XXI CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA Universidade Federal de Alagoas Maceió, 23 a 27 de maio de 2011 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS E MERCADO CONSUMIDOR Mensuração da temperatura do leite cru em diferentes tipos de resfriamento em propriedades leiteiras de Marechal Cândido Rondon-PR Ilton Isandro Eckstein1, Magali Soares dos Santos Pozza2, Everline Inês Eckstein3, Marli Busanello1, Evelyn Priscila München Alfonso3, Jaqueline Rocha Wobeto3, Tatiane Fernandes3, Jeferson Augusto Kuhl3 1 2 3 Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UNIOESTE. e-mail: [email protected] Docente Doutora Adjunta ao Curso de Zootecnia - UNIOESTE. e-mail: [email protected] Acadêmicos do Curso de Graduação em Zootecnia – UNIOESTE. Resumo: O resfriamento do leite tem por objetivo manter a qualidade inicial do produto. O abaixamento da temperatura, de forma rápida, reduz o crescimento de bactérias no leite, sendo assim uma estratégia eficaz para garantir a qualidade do mesmo. Desse modo, a Instrução Normativa 51 estabelece temperaturas e tempo mínimo para o resfriamento e armazenamento do leite. O objetivo deste trabalho foi mensurar a temperatura do leite no tanque de armazenamento, no tempo entre 2 a 3 horas após a 1ª, 2ª e 3ª ordenha, em diferentes tipos de resfriamento. Foram analisadas 10 propriedades possuindo tanque de expansão, 10 possuindo tanque de imersão e 10 com freezer, totalizando 30 propriedades e 90 mensurações de temperatura do leite. Os valores médios de temperatura da 1ª e 2ª ordenha não alcançaram a temperatura preconizada na legislação brasileira (IN 51) no tempo limite, porém os valores médios da 3ª ordenha conseguiram alcançar a temperatura adequada no tempo determinado. Pela média das 3 ordenhas verificou-se que os métodos de resfriamento tanque de expansão e de imersão não atingiram a temperatura adequada no tempo de 3 horas, sendo os valores encontrados de 6,1ºC e 9,1ºC, respectivamente. A IN 51 não estabelece temperatura e tempo mínimo para refrigeração em freezer, pois não permite o resfriamento por meio deste. Conclui-se que os métodos de resfriamento não estão sendo eficazes em abaixar a temperatura do leite a uma temperatura adequada no tempo limite preconizado pela IN 51. Palavras-chave: leite, qualidade, refrigeração, tanque, temperatura Abstract: Milk cooling is designed to keep the initial quality of the product. The lowering of temperature, quickly reduces the growth of bacteria in milk, so an effective strategy to ensure quality. Thus, the Instruction 51 sets the minimum time and temperature for cooling and storing milk. The aim of this study was to measure the temperature of the milk storage tank, the time between 2 to 3 hours after the 1st, 2nd and 3rd milking with different types of cooling. We analyzed 10 properties having expansion tank, having an immersion tank 10 and freezer 10, and 90 properties totaling 30 measurements of temperature of the milk. The average temperature of the 1st and 2nd milking did not reach the temperature recommended in the Brazilian legislation (IN 51) in the time limit, but the average of the 3rd milking managed to reach the proper temperature and time table. The average of three milkings was found that the methods of cooling expansion tank and immersion did not reach the proper temperature in time of 3 hours, and the values found for 6.1 ° C and 9.1 º C, respectively. IN A 51 does not establish minimum time and temperature for cooling in a freezer, it does not allow cooling through this. It is concluded that cooling methods are not effective in lowering the temperature of the milk to a temperature in the time limit suggested by the IN 51. Keywords: cooling, milk, quality, tank, temperature Introdução O resfriamento do leite na propriedade rural tem por objetivo inibir o crescimento bacteriano e prolongar o armazenamento do produto na propriedade rural de forma a reduzir os custos de transporte e evitar a perda da qualidade do produto. Baixas temperaturas do leite armazenado retardam os processos químicos e o crescimento microbiano, evitando dessa forma a queda da qualidade do produto. A qualidade final do produto depende, dentre outros fatores, da qualidade inicial bacteriológica do leite. Essa qualidade inicial é conseqüência da sanidade do animal e das condições de limpeza e desinfecção do equipamento de ordenha e do ambiente onde o leite é colhido e armazenado. Portanto, o processo de resfriamento do leite trata de um complemento das condições de higiene necessárias para a qualidade do produto final (VINHOLIS e BRANDÃO, 2009). 