FACULDADE MARECHAL RONDON COORDENAÇÃO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO QUALIDADE NO ATENDIMENTO: SINAL DE SUCESSO? DANILO RAFAEL INÁCIO ORIENTADORA: Profa. Dra. Rosaly Mara Senapeschi Garita Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Marechal Rondon – São Manuel, para obtenção do título de Bacharel em Administração Geral. SÃO MANUEL-SP Novembro - 2004 FACULDADE MARECHAL RONDON COORDENAÇÃO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO QUALIDADE NO ATENDIMENTO: SINAL DE SUCESSO? DANILO RAFAEL INÁCIO ORIENTADORA: Profa. Dra. Rosaly Mara Senapeschi Garita Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Marechal Rondon – São Manuel, para obtenção do título de Bacharel em Administração Geral. SÃO MANUEL-SP Novembro - 2004 III A todos que me apoiaram, me auxiliaram e souberam entender meus sonhos principalmente, e objetivos acreditaram e, em mim! Aos meus queridos pais Manoel Inácio e Adelaide Pimentel Inácio que me ensinaram que a ousadia e o erro são verdadeiros caminhos para as grandes realizações. IV AGRADECIMENTOS À Deus por ter me proporcionado está chance de estar realizando a conclusão deste sonho e por ter me dado forças, garra, dedicação, empenho e fé nesta conclusão de mais uma etapa da minha vida. Pelo privilégio de ser o fruto destas duas pessoas maravilhosas e essenciais na minha vida que são meus pais Manoel Inácio e Adelaide Pimentel Inácio que me mostraram e proporcionaram amor, carinho, dedicação, respeito, dignidade, humildade, esforço e amizade, acreditando e formando no homem e profissional que sou hoje. Nada neste mundo pode pagarlhes o que vocês fizeram por mim mas de uma coisa eu tenho certeza e sei que amo muito vocês dois e que lhes sou eternamente grato! Aos meus irmãos Tiago M. Inácio e Gisele Cristina Inácio Carlos que foram de extrema importância nesta etapa. Me deram total apoio, força, amizade e estiveram sempre presentes nos momentos difíceis. Isto, sem contar com o amor e a amizade de irmãos que são muito preciosos e importantes para mim. Manos, obrigado!, Amo muito vocês! À minha namorada Ana Carolina que apesar de chegar quase no fim desta jornada, me auxiliou muito com todo seu amor, carinho, amizade, respeito e principalmente a compreensão nos momentos em que não pudemos estar juntos. Eu estava batalhando e almejando por este sonho. Ka, Te Amo! Aos meus familiares e amigos o meu muito obrigado por me apoiarem e me auxiliarem nesta conquista. A todos os professores que foram peças fundamentais na minha formação. Profissionais exemplares tanto na competência quanto no profissionalismo e, que, acima de tudo foram grandes amigos e parceiros, sempre presentes para ensinar e apreender junto com a gente. V À minha orientadora, e também amiga Profa. Dra. Rosaly Mara SenapeschiI Garita ou Zazá como ela prefere ser chamada pelo total amparo, força, empenho, e dedicação. Soube lidar comigo de uma tal forma, que se não fosse esse seu profissionalismo e paciência eu, provavelmente não teria concluído este sonho. Soube também manter o bom humor e a alegria necessários para conclusão deste projeto, agregando valores, conhecimento e experiências para a minha vida profissional e humana, Zazá, te agradeço de coração! À diretoria, coordenação e toda a instituição de ensino que é a Faculdade Marechal Rondon por todos os recursos e profissionalismo proporcionados para a realização deste projeto. Uma Faculdade que forma profissionais com extrema qualidade e preparados para enfrentar o mercado. Tive o privilégio de ser um destes profissionais, ou melhor, um dos primeiros profissionais a representar a instituição de ensino que é hoje a Faculdade Marechal Rondon. À Faculdade Marechal Rondon e a todos os funcionários que me deram muita atenção, compreensão e me auxiliaram durante estes quatro anos de curso. Pessoas que considero como amigos. Às funcionárias da Biblioteca da Faculdade Marechal Rondon Lúcia e Cleuza pelo apoio, preocupação, carinho, paciência, humor, atenção, dedicação e, o principal, a amizade que conquistei destas duas pessoas extraordinárias que me auxiliaram e me deram total suporte para realização deste trabalho e deste sonho. Somente Deus sabe o que estas duas pessoas fizeram por mim. Mas sei de uma coisa que vocês estão no meu coração e são pessoas inesquecíveis em minha vida. O meu muito obrigado a vocês! Aos meus queridos amigos e colegas, grandes profissionais, companheiros e parceiros na busca deste objetivo - a turma da Administração Geral 2004 - que já são pessoas inesquecíveis na minha vida, por tudo que compartilhamos juntos. Pela luta e angústia de uma barreira que parecia impenetrável, impossível de ser alcançada, mas que mesmo nas horas difíceis sempre tinha uma pessoa iluminada por Deus para nos dar força e ânimo. Aprendíamos juntos com os “tombos”, levantávamos e seguíamos em frente não olhando a quem e o que poderia vir pela frente e a cada dia que passava um degrau a mais era conquistado. Pelas poucas horas que nos encontrávamos VI fora da instituição decorrente da falta de tempo pelo trabalho, família e estudo, mas que foram momentos marcantes que não têm espaço para o esquecimento. A nossa convivência neste quatro anos, criou uma amizade tão forte e impenetrável que nada e ninguém poderá nos separar. Pela conquista deste sonho que começamos e trilhamos juntos e que hoje merecemos e está em nossas mãos. Conseguimos, somos vitoriosos e isto é apenas o começo de muitas vitórias. Valeu turma! VII “Conhecimento em si mesmo não tem valor (...) É o uso do conhecimento que a torna valorosa”. (Les Giblin) VIII ABREVIATURAS FMR – Faculdade Marechal Rondon HBR – Harvard Bussiness Review TCC - Trabalho de Conclusão de Curso IX SUMÁRIO Página CAPÍTULO 1: Introdução ........................................................................................................01 1.1. Justificativa ............................................................................................................02 1.2. Objetivos ................................................................................................................03 1.2.1. Objetivo Geral ..............................................................................................03 1.2.2. Objetivos Específicos...................................................................................03 CAPÍTULO 2: Revisão da Literatura.......................................................................................05 2.1. A Qualidade ...........................................................................................................05 2.2. História e Evolução da Qualidade..........................................................................08 2.3. Qualidade no Atendimento ....................................................................................10 2.4. Foco no Cliente ......................................................................................................12 2.4.1. Motivação e Comportamento do Cliente .....................................................14 2.5. A Empresa Voltada ao Atendimento de qualidade ................................................21 2.5.1. Principais falhas no atendimento e suas conseqüências...............................25 2.5.2. O cliente sempre tem razão? ........................................................................26 2.5.3. Atendimento personalizado..........................................................................26 2.5.4. Qualificação dos colaboradores para o atendimento....................................31 CAPÍTULO 3: Abordagem Metodológica ...............................................................................35 3.1. Contexto da Pesquisa .............................................................................................35 3.2. A Abordagem Teórico-Metodológica ....................................................................36 3.3. Procedimentos para Coleta de Dados.....................................................................37 