologia 1 Música 95 Outras (recreativas e desportivas) 26 Fonte: DRAC. Apesar do vasto número de associações (201 na totalidade29) e de produtores culturais (10) existentes na RAM, as câmaras municipais da Madeira são aquelas que menos investem na 27 Destas salas, 15 encontram-se no Funchal (Lusomundo e Castelo Lopes), 1 no Porto Santo e 1 na Calheta. Existem ainda 6 “Espaços Museológicos” e outros 4 “Núcleos Museológicos”, conforme classificação da DRAC, entidade pública que tutela a Cultura. Ver Apêndice E. De salientar que a Madeira é desde 2006 e até 2008 chefe de fila do Projecto MUSEUMAC, que reúne 26 instituições museológicas de quatro regiões da Macaronésia, Madeira, Açores, Gran Canária e Tenerife, e que visa aproximar realidades culturais com especificidades próprias. 28 61 Cultura, quer na manutenção e recuperação do seu património construído e de valor histórico, quer na promoção e divulgação do património artístico. Segundo os dados referentes às despesas das câmaras municipais em actividades culturais, entre 2005 e 2006, o total de despesas das autarquias da Madeira em matéria de cultura rondou os 16.547 milhares de euros30, com os maiores investimentos a serem efectuados pelas câmaras de Machico (3.987 mil euros), Funchal (3.977 mil euros) e Santa Cruz (2.811 mil euros). São Vivente foi a autarquia que efectuou menos despesas em actividades culturais, gastando apenas 163 mil euros. Quadro 2.7 Centros culturais existentes na RAM. Casas Centros Centros Centros de estudos Casas de cultura multi-usos de Artes e documentação do Povo 2 11 1 7 40 Fonte: DRAC. Durante este ano de 2008, o G.R., através da Secretaria Regional da Educação e Cultura31, prevê aplicar 5.992.000 milhões de euros no programa de investimento “Cultura e Património”, sendo que 1.140.000 milhões de euros destinam-se à “valorização, qualificação e divulgação da oferta cultural e museológica”; 2.560.000 milhões de euros vão para a “conservação e qualificação do património cultural e religioso”; 1.200.000 milhões de euros para “apoio à criação, à produção e à investigação histórica”; e 1.092.000 milhões de euros para a execução da medida “património arquivístico e promoção da leitura” (Anexo M). Nos anos anteriores de 2005, 2006 e 2007, a extinta Secretaria Regional do Turismo e Cultura inscreveu, respectivamente, montantes da ordem dos 260.325 mil euros, 442.519 mil euros e 6.310.000 milhões de euros para a mesma rubrica “Património e Cultura”. 29 Importa salientar que dentro destas associações quase metade pertence à música, com destaque para os grupos corais (21), grupos de folclore (17), bandas filarmónicas (14), grupos de música ligeira (13), grupos de música popular e tradicional (12), tunas (10) e orquestras (8). No conjunto das associações de Dança, trata-se na sua grande maioria de escolas de danças de carnaval, com a rara excepção da escola de dança e bailado contemporâneo Carlos Gonçalves. 30 Grande parte deste investimento é derramada em apoios por diversas instituições e associações culturais dos respectivos concelhos, ao abrigo de protocolos de cooperação e contratos-programa. 31 Esta Secretaria Regional tem um Orçamento global de 50.738.257 milhões de euros previstos no Orçamento Regional de 2008. 62 Com base nestes valores, o G.R. deixa expresso no PIDDAR 32 a sua preocupação com a conservação e valorização do património cultural, nas suas diferentes tipologias (imóvel, móvel, arqueológico e imaterial) e do património arquivístico, enquanto memória da nossa identidade histórica, assim bem como com o incremento da rede regional de bibliotecas públicas, com a qualificação e divulgação dos museus da Região, com a promoção de uma política do livro e com a dinamização da oferta e da descentralização cultural, capazes de incentivarem o fomento e consolidação de novos públicos. 2.8.1 PRESERVAÇÃO VERSUS UTILIZAÇÃO O turismo cultural fez despertar a preocupação pela preservação do património (tangível e intangível), após se tomar consciência da ameaça de desaparecimento do mundo rural com a crescente urbanização e consequente perda de identidade cultural e regional. Exactamente por isso, diversos autores preconizam o envolvimento directo da população das localidades visitadas, enquanto detentora do saber fazer e principal gestora e fruidora do seu património cultural, para se alcançar um desenvolvimento sustentável e uma articulação eficaz entre projectos de cariz cultural. Para Molares e Gant (1998) as visitas a museus, a exposições temporárias, sítios arqueológicos e a unidades etnográficas devem ser um complemento ao contacto directo com o meio ambiente e áreas rurais e com a população local, pois é este desfrute e conhecimento o objectivo mais apreciado pelo turista que pratica este turismo. Ressalvam, porém, que envolver directamente a população implica a educação da mesma, pois esta deve ter um conhecimento profundo das características sociais, culturais e comunitárias do território que usufrui, trabalha e habita de modo a poder contribuir para a utilização, descoberta e não repetição de soluções para as diferenças locais. Considerando que o património deve ser encarado como um trampolim para a promoção de um desenvolvimento cultural e social, com reflexos a médio e a longo prazo, e não apenas do ponto de vista científico e como mero recurso económico, Torres (1979) declarou o seguinte: 32 Vide in capítulo XXXVII-Cultura: 115-117. 63 «… ao revalorizá-lo (património) nós estamos a tocar na alma de uma comunidade e estamos a tocar profundamente e de forma indelével…, aquilo que no fim de contas as pessoas sentem que é seu, e é seu desde sempre porque o monumento é uma espécie de antepassado da comunidade, faz parte de todos os seus pais e avós e bisavós, faz parte da sua própria forma de ser, e isso é tão poderoso, tão forte, que quem mexer bem… nesse monumento, ganha essa comunidade, por um lado, e por outro é muitas vezes esse mesmo monumento que se for bem utilizado pela comunidade pode ser a sua principal arma de defesa contra a alienação…». Na Madeira, a preocupação com a defesa, preservação e conservação do património histórico e cultural tem fomentado um interessante debate na sociedade civil, envolvendo arqueólogos, historiadores, geógrafos, antropólogos e jornalistas, entre outros, e despertado o interesse da população em geral. Por ocasião das comemorações dos 500 Anos da Cidade do Funchal, a autarquia local, em parceria com diversas instituições públicas e privadas, tem procurado contribuir para o encurtar de distâncias no (des)conhecimento do património cultural, através da publicação, por exemplo, de roteiros temáticos que evocam o património histórico, religioso, museológico, gastronómico, arquivístico, biológico, natural e urbanístico. Refira-se, a título de exemplo, os “Giros” pelo património histórico da Cidade do Funchal33, pequenos cadernos promovidos pela ARCHAIS, que contemplam informações históricas e outras, apresentadas de forma simples e didáctica. Isabel Gouveia, membro daquela associação, diz34, ainda assim, que esta é «uma gota no oceano, já que o património edificado não cativa muito os funchalenses, que conhecem onde ficam os monumentos ou espaços culturais mas pouco sabem sobre a história e o conteúdo dos mesmos». Também o Reitor da Universidade da Madeira (UMa), Pedro Telhado Pereira, é da opinião35 de que não só é preciso mais divulgação, como disponibilidade para desfrutar do que o Funchal tem de bom, já que «as pessoas têm é pouco tempo para frequentar esses espaços». Sobre a divulgação do património, Caires (2007), a propósito dos turistas apreciadores de monumentos geológicos e referindo-se em particular ao Pico Ana Ferreira, no Porto Santo, defende que para além das pedras fragmentadas, este contempla outros atractivos que 33 Até à data já foram realizados quatro: Santa Maria Maior; Sé; São Pedro e Monte. In “Roteiro cultural longe do povo”, artigo publicado no Diário de Notícias a 21 de Agosto de 2007, Dia da Cidade do Funchal. 35 Opinião expressa no mesmo artigo do DN da autoria dos jornalistas Paula Henriques e João F. Pestana. 34 64 merecem ser apreciados, como as grutas ou a vista panorâmica sobre grande parte da ilha e do seu extenso areal. Daí interrogar se «o Pico Ana Ferreira merece ser divulgado, preservado e ainda susceptível de poder ser classificado como um geomonumento de interesse mundial?». Já para o docente e historiador madeirense Nelson Veríssimo, «assumir a singularidade cultural e promovê-la, com os poderosos meios que actualmente dispomos, mostra-se de importância vital» neste cenário em que vivemos de inevitável globalização. Enaltecendo a importância da Educação Patrimonial – matéria curricular em estudo na licenciatura em Ciências da Educação da UMa e que visa promover sentimentos de identidade e atitudes de cidadania através do conhecimento do património cultural – Veríssimo (2007) deixa bem claro que o «estudo, preservação e animação são componentes fundamentais da Educação Patrimonial, que também não busca, somente, o enriquecimento individual, mas, antes, o despertar de uma comunidade para a sua cultura, memória e traços de identidade, através do desenvolvimento da consciência para a preservação da herança colectiva»36. 2.8.2 FÉRIAS E GASTO EM ACTIVIDADES CULTURAIS Os gastos em actividades culturais representam uma percentagem diminuta (8%) no cômputo geral da despesa efectuada pelos turistas que visitam a Ilha da Madeira. No “Estudo sobre o Gasto Turístico na Madeira”, encomendado pela DRT à Synovate e publicado em 2004, são os holandeses e os franceses aqueles que mais gastam em cultura (12,5€ média diária/pessoa), num destino que tem no Reino Unido, Portugal e Alemanha os seus principais mercados emissores de turistas. Neste trabalho, desenvolvido entre Dezembro de 2003 e Janeiro de 2004, na sequência do qual foram inquiridos 1902 indivíduos37 provenientes dos principais mercados europeus38 para a Madeira, 81,1% dos turistas afirmaram terem viajado em férias ou por motivos pessoais e 18,5% por motivos profissionais. 36 Vide in “Educação Patrimonial”, artigo de opinião publicado no Diário de Notícias a 7 de Outubro de 2007. Os turistas evidenciam uma estrutura etária envelhecida, sobretudo os que visitam a ilha por motivos pessoais (66% têm mais de 44 anos) e dentro dos que visitam por motivos profissionais 78% são homens (64% têm menos de 45 anos). 38 Portugal, Reino Unido, Alemanha, França, Holanda e Suécia. 37 65 Dos que viajaram por motivos pessoais/férias, a maioria dos portugueses responderam vir por motivos familiares, comemorações, aniversários e eventos, os ingleses por sol e mar, os alemães por sol e mar e turismo activo, os holandeses pelo turismo activo e city & short break, os franceses pelo turismo activo, assim bem como os suecos que elegeram ainda a natureza. No conjunto dos 6 mercados emissores, a maior fatia do orçamento dos turistas é gasta em alimentação (92,6%), a uma média diária de 36,9€ por pessoa, seguida de alojamento (84,2%), 15,9€/pessoa, e em deslocações (46,0%), 7,8€ por pessoa. A par das actividades culturais, as actividades desportivas integram as áreas onde o saldo da despesa é mais reduzido (4,8%), sendo os alemães e suecos os que menos gastam em cultura39 e os portugueses e franceses os que menos investem no desporto40. De salientar que o estudo considera dentro das “actividades culturais” (a que também juntam o entretenimento) as visitas a museus, idas ao casino e ao cinema, a vida nocturna, o folclore e outros. Curiosamente, é dentro destes “outros” onde se gasta mais dinheiro (1,8%), depois das idas ao casino (3,3%). A vida nocturna (1,7%), os museus (1,5%) e o folclore (0,8%) colhem a restante verba gasta em cultura. Por fim, importa referir que os turistas gastam 16% do seu orçamento em tours/excursões (tours específicos, tour pela ilha, levadas/caminhadas, teleférico, visitas a jardins e Jardim Botânico) 5% em actividades desportivas (golfe, ténis, mergulho) e 28% em artesanato/comércio (Vinho da Madeira, souvenirs/lembranças, vestuário e acessórios, bordados variados, bolo de mel/doçaria, artefactos, toalhas bordadas, jóias e compras não especificadas). 39 40 O artesanato é analisado num campo à parte e em conjunto com o comércio, representando 23,4% do gasto geral. Restantes áreas de despesa: comunicações, aluguer automóvel, combustível, tours/excursões, actividades, outras. 66 CAPÍTULO III MADEIRA: RETRATO SOCIETÁRIO 3.1 INTRODUÇÃO O conhecimento da realidade madeirense, do ponto de vista da sua história, do seu passado, da sua memória colectiva, da sua herança cultural e da sua simbologia patrimonial, mesmo que de forma muito sucinta, é fundamental para a compreensão do suporte político e sócioeconómico que sustenta a vida quotidiana do presente. Por outro lado, a análise sociográfica da população, através da qual sabemos quantos são, quem são e o que fazem, leva-nos a entrar no domínio do pensamento futuro, designadamente no que diz respeito à capacidade de empregabilidade, e das qualificações e competências dos recursos humanos que estarão ao dispor do Turismo, principal motor da economia regional. Importante é também conhecer o que pensam aqueles que nos visitam, assim bem como as ameaças e oportunidades, pontos fortes e pontos fracos do sector, no sentido de transformar aquilo que são as nossas vantagens comparativas em vantagens competitivas de mercado. Neste enquadramento, a presente secção retrata a ilha objecto de estudo em termos da sua história, geografia e população e apresenta o calendário de eventos culturais e de animação turística que se realizam ao longo no ano na Região, fechando com a análise Swot ao destino Madeira. 67 3.2 BREVE RESENHA HISTÓRICA No início do século XV, o Infante D. Henrique, mais conhecido como o Navegador, juntou os melhores navegadores e cartógrafos de Portugal para dar início àquele que seria o seu plano de explorar melhor a Costa Oeste de África. Mas só por um mero acaso e fruto da sorte dos navegadores, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, que foram afastados da sua rota, pela costa de África, devido ao mau tempo, e depois de muitos dias à deriva pelo alto mar, avistaram uma pequena ilha a que chamaram de Porto Santo, sendo então a primeira de muitas descobertas. Após ter ordenado a imediata colonização daquela ilha, um ano depois, o Infante manda avançar os navegadores, que encorajados a explorar aquilo que parecia ser um acumulado de nuvens negras, que avistaram a sul, chegam à Ponta de São Lourenço, depois de ultrapassarem a travessia e a turbulência das correntes, descobrindo finalmente a baía de Machico, a entrada para a ilha paradisiacamente florestada a que chamaram Madeira. O Infante D. Henrique organizou imediatamente a colonização da ilha (1425), com famílias vindas da região do Algarve. A partir de 1440 estabelece-se o regime das capitanias com a investidura de Tristão Vaz Teixeira como Capitão-Donatário da Capitania de Machico. Seis anos mais tarde Bartolomeu Perestrelo torna-se Capitão-Donatário do Porto Santo e em 1450 Zarco é investido CapitãoDonatário da Capitania do Funchal. Todavia, correntes históricas há que defendem que as ilhas do arquipélago da Madeira já seriam conhecidas antes da chegada dos portugueses, baseando-se em referências escritas e na representação em cartas geográficas, encontrando-se entre estas a obra de um frade mendicante espanhol na qual as ilhas são referidas pelo nome de Leiname, Diserta e Puerto Santo. 68 3.2.1 GEOGRAFIA DO ARQUIPÉLAGO O Arquipélago da Madeira é composto por duas ilhas habitadas, Madeira e Porto Santo, e por dois grupos de ilhas desabitadas (Desertas e Selvagens) que cobrem uma extensão de mais de 5 mil quilómetros quadrados do Oceano Atlântico, distando 500 quilómetros da costa africana e mil quilómetros do continente europeu. Figura 3.1 Mapa do Arquipélago da Madeira. As ilhas do Arquipélago da Madeira são de origem vulcânica e datam de aproximadamente 12 milhões de anos atrás. A sua formação ficará a dever-se ao fenómeno “hot spots” e à conhecida falha Rift do Oceano Atlântico e muita da sua riqueza geológica deve-se à erosão diferencial visível ao longo de toda a ilha. Exemplos disso são os vales profundos do Curral das Freiras, o planalto do Paúl da Serra, a rocha “Penha D’Aguia”, entre o Porto da Cruz e o Faial, e também por este motivo a Madeira tem uma beleza natural e rara. Uma das maiores da Macaronésia, com 741m2 de superfície (547km de comprimento por 22km de largura) a Ilha da Madeira tem na Cidade do Funchal a sua capital e principal centro urbano e porto da ilha. O Funchal situa-se na costa sul (32°38'N, e 16°55'W) e dista cerca de 660 km da costa africana, 980 km de Lisboa, 400 km da Gran Canaria, e 880 km da Ilha de Santa Maria, a mais próxima do arquipélago dos Açores. 69 A Ilha do Porto Santo, localizada a 40km da Ilha da Madeira, é conhecida pela sua praia de areia dourada de 9km de comprimento, banhada por águas cálidas e cristalinas. É também conhecida pela qualidade terapêutica das suas areias, comprovada cientificamente pelo núcleo de Geologia da Universidade de Aveiro e, nalguns casos, pela comunidade médica. Esta Ilha tem uma superfície de 43km2. As Ilhas Desertas estão situadas a cerca de 22 milhas a sudeste da Cidade do Funchal e constituem uma Reserva Biogenética, na qual se encontra o último refúgio atlântico para a Foca Monge (Monachus monachus), a foca mais rara do Mundo. As Ilhas Selvagens são constituídas por dois grupos de pequenas ilhas, a Selvagem Grande e a Selvagem Pequena e localizam-se a cerca de 180 milhas da Ilha da Madeira. Estas ilhas também detêm uma Reserva Natural, na qual habitam algumas espécies florais raras no planeta, sendo também consideradas como um “santuário ornitológico” pela nidificação de aves marinhas. Figura 3.2 Divisão Administrativa da RAM. Administrativamente, o Arquipélago da Madeira encontra-se dividido em onze concelhos: Calheta, Câmara de Lobos, Funchal, Machico, Ponta do Sol, Porto Moniz, Porto Santo, Ribeira Brava, Santa Cruz, Santana e São Vicente. Tanto os sub-arquipélagos das Desertas como das Selvagens estão sob a jurisdição do concelho do Funchal. No mapa político administrativo, a Região subdivide-se ainda por 10 vilas, 54 freguesias e 7 cidades: Funchal, Santana, Santa Cruz, Machico, Câmara de Lobos, Caniço e Vila Baleira no Porto Santo. 70 3.2.1.1 Clima e Natureza Pela sua latitude e situação geográfica, a Ilha da Madeira apresenta todas as características de ilha subtropical, encontrando-se elementos das ilhas tropicais na costa sul e das ilhas de climas temperados na costa norte. O clima é subtropical oceânico, sendo que em certos pontos da costa sul, as temperaturas médias anuais atingem valores acima dos 20 graus célsius. A temperatura da água do mar, varia entre os 26º de Verão e os 17º de Inverno. Os ventos predominantes são de oeste a noroeste no Inverno, e de nordeste no Verão (alísios). A precipitação anual varia de 500 mm no sudeste da ilha aos mais de 2000 mm nas encostas norte. As ilhas Selvagens têm um clima desértico com precipitações abaixo dos 200 mm anualmente. A Ilha é muito montanhosa, com profundos vales incrustados entre os picos mais altos e falésias na maior extensão da costa, que totaliza cerca de 160km de extensão. A altitude média é de 1.300m, sendo os pontos mais elevados o Pico Ruivo (1.862 m), o Pico das Torres (1.850 m) e o Pico do Areeiro (1.818 m). A Floresta Laurissilva - Património da Humanidade pela UNESCO – que cobria a ilha antes da colonização e foi quase inteiramente queimada pelos primeiros colonos, estende-se por alguns hectares nos vales a norte da ilha. Compõe-se de árvores como o til (Ocotea foetens), o loureiro (Laurus azorica), o vinhático (Persea indica), o folhado (Clethra arbórea) e o pau branco (Picconia excelsa), bem como de musgos e muitos outros arbustos como as urzes (Erica soparia ssp maderensis e Erica aborea), a uveira da serra (Vaccinium padifolium) e o azevinho (Llex perado ssp perado): Entre as plantas herbáceas há a destacar as leitugas (Sonchus pinnatus), o piorno (Genista tenera), o goivo da serra (Erysimum bicolor), a ameixieira de espinho (Berberis maderensis) e a raríssima orquídea da serra (Dactylorzhia foliosa), única no Mundo. Ao nível da avifauna destacam-se raras espécies como o pombo trocaz (Columba trocaz) espécie endémica exclusiva da Ilha da Madeira, a freira da Madeira (Pterodroma madeira), o francelho (Falco tinnunculus canariensis), o tentilhão (Fingila coelebs maderensis) e o bisbis (Regulus ignicapillus maderensis). Sendo considerada uma relíquia viva, a quase totalidade da sua área de ocorrência está incluída no Parque Natural da Madeira com o estatuto máximo de Reserva Integral. 71 Cerca de dois terços do território madeirense são área protegida tendo sido declaradas cinco diferentes zonas da Região como Reservas Naturais, num esforço pela conservação da natureza. 3. 3 CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO Conforme podemos observar pelo Gráfico 3.1 e através dos Recenseamentos Gerais da População de 1950-2001 do INE, a população residente na RAM tem tido uma evolução descendente, embora ligeira ao longo dos últimos cinquenta anos, mas mais acentuada na última década, chegando-se ao ano 2001 com menos 3,3% dos efectivos contados em 1991. A densidade populacional era de 312,2 habitantes por km2 em 2001. Gráfico 3.1 Evolução da População Residente na RAM. 269.769 1950 268.937 1960 251.135 252.844 253.426 245.011 1970 1981 1991 2001 Fonte: INE, Recenseamentos Gerais da População, 1950-2001. Para finais da década de 60, o crescimento da população sofre um abrandamento que em grande medida está relacionado com o início de uma importante época de emigração (sazonal ou temporária) para países estrangeiros. 72 Mas já a partir dos anos 70 verifica-se uma recuperação da população (Quadro D.1), em virtude da redução dos fluxos para o exterior e do importante movimento de retorno das excolónias em face do processo de descolonização em curso. Actualmente, o crescimento da população do país e da Região está associado a baixas taxas de fecundidade e de natalidade (por motivos económicos e sociais, mas sobretudo ligados ao papel da mulher na sociedade e sua participação no mundo laboral), assim como ao aumento da esperança média de vida e à diminuição da mortalidade infantil. Analisando a distribuição da população por concelhos, conforme ilustra o Gráfico 3.2, podemos verificar que os concelhos de Câmara de Lobos e de Santa Cruz apresentam um considerável crescimento demográfico perante uma significativa diminuição da população nos concelhos mais virados a Norte e Oeste da Ilha, como sejam Calheta, Ponta do Sol, Porto Moniz, Ribeira Brava, Santana e São Vicente (Quadro D.2). Gráfico 3.2 Evolução da população residente na RAM, por concelhos. São Vicente Santana 2001 Santa Cruz 1991 Ribeira Brava Porto Santo 1981 Porto Moniz Ponta do Sol 1970 Machico Funchal Câmara de Lobos 1960 1950 Calheta Fonte: INE, Recenseamentos Gerais da População, 1950-2001. Os concelhos de Câmara de Lobos e de Santa Cruz concentram, respectivamente, 14,1% e 12,1% da população da ilha, o que é extremamente importante se se considerar que quase metade da população da RAM (42,4%) se concentra no Concelho do Funchal (por força da perda de população dos meios rurais). Centrando o focus de análise na cidade do Funchal, podemos observar a emergência de aglomerados populacionais que mantêm fortes relações de funcionalidade e interdependência 73 com outros centros urbanos (ex: Caniço), a exemplo do que acontece com as cidades de Amadora, Almada e Setúbal em relação à Grande Lisboa. A proliferação de parques habitacionais nas zonas periféricas da Cidade do Funchal, chamadas “Zonas Altas”, e em concelhos vizinhos como Câmara de Lobos e Santa Cruz, criou uma espécie de “cidades satélite” ou zonas “dormitório”, onde os seus habitantes mantêm uma relação extra-profissional e se deslocam diariamente à capital numa lógica funcional para aí exercerem as suas profissões e usufruírem dos grandes e especializados equipamentos ou lugares sociais. O volume de construção empreendido pelo sector público, a implementação de novas vias de comunicação e consequente melhoramento da rede viária, o baixo custo dos terrenos, a maior disponibilidade e infra-estruturação dos solos, os índices de construção e da oferta no sector da habitação nos chamados concelhos periféricos ao Funchal vieram também contribuir para estes movimentos migratórios internos, com a deslocalização da população para zonas residenciais diferentes dos seus locais de origem. Interessante é também analisar o crescimento demográfico da população residente na Madeira, em 2001, com base na sua estrutura etária. A composição etária constitui um elemento fundamental da análise da mortalidade e da natalidade, pelo que não pode ser ignorada numa apreciação completa das diferentes facetas dos movimentos migratórios, até porque anda intimamente ligada a importantes aspectos da vida económica, social e política das sociedades. A proporção dos indivíduos de cada idade é o ponto de partida para a previsão do volume dos produtores, do número de candidatos à admissão nos diferentes estabelecimentos de ensino, do número de indivíduos com capacidade para exercer uma actividade económica, da massa dos inactivos de idade avançada a sustentar e a assistir por diversas maneiras, entre outros. As variações na proporção dos jovens, dos adultos ou dos velhos implicam variações significativas na incidência dos encargos sociais. A pirâmide das idades ou pirâmide de vida permite observar as modificações na estrutura etária das diferentes localidades, entre os momentos censitários. 74 Figura 3.3 Modelos de pirâmide etárias. População jovem População estável População com tendência para o envelhecimento As situações gráficas descritas na Figura 3.3 constituem três bons exemplos de pirâmides de idades. Por analogia, facilmente se constata que a população da RAM é uma população com tendência para o envelhecimento. As populações com tendência para o envelhecimento – caso da Madeira - devem as suas características às baixas taxas de natalidade, que não garantem a renovação completa dos efectivos das classes adultas e conduzem assim a uma progressiva predominância dos efectivos de idade avançada. 75 Gráfico 3.3 Pirâmide etária da população residente na RAM. 85 e + 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 Homens Mulheres Fonte: INE, XIV Recenseamento Geral da População. Apesar da forte queda da natalidade que se verificou em todas as regiões do país, a Madeira, contudo, apresenta em 2001 uma elevada proporção de jovens (19,1%) comparativamente à de idosos (13,7%)41. Há vinte anos atrás a proporção de jovens era de 30,8%. Índices de Dependência: Id jovens = Pop. < 15 x 100 Pop. 15-64 (1) Id idosos = Pop. > 64 x 100 Pop. 15-64 As idades médias para homens e mulheres na Região são, no entanto, das mais baixas do país, situando-se nos 34,5 anos para os homens e nos 38,6 para as mulheres. 41 Da análise feita à estrutura etária da população da RAM segundo o XIV Recenseamento Geral da População. Consultar Quadro D.3. 76 Numa estrutura de população jovem, uma fecundidade elevada assegura não só a renovação da massa dos adultos como até o aumento do seu número. Cabe também aqui sublinhar que os fenómenos da emigração e da imigração – este último a que se assiste presentemente no país – podem, da mesma maneira, traduzir-se por reentrâncias ou saliências no perfil da pirâmide. Na população estável, a natalidade mantém-se em torno dos volumes necessários para, a um ritmo determinado da mortalidade, assegurar a simples renovação do grupo dos adultos. O estreitamento no corpo da pirâmide no grupo dos homens em idade adulta tem que ver, em muitos casos, com o facto dos migrantes adultos se recrutarem de maneira predominante entre os indivíduos do sexo masculino, acentuando o desequilíbrio já inerente na desigual tendência da mortalidade. 3.3.1 O SABER E O FAZER Os Censos de 2001 revelam um aumento do nível de instrução da população da RAM em relação a 1991. Apesar de uma descida do número de indivíduos que atingiu o Ensino Básico (-12,4%), uma porção significativa da população em idade escolar atingiu o Ensino Secundário (86,7%) e o Ensino Superior (196,2%). Entre os analfabetos, 38,5% são homens e 61,5% são mulheres. A percentagem de mulheres a frequentar o ensino é também maior (51,9%) relativamente aos homens (48,1%). A população sem qualquer nível de ensino (42.701 indivíduos) representa sensivelmente 17,4% do total da população madeirense. Por altura do último trabalho censitário a Região tinha uma taxa de analfabetismo de 12,7%. 