TURISMO CULTURAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Luiz Antônio Bolcato Custódio1
Uma das alternativas para a valorização do patrimônio cultural é o seu
reconhecimento -o reconhecimento público- por parte de comunidades e visitantes. O
reconhecimento de valores, importância e significados passa, necessariamente, por um
processo educativo, de caráter continuado e permanente. Partindo desse pressuposto, as
informações, conteúdos e subsídios referentes aos bens culturais devem estar previstos e
disponíveis na educação formal, na rede escolar, integrados aos processos curriculares.
Em uma versão não formal, essas informações também podem ser acessadas por meio
de atividades educativas complementares, vinculadas a pontos de peculiar interesse como
museus, monumentos, centros históricos, sítios históricos e arqueológicos, devidamente
preparados para tanto.
No Brasil, o tema que trata da relação entre ações educativas e patrimônio cultural, é
denominado genericamente de educação patrimonial -educação para o patrimônio- por meio
de estratégias próprias de envolvimento para o reconhecimento da importância dos bens
patrimoniais e de sua preservação como referência para memória coletiva. A educação
patrimonial além de ser estratégica para valorização do patrimônio é chave para o seu
conhecimento.
Outra atividade que pode gerar efeitos educativos semelhantes é o turismo cultural,
uma modalidade que utiliza o patrimônio -material e imaterial- como suporte, recurso ou
referência, assim como as diversas indústrias culturais.
1
Arquiteto, Coordenador da Memória Cultural da Prefeitura de Porto Alegre. Especialista em
Restauração de Monumentos, Mestre em Planejamento Urbano, Doutor em História da Arte e
Gestão Cultural, Professor Uniritter.
No âmbito do patrimônio, tanto as atividades educativas, quanto as de turismo
cultural, atividades profissionais especializadas, passam por processos específicos de
planejamento que envolvem pesquisa e documentação assim como métodos para sua
implementação a fim de viabilizar a plena fruição e valorização do legado patrimonial ou das
manifestações culturais. Contemporaneamente muitas são as estratégias, mídias e
ferramentas disponíveis para utilização nessa área. Da mesma forma também estão os
conceitos e os aspectos éticos que orientam a programas, projetos e ações, envolvendo
diretrizes ou referências propostas por organismos e instituições locais, nacionais e
internacionais, além de fatores legais.
Dentre as ferramentas utilizadas para apresentação de bens culturais, está a
interpretação de bens, monumentos ou sítios, considerada indispensável para qualificar uma
visita. As distintas formulações dos projetos interpretativos partem do principio básico de que
a educação é una ação interativa de comunicação que envolve o conhecimento mútuo entre
educador e educando, estabelecendo diálogos e relações entre as partes por meio de
conteúdos específicos.
Na área do patrimônio parte-se do princípio de que os bens culturais – os próprios
objetos – possuem uma carga concentrada de informação e referencia. E, portanto, possuem
capacidade ou potencial de fornecer informação o que possibilita e permite distintas leituras e
investigações. A preparação de bens culturais usando as técnicas de interpretação é, em
muitos casos, uma das responsáveis pelo turismo cultural, podendo ser utilizada como
estratégia básica e integrada para seu desenvolvimento. A utilização da interpretação no
Brasil, no entanto, ainda é relativamente incipiente, com aplicações pontuais, restritas e
localizadas. A ação integrada entre a educação, a cultura e o turismo pode viabilizar tanto a
preservação do patrimônio quanto promover cidadania e desenvolvimento local.
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