3.3.1. Entrevista......................................................................................................38 3.3.2. Questionário .................................................................................................39 3.4. Procedimentos para Análise dos Dados .................................................................39 X CAPÍTULO 4: Qualidade no Atendimento ..............................................................................43 4.1. Qualidade no Atendimento: Um diferencial ..........................................................43 4.2. O Cliente e a Qualidade no atendimento................................................................45 4.2.1. O Cliente ......................................................................................................45 4.2.2. A Satisfação do Cliente ................................................................................46 4.3. Avaliação e Capacitação nas Empresas .................................................................48 4.3.1. A Necessidade da Avaliação ........................................................................48 4.3.2. Capacitação de Funcionários e Qualidade no Atendimento.........................49 CAPÍTULO 5: Conclusão ........................................................................................................53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................55 XI LISTA DE FIGURAS Página Figura 1: Hierarquia das Necessidades de Maslow ............................................................18 Figura 2: Empresa voltada ao cliente .................................................................................22 Figura 3: Falhas de gerenciamento .....................................................................................24 Figura 4: Falhas de atendimento .........................................................................................29 XII QUALIDADE NO ATENDIMENTO: SINAL DE SUCESSO? São Manuel, 2004. 78 p. TCC (Bacharelado em Administração Geral) – Faculdade Marechal Rondon. Autor: INÁCIO, DANILO RAFAEL Orientador: GARITA, ROSALY MARA SENAPESCHI RESUMO O presente estudo teve por objetivo entender se o fator qualidade no atendimento pode ser considerado como sinal de sucesso para a empresa em questão. Na metodologia do trabalho, a opção foi pelo estudo de caso em uma abordagem qualitativa. Os dados empíricos foram coletados durante o segundo semestre do ano de 2004 em dois supermercados no município de Botucatu – SP. Os sujeitos da pesquisa foram: Gerente da Empresa X e empresário. Os procedimentos para a coleta de dados foram: questionário e entrevista. Para a análise e interpretação dos dados utilizou-se a técnica da análise de conteúdo. As conclusões foram: a excelência no atendimento é fundamental e não adianta focar apenas nos produtos e na propaganda, pois a realidade só é percebida no momento em que se interage com o cliente, procurando atende-lo em suas necessidades e expectativas; todo empresário/gerente/supervisor deve realizar um diagnóstico de uma empresa, levantar os pontos fortes e fracos e revê-los em conjunto com seus funcionários; o atendimento deve reciclar-se e evoluir com a mesma velocidade e freqüência com que mudam os desejos, exigências e vontades dos consumidores; o papel dos gerentes e dos supervisores é fundamental no processo de capacitação dos funcionários e no diálogo dos mesmos; a qualificação profissional dos empregados que lidam diretamente com os clientes é um ponto relevante e merece a devida atenção, uma vez que está qualificação faz a diferença entre as empresas que primam pela qualidade no seu atendimento; as empresas devem rever seus conceitos de atendimento e perceber que pequenos gestos e detalhes fazem diferença no mercado globalizado; o centro do processo de qualidade no atendimento é o cliente e as empresas procuram adaptar-se á uma nova realidade. Os clientes, na maioria das vezes determinam à organização que irá prosperar; um atendimento personalizado e ético parecem ser características de uma empresa de sucesso. _______________ Palavras-chaves: qualidade, qualidade no atendimento, satisfação dos clientes e diferenciais de sucesso. XIII QUALITY AT THE ATTENDANCE: SIGN OF SUCCESS? São Manuel, 2004. 78 p. TCC (Baccalaureate in General Administration) - Faculdade Marechal Rondon. Author: INÁCIO, DANILO RAFAEL Advisor: GARITA, ROSALY MARA SENAPESCHI ABSTRACT The present study has the objective of understand if the factor quality at the attendance can be considered as a sign of success for the company in question. In the methodology of work, the option was the study of case in a qualitative view. The empiric data was collected during the second semester of the year of 2004, at supermarkets in the county of Botucatu – SP. The individuals of the research were: manager of the company X and company man. The procedures for the data collect was: questionnaire and interview. For the analysis and interpretation of the data the market analysis technique was used. The conclusions were: the excellence in attendance is fundamental and it does not work to focus only the products and the propaganda, because the reality only is noticed at the moment when there is interaction with the client, trying to attend his needs and expectations; e very company man/manager/supervisor must realize a diagnostic of a company, finding the strong and weak points and review them in group with their employees; the attendance must recycle itself and evolve with the same speed and frequency that change the desires, exigencies and wills of the customers; the role of the managers and supervisors is fundamental for the process of dialog of them; the professional qualification of the employees who deal directly with the clients is a relevant point and deserves more attention, since this qualification makes the difference between the companies which choose quality in its attendance; the companies must review its concepts of attendance and notice that small moves and details make difference in a globalized market; the center of the process of quality in attendance is the client and the companies look for adaptation to a new reality. The clients, in the majority of times, determine the organization which will prosper; a personalized and ethic attendance seems to be characteristics of a company of success. ________________ Key-Words: quality, quality at the attendance,satisfaction of clients,differential of success. 1 CAPÍTULO 1: Introdução A trajetória para a elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso TCC e também conclusão/início de projeto de vida teve um longo caminho percorrido e repleto de metas e objetivos que foram e ainda estão sendo alcançados. Para o alcance de tais metas e objetivos, foi sempre bom contar com o apoio familiar. O amor, carinho, atenção, companheirismo, dignidade e humildade com eles compartilhados foram um estímulo para solucionar os problemas da nossa vida cotidiana. Decorrente de tal estrutura familiar acredita-se, para um futuro próximo, a oportunidade de construir uma família e alcançar sucesso profissional. Inicialmente, pretendia-se fazer o Curso de Medicina uma vez que se acreditava na possibilidade de auxiliar no processo da cura de doenças, amenizando assim a dor e o sofrimento de outras pessoas. No entanto, isto não foi possível considerando-se que a vida nos ofereceu um outro caminho. Assim, no ano de 2000, apesar do pouco contato com números, gráficos e tecnologia, entre outros, prestou-se vestibular para o Curso de Administração Geral na Faculdade Marechal Rondon – FMR. Iniciou-se o curso com certa preocupação uma vez que ainda existiam dúvidas em relação à opção. Tal preocupação foi desaparecendo na medida em que houve maior envolvimento com os colegas, professores e a Faculdade em geral e principalmente com os conhecimentos que fomos adquirindo. Nesse instante, nossa vida tomou outro rumo, teve um novo sentido e fez com que houvesse um total encontro com números, gráficos, trajes sociais, soluções práticas