1 XXI CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA Universidade Federal de Alagoas Maceió, 23 a 27 de maio de 2011 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS E MERCADO CONSUMIDOR No entanto, mesmo sob refrigeração o leite pode ser facilmente deteriorado, servindo para a proliferação de grande número de bactérias. Algumas bactérias conseguem dobrar sua população a cada 20 a 30 minutos e, por isso, o leite deve ser manuseado corretamente desde o momento da ordenha até chegar à indústria de laticínios e ao consumidor final. Dessa maneira, o rápido abaixamento da temperatura do leite após a ordenha é uma das estratégias mais eficazes para garantir a qualidade microbiológica do produto, pois o crescimento de bactérias no leite é reduzido em meio do rápido resfriamento abaixo de 10°C, atingindo a sua eficiência máxima em temperaturas próximas de 3 a 4°C (GUERREIRO et al., 2005). A Instrução Normativa 51 (BRASIL, 2002) estabelece que o leite deve estar: a 4ºC quando estocado em tanques refrigeradores por expansão direta e; a 7ºC, quando mantido em tanques refrigeradores por imersão em água gelada, em, no máximo, 3 horas após a ordenha. Assim, este trabalho teve por objetivo mensurar a temperatura a que o leite estava submetido em diferentes tipos de resfriamento, no tempo entre 2 a 3 horas após a 1ª, 2ª e 3ª ordenha, respectivamente, após a higienização do mesmo. Material e Métodos Foram escolhidas 30 propriedades leiteiras, situadas no município de Marechal Cândido Rondon – PR, sendo que 10 possuíam resfriador à granel (tanque de expansão), 10 resfriador por imersão (taro) e, 10 possuindo freezer. Foi mensurada a temperatura do leite, em seu respectivo tanque de resfriamento, no tempo entre 2 à 3 horas após o despejo da 1ª ordenha depois da higienização do tanque de resfriamento, sendo também mensurada a temperatura do leite após a 2ª e 3ª ordenha, respectivamente, no mesmo tempo. A mensuração da temperatura do leite foi realizada no tanque de resfriamento após agitação de cinco minutos do conteúdo do tanque, e esta foi aferida através de um termômetro de mercúrio, sendo que este ficou um minuto submergido no conteúdo do tanque. Resultados e Discussão Na Tabela 1 abaixo têm-se as médias dos valores de temperatura do leite coletados em seus respectivos tipos de resfriamento e sequência de ordenha. Tabela 1. Valores médios de temperatura (ºC) da coleta de 90 amostras de leite cru em diferentes tipos de resfriamento, no período de tempo entre 2 e 3 horas após o despejo da 1ª, 2ª e 3ª ordenha no tanque de resfriamento do leite da propriedade. Tanque de expansão Tanque de imersão Freezer 8,2 13,7 21,1 1ª ordenha 5,9 7,9 7,3 2ª ordenha 4,2 5,8 6,2 3ª ordenha 6,1 9,1 11,5 média Pode-se verificar através da Tabela 1, que os valores médios de temperatura da 1ª e 2ª ordenha, nos diferentes tipos de refrigeração, não conseguiram alcançar a temperatura preconizada na legislação brasileira (BRASIL, 2002) no tempo mínimo. No entanto, por outro lado, na 3ª ordenha os valores médios de temperatura, nos tanques de resfriamento à granel e de imersão, alcançaram a temperatura adequada no tempo determinado. A legislação brasileira (IN 51) não permite o resfriamento através de freezer, por isso não preconiza temperatura e tempo mínimo para refrigeração para este método. Pelo valor médio das 3 ordenhas verifica-se que o método de resfriamento à granel (6,1ºC) não atingiu o valor mínimo de temperatura preconizado, que é de 4ºC em 3 horas, também não ocorrendo no método do tanque de imersão, onde o valor médio (9,1ºC) não ficou abaixo dos 7ºC no tempo mínimo preconizado pela IN 51 (BRASIL, 2002). Conclusões Verificou-se através dos valores médios de temperatura que os métodos de refrigeração não estão sendo eficazes em reduzir a temperatura do leite no tanque de resfriamento a uma temperatura adequada no tempo mínimo preconizado. 2 XXI CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA Universidade Federal de Alagoas Maceió, 23 a 27 de maio de 2011 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS E MERCADO CONSUMIDOR Vale lembrar que o rápido abaixamento da temperatura e o armazenamento deste na temperatura adequada reduz o desenvolvimento de micro-organismos no tanque que possam afetar a qualidade do leite cru. Literatura citada BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n. 51, de 18 de Setembro de 2002. Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade, Qualidade, Coleta e Transporte do Leite. Diário Oficial da União. Brasília, DF: Ministério da Agricultura, Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Anima, 2002, 39p. Instrução Normativa n. 51, 2002. GUERREIRO, P. K.; MACHADO, M. R. F.; BRAGA, G. C.; GASPARINO, E.; FRANZENER, A. S. M. Qualidade microbiológica de leite em função de técnicas profiláticas no manejo de produção. Revista Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 29, n. 1, p. 216-222, 2005. VINHOLIS, M. M. B.; BRANDÃO, H. M. Economia de escala no processo de resfriamento do leite. Revista Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 33, n. 1, p. 245-251, 2009. 3