77 Quadro 3.1 População residente na RAM, sem nenhum nível de ensino, a frequentar o ensino e segundo a taxa de analfabetismo, por sexo, 2001. População com População residente sem População residente a nenhum nível de ensino frequentar o ensino Taxa de 10 ou + anos analfabetismo % analfabeta H/M 42.701 51.687 27.374 12,7 H 18.348 24.855 10.540 10,5 M 24.353 26.832 16.834 11,1 Fonte: INE, XIV Recenseamento Geral da População. Taxa de Analfabetismo: Nº de pessoas com idade ≥ 10 TA = que não sabe ler nem escrever x 100 (2) total de pessoas com idade ≥ 10 anos Olhando para a Quadro que se segue, é possível verificar uma quebra acentuada a partir daqueles que concluíram o Ensino Básico e aqueles que prosseguiram os estudos, assim como constatar que é no grupo das mulheres que um maior número de indivíduos atinge os níveis de ensino seguintes (56,3%)42. Quadro 3.2 População residente na RAM segundo o nível de escolaridade, por sexo, 2001. Nível de ensino atingido Ensino Básico Secundário Médio Superior (1º,2º e 3º ciclos) H/M 147.997 34.283 1.159 18.871 H 73.132 16.089 512 7.130 M 74.865 18.194 647 11.741 Fonte: INE, XIV Recenseamento Geral da População. 42 Um total de 54.313 indivíduos concluiu os ensinos Secundário, Médio e Superior, dos quais 30.582 são do sexo feminino. 78 Assumindo-se a persistência de um maior abandono escolar no grupo dos homens, podemos encontrar entre as causas a integração imediata dos rapazes no mundo do trabalho logo que atingem a idade activa (≥15 anos), os fenómenos de emigração mais recorrentes nos homens e em idade jovem, as consequências do Serviço Militar Obrigatório (actualmente suprimido no país) e a acção de determinados flagelos sociais que atingem com maior incidência o sexo masculino, como o caso da toxicodependência. Quadro 3.3 População residente na RAM, segundo a actividade económica e o emprego, por sexo, 2001. Empregada Pop. Activa Face ao emprego TAE % Desemp. 1º 2º 3º Total TD % Procura 1º emprego Procura novo emprego H/M 110.605 45,1 8.888 26.730 69.890 105.508 5.097 4,6 1.679 3.418 H 61.853 53,7 5.125 23.063 31.624 59.812 2.041 3,3 470 1.571 M 48.752 37,6 3.763 3.667 38.266 45.696 3.056 6,3 1.209 1.847 Fonte: INE, XIV Recenseamento Geral da População. Em conformidade com os dados recolhidos pelo INE no ano de 2001, a população madeirense em idade activa (15-64 anos) atingia os 45,1% do total da população, sendo que destes 95,4% estavam empregados e a trabalhar por contra de outrem ou por conta própria e apenas 4,6% se encontrava em situação de desemprego, aqui atingindo particularmente o sexo feminino. Taxa de Actividade Económica: TAE = População activa x 100 (3) População absoluta Taxa de Desemprego: TD = População desempregada x 100 (4) População activa 79 Dentro da população empregada, verifica-se um relativo equilíbrio de sexos entre aqueles que se ocupam no sector primário (agricultura e pescas), o domínio do sexo masculino nas profissões do sector secundário (comércio e indústria), e uma predominância das mulheres a exercer funções no sector terciário (serviços). Quadro 3.4 Famílias e núcleos familiares residentes e alojamentos familiares existentes na RAM, 2001. Famílias Alojamentos familiares Núcleos familiares residentes Clássicas Institucionais 73.619 98 66.411 Clássicos Outros Total 94.271 638 94909 Fonte: INE, XIV Recenseamento Geral da População. Finalmente, o retrato societário da população madeirense permite saber que 99,9% das famílias madeirenses são constituídas por famílias clássicas (conjunto de indivíduos que residem no mesmo alojamento e têm relações de parentesco entre si) e apenas 0,1% são famílias institucionais (indivíduos que residem num alojamento comum, independentemente da relação de parentesco entre si, observam uma disciplina comum, são beneficiários dos objectivos de uma instituição e são governados por uma entidade interior e exterior ao grupo). A grande maioria (99,3%) habita em alojamentos familiares clássicos. 3.4 ANIMAÇÃO, CULTURA E IMAGEM Após conhecer a Ilha em termos do seu património histórico e cultural e do ponto de vista da composição da sua população, será também interessante conhecer o calendário de eventos que ocorrem ao longo do ano e compreender qual a imagem que o turista que visita a Madeira tem do destino. Dos muitos acontecimentos de carácter cultural realizados um pouco por toda a Ilha, destacam-se aqueles que fazem partem do calendário oficial de animação turística, como a Festa da Flor, Festa do Vinho e Festas de Natal e Fim do Ano, da responsabilidade da 80 Secretaria Regional de Turismo, Festival Regional de Folclore, organizado pela Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, Feira do Livro e Funchal Jazz, organizados pela Câmara Municipal do Funchal, entre outros. Intercalados com a programação e produção de todos estes eventos, ocorrem na Região vários outros acontecimentos culturais nas suas mais variadas expressões artísticas, seja para públicos mais eruditos ou mais populares, como peças de teatro, exposições de pintura e escultura, concertos de música clássica e pop rock, lançamentos de livros, bailados, entre muitas outras festas de casualidade promovidos pela iniciativa pública ou privada. Quadro 3.5 Calendário de eventos culturais, festas religiosas e festas populares na RAM. Eventos culturais Festas religiosas Festas populares Totais Janeiro 2 15 - 17 Fevereiro 2 2 1 5 Março 1 3 - 4 Abril 1 5 - 6 Maio 2 16 3 21 Junho 1 48 5 54 Julho 2 40 6 48 Agosto 2 69 1 72 Setembro 2 32 3 37 Outubro 1 14 2 17 Novembro 1 6 - 7 Dezembro 3 7 - 10 Totais 20 257 21 298 Fonte: DRT, DRAC, Cardozo e Baptista. As festas religiosas e os arraiais tradicionais têm um cariz marcante na cultura popular madeirense, sobretudo muito presente na vida das comunidades de emigrantes madeirenses que à data visitam a sua terra natal e as suas raízes familiares ou, nessa impossibilidade, assinalam a efeméride nos seus países de acolhimento. 81 Para projectar a sua imagem e captar a atenção dos mais importantes mercados emissores de turismo, a Região Autónoma da Madeira, através da SRTT e da AP-Madeira, faz-se representar em 65 diferentes feiras e eventos de turismo num total de 23 países, ao longo de todo o ano 2008. A promoção dos destinos Madeira e Porto Santo fazem-se sobretudo no continente europeu e de modo mais incisivo no mercado nacional, Reino Unido, Espanha, Alemanha, França e Suécia. 82 Quadro 3.6 Calendário de feiras e eventos de turismo com participação da RAM. Meses do ano Países Jan Fev Mar Abr Mai Jun ●●● ● ● Julh Ago Set Out Nov Dez Total ● ● 10 Portugal ●●● Holanda ● 1 Noruega ● 1 Alemanha ● ● ●●● ● Suíça ● ● ● 5 ● ● ● 7 Áustria ● ● Finlândia ● Luxemburgo ● 1 Irlanda ● 1 Dinamarca ● 1 Espanha ● 2 ● 2 ●●● ● ● 5 ●● 7 França ●● ●● Bélgica ● ● Reino Unido ● República Checa ● 1 Itália ● 1 Hungria ● 2 ● ● 5 ● Suécia ● Rússia ● 2 ●●●● 5 1 ● Roménia 1 ● Polónia Brasil ● 2 ● 1 ● EUA Total ●● 15 10 6 5 7 1 - 1 7 1 5 4 4 65 Fonte: DRT, 2008. 83 A acção de promoção e divulgação faz-se sentir em feiras de produtos tão transversais ao turismo, como as luas de mel, congressos e incentivos, golfe, SPA’s, turismo activo e turismo náutico, o que acontece com maior frequência na época de Inverno e nos primeiros meses do ano. No estudo sobre “A Madeira Vista do Continente”, apresentado pela Deloitte em 2006, os turistas nacionais associam a Ilha a factores como beleza, clima, flores/jardins, natureza e descanso, mas consideram um destino caro face à oferta de outros destinos, apesar de dotado de uma hotelaria de luxo, com um serviço e gastronomia de qualidade. Os portugueses continentais entendem que este é um destino de férias para 3 ou 4 dias e dizem-se insatisfeitos com as ligações aéreas, com a relação preço/qualidade e com a reduzida oferta nocturna. No Reino Unido e Alemanha - dois dos mais importantes mercados de turistas para a Madeira – onde cerca de 90% dos inquiridos43 conhece a Madeira como destino turístico, destacam-se os atributos tranquilidade, natureza, clima, mar, gastronomia e simpatia. Ingleses e alemães consideram um destino ideal aquele sítio onde as pessoas são simpáticas, não existe poluição ou lixo no chão, a temperatura é amena, permitindo apreciar a diversidade e riquezas naturais. Entre os aspectos positivos associados à Madeira estão a beleza natural, hospitalidade das pessoas, clima, gastronomia, passeios, infra-estruturas de lazer e diversão, sol, praias, património cultural. Os aspectos negativos mais evidenciados dizem respeito à construção em excesso, custos locais elevados/time-share, poluição sonora, má qualidade dos acessos, trânsito congestionado e destruição da natureza. 3.5 ANÁLISE SWOT DO DESTINO MADEIRA A análise SWOT debruça-se, em parte, sobre o estudo dos pontos fortes e pontos fracos da organização, ou seja, do seu ambiente interno. Assim, e de acordo com a teoria conceptual, quando percepcionado um ponto forte o destino deve ressaltá-lo, faze-lo sobressair mais ainda, e, pelo contrario, quando identificado um ponto fraco deve agir no sentido de tentar corrigi-lo ou, pelo menos, minimizar os seus efeitos. 43 Estudo encomendado pela Direcção Regional de Turismo à GConsulting sobre “A Imagem da Madeira Enquanto Destino Turístico”, em 2005. 84 Quadro 3.7 Análise SWOT do destino Madeira. Pontos fortes · Clima ameno todo o ano · Destino de tranquilidade e descanso · Segurança Pontos Fracos · Restrição de acessos apenas por via aérea e marítima · Limitações das ligações e custo dos transportes aéreos · · Boa qualidade das infra-estruturas de apoio · Proximidade da zona euro e dos principais mercados emissores Diversidade da oferta de produtos · Produtos diversificados, como urbanística – construção excessiva · · Descaracterização Reduzida oferta complementar – oferta cultural escassa sol, mar, · natureza… · Património histórico e cultural · Hospitalidade e simpatia · Serviços de qualidade na hotelaria · Gastronomia de qualidade · Património natural e protegido de grande valor · Crescente profissionalização dos promotores Fraca sensibilidade do trade continental para a comercialização do destino Madeira · Gestão dos solos – descaracterização do território · Indefinição da marca Madeira: natureza, flores, Spa’s ? · Fraca oferta de animação nocturna turísticos – cultura orientada para o turista · Notoriedade global do destino – elevado grau de satisfação dos turistas · Melhoria das infra-estruturas de transporte e acessibilidades (via-rápida, marinas e aeroporto) · Novas infra-estruturas (complexos balneares, campos de golfe, centros temáticos) Noutra vertente, a análise SWOT visa o ambiente externo à organização em busca de ameaças e oportunidades. Trata-se da análise daquilo que está sempre fora do controle das empresas, mas que é importante conhecer e monitorar. Entre as forças a serem consideradas estão factores demográficos, económicos, históricos, políticos, sociais, tecnológicos, sindicais, legais, entre outros. 85 Oportunidades · Ameaças Aumento dos combustíveis faz aumentar tarifas · dos destinos mais longínquos Imagem tradicional e desactualizada junto do consumidor final · Exploração do turismo ibérico · Dependência dos Tour operators · Crescimento do mercado com hábitos de vida · Parque e oferta hoteleira com idade média saudáveis – turismo com tradições na área da saúde. · Desenvolvimento e expansão do turismo avançada · Estereotipo de destino para estrangeiros · Estigma de destino de turismo sénior · Aumento dos preços dos combustíveis · Imagem de um destino caro · Sazonalidade do destino Porto Santo · Crise económica internacional náutico, de golfe, e de congressos e incentivos. · Destino de momentos – “no agenda” · Satisfação dos turistas – fidelização do cliente · Estabilidade política e social · Liberalização da linha aérea Após uma primeira parte dedicada à dialéctica conceptual sobre os domínios do Turismo e da Cultura, passa-se à operacionalização dos dados recolhidos no campo da pesquisa exploratória. Neste campo, da auscultação directa dos intervenientes no sector - os turistas e os agentes que definem políticas e estratégias turísticas - levada a cabo através da aplicação de inquéritos e entrevistas, e consequente análise e tratamento de dados, são mostrados aqueles que são os desejos, as preferências e as escolhas dos turistas, com base nas suas expectativas, experiências vivenciadas e informação recebida sobre o destino, correlacionando-se com o seu perfil societário, padrões de conhecimento sobre o lugar escolhido e grau de satisfação da visita à Madeira. Mais à frente, apresenta-se a visão das entidades oficiais que tutelam o Turismo e a Cultura e daqueles que diariamente pensam o turismo como vector estratégico da economia regional. 86 CAPÍTULO IV PERFIL DO TURISTA E MODELO ECONÓMICO 4.1 INTRODUÇÃO O presente capítulo sintetiza o trabalho de campo e a análise de resultados ao questionário aplicado aos turistas. A este nível da investigação, indagou-se do perfil e caracterização sócio-demográfica do turista de visita à Região, das suas preferências e motivações relativamente ao destino, assim bem como ao grau de satisfação sobre a viagem efectuada. No âmbito do trabalho prático e no seguimento das categorias de análise colocadas nos inquéritos efectuados, procurou-se caminhar ao encontro dos objectivos propostos e conferir se os recursos turísticos intrínsecos e distintivos da Marca Madeira, enquanto vantagens comparativas face a outros produtos, se consubstanciam efectivamente como vantagens competitivas e incontestavelmente determinantes nas opções dos turistas. Assim, o Capítulo IV, da análise estatística resultante da amostra retirada da população do estudo44 assenta, numa primeira parte, na descrição do visitante segundo o país de origem, sexo, idade, níveis e escolaridade e de rendimentos, seguindo-se uma apreciação à tipologia e tempos das viagens e, finalmente, à justificação pela escolha do destino e nível de satisfação. 44 Recorde-se que, por razões de ordem operacional, a população-alvo é constituída pelos turistas que visitam a Madeira, enquanto a população do estudo representa os turistas que visitaram a Ilha entre os meses de Março e Maio de 2008, dos quais se retirou a amostra. 87 4.1.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS No campo da análise estatística há aspectos importantes a reter, designadamente o item “NR” apresentado nas tabelas que corresponde à quantificação das “Não Respostas” e o item “NAP” que diz respeito às respostas “Não Aplicáveis”. No conjunto das tabelas apresentadas convém também saber que a coluna “Percentagem Total” diz respeito às percentagens dos valores incluindo as “NR” e a coluna “Percentagem Válida” reporta às percentagens dos valores sem as “NR”. Os gráficos que apresentam percentagens, indicam a “Percentagem Válida”. No que concerne à amostra observada, esta é composta por 197 turistas que visitaram a Região Autónoma da Madeira durante os meses de Março, Abril e Maio, inclusive, de 2008. Quadro 4.1 Distribuição das respostas ao questionário, segundo local de aplicação. Local Residencial Central Hotel Monumental Lido Albergaria Dias Monte Mar Palace Quinta do Jardim da Serra Hotel Girassol Riu Palace Hotel Total N.º de Respostas 6 12 22 28 30 36 63 197 Percentagem (%) 3,0 6,1 11,2 14,2 15,2 18,3 32,0 100,0 Pela distribuição das respostas apuradas segundo o local e concelho de aplicação, obteve-se maior participação nos hotéis Riu Palace (32,0%) e Girassol (18,3), com o concelho do Funchal a apresentar o maior número de respostas obtidas (35,5%). Para além destas unidades hoteleiras, foram ainda aplicados inquéritos na Residencial Central, Hotel Monumental Lido, Albergaria Dias, Monte Mar Palace Hotel e Quinta do Jardim da Serra, abrangendo os concelhos de São Vicente, Câmara de Lobos, Porto Santo e Santa Cruz e Funchal, estes três últimos onde se concentram os maiores parques hoteleiros da Região Autónoma. O Concelho do Porto Santo foi aquele onde se achou o menor número de participação (3,0%). 88 Quadro 4.2 Distribuição das respostas ao questionário, segundo concelho de aplicação. Concelho Porto Santo São Vicente Câmara de Lobos Santa Cruz Funchal Total N.º de Respostas 6 28 30 63 70 197 Percentagem (%) 3,0 14,2 15,2 32,0 35,5 100,0 Importa salientar que no tempo em que decorreram os questionários, 84,2% foram respondidos durante o mês de Março de 2008, que, conforme se previu, foi novamente um período de grande afluência de turistas à Madeira45 em resultado da atractividade do cartaz turístico que é a Festa da Flor. Do total dos 197 questionários preenchidos, 177 foram respostas válidas (89,8%) e 20 “Não respostas” (10,2%), sendo que 75,6% foram conseguidas em Março, 8,6% no mês de Abril e 5,6% em Maio (percentagem total)46. 4.2 CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA DO TURISTA Observando o quadro dos resultados dos questionários, segundo o número de respostas e origem dos inquiridos, facilmente se constata que a amostra observada é constituída na sua maioria por turistas ingleses e alemães47, representando respectivamente 50,3% e 22,7% do total dos indivíduos inquiridos, sendo estes dois mercados tradicionais e dos mais importantes mercados emissores de turismo para a Madeira. 45 De acordo com os dados preliminares do INE, em Março de 2008 o Turismo da Madeira registou um aumento de 10,8% no total de dormidas face a igual mês de 2007. Já segundo os indicadores de tráfego do Aeroporto da Madeira, durante o mês de Março de 2008 registou-se um aumento do número de passageiros em 19,6% por comparação ao mês de Março de 2007, também graças a um aumento nos movimentos de 2,2%. 46 Ver tabela da distribuição das respostas, segundo o mês de aplicação. Apêndice D. 47 Igualmente de acordo com dados preliminares do INE referentes ao mês de Março de 2008, os mercados britânico e alemão representaram cada um 30% do total das dormidas na hotelaria madeirense, verificando-se um aumento de 33,6% para os ingleses e uma redução de 6,9% para os alemães e comparando com o mês de Março do ano passado. 89 Quadro 4.3 Total de indivíduos, segundo o país de origem. País França Suíça Luxemburgo Polónia Bélgica Finlândia Escócia Áustria Dinamarca Portugal País de Gales Irlanda Holanda Alemanha Inglaterra Total de respostas NR Total N.º de Respostas 1 1 1 1 1 2 2 2 3 3 4 11 17 41 91 181 16 197 Percentagem Total (%) 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 1,0 1,0 1,0 1,5 1,5 2,0 5,6 8,6 20,8 46,2 91,9 8,1 100,0 Percentagem Válida (%) 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 1,1 1,1 1,1 1,7 1,7 2,2 6,1 9,4 22,7 50,3 100,0 No que concerne à representatividade da amostra quanto ao sexo dos indivíduos que responderam ao questionário, 47,9% são homens e 52,1% são mulheres, sublinhando-se que 34 indivíduos nada responderam quanto ao sexo dos 163 que indicaram o género a que pertencem. Gráfico 4.1 Total de respostas, segundo o sexo dos inquiridos. Masculino 48% Feminino 52% No contexto da amostra observada face à situação dos indivíduos perante o trabalho ou actividade económica, verificou-se que 66% dos turistas que visitaram a RAM se encontram 90 activos48, contrariando um pouco a teoria de que o turismo madeirense é fundamentalmente um turismo de indivíduos aposentados ou em idade de reforma. Gráfico 4.2 Total de indivíduos, perante a actividade económica. 66 % Activo 34 % Não Activo 0 10 20 30 40 50 60 70 Como também se pode observar pelo gráfico seguinte, quase metade da população do estudo (42,3%) tem entre 45 e 60 anos de idade, seguindo-se então uma camada de população mais idosa, com 60 e mais anos (39,2). Neste enquadramento, podemos admitir que o turismo jovem continua a ter fraca expressão na procura pelo destino Madeira (4,1% dos inquiridos têm idades até 30 anos e 14,4% entre 31 e 44 anos), mas que também não é o turismo mais idoso aquele que tem a maior representatividade, pelo menos, nesta altura do ano das mini-férias da Páscoa. Gráfico 4.3 Total de indivíduos, segundo os grandes grupos etários. 42,3 50 39,2 40 30 14,4 20 10 4,1 0 Até 30 anos 31-44 Anos 45-60 Anos Mais de 60 anos 48 Subentende-se que são activos empregados, já que os indivíduos activos são todos aqueles que se encontram em condições de exercer uma qualquer actividade económica podendo estar ou não empregados. 91 Outro dado curioso a retirar da amostra diz respeito ao grau de habilitações literárias que possuem os turistas que visitam a Madeira, sendo que 94% apresentam uma escolaridade ao nível do ensino secundário e universitário e de apenas 6% ao nível do ensino básico. Quadro 4.4 Total de indivíduos, segundo o nível de escolaridade. Habilitações Literárias Básico Secundário Universitário Total de respostas NR Total N.º de Respostas 11 86 87 184 13 197 Percentagem Total (%) 5,6 43,7 44,2 93,4 6,6 100,0 Percentagem Válida (%) 6,0 46,7 47,3 100,0 Com relação aos indicadores que ilustram a capacidade económica e poder de compra dos turistas, e não obstante o habitual desconforto que a pergunta «quanto aufere mensalmente» ou «quanto é que recebe de salário» causa ao inquirido, 24% dos indivíduos que responderam ao questionário escusaram-se a preencher o campo dos rendimentos. Ainda assim, dentro daqueles que indicaram quanto é que ganham, uma maioria de 30,4% aufere todos os meses um rendimento situado entre os 2001 e os 3000 euros, seguindo-se um grupo de 20,9% que ganha entre os 1501 e os 2000 euros. Aqueles que auferem um salário superior a 5 mil euros mensais representam 12,8% da amostra e 11,5% os turistas que recebem menos de 1500 euros de ordenado. Quadro 4.5 Total de indivíduos, segundo o rendimento mensal. Rendimento Mensal Menos de 1500 € 1501-2000 € 2001-3000 € 3001-4000 € 4001-5000 € Mais de 5000 € Total de respostas NR Total N.º de Respostas 17 31 45 27 9 19 148 49 197 Percentagem Total (%) 8,6 15,7 22,8 13,7 4,6 9,6 75,1 24,9 100,0 Percentagem Válida (%) 11,5 20,9 30,4 18,2 6,1 12,8 100,0 92 4.2.1 FREQUÊNCIA E TIPOLOGIA DAS VIAGENS Focando agora o locus da análise nos turistas que visitam a RAM pela frequência de viagens que efectuam, observamos através gráfico que se segue que uma relativa maioria de 36,6% viaja para fora do seu país duas vezes por ano, mas que já outros 34,0% viajam com uma frequência de três ou mais vezes ao ano, o que permite, também por aqui, aquilatar-se do poder económico e da predisposição para viajar por parte dos turistas que visitam a Madeira, perceptível na reduzida percentagem de 4% dos inquiridos que indicou raramente viajar. Gráfico 4.4 Total de indivíduos, segundo a frequência que viaja para fora do seu país. 2,1 Todos os meses 34 Três ou mais vezes/ano 36,6 Duas vezes por ano 23,2 Uma vez por ano 4,1 Raramente 0 5 10 15 20 25 30 35 40 (%) Quando inquiridos sobre o motivo das viagens efectuadas, 90,9% dos turistas que responderam a esta questão disseram viajar por motivo de férias, sendo que apenas 9,1% afirmaram viajar por motivo de negócios ou para participar em congressos, e 8,6% por motivos pessoais (saúde/família). Quando confrontados com outros motivos a que responderam afirmativamente 3% dos indivíduos, 1,0% indicou ter viajado por “prazer” ao passo que os restantes não especificaram a razão dessa viagem49. 49 As percentagens e valores se referem a categorias não exclusivas (a soma das percentagens é superior a 100 %), ou seja, compreendem mais do que uma opção de escolha. 93 Gráfico 4.5 Total de indivíduos, segundo o motivo das viagens. 3% 8,6% 9,1% 90,9% Férias Negócios/Congressos/Incentivos Pessoais (Saúde/Família) Outros No que concerne à duração do período de férias, 80,5% dos turistas que responderam a esta questão afirmaram ter até 15 dias de férias, que se subentende em viagem, enquanto só 19,5% é que podem viajar em gozo de férias por um período superior à quinzena. Gráfico 4.6 Total de indivíduos, segundo a duração das suas férias. 19,5 Mais ou até 15 dias 80,5 Menos de 15 dias 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 (%) Em conformidade com as características do destino Madeira, a grande maioria dos turistas viajam acompanhados (94,4%), designadamente pelo cônjuge (80,4%) e geralmente sem os filhos (90,8%). Contudo, alguns optam por viajar em férias na companhia de amigos ou colegas (17,4%) ou mesmo com outras pessoas com as quais mantêm um qualquer tipo de relação (2,7%). 94 Gráfico 4.7 Total de indivíduos, segundo viaja sozinho ou acompanhado. 94,4 100 90 80 70 60 (%) 50 40 30 20 10 0 5,6 Sozinho Acompanhado Gráfico 4,8 Total de indivíduos, segundo o acompanhante em férias. 2,7 Outros 17,4 Amigos/Colegas 9,2 Filhos 80,4 Mulher/Marido 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 (%) Desta base amostral resulta ainda que 70,9% visitavam nesta oportunidade e pela primeira vez a “pérola do Atlântico”, enquanto que 29,1% já tinham estado antes na Madeira, o que não deixa de ser significativo e parece sustentar o argumento de que se trata de um destino recorrente nas preferências dos turistas. 95 Gráfico 4.9 Total de indivíduos, segundo já ter visitado a RAM. 70,9 Não 29,1 Sim 0 10 20 30 40 50 60 70 80 (%) Quadro 4.6 Total de indivíduos, segundo as principais razões de escolha pelo destino Madeira. N.º de Respostas Motivos profissionais Visitar amigos Outro Motivo Preço Segurança Curiosidade em conhecer Flores Clima Beleza/Paisagem 0 3 14 15 17 58 62 94 112 Percentagem Total (%) 0 1,5 7,1 7,7 8,7 29,6 31,6 48,0 57,1 As razões principais pelas quais se escolhe o destino Madeira, dentro dos turistas que compõem a amostra, são pela Beleza/Paisagem (57,1 %), seguidas de imediato pelo clima (48 %) e pelas flores (31,6 %). Recorde-se, uma vez mais, que as percentagens e valores apresentados se referem a categorias não exclusivas ou de resposta múltipla (pelo que a soma das percentagens é superior a 100 %). 96 Quadro 4.7 Total de indivíduos, segundo outros motivos de escolha do destino. N.º de Respostas Esposa Saúde e Local de nascimento Facilidade de Reservas Lazer Ligação Aerea Levadas Total 1 1 2 2 2 5 13 Percentagem (%) 7,7 7,7 15,4 15,4 15,4 38,5 100,0 Pelos dados patentes no Quadro 4.7 ficamos a saber que dos 7,1% que disseram ter escolhido a Madeira por “outro” motivo para passar as suas férias, uns fizeram-no pelo conhecimento que tinham das levadas, pela possibilidade de praticar uma qualquer actividade de lazer, pela facilidade de reservas e das ligações aéreas, entre outros. Da amostra observada e com relação ao tipo de voo utilizado nesta deslocação à RAM, verificou-se que mais de metade (59,9%) utilizou ligações aéreas em voos charter, possivelmente pelo aliciante do factor custo, ao passo que 31,3% dos turistas preferiram voos regulares, o que pode ter a ver com a origem do destino de partida ou com o “timing” escolhido para a realização da viagem, e que apenas uma fatia de 8,9% dos turistas optou por viajar em voos low-cost, que se aceita pelo facto de haver apenas uma companhia de baixo custo (EasyJet) a operar após a regulamentação da liberalização do espaço aéreo para a Madeira, em Outubro de 2007. Gráfico 4.10 Total de indivíduos, segundo o tipo de voo utilizado. 8,9% 31,3% 59,9% Regular Charter Low-Cost 97 Já no que diz respeito à tipologia do alojamento preferencialmente escolhido, a quase totalidade dos turistas gosta de se hospedar em hotéis de categoria superior, escolhendo em primeiro lugar os hotéis de quatro estrelas (71,8%) e hotéis cinco estrelas (19,0%). Seguem-se com baixa intensidade de eleição os hotéis de três estrelas, os resorts, unidades de turismo rural e apart-hotéis (5%) e com muito menor destaque (1,5%) a opção pelas pensões. Quadro 4.8 Total de indivíduos, segundo a tipologia do alojamento escolhido. N.º de Respostas Resort Hotéis 5 estrelas Hotéis 4 estrelas Hotéis 3 estrelas Residenciais Turismo Rural Apart-Hotéis Pensões Total NR Total 1 37 140 11 1 1 1 3 195 2 197 Percentagem Percentagem Válida (%) Total (%) 0,5 0,5 18,8 19,0 71,1 71,8 5,6 5,6 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 1,5 1,5 99,0 100,0 1,0 100,0 4.3 DETERMINANTES DAS ESCOLHAS Tal como a maior parte dos turistas entrevistados que disse nunca ter estado antes na Madeira, também aqui mais de metade (60,6%) declarou não ter qualquer conhecimento ou sequer ter ouvido falar da RAM antes destas férias. 98 Gráfico 4.11 Total de indivíduos, segundo o conhecimento que tinham da Madeira. 