na 2 administração do tempo e, até mesmo uma boa convivência com a tecnologia, coisas que até então não nos pareciam ser tão familiares e importantes. Percebeu-se que, como administrador, também, poderia estar auxiliando as pessoas e interferindo em nossa sociedade de forma ética e solidária. Estaria, também, auxiliando pessoas de modo diferente dos relacionados à Medicina. Nesse percurso, procurou-se uma atividade profissional, até mesmo por necessidade, tanto familiar como profissional na empresa Impacto Sinalização Profissional Ltda. que está recentemente no mercado e em que se ocupa a função de Assistente Administrativo. Trabalha-se nesta empresa há quase um ano e espera-se o registro e a contratação definitiva como Gerente Geral. Neste período, foi de grande utilidade o conhecimento teórico oferecido pela FMR e que pôde ser colocado em prática na empresa. É interessante entender o mundo profissional, unindo teoria e prática; percebendo o que pode ou não dar certo; tomando decisões práticas fundamentadas em algo teórico e, principalmente, entendendo o quanto se faz necessário preparar-se para o mercado num mundo globalizado. Foi com esta filosofia de vida e de ideais que se escolheu como tema a ser abordado e analisado, a qualidade de atendimento como sinal de sucesso ou não no interior de uma empresa. Assim, questiona-se: será que a qualidade no atendimento garante o sucesso de uma empresa? E o que seria, então, esta qualidade? 1.1. Justificativa Para um mundo globalizado, o número de informações, métodos, tecnologias e inovações que aparecem no mercado são imensas. Acompanhar tal progresso parece ser necessidade das empresas para alcançarem o sucesso desejado. Assim, faz-se necessário acompanhar tal avanço tecnológico, mas sem deixar de lado o sentido humano que é dado a esta qualidade de atendimento.Diante de tal situação é que optamos por entender o sentido humano que pode caracterizar a qualidade no atendimento e que, pode assim, garantir um sucesso para a empresa. 3 1.2 Objetivos 1.2.1. Objetivo Geral Para dar conta de entender se a qualidade no atendimento garante o sucesso de uma empresa e o que seria esta qualidade, colocou-se como objetivo maior, verificar se a qualidade de atendimento auxilia no sucesso de uma empresa. 1.2.2. Objetivos Específicos Para facilitar a compreensão do nosso objetivo maior, alguns objetivos específicos foram delineados: - Identificar o significado de qualidade de atendimento; - Diferenciar os tipos de qualidade de atendimento que podem levar ou não ao sucesso; - Verificar a qualidade de atendimento em empresas privadas; - Identificar métodos e técnicas tanto de qualidade de atendimento quanto de comportamento; - Identificar a excelência no atendimento ao cliente. No capítulo 1, na Introdução, apresentaram-se aspectos de nossa vida os motivos que nos levaram à opção por tal tema de pesquisa e, posteriormente foram apresentados os objetivos gerais e específicos. No capítulo 2, na Revisão da Literatura, buscou-se entender o que os estudiosos da área já discutiram sobre o assunto da pesquisa, construindo assim o mesmo referencial teórico. Nosso trabalho buscou avançar no sentido de explicitar as formas de qualidade no atendimento, que podem levar uma empresa ao sucesso. No capítulo 3, na Abordagem Metodológica, descreveu-se a opção pelo estudo de caso, em uma abordagem qualitativa, justificando a escolha tanto dos procedimentos de coleta quanto de análise dos dados. 4 No capítulo 4, Qualidade no Atendimento, o estudo realizado buscou mostrar o que significa efetivamente a qualidade no atendimento. Além disso, buscou transmitir a importância do foco no cliente mostrando as principais falhas cometidas no dia–a-dia pelos colaboradores que atuam na área de atendimento. Para finalizar, buscou mostrar como uma empresa pode chegar a um atendimento com qualidade discutindo a necessidade de cursos de aperfeiçoamento para os funcionários em geral. No último capítulo, nas Conclusões, transmitimos os resultados do nosso estudo, procurando identificar os fatores necessários para se obter qualidade no atendimento e se tornar uma empresa de sucesso. 5 CAPÍTULO 2: Revisão da Literatura Para entendermos se a qualidade no atendimento faz com que a empresa tenha um diferencial e qual seria essa qualidade, buscou-se apreender o que estudiosos da área específica já discutiram sobre o assunto. 2.1 A Qualidade Qualidade no mundo parece ter se tornado a palavra–chave nos dia atuais e tornou-se um assunto bastante discutido e trabalhado nos objetivos e políticas das organizações. A qualidade pode ser entendida como um conjunto de valores concretos ou abstratos que estão presentes ou que acompanham e se agregam aos produtos finais. Pode, também, ser entendida como um determinado serviço que induz os consumidores ou usuários para que tenham um determinado produto ou serviço de sua preferência. Uma empresa de qualidade, deve-se preocupar com o aspecto inovador e procurar aproveitar as oportunidades do mercado para obter uma rápida percepção dos seus clientes e conseguir que as suas necessidades sejam atingidas. Nas palavras de Ishikawa (1997) significa: “rápida percepção e satisfação do cliente das necessidades do mercado, adequação ao uso dos produtos e homogeneidade dos resultados do processo...” (p. 35). Em qualquer local onde existir qualidade, pode se inferir que exista o orgulho e a satisfação do trabalho realizado. Tal situação faz com que se gere mais empenho de todos e conseqüentemente maior produtividade e crescimento. Deming (1950) afirma que 6 “Qualidade é sentir orgulho do trabalho bem feito (...) Aprimoramento da qualidade eleva a produtividade (...) Máxima utilidade para o consumidor” (p.137). O realizar de um atendimento com qualidade parece depender de uma estrutura organizacional e de uma equipe envolvida para conseguir seus objetivos. Depende também de uma gerência que dê total suporte aos seus funcionários, realizando o seu trabalho de forma a buscar resultado e envolvimento de todos. Saber realizar um atendimento adequado para o cliente é atender de forma que seu cliente saia com sua necessidade e perspectiva atingidas. Segundo Juran (1954) “Qualidade é adequação do uso (...) Satisfação das aspirações dos usuários” (apud Maroni, 1998:15). Ter uma empresa voltada para o cliente é ter uma empresa que busca estar atualizada com as inovações, tecnologias e recursos para conforto, comodidade, custo baixo e praticidade. Tais componentes auxiliam para que uma empresa se sobreponha à outras. Além disso, é fundamental que se esteja sempre atento à voz do cliente. Ter uma empresa que tem a atenção de seus clientes, parece ser uma empresa que trabalha dia e noite de forma sensata e inteligente, preocupando-se principalmente com o ser humano e não apenas em resultados, o que segundo Cerqueira (1990) “Qualidade é sempre resultado de esforços inteligentes...” (p.27). Deming (1999) foi o pioneiro na arte de inovação na área de qualidade. Ele foi o primeiro a se preocupar com o lado humano nesta relação. Apresentando um caráter revolucionário, praticamente pareceu exigir uma mudança no relacionamento e gerenciamento entre a empresa e o cliente, fornecedores e empregados. Deming ressalta que o gerenciamento, atualmente, é responsável por quase 95 % dos problemas encontrados na área de qualidade de produtos e serviços. Para ele, o gerenciamento deve auxiliar as pessoas a serem mais eficientes ao invés de mais difíceis. Ainda segundo Deming, como as pessoas têm suas individualidades tal comportamento deve ser respeitado e, para tanto, deve-se procurar ouvir a voz do cliente, definindo assim um certo padrão em que se procura agradar a maior parte possível de clientes. Ou seja, para Deming (1999) “... qualidade só pode ser definida em termos de quem a avalia...” (p.125). 