60,6 Não 39,4 Sim 0 10 20 30 40 50 60 70 (%) Entre aqueles que já tinham uma referência da “Pérola do Atlântico” (39.4%), quase todos conheciam sobretudo a capital da Ilha, o Funchal, seguindo-se Santana, São Vicente e Porto Moniz, o que deve estar associado à História da cidade e a imagens turísticas tradicionais como sejam as “casas de colmo”, as grutas de origem vulcânica e as piscinas naturais. Das grandes áreas turísticas do destino Madeira, visto no seu todo, o Porto Santo continua a ser aquela com menor propagação no plano internacional, com apenas 15% dos inquiridos a afirmarem já terem ouvido falar. Gráfico 4.12 Total de indivíduos segundo o conhecimento das grandes áreas turísticas da RAM. 86 Funchal 28 Santana 26,2 São Vicente 24,3 Porto Moniz 23,4 Outro 19,5 Machico 15 Porto Santo 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 (%) 99 Com relação àqueles que, mesmo assim, disseram conhecer “outros” aspectos da Ilha, entre estes 21,7% salientaram a zona do Caniço como aquela que já conheciam, o que pode estar relacionado com a projecção da zona de mergulho do Galo Mar, com a reserva de biologia marinha e importante plataforma subaquática do Garajau e com a presença de uma forte comunidade alemã residente naquela localidade do Caniço de Baixo. Outra menção curiosa é a do Jardim do Mar, que apesar de se tratar de uma pequena freguesia à beira-mar plantada é uma referência mundial no contexto da prática do surf, tida como uma zona com as melhores ondas para a prática da modalidade. Entre as restantes áreas turísticas apontadas, refira-se o Santo da Serra, que pode estar ligado à prática de desportos como o golfe e o hipismo, para além de actividades relacionadas com a Natureza, como as caminhadas, e a Camacha que se admite ser amplamente conhecida pela dimensão internacional conquistada pelo folclore e fabrico de objectos em vime. Ainda assim, 34,8% afirmaram não ter “nenhum” conhecimento de uma qualquer área turística da Madeira, conforme ilustra o quadro seguinte. Quadro 4.9 Total de indivíduos, segundo o conhecimento de “Outras” áreas turísticas. Camacha Garajau Jardim da Serra Jardim do Mar Ponta de Sol Porto da Cruz Santo da Serra Seixal Ponta Delgada Caniço Nenhum Total N.º de Respostas 1 1 1 1 1 1 1 1 2 5 8 23 Percentagem Total (%) 4,3 4,3 4,3 4,3 4,3 4,3 4,3 4,3 8,7 21,7 34,8 100,0 100 4.3.1 DESCOBERTA E IMPACTO DO DESTINO O Jardim Botânico, localizado na zona alta da Freguesia da Boa Nova, famoso pelo seu riquíssimo património floral e pela fabulosa vista que tem sobre a Baía do Funchal, e a Freguesia do Monte, procurada pela importância da sua Igreja matriz, onde se encontra sepultado o Imperador Carlos D’Aústria, pelos bonitos jardins públicos e privados, de que são exemplo os jardins do Largo da Fonte e da Fundação Berardo, e pelos típicos “carrinhos de cesto”, são dois dos mais conhecidos locais turísticos evidenciados pela população do estudo (48,3% e 44,8% respectivamente). Gráfico 4.13 Total de indivíduos, segundo o conhecimento de locais turísticos. 48,3 Jardim Botânico 44,8 Monte (carro de cestos) 19,2 Piscinas naturais-Porto Moniz Casa de Santana 15,1 13,4 Cabo Girão 8,1 Grutas S. Vicente Laurissilva 7,6 6,4 Outros 5,2 Penha Águia 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 (%) Conforme se pode ainda ver pelo gráfico anterior, outros dos locais turísticos mais conhecidos são as piscinas naturais do Porto Moniz, as emblemáticas casas de colmo em Santana, o Cabo Girão, as grutas de São Vicente50 e a Floresta Laurissilva. Contudo, um total de 6,4% dos inquiridos disse ainda conhecer “Outros” locais de interesse turístico, salientando-se na quase totalidade dos lugares apontados aspectos relacionados com os recursos naturais da Ilha: com a Natureza, Clima e Paisagem. 50 Pela sua importância paisagística e no regime hidrológico da Ilha, as grutas de S. Vicente tiveram o seu reconhecimento internacional através das menções honrosas de Reserva Biogenética do Conselho da Europa em 1992 e de Património Mundial Natural sob a égide UNESCO em 1999 (in: Câmara Municipal de São Vicente). 101 Quadro 4.10 Total de indivíduos, segundo conhecimento de “Outros” locais turísticos. Campo de Golfe Curral das Freiras Fajã dos Padres Pico do Areeiro Rota da Cal Levadas Sem descrição Total N.º de Respostas 1 1 1 1 1 2 4 11 Percentagem Total (%) 9,1 9,1 9,1 9,1 9,1 18,2 36,4 100,0 Dentro desses “Outros” locais, destacam-se as “Levadas” (18,2%), as cordilheiras montanhosas do Curral das Freiras e do Pico do Areeiro, a Rota da Cal, a baía e Fajã dos Padres e ainda o campo de golfe (este associado ao desporto e à exuberante natureza do Santo da Serra e/ou do Palheiro Ferreiro). Relativamente aos elementos característicos que os turistas associam ao destino Madeira - por conveniência operacional agrupados em grandes categorias – continua a observar-se que os aspectos relacionados com a “Natureza” são aqueles que os turistas identificam como os que mais caracterizam a Ilha, e que neste caso, têm que ver com as levadas, com as flores e plantas. Seguem-se as “Bebidas”, fortemente ligadas ao Vinho Madeira e à vasta produção de licores diversos, o “Artesanato”, onde se inclui o Bordado Madeira, a indústria do vime e os carros de cesto, e os “Festivais”, que compreendem eventos como o Fim do Ano, Carnaval, Festa da Flor, Festival do Atlântico, Festa das Vindimas, entre outros. 102 Gráfico 4.14 Total de indivíduos, segundo os elementos característicos associados ao destino Madeira. Natureza 36,0 Artesanato 15,7 Festival 10,2 Gastronomia 6,6 Folclore Segurança 3,6 Outra 3,0 0,0 78,7 42,6 Bebidas 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 (%) A “Gastronomia”, com a famosa espetada e bolo do caco, os filetes de espada preto e os bifes de atum com milho frito, assim como o “Folclore”, donde se conhece o Bailinho da Madeira, os trajes coloridos dos grupos de cantares e outros símbolos da etnografia madeirense, como o “brinquinho”51, são outros elementos turísticos conhecidos pelos inquiridos, embora com menor enunciação (10,2% e 6,6%, respectivamente). Pelo gráfico que se segue, facilmente se constata que o recurso turístico mais conhecido dos turistas antes de visitarem o destino é, de facto, a Natureza (50,1%), seguindo-se aspectos que lhes estão directamente correlacionados, como o clima ameno (48%), o mar (45%) e o sol (40%), e por consequência destes a referência ao factor praia (25%). Com algum destaque seguem-se as festas tradicionais (42%), o que se depreende por estarem inseridas no calendário de promoção anual de eventos turísticos, mas também pelos arraiais madeirenses, que ocorrem no pico alto do Verão e que estão associados a uma determinada localidade da ilha e ao seu santo padroeiro e que são conhecidos pelo seu cariz profundamente religioso e cultural, que todos os anos fazem regressar milhares de emigrantes à sua terra natal. 51 Instrumento musical composto por um conjunto de bonecos de paus (vestidos com o traje tradicional), castanholas e fitilhos, dispostos numa cana de roca e movimentado pelo portador, com movimentos verticais (In: Guia Madeira). 103 Gráfico 4.15 Total de indivíduos, segundo os factores associados à Madeira antes de conhecer o destino. 45 Mar/àgua 40 Sol 30 Saúde/Wellness 28 Simpatia 33 Cultura 2,5 Congressos/incentivos 48 Clima ameno 42 Festas tradicionais 25 Praia 5 Gastronomia 10 Desporto 50,1 Natureza 0 10 20 30 40 50 60 (%) Aspectos inerentes à cultura da Ilha, que podem estar ligados ao seu património natural ou histórico ou com os eventos de animação e promoção turística, são outros dos factores evidenciados pelos turistas antes de terem conhecido o destino (33%). Por conseguinte, é sem muita surpresa que se observa que uma larga fatia dos turistas que visitam a Madeira (65%) participa ou assiste às chamadas festas tradicionais, evidenciando deste modo o interesse que tem de conhecer o destino sob um ponto de vista antropológico, ou seja, mais tradicional e genuíno, pela observação directa e através do contacto com as suas gentes, com a sua gastronomia, com os seus costumes, suas crenças, com o seu modus vivendi. 104 Gráfico 4.16 Total de indivíduos, segundo actividades de lazer realizadas. 2 Outra 40 Observação de animais e plantas 33 Excursões a pontos de interesse 2,5 Feiras/mercados locais 48 Visita a parques naturais 8 Diversão nocturna 25 Visita ao casino 65 Festas Tradicionais 10 Passeios de Barco 50,1 Visita a Monumentos 0 10 20 30 40 50 60 70 (%) O património cultural e histórico desperta também grande interesse nos turistas que visitam a RAM, com 50,1% dos inquiridos a dedicar grande parte do seu tempo a visitas a monumentos, construídos ou não, e outros 33% a excursões a pontos de interesse. Mais uma vez aqui, o contacto com a Natureza ocupa um lugar de grande destaque nas preferências e na ocupação dos turistas, com 88 % dos indivíduos a preencher parte do seu tempo em actividades de lazer relacionadas com visitas a parques naturais (48%) e à observação de animais e plantas (40%). Assim, pode conferir-se que a Natureza é o principal e grande factor/recurso turístico de conhecimento e atractividade no destino Madeira, ao passo que as feiras, os mercados locais e a diversão nocturna, talvez pela escassez de infra-estruturas físicas e pela fraca programação e oferta de actividades de entretenimento, são os activos menos apelativos. Também no âmbito da prática desportiva se verifica uma clara predilecção pela realização de actividades em proximidade com a Natureza, com os passeios a pé a liderarem destacadamente (87,9%) as preferências entre as modalidades desportivas, o que no caso da Madeira está directamente relacionado com os passeios pelas veredas e levadas. 105 Gráfico 4.17 Total de indivíduos, segundo actividades desportivas realizadas. 15,4 Radical 61,5 Náutico 14,3 Aventura Outras 7,7 Trekking 5,5 Hipismo 5,5 87,9 Passeios a pé 27,5 Golfe 16,5 Ténis 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 (%) Com significativo realce seguem-se os desportos náuticos (61,5%), com especial incidência no mergulho, surf e windsurf, jet ski e ski aquático, pesca desportiva e vela. O golfe ocupa a terceira posição nas preferências desportivas dos inquiridos (27,5%), perseguido pelo ténis (16,5%) e pelo conjunto de desportos radicais (15,4), como sejam BTT, asa-delta, escalada e parapente. Dentro das actividades desportivas mais experimentadas pelos turistas, registe-se ainda o desporto de aventura com 14,3% dos inquiridos a praticar canyoning, jeep safari e outros. Já no domínio da cultura, 55% dos turistas que visitaram a Madeira nos meses de Março e Abril confirmaram as razões de escolha desse período de férias pelo desejo de assistir à Festa da Flor52, cartaz turístico que todos os anos atrai milhares de turistas à baixa da Cidade do Funchal. 52 Evento que tem lugar na Cidade do Funchal há quase trinta anos e que, durante dois dias, compreende a deposição de flores pelas crianças no Muro da Esperança, no Largo do Município, exposições e tapetes florais nas avenidas e dois cortejos alegóricos que percorrem as principais artérias da cidade. 106 Gráfico 4.18 Total de indivíduos, segundo eventos culturais ou de animação a que assistiram. Outro 3 Festival do Atlântico 3 30 Festival de Cinema 32 Carnaval 31 Fim do Ano 55 Festa da Flor Festa do Vinho 3,5 Festas religiosas 4 3 Poesia 17 Exposições Danças 15 Folclore 15 6 Concertos 40 Teatro 10 Visita a museus 0 10 20 30 40 50 60 (%) Curiosamente, uma significativa camada da população inquirida (40%) respondeu ter ido ao teatro nas actividades culturais que realizou ao longo das suas férias na Madeira53, confirmando-se a teoria de que o publico cultural na Região é, em determinadas circunstâncias, predominantemente estrangeiro. Aqueles que indicaram o Fim do Ano e o Carnaval como os acontecimentos culturais a que assistiram, devem incluir-se nos 29,1% dos indivíduos que já tinha visitado a RAM, face à distância temporal entre a realização desses eventos e a aplicação do questionário. Ainda assim, é de salientar a expressiva percentagem de turistas que, nesta viajem, assistiram a ciclos de cinema (30%), visitaram exposições (17%), viram espectáculos de dança (15%) e de folclore (15%), ou que visitaram museus (10%). Analisadas as escolhas dos turistas durante as suas férias na Madeira, com mais de metade dos inquiridos a visitar o destino pela primeira vez, convém agora saber a que factores o turista associa à Madeira depois de conhecer. 53 Para além do teatro, os concertos da Orquestra Clássica da Madeira, da Orquestra de Bandolins da Madeira, o Festival de Música da Madeira e o Festival Raízes do Atlântico são exemplos de eventos com maior público estrangeiro. 107 Gráfico 4.19 Total de indivíduos, segundo os factores associados à Madeira depois de conhecer o destino. Outros 3 Acção/Agitação 3 30 Novas Sensações 32 Gastronomia 31 Diversão 30 Tranquilidade Limpeza 3,5 Cultura 4 3 Novidade 17 Bem-Estar 15 Património 15 Aventura 60 Segurança 40 Exotismo 36 Descoberta 0 10 20 30 40 50 60 (%) Por analogia com os factores que o turista associava à Madeira antes de conhecer o destino, a Natureza, o clima, os recursos naturais e as festas, que são dados a conhecer pela promoção oficial da RAM no exterior ou adquiridos através de pesquisa pessoal, é interessante observar que nenhum destes elementos é explicitamente referenciado no conjunto de factores que o turista relaciona agora com o destino, ainda que contidos de forma implícita. Uma vez conhecida a Ilha, a Madeira passa a estar associada a aspectos de elevada segurança para 60% dos visitantes, ao exotismo (40%), à descoberta (36%) e a novas sensações (30%), que se depreende resultar do contacto com as variadíssimas espécies de flores, dos diferentes microclimas e dos passeios pedonais pelas levadas, pela espectacularidade dos abismos e vales, pela prática de desportos radicais e de aventura. Diversão e Tranquilidade (31% e 30%) parecem estar de mãos dadas em termos de caracterização do destino, onde tanto se pode usufruir de emoções fortes e de divertimento, como de momentos de paz e serenidade. A gastronomia que antes aparecia timidamente associada ao destino, aparece agora com mais algum destaque (32%), depois de provadas as iguarias da culinária madeirense. 108 Bem-estar, património e aventura são ainda factores que os turistas relacionam com algum significado à Madeira, mas já com menor saliência os elementos ligados à cultura, à limpeza, à novidade e à acção/agitação do destino. 4.3.2 PARÂMETROS DA SATISFAÇÃO Considerando as expectativas e as escolhas que terão motivado a opção pelo destino turístico e também as actividades desenvolvidas pelos turistas durante o período de férias na Ilha, olhemos agora para o grau de satisfação ou aspectos mais valorizados nesta visita à Madeira. Antes, interessa sublinhar que, por razões metodológicas e operacionais, o gráfico dos níveis de satisfação que agora se apresenta, mostra a percentagem das respostas na sua globalidade, isto é, a soma das respostas dadas a cada item das oito categorias indicadas (ambiente, locais turísticos, oferta comercial, oferta cultural, oferta de lazer, transportes, hospitalidade, e serviços de turismo) e para cada nível de satisfação (muito insatisfeito, insatisfeito, satisfeito e muito satisfeito). 109 Gráfico 4.20 Total de indivíduos, segundo o nível de satisfação sobre o destino e por diferentes categorias. 70,00 64,19 62,74 60,00 63,08 56,45 54,80 53,06 51,73 50,00 40,04 40,00 (%) 30,00 20,00 10,00 0,00 Meio Ambiente e espaços naturais Locais Turísticos Oferta comercial Muito insatisfeito Oferta Cultural Insatisfeito Oferta de Lazer Satisfeito Transportes Hospitalidade dos residentes Muito Satisfeito Oferta de serviços de suporte de turismo Visualizando o Gráfico 4.20, e mesmo de forma empírica, constata-se que os turistas ficaram claramente Satisfeitos e mesmo Muito Satisfeitos com os diferentes recursos/oferta do destino. Analisando agora por categoria, e com relação ao meio ambiente e espaços naturais, os turistas dizem-se Satisfeitos, quer com a “diversidade e riquezas naturais” (50%), quer sobre a “poluição e protecção ambiental” (55,4%), quer ainda com os aspectos da “limpeza” (47,8%). Os locais turísticos foram também pontuados com o nível Satisfeito, correspondendo à “conservação do património” (67,1%), “sinalética” (64,2%), “existências de postos turísticos” (63,0%) e “ambiente de segurança” (56,3%). Quanto à oferta comercial a maioria dos turistas manifestou-se Satisfeito com mais de 50% de respostas em todos os itens: “diversidade de lojas” (52,3%); “qualidade dos serviços prestados” (53,8%); “diversidade e qualidade gastronómica” (54,5%); “custos dos produtos e serviços” (65,2%). Na oferta cultural e oferta de lazer o nível de satisfação com maior frequência é novamente 110 o Satisfeito, também com mais de 50% nas respostas aos vários itens: “quantidade e qualidade de eventos” (60,7%); “atractividade dos museus/monumentos” (71,2%); “atractividade dos hábitos e costumes” (60,2%); “oferta nocturna” (56,8%); “quantidade/diversidade dos circuitos turísticos” (61,3%); “oferta de actividades desportivas” (71,6%). Declararam-se igualmente satisfeitos no que diz respeito aos transportes, designadamente sobre a “qualidade/preço dos transportes públicos” (51,0%), “qualidade das estradas” (55,6%) e “fluidez do trânsito” (57,5%). Muito Satisfeitos ficaram os turistas com a hospitalidade dos residentes e em particular com a “simpatia da população” (62,2%), com o facto de “falar diferentes idiomas/a minha língua” (51,4%) e com a “disponibilidade para prestar informações” (45,3%). Por fim54, e sobre a oferta de serviços de suporte do turismo, os inquiridos disseram-se satisfeitos com a “qualidade do serviço do aeroporto” (57,4%), “qualidade do serviço de saúde” (67,6%), “qualidade do serviço dos restaurantes” (56,7%) e com o “acesso/funcionamento às telecomunicações” (51,4%) e já muito satisfeitos com a “qualidade do serviço dos hotéis” (58,7%). Dentro dos níveis de insatisfação mais apontados pelos turistas estão a “poluição e protecção ambiental” (15,3%), a “sinalética” (23,3%), “a diversidade de lojas e oferta regional” (26,8%), a “quantidade e qualidade de eventos” (23,1%), a “oferta nocturna” (25,7%), a “fluidez do trânsito” (13,7%), “a disponibilidade para prestar informações” por parte dos madeirenses e o “falar diferentes idiomas” (5,1%) e, por último, “o acesso/funcionamento das telecomunicações” (16,2%)55. No domínio da satisfação pode ainda definir-se como turista satisfeito aquele que apresenta o maior número de respostas “Satisfeito” e “Muito satisfeito” e turista insatisfeito aquele com o maior número de respostas “Insatisfeito” e “Muito Insatisfeito”. Os “Nem satisfeitos, nem insatisfeitos” incluem-se nos que não responderam e entre aqueles que têm igual número de respostas com nível satisfeito e insatisfeito. 54 55 Ver quadro da distribuição das respostas, segundo nível de satisfação e categoria. Apêndice D (Quadro D.23). Percentagens absolutas dos itens correspondentes. 111 Gráfico 4.21 Total de indivíduos, segundo o nível de satisfação. 3% 4,6% 92,4% Nem satisfeito, nem insatisfeito Satisfeito Insatisfeito Verifica-se, assim, que uma larga maioria dos turistas (92,4%) ficou satisfeita com a viagem em férias à Madeira, enquanto apenas 4,6% disseram-se insatisfeitos. No total dos inquiridos houve ainda quem dissesse não ter ficado nem satisfeito, nem insatisfeito com a visita ao destino Madeira (3%). Finalmente, e numa apreciação ao nível de satisfação global pelas férias realizadas na Madeira, a totalidade dos inquiridos considerou positiva a visita e o tempo passado na Ilha, com 55,2% dos turistas a fazer corresponder a sua avaliação ao grau “Bom”, enquanto outros 41,0% classificaram mesmo de “Excelente”. Apenas uma fasquia de 3,8% dos entrevistados considerou “Razoável” esta viagem efectuada. Gráfico 4.22 Total de indivíduos, segundo o grau de satisfação global. 3,8% 41% 55,2% Razoàvel Bom Excelente Quando confrontados com a correspondência ou superação das expectativas face ao destino escolhido ou com os objectivos traçados para estas férias, uma clara maioria de 81,6% dos indivíduos respondeu que as expectativas foram superadas e os objectivos atingidos. Entre os que acederam responder a este campo, 17,8% disseram ter correspondido a “Parte” dos planos 112 e 0,6% afirmaram peremptoriamente que as suas expectativas para estas férias “Não” foram atingidas. Gráfico 4.23 Total de indivíduos, segundo as expectativas/objectivos de férias. 90 81,6 80 70 60 50 (%) 40 30 17,8 20 0,6 10 0 Sim Parte Não Posto isto, os turistas inquiridos continuam a preferir o período da Páscoa para realizarem as suas férias (30,9%), seguindo-se os short-breaks (25,4%) e “Outra” (24,9%) altura do ano não especificada, não sendo, porém, nem o Verão, nem o Natal onde, respectivamente, 15,5% e 3,3% dos turistas elegeram como a altura ideal para fazer férias. Gráfico 4.24 Total de indivíduos, segundo a melhor altura do ano para férias. 24,9 Outra 15,5 Verão 25,4 Short-breaks 30,9 Páscoa 3,3 Natal 0 5 10 15 20 25 30 35 (%) 113 Apesar da quadra de Natal e Fim-de-Ano na Madeira consubstanciar-se como um dos mais importantes e atractivos cartazes de animação cultural do destino turístico, a par de outros eventos de renome internacional como a Festa da Flor e o Festival do Atlântico, os turistas inquiridos permanecem fiéis às suas escolhas e consentâneos com a época em que se encontravam de férias e de resposta ao questionário. Feito o balanço a esta viagem de férias à Madeira, num cômputo geral os turistas admitem voltar a visitar a Ilha, com 58,8% a considerarem a possibilidade de voltar e 40,1% a garantirem taxativamente o regresso. Só 1,1% dos turistas dizem que, por uma ou outra razão, não mais voltarão a esta Região Autónoma. Gráfico 4.25 Total de indivíduos, segundo a intenção de voltar à Madeira. 1,1 Não, de forma alguma 58,8 Poderei voltar 40,1 Sim, definitivamente 0 10 20 30 40 50 60 (%) 4.3.2.1 Motivações e Segmentos de Mercado No seguimento da análise efectuada às preferências e motivos de escolha pelo destino Madeira, interessa avaliar quais os factores preponderantes dessa opção, pelo que, para esse efeito, se aplicou a Regressão Logística, considerando-se como variável dependente a pergunta “Tenciona voltar à Madeira?”, codificada da seguinte maneira: 114 Quadro 4.11 Regressão Logística, segundo a variável dependente “tenciona voltar à Madeira”. Valor Descrição 0 Não escolha 1 Escolha Não, em caso algum Sim, com toda a certeza Talvez volte De salientar que neste tipo de regressão a variável resposta ou variável independente apenas toma dois valores possíveis, descritos na tabela anterior: 0 ou 1. Relativamente aos factores que determinam a escolha do destino Madeira foram avaliados: - Grupo etário -Sexo - Habilitação académica - Rendimento mensal - Situação perante o trabalho - Faz férias sozinho ou acompanhado - Frequência com que viaja para fora do seu país - Satisfação A satisfação é uma variável quantitativa que descreve o número de respostas onde os turistas assinalaram “Satisfeito” ou “Muito Satisfeito”. As restantes variáveis são qualitativas onde as respectivas categorias se encontram enumeradas no Plano Operacional em apêndice (C). O método aplicado nesta regressão foi o Backward Stepwise (Wald). Para as variáveis categorizadas, a diferença entre as várias categorias foi analisada usando o método “Indicator”. Na apresentação dos resultados, é apenas apontado o modelo final. 115 Quadro 4.12 Teste de Hosmer e Lemeshow . Chi-square df Sig. 8,606 8 0,377 O teste do Qui-Quadrado verifica se o modelo encontrado é adequado ou não ao ajustamento dos dados recolhidos, o que no caso em apreço atesta da adequabilidade do modelo em função dos dados recolhidos (sig > 0,05). Quadro 4.13 Sumário do modelo. -2 Log likelihood Cox & Snell R Square Nagelkerke R Square 40,668(c) 0,140 0,334 Por sua vez, o sumário do modelo indica a percentagem de variabilidade dos dados que é explicada à custa da relação encontrada. Este modelo explica 33,4 % de variabilidade face à informação recolhida. Quadro 4.14 Variáveis incluídas no modelo. B S.E. Wald df Sig. Exp(B) Satisfação 00,189 0,055 11,873 1 0,001 1,208 Constante 0,047 0,633 0,005 1 0,941 1,048 116 Quadro 4.15 Variáveis retiradas do modelo. Grupo Etário Sexo Habilitações Académicas Situação perante o trabalho Rendimento Frequência com que viaja Faz férias sozinho ou acompanhado Apesar do modelo encontrado explicar apenas 33,4 % dos dados recolhidos, é adequado ao ajustamento dos mesmos. Este modelo traduz-se por indicar apenas como variável explicativa da escolha do destino Madeira a satisfação, ou seja, quanto mais satisfeito (maior número de respostas “Satisfeito” e “Muito satisfeito”) o turista estiver, a probabilidade de escolher o destino Madeira é maior. As restantes variáveis incluídas como parte integrante do modelo inicial, Grupo Etário, Sexo, Habilitação Académica, Rendimento Mensal, Situação perante o trabalho, Faz férias sozinho ou acompanhado e a Frequência com que viaja para fora do seu país foram retiradas por não terem um carácter explicativo significativo referente à escolha do destino Madeira neste preciso modelo, o que não implica que noutro modelo não tenham outra relevância. Entretanto, com o objectivo de se identificar segmentos de mercado a partir dos resultados da amostra, submeteu-se os dados recolhidos a uma Análise de Clusters. O método usado para esta Análise de Clusters foi hierárquico, usando a distância euclediana, com o objectivo de agrupar as variáveis Grupo Etário, Sexo, Habilitação Académica, Rendimento Mensal, Situação perante o trabalho, Faz férias sozinho ou acompanhado, Frequência com que viaja para fora do seu país, Rendimento, Voo, Tipo de Alojamento, Satisfação, cujos resultados se apresenta no quadro seguinte. 117 Quadro 4.16 Agglomeration Schedule Cluster Combined Cluster 1 Cluster 2 4 10 7 8 2 4 3 7 2 3 1 6 1 5 1 2 1 9 Fase 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Coeficientes 35,000 44,000 57,500 78,000 113,000 124,000 286,000 379,389 563,222 Stage Cluster First Appears Cluster 1 Cluster 2 0 0 0 0 0 1 0 2 3 4 0 0 6 0 7 5 8 0 Fase Seguinte 3 4 5 5 8 7 8 9 0 Em consequência desta análise, foram identificados dois grupos: Cluster1 e Cluster2. O Dendograma ou “Diagrama de árvore” mostra as semelhanças entre os factos e, neste caso em concreto, as variáveis. Note-se que os “ramos” se unem da esquerda para a direita no dendograma. Os clusters unidos pelas linhas são muito semelhantes. Dendograma usando Distância Euclediana (Entre Grupos) Rescaled Distance Cluster Combine C A S E Label Num 0 5 10 15 20 25 +---------+---------+---------+---------+---------+ Situacao 4 òûòø Sat 10 ò÷ ùòòòø Sexo 2 òòò÷ ùòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòø Ferias 7 òûòòòø ó ó Voo 8 ò÷ ùò÷ ùòòòòòòòòòòòòòòòø HabAcd 3 òòòòò÷ ó ó GruEt 1 òòòòòòòòòûòòòòòòòòòòòòòø ó ó Frequenc 6 òòòòòòòòò÷ ùòòòòòòòòò÷ ó Rendimen 5 òòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòò÷ ó Alojamen 9 òòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòò÷ Legenda: - Sat: Satisfação -HabAcd: Habilitações académicas -GruEt: Grupo Etário 118 -Freq: Frequência com que viaja -Rendimen: Rendimento -Alojamen: Alojamento Quadro 4.17 Descrição dos clusters. Variável 2 Clusters Grupo Etário 1 Sexo 1 Habilitações Académicas 1 Situação perante o trabalho 1 Rendimento Mensal 1 Com que frequência viaja para fora do seu país? 1 Faz férias sozinho ou acompanhado? 1 Que tipo de voo utilizou? 1 Qual a tipologia de alojamento escolhido? 2 Satisfação 1 Assim, e de acordo com a tabela anterior, temos que o Cluster 1 é constituído pelas variáveis Sexo, Grupo Etário, Habilitações Literárias, Situação perante o trabalho, Rendimento Mensal, Frequência com que viaja, Se faz ferias sozinho, o tipo de voo e a satisfação e que o Cluster 2 apenas inclui a variável tipologia do alojamento. Em termos práticos os clusters indicados formam dois grupos homogéneos, ou seja, dois segmentos de mercado. 119 CAPÍTULO V VISÃO E ESTRATÉGIAS GLOBAIS 5.1 INTRODUÇÃO O trabalho de investigação no terreno fica concluído com a realização de entrevistas a diversas entidades com responsabilidade nos sectores do turismo e da cultura, conforme metodologia e cronograma definidos no projecto científico. Considerou-se de elementar importância conhecer a estratégia governamental e a visão pessoal dos agentes ligados ao Turismo e à Cultura para uma melhor compreensão da realidade do sector e das políticas económicas orientadoras do turismo da Madeira. Por conseguinte, o Capítulo V oferece a transposição das entrevistas semi-estruturas realizadas56 ao Presidente do Governo Regional, directores regionais do Turismo e dos Assuntos Culturais, director executivo da Associação de Promoção da Madeira, presidente da ARCHAIS e delegado na APAVT na Região, e, numa fase posterior, à análise funcional e correspondentes conclusões às entrevistas. A reprodução integral das entrevistas neste capítulo acontece por se considerar favorecer, do ponto de vista conceptual, a leitura e análise daquelas que são as linhas mestras em política cultural e de turismo. 