7 Deming cita de forma simplificada 14 ítens referentes ao seu pensamento sobre o significado de qualidade “... Crie uma visão consistente para a melhoria de um produto ou serviço (...) Adote a nova filosofia e assuma a sua liderança na empresa (...) Termine com a dependência da inspeção como via para a qualidade (...) Minimize os custos com a seleção de um fornecedor preferencial (...) Melhore de uma forma constante e contínua cada processo (...) Promova a aprendizagem no terreno (training on the job) (...) Encare a liderança como algo que todos podem aprender (...) Não lidere com base no medo. Evite usar um estilo autoritário de gestão (...) Destrua as barreiras entre os departamentos funcionais (...) Elimine as campanhas ou slogans com base na imposição de metas (...) Abandone a gestão por objetivos com base em indicadores quantitativos (...) Não classifique o desempenho dos trabalhadores ordenando-os por ranking (...) Crie um ambicioso programa de formação para todos os empregadores (...) Imponha a mudança como sendo uma tarefa de todos os trabalhadores” (p. 135). A qualidade no atendimento pode ser definida como uma revolução da filosofia administrativa, com uma mudança na mentalidade de todos envolvidos para os objetivos da organização. Tal revolução procura atender as necessidades e dar o suporte necessário para seus clientes que são as peças fundamentais para a sobrevivência das empresas no mercado. Para Ishikawa (1997) “a qualidade é revolução da própria filosofia administrativa, exigindo uma mudança de mentalidade de todos os integrantes da organização, principalmente da alta `cúpula´” (p. 75). Parece ser necessário que, para que a qualidade exista, todos os envolvidos têm que ter esta mudança na mentalidade. Ou seja, para se tornar uma empresa de sucesso, é necessário que se acredite no poder do atendimento das necessidades do cliente e no modo como vai atendê-lo. 8 Os defensores da qualidade no atendimento têm percorrido o mundo, orientado as empresas sobre qual o melhor método para se administrar a qualidade, que pode ser um fator essencial para se chegar a excelência na qualidade no atendimento. O que acontece na área da teoria administrativa/organizacional se repete também na área da qualidade. No entanto, é preciso destacar que é muito provável que quase nada do que tem acontecido no campo inovador da qualidade seria possível se não tivesse ocorrido a tarefa árdua, persistente e crítica dos pesquisadores das diversas teorias administrativas. A escolha da melhor metodologia para se chegar ao sucesso de uma organização depende da cultura cooperativa e do comprometimento de todos e principalmente da alta gerência. Não parece existe o autor favorito a ser seguido ou o melhor método. Acredita-se na procura de uma filosofia compreensiva e essencial para a implementação do gerenciamento da qualidade em cada organização. Tal filosofia poderia conter três características básicas: ser endógeno, ou seja, vir de dentro da empresa; ser abrangente, total, integrativo e distintivo e, especifica para um determinado ramo de negócio. 2.2 História e Evolução da Qualidade Para o homem, sempre foi importante, como garantir da sua sobrevivência e desenvolvimento estar em constante mudança. Mudar para enfrentar os novos desafios e aproveitar as oportunidades que surgem. Desde nossos primeiros ancestrais a forma como nos organizávamos influenciava as possibilidades de sobrevivência do grupo. No decorrer dos anos, vários modelos de organização e gestão foram sendo experimentados e, em função de sua capacidade de atender aos objetivos do grupo, foram abandonados e popularizados. Durante muito tempo, a qualidade foi percebida como conseqüência de uma habilidade pessoal, uma vez que, não haviam produtos ou serviços em questão. Portanto, mesmo que estes não atendessem plenamente às necessidades do grupo não pareciam existir problemas porque a habilidade pessoal no atendimento parecia suprir tais deficiências. Com o avanço do transporte e do comércio surgiram então as possibilidades de comparação. Decorrente de tal situação começou a se firmar o conceito de qualidade tanto do produto quanto do serviço. 9 A qualidade começou a ser incorporada à produção industrial no início do século XX para impedir que produtos defeituosos chegassem às mãos dos clientes. Com a ampliação da produção em massa, foram sendo introduzidas técnicas de controle estatísticos da qualidade. Tais técnicas visavam atender de forma mais segura os mercados em crescimento. Esta abordagem foi conhecida como controle de qualidade. Após a segunda guerra mundial e com desenvolvimento da industria aeronáutica, começou a ser adotado o controle de processos, englobando toda a produção, desde o projeto até o acabamento. A obtenção da qualidade nos processo de produção visava, principalmente, a segurança e o alcance “zero” de defeito. Integrando também serviços, esses conceitos evoluíram para a garantia da qualidade, que consiste na demonstração, aos clientes e ao público em geral, de que determinados produtos e serviços da empresa possuem a qualidade solicitada. Isto somente é possível através do envolvimento de toda empresa e da incorporação de visão de sistemas e métodos e ferramentas de gerenciamento. Mesmo com o desenvolvimento das grandes empresas, a qualidade ainda não tinha os impulsos que necessitava. Quando a qualidade era questionada, segundo Whiteley (1992): “sempre que a bandeira da `Qualidade´ era desfraldada, sem dúvida seguiam–se grandes melhorias” (Introdução). Os avanços nas tecnologias de informática, transportes e comunicação aumentaram ainda mais a velocidade das mudanças. Neste novo ambiente globalizado, o diferencial competitivo que estava na escala de produção e na dimensão das organizações passam a ser a rapidez e a competência da organização em apreender, interagir e responder ao mercado. Diante de tais circunstâncias o atendimento às necessidades dos clientes passou a ser condição básica para a competitividade das organizações, apesar das empresas, nesta época ainda não estarem tomando medidas que garantissem que os clientes as escolhessem futuramente. A qualidade surge como diferencial, como a possibilidade de surpreender positivamente o cliente, na sua experiência com o produto e o serviço. Nestas condições, percebe-se que a participação consciente, criativa e motivada do colaborador pode atender as expectativas do cliente. Além disso, conhecer as necessidades implícitas e explícitas do cliente auxilia no diferencial da qualidade. Estar atento as tendências de mercado, produzir produtos e prestar serviços que superem as expectativas constituem-se fatores que tornam a 10 qualidade como um diferencial. O modelo de gestão que incorpora de maneira sistêmica e interdependente estas competências é a Gestão da Qualidade. A evolução histórica da administração com suas teorias que marcaram décadas de gerenciamento tem sido apresentada por diferentes perspectivas. A evolução da qualidade com olhar da administração através da psicosociologia e da perspectiva de qualidade vem buscando enfatizar o lado humano da qualidade. As contribuições teóricas de Deming (1999), Juran (1954) e Ishikawa (1997) sobre qualidade relativa às teorias administrativas do século XX e seus antecedentes históricos foram importantes para o reconhecimento do movimento da qualidade total. 2.3 Qualidade no Atendimento No contexto teórico, a palavra qualidade significa aquilo que caracteriza uma pessoa ou coisa que a distingue das outras como: modo de ser, atributo, aptidão, disposição, moral etc e atendimento significa ação ou efeito de atender. A filosofia da qualidade e principalmente no atendimento se consolidou como gestão organizacional através do princípio de que são os clientes e usuários que decidem se o atendimento está ou não de acordo com suas expectativas. Assim, os clientes decidem se o atendimento está satisfazendo as suas necessidades através de um atendimento bem realizado. Para tanto, as empresas devem ampliar as opções oferecidas para gerar tal satisfação do cliente. Segundo Whiteley (1992) proporcionar uma qualidade onde o cliente a define é: “...compreender plenamente ambas as dimensões da qualidade: qualidade do produto e qualidade do serviço. Se você é um cliente, a qualidade do produto é `o que você obtém´. A qualidade do produto costuma ser quantificável (...) compreender que a qualidade do serviço, corretamente entendida, pode se transformar numa arma altamente efetiva – um meio de criar e sustentar a vantagem competitiva” (Introdução). 11 Portanto qualidade no atendimento é a filosofia de gestão que procura alcançar o sucesso no atendimento buscando atender as necessidades dos clientes e a máxima satisfação das expectativas dos mesmos no processo de atendimento da empresa tendo como alvo à busca do sucesso. Segundo Whiteley (1992): “conheça os seus clientes como sua própria família, satisfaça-os completamente, e você alcançará o sucesso (...) se uma ação não está indo de encontra à necessidade do cliente, simplesmente a elimine” (p.21). Ainda segundo Whiteley (1992) para a empresa possuir uma qualidade de atendimento e principalmente mantê-la, ela deve se preocupar com algumas questões tais como: explicitar seus objetivos e estratégias no atendimento com seus colaboradores; possuir uma direção aberta a mudanças, visando atender as tendências de mercado; estabelecer um clima de cooperação, confiança e participação de todos, tentando resolver ou pelo menos amenizar os problemas que surgirem visando assim garantir um ambiente sadio de trabalho; avaliar sistematicamente as necessidades e expectativas de seus clientes para oferecer-lhes um serviço que gere satisfação; tomar decisões apoiada em fatos e dados analisados; apontar os indicadores que acompanham a qualidade no atendimento e avalia-los também de forma sistemática; estar atenta ao ambiente de negócios, avaliando seus concorrentes e percebendo o que deve ser alterado para melhor atendimento de seu cliente; preocupar-se com o ambiente interno e externo da organização, promovendo reuniões constantes para preparar a equipe de trabalho; reduzir a burocracia para seus clientes e, dispor de meios de comunicação mais ágeis e eficientes que venham a melhorar a comunicação e dar todo suporte necessário para seus clientes. Segundo Whiteley (1992) para uma empresa que busca a qualidade no seu atendimento e posterior o sucesso, ela deve estar atenta a cinco dimensões da qualidade no atendimento tais como: qualidade intrínseca, custo, atendimento/entrega, moral e segurança. Qualidade Intrínseca são características técnicas de atendimento que podem ou não atender as necessidades e expectativas dos clientes. Numa rede de supermercados, a qualidade intrínseca está ligada à capacitação da equipe envolvida no atendimento. Um 12 atendimento com qualidade intrínseca é quando o colaborador, além de estar capacitado para realizar o atendimento estimula e até mesmo induz o cliente para o retorno à empresa, contratando ou adquirindo novos produtos e serviços da mesma. Custo pode ser do produto ou de um serviço. No caso está relacionado com as despesas operacionais, tais como, com os colaboradores. O custo de um produto é totalmente diferente do preço do serviço prestado. Isto porque custo refere-se ao gasto para a fabricação de algum produto, ou seja, todos os componentes e insumos gastos na fabricação do mesmo. Já o preço é o valor cobrado para a realização de algum serviço. Atendimento/entrega são serviços que devem ser realizados segundo algum conceito de ética. Isto porque é importante que se tenha uma compreensão das necessidades do cliente naquele momento. Tal situação gera uma relação com o mesmo. Tanto o atendimento quanto a entrega do produto devem ser realizados no prazo estipulado, no local indicado e na quantidade correta. É importante que se esteja trajado adequadamente para a execução da tarefa. Moral pode ser entendida como o nível de satisfação da equipe, no modo como executam as tarefas. É de extrema importância para um líder considerar e avaliar o nível e as necessidades de sua equipe para a obtenção da satisfação. Com um nível de satisfação elevado, o individuo ou a equipe estarão motivados para realizar um atendimento com qualidade. Estarão, também, seguros psicologicamente para a realização do trabalho voltado ao cliente. Segurança é a prestação de um serviço ou compra de algum produto e deve corresponder a tudo que foi prometido e acertado no ato da venda. Tal situação pode estar garantindo segurança para o usuário, uma vez que ocorreu cumprimento de tudo que foi previsto com relação à garantia e assistência técnica. A segurança também deve ser trabalhada junto aos colaboradores na execução de suas tarefas para que os mesmos exerçam sua função com dignidade, eficiência e eficácia. 2.4. Foco no Cliente As organizações dependem de seus clientes e, assim, precisam compreender as sua demandas presentes e futuras, atendendo suas exigências e lutando para 13 superar as expectativas. Portanto quando se fala em ter uma organização focada no cliente significa definir as estratégias da empresa e influenciar toda a cultura da mesma para tal atendimento. Para Sheth (2001): “... ganhar dinheiro é necessário, não um objetivo. É na realidade, o resultado final, é um efeito desejável, de se criar um cliente satisfeito (...) se um número suficiente de clientes ficar insatisfeito, não só eles deixarão de comprar da empresa, mas toda a sociedade a condenará e poderá até penalizá-la a ponto de provocar sua extinção” (p. 35). O foco no cliente requer compreender toda a demanda e expectativa dos clientes assegurando que os objetivos da organização estejam ligados compartilhando internamente com tais demandas e expectativas. Para tanto, é importante avaliar constantemente o nível de satisfação de seus clientes, procurando agir de forma preventiva e corretivamente. Whiteley (1992) ao analisar tal situação afirma que “A única forma correta de administrar uma companhia – e a forma mais rentável – consiste em saturá-la com a voz dos clientes. Siga está prática e a maioria dos clientes não acabará insatisfeita. Dê ouvidos tanto para quem está satisfeito como para quem não está, e use as informações para melhorar ainda mais a experiência de seus clientes” (p. 20-1). Ainda segundo Whiteley, os clientes são definidos como externos ou finais, internos e intermediários. Os clientes externos são aqueles que compram os serviços e os produtos da organização e os clientes internos são os que trabalham para prestar os serviços ou fabricar os produtos que estes clientes externos adquirem. Já os clientes intermediários são aqueles que distribuem o produto, ou seja, são os distribuidores ou até mesmo revendedores que repassam seu produto para o consumidor final. 14 Escolher os clientes corretos costuma ser o primeiro grande desafio para uma empresa. Whiteley (1992) cita duas necessidades que devem ser alcançadas para que a empresa possa possuir qualidade no atendimento: “...Os clientes têm necessidades a que você consegue atender e os recursos que garantam a sua adequada remuneração pelo atendimento (...) sua organização possui, ou pode criar, forças básicas que lhe permitam ganhar uma participação rendosa do mercado pelo preenchimento dessas necessidades melhor do que os outros” (p.24). Fica explicitada a necessidade de que se deve estar em constante busca para atender as necessidades de nossos clientes da melhor forma possível. Deste modo podemos obter uma participação significativa no mercado e nos sobrepor aos nossos concorrentes alcançando assim o sucesso desejado por toda empresa. 