56 De acordo com o cronograma proposto, as entrevistas foram realizadas ao longo dos meses de Abril, Maio e Junho e em conformidade com o guião de entrevista elaborado (Apêndice B). 120 5.2 ENTREVISTAS Entrevista nº 1 Entrevistado: Dr. Alberto João Jardim Cargo: Presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira Local e data: Funchal, 09 de Julho de 2008 Pergunta nº 1: Muitos dos recursos turísticos que a Madeira apresenta como referências comparativas e que se constituem vantagens competitivas no mercado internacional derivam de atributos diferenciadores, que não são copiáveis e para os quais não se vislumbram produtos substitutos. Considera que o nosso património natural, cultural e histórico está a ser bem explorado na sustentabilidade e captação de mercados turísticos? Alberto João Jardim (AJJ) - O processo de desenvolvimento económico, social e cultural de que a Madeira foi palco, nestes últimos 30 anos de autonomia, sempre teve em linha de conta a preservação e a valorização do património regional, tanto na sua vertente natural como histórica. O grande feito foi precisamente conciliar o passado e tudo aquilo que foi e que ainda é a nossa singularidade com a modernidade e com o futuro que todos projectavam para a Região. Hoje, a Região Autónoma da Madeira não só mantém vivas as suas raízes históricas e culturais como apostou, claramente, na sua requalificação para o futuro, integrando-as na actualidade como valores intrínsecos ao povo madeirense e à luta que todos empreenderam ao sonhar que era possível alcançar a qualidade de vida e a excelência de que a Região é actualmente detentora. A Marca Madeira engloba, no seu todo, o passado, o presente e o futuro da Região e das suas gentes e é neste contexto que, naturalmente e aos olhos de quem nos visita, continuamos a ser únicos e a primar pela singularidade das nossas manifestações artísticas, culturais e sociais, num mercado global, cada vez mais competitivo. A evolução empreendida ao longo destes últimos trinta anos evidenciou o património natural e/ou histórico da Região e aproveitou-o, aliás, para a consolidação do nosso crescimento. Todavia, é fundamental que a estratégia futura continue neste caminho, no sentido de não defraudarmos as expectativas dos madeirenses e porto-santenses mas, também, daqueles que nos visitam e que já se habituaram à nossa forma de encarar e respeitar o legado que nos foi deixado, transformando-o sempre em algo de melhor. 121 Pergunta nº 2: Apesar deste ser um destino maduro e tradicional, o sector carece sempre de um dinamismo na oferta e uma permanente actualização de modo a garantir-se parâmetros de elevada qualidade e de enriquecimento do produto. Como acha que se pode consolidar ou valorizar uma marca e diferenciar para ganhar competitividade sem incorrer no risco de descaracterizar o destino? A.J.J. - Uma diferenciação com vista a assegurar uma maior competitividade não implica, necessariamente, uma ruptura com o passado e com tudo aquilo que foi servindo de base à construção da nossa imagem. Nem implica, muito menos, uma descaracterização. Pelo contrário. O grande desafio da Região, encarada enquanto Destino turístico de excelência, assenta e assentará, no futuro, em saber requalificar, renovar e, com criatividade, inovar dentro daquilo que é a nossa diferença perante outros mercados directamente concorrenciais e, sobretudo, perante os eventuais mercados que, nos próximos anos, assumam algum destaque no panorama internacional. Ainda que seja necessário renovar, requalificar e reposicionar a Marca Madeira no mercado – no sentido de acompanharmos a evolução e continuarmos a ser uma entre as várias escolhas passíveis de serem acolhidas pelos turistas – a verdade é que este trabalho terá de derivar, sempre, da essência do destino e a partir dela explorar todas as possibilidades de inovação. A verdade é que a Região Autónoma da Madeira tem vindo a seguir um rumo muito próprio e é também integrado neste desenvolvimento sustentável e estratégico que o sector turístico tem crescido ao longo destes anos, mantendo-se competitivo, atractivo e mobilizador. Pergunta nº 3: Apreciando os pontos altos do calendário do turismo na Madeira, em termos de ocupação, que continuam associados à realização de eventos como o Fim do Ano e a Festa da Flor, enquanto produtos de animação cultural, qual a influência que a Cultura tem na escolha do destino Madeira? Acha que a Cultura tem uma posição importante na procura turística regional? A.J.J. - A oferta turística madeirense foi sempre uma oferta multifuncional e transversal, apoiada, naturalmente, na cultura e nas diversas formas em que esta se expressa na comunidade mas, também, na multiplicidade de opções ao dispor de quem visita a Região. De entre as diversas motivações que originam a escolha do nosso Destino, é natural que a cultura assuma um papel, até porque é indissociável de todas as manifestações de promoção e dos produtos que, dentro da Marca Madeira, nos distinguem. Faz parte de um todo. Ao vender-se a imagem da Região no exterior vende-se, naturalmente, a sua cultura. 122 Pergunta nº 4: Considerando que o turista procura sobretudo emoções e novas sensações e tendo em conta que o turismo que visita a Madeira é um turismo sénior e de médio-alto nível económico, considera que a Cultura (em sentido lato) tem tido o conveniente aproveitamento turístico? A.J.J. - Em primeiro lugar, convém salientar que não é só o turismo sénior que visita a Madeira. Pelo contrário. Existe uma cada vez maior procura por parte de outros segmentos, nomeadamente dos jovens, até em resposta de campanhas que têm vindo a ser direccionadas neste sentido. Associar uma qualquer faixa etária à procura da cultura é, também, uma ilação algo redutora, até porque a cultura existe e cativa, independentemente de estarmos a falar de jovens, de adultos ou de uma população sénior. A cultura, enquanto componente complementar ao sector turístico, tem vindo a ser trabalhada e rentabilizada consoante os contextos que se têm apresentado, respondendo, de forma directa, às expectativas do mercado. Todavia, e tal como o próprio sector turístico, esta realidade não é estática e carece de uma avaliação constante, de forma a poder-se aferir o resultado das intervenções. O Governo Regional tem feito todos os esforços para que a cultura regional sobressaia no sector turístico mas está ciente de que, numa área como esta, tem de haver uma progressiva actualização daquilo que é o produto a oferecer no seu todo. Pergunta nº 5: A marca Madeira está fortemente associada à Natureza, mas também a muitos factores etnográficos, como o folclore, a cultura popular e tradicional das suas gentes, a gastronomia. Falando em turismo cultural, que produtos de nicho admite poderem marcar a diferença, ou seja, quais os produtos a desenvolver na oferta turística cultural? A.J.J. - Todos os produtos que sirvam para exaltar e para requalificar a imagem da Madeira no mercado serão sempre bem-vindos. A aposta poderá passar pelo encontro de soluções que explorem o património cultural numa óptica de mercado mais direccionada para públicos específicos. O caso da Marca “Quintas da Madeira” ilustra, precisamente, a conciliação daquilo que é o património cultural edificado da Região com a excelência de um serviço hoteleiro prestado aos turistas. Pergunta nº 6: Será a Cultura uma vertente importante para a evolução, qualificação e promoção do nosso turismo? A.J.J. - A evolução, a qualificação e a promoção do nosso turismo só fazem sentido se a Marca Madeira for encarada como um todo e se cada uma das suas componentes for, em 123 articulação, trabalhada e rentabilizada. A cultura acaba por ser complementar ao sector turístico e, enquanto tal, tem de merecer a devida atenção e a devida exploração para que o produto final que é o destino Madeira continue na senda da excelência, mantendo o seu bom nome e a sua imagem no mercado. Entrevista nº 2 Entrevistado: Dr. Paulo Faria Cargo: Director Regional do Turismo Local e data: Funchal, 14 de Maio de 2008 Pergunta nº 1: Muitos dos recursos turísticos que a Madeira apresenta como referências comparativas e que se constituem vantagens competitivas no mercado internacional derivam de atributos diferenciadores, que não são copiáveis e para os quais não se vislumbram produtos substitutos. Considera que o nosso património natural, cultural e histórico está a ser bem explorado na sustentabilidade e captação de mercados turísticos? Paulo Faria (P.F.) - O património natural, cultural e histórico da RAM é e tem sido, efectivamente, um excelente promotor do destino além fronteiras. O peso deste património, independentemente da valência que esteja em causa, varia consoante quem procura o destino e as motivações que traduzem a escolha. Todavia, um destino que preserva a sua natureza e toda a sua envolvente ambiental, que promove a cultura do seu povo e que salvaguarda as suas raízes históricas - como é o caso da RAM - é sempre um destino a conhecer e, inclusive, a repetir, entre as muitas e cada vez mais competitivas escolhas que diariamente emergem no mercado. O Governo Regional, ciente das mais-valias que decorrem da preservação deste património, tem vindo a apostar, claramente, numa política de renovação na continuidade, numa estratégia de requalificação com vista à qualidade e à excelência. Contudo, e para acompanhar a evolução, é fundamental que este trabalho seja continuado no tempo, no sentido de não defraudarmos as altas expectativas de todos os que nos visitam, esforço que, aliás, tem sido feito. Pergunta nº 2: Apesar deste ser um destino maduro e tradicional, o sector carece sempre de um dinamismo na oferta e uma permanente actualização de modo a garantir-se parâmetros de elevada qualidade e de enriquecimento do produto. Como acha que se pode consolidar ou 124 valorizar uma marca e diferenciar para ganhar competitividade sem incorrer no risco de descaracterizar o destino? P.F. - A consolidação e a valorização da marca Madeira passam, essencialmente, pela aposta numa diferenciação estratégica, numa requalificação do produto e numa renovação daquilo que temos para oferecer a quem nos visita, pressupostos todos eles inspirados na singularidade que nos distingue de todos os outros destinos concorrenciais. Ainda que, para fazer face à crescente competitividade, seja necessário renovar, inovar, requalificar e reposicionar os próprios micro-produtos que constituem a Marca Madeira no seu todo, a verdade é que todo este trabalho assenta e terá sempre por base a essência do destino, aquilo que nos faz ser únicos, explorando-se, a partir daqui, todas as possibilidades que contribuam para reforçar a imagem da Madeira no mundo. Nesta óptica, julgamos que o risco de descaracterização não assume, para já, qualquer relevância. Pergunta nº 3: Apreciando os pontos altos do calendário do turismo na Madeira, em termos de ocupação, que continuam associados à realização de eventos como o Fim do Ano e a Festa da Flor, enquanto produtos de animação cultural, qual a influência que a Cultura tem na escolha do destino Madeira? Acha que a Cultura tem uma posição importante na procura turística regional? P.F. - A Madeira é um destino que oferece, actualmente, um vasto leque de opções, entre as quais assume especial destaque a cultura e todas as manifestações que lhe estão associadas, nos seus diversos tipos e formas de arte. Falar de turismo e de promoção turística implica, necessariamente, falar de cultura e é aliás nesta óptica que, apesar desta área já não depender da tutela da Secretaria Regional do Turismo e Transportes, o esforço de integrá-la em todos os eventos que têm sido levados a cabo é visível. Veja-se, em termos dos grandes eventos de animação, o grande destaque das exposições no Espaço Infoart. Veja-se, igualmente, o carácter histórico que todas as manifestações ligadas ao turismo tem vindo a assumir, ao longo deste ano, invocando-se, em todas elas, os 500 anos da cidade do Funchal. Estes são apenas dois dos inúmeros exemplos que ilustram esta complementaridade. Turismo e cultura são áreas que se relacionam, que se complementam e que acabam por ser indissociáveis. 125 Pergunta nº 4: Considerando que o turista procura sobretudo emoções e novas sensações e tendo em conta que o turismo que visita a Madeira é um turismo sénior e de médio alto nível económico, considera que a Cultura (em sentido lato) tem tido o conveniente aproveitamento turístico? P.F. - A rentabilização de um determinado produto depende, necessariamente, do contexto e das necessidades que se identifiquem em torno do mesmo. A cultura, enquanto produto de promoção turística e tal como muitos outros produtos, carece de uma adaptação constante à realidade e às expectativas do mercado. Há sempre muito a fazer numa área tão dinâmica como esta e, neste sentido, o que podemos efectivamente afirmar é que a mudança, a proactividade e a progressiva melhoria da nossa promoção fazem parte da nossa estratégia. Pergunta nº 5: A marca Madeira está fortemente associada à Natureza, mas também a muitos factores etnográficos, como o folclore, a cultura popular e tradicional das suas gentes, a gastronomia. Falando em turismo cultural, que produtos de nicho admite poderem marcar a diferença, ou seja, quais os produtos a desenvolver na oferta turística cultural? P.F. - Existem inúmeros produtos que podem vir a ser desenvolvidos num contexto de promoção turística cultural e é precisamente no encontro e na exploração de novos produtos que a Direcção Regional de Turismo está, presentemente, a trabalhar. Pergunta nº 6: Será a Cultura uma vertente importante para a evolução, qualificação e promoção do nosso turismo? P.F. - Diria que a evolução, a qualificação e a promoção do nosso turismo só podem acontecer e atingir o seu sucesso se tiverem em conta todas as componentes que enriquecem o produto, nomeadamente a cultura. Entrevista nº 3 Entrevistado: Dr. João Henrique Silva Cargo: Director Regional dos Assuntos Culturais Local e data: Funchal, 14 de Maio de 2008 Pergunta nº 1: Muitos dos recursos turísticos que a Madeira apresenta como referências comparativas e que se constituem vantagens competitivas no mercado internacional derivam de atributos diferenciadores, que não são copiáveis e para os quais não se vislumbram 126 produtos substitutos. Considera que o nosso património natural, cultural e histórico está a ser bem explorado na sustentabilidade e captação de mercados turísticos? João Henrique Silva (J.H.S.) - Naturalmente que certos bens podem sempre ser ainda melhor utilizados. Pelas suas características, o património natural e também o cultural são um esteio importante na captação de mercados turísticos. E a sustentabilidade desse turismo implica que as riquezas patrimoniais e os aspectos específicos que fazem a singularidade do destino Madeira sejam preservados para o futuro e ainda mais trabalhados quanto à sua identificação na oferta turística. Pergunta nº 2: Apesar deste ser um destino maduro e tradicional, o sector carece sempre de um dinamismo na oferta e uma permanente actualização de modo a garantir-se parâmetros de elevada qualidade e de enriquecimento do produto. Como acha que se pode consolidar ou valorizar uma marca e diferenciar para ganhar competitividade sem incorrer no risco de descaracterizar o destino? J.H.S. - Penso que, primeiro, é necessário fazer dessa oferta singular (a natureza e a cultura da Madeira) uma marca! Isso implica algum tratamento dessa matéria a nível de conteúdos, com trabalho de investigação, design, etc., por forma a explicitar o carácter original e único da nossa oferta nesses domínios. Depois, implica um trabalho específico na área da divulgação e da promoção, em que o marketing e a publicidade se entretecem com uma estratégia política e comercial para o sector. Se se “puxar” pela marca, isso nunca vai descaracterizar o destino. Pergunta nº 3: Apreciando os pontos altos do calendário do turismo na Madeira, em termos de ocupação, que continuam associados à realização de eventos como o Fim do Ano e a Festa da Flor, enquanto produtos de animação cultural, qual a influência que a Cultura tem na escolha do destino Madeira? Acha que a Cultura tem uma posição importante na procura turística regional? J.H.S. - Não temos dados específicos quanto a isso, mas penso que a Cultura – tomada, aqui, tanto no sentido lato, como no sentido estrito – tem um papel significativo nas escolhas deste destino. Muitos aspectos, datas, símbolos, conteúdos, imaginários, que relevam da cultura madeirense, estão já integrados em toda a programação anual que é feita na área da animação do destino. Por outro lado, bens e conteúdos mais especificamente culturais, como a música, o património ou os museus, são objecto de inúmeras visitas e apreciação local pelos turistas, todos os dias ao longo do ano. 127 Pergunta nº 4: Considerando que o turista procura sobretudo emoções e novas sensações e tendo em conta que o turismo que visita a Madeira é um turismo sénior e de médio-alto nível económico, considera que a Cultura (em sentido lato) tem tido o conveniente aproveitamento turístico? J.H.S. - Penso que sim, e o facto de durante anos a Cultura ter estado associada ao Turismo em termos de orgânica governativa, potenciaram uma acrescida visibilidade e articulação para que os bens culturais pudessem funcionar como mais-valia também para os visitantes (e a alteração da orgânica governativa não significa que esta “parceria” deixe de funcionar). Mas acho que é possível exponenciar essa mais-valia se houver um maior investimento no sector cultural direccionado para a sua divulgação. Mais uma vez, isso significa, por um lado, trabalhar com alguma profundidade e continuidade todo um vasto leque de conteúdos (património cultural – móvel, imóvel e imaterial – museus, música tradicional, festas e etnografia, etc.), por forma a dotar o marketing turístico de informação mais rigorosa e diversificada acerca da especificidade da nossa oferta e, por outro, criar uma “itinerância” da cultura para fora da Madeira, possibilitando que, através de feiras, festivais e frequência de outros espaços culturais no estrangeiro, o melhor da cultura da Madeira possa atingir directamente outras sociedades e culturas, outros mercados potenciais. Pergunta nº 5: A marca Madeira está fortemente associada à Natureza, mas também a muitos factores etnográficos, como o folclore, a cultura popular e tradicional das suas gentes, a gastronomia. Falando em turismo cultural, que produtos de nicho admite poderem marcar a diferença, ou seja, quais os produtos a desenvolver na oferta turística cultural? J.H.S. - Basicamente produtos ligados ou que seja possível integrar sob o chapéu amplo do património cultural, depois se ramificando pela sua vertente mais erudita (arquitectura monumental, bens móveis e imóveis de carácter religioso, museus) e pela sua vertente mais etnográfica (festas, tradições, artesanato, música e arquitectura popular). Penso que há que fazer ver que há determinados “bens culturais” que, para usufruir deles, o turista tem de vir à Madeira: não são “exportáveis”, nem intercambiáveis. Daí a importância do marketing destacar o carácter único desses bens. Pergunta nº 6: Será a Cultura uma vertente importante para a evolução, qualificação e promoção do nosso turismo? J.H.S. - Certamente que sim, e cada vez mais, dado o mundo globalizado e de oferta igualitária e igualizadora que nos envolve. Uma vertente muito importante do turismo que se 128 faz hoje é a do turismo cultural. Ora, isto tem subjacente que o que temos para vender ao turista é um produto singular e único. Trabalhar a especificidade da nossa oferta, no património natural e no património cultural, vai contribuir decisivamente para qualificar o próprio turismo, já que com isso nos direccionamos para mercados mais “qualificados”. E é a este nível que, hoje, o jogo da promoção e dos mercados busca mostrar uma diferença. Entrevista nº 4 Entrevistado: Dr. Oto Oliveira Cargo: Director Executivo da Associação de Promoção da Madeira Local e data: Funchal, 8 de Maio de 2008 Pergunta nº 1: Muitos dos recursos turísticos que a Madeira apresenta como referências comparativas e que se constituem vantagens competitivas no mercado internacional derivam de atributos diferenciadores, que não são copiáveis e para os quais não se vislumbram produtos substitutos. Considera que o nosso património natural, cultural e histórico está a ser bem explorado na sustentabilidade e captação de mercados turísticos? Oto Oliveira (O.O.) - Julgo que muito está a ser feito neste sentido. Há, contudo, um gap entre aquilo que já deveria ter sido feito e a actual oferta. A dinâmica da procura é enorme e a oferta tem forçosamente de acompanhá-la sob pena de ficarmos relegados para segundo plano. Em abono da situação algo estática da oferta em relação à procura, diria que a Madeira sempre esteve numa posição relativamente passiva no que respeita à captação de clientes, dada a limitação de destinos nossos concorrentes, sobretudo no Inverno. A mudança de atitude não se faz de um dia para outro; cultiva-se, aprende-se e aplica-se. Por outras palavras, falta proactividade na forma de explorar, promover estes “novos” produtos. Pergunta nº 2: Apesar deste ser um destino maduro e tradicional, o sector carece sempre de um dinamismo na oferta e uma permanente actualização de modo a garantir-se parâmetros de elevada qualidade e de enriquecimento do produto. Como acha que se pode consolidar ou valorizar uma marca e diferenciar para ganhar competitividade sem incorrer no risco de descaracterizar o destino? O.O. – O novo posicionamento da Marca Madeira já faz essa distinção e “vende” exactamente aquilo que a Madeira é. Basta pensarmos que em todas as imagens utilizadas na promoção, não se faz um único trabalho de melhoria da imagem. Não a descaracteriza; antes pelo 129 contrário, valoriza as suas próprias características e valorizando-as diferencia a Madeira e o destino ganha competitividade. Pergunta nº 3: Apreciando os pontos altos do calendário do turismo na Madeira, em termos de ocupação, que continuam associados à realização de eventos como o Fim do Ano e a Festa da Flor, enquanto produtos de animação cultural, qual a influência que a Cultura tem na escolha do destino Madeira? Acha que a Cultura tem uma posição importante na procura turística regional? O.O. - Faria uma distinção clara entre cultura erudita e popular. Diria que à excepção de um ou outro evento “produzido pelo homem”, como a Festa da Flor, ou a Festa de Fim do Ano, a cultura erudita não atraía directamente qualquer turista à Região. Já a cultura popular está numa posição oposta. A grande maioria dos turistas procura precisamente esse entrosamento e o contacto com “as gentes da Madeira”. O equilíbrio entre o número de camas e os habitantes a isso proporciona. Não quero com isto dizer que os espectáculos culturais realizados não tenham impacto e não sejam frequentados pelos turistas. As salas estão normalmente cheias a confirmar a procura por este tipo de produto; o que não existe é a justificação directa de uma vinda à Madeira por causa da cultura, entenda-se, erudita. Pergunta nº 4: Considerando que o turista procura sobretudo emoções e novas sensações e tendo em conta que o turismo que visita a Madeira é um turismo sénior e de médio-alto nível económico, considera que a Cultura (em sentido lato) tem tido o conveniente aproveitamento turístico? O.O. - Muitos passos já foram dados no sentido de adaptar a oferta à procura – a criação e o sucesso da OCM, por exemplo, demonstram que estamos no bom caminho. Mas muito precisa ainda de ser feito. As infra-estruturas estão feitas. Falta o conteúdo. Pergunta nº 5: A marca Madeira está fortemente associada à Natureza, mas também a muitos factores etnográficos, como o folclore, a cultura popular e tradicional das suas gentes, a gastronomia. Falando em turismo cultural, que produtos de nicho admite poderem marcar a diferença, ou seja, quais os produtos a desenvolver na oferta turística cultural? O.O. - Há uma panóplia de produtos culturais que poderiam ter uma forte procura na Madeira graças ao tipo de turistas que nos visita. A gastronomia – incluindo o vinho -, a música e as tradições populares, podem assumir papeis importantes. 130 Pergunta nº 6: Será a Cultura uma vertente importante para a evolução, qualificação e promoção do nosso turismo? O.O. - A cultura faz parte integrante do nosso posicionamento. Ela é um factor distintivo e diferenciador de outros destinos nossos concorrentes. Este posicionamento permitirá à Madeira, ter uma oferta aglutinadora, global e activa. O Body.Mind.Madeira. mostram um clima de bem-estar reflectindo-se na frase: This is your SPA. Entrevista nº 5 Entrevistado: Sr. João Welsh Cargo: Delegado da APVT – Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo Local e data: Funchal, 23 de Abril de 2008 Pergunta nº 1: Muitos dos recursos turísticos que a Madeira apresenta como referências comparativas e que se constituem vantagens competitivas no mercado internacional derivam de atributos diferenciadores, que não são copiáveis e para os quais não se vislumbram produtos substitutos. Considera que o nosso património natural, cultural e histórico está a ser bem explorado na sustentabilidade e captação de mercados turísticos? João Welsh (J.W.) - Não, pelo simples facto de não existirem fortes preocupações na sua defesa, verificando-se degradação e destruição do mesmo, vítima dos interesses da construção civil que têm assumido um papel prioritário/estratégico na nossa economia. Na realidade a preocupação de atribuir um papel de locomotiva da nossa economia à Construção civil, remeteu para um papel – ainda que importante – secundário ao turismo e todo o património cultural e histórico. O facto é que se verifica já alguma descaracterização do nosso produto caminhando-se paulatinamente no sentido da perda dos nossos factores fundamentais de diferenciação e por essa via tornando cada vez mais difícil a promoção eficaz e geradora de turistas de alto poder de compra. Pergunta nº 2: Apesar deste ser um destino maduro e tradicional, o sector carece sempre de um dinamismo na oferta e uma permanente actualização de modo a garantir-se parâmetros de elevada qualidade e de enriquecimento do produto. Como acha que se pode consolidar ou valorizar uma marca e diferenciar para ganhar competitividade sem incorrer no risco de descaracterizar o destino? 131 J.W. - Com uma Visão Clara para o Produto/Destino; Com uma missão coerente com essa Visão; Com um Plano Estratégico que dê corpo à visão e missão sempre num processo de grande coerência e consistência. A diferenciação é conseguida acima de tudo com a defesa dos nossos activos naturais, culturais e de património edificado. Os equipamentos de suporte ao turismo, os equipamentos hoteleiros e todos os eventos de animação terão de ser desenvolvidos em coerência com as especificidades do nosso produto base. Daí que, pessoalmente, defenda que a Madeira deveria ter uma visão de se tornar uma “Destino Boutique de Excelência” dirigido ao publico Sénior de poder de compra médio/alto; alto e muito alto. Pergunta nº 3: Apreciando os pontos altos do calendário do turismo na Madeira, em termos de ocupação, que continuam associados à realização de eventos como o Fim do Ano e a Festa da Flor, enquanto produtos de animação cultural, qual a influência que a Cultura tem na escolha do destino Madeira? Acha que a Cultura tem uma posição importante na procura turística regional? J.W. - A Cultura assume claramente um papel determinante na procura do destino Madeira e os eventos de animação são claramente uma aposta ganha com excepção para o Rali Vinho Madeira que não é coerente com o nosso tipo de turismo. Todos os investimentos feitos na cultura são tão ou mais importantes que os realizados na promoção já que esta irá beneficiar daqueles. Pergunta nº 4: Considerando que o turista procura sobretudo emoções e novas sensações e tendo em conta que o turismo que visita a Madeira é um turismo sénior e de médio-alto nível económico, considera que a Cultura (em sentido lato) tem tido o conveniente aproveitamento turístico? J.W. - Actualmente não pelo simples facto da Madeira já não ter turistas (os que tem são um pequeno nicho) de médio-alto nível económico. Os números são claros. Temos uma receita média cama dia de 30€. Esse é o valor de um pequeno-almoço num destino orientado para turistas de alto poder de compra. Não podemos fazer análises com base em ideias préconcebidas do passado que já não têm qualquer aderência à realidade. A cultura só terá o seu verdadeiro aproveitamento quando for defendida de forma fundamentalista gerando por essa via melhores turistas e em consequência tornando-se num activo útil para a nossa promoção, tudo num círculo virtuoso. 