2.4.1. Motivação e Comportamento do Cliente Talvez o primeiro ponto que há de se entender em relação ao consumidor seja a motivação. Pode-se considerar que, com raras exceções, o ser humano não irá consumir nada se não estiver devidamente motivado a comprar. Sheth (2001) define o comportamento do cliente como sendo “... atividades físicas e mentais realizadas por clientes de bens de consumo e industriais que resultam em decisões e ações, como comprar e utilizar produtos e serviços, bem como pagar por eles. A definição proposta de comportamento do cliente inclui várias atividades e muitos papéis que as pessoas podem assumir” (p.29). A motivação envolve atividades as quais nos levam a um determinado objetivo. Podemos nos tornar motivados ou estimulados por meio de necessidades internas ou externas que podem ser tanto de caráter fisiológico quanto psicológico. Segundo Sheth (2001): 15 “A motivação é o que move as pessoas (...) em termos formais pode ser definida como o estado de moção ou excitação que impede o comportamento da direção de algum objeto-alvo (...) moção é um estado interno de tensão que produz ações que visam reduzir essa tensão (...) objeto - alvo é algo no externo cuja a aquisição vai reduzir a tensão” (p.326). Maslow (1978) ao explicar a motivação nas necessidades fisiológicas do ser humano considera que se por algum motivo, ficarmos sem tomar água por algum tempo, o nosso organismo reagirá de tal forma que constantemente nos sentiremos compelidos a buscar nosso objetivo, ou seja, a saciar a nossa sede. O comportamento motivado tenderá a prosseguir até que nosso objetivo seja alcançado, de forma a reduzir a tensão que estamos sentindo. Muitas vezes conseguimos “driblar” a necessidade com outro aspecto. Se estivermos com sono, por exemplo, todo o nosso comportamento se voltará a perseguir o objetivo de acabar com o sono, ou seja, dormir. Se, no entanto alguma outra coisa nos motivar, um filme na televisão, por exemplo, ou uma reunião de amigos, o nosso comportamento fará com que os sintomas de sono sejam temporariamente esquecidos (Cf Sheth, 2001). Nestas condições Sheth (2001) esclarece que “As necessidades referem - se á distância entre o estado desejado e o atual (...) as emoções são mais autônomas e geram mais experiência pessoal (...) A psicografia combina comportamentos orientados tanto pelas necessidades quanto pelas emoções” (p.327). A estimulação interna, no entanto, pode não ser de ordem fisiológica, remetendo o indivíduo à fantasia. Mesmo sem estar com sede e ao imaginar uma garrafa de CocaCola gelada pode fazer com que o indivíduo sinta todos os sintomas da sede. Desta vez, não porque o seu organismo necessitasse de água mas porque a sua imaginação colocou em funcionamento os mecanismos do corpo que o fizeram sentir a mesma sede. Da mesma forma, 16 um estímulo externo, como a visão de um grupo de amigos tomando uma cerveja, pode ocasionar os mesmos sintomas. Nos três casos sempre haverá uma espécie de aprendizado adequado à satisfação de saciar a sede. Haverá então uma vontade que se manifestará de forma física, o que fará o indivíduo ir ao estabelecimento mais próximo e comprar um refrigerante. Estes exemplos se baseiam em impulsos que se manifestam de forma fisiológica. Grande parte dos nossos impulsos nos remete, na sua origem, a saciar as necessidades básicas, como a sede, sono, fome, proteção do corpo contra frio, calor e outros. Poucos estudos se fizeram em relação ao consumidor sobre estas necessidades, que são consideradas básicas. Sabe-se muito sobre as necessidades de comer, beber e dormir mas, na realidade, não interessa à sociedade de consumo o que um ser humano tem que comer, beber ou vestir. Na realidade, o que interessa ao mercado, é o estudo do que comer, do que vestir e do que beber. Ou seja, para o mercado quando uma pessoa escolhe determinado alimento ou bebida para saciar a sua fome e sede, ele quer entender os motivos que levaram a pessoa àquela escolha. Estas são as necessidades secundárias, que englobam hábitos alimentares orientados por normas, princípios e valores de uma determinada sociedade ou grupo social. Estas necessidades são de origem psicológica ou social. Sentir sede, por exemplo, é uma necessidade biológica, é uma necessidade básica. Não tomar refrigerantes para poder emagrecer, no entanto, é uma necessidade de cunho social. Usar um casaco no frio é necessidade básica. Usar um casaco Pierre Cardin de 3.000 Reais é uma necessidade de aceitação social, ou secundária, imposta pela necessidade de consumo. O mais interessante é que as necessidades primárias não interferem na escolha ou determinação de um produto. As secundárias, sim! Todos sabem que antes de morrer de fome, um ser humano se submete a comer coisas que não comeria em sua sã consciência se houvesse outra opção. No dia-a-dia, as necessidades secundárias agem de forma inesperada no indivíduo levando-o a escolher determinada marca de alimento, bebida ou roupa sem mesmo saber porquê. Maslow (1978) cita o comportamento motivacional, que é explicado pelas necessidades humanas. Entende-se que a motivação é o resultado dos estímulos que agem com força sobre os indivíduos, levando-os a ação. Para que haja ação ou reação é preciso que um 17 estímulo seja implementado, decorrente de coisa externa ou proveniente do próprio organismo. Esta teoria nos dá idéia de um ciclo, denominado Ciclo motivacional (Cf Sheth, 2001). Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a frustração do indivíduo que poderá assumir várias atitudes: comportamento ilógico ou sem normalidade; agressividade por não poder dar vazão à insatisfação contida; nervosismo, insônia, distúrbios circulatórios/digestivos; falta de interesse pelas tarefas ou objetivos; passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo, resistência às modificações, insegurança, não colaboração, etc. Deve-se considerar que quando a necessidade não é satisfeita e não sobrevindo as situações anteriormente mencionadas, o indivíduo não permanecerá necessariamente frustrado. De alguma maneira a sua necessidade será transferida ou compensada. Daí percebe-se que a motivação é um estado cíclico e constante na vida pessoal. A teoria de Maslow (1978) é conhecida como uma das mais importantes teorias de motivação. Para ele, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem transpostos. Isto significa que no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para satisfazê-la. Raramente as pessoas procurarão o reconhecimento pessoal e status se suas necessidades básicas estiverem insatisfeitas (Cf Sheth, 2001). Para Sheth (2001) “A pessoa `progride´ para as necessidades de nível mais alto se forem satisfeitas suas necessidades de nível mais baixo; se as de nível mais alto deixarem de ser satisfeitas, a pessoa `regride´ para o nível mais baixo” (p.328). Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência como numa pirâmide. Na base desta pirâmide estão as necessidades de nível mais baixo (necessidades fisiológicas) e no topo, as necessidades de nível mais elevado (as necessidades de auto-realização). 18 Figura 1: Hierarquia das Necessidades de Maslow Necessidades de autorealização Necessidades de estima Necessidades sociais Necessidades de segurança Necessidades fisiológicas Fonte: Sheth (2001:328). As necessidades fisiológicas constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo, etc. As necessidades de segurança constituem a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo. As necessidades sociais incluem a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. As necessidades de estima envolvem a auto apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia. As necessidades da auto realização são as mais elevadas, ou seja, 19 aquelas em que cada pessoa pode realizar o seu próprio potencial e se auto desenvolver-se continuamente. Para Sheth (2001) “... a necessidade foi definida como um ´sentimento de privação do estado desejado´ o estado desejado fornece o objeto alvo, e sua privação, a moção. Uma questão importante para o estudo do comportamento do cliente refere-se a saber quantas necessidades existem. A resposta correta é, talvez, mil ou mais – ninguém as contou!...” (p.327). Segundo Jung (1987), cada indivíduo poderia ser caracterizado como primeiramente orientado para seu interior ou para o exterior. No entanto o indivíduo não é totalmente introvertido ou extrovertido. Algumas vezes a introversão pode ser mais apropriada que a extroversão. No entanto as duas atitudes se excluem mutuamente, de forma que não se pode manter ambas ao mesmo tempo. Jung também afirma que o mundo precisa dos dois tipos de pessoas e portanto não se pode considerar que uma atitude seja melhor que a outra . Os introvertidos concentram-se em suas próprias idéias, tendendo à introspecção. O problema de tais consumidores é imergir de forma demasiada em seu mundo interior, perdendo ou tornando tênue o contato com o ambiente externo e com os estímulos que lhe são inferidos. O consumidor distraído é um exemplo claro deste tipo de pessoa absorta em suas reflexões. Os extrovertidos, por outro lado, se envolvem com o mundo externo das pessoas e das coisas. Eles tendem a ser mais sociais e mais conscientes do que acontece à sua volta. Necessitam se proteger para não serem dominados pelos outros e são muito mais facilmente convencidos. Esses consumidores são tão orientados para os outros que podem facilmente ser convencidos, ao invés de demonstrarem suas próprias opiniões. Além dos indivíduos poderem ser introvertidos ou extrovertidos, Jung considera que os mesmo possuem uma característica psicológica que os auxilia a tomarem decisões tais como: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Para Maroni (1998) ao comentar sobre a teoria de Jung ele afirma que 20 “...Jung está preocupado em discutir como, por influências culturais ou disposições inatas, o homem se torna unilateral: vale dizer, ele se torna introvertido ou extrovertido, pensamento ou sentimento, sensação ou intuição e etc...” (p.42). O pensamento e o sentimento são maneiras alternativas de elaborar julgamentos e tomar decisões. O pensamento, no entanto, está relacionado com a verdade, com julgamentos derivados de critérios impessoais, lógicos e objetivos. As pessoas nas quais predomina a função do pensamento são chamadas de reflexivas. Esses tipos reflexivos são grandes planejadores e tendem a se agarrar a seus planos e teorias, ainda que sejam confrontados com contraditória evidência. De acordo com Maroni (1998): “... quando o pensamento é predominante, o sentimento é função inferior” (p.43). Os tipos voltados para o sentimento são orientados para o aspecto emocional da compra. Preferem emoções intensas ainda que negativas, a experiências apáticas. A consistência e princípios abstratos são altamente valorizados pela pessoa sentimental. Este tipo de consumidor, toma decisões apoiado em valores próprios, separando o bom do mau, o certo do errado, o agradável do desagradável, e não julga em termos de lógica ou eficiência. A percepção é o processo de decodificar os estímulos que recebemos. Se as necessidades e motivações de um indivíduo, analisadas anteriormente, se concretizam, por vezes, na compra e no consumo, não se deve concluir daí que as forças internas do ser humano são suficientes para explicar o seu comportamento. A razão é simples: o que um consumidor compra depende, para além das suas necessidades mais profundas, dos produtos e serviços disponíveis no seu meio envolvente e no modo como os percebe. Além disso, o conceito da "utilidade" da compra parece afastar-se cada vez mais da racionalidade. Em termos gerais, a percepção pode ser descrita como a forma como vemos o mundo à nossa volta, o modo segundo o qual o indivíduo constrói em si a representação e o conhecimento que possui das coisas, pessoas e situações, ainda que, por vezes, seja induzido em erro. As relações entre o indivíduo e o mundo que o rodeia são assim regidas pelo mecanismo perceptivo e todo o conhecimento é necessariamente adquirido através da percepção. Dois indivíduos, da mesma faixa etária, que sejam sujeitos ao mesmo estímulo, nas 21 mesmas condições, captam-no, selecionam-no, organizam-no e interpretam-no com base num processo perceptivo individual segundo as suas necessidades, valores e expectativas. Para Sheth (2001) “A percepção é o processo pela qual o individuo seleciona, organiza e interpreta a informação que recebe do ambiente (...) as pessoas percebem um estímulo de formas diferentes, de acordo com suas características (...) ao perceberem o estímulo com determinado conjunto de características, serão influenciados pelo contexto do estímulo” (p.286). É fundamental compreender este processo com vista ao conhecimento dos principais fatores que determinam a captação de um estímulo e a sua interpretação e para tanto devemos estar atentos ao comportamento dos clientes, assim como as empresas em geral estão reconhecendo a importância de conhecer o comportamento do cliente, se é que estas querem alcançar o sucesso. Ou como afirma Sheth (2001) “... o cliente será a chave para o sucesso empresarial” (p.32). 2.5. A Empresa Voltada ao Atendimento de qualidade Uma vez que as empresas decidiram colocar o cliente em primeiro lugar como estratégia para garantir o presente e o futuro da empresa é fundamental perceber o atendimento como um valor presente no conjunto de sentimentos do cliente. No entanto, a questão que necessita de reflexão, por parte das empresas, é como passar dos planos à realidade diária no contato com o seu público. Segundo Whiteley (1992): “Seus clientes incluem todos aqueles cujas decisões determinam se sua organização irá prosperar (...) mas é preciso conhecer e servir todos os seus componentes para garantir a prosperidade” (p.22). Conhecer bem os clientes, pode ser uma estratégia com base no tempo, poder e na informação. Não é possível que se consiga realizar um "atendimento excelente" se não houver um conhecimento prévio das necessidades, expectativas e ansiedades que estão na mente 22 do cliente. O mesmo se aplica às pessoas envolvidas na empresa quanto ao atendimento ao cliente, uma vez que as mesmas devem se utilizar de seus conhecimentos sobre a empresa, do produto/serviço que oferecem, do mercado e dos diferentes tipos de cliente. Segundo Whiteley (1992) uma empresa totalmente voltada para o cliente deve seguir alguns itens tais como: faça o que diz; esteja sempre medindo; aprenda com os vitoriosos; derrube as barreiras ao desempenho conquistador de clientes; libere os defensores dos seus clientes; sature sua companhia com a voz do cliente e crie uma visão que preserve o cliente. Estes itens se encontram ao redor do cliente que é o centro, conforme mostra a figura 2. Figura 2: Empresa Voltada ao Cliente Fonte: Whiteley (1992: Introdução). 23 Para se alcançar um "atendimento excelente" é importante que, com base nas inúmeras experiências de empresas vencedoras como, por exemplo, a Disney, a Starbuck, a Nike dentre outras, que se estabeleçam objetivos orientadores que devem ser seguidos por todos na empresa, desde o principal executivo ao cargo mais simples na estrutura organizacional. É importante que se reflita nas seguintes mudanças pelas quais as empresas estão passando, pois como considera Whiteley (1992) “A industria é um processo de satisfação do cliente, e não de produção de bens. Conheça os seus clientes como sua própria família, satisfaça-o completamente e você terá sucesso (...) qualquer um pode saturar a companhia com a voz do cliente” (p.21). A nova economia nos leva a um dilema: andarmos cada vez mais depressa de forma não planejada e não sustentável ou então mudarmos como forma de garantia de nossa própria sobrevivência. Por analogia, devemos recordar Peter Senge (1986), quando este considera que "a nova lógica fará com que as empresas mudem, seguindo o ciclo de todos os sistemas vivos (...) produzir, reciclar e regenerar (...)Basta de extrair, produzir, vender, usar e descartar" (p.69). Por incrível que possa parecer a maior resistência não está nos funcionários e sim no nível intermediário, ou seja, nos gerentes e supervisores por se sentirem ameaçados em sua autoridade, função e comprometimento. Vale salientar que o consultor Arie de Geus, ex-executivo da Shell disse em seu artigo Planejamento como Aprendizado, publicado na Harvard Business Review – HBR, de março/abril 1988: "Compreendemos que a única vantagem competitiva que a empresa do futuro terá é a capacidade de seus gerentes aprenderem mais rápido que os concorrentes” (pág.27). A figura 3 realizada por Whiteley (1992) mostra o que ele denominou de “iceberg da ignorância” como os níveis intermediários - gerentes e supervisores, são responsáveis pela falta de qualidade no atendimento. 