132 Pergunta nº 5: A marca Madeira está fortemente associada à Natureza, mas também a muitos factores etnográficos, como o folclore, a cultura popular e tradicional das suas gentes, a gastronomia. Falando em turismo cultural, que produtos de nicho admite poderem marcar a diferença, ou seja, quais os produtos a desenvolver na oferta turística cultural? J.W. - A gastronomia; o Vinho Madeira; bordados; o património edificado de grande valor; as ruas históricas, os nossos museus/Casa das mudas e novos equipamentos nesta área inaugurados nos últimos anos como o centro vulcanologia, criando roteiros turísticos/culturais. Pergunta nº 6: Será a Cultura uma vertente importante para a evolução, qualificação e promoção do nosso turismo? J.W. - Claramente. Fundamental, imprescindível! Entrevista nº 6 Entrevistado: Dra. Isabel Gouveia Cargo: Presidente da ARCHAIS – Associação de Arqueologia e Defesa do Património da Madeira Local e data: Funchal, 9 de Maio de 2008 Pergunta nº 1: Muitos dos recursos turísticos que a Madeira apresenta como referências comparativas e que se constituem vantagens competitivas no mercado internacional derivam de atributos diferenciadores, que não são copiáveis e para os quais não se vislumbram produtos substitutos. Considera que o nosso património natural, cultural e histórico está a ser bem explorado na sustentabilidade e captação de mercados turísticos? Isabel Gouveia (I.G.) - Relativamente ao património natural, considero que tem vindo a ser feito uma aposta interessante na divulgação e preservação dos circuitos das inúmeras levadas que serpenteiam a ilha…mas, atenção, não devemos, nem podemos achar que o turismo natural seja a única aposta na captação de mercados turísticos… No que se refere ao património cultural e histórico, ainda há muito por fazer, na medida em que, sendo possuidores de um riquíssimo património edificado é premente valorizar e promover estes espaços em espaços turísticos. As comemorações dos 500 Anos do Funchal 133 têm servido de mote a diversas acções que pretendem enaltecer a riqueza patrimonial da nossa urbe. Por outro lado, a rentabilização e exploração de espaços históricos para valências hoteleiras e de restauração, permite uma maior partilha e conhecimento do património cultural e histórico regional. Pergunta nº 2: Apesar deste ser um destino maduro e tradicional, o sector carece sempre de um dinamismo na oferta e uma permanente actualização de modo a garantir-se parâmetros de elevada qualidade e de enriquecimento do produto. Como acha que se pode consolidar ou valorizar uma marca e diferenciar para ganhar competitividade sem incorrer no risco de descaracterizar o destino? I.G. - Para consolidar ou valorizar o destino Madeira há, efectivamente, que apostar na manutenção da autenticidade e nas características específicas deste destino; num mundo tão globalizado como o actual, onde tudo é igual, quer seja, no Japão, nos EUA ou em Portugal, temos que preservar o que é genuinamente nosso, para que possamos nos afirmar como um destino de qualidade que promove as suas raízes e a sua herança ancestral. Pergunta nº 3: Apreciando os pontos altos do calendário do turismo na Madeira, em termos de ocupação, que continuam associados à realização de eventos como o Fim do Ano e a Festa da Flor, enquanto produtos de animação cultural, qual a influência que a Cultura tem na escolha do destino Madeira? Acha que a Cultura tem uma posição importante na procura turística regional? I.G. - A escolha do destino Madeira já é motivada por motivos culturais; a promoção de eventos culturais como Festivais de Música, Feira do Livro, de exposições emblemáticas em museus, constitui um importante contributo para a elaboração de roteiros no âmbito do turismo cultural. Nesta área tem sido feito um trabalho satisfatório, embora reconheça que ainda muito há por fazer. O turista que nos visita deseja, naturalmente, perceber a nossa essência e daqui levar alguma memória interessante, daí que, cada vez mais se deva encarar a vertente cultural como um factor influente na programação turística regional. Pergunta nº 4: Considerando que o turista procura sobretudo emoções e novas sensações e tendo em conta que o turismo que visita a Madeira é um turismo sénior e de médio-alto nível económico, considera que a Cultura (em sentido lato) tem tido o conveniente aproveitamento turístico? 134 I.G. - A Cultura é um campo que possui um manancial inesgotável que pode ser explorado das mais variadas formas. Penso que a ideia de que a Madeira deve ser vendida pelas suas paisagens, pelas suas flores e pela sua gastronomia está um bocado ultrapassada, a identidade cultural de um povo pode ser um grande aglutinador e captador de turismo, daí que tenha de se valorizar mais esta componente. Neste aspecto, considero que não tem sido um investimento suficientemente forte no aproveitamento da cultura com fins turísticos; se o fizessem certamente poderíamos captar um tipo de turismo mais selectivo, o denominado turismo cultural. Pergunta nº 5: A marca Madeira está fortemente associada à Natureza, mas também a muitos factores etnográficos, como o folclore, a cultura popular e tradicional das suas gentes, a gastronomia. Falando em turismo cultural, que produtos de nicho admite poderem marcar a diferença, ou seja, quais os produtos a desenvolver na oferta turística cultural? I.G. - Produtos de nicho de turismo cultural: a especificidade e riqueza dos nossos espaços museológicos; festivais musicais; festivais de cinema, entre outros. Pergunta nº 6: Será a Cultura uma vertente importante para a evolução, qualificação e promoção do nosso turismo? I.G. - Numa sociedade tão globalizada como a que vivemos, a vertente cultural é indubitavelmente, uma vertente que assume um papel preponderante em termos de qualificação do turismo. Os turistas procuram os mais variados motivos para escolherem um destino turístico e entre eles encontra-se a Cultura. A curiosidade pelas tradições culturais e pelo património de uma dada região é um móbil que assume um papel preponderante na escolha de um qualquer destino. Num mundo onde tudo é praticamente igual em todo o lado, há que assumir a bandeira da cultura regional como um chamariz de captação de mercados turísticos. 5.3 ANÁLISE FUNCIONAL ÀS ENTREVISTAS Pergunta nº 1: Muitos dos recursos turísticos que a Madeira apresenta como referências comparativas e que se constituem vantagens competitivas no mercado internacional derivam 135 de atributos diferenciadores, que não são copiáveis e para os quais não se vislumbram produtos substitutos. Considera que o nosso património natural, cultural e histórico está a ser bem explorado na sustentabilidade e captação de mercados turísticos? Resposta 1 – Não obstante a quase totalidade dos entrevistados assumir que muito tem sido feito na preservação e valorização do património regional, quer seja natural, cultural ou histórico, em termos de manter vivas as raízes históricas e culturais, ou seja, a singularidade do destino, e tendo em vista uma política de renovação na continuidade para, assim, se atingir parâmetros de qualidade e excelência, todos acreditam que os bens culturais, verdadeiramente protegidos, podem ser melhor utilizados na sustentabilidade e na captação de mercados turísticos, sejam tradicionais ou emergentes. Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira, sublinha que o grande feito dos últimos 30 anos foi precisamente o de saber conciliar o passado e a identidade regional com a modernidade e o futuro, num processo de requalificação integral que, enaltecendo os seus valores intrínsecos, contribuiu para a consolidação do crescimento da RAM. Uma ideia que é partilhada pelos directores regionais do Turismo e dos Assuntos Culturais, Paulo Faria e João Henrique Silva, respectivamente, que, ainda assim, não deixam de considerar o património natural e cultural com um importante esteio na captação de mercados turísticos e, daí, se justificar a aposta na preservação deste património. Contudo, apesar da estratégia de requalificação seguida, a Madeira parece continuar algo apática para reagir à dinâmica da procura e também um pouco passiva na captação de clientes face a mercados concorrentes, em especial na época de Inverno, ou seja, no dizer de Oto Oliveira57, «falta pró-actividade na forma de explorar, promover estes “novos” produtos». Isabel Gouveia, da ARCHAIS, entende também que a rentabilização e exploração dos espaços históricos para fins turísticos «permite uma maior partilha e conhecimento do património cultural e histórico regional», mas também chama à atenção que apesar da «aposta interessante» na divulgação do património natural, «há muito para fazer» em termos de património cultural e histórico. Mais crítico e contundente, João Welsh afirma que se tem vindo à assistir à «degradação e destruição» do património regional, «pelo simples facto de não existirem preocupações na sua defesa». 57 À data da entrevista, Oto Oliveira era Director Executivo da Associação de Promoção da Madeira, vindo a suceder-lhe no cargo Kátia Carvalho, a 15 de Maio de 2008. 136 Para o delegado da APVT na Madeira, o turismo e o património cultural e histórico têm sido relegados para um plano secundário, em detrimento de uma construção desregrada que tem contribuído para «alguma descaracterização do nosso produto», levando à «perda dos nossos factores fundamentais de diferenciação». Pergunta nº 2: Apesar deste ser um destino maduro e tradicional, o sector carece sempre de um dinamismo na oferta e uma permanente actualização de modo a garantir-se parâmetros de elevada qualidade e de enriquecimento do produto. Como acha que se pode consolidar ou valorizar uma marca e diferenciar para ganhar competitividade sem incorrer no risco de descaracterizar o destino? Resposta 2 – Na visão do Executivo madeirense é necessário renovar, inovar, requalificar e reposicionar os micro-produtos que compõem e consolidam a marca Madeira, mas isso não implica uma ruptura com o passado e muito menos a sua descaracterização. O grande desafio, é sim, dentro da sua diferença e singularidade, tornar um destino mais competitivo, perante mercados directamente concorrenciais, explorando exactamente o seu carácter original e único da oferta regional, o que implica um trabalho específico de promoção e marketing. Um trabalho de distinção e valorização das suas características que, conforme sublinha o director da APM, já tem vindo a ser feito com o «novo posicionamento da Marca Madeira», que «”vende” exactamente aquilo que a Madeira é». Ora, para os agentes não-governamentais da cultura e do turismo, é também verdade que é necessário apostar na manutenção da autenticidade e nas características específicas do destino - o mesmo é dizer preservar o que é genuinamente nosso - mas falta «um Plano Estratégico» que, no entender de João Welsh, «dê corpo a uma visão clara e a uma missão coerente» no sentido de que a diferenciação do destino seja «conseguida com a defesa dos nossos activos» próprios e que os equipamentos de suporte do turismo terão de ser desenvolvidos «em coerência com as especificidades do produto base». Pergunta nº 3: Apreciando os pontos altos do calendário do turismo na Madeira, em termos de ocupação, que continuam associados à realização de eventos como o Fim do Ano e a Festa da Flor, enquanto produtos de animação cultural, qual a influência que a Cultura tem na escolha do destino Madeira? Acha que a Cultura tem uma posição importante na procura turística regional? Resposta 3 - «Falar de turismo e de promoção turística implica, necessariamente, falar de cultura», é um entendimento unânime a todos os entrevistados, aqui nas palavras do director 137 de Turismo, que sustenta ainda que «Turismo e Cultura são áreas que se relacionam, que se complementam e que acabam por ser indissociáveis», levando o seu homólogo dos Assuntos Culturais a acrescentar que «a Cultura – tomada aqui, tanto no sentido lato, como no sentido estrito – tem um papel significativo nas escolhas deste destino». Alberto João Jardim não podia estar mais de acordo, considerando o papel fundamental que a Cultura assume na escolha do destino Madeira, por entre muitas outras motivações, frisando ainda que a Cultura «é indissociável de todas as manifestações de promoção e dos produtos que, dentro da Marca Madeira, nos distinguem». Na verdade, a Madeira é já um destino que oferece uma multiplicidade de opções culturais a quem nos visita, integradas no calendário anual de animação do destino, com os muitos festivais e espectáculos culturais, mas também, como enaltece o responsável pela tutela, patentes nos símbolos, conteúdos, imaginários, entre outros aspectos, próprios e identitários da cultura madeirense. Oto Oliveira, por seu turno, fala da existência de dois tipos de cultura, uma popular e outra mais erudita, para sustentar que a maioria dos turistas que visita a RAM procura «esse entrosamento e o contacto com as “gentes da Madeira”», ao passo que «não existe uma justificação directa» para a vinda de qualquer turista atraído propositadamente por causa dessa cultura erudita, algumas vezes apelidada de elitista. Welsh acredita que a cultura assume um papel preponderante na promoção do destino e, por isso, considera que «todos os investimentos feitos na cultura são tão ou mais importantes que os realizados na promoção», o que não é válido para todos os grandes cartazes turísticos da RAM, pois acha que o Rali Vinha da Madeira, prova pontuável para o Campeonato da Europa de Ralis, «não é coerente com o nosso tipo de turismo». Também a presidente da ARCHAIS é de opinião de que a escolha do destino Madeira já é motivada por razões culturais, na medida em que o turista que nos visita «deseja, naturalmente, perceber a nossa essência e daqui levar alguma memória interessante». Por conseguinte, e embora com algumas diferenças conceptuais, não deixa de ser comum a todos o entendimento, também aqui, de que a vertente cultural é cada vez mais um factor determinante na programação turística regional, mas também na promoção externa e na captação dos mercados turísticos. Pergunta nº 4: Considerando que o turista procura sobretudo emoções e novas sensações e tendo em conta que o turismo que visita a Madeira é um turismo sénior e de médio-alto nível 138 económico, considera que a Cultura (em sentido lato) tem tido o conveniente aproveitamento turístico? Resposta 4 - O Presidente do Governo Regional chama a atenção que hoje não é só o turismo sénior que visita a Madeira e que cada vez mais se verifica uma maior procura por parte de outros segmentos, nomeadamente dos jovens. Por outro lado, considera redutor associar a cultura a uma qualquer faixa etária, até porque esta existe e cativa o turista, seja qual for a sua idade. E enquanto componente complementar ao turismo, tem vindo a ser trabalhada e rentabilizada consoante os diferentes contextos que vão aparecendo, respondendo, de forma directa, às expectativas do mercados, embora se reconheça que numa área tão dinâmica como é o turismo, tem de haver uma progressiva actualização daquilo que é o produto a oferecer no seu todo. Ou seja, a cultura, como qualquer um dos muitos outros produtos de promoção turística, carece de uma adaptação constante à realidade e às expectativas do mercado, pelo que, havendo também um maior investimento no sector cultural, direccionado para a sua divulgação, através das feiras promocionais e do marketing turístico, é possível potenciar ainda mais a visibilidade da cultura regional e exponenciar essa mais-valia que representa na diferenciação do destino, como enaltecem Paulo Faria e João Henrique Silva, directores regionais de Turismo e dos Assuntos Culturais, respectivamente. Mesmo assim, há quem pense, como Oto Oliveira, que apesar dos muitos passos que foram dados no sentido de adaptar a oferta à procura, falta conteúdo programático para dinamizar as muitas infra-estruturais culturais implementadas um pouco por toda a Ilha. Já na perspectiva do sector privado, a cultura não tem tido o conveniente aproveitamento turístico porque, por um lado, a Madeira «já não tem turistas de médio-alto nível económico», como diz João Welsh, e, por outro, a ideia de «ser vendida pelas suas paisagens, pelas suas flores e pela sua gastronomia está um bocado ultrapassada», pensa Isabel Gouveia. Nestas condições, há quem defenda que a cultura só terá o seu efectivo aproveitamento quando for encarada de uma forma «fundamentalista» que permita captar turistas e, por consequência, tornar-se «um activo útil para a promoção», valorizando a componente da identidade cultural como «um grande aglutinador e captador de turismo» e mediante o correspondente investimento financeiro que propicie o melhor uso da cultura com fins turísticos. 139 Pergunta nº 5: A marca Madeira está fortemente associada à Natureza, mas também a muitos factores etnográficos, como o folclore, a cultura popular e tradicional das suas gentes, a gastronomia. Falando em turismo cultural, que produtos de nicho admite poderem marcar a diferença, ou seja, quais os produtos a desenvolver na oferta turística cultural? Resposta 5 – O poder oficial, aqui representado pelo Chefe do Governo e secundado pelos directores regionais do Turismo e da Cultura e pelo director executivo da APM, considera bem-vindos todos os produtos que venham a contribuir para a requalificação da imagem da Madeira no mercado externo, admitindo, num contexto de incremento da promoção do turismo cultural, uma aposta mais direccionada para públicos específicos. E dá exemplos de “bens culturais”, móveis e imóveis, que podem ser promovidos, como a arquitectura monumental e popular, as festas tradicionais, o artesanato, a música, a gastronomia. Com oportunidade e muita propriedade, diz o director de Cultura que há determinados “bens culturais”, que pela sua peculiaridade e originalidade «o turista, para usufruir deles, tem de vir à Madeira: não são “exportáveis”, nem intercambiáveis». O próprio Alberto João Jardim exemplifica a singularidade de um produto turístico com o caso da Marca “Quintas da Madeira”, que «ilustra, precisamente, a conciliação daquilo que é o património cultural edificado da Região com a excelência de um serviço hoteleiro prestado aos turistas». Aos produtos de nicho já referenciados, no âmbito do turismo cultural, João Welsh acrescenta o Bordado Madeira, o património edificado e classificado, os núcleos históricos e os novos equipamentos culturais inaugurados nos últimos anos e Isabel Gouveia, por sua vez, aponta a riqueza do acervo dos espaços museológicos, os festivais musicais e os festivais de cinema como catalizadores de uma oferta cultural global, mas também susceptíveis de criar roteiros turísticos/culturais. Pergunta nº 6: Será a Cultura uma vertente importante para a evolução, qualificação e promoção do nosso turismo? Respostas 6 – Em jeito de balanço, que a pergunta parece ter sugerido, mais uma vez os entrevistados estão de acordo sobre o papel fundamental da cultura na consolidação da Marca e na “exploração” económica do destino. De um modo geral, salienta-se que cultura e turismo são sectores complementares e, por esse facto, a evolução, qualificação e promoção do turismo só terá sucesso se tiver em conta todos os seus componentes, incluindo obviamente a cultura. Até porque, a Madeira, geograficamente atlântica e europeia, “adversária” de muitos 140 outros destinos insulares com recursos turísticos semelhantes, está no centro do mundo globalizado, onde a oferta é igualitária e igualizadora. Por isso se entende que especificar a oferta, qualificar o sector e tornar o destino numa referência de excelência, para mais quando a vertente cultural assume hoje um papel preponderante na escolha dos lugares turísticos, pela sua especificidade e enquanto factor distintivo, devem ser prioridades quer na definição do posicionamento da Marca Madeira, quer na definição para captação de novos segmentos de mercado A resposta de João Welsh reflecte bem esse entendimento: «claramente, fundamental, imprescindível». 5.4 CONCLUSÕES DAS ENTREVISTAS Como nota prévia, importa salientar um primeiro elemento que é comum a todos os entrevistados e que está relacionado com a necessidade sagrada de, por um lado, se preservar e proteger o património regional e, por outro, requalifica-lo por via da sua renovação e inovação. Por isso, não deixa de ser interessante e no mínimo curiosa a expressão de que a consolidação e valorização da marca Madeira passa, também, por uma política de «renovação na continuidade». Quer isto dizer que a atitude dinâmica e mais proactiva que se reivindica para o destino, tanto na promoção dos diferentes produtos como na assunção de uma estratégia mais “agressiva” para a captação e consolidação dos mercados, deve forçosamente ter em conta a manutenção da sua autenticidade, afirmando-se e valorizando-se pela sua diferença e originalidade. Não obstante o trabalho que vem sendo feito nos últimos anos, juntando em parceira sectores público e privado, nomeadamente na construção de novas infra-estuturas culturais e na programação de diversos eventos de animação turística, é um facto que muito há ainda para fazer no sentido de se conseguir um melhor aproveitamento turístico, em termos de rendibilidade económica, por via da cultura. 141 Todos estão inteiramente convictos de que turismo e cultura são indissociáveis, como são indissociáveis todos os produtos e manifestações de promoção que distinguem a marca Madeira e, por isso, se reconhece que não só falta um forte e mais adequado investimento no sector cultural, como é preciso maior profundidade e continuidade na divulgação dos conteúdos culturais. Apesar de haver quem responsabilize a construção excessiva pela descaracterização do produto, para o poder político a requalificação do destino, com vista a torná-lo competitivo, atractivo e mobilizador, não implica nem uma ruptura com o passado, nem uma descaracterização. Pelo contrário, as autoridades regionais defendem que o grande desafio consiste precisamente na renovação, criatividade e inovação sem, contudo, se afastar da essência do destino, ou seja, daquilo que nos faz ser únicos. Parece ter ficado claro que o turista que visita a Madeira já não é apenas idoso e de nível económico médio-alto e procura sobretudo experienciar as revelações da cultura popular, oriundas dos costumes, das tradições, dos usos, das crenças, da língua, do imaginário, da memória colectiva e do quotidiano madeirenses. Ou seja, trata-se de um turista que privilegia o contacto com a população e de proximidade com o seu modo de vida, o que significa um turismo já motivado por razões culturais. Mesmo assim, a cultura, como qualquer outro produto de promoção turística, deve merecer uma actualização progressiva em termos de oferta e uma constante adaptação à realidade do mercado, até porque o sector do turismo é um sector em constante mutação. Por esta razão, e por se considerar ultrapassados alguns aspectos ainda hoje preponderantes na imagem do destino Madeira, como as flores e as paisagens, há quem defenda a potenciação de outros produtos-nicho no âmbito do turismo cultural, como a arquitectura popular, os centros históricos, os núcleos museológicos, o artesanato, entre outros bens culturais, por forma a captar públicos específicos, dar mais visibilidade à cultura regional e, consequentemente, atingir outras sociedades e culturas, outros mercados potenciais. Concluindo, tem-se que a cultura, na acepção antropológica do termo, isto é, nas suas mais variadas expressões artísticas e populares, é um importantíssimo complemento para a qualificação e reposicionamento do turismo, como fundamental para a consolidação da marca e para a segmentação do mercado. Daí que todas as definições estratégicas de posicionamento da marca Madeira devam incluir todos os componentes de promoção do turismo, incluindo, naturalmente, a cultura. 142 CAPÍTULO VI CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 6.1 INTRODUÇÃO O Turismo na Madeira tem uma importância fundamental na dinamização da vida sócioeconómica, tanto como fonte de receitas externas, como pelo emprego que gera e pelos efeitos multiplicadores que produz em vários sectores de actividade. A Marca Madeira assenta com especial enfoque nas condições naturais de atractividade (clima e paisagem) e na qualidade da oferta dos vários produtos turísticos. Daí que a consolidação da imagem deva implicar o reajustamento da oferta e do posicionamento do destino em função de novos segmentos de mercado que, conforme se pôde aferir, apresentam uma tendência para valorizar os aspectos ambientais, as actividades recreativas, desportivas e culturais e os valores únicos e tradicionais do destino. Neste capítulo final, são apresentadas as principais conclusões que resultaram da investigação no terreno de pesquisa, como enumeradas as limitações e dificuldades do trabalho e feitas algumas recomendações e sugestões para futuros trabalhos científicos. 143 6.2 CONCLUSÕES GERAIS Pela correlação dos dados obtidos no trabalho teórico e empírico, pôde confirmar-se a hipótese de partida de que os recursos naturais e físicos, como a hospitalidade dos madeirenses são factores distintivos susceptíveis de serem transformados em vantagens competitivas, para mais numa economia de mercado globalizada e altamente concorrencial, pelo que a promoção do destino deve continuar sustentada nas características do património cultural da Ilha. Não obstante o crescimento negativo da população ao longo dos últimos 20 anos e de uma tendência para o envelhecimento dos efectivos populacionais, a Região tem alcançado um progresso económico e social, graças a um aumento do nível de instrução e à estagnação dos níveis do desemprego, com o sector do turismo a empregar quase sete mil indivíduos. O destino Madeira apresenta como pontos fortes os factores ligados à Natureza, o clima de segurança e tranquilidade, a diversidade de produtos, a riqueza do património, o profissionalismo e a qualidade dos serviços, a melhoria dos equipamentos de suporte e a hospitalidade da população e, como pontos fracos, a restrição dos canais e meios de acesso, o custo das ligações aéreas, a reduzida oferta complementar, a construção excessiva e uma pluralidade de elementos ou indefinição na sua imagem de marca. O perfil do turista que visita a RAM mudou ligeiramente face ao “tipo” de cliente de outros tempos. Actualmente, há um turismo maioritariamente composto por indivíduos adultos e do sexo feminino, de média idade, mas já não tão idosos. São na sua grande maioria indivíduos activos empregados, com elevados níveis de instrução e de rendimentos. Ingleses e alemães continuam a ser dois dos principais mercados emissores de turismo para a Madeira. O facto de grande parte deste turismo viajar duas ou mais vezes por ano para outro país espelha bem do seu poder económico e nível de vida, sendo que na sua quase totalidade viajam por motivos de férias, quase sempre acompanhados pela mulher ou pelo marido e, habitualmente, por um período de quinze dias. Mais de metade viaja em voos charter, prefere hotéis de quatro e cinco estrelas e, talvez por isso, se explique o facto de quase 30% já ter vindo antes à Madeira. A caracterização sócio-demográfica da população do estudo corresponde, aliás, às características do perfil do turista que visita a Madeira, que, segundo estudos encomendados 144 pela Direcção Regional do Turismo à Synovate, Delloite, GConsulting e DOMP, entre 2001 e 2007, apresenta uma média de idades mais baixa, viaja acompanhado, por motivos de férias e pelo clima/paisagens e são na sua maioria ingleses, portugueses e alemães, mantendo-se o tempo de estadia entre 7 a 15 dias. Entre as principais razões desta visita estão os atractivos beleza e paisagem, o clima, as flores e as levadas, confirmando-se assim que o património natural, enquanto recurso turístico e factor distintivo, motivam as escolhas pelo destino turístico e contribuem para a sua divulgação externa, pois são também os elementos turísticos ligados ao património regional, em particular ao património natural, aqueles que mais os turistas associam à Ilha antes e depois de conhecerem o destino. Funchal, Santana, São Vicente e Porto Moniz continuam a ser as grandes áreas turísticas que os turistas mais conhecem e ouvem falar, e devido a locais como o Jardim Botânico, Monte, piscinas naturais, casas de Santana e Cabo Girão, entre outros produtos que vêm fazendo a imagem promocional da Madeira. Para além da Natureza e antes de conhecer o destino, os turistas associam a Madeira a outros elementos como bebidas (Vinho Madeira), artesanato (Bordado Madeira e obra de vimes) e aos festivais. Mas já depois de conhecer, associam com maior relevância a aspectos relacionados com a segurança, exotismo, descoberta, gastronomia, diversão, novas sensações, tranquilidade, bem-estar, património e aventura. Tratando-se de indivíduos mais novos, mais instruídos e com maior poder aquisitivo (67,5% aufere um rendimento mensal superior a 2 mil euros), mais de metade ocupa o seu tempo em actividades de lazer relacionadas com visitas a monumentos e a locais de interesse e a observar as especificidades biológicas da fauna e flora madeirenses, conferindo razão à teoria de Mckersher e Cross (2002) de que o turismo cultural é uma actividade de mercado de elevado perfil. Para estes turistas, os mercados, feiras e pontos de diversão nocturna são os factores turísticos menos atractivos. A contínua valorização dos recursos naturais também para a prática de actividades desportivas, designadamente as caminhadas e os passeios pelas levadas, os desportos náuticos e o golfe, enfatiza mais uma vez a importância dos elementos físicos enquanto recursos turísticos únicos e determinantes nas preferências dos indivíduos. 145 Os acontecimentos culturais inseridos no calendário oficial de eventos de animação turística são os mais conhecidos e, consequentemente, mais procurados pelos turistas em férias na Madeira, como a Festa da Flor, o Carnaval e o Fim do Ano, mas é relevante e notório o número de turistas que vai ao teatro e a festivais de cinema, visita exposições e museus e assiste a espectáculos de dança e a concertos de música. A grande maioria sente-se satisfeita com a viagem de férias efectuada à Madeira, classificando-a com um nível de satisfação “bom” (55,2%) e “excelente” (41,0%), tendo para 81,6% dos indivíduos superado as expectativas e os objectivos iniciais. Dentro das categorias avaliadas, alusivas a diferentes componentes da oferta, os turistas manifestaram-se satisfeitos com o meio ambiente, com os locais turísticos, com a oferta comercial, cultural e de lazer, com os transportes e serviços de suporte do turismo, e já muito satisfeitos com a hospitalidade e simpatia dos madeirenses. Saíram insatisfeitos com os níveis de poluição, com a sinalética deficiente, com a diversidade de lojas e oferta regional, com a quantidade e qualidade dos eventos e com a oferta nocturna. A satisfação é, por conseguinte, uma variável explicativa na escolha do destino Madeira, tendo-se aferido que quanto mais satisfeito o turista estiver, maior é a probabilidade de escolher e voltar ao destino. Entre os segmentos de mercado apurados estão aqueles que dizem respeito às características sócio-demográficas dos turistas e com as preferências relacionadas com o tipo de alojamento. O período de Páscoa e os short-breaks continuam a ser as alturas do ano que os turistas preferem para as suas férias e, de uma maneira geral, mais de metade admite a possibilidade de voltar a visitar a Ilha, enquanto 40,1% garante o regresso com toda a certeza. 6.3 REFLEXÕES FINAIS A Madeira, um dos principais destinos turísticos do país e da Europa, tem vindo a posicionarse no mercado numa lógica de requalificação e inovação do produto, mas procurando manter as suas características de singularidade e originalidade. 146 As questões do património vêm introduzindo uma nova realidade e impacto no turismo. O consumo do património, tangível e intangível, e a mercantilização da cultura, em sentido lato e numa acepção antropológica, ampla e científica, trouxeram uma nova dinâmica ao sector, pelo crescente desejo de se conhecer e compreender aqueles que são os recursos únicos e autênticos dos destinos turísticos. Como dizia Câmpelo (2007), de facto, vem-se assistindo a uma reconversão de destinos turísticos consolidados e a uma procura de estratégias turísticas de sustentabilidade efectiva, que, no caso concreto da Madeira, pressupõe a fidelização de um turismo de qualidade e o fortalecimento de um destino de excelência. Por analogia com recentes estudos publicados sobre o destino Madeira e as preferências do turista, verifica-se que os turistas continuam fiéis às razões que determinam a escolha pelo destino, mantêm o nível de conhecimento sobre a Ilha, assim como os níveis de satisfação e insatisfação após as férias. É, aliás, nesta perspectiva que tanto as autoridades regionais como os agentes económicos falam da necessidade de preservação e requalificação do património (natural, cultural e histórico), uma vez encarado como uma importante mais-valia na consolidação da Marca e na “comercialização” do destino. Admitindo que é necessário um investimento adequado na promoção do turismo por via da cultura, reconhece-se também, tal como vem salientando Rodrigues (2007), que a oferta cultural representa um factor de produção fundamental na cadeia de valor em turismo. 6.4 MODELO FINAL Sendo o turismo um sector profundamente dinâmico, os destinos devem continuadamente renovar-se e requalificar-se. Em consequência, emergem nalguns casos sub-marcas de nicho que promovem alterações no marketing dos lugares e daí surjam sub-segmentos de produtos turísticos. E é neste sentido que, embora defendendo a autenticidade regional - que Franz Boas considera como um factor de diferença dotado de um estilo particular – tanto as entidades 147 oficiais como os agentes do sector consideram que a promoção turística requer uma actualização progressiva e uma constante adaptação à realidade do mercado. Em contexto de turismo cultural, que já não abarca apenas os produtos culturais do passado, como sublinha Richards (2000), os responsáveis do sector público e privado sugerem o desenvolvimento da promoção do destino com base em produtos nicho, como o património monumental e arquitectónico, os núcleos museológicos, os centros históricos e o artesanato, como forma de captar novos públicos e dar mais visibilidade à cultura regional. Para o Governo da Região Autónoma, o grande desafio do turismo consiste na renovação e na requalificação do produto turístico, sem danificar a singularidade do destino, até porque sabe que se trata de um turista que gosta da convivência com a população e que, como referem Domingues (2000) e Talavera (2003), tem um desejo cada vez maior de cultura e que não procura apenas uma única experiência na sua viajem. Por estas razões, é com naturalidade que se encara a valorização do património regional de interesse turístico como uma vantagem competitiva da oferta turística e da promoção do destino, capaz de contribuir para a renovação da imagem, para uma melhor qualificação dos produtos, para uma mais elevada qualidade dos serviços e para a diversificação de mercados e consequente cristalização da procura turística. 6.5 RECOMENDAÇÕES A diversidade do património cultural herdado e o dinamismo da criação artística cultural, assim como a preservação do património e a qualidade da oferta cultural, na sua globalidade, concorrem para o poder de atracção das localidades. Cultura e turismo estão intimamente ligados na definição das políticas económicas das regiões, com a actividade cultural a ter um importante papel no fomento da coesão social e do emprego e a afirmar-se como determinante do investimento e como fonte de receitas. A Madeira tem qualidades únicas para potenciar uma oferta de turismo cultural que, conforme sublinha a Organização Mundial do Turismo, englobe todos os turistas que viajam por motivos culturais e promova diferentes experiências, como viagens de estudo e viagens 148 culturais, visitas a monumentos e a centros históricos e visitas que têm por objectivo a descoberta da natureza e o estudo da etnografia local. O desenvolvimento da cultura e do turismo cultural deve, assim, ser alvo de uma abordagem plurisectorial e de uma administração mais competitiva, tanto do ponto de vista estratégico como orçamental, e através de uma cada vez mais efectiva parceria entre sector público e privado. Estudos desta natureza podem ainda contribuir para o entendimento de que a promoção da cultura e a preservação do património podem levar à revitalização das localidades, urbanas e/ou rurais, e a uma consequente melhor fruição e comercialização dos produtos turísticos. 6.6 LIMITAÇÕES DO TRABALHO A grande limitação do estudo prende-se com o facto da amostra ter sido gerada por conveniência, o que não permite a inferência estatística para a população alvo, composta pelos turistas que visitam a RAM. Trata-se, por consequência, de uma amostra mais qualitativa, não representativa e que não permite efectuar grandes regressões. Uma das dificuldades do trabalho, no seu processo de investigação no terreno, tem que ver com o tempo e custos de aplicação dos questionários, que, em determinadas circunstâncias, condicionam a obtenção de melhores resultados em termos de participação e, por outro lado ainda, o cansaço e indisponibilidade do turista para responder a um conjunto de perguntas, que deriva da multiplicidade de inquéritos que sistematicamente vêm abordando diferentes matérias no domínio do turismo. Outra condicionante do estudo prende-se com o facto de não se apresentar a visão da Câmara Municipal do Funchal sobre as questões da protecção do património e da promoção do turismo, sobretudo no ano em que se comemora o quinto aniversário de elevação da cidade. Apesar de insistentes contactos telefónicos e dos sucessivos e-mails enviados com o Guião de Entrevista, não se conseguiu obter qualquer resposta do presidente da empresa organizadora dos “500 Anos do Funchal”, vereador Pedro Calado. 149 Igual tratamento recebeu-se do jornalista Catanho Fernandes, tido como um especialista em assuntos turísticos, que apesar do compromisso assumido se refutou a responder em tempo útil à entrevista. 6.7 INVESTIGAÇÕES FUTURAS Porque os investigadores devem ter a consciência e humildade de compreenderem que um trabalho de investigação nunca está efectivamente terminado, entende-se que este terá sido um trabalho de iniciação no terreno de pesquisa em turismo. Deste modo se admite que o tema em análise possa vir a ser retomado num futuro próximo, com o objectivo de se aprofundar conceitos e técnicas metodológicas nos campos da Antropologia Urbana e Antropologia do Turismo. Do ponto de vista da análise estatística, poder-se-á ainda relacionar os parâmetros da satisfação com outras variáveis, como a idade e níveis de rendimento, entre outras, para estudos cuja Regressão Logística permita uma visão global das variáveis obtidas no seu conjunto, o que não foi propósito da presente dissertação. Cremos também da possibilidade do tema em apreço poder evoluir numa tese de investigação para obtenção do grau de doutoramento, na eventualidade confrontando o turismo e cultura como dois sectores indissociáveis na promoção do destino. 150 BIBLIOGRAFIA Contributos para o Desenvolvimento 2000-2004 (2006). Funchal: Vice-Presidência do Governo Regional. Região Autónoma da Madeira – 25 Anos de Autonomia, Tempo e Progresso (2005). Funchal: Edicarte. Madeira & Porto Santo (2005). Lisboa: Goldenbook. A Floresta Laurissilva da Madeira – Património Mundial (2004). Luísa Maria Gouveia (Coord.). Funchal: Facsmile Lda., Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais. 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Recuperado em Fevereiro de 2008. www.unesco.org/culture 159 APÊNDICE A INQUÉRITO A.1 INTRODUÇÃO Os inquéritos bilingues (em português e inglês), com 28 tópicos de perguntas, tiveram por objectivo aferir, numa primeira fase, o perfil do turista que vista a Madeira e, numa fase posterior, as preferências de viagem e os motivos de escolha pelo destino Madeira. Foram aplicados no terreno entre os meses de Março e Maio de 2008 aos turistas hospedados em unidades hoteleiras de diferentes categorias situadas nos concelhos do Funchal, Santa Cruz, Câmara de Lobos, São Vicente e Porto Santo. Segue-se o inquérito em português e, depois, em inglês, ambos produzidos em formato EXEL por razões operativas. 160 A.1 INQUÉRITO EM PORTUGUÊS 161 162 163 A.2 INQUÉRITO EM INGLÊS 164 165 166 APÊNDICE B GUIÃO DE ENTREVISTA B.1 INTRODUÇÃO As seis perguntas apresentadas no Guião de Entrevista visaram a compreensão das estratégias e políticas defendidas para os sectores do turismo e da cultura pelas entidades públicas, por um lado, e pelos agentes económicos activos, por outro. As entrevistas semi-estruturas foram realizadas entre os meses de Abril e Junho de 2008, ao presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira, aos directores regionais do Turismo e dos Assuntos Culturais, ao director executivo da Associação de Promoção da Madeira, ao delegado da APAVT e à presidente da ARCHAIS. Não responderam o presidente da empresa “500 Anos do Funchal” e o jornalista Catanho Fernandes. O Guião de Entrevista foi remetido por correio electrónico e acompanhado de carta de apresentação, sendo, depois de respondido, devolvido pelo destinatário pela mesma via. 167 B.2 PERGUNTAS Pergunta nº 1: Muitos dos recursos turísticos que a Madeira apresenta como referências comparativas e que se constituem vantagens competitivas no mercado internacional derivam de atributos diferenciadores, que não são copiáveis e para os quais não se vislumbram produtos substitutos. Considera que o nosso património natural, cultural e histórico está a ser bem explorado na sustentabilidade e captação de mercados turísticos? Pergunta nº 2: Apesar deste ser um destino maduro e tradicional, o sector carece sempre de um dinamismo na oferta e uma permanente actualização de modo a garantir-se parâmetros de elevada qualidade e de enriquecimento do produto. Como acha que se pode consolidar ou valorizar uma marca e diferenciar para ganhar competitividade sem incorrer no risco de descaracterizar o destino? Pergunta nº 3: Apreciando os pontos altos do calendário do turismo na Madeira, em termos de ocupação, que continuam associados à realização de eventos como o Fim do Ano e a Festa da Flor, enquanto produtos de animação cultural, qual a influência que a Cultura tem na escolha do destino Madeira? Acha que a Cultura tem uma posição importante na procura turística regional? Pergunta nº 4: Considerando que o turista procura sobretudo emoções e novas sensações e tendo em conta que o turismo que visita a Madeira é um turismo sénior e de médio-alto nível económico, considera que a Cultura (em sentido lato) tem tido o conveniente aproveitamento turístico? Pergunta nº 5: A marca Madeira está fortemente associada à Natureza, mas também a muitos factores etnográficos, como o folclore, a cultura popular e tradicional das suas gentes, a gastronomia. Falando em turismo cultural, que produtos de nicho admite poderem marcar a diferença, ou seja, quais os produtos a desenvolver na oferta turística cultural? Pergunta nº 6: Será a Cultura uma vertente importante para a evolução, qualificação e promoção do nosso turismo? 168 APÊNDICE C PLANO OPERACIONAL DE VARIÁVEIS Nome Designação Tipo/Formato Local de Aplicação LocApl Qualitativa Data Data Data (dd/mm/aaaa) Escala Codificação Nominal 1- Hotel Girassol 2- Monte Mar Palace 3-Riu Palace Hotel 4-Albergaria Dias 5-Quinta Jardim da Serra 6-Residencial Central 9-NR 1. País de Origem Origem Qualitativa Nominal 2. Grupo Etário GruET Qualitativa Ordinal 3. Sexo Sexo Qualitativa Nominal 1- Inglaterra 2-Alemanha 3-Irlanda 4-Holanda 5-Dinamarca 6-Finlândia 7-País de Gales 8-Portugal 9-Escócia 10-França 11-Suíça 12-Áustria 13-Luxemburgo 14-Bélgica 99-NR 1-“Até 30 anos” 2-”31-44 anos” 3-“45-60 anos” 4-“+ 60 anos” 9-NR 1-“Masculino” 2-“Feminino” 9-NR 169 4. Habilitações Académicas HabAcd Qualitativa Ordinal 5. Situação perante o trabalho Situação Qualitativa Nominal 6. Rendimento Mensal Rendimento Qualitativa Ordinal 7. Com que frequência viaja para fora do seu país? Frequência Qualitativa Ordinal 1-“Básico” 2-“Secundário” 3-“Universitário” 9-NR 1-“Activo” 2-“Não activo” 9-NR 1-“- de 1500 €” 2-“ 1501-2000 €” 3-“2001-3000 €” 4-“3001-4000 €” 5-“4001-5000 €” 6-“+ de 5000 €” 9-NR 1-“Raramente” 2-“Uma vez por ano” 3-“Duas vezes por ano” 4-“Três ou mais vezes/ano” 5-“Todos os meses” 9-NR 8. Quais os motivos dessas viagens? 8.1. Férias MotivoFer Qualitativa Nominal 8.2. Negócios/Congressos/Incentivos MotivoNeg Qualitativa Nominal 8.3. Pessoais (Saúde/Família) MotivoPes Qualitativa Nominal 8.4. Outros MotivoOutros Qualitativa Nominal 8.4.1. Descrição de OUTROS DscOutrosMot Qualitativa Nominal 9. Qual a duração, em dias, das suas férias? Duracao Qualitativa Nominal (*) 9.1 Duração das férias (2) Dura2 Qualitativa Ordinal 10. Faz férias sozinho ou acompanhado? Férias Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR Respostas uniformizadas 99-NR 1-“1-14 Dias” 2- “Mais de 15 dias” 9-NR 1-“Sozinho” 2“Acompanhado” 9-NR 10.1. Quem o acompanha? 10.1.1. Mulher/Marido ComCasal Qualitativa Nominal 10.1.2. Filhos ComFilhos Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 99-NAP 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 99-NAP 170 10.1.3. Amigos/Colegas ComAmigos Qualitativa Nominal 10.1.4. Outros ComOutros Qualitativa Nominal 11. Já esteve antes na Madeira? VisitaMad Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 99-NAP 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 99-NAP 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 12. Qual a principal razão pela qual escolheu a Madeira? 12.1. Curiosidade em conhecer CurRaz Qualitativa Nominal 12.2. Visitar Amigos AmigosRaz Qualitativa Nominal 12.3. Motivos profissionais ProfRaz Qualitativa Nominal 12.4. Beleza/Paisagem BelRaz Qualitativa Nominal 12.5. Flores FloRaz Qualitativa Nominal 12.6. Clima ClimRaz Qualitativa Nominal 12.7. Preço PreRaz Qualitativa Nominal 12.8. Segurança SegRaz Qualitativa Nominal 12.9. Outro motivo OutroRaz Qualitativa Nominal 12.9.1. Descrição de OUTROS DscOutrosII Qualitativa Nominal 13. Que tipo de voo utilizou? Voo Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR Respostas uniformizadas 1-“Regular” 2-“Charter” 3-“Low-Cost” 9-NR 171 14. Qual a tipologia de alojamento escolhido? Alojamento Qualitativa Nominal 15. Já tinha conhecimento da Ilha da Madeira? Conhecimento Qualitativa Nominal 1-“Resort” 2-“Hotéis 5 *” 3- “Hotéis 4 *” 4- “Hotéis 3 *” 5-“Hotéis 2 *” 6-“Pousadas” 7“Residenciais” 8“Aldeamentos” 9-“TimeSharing” 10-“Turismo Rural” 11-“ApartHoteis” 12-“Pensões” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 16. De que zonas turísticas já tinha conhecimento? 16.1. Funchal ZonaFunchal Qualitativa Nominal 16.2. Porto Santo ZonaPortoS Qualitativa Nominal 16.3. Porto Moniz ZonaPortoM Qualitativa Nominal 16.4. Santana ZonaSantana Qualitativa Nominal 16.5. São Vicente ZonaSVicen Qualitativa Nominal 16.6. Machico ZonaMachico Qualitativa Nominal 16.7. Outra ZonaOutra Qualitativa Nominal 16.7.1. Descrição de OUTRA DscOutraZona Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR Respostas uniformizadas 17. De que locais turísticos já tinha conhecimento? 17.1. Monte (carro de cestos) LocMonte Qualitativa Nominal 17.2. Cabo Girão LocCab Qualitativa Nominal 17.3. Jardim Botânico LocJardim Qualitativa Nominal 17.4. Laurissilva LocLaur Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 172 17.5. Piscinas Naturais-P.Moniz LocPis Qualitativa Nominal 17.6. Penha Águia LocPenha Qualitativa Nominal 17.7. Grutas S.Vicente LocGrutas Qualitativa Nominal 17.8. Casa de Santana LocSantana Qualitativa Nominal 17.9. Outros LocOutros Qualitativa Nominal 17.9.1. Descrição de OUTROS DscLocOutros Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR Respostas uniformizadas 18. Que elementos característicos já associava á Madeira? 18.1. Bailinho ElBai Qualitativa Nominal 18.2. Bolo do Caco ElBolo Qualitativa Nominal 18.3. Flores Plantas ElFlo Qualitativa Nominal 18.4. Vinho Madeira ElVin Qualitativa Nominal 18.5. Levadas ElLeva Qualitativa Nominal 18.6. Segurança ElSeg Qualitativa Nominal 18.7. Bordados ElBord Qualitativa Nominal 18.8. Carro de cestos ElCarro Qualitativa Nominal 18.9. Trajes ElTra Qualitativa Nominal 18.10. Vimes ElVim Qualitativa Nominal 18.11. Carnaval ElCarn Qualitativa Nominal 18.12. Fim do ano ElFim Qualitativa Nominal 18.13. Espetada ElEsp Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 173 18.14. Festa da flor ElFesta Qualitativa Nominal 18.15. Outros ElOutro Qualitativa Nominal 18.15.1 Descrição de OUTROS ElDsOutr Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR Respostas uniformizadas 19. A que factores associava a Madeira antes de conhecer este destino? 19.1. Natureza FacNat Qualitativa Nominal 19.2. Desporto FacDes Qualitativa Nominal 19.3. Gastronomia FacGas Qualitativa Nominal 19.4. Praia FacPraia Qualitativa Nominal 19.5. Festas tradicionais FacTrad Qualitativa Nominal 19.6. Clima ameno FacCli Qualitativa Nominal 19.7. Congressos/incentivos FacCong Qualitativa Nominal 19.8. Cultura FacCult Qualitativa Nominal 19.9. Simpatia FacSim Qualitativa Nominal 19.10. Saúde/Wellness FacSau Qualitativa Nominal 19.11. Sol FacSol Qualitativa Nominal 19.12. Mar/Água FacMar Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 20. Que actividades de lazer realizou? 20.1. Visita a Monumentos ActMon Qualitativa Nominal 20.2. Visita a parques naturais ActPar Qualitativa Nominal 20.3. Passeios de barco ActPass Qualitativa Nominal 20.4. Feiras/mercados locais ActFeiras Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 174 20.5. Festas tradicionais ActFestas Qualitativa Nominal 20.6. Excursões a pontos de interesse ActExc Qualitativa Nominal 20.7. Visita ao casino ActVisit Qualitativa Nominal 20.8. Observação de animais e plantas ActPlantas Qualitativa Nominal 20.9. Diversão nocturna ActDive Qualitativa Nominal 20.10. Outra ActOutra Qualitativa Nominal 20.10.1. Descrição de OUTRA ActDscOutra Qualitativa Nominal 21.1. Mergulho DesMer Qualitativa Nominal 21.2. Golfe DesGol Qualitativa Nominal 21.3. Vela DesVela Qualitativa Nominal 21.4. BTT DesBTT Qualitativa Nominal 21.5. Asa delta DesAsa Qualitativa Nominal 21.6. Parapente DesPar Qualitativa Nominal 21.7. Ténis DesTen Qualitativa Nominal 21.8. Passeios a pé DesPass Qualitativa Nominal 21.9. Pesca desportiva DesPesca Qualitativa Nominal 21.10. Canyoning DesCan Qualitativa Nominal 21.11. Escalada DesEsc Qualitativa Nominal 21.12. Desportos aventura DesDes Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR Respostas uniformizadas 21. Que desportos praticou? 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 175 21.13. Jeep safari DesJeep Qualitativa Nominal 21.14. Hipismo DesHip Qualitativa Nominal 21.15. Jet ski e ski aquático DesJet Qualitativa Nominal 21.16. Surf e Windsurf DesSurf Qualitativa Nominal 21.17. Trekking DesTre Qualitativa Nominal 21.18. Outras DesOutras Qualitativa Nominal 21.18.1 Descrição de OUTRAS DesDscOutras Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR Respostas uniformizadas 22. Assistiu a algum tipo de evento cultural ou de animação? 22.1. Visita a museus EvMus Qualitativa Nominal 22.2. Teatro EvTea Qualitativa Nominal 22.3. Concertos EvCon Qualitativa Nominal 22.4. Folclore EvFol Qualitativa Nominal 22.5. Danças EvDan Qualitativa Nominal 22.6. Exposições EvExp Qualitativa Nominal 22.7. Poesia EvPoe Qualitativa Nominal 22.8. Festas Religiosas EvRel Qualitativa Nominal 22.9. Festa do Vinho EvVinho Qualitativa Nominal 22.10. Festa da Flor EvFlor Qualitativa Nominal 22.11. Fim do Ano EvFim Qualitativa Nominal 22.12. Carnaval EvCar Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 176 22.13. Festival cinema EvCinema Qualitativa Nominal 22.14. Festival Atlântico EvAtl Qualitativa Nominal 22.15. Outro EvOutro Qualitativa Nominal 22.15.1. Descrição de OUTRO EvDscOutro Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR Respostas uniformizadas 23. Depois de conhecer a ilha, a que factores associa a Madeira? 23.1. Descoberta FacDesc Qualitativa Nominal 23.2. Exotismo FacExo Qualitativa Nominal 23.3. Segurança FacSegu Qualitativa Nominal 23.4. Aventura FacAven Qualitativa Nominal 23.5. Património FacPatr Qualitativa Nominal 23.6. Bem-Estar FacBem Qualitativa Nominal 23.7. Novidade FacNovidade Qualitativa Nominal 23.8. Cultura FacCult Qualitativa Nominal 23.9. Limpeza FacLimp Qualitativa Nominal 23.10. Tranquilidade FacTran Qualitativa Nominal 23.11. Diversão FacDiv Qualitativa Nominal 23.12. Gastronomia FacGast Qualitativa Nominal 23.13. Novas sensações FacNovas Qualitativa Nominal 23.14. Acção/Agitação FacAccao Qualitativa Nominal 23.15. Outros FacOutros Qualitativa Nominal 23.15.1. Descrição de OUTROS FacDscOutros Qualitativa Nominal 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR 1-“Sim” 2-“Não” 9-NR Respostas uniformizadas 177 24. Qual o grau de satisfação ou aspectos que mais valoriza na visita à Madeira? 24.1. Meio ambiente e espaços naturais 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco 24.1.1. Diversidade e riqueza Satisfeito” SatDiv Qualitativa Ordinal naturais 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco 24.1.2. Poluição e protecção Satisfeito” SatPol Qualitativa Ordinal ambiental 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 24.1.3. Limpeza SatLim Qualitativa Ordinal 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 24.2. Locais turísticos 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco 24.2.1. Conservação do Satisfeito” SatConv Qualitativa Ordinal património 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 24.2.2. Sinalética SatSin Qualitativa Ordinal 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco 24.2.3. Existência de postos Satisfeito” SatExi Qualitativa Ordinal turísticos 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 24.2.4. Ambiente de segurança SatAmb Qualitativa Ordinal 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 24.3. Oferta comercial 178 24.3.1. Diversidade de lojas e oferta regional SatDiv Qualitativa Ordinal 24.3.2. Qualidade dos serviços prestados SatQua Qualitativa Ordinal 24.3.3. Diversidade e qualidade gastronómica SatGas Qualitativa Ordinal 24.3.4. Custos dos produtos e serviços SatCustos Qualitativa Ordinal 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 24.4. Oferta cultural 24.4.1. Quantidade e qualidade de eventos SatEventos Qualitativa Ordinal 24.4.2. Atractividade museus/monumentos SatMuseus Qualitativa Ordinal 24.4.3. Atractividade dos hábitos e costumes SatCost Qualitativa Ordinal 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 24.5. Oferta de Lazer 179 24.5.1. Oferta nocturna SatNoct Qualitativa Ordinal 24.5.2. Quantidade/diversidade circuitos turísticos SatQuant Qualitativa Ordinal 24.5.3. Oferta de actividades desportivas SatDes Qualitativa Ordinal 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 24.6. Transportes 24.6.1. Qualidade/preço dos transportes públicos SatPreços Qualitativa Ordinal 24.6.2. Qualidade das estradas SatEstradas Qualitativa Ordinal 24.6.3. Fluidez do trânsito SatTran Qualitativa Ordinal 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 24.7. Hospitalidade dos residentes 24.7.1. Simpatia da população SatSimp Qualitativa Ordinal 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 180 24.7.2. Falam diferentes idiomas/a minha língua SatIdioma Qualitativa Ordinal 24.7.3. Disponibilidade para prestar informações SatInf Qualitativa Ordinal 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 24.8. Oferta de serviços de suporte ao turismo 24.8.1. Qualidade do serviço do aeroporto SatAero Qualitativa Ordinal 24.8.2. Qualidade do serviço dos hotéis SatHotéis Qualitativa Ordinal 24.8.3. Qualidade do serviço de saúde SatSaude Qualitativa Ordinal 24.8.4. Qualidade do serviço dos restaurantes SatRest Qualitativa Ordinal 24.8.5. Acesso/funcionamento telecomunicações SatTele Qualitativa Ordinal 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 1-“Nada Satisfeito” 2-“Pouco Satisfeito” 3-“Satisfeito” 4-“Muito satisfeito” 9-NR 181 25. Em termos globais como classifica a sua satisfação com estas férias? Satisfacao Qualitativa Ordinal 26. Cumpriu os objectivos/expectativas das suas férias? Objectivos Qualitativa Nominal 27. Face às suas preferências e escolhas, qual a melhor altura do ano para as suas férias? Altura Qualitativa Nominal 27.1. Descrição de OUTRA AltuOutra Qualitativa Nominal 28. Tenciona voltar à Madeira? Volta Qualitativa Nominal 1-“Fraco” 2-“Razoável” 3-“Bom” 4-“Excelente” 9-NR 1-“Sim” 2-“Parte” 3-“Não” 9-NR 1-“Natal” 2-“Páscoa” 3-“Shortbreaks” 4-“Verão” 5-“Outra” 9-NR Respostas uniformizadas 1-“Sim, com toda a certeza” 2-“Talves volte” 3-“Não, em caso algum” 9-NR LEGENDA: - (*) Variável Auxiliar NR: Não resposta - NAP: Não aplicável 182 APÊNDICE D MANANCIAL DE QUADROS Quadro D.1 Evolução da População Residente na RAM. Anos 1950 1960 1970 1981 1991 2001 Totais 269.769 268.937 251.135 252.844 253.426 245.011 Fonte: INE - Recenseamentos Gerais da População 1950-2001. Quadro D.2 Evolução da População Residente na RAM, por concelho. Anos 1950 1960 1970 1981 Calheta 24.978 21.799 15.505 12.959 Câmara de Lobos 27.420 29.759 31.810 31.035 Funchal 93.983 98.113 101.810 112.746 Machico 22.218 21.606 21.010 22.126 Ponta da Sol 15.735 13.829 10.945 9.149 Porto Moniz 6.422 5.917 4.480 3.963 Porto Santo 3.017 3.505 3.760 4.376 Ribeira Brava 20.762 19.793 15.960 13.480 Santa Cruz 28.070 29.042 22.940 23.261 Santana 15.543 13.971 12.850 11.253 São Vicente 12.521 11.603 10.065 8.501 Totais 269.769 268.937 251.135 252.844 Fonte: INE - Recenseamentos Gerais da População 1950-2001. Concelhos 1991 13.005 31.476 115.403 22.016 8.756 3.432 4.706 13.170 23.465 10.302 7.695 253.426 2001 11.946 34.614 103.961 21.747 8.125 2.927 4.474 12.494 29.721 8.804 6.198 245.011 183 Quadro D.3 Estrutura etária da população residente na RAM, 2001 Grupos etários Homens Mulheres 0-4 7.306 7.020 5-9 7.799 7.474 10-14 8.861 8.441 15-19 10.026 9.581 20-24 9.770 9.483 25-29 9.812 9.703 30-34 9.360 9.766 35-39 9.505 10.443 40-44 8.073 8.959 45-49 7.043 7.836 50-54 5.866 6.874 55-59 4.807 6.570 60-64 4.391 6.664 65-69 4.521 6.819 70-74 3.520 5.554 75-79 2.443 4.069 80-84 1.275 2.460 85 e + 833 2.084 Total 115.211 129.800 Fonte: INE, XIV Recenseamento Geral da População. Quadro D.4 Distribuição das respostas segundo os meses de aplicação Mês Março Abril Maio Total de respostas NR Total N.º de Respostas 149 17 11 177 20 197 Percentagem Total (%) 75,6 8,6 5,6 89,8 10,2 100,0 Percentagem Válida (%) 84,2 9,6 6,2 100,0 Quadro D.5 Distribuição dos indivíduos, segundo o sexo. Sexo Masculino Feminino Total de respostas NR Total N.º de Respostas 78 85 163 34 197 Percentagem Total (%) 39,6 43,1 82,7 17,3 100,0 Percentagem Válida (%) 47,9 52,1 100,0 184 Quadro D.6 Distribuição dos indivíduos, perante a actividade económica. N.º de Respostas 55 107 162 35 197 Situação Não Activo Activo Total de respostas NR Total Percentagem Total (%) 27,9 54,3 82,2 17,8 100,0 Percentagem Válida (%) 34,0 66,0 100,0 Quadro D.7 Distribuição dos indivíduos, segundo os grandes grupos etários. Grupo Etário N.º de Respostas Até 30 anos 31-44 Anos 45-60 Anos Mais de 60 anos Total de respostas NR Total 8 28 82 76 194 3 197 Percentagem Total (%) 4,1 14,2 41,6 38,6 98,5 1,5 100,0 Percentagem Válida (%) 4,1 14,4 42,3 39,2 100,0 Quadro D.8 Total de indivíduos, segundo a frequência que viajam para fora do seu país. Raramente Uma vez por ano Duas vezes por ano Três ou mais vezes/ano Todos os meses Total NR Total N.º de Respostas 8 45 71 66 4 194 3 197 Percentagem Total (%) 4,1 22,8 36,0 33,5 2,0 98,5 1,5 100,0 Percentagem Válida (%) 4,1 23,2 36,6 34,0 2,1 100,0 Quadro D.9 Total de indivíduos, segundo os motivos de viagem. N.º de Respostas Férias Negócios/Congressos/Incentivos Pessoais (Saúde/Família) Outros 179 18 17 6 Percentagem Total (%) 90,9 9,1 8,6 3,0 185 Quadro D.10 Total de indivíduos, segundo a duração das suas férias. N.º de Respostas 149 36 185 12 197 Menos de 15 dias Mais ou até 15 dias Total NR Total Percentagem Total (%) 75,6 18,3 93,9 6,1 100,0 Percentagem Válida (%) 80,5 19,5 100,0 Quadro D.11 Total de indivíduos, segundo viaja sozinho ou acompanhado. N.º de Respostas Percentagem Total (%) Percentagem Válida (%) 11 5,6 5,6 Acompanhado 184 93,4 94,4 Total NR 195 2 99,0 1,0 100,0 Total 197 100,0 Sozinho Quadro D.12 Total de indivíduos, segundo o acompanhante em férias. N.º de Respostas Mulher/Marido Filhos Amigos/Colegas 148 17 32 Outros Percentagem Total (%) 80,4 9,2 17,4 5 2,7 Quadro D.13 Total de indivíduos, segundo já ter visitado a Madeira. N.º de Respostas Percentagem Total (%) Percentagem Válida (%) Sim 57 28,9 29,1 Não 139 70,6 70,9 Total 196 99,5 100,0 1 0,5 197 100,0 NR Total 186 Quadro D.14 Total de indivíduos, segundo o tipo de voo utilizado. N.º de Respostas Regular Charter Low-Cost Total NR Total 60 115 17 192 5 197 Percentagem Total (%) 30,5 58,4 8,6 97,5 2,5 100,0 Percentagem Válida (%) 31,3 59,9 8,9 100,0 Quadro D.15 Total de indivíduos, segundo o conhecimento que tinham da Madeira. N.º de Respostas 76 117 193 4 197 Sim Não Total NR Total Percentagem Total (%) 38,6 59,4 98,0 2,0 100,0 Percentagem Válida (%) 39,4 60,6 100,0 Quadro D.16 Total de indivíduos, segundo o conhecimento das grandes áreas turísticas da RAM. N.º de Respostas Porto Santo Machico Outro Porto Moniz São Vicente Santana Funchal 16 21 25 26 28 30 92 Percentagem Total (%) 15,0 19,5 23,4 24,3 26,2 28,0 86,0 Quadro D.17 Total de indivíduos, segundo o conhecimento de locais turísticos. Locais Turísticos Monte (carro de cestos) Cabo Girão Jardim Botânico Laurissilva Piscinas naturais-Porto Moniz Penha Águia Grutas S. Vicente Casa de Santana Outros N.º de Respostas 77 23 83 13 33 9 14 26 11 Percentagem (%) 44,8 13,4 48,3 7,6 19,2 5,2 8,1 15,1 6,4 187 Quadro D.18 Total de indivíduos, segundo os elementos característicos associados ao destino Madeira. Categoria Artesanato Bebidas Festival Folclore Gastronomia Natureza Segurança Outra Características N.º de Respostas Carro de Cestos Bordados Vimes Licores Vinho Madeira Fim do ano Carnaval Festa da Flor Bailinho Trajes Bolo do Caco Espetada Levadas Flores/Plantas Segurança Outros elementos 18 23 30 5 79 4 7 20 0 13 8 12 67 88 7 6 Percentagem (%) 9,4 12,0 15,7 2,6 41,4 2,1 3,7 10,5 0 6,8 4,2 6,3 35,1 46,1 3,7 3,1 Quadro D.19 Total de indivíduos, segundo o factor associado à Madeira antes de conhecer o destino. N.º de Respostas Natureza Desporto Gastronomia Praia Festas tradicionais Clima ameno Congressos/incentivos Cultura Simpatia Saúde/Wellness Sol Mar/água 90 15 10 20 57 80 5 40 35 30 50 60 Percentagem (%) 50,1 10,0 5,0 25,0 42,0 48,0 2,5 33,0 28,0 30,0 40,0 45,0 Quadro D.20 Total de indivíduos, segundo actividades de lazer realizadas. N.º de Respostas Visita a Monumentos Passeios de Barco Festas Tradicionais Visita ao casino Diversão nocturna Visita a parques naturais Feiras/mercados locais Excursões a pontos de interesse Observação de animais e plantas Outra 46 29 70 20 10 56 30 26 50 8 Percentagem (%) 50,1 10,0 65,0 25,0 8,0 48,0 2,5 33,0 40,0 2,0 188 Quadro D.21 Total de indivíduos, segundo actividades desportivas realizadas. Categoria Aventura Náutico Radical Desportos N.º de Respostas Ténis Golfe Passeios a pé Hipismo Trekking Outras Canyoning Jeep Safari Desportos aventura Pesca desportiva Jet Ski e Ski aquático Mergulho Surf e WindSurf Vela BTT Asa-Delta Escalada Parapente 15 25 80 5 5 7 2 6 5 10 15 16 13 2 3 3 5 3 Percentagem (%) 36,0 40,0 60,0 15,0 15,0 17,0 3,0 4,0 3,5 30,0 31,0 32,0 30,0 3,0 3,0 3,0 4,0 3,0 Quadro D.22 Total de indivíduos, segundo eventos culturais ou de animação a que assistiram. Visita a museus Teatro Concertos Folclore Danças Exposições Poesia Festas religiosas Festa do Vinho Festa da Flor Fim do Ano Carnaval Festival de Cinema Festival do Atlântico Outro N.º de Respostas 15 10 9 5 5 7 2 6 5 60 40 16 13 2 3 Percentagem (%) 10,0 40,0 6,0 15,0 15,0 17,0 3,0 4,0 3,5 55,0 31,0 32,0 30,0 3,0 3,0 189 Quadro D.23 Total de indivíduos, segundo os factores associados à Madeira depois de conhecer o destino. Descoberta Exotismo Segurança Aventura Património Bem-Estar Novidade Cultura Limpeza Tranquilidade Diversão Gastronomia Novas Sensações Acção/Agitação Outros N.º de Respostas 15 25 80 5 5 7 2 6 55 60 15 16 13 2 3 Percentagem (%) 36,0 40,0 60,0 15,0 15,0 17,0 3,0 4,0 3,5 30,0 31,0 32,0 30,0 3,0 3,0 Quadro D.24 Total de indivíduos, segundo o nível de satisfação sobre o destino e por diferentes categorias. Número de Respostas Meio Ambiente e espaços naturais Diversidade e riquezas naturais Poluição e protecção ambiental Limpeza Locais Turísticos Conservação do Património Sinalética Existência de postos turísticos Ambiente de segurança Oferta comercial Diversidade de lojas e oferta regional Qualidade dos serviços prestados Diversidade e qualidade gastronómica Custos dos produtos e serviços Oferta Cultural Quantidade e qualidade de eventos Atractividade museus/monumentos Atractividade dos hábitos e costumes Oferta de Lazer Oferta nocturna Quantidade/diversidade circuitos turísticos Oferta de actividades desportivas Transportes Qualidade/preço dos transportes públicos Qualidade das estradas Fluidez do trânsito Muito insatisfeito n % Insatisfeito Satisfeito n % n % Muito Satisfeito n % 2 3 2 1,2 1,9 1,4 2 24 11 1,2 15,3 8 81 87 66 50 55,4 47,8 77 43 43 47,5 27,4 27,4 3 4 6 4 2,1 3,3 4,7 3,1 16 28 24 14 11,2 23,3 18,9 10,9 96 77 80 72 67,1 64,2 63,0 56,3 28 11 17 38 19,6 9,2 13,4 29,7 3 1 5 8 2,0 0,6 3,2 5,2 41 22 21 24 26,8 13,9 13,6 15,5 80 85 84 101 52,3 53,8 54,5 65,2 29 50 44 22 19,0 31,6 28,6 14,2 6 1 3 5,1 0,8 2,3 27 16 22 23,1 12,1 17,2 71 94 77 60,7 71,2 60,2 13 21 26 11,1 15,9 20,3 7 2 1 9,5 1,6 1,2 19 10 12 25,7 8,1 14,8 42 76 58 56,8 61,3 71,6 6 36 10 8,1 29,0 12,3 1 8 3 0,7 4,7 2,1 12 23 20 8,4 13,6 13,7 73 94 84 51,0 55,6 57,5 57 44 39 39,9 26,0 26,7 190 Hospitalidade dos residentes Simpatia da população Falam diferentes idiomas/a minha língua Disponibilidade para prestar informações Oferta de serviços de suporte de turismo Qualidade do serviço do aeroporto Qualidade do serviço dos hotéis Qualidade do serviço de saúde Qualidade do serviço dos restaurantes Acesso/funcionamento telecomunicações 4 4 1 . 3 5 2,2 2,3 0,6 9 9 9 5,0 5,1 5,1 55 73 83 30,6 41,2 41,2 112 91 77 62,2 51,4 45,3 1,8 2,9 4 3 2,3 2,7 7 6 7 13 18 4,1 3,5 9,9 7,6 16,2 97 60 48 97 57 57,4 34,9 67,6 56,7 51,4 62 101 16 57 33 36,7 58,7 22,5 33,3 29,7 Quadro D.25 Total de indivíduos, segundo o nível de satisfação. Número de turistas Percentagem 6 3,0 182 92,4 9 4,6 197 100,0 Nem satisfeito, nem insatisfeito Satisfeito Insatisfeito Total Quadro D.26 Total de indivíduos, segundo o grau de satisfação global. N.º de Respostas Razoàvel Bom Excelente Total NR Total 7 101 75 183 14 197 Percentagem Total (%) 3,6 51,3 38,1 92,9 7,1 100,0 Percentagem Válida (%) 3,8 55,2 41,0 100,0 Quadro D.27 Total de indivíduos, segundo as expectativas/objectivos das férias. N.º de Respostas Sim Parte Não Total NR 142 31 1 174 23 197 Percentagem Total (%) 72,1 15,7 ,5 88,3 11,7 100,0 Percentagem Válida (%) 81,6 17,8 0,6 100,0 191 Quadro D.28 Total de indivíduos, segundo a melhor altura do ano para férias. Percentagem Total (%) 3,0 28,4 23,4 14,2 22,8 91,9 8,1 100,0 N.º de Respostas Natal Páscoa Short-breaks Verão Outra Total NR 6 56 46 28 45 181 16 197 Percentagem Válida (%) 3,3 30,9 25,4 15,5 24,9 100,0 Quadro D.29 Total de indivíduos, segundo a intenção de voltar à Madeira. N.º de Respostas Sim, definitivamente Poderei voltar Não, de forma alguma Total NR Total 73 107 2 182 15 197 Percentagem Total (%) 37,1 54,3 1,0 92,4 7,6 100,0 Percentagem Válida (%) 40,1 58,8 1,1 100,0 192 APÊNDICE E LISTA DE ENTIDADES, ESPAÇOS, MONUMENTOS E EVENTOS CULTURAIS E.1 Lista de Associações Culturais. · AMOFORTE · Coro da Casa do Povo de Santa Cruz · ARCHAIS - Associação de Arqueologia e Defesa do Património da Madeira · Coro de Câmara da Madeira · · Coro de Câmara de Câmara de Lobos Associação Rota da Cal · · Centro de Estudos de Arqueologia Moderna e Contemporânea Coro de Câmara do Gabinete Coordenador de Educação Artística · · Coro Infantil "Pax et Bonum" Núcleo Arqueológico da Junta de Freguesia de Machico · · Coro Infantil do Gabinete Coordenador de Educação Artística Associação de Artistas Plásticos da Madeira CIRCUL'ARTE · · Coro Juvenil do Gabinete Coordenador de Educação Artística Associação de Estudantes de Arte e Design · · Dixieband Cooperativa de Cinema Plano XXI - CRL · · Ensemble Acordeões do GCEA Sétimo Selo Cinema, Video Multimédia Lda · · Ensemble de Clarinetes do GCEA Associação de Animação Geringonça · · Ensemble de Guitarras do GCEA Associação dos Amigos da Arte Inclusiva Dançando com a Diferença · Ensemble de Percurssão do GCEA · Associação Escola de Samba "Caneca Furada" · Ensemble Vocal Regina Pacis do GCEA · Atelier de Dança Música e Artes - ADMA · Estudantina Académica da Madeira · Carlos Escola de Bailado, Lda · · Filarmónica do Faial - Filarmónica União Recreio Faialense Conservatório - Escola Profissional das Artes da Madeira, Eng. Luiz Peter Clode · Grupo Coral da Casa do Povo da Camacha · Dança Comigo - Associação de Dança Desportiva da Madeira · Grupo Coral da Casa do Povo da Fajã da Ovelha · Grupo Dançando com a Diferença - DAC · Grupo Coral da Casa do Povo de São Jorge · Grupo de Animação Nova Geração · · Grupo Coral da Casa do Povo de São Roque do Faial Grupo de Dança da Casa do Povo da Quinta Grande · Grupo Coral da Casa do Povo do Campanário · Grupo de Danças da Casa do Povo de Santo António da Serra · Grupo Coral das Casas do Povo do Concelho de Machico 193 · Grupo de Danças da Casa do Povo de São Jorge "As Fofinhas" · Grupo Coral de São Vicente · · Grupo Coral do Arco da Calheta Grupo de Danças da Casa do Povo do Curral das Freiras · · Grupo Coral do Centro de Desporto, cultura e Recreio (CDCR) Grupo de Danças e Cantares da Casa do Povo de Água de Pena · · Grupo Coral e Instrumental da Casa do Povo da Ponta do Sol Grupo de Danças Modernas da Casa do Povo da Fajã da Ovelha · Grupo Coral São Gonçalo · Grupo de Marchas Populares da Casa Do Povo Da Quinta Grande · Grupo de Cantares da Casa do Povo de São Martinho · Grupo Juvenil de Dança da Ribeira Funda · · Grupo de Cordas "Os Caiados" da Casa do Povo de São Jorge Grupo Veteranos da Folia · · Os Cariocas - Associação Cultural e Recreativa Escola de Samba Grupo de Cordas da Casa do Povo da Fajã da Ovelha · · Grupo de Cordas da Casa do Povo da Ilha Prestige Dance - Clube de Dança Desportiva · · Turma do Funil Grupo de Cordas da Fajã da Ovelha, Associação Cultural e Recreativa · AFERAM - Associação de Folclore e Etnografia da Região Autónoma da Madeira · Grupo de Despique do Porto Santo · · Associação de Folclore da Boa Esperança Grupo de Tocares e Cantares "Camponeses" da Casa do Povo de São Roque do Faial · Grupo de Folclore da Casa do Povo de Santa Cruz · Grupo de Tocares e Cantares "Grupo Xaramba" da Casa do Povo de Santana · Grupo de Folclore da Casa do Povo de Santana · Grupo de Tocares e Cantares da Casa do Povo do Jardim da Serra · Grupo de Folclore da Casa do Povo do Caniçal · Grupo Instrumental e Coral da Casa do Povo da Calheta · Grupo de Folclore da Casa do Povo do Porto da Cruz · Grupo Madeirense de Fados de Coimbra · · Grupo Musical "São de Leste" Grupo de Folclore de Machico · · Grupo Musical da Nogueira Grupo de Folclore de Ponta do Sol · · Grupo de Folclore do Rochão Grupo Recreativo da Casa do Povo de São Roque do Faial · Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova · Orfeão Madeirense · Grupo de Folclore e Recreativo da Quinta Grande · Orquestra Clássica da Madeira · · Orquestra de Acordeões do GCEA Grupo de Folclore Monteverde · · Grupo Folclórico Da Casa do Povo da Camacha Orquestra de Bandolins da Casa Povo de São Roque do Faial · · Grupo Folclórico da Casa do Povo de Gaula Orquestra de Bandolins do Centro Cultural de Santo António · Grupo Folclorico da Casa do Povo do Curral das Freiras · Orquestra de Bandolins do GCEA · · Orquestra de Sopros do GCEA Grupo Folclórico de Santa Rita · · Orquestra Juvenil da DREER Grupo Folclórico do Centro Cultural de Santo António · Os Amigos da Música · Grupo Folclórico do Porto Santo · Quinteto de Metais do GCEA · Grupo Folclórico dos Prazeres - Clube · RAG'S - Grupo de Jazz da Banda Municipal 194 Desportivo e Recreativo dos Prazeres · Valour F.C. ACRD do Rosário · Associação Cultural Ilhas do Atlântico · Associação de Escritores da Madeira · Museu da Baleia · Associação Banda Municipal de Machico · Associação Banda Paroquial de São Lourenço da Camacha de Machico · Si Que Brade - Musica Tradicional Madeirenses do GCEA · Trio New Sounds · TUMA - Tuna Universitária da Madeira · Tuna Amadis da Casa do Povo de Gaula · Tuna da Banda Municipal de Machico · Tuna D'Arco - Casa do Povo do Arco de São Jorge · Tuna de Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de São José de Cluny Enfertuna · Associação Cultural "Encontros da Eira" · Associação de Bandas de Rock da Madeira Promorock · Associação de Bandas Filarmónicas da Região Autónoma da Madeira · Tuna de Instrumentos Tradicionais do C. C. Santo António · Associação de Bandolins da Madeira · · Associação dos Amigos do Conservatório de Música da Madeira Tuna D'Elas - Tuna Feminina da Universidade da Madeira · Tunacedros da Casa do Povo de São Roque do Faial · TUN'UMA - Tuna Mista da Universidade da Madeira · Associação Companhia Contigo Teatro · Associação de Teatro Amador do Livramento - A TAL · Associação Dramática Inglesa na Madeira ADIM (MADS) · Associação Grupo de Teatro da Casa do Povo do Estreito - GRUTCAPE · Associação Regional de Teatro e Espectáculos (ARTE) · Associação Sócio-Cultural da Fonte · Associação Sorriso do Atlântico · COM.TEMA - Companhia de Teatro da Madeira · Fábrica de Sonhos · Grupo de Teatro e Dança da Casa do Povo da Ilha · Grupo Cénico do Recreio Musical União de Mocidade · Associação Grupo Cultural Flores de Maio · Associação Grupo de Romarias Antigas do Rochão · Associação Grupo de Romarias e Tradições da Camacha · Associação Grupo Musical Aosesses · Associação Grupo Musical e Cultural Reis Magos · Associação Livre de Músicos da Madeira · Associação Luz do Sol Nascente · Associação Musical Cultural e Recreativa de Câmara de Lobos · Associação Musical e Cultural Xarabanda · Associação Orquestra Ligeira da Madeira · Associação Recreio Musical União da Mocidade · Banda Distrital do Funchal "Os Guerrilhas" · Banda Filarmónica da Casa do Povo de Nossa Senhora da Piedade · Banda Filarmónica do Caniço e Eiras · Banda Municipal da Ribeira Brava · · Banda Municipal de Câmara de Lobos " Recreio dos Lavradores" Grupo de Mímica e Teatro OFICINA VERSUS - DAC · Grupo de Teatro da Casa do Povo de São Jorge · Grupo de Teatro da Casa do Povo da Quinta Grande · Grupo de Teatro da Casa do Povo de · Banda Municipal de Santa Cruz · Banda Municipal de Santana · Banda Municipal do Funchal "Artistas" 195 · Banda Municipal Paulense · Banda Orquestral de Câmara de Lobos " Os Infantes" · Banda Recreio Câmponês de Câmara de Lobos · Banda Stratus · Conjunto Musical "Os Lordes" Campanário · Grupo de Teatro da Casa do Povo de Santana · Grupo de Teatro da Casa do Povo do Curral das Freiras · Grupo de Teatro da Nazaré · Grupo de Teatro de Machico · Grupo de Teatro Infantil o Palquito · Grupo Experimental de Teatro da Casa do Povo da Camacha · Teatro Experimental do Funchal E.2 Lista de centros culturais. · Casa da Cultura da Câmara Municipal de Câmara de Lobos · Centro de Promoção Cultural de São Vicente · · Centro Social e Cultural da Camacha Casa da Cultura Santa Cruz / Quinta do Revoredo · Forum Machico · Centro Cultural e de Congressos do Porto Santo · Centro das Artes Casa das Mudas · Casa do Povo do Caniço · Centro de Documentação Musical Xarabanda · Centro de Investigação e Documentação do GCEA · Sector de Documentação e Arquivo da Universidade da Madeira · Teatroteca Fernando Augusto · Centro de Estudos de Arqueologia Moderna e Contemporânea · Centro de Estudos de História do Atlântico · Centro Cultural e Desportivo de Santo António · Centro Cultural e Desportivo de São José Insituição Particular de Solidariedade Social · Centro Cultural e Desportivo Luís de Camões - IPSS · Centro Cultural John Dos Passos · Centro das Artes Casa das Mudas · Centro de Cultura e Recreio Pontassolense · Centro de Desporto, Cultura e Recreio dos CTT E.3 Lista de centros temáticos. · Parque Temático da Madeira · Centro de Ciência Viva · Madeira Magic · Madeira Story Centre · Grutas e Centro de Vulcanismo Aquário da Madeira 196 E.4 Lista de produtores culturais. · Almasud Records - Edição de Bens Culturais, Lda · Carina Freitas - ARFreitas Produções · Edicarte, Edição e Comercio de Arte Lda. · Eduardo Costa Produções Audio Visuais, Lda · Madeira - Rochas - Divulgações Científicas e Culturais · Paulo Ferraz Estudio · Produções João Luís Mendonça · ReEventos - Celebres Episodios, Lda · Sétima Dimensão, Livraria · Sétimo Selo Cinema, Video Multimédia Lda E.5 Lista de salas de cinema. · Lusomundo (6) · Castello Lopes (7) · Cine Fórum Machico · Cine Porto Santo · Cine Camacha E.6 Lista de bibliotecas. · Centro Cultural John Dos Passos · Biblioteca de Culturas Estrangeiras · Biblioteca Pública Regional · Biblioteca Municipal do Funchal · Biblioteca Municipal Calouste Gulbenkian · Biblioteca da Assembleia Legislativa da Madeira · Biblioteca de Assuntos Europeus · Biblioteca da Penteada · Biblioteca Municipal Calouste Gulbenkian - Posto de Leitura da Nazaré · Biblioteca Municipal de Câmara de Lobos · Biblioteca Municipal da Ribeira Brava · Biblioteca Municipal da Ponta do Sol · Biblioteca Municipal da Calheta 197 · Biblioteca Municipal de São Vicente · Biblioteca Municipal de Santana · Biblioteca Municipal de Machico · Biblioteca Municipal de Santa Cruz · Biblioteca Municipal do Porto Santo E.7 Lista de casas do povo. · Casa do Povo da Água de Pena · Casa do Povo de Santa Cruz · Casa do Povo da Calheta · Casa do Povo de São Jorge · Casa do Povo da Fajã da Ovelha · Casa do Povo de São Roque · Casa do Povo da Boaventura · Casa do Povo de São Vicente · Casa do Povo da Camacha · Casa do Povo Campanário · Casa do Povo da Ilha · Casa do Povo do Caniço · Casa do Povo da Nossa Senhora da Piedade Porto Santo · Casa do Povo do Arco de São Jorge · · Casa do Povo do Caniçal Casa do Povo da Ponta do Pargo · · Casa do Povo do Curral das Freiras Casa do Povo da Quinta Grande · · Casa do Povo do Estreito de Câmara de Lobos Casa do Povo da Ponta Delgada · · Casa do Povo do Jardim da Serra Casa do Povo da Ponta do Sol · · Casa do Povo do Paul do Mar Casa do Povo da Ribeira Brava · · Casa do Povo do Faial Casa do Povo da Serra de Água · · Casa do Povo do Monte Casa do Povo de Câmara de Lobos · · Casa do Povo do Porto da Cruz Casa do Povo de Imaculado Coração de Maria · · Casa do Povo do Porto Moniz Casa do Povo da Tabua · · Casa do Povo do Santo da Serra Casa do Povo de Gaula · · Casa do Povo do Santo António da Serra Casa do Povo de Machico · · Casa Povo de Santo António Casa do Povo de S. Roque do Faial · Casa do Povo de Santana · Casa do Povo de São Martinho E.8 Lista de igrejas. Arciprestado da Calheta Arciprestado de Machico e Santa Cruz · Amparo · Achada · Calheta · Bom Caminho · Jardim do Mar · Caniço 198 · Ponta do Pargo · Lombada · São Francisco · Preces · Arco da Calheta · Santa Cruz · Estreito da Calheta · Água de Pena · Loreto · Camacha · Prazeres · Eiras · Atouguia · Machico · Fajã da Ovelha · Ribeira Seca · Paul do Mar · Santo da Serra · Raposeira · Assomada Arciprestado de Câmara de Lobos · Caniçal · Câmara de Lobos · Gaula · Encarnação · Piquinho · Quinta Grande · Rochão · Carmo Arciprestado de Ribeira Brava e Ponta do Sol · Estreito de Câmara de Lobos · Campanário · São Tiago · Cristo Rei · Curral das Freiras · Ribeira Brava · Garachico · Serra D’Agua · Santa Cecícila · Canhas Arciprestado do Funchal · Madalena do Mar · Álamos · São João · Espírito Santo · Tábua · Igreja do Colégio · Conceição · Nazaré · Ponta do Sol · Romeiros · São Paulo · São Martinho Arciprestado de Santana · Sé · Arco de São Jorge · Santa Maria Maior · Porto da Cruz · Visitação · Santana · Bom Sucesso · Faial · Fátima · São Jorge · Imaculado Coração de Maria · Ilha São Roque do Faial · Nossa Senhora do Monte Arciprestado de São Vicente e Porto Moniz · São Gonçalo · Achadas da Cruz · São Pedro · Feiteiras · Sagrada Família · Porto Moniz · Santo Amaro · São Vicente 199 · Vitória · Boaventura · Coração de Jesus · Lameiros · Graça · Ribeira da Janela · Livramento · Santa · Piedade · Fajã do Penedo · São José · Ponta Delgada · São Roque · Rosário · Santa Luzia · Seixal · Santo António E.9 Lista de museus. · Museu de Arte Contemporânea · Museu Etnográfico da Madeira · Museu da Electricidade · Museu da Baleia · Museu de Arte Sacra · Casa-Museu Frederico de Freitas · Casa Colombo – Museu do Porto Santo · Museu Quinta das Cruzes · Centro Cívico e Cultural de Santa Clara - Universo de Memórias João Carlos Abreu · Photographia - Museu "Vicentes" · Museu Municipal do Funchal (História Natural) E.10 Lista de núcleos museológicos. · Convento de Santa Clara - Museu · Instituto do Bordado, Tapeçarias e Artesanato da Madeira · Museu do Brinquedo da Madeira · Museu do Vinho e da Vinha - Casa do Povo do Arco de São Jorge · Museu Henrique e Francisco Franco · Museu Militar da Madeira · Núcleo Arqueológico da Junta de Freguesia de Machico · Núcleo Museológico " A Cidade do Açucar" · Núcleo Museológico Mary Jane Wilson · Velhos Encantos (Colecção Visitável) 200 E.10 Lista de eventos culturais e de animação turística. · Festas de Natal e de Fim do Ano · Carnaval · Festa da Flor · Festival de Poesia da Ilha do Porto Santo · Bienal do Porto Santo (festival de artes plásticas) · Festival Internacional de Cinema do Funchal · Festival do Atlântico (festival de música e pirotecnia): Funchal · Festival de Música Raízes do Atlântico: Funchal · Funchal Jazz · Mudas Jazz: Casa das Muda - Calheta · Festival Vozes do Atlântico: Faial · Festival Colombo: Porto Santo · Festa do Vinho da Madeira: Funchal, Estreito de Câmara de Lobos · Festival de Bandas Filarmónicas: Ribeira Brava · Festival 48 horas a Bailar/Festival Regional de Folclore: Santana · Festival de Arte Camachense: Camacha · Festival de Passeios a Pé · Festival de Orientação da Madeira · Encontro de Tunas Académicas · Semana Europeia de Folclore do Funchal · Festival Internacional de Arte Digital · Feira do Livro do Funchal 201 ANEXO F EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS E DE TURISMO NO ESPAÇO RURAL, POR CATEGORIA Tipo de estabelecimento Hotel 5 estrelas 4 estrelas 3 estrelas 2 estrelas Hotel Apart. 5 estrelas 4 estrelas 3 estrelas 2 estrelas Pensão Albergaria 1ª 2ª 3ª Estalagem 5 estrelas 4 estrelas Pousada Nº de empreendimentos 53 9 31 12 1 35 2 21 11 1 53 6 11 27 9 24 11 13 1 1 1 1 Aldeamento Turís. 5 estrelas Apart. 50 turísticos 5 estrelas 1 4 estrelas 10 3 estrelas 14 2 estrelas 25 Moradia turística 43 1ª 3 2ª 40 Turismo em 52 espaço rural Turismo habitação 10 Turismo rural 7 Agro-turismo 2 Casa de campo 32 Hotel rural 1 Fonte: Direcção Regional do Turismo. Nº unidades de alojamento 7 254 2 408 3 886 922 38 4 075 384 2 691 960 40 1 183 234 220 608 121 926 499 427 15 15 135 135 Capacidade de alojamento 14 494 4 805 7 795 1 818 76 8 592 922 5 660 1 920 90 2 385 468 438 1 237 242 1 844 998 846 29 29 573 573 Nº camas convertíveis 578 192 326 54 6 1 593 121 1 189 269 14 87 4 34 46 3 18 2 16 430 915 155 15 210 104 101 149 9 140 30 459 224 202 298 18 280 12 119 24 263 531 50 35 3 161 14 100 70 6 327 28 202 ANEXO G EMPRESAS DE ANIMAÇÃO TURÍSTICA, LICENCIADAS NA RAM Empresa 2 TOURS A PASSO DE BURRO ALBATROZ DO MAR ALLES ANIMADEIRA BALLOON VISION BIKE & LIFT BOTAS DAS SETE Morada Travessa João Carlos Gomes, nº15 9050-055 Funchal Tel.: (+351) 919 153 563 Centro de Recepção e interpretação do Parque Ecológico do Funchal Estrada Regional 103,nº259 9050 Funchal Tel.: (+351) 914 264 166/969 039 461 E-mail: [email protected] www.apassodeburro.com Rua Dr. António Jardim de Oliveira nº2 9050-191 Santa Maria Maior Funchal Tel.: (+351) 291 223 366 E-mail: [email protected] Estrada Monumental - Hotel Baia Azul, loja 5 F 9000-108 FUNCHAL Tel.: (+351) 965 012 367/911 000 039 Fax: (+351) 291 762 003 E-mail: [email protected] www.alles-madeira.com Rua Conde Carvalhal, nº 82 r/c Dtº Santa Maria Maior 9050-149 Funchal Tel.: (+351) 965 011 219 E-mail: [email protected] Avenida do Mar e das Comunidades Madeirenses, 14 – A 9000-054 Funchal Tel.: (+351) 291 282 700/967 636 757 Fax: (+351) 291 282 701 E-mail: [email protected] www.madeira-balloon.com Rua Tenente Coronel Sarmento, N.º 8 r/c Esq. 9000 Funchal Tel.: (+351) 966 255 172 E-mail: [email protected] Rua 31 de Janeiro, nº 71 Actividade Passeios a pé Passeios de burro Organização de eventos Pesca desportiva Passeios de barco Passeios a pé Jeep safari Organização de eventos Passeios de barco Escalada Organização de eventos desportivos balonismo BTT Passeios a pé 203 LÉGUAS HIPICENTER Sítio da Ponta 9001-902 Funchal Tel.: (+351) 9400-085 Porto 964 Santo 233 209 E-mail: Tel. / Fax.: [email protected] (+351) 291 983 258 E-mail: By NATURE Sítio [email protected] Assomada, Ribeira Funda - São Jorge www.tripod.hipicenter.com 9230-160 Santana HORIZONTE DO Tel.: do Rua (+351) Quebra 965Costas, 012 63728, 2º Dto ATLÂNTICO E-mail: [email protected] 9000-034 FUNCHAL www.bynature.eu Tel.: (+351) 963 390 796 Fax: (+351) 291 280 024 CHRISTA DORNELD, Edifício Galoresort Hotels E-mail: [email protected] Unipessoal, Lda Ponta da Oliveira, Apartado 12 www.venturadomar.com 9125-909 Caniço Tel.: (+351) 967 497 605/291 930 930 IMPERATOURS Estrada da Azenha Fax: (+351) 291 934 555 Urbanização Vista Alegre Apt G, Bl 1 E-mail: [email protected] 9125-115 Caniço www.madeirawandern.com Tel./Fax: (+351)Gardens, 291 935 801 COLDFLAME Edifício Atlantic suite 405 Praia Formosa E-mail: [email protected] ENDURO 9000-247 Funchal J. J. TOURS Rua Ricardo Ferreira Tel.: João (+351) 291 774 692 César, 6 9300-069 Câmara de694 Lobos Fax: (+351) 291 774 Tel.: (+351) 967 664 578 E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] www.endurotouren-madeira.com KLUBE KLIPPE Rua Princesa Maria Amélia, EL TOUR Caminho de S.D.António, 32 B n.º 18/20 9000 Funchal Bl. A R/C Ed. Panorama Tel.: (+351) 968 210 498 9000-187 Funchal LAZER NATURE Caminho do Amparo Edificio Tel./Fax: (+351) 291 757 068 Várzea Park - Bloco A5 EC [email protected] E-mail: 9000-267 ESCAPADA DOS Escapada Funchal dos Cavaleiros - Actividades Hípicas da Tel.: (+351) CAVALEIROS Madeira, Lda913 506 939 LEISURELITE Sitio das Eiras, 76 Namorados – Jardim Caminho Velho Apartado da Boca dos 9100-190 da Serra Santa Cruz E-mail: [email protected] 9326-909 Estreito de Câmara de Lobos www.madeira-leisurelite.com Tel.: (+351) 966 312 151 / 291 945 945 Fax.: (+351) 291 945 954 E-mail: [email protected] LUME & GOUVEIA Travessa de Santa 17 ESSENCIA Sítio do Batalhão nºRita, 036-Santa 9000-227 Funchal 9270-036 Porto Moniz Tel.: (+351) 962 457 582 883 699 Tel.: (+351) 291 771 477 E-mail: [email protected] MADEIRA AVENTURA Caminho Pilar, nº 2 FÁBRICA DE FESTAS Rua 5 de do Outubro, Conjunto do Pilar I 9000-079 Hab. Funchal Bloco B, LT 291 5 R/C Esq. Tel.: (+351) 223 008 9000-136 Funchal Fax: (+351) 291 224 233 Tel.: (+351) 964 541 793 E-mail: [email protected] Fax: (+351) 291 www.siram.pt 764 217 E-mail: FUN CENTROS Rua D. [email protected] Carlos I, nº 27/29 www.madeiraventura.com TEMÁTICOS DO 9060-051 Funchal MADEIRA Rua do Bairro Ed. Santa Catarina FUNCHAL BLUE SUN Tel.: 3(+351) 291 dos 000 Moinhos, 770 2K, B40 291 000 789 Fax.:Bl.(+351) 9000 – 743 FUNCHAL E-mail: [email protected] Tel.: (+351) 291 941 065/963 556 258/919 407 766 www.storycentre.com E-mail: [email protected] GALO DIVING – Hotel Galomar www.madeirabluesun.com Mantadiving 9125-036 Caniço de Baixo MADEIRA DIVE POINT Hotel Madeira Carlton Tel.: (+351) 291 930 939 Largo Antonio Nobre Fax: (+351) 291 935 588 9004-531 Funchal E-mail: [email protected] Tel.: (+351) 291 239 579/ 917 736 396/ 919 151 www.mantadiving.com HARMONY IN NATURE, 256 Rua Achada, Edifício Jardins da Achada nº 24 Fax: UNIPESSOAL, LDA Bloco(+351) 4 R/C 291 Dtº 239 579 E-mail: [email protected] 9000-208 Funchal www.madeiradivepoint.com Tel.: (+351) 967 056 600 Hipismo Passeios a pé Passeios de bicicleta e outros veículos TT Trekking Mergulho Canyoning Passeios barco Passeios de a pé Observação de Aves Organização de Eventos Passeios a pé Motocross Enduro Desportos Radicais Jeep Safari Paint-ball Passeios a pé Passeios temáticos a pé Passeios de bicicleta Passeios a pé Circuitos temáticos Hipismo Passeios a pé Passeios de barco Bicicletas Wind-surf Surf Vela Aluguer deradicais Desportos automóveis clássicos Passeios a pé e limusina Trekking Montanhismo Organização de Passeios eventos a pé Desportos Radicais Madeira Story Centre Organização de Passeios eventos a pé Circuitos temáticos Actividades recreativas Mergulho Mergulho Jeep safari Canyoning Organização de Eventos 204 MADEIRA ONDA CLÁSSICA EXPLORERS Rua DomMonumental Estrada Francisco Santana Sport Hotel Ondamar Centro Comercial 9125-031 Santa Cruz Lido, Loja 5, 3º andar 9004-541 Tel.: (+351) Funchal 291 930 932 Tel.: (+351) Fax.: (+351)291 291763 934701 566 Fax: (+351) E-mail: [email protected] 291 761 464 E-mail: [email protected] www.ondaclassica.com www.madeira-explorers.com PALHEIRO GOLF Rua do Balancal, nº 29 - São Gonçalo MADEIRA OCEANO'S Calçada de 9050-296 Funchal São Lourenço Nº3 Galerias Tel.: (+351) de São 291 790 Lourenço, 120 1ºB 9000-061 Fax: (+351) Funchal 291 792 456 Tel.: (+351) E-mail: [email protected] 916 409 780/ 918 479 922/ 965 776 114 www.palheirogolf.com Fax.: (+351) 522–015 PASSEIOS VIRTUAIS Azinhaga da 291 Nazaré Edif. Vista Baía E-mail: Bl 3 – 3º[email protected] Esq. Letra T www.madeiraoceanos.com 9000-164 Funchal Tel.: (+351) 919 438 503/ 911 059 303/917 222 MADEIRA WIND BIRDS 589 Rua da Pena, 10 J 9050-099 E-mail: [email protected] Funchal Tel.: (+351) 917 777 441 www.passeiosvirtuais.com Fax.: (+351) 291Porto 720 031 PORTO SANTO SUB Clube Naval do Santo E-mail: [email protected] 9400-080 Porto Santo www.madeirabirds.com Telem.: (+351) 916 033 997 MOUNTAIN Estrada Fax: (+351) Ponta 291da983 Oliveira 259 nº 48 EXPEDITIONS Casa D [email protected] E-mail: 9125-035 E-mail: [email protected] Caniço Tel.: (+351) 968 555 852 www.portosantosub.com E-mail: [email protected] PRIDE OF MADEIRA Estrada do Garajau, 194 MUNDO DA Rua Ponta Edif. Quintada doCruz, Garajau, 25 B1,B5 IMAGINAÇÃO 9000-103CM Fracção FUNCHAL – 3º Esq. Tel.: (+351) 9125-067 Caniço 291 700 700 Fax.:/Fax: Tel. (+351) (+351) 291 291 700 936 701 004 E-mail:[email protected] E-mail: [email protected] www.madeira-magic.com E-mail: [email protected] www.prideofmadeira.com NATOURS Rua João Ricardo Ferreira César www.prideofmadeira.sapo.pt Edifício do Carmo, nº 7 A – 1H QUINTA DO LORDE 9300-420 Quinta do Câmara Lorde de Lobos Tel.: (+351) Sítio da Piedade 291 234 – apartado 117/ 963 530 445 379 E-mail: [email protected] 9201-908 Caniçal E-mail: Tel.: (+351) [email protected] 291 969 200/ 291 969 601 Fax: (+351) São 291 960 202 NATURFREUND Rua Portão Tiago, 19 B E-mail: [email protected] REISEN LIMITED / Santa Maria Maior www.quintadolorde.com Amigos da Natureza – 9050-250 Funchal Madeira RENA Tel.: das Rua (+351) Dificuldades, 291 220 703/962 11 911 678 Fax: (+351) 9050-015 Funchal 291 220 703 E-mail: Tel.: (+351) [email protected] 291966476/ 291522728 www.naturfreunde-reisen-madeira.com E-mail: [email protected] NAUTISANTOS ROTA DOS CETÁCEOS Marina Shopping do Funchal 9000-055Arriaga, Avenida Funchal75 – Loja 230 Tel.: (+351) 9000-533 Funchal 919 916 221/291 231 312 Fax: (+351) 291 229 Tel.: 280 981 600/ 913 093 132 E-mail: Fax.: (+351) [email protected] 291 280 601 E-mail: [email protected] [email protected] www.nautisantosfishing.com www.rota-dos-cetaceos.pt www.catamaran-seeborn.com RR TOURS Rua Dr. Pita, n.º 1 A OLIESLAGERS Avenida das 9000-089 Funchal Madalenas, nº119 Edifício Jardins da Madalena, Tel.: (+351)Bloco 291 764 A, 4º 733 andar B 9000(+351) Fax: Funchal 291 746 728 Tel.: (+351) E-mail: [email protected] 962 982 111 E-mail: SAFARI COMPANY Rua [email protected] Aranhas, 20 – 2º www.olieslagers.pt 9000-044 Funchal Circuitos temáticos Passeios a pé BTT automóveis com clássicos Golfe Mergulho Passeios a Pé Jeep Safari Observação de aves Passeios a pé Mergulho Passeios a pé Passeios de barco Madeira Magic Passeios a Pé Parques temáticos Excursões Desportos Radicais Jeep safari Passeios a pé Marina Passeios a pé Passeios a pé Jeep safari Circuitos temáticos Passeios de barco Pesca de Fundo Observação de Pesca Grossa baleias e golfinhos Mergulho Passeios de barco Excursões Jeep Safari Circuitos temáticos Passeios a Pé Jeep Safari 205 SANTA MARIA STRESSZERO TERRAS D’AVENTURA TUBARÃO MADEIRA Mergulho, Lda Tel.: (+351) 919 864 485 Fax: (+351) 291 241 314 E-mail: [email protected] www.madeira-safaris.com Marina do Funchal 9000-055 Funchal Tel.: (+351) 291 225 695 Fax: (+351) 291 220 327 E-mail: [email protected] www.santamariacolombo.com Rua Carvalho Araújo, n.º 9 9001-022 Funchal Tel.: (+351) 291 205 720 Fax: (+351) 291 205 705 E-mail: [email protected] www.regency-hotels-resorts.com Caminho do Amparo, 25 9000-248 Funchal Tel.: (+351) 291 708 990 / 962 721 702 Fax: (+351) 291 708 999 E-mail: [email protected] www.terrasdeaventura.com Hotel Pestana Palms Rua do Gorgulho 9000-107 Funchal Tel.: (+351) 291 709 227 / 965 011 126 Fax.: (+351) 291 794 124 E-mail: tubarã[email protected] www.scuba-madeira.com VEREDAS DO SOL Avenida Arriaga nº 50 2ª sala 1 9001-804 Funchal Tel.: (+351) 291 200 777/ 965 013 315/ 965 076 867 Fax.: (+351) 291 237 337 E-mail: [email protected] www.veredasdosol.com VIA ACTIVA Rua Dr. Alfredo Ferreira Júnior, 34 9135-053 Camacha Tel.: (+351) 966 866 299 E-mail: [email protected] VIDA Y MONTAÑA Estrada Monumental Rua Quinta Calaça, Apartamento do Mar, 2ª sala 212 9000-108 Funchal Tel.: (+351) 939 523 931 Fonte: Direcção Regional de Turismo. Passeios de barco Passeios de barco Passeios a Pé BTT Jeep Safari Canyoning Quad Safari Jet Sky Kayak Mergulho Passeios a pé Trekking Organização de eventos Passeios a pé 206 ANEXO H AGÊNCIAS DE VIAGEM EXISTENTES NA RAM Denominação Comercial Abreu Active Travel Agência de Viagens Sagres (forma local de representação) Algarve Tours (forma local de representação) Ama Viagens Angie Travel Barcel— Viagens (forma local de representação) Bendix Tours Blandy Boa Viagem Bravatour Carristur - Portugal (forma local de representação) Catedral Tours Colombus Travel Agency Coralina - Viagens e Turismo D.M.C. Madeira Dunas Eurofunchal Euromar EVTours - Full Services Portugal (forma local de representação) Ferraz Festival Tours Geotur (forma local de representação) Good Luck Tours Gustavo & Andreia Gustavo & Andreia 1 Ibercruises Internacional Viagens da Madeira Interpass - Agência de Viagens e Turismo (Forma Local de Representação) Invitur Island Events JC Tours João Silvério Pires - Globus - Localização Rua Dr. João brito Câmara, n.º 9, Funchal Centrum, C.C. Dolce Vita - loja 108 Ed. Ocean Garden III, Bl. 3 - R/C - lj. 04 Rua Nova do Vale da Ajuda - Hotel Apartamento Ajuda Star Rua D. Carlos I, 11-B - 2º Piso Loja Sul Nœc. Resid. Ilheœs - R. Infante Santo,4 - lj.4 Est. Monumental,240-C.C.Navio Azul, lj.27 R. Ten. Cor. Sarmento, Ed. Infante, Bl. D r/c R. Velha da Ajuda, 10 B - Ed. Colinas do Lido Arcadas de S. Francisco, 7-8 Rua D. Carlos I, 19 A Rua Visconde da Ribeira Brava, 51 Hotel Porto Mare - loja B - Rua Simplício Passos de Gouveia, nº 21 C. C. Tavira, lojas 44 e 46 - Rua João Tavira Rua dos Murças, 61-B - 1º andar Est.Monumental-C.C.Monumental Lido,2º -lj.9 Rua do Esmeraldo n.º 18 - 1º andar Rua Nuno Silvestre Teixeira, 46 Av. do Infante, 58 - FUNCHAL Av. do Infante, 58 Travessa Conde Carvalhal, São Filipe, Saída Leste - Dois Av. de Zarco nº 2-A C. C. Europa - R. Bom Jesus nº s 8-10 - Loja 201 Rua da Sé, nº 2 - 1º A - D Rua dos Ferreiros nº 11 - Rua do Sabão, 108 Largo do Phelps nº 18 Rua 31 de Janeiro nº 52 Rua da Conceiçãonº 58, 1º andar Estrada Monumental nº 316 - Loja 5 Rua 31 de Janeiro, nº 12 F Rua dos Murças nº 43 - 43-A Rua da Alfândega nº 10, 4º A Rua Infante Santo, 14 Av. de Zarco nº 20 207 Viagens/Turismo Lazermar Lido Tours Lusoriginal Macaronésia Tours Madeira Viagens Madvia Manuel José MBtravel Mundo Vip Madeira Natura Travel Nature Meetings New Travel Oásis (forma local de representação) Oceano Atlântico Panorama Páteo Das Viagens Ponto de Encontro Positivo Tours Professional (forma local de representação) Quasar (forma local de representação) Ram Travel RMK Tours Rota do Atlântico Rui Castro Scénic Tours Secol Soturex Springcar Star Viagens e Turismo, S.A. Strawberry World Tellus Tempos Livres TMTC - The Madeira Travel Company Top Atlântico Madeira Travel One Tui Portugal (forma local de representação) Turisvaz Turitrans Viagens Gheisa (Forma local de representação) Viático Tours Viva Travel Windsor Fonte: Direcção Regional de Turismo. R. Gonçalves Zarco nº 66 r/c Centro Comercial Monumental Lido - Loja 8 Rua Direita n.º 35, Arcadas do Pelourinho, Loja 7X Estrada do Livramento nº 18 Monte R. 31 de Janeiro, 85 - Ed. Ponte Nova, Lj. D Rua Bela S. Tiago, 16, andar 0 - Esc. 7 e 8 C. C. Centromar, loja 16 Largo dos Lavradores, nº 7 Rua Visconde do Anadia nº 19-22, Ed. Anadia Fracção O-E - 3º andar Centro Comercial Monumental Lido, sala 8 - 3º andar Hotel Porto Mare - loja B - Rua Simplicio Passos de Gouveia, nº 21 Rua do Frigorifico - Ed. Coop. Agrícola do Funchal, Bl. A, Lj. A Estrada Monumental nº 316 - Loja 2 Rua Vale D'Ajuda, Ed. Vista Girão, Porta P Rua Dr. João Brito Câmara nº 3-A / 3-B Rua da Queimada de Cima, 28 - 1º , Dtº Rua do Ribeirinho Rua do Vale D'Ajuda n.º 41 Rua Velha da Ajuda, n.º 77 Rua 5 de Outubro nº 79/A - 4º A Rua do Bom Jesus, nº 8 - 10, loja nº 8 Sítio do Caís, Vila Calheta Rua dos Aranhas, 18 Avenida da Madalena, Edifício Praça das Madalenas, Bloco E, Loja H Rua Princesa D. Amélia n.º 34 Loja 3 - Edifício Princesa R. do Gorgulho - C. C. Eden Mar, Lj. 18 Rua Nova de São Pedro nº 32-A Rua D. Carlos I, nº 11, B 3º - Torre MadeiraShopping, lj.19-A, Cº St» Quitéria Centro Comercial Monumental Lido, 3º andar, loja 6/7 Estrada Monumental nº 306 Rua Serpa Pinto nº 47 Rua Ponta da Cruz, nº 2, Ed. Rodamar, fracção BH Av. das Comunidades Madeirenses nº 15 Rua 5 de Outubro, nº 21 R. Imp. D.Amélia, Ed. Princesa - Lj. 0-4 Rua da Amargura - C. C. Avenida Caniço de Baixo Parque Residencial Piornais, Bloco 10 - R/C Caminho do Engenho Velho - Ed. Amparo Fracção D, loja 6 - rés-do-chão Rua Serpa Pinto nº 32 - A Estrada Monumental nº 252 208 ANEXO I RENT-A-CARS EXISTENTES NA RAM Nome da Empresa Mendes Gomes & Dinis, Lda Cunha & Dinis, Lda Santiago Rent- a- Car, Lda Madeira Horizonte, Rent-a-Car, Lda José Alberto dos Ramos Rodrigues de Sousa, Lda Sovialma-Soc. de viaturas de aluguer da Madeira, Lda Alpirent-Rent-a-Car-Soc. de Aluguer de Automóveis, Lda Raul Alves, Lda Ferdinando Mauricio Pestana de Nóbrega M.I.Nunes, Lda Manuel Isidoro Nunes Dinis & Silva, Lda Ponte & Câmara, Lda Solrent-a-Car, Lda Lidorent Automóveis de Aluguer, Lda Atlantic - Rent-a-Car BravaCar-Soc. de Automóveis sem Condutor, Lda Moinho -Rent-a-Car, Lda Madpérola Rent-a-Car-Soc Aluguer Véiculos Aut., Lda Amigos do Auto-Automóveis de Aluguer, Lda 2000 Rent -a-Car, Lda Insularcar Rent-a-Car, Lda São Vicente-Rent -a-Car, Lda Ilharent Rent-a-Car, Lda Magoscar-Aluguer de Automóveis, Lda Baía - Car Rental, Lda Morada Sítio da Queimada, Água de Pena, Machico Rua Mãe dos Homens, F-1, Santa Maria Maior, Fx Rua Bela de São Tiago, 53, Santa Maria Maior, Fx Campo da Barca, 16, Fx Rua Nova da Quinta Deão, 19, Fx Largo António Nobre, 164, Sé, Fx Rua dos Arrois, 60-A, Lisboa Rua das Dificuldades, 8, Fx Rua da Queimada de Cima, 53, Fx Rua Ivens, 12, Fx Rua Ivens, 13- B, Fx Azinhaga da Casa Branca, 6, São Martinho, Fx Sítio das Cales e Achada, Arco da Calheta, Calheta Estrada Monumental, 306, Fx Estrada Monumental, Edificio Alto Lído, Loja 4, S.Mart, Fx Rua da Casa Branca, 102, C. C. Belo Sol, São Martinho, Fx Rua Sacadura Cabral e Gago Coutinho,21, Ribeira Brava Estrada Monumental, C. C. Navio Azul, loja 21, S. Martinho, Fx Caminho de São Roque, 122, Fx Estrada Monumental, Hotel Baía Azul, loja 5, São Martinho, Fx Loja GG, Edificio Belo Sol, Caminho Velho da Ajuda, S. Martª.,Fx Hotel D. Pedro Garajau, Caniço, Santa Cruz Vila, São Vicente Avenida do Infante, Apartº. Henrique Segundo, 2º andar, B, Fx Edifício Ventur, Bloco 1, Loja E, Caniço de Baixo para a Cidade, Stº. Cruz Vila, Cãmara de Lobos 209 Rent-a-Car do Futuro-Carros de Aluguer s/ Condutor, Lda Machicorent-Aluguer de Automóveis, Lda Miltours Madeira, Agência de Viagens e Turismo, SA Cabriolet-Rent-a-Car, Aluguer de Aut. s/ Condutor, Lda Viva Travel-Agência de Viagens e Turismo, Lda TIM - Madeira Comércio de Aluguer de Veículos Motorizados, Lda Madlobos - Rent-a-Car, Lda Mendonça & Coelho, Lda Wind Car Rent, Lda Madeira Rent - Sociedade de Aluguer de Automóveis, Lda Spinauto -Comércio de Automóveis, Lda Moto Way-Aluguer de Motociclos, Lda Seatent-Aluguer de Veículos Automóveis s/ Condutor, Lda Clipserent -Rent-a-Car, Lda Madpoint rent-a-Car-Soc.de Comércio e Aluguer de Aut., Lda Auto Centrolider, Lda Millenium -Rent-a-Car, Lda New, King - Rent-a-Car, Lda Pérola do Atlântico-Rent-a-Car, Lda Business Car-Rent-a-Car, SA Espaço Milénio-Rent-a-Car, Lda Netrent-Rent-a-Car, Lda CAEA-Importação, Lda Caminho de Santo António, Apartº. Madalena, bloco B2º Dtº., Stº. Antº.Fx Sítio da Vila, Machico Avenida do Infante, C.C.Avenida, loja 1, Fx Avenida Arriaga, Edifício Infante, Apartº. 804, Sé Fx Largo António Nobre, Sé, Fx Avenida do Infante, Edifício Avenida, lojas 210 e 211, Sé, Funchal Caminho da Bela Vista, 5, Câmara de Lobos Rua Vale da Ajuda, bloco C, piso 0, São Martinho, Fx C.C.Centromar, loja 50, São martinho, Lda Sítio da Terça, loja 1, Santa Cruz Rua Velha da Ajuda, loja B, São Martinho, Fx Estrada Monumental, 284, C.C.Monumental Lido, loja 8, 2º andar, S.Martº. Estrada monumental, 188, Edifício Miramar, loja 7, São Martinho, Fx Sítio da Estrela, Calheta Edificio Colinas do Lido, fracção BI, Sítio da Ajuda, São Martinho, Fx Sítio das Urzes, Salões, Canhas, Ponta do Sol Sítio de São João, Ribeira Brava Estação da Shell, Levada do Cavalo, Fx Sítio da Abeguaria,Conj. Habitacional das Figueirinhas, Bloco E-Fracção DJ, Caniço Rua Drº. Francisco Peres, Edificio Jardins do Caniço, bloco G, Loja 20, Caniço Avenida do Infante, 11, C.C. Olimpo, loja 204, Sé, Fx Sítio da Terça, Santa Cruz Rua Sacadura Cabral e Gago Coutinho, 21, Ribeira Brava Aluguer de Veículos Automóveis de Mercadorias s/ Condutor M.I.Nunes, Lda Rua Ivens, 12, Sé, Funchal A Bravacar - Sociedade de Automóveis s/ Hotel D. Pedro Garajau, Loja 3, Caniço, Santa Condutor Cruz Hotel D. Pedro Garajau, Loja 3, Caniço, Santa Cruz Insular Rent-a-Car, Lda Fonte: Direcção Regional de Turismo. 210 ANEXO J ESTABELECIMENTOS HOTELEIROS COM REGIME DE DIREITOS REAIS DE HABITAÇÃO (TIME SHARING - TS) Classificação Categoria Empreendimento Turístico Hotel ***** Pestana Grand Hotel ***** Tivoli Madeira Hotel **** Alto Lido Hotel Apart. ***** Madeira Regency Palace Hotel Apart. ***** Royal Savoy Hotel Apart. **** Madeira Beach Club Hotel Apart. **** Madeira Regency Hotel Apart. **** Pestana Miramar Hotel Apart. **** Pestana Palms Hotel Apart. **** Pestana Village Hotel Apart. **** Porto Mare Hotel Apart. **** Tropical Fonte: Direcção Regional de Turismo. Quartos em TS Capacidade de alojamento em TS 106 47 88 125 117 152 92 94 93 108 99 6 212 102 177 402 252 385 204 218 186 218 310 12 211 ANEXO L IMÓVEIS CLASSIFICADOS DA RAM, POR CATEGORIA E CONCELHO Concelho/ Freguesia Imóvel Categoria Jorn. Ofic./ Diár. Rep. Resol./ Decr./ Port./ Acta Data Dec. 129/77 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Res. 1170/97 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Res. 967/96 Dec. 30/762 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Dec. 129/77 29/0 9/77 29/0 9/77 29/0 9/77 29/0 9/77 18/0 8/97 29/0 9/77 29/0 9/77 29/0 9/77 29/0 9/77 29/0 9/77 29/0 9/77 09/0 8/96 26/0 9/40 29/0 9/77 29/0 9/77 29/0 9/77 29/0 9/77 29/0 9/77 Calheta Arco da Calheta Capela de Nossa Senhora do Loreto Capela de Nossa Senhora da Conceição Capela da Nossa Senhora da Nazaré Igreja de São Braz Capela de Nossa Senhora da Vida Calheta Igreja do Espirito Santo Capela de Jesus, Maria e José Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso Capela de Santo António Capela de São Francisco Xavier Casa das Mudas Quinta da Estrela Estreito da Calheta Capela dos Reis Magos Capela de Nossa Senhora da Conceição Capela de Nossa Senhora do Livramento Igreja de Nossa Senhora da Graça Fajã da Ovelha Capela de São Lourenço Igreja de São João Baptista Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento DG 1ª série, IP nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 JO 1ª série, IM nº 85 DG 1ª série, IP nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 JO 1ª série, IM nº 87 DG 1ª série, IP nº 225 DG 1ª série, IM nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 DG 1ª série, IM nº 226 212 Jardim do Mar Ponta do Pargo Quinta da Piedade Capela de Nossa Senhora Boa Morte Igreja de São Pedro Farol da Ponta do Pargo Solar da Ribeira da Vaca Câmara de Lobos Câmara de Lobos Estreito de Câmara de Lobos Funchal I. Coração de Maria Capela de Nossa Senhora da Conceição Monu mento Monu Convento de São Bernardino mento Monu Forno de Cal mento Quinta de São João e Capela Monu Sagrada Familia mento Quinta da Graça Monu mento IM IM IM Capela de Nossa Senhora da Consolação Monu mento V C R Colégio do Infante Poço da Neve Quinta Mirabela Igreja da Encarnação Recolhimento e Capela do Bom Jesus Igreja de Santa Luzia Capela da Sagrada Familia e Quinta do Descanso Forte de Santiago Capela do Corpo Santo Capela de São Filipe Zona Velha da Cidade Igreja do Socorro Dec. 129/77 Dec. 129/77 Dec. 129/77 Res. 95/99 Res. 238/99 29/0 9/77 29/0 9/77 29/0 9/77 02/0 2/99 09/0 3/99 Res. 1064/93 Res. 522/96 Res. 1651/99 Res. 1801/99 Port. 79/2006 27/1 0/93 15/0 5/96 16/1 1/99 15/1 2/99 04/0 7/06 Acta 29/2004 29/0 7/04 JO 1ª série, nº 169 Res. 1007/90 04/1 0/90 JO 1ª série, nº 58 JO 1ª série, nº 25 JO 1ª série, nº 128 JO 1ª série, nº 39 JO 1ª série, nº 50 JO 1ª série, nº 129 DG 1ª série, nº 225 JO 1ª série, nº 169 JO 1ª série, nº 124 JO 1ª série, nº 44 DG 1ª série, nº 225 DG 1ª série, nº 225 DG 1ª série, nº 152 JO 1ª série, nº 227 JO 1ª série, nº 124 Res. 778/99 Res. 77/95 Res. 1616/96 Res. 828/98 Res. 981/98 Port. 171/01 Dec. 30/762 Res. 1006/90 Res. 1063/93 Port. 56/07 Dec. 30/762 Dec. 30/762 Dec. 44/452 D.L.R. 21/86/M Res. 1066/93 01/0 6/99 03/0 2/95 18/1 1/96 10/0 7/98 05/0 8/98 11/1 2/01 26/0 9/40 04/1 0/90 27/1 0/93 23/0 5/07 26/0 9/40 26/0 9/40 05/0 7/62 02/1 0/86 27/1 0/93 JO 1ª série, nº 124 JO 1ª série, IM nº 52 JO 1ª série, IM nº 126 JO 1ª série, IM nº 136 IM Monu mento Monu mento Monu mento Conjun to Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Conjun to Monu mento DG 1ª série, nº 226 DG 1ª série, nº 226 DG 1ª série, nº 226 JO 1ª série, nº 13 JO 1ª série, nº 26 IM Monu mento Quinta da Lombada Santa Maria Maior IM Muralhas da Cidade Quinta do Monte Santa Luzia IM IP Quinta do Til Monte Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento IM IM IP IP IM IP IP IP IP IP IP IP IP IP IP JO 1ª série, n.º 87 213 Monu mento Monu Cemitério Isrealita mento Monu Quinta do Alto mento Monu Quinta e Capela do Faial mento Imóveis n.ºs 33-A, 34, 35 da Rua Conjun dos Barreiros to Torre do Capitão e Capela de Santo Conjun Amaro to Capela de Nossa Senhora do Monu Amparo mento Capela de Nossa Senhora das Monu Neves mento Capela de Nossa Senhora da Monu Nazaré mento Monu Capela de Nossa Senhora da Ajuda mento Monu Quinta Avista Navios mento Monu Pelourinho mento Monu Igreja e Mosteiro de Santa Clara mento Monu Quinta das Cruzes mento Monu Igreja de São João Evangelista mento Monu Capela de São Paulo mento Monu Forte de São João Baptista mento Monu Palácio de São Pedro mento Monu Igreja de São Pedro mento Monu Paiol Militar do Funchal mento Monu Instituto do Vinho da Madeira mento Monu Colégio dos Jesuítas mento Monu Quinta Florença mento Monu Casa Tomászewski mento Monu Palacete dos Barões de São Pedro mento Monu Quinta da Ribeira mento Residência Dr. Luís da Câmara Monu Pestana mento Fontenário do Torreão Monu mento Palacete da Rua da Mouraria, nºs Monu 34 a 42 mento Casa dos Perestrelos e Franças/ Monu Mercado dos Lavradores Santo António São Gonçalo São Martinho São Pedro IM IM IM IP IP IP JO 1ª série, nº 124 JO 1ª série, nº 147 JO 1ª série, nº 10 JO 1ª série n.º77 JO 1ª série n.º152 JO 1ª série, nº 71 Res. 1070/93 Res. 1354/93 Res. 124/98 Port. 69/06 Port. 143/06 Res. 409/95 27/1 0/93 30/1 2/93 09/0 2/98 20/0 6/06 15/1 2/06 11/0 4/95 JO 1ª série, nº 134 DG 1ª série, nº 225 JO 1ª série, nº 56 JO 1ª série, nº 25 DG 1ª série, nº 231 DG 1ª série, nº 175 DG 1ª série, nº 147 DG 1ª série, nº 228 DG 1ª série, nº 225 DG 1ª série, nº 225 JO 1ª série, nº 124 JO 1ª série, nº 124 JO 1ª série, nº 106 JO 1ª série, nº 99 JO 1ª série, nº 77 JO 1ª série, nº 13 JO 1ª série, nº 26 JO 1ª série, nº 33 JO 1ª série, nº 58 JO 1ª série, nº 13 JO 1ª série, nº 13 JO 1ª série, nº 51 JO 1.ª série, Res. 977/94 Dec. 30/762 Res. 463/94 Res. 78/95 Dec. 23/122 Dec. 32/973 Dec. 36/383 Dec. 37/077 Dec. 30/762 Dec. 30/762 Res. 1067/93 Res. 1071/93 Res. 1484/97 Res. 1379/97 Res. 1294/98 Res. 93/99 Res. 239/99 Res. 325/99 Res. 777/99 Res. 191/00 Res. 192/00 Res. 803/01 Port. 19/1 0/94 26/0 9/40 09/0 6/94 03/0 2/95 11/1 0/33 18/0 8/43 28/0 6/47 29/0 9/48 26/0 9/40 26/0 9/40 27/1 0/93 27/1 0/93 05/1 1/97 09/1 0/97 12/1 0/98 02/0 2/99 09/0 3/99 23/0 3/99 01/0 6/99 16/0 2/00 16/0 2/00 27/0 6/01 24/0 IM IM IP IM IM IP M N IP M N IP IP IP IP IM IM IP IM IM IM IM IM IM IP IP 214 Edificio da Cruz Vermelha Sé Sé do Funchal Palácio de São Lourenço Casa da Alfândega Casa Dona Mécia Paço Episcopal e Capela anexa Palácio de Torre Bela Palácio dos Cônsules Palácio dos Ornelas Forte do Ilhéu Museu Vicentes Capela de Santa Catarina Fontenário do Largo de António Nobre Teatro Baltazar Dias Palácio da Marconi Taverna Real Mosteiro Novo Farmácia Portuguesa Passo Processional Capela de Nossa Senhora da Penha de França Solar dos Canaviais Solar e Capela de Nossa Senhora da Conceição Jardim de António Nobre mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento Monu mento M N M N M N IP M N IP IP IP IP nº 107 98/2005 8/05 DG 1ª série, nº 136 DG 1ª série, nº 175 DG 1ª série, nº 175 DG 1ª série, nº 225 DG 1ª série, nº 225 DG 1ª série, nº 225 DG 1ª série, nº 225 DG 1ª série, nº 225 DG 1ª série, nº 225 JO 1ª série, nº 17 Dec. 16/06/10 Dec. 32/973 Dec. 32/973 Dec. 30/762 Dec. 30/762 Dec. 30/762 Dec. 30/762 Dec. 30/762 Dec. 30/762 Res. 78/91 23/0 6/10 18/0 8/43 18/0 8/43 26/0 9/40 26/0 9/40 26/0 9/40 26/0 9/40 26/0 9/40 26/0 9/40 06/0 2/91 Res. 484/91 06/0 5/91 Res. 1353/93 Res. 1062/93 Res. 223/95 Res. 159/96 Res. 1121/98 Res. 94/99 Res. 241/99 Res. 808/99 Res. 412/00 Res. 455/00 Res. 981/00 Port. 101/200 2 Port. 97/2005 30/1 2/93 27/1 0/93 07/0 3/95 12/0 2/96 07/0 9/98 02/0 2/99 09/0 3/99 08/0 6/99 29/0 3/00 04/0 4/00 04/0 7/00 Res. 924/00 Dec. 30/762 30/0 6/00 26/0 9/40 IP V JO 1ª série, C nº 56 R JO 1ª série, IM nº 147 JO 1ª série, IP nº 124 JO 1ª série, IM nº 46 JO 1ª série, IM nº 14 JO 1ª série, IM nº 65 JO 1ª série, IM nº 13 JO 1ª série, IM nº 26 JO 1ª série, IM nº 61 JO 1ª série, IM nº 27 JO 1ª série, IM nº 29 JO 1ª série, IM nº 60 Madeira Wine Monu mento IP JO 1.ª série, nº 83 Hospicio Princesa D. Amélia Monu mento IP JO 1.ª série, nº 107 30/0 7/02 24/0 8/05 Machico Caniçal Machico Ponte no Sitio da Ribeira Natal Forte de São João Monu mento Monu mento JO 1ª série, nº 59 DG 1ª série, IP nº 225 IM 215 ANEXO M ORÇAMENTO DO TURISMO E CULTURA – PIDDAR 2008 E DA ASSOCIAÇÃO DE PROMOÇÃO M1. INTRODUÇÃO O Anexo M serve para conferir os montantes financeiros definidos no Orçamento Regional que o Executivo madeirense canalizará durante o quadriénio 2008-2011 para os sectores do Turismo e da Cultura, através das secretarias regionais do Turismo e Transportes e da Educação e Cultura, e segundo as diferentes rubricas de investimento inscritas no PIDDAR 2008 – Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Regional. Convém recordar que os valores do investimento público em matéria de promoção do destino Madeira são repartidos entre a Direcção Regional do Turismo, que tem a responsabilidade da promoção no mercado interno, e a Associação de Promoção da Madeira (que reúne sinergias dos sectores público e privado), a quem cabe a promoção nos mercados externos. Assim, seguem-se as tabelas do PIDDAR 2008, donde se retirou os mapas de investimento que dizem estritamente respeito ao Turismo e à Cultura e, por último, o plano orçamental da AP-Madeira. 216 M.1 ORÇAMENTO TURISMO 217 218 M.2 ORÇAMENTO CULTURA 219 220 221 M.3 ORÇAMENTO ASSOCIAÇÃO DE PROMOÇÃO Mercados Estratégicos Espanha França Reino Unido Alemanha Sub-Total Mercados Prioritários Belgica Holanda Suécia Finlandia Noruega Dinamarca Áustria Suíça Sub-Total Mercados Acção Dirigida Itália Irlanda EUA Russia Sub-Total Total Contratualização Spots Promocionais (PIQTUR 2006) TOTAL Global Orçamento 2006 497.996 € 387.262 € 408.000 € 419.500 € 1.712.758 € 72.000 € 108.000 € 206.000 € 148.500 € 198.000 € 150.000 € 104.000 € 132.711 € 1.119.211 € % 16% 12% 13% 13% Orçamento 2007 390.088 € 410.557 € 706.449 € 649.288 € 2.156.382 € % 10% 11% 18% 17% Orçamento % 2008 275.740 € 7% 414.405 € 11% 679.517 € 18% 615.600 € 16% 1.985.262 € 2% 3% 7% 5% 6% 5% 3% 4% 94.297 € 100.147 € 280.312 € 275.896 € 276.636 € 274.117 € 120.677 € 105.476 € 1.527.558 € 2% 3% 7% 7% 7% 7% 3% 3% 121.230 € 127.080 € 241.836 € 237.421 € 234.313 € 266.422 € 188.777 € 179.485 € 1.596.564 € 3% 3% 6% 6% 6% 7% 5% 5% 96.000 € 3% 190.500 € 6% 31.000 € 1% 0 € 0% 317.500 € 3.149.469 € 82% 39.259 € 97.937 € 11.858 € 14.506 € 163.560 € 1% 3% 0% 0% 85.429 € 153.880 € 11.858 € 14.507 € 265.674 € 2% 4% 0% 0% 3.149.469 € 100% 3.847.500 € 100% 3.847.500 € 100% Fonte: Associação de Promoção da Madeira. 222 223