24 Figura 3: Falhas de Gerenciamento Fonte: Whiteley (1992:92). Pode se perceber que o maior problema está realmente nas mãos dos gerentes e supervisores que perfazem a parte maior do “iceberg” e que segundo Whiteley (1992) pode se estimar “... ser cinco vezes mais caro repor um típico cliente do que tomar providências para evitar que ele mude para outra firma. Companhias incapazes de escutar o cliente despendem milhões em marketing e vendas, simplesmente para substituir o cliente que estão perdendo. E elas não têm a mínima idéia da razão de seus negócios estarem com problemas” (p. 20). É possível considerar que os consumidores mais jovens estão muito mais direcionados para as questões ambientais que os mais experientes, adeptos do tradicionalismo. O atendimento parece aumentar em qualidade á medida que se oferece, em tempo real, para o cliente, a solução do problema por ele apresentado ao vendedor. O pronto atendimento da necessidade garante receber um “feedback” do cliente possibilitando assim, ao vendedor, confirmar o seu acerto ou proceder alguma correção em seu procedimento. As empresas devem orientar seus colaboradores de forma única com a finalidade de que eles usem o 25 bom senso no atendimento ao cliente, ou seja, que eles utilizem seu poder de convencimento para orientar e satisfazer seu cliente. O treinamento deve ser contínuo de forma a garantir ao atendente um modo do mesmo manter a sua "performance de atendimento" em nível excelente. É interessante que todos parecem procurar por uma fórmula pronta, que garanta “performance de atendimento’ com qualidade, mas isto é impossível uma vez que esta não existe e que é preciso que seja criada de acordo com as especificidades de cada empresa. O que as empresas podem fazer é estabelecer algumas metas e estarem sempre avaliando-as. Tais metas, dentre outras, poderiam ser: planejar com antecedência e estipular objetivos a serem alcançados; procurar ter um diferencial competitivo; colocar o foco na melhoria e estar sempre monitorando-o; praticar a cultura do "ganha-ganha"; investir em sistemas de atendimento e de treinamento de funcionários e procurar acompanhar o desenvolvimento do mercado. 2.5.1 Principais falhas no atendimento e suas conseqüências Mais difícil do que conquistar um cliente é mantê-lo satisfeito. Quando esta peça-chave das organizações, o cliente, aproxima-se de uma loja ou departamento, quer toda sua atenção e compreensão para resolver seus problemas e apontar soluções. O funcionário, que está representando a empresa no momento em que atende tal cliente deve manter totalmente seu controle emocional. Isto porque segundo Les Giblin (1985) “a sua habilidade com as pessoas irá determinar a qualidade da sua vida nos negócios, em casa e na sociedade” (Introdução). O bom atendimento garante a satisfação do cliente, fazendo com que ele não só tenha vontade de procurar seu serviço novamente mas também o divulgue para outras pessoas. Um cliente mal atendido pode ser comparado à uma bomba prestes a explodir a qualquer momento, e assim, dependendo do que ele falar pode destruir o trabalho de muitos anos. Portanto, é fundamental saber contornar situações difíceis com flexibilidade e até com bom humor. Pois como considera Les Giblin (1985): “pelo tempo que viver nunca se esqueça de que qualquer tolo pode discordar das pessoas e isto não o torna um homem sábio, esperto – principalmente quando a outra pessoa estiver errada” (p.14). 26 O cliente não é apenas o consumidor final do produto ou serviço que colocamos no mercado. Temos que considerar, também, os clientes potenciais e os clientes internos, sendo esses últimos quase sempre esquecidos nos planos de marketing. Cliente interno é o colega do lado, do departamento vizinho ou da filial e qualquer solicitação que ele fizer deve ser tratada como solicitação de um cliente. Se não conseguirmos dar uma atenção adequada e redobrada a um colega de trabalho, provavelmente não seremos capazes de satisfazer as necessidades do consumidor. Segundo Whiteley (1992) “... pode melhorar bastante suas perspectiva de longo prazo simplesmente apreendendo a se comunicar com exatidão” (p. 33). 2.5.2 O cliente sempre tem razão? O senso comum nos diz que “o cliente tem sempre razão”. Talvez a solução seja exatamente esta e deve-se pensar que o cliente deveria ser tratado como se tivesse razão. Neste caso, poderá ficar mais fácil entendê-lo e até mesmo esforçar-se para dar o máximo de si, tratando-o com respeito e auxiliando-o a solucionar o problema que o aflige. Deve-se lembrar que o lucro da empresa e o salário dos funcionários saem do bolso do cliente e sendo assim, ele é a pessoa mais importante da organização. Para o cliente vendemos uma imagem profissional, certa cordialidade, um respeito mútuo, confiança, fidelidade ao produto e, principalmente, nosso serviço à empresa. O bom atendimento é a conseqüência de um treinamento diário e contínuo seguido das normas de conduta, de caráter e de boa educação, bem como de cursos e investimentos sócio-culturais. Para Whiteley (1992): “uma vez tendo-se decidido ser o cliente o Número Um, podem-se descobrir dezenas de meios de se aproximar dele” (p. 31). 2.5.3 Atendimento personalizado O cliente merece sempre um atendimento personalizado. Para tanto, não adianta decorar um texto e repetí-lo mecanicamente. O cliente pode até sentir-se ridicularizado, ao ouvir um discurso monótono e sem vida. Deve-se olhá-lo nos olhos, enxergá-lo como uma pessoa e dedicar-lhe a atenção necessária para a solução de seu problema ou dúvida no momento 27 de uma compra. Les Giblin (1985) a esse respeito afirma que “... quanto mais você ouvir o que a outra(...) pessoa tiver a lhe dizer, mais interessante você será...” (p.16). Sendo mais interessante, é bem provável que você consiga oferecer um atendimento personalizado fazendo com que o cliente retorne para “sua” empresa e para você. Não existe uma receita para personalizar o atendimento. Isto poderá ser conseguido se ficar explícita a sua autenticidade, enquanto pessoa em si e com os seus clientes. Existem algumas atitudes que podem indicar sua disponibilidade em ouvir o cliente, tais como: o olhar sincero, o sorriso discreto e o cumprimento cordial. Você pode, sem perder a autenticidade, treinar algumas dessas atitudes, pois segundo Les Giblin (1985) “Se souber o que irá `mexer´ com a outra pessoa então você encontrou o modo de convencê-la” (p.17). É conveniente, a menos que já se possua alguma intimidade com o cliente, que o trate por senhor ou senhora seguido do nome do mesmo. A psicologia diz que nosso nome, dito pela voz de outra pessoa, soa como uma melodia aos nossos ouvidos. Segundo Les Giblin (1985) uma das maneiras de se aproximar do cliente ou “O método de descobrir o que a outra pessoa quer é perguntando, observando e ouvindo-a” (p.18). Para oferecer um atendimento com qualidade, algumas situações precisam ser revistas, uma vez que as mesmas podem dar a impressão de desinteresse pelo cliente. São elas: bocejar, isto porque se o serviço ou produto tiver alguma falha, o cliente terá motivos de sobra para justificar sua insatisfação; mascar chiclete pela monotonia do movimento contínuo do maxilar; debruçar-se sobre a mesa ou balcão ou encostar-se numa parede como se fosse um quadro decorativo; ler revistas ou jornais pode parecer coisa de funcionário que não tem o que fazer ou que a empresa não tenha movimentação; lixar as unhas dependendo do local pode ser anti-higiênico; chegar atrasado é imperdoável sem justa causa pois a pessoa que aguarda ser atendida não pode ter seus minutos desperdiçados, pela ineficiência do funcionário; a pontualidade é uma forma de respeito para com os demais; mau humor, pode ser um erro gravíssimo na vida do profissional, uma que ele contamina pela atitude negativa e pela indisposição nas atitudes; poluição verbal deve ser evitado e só ocorrer quando se tiver a devida liberdade para tal; poluição visual deve ser evitado uma vez que determinados modelos ou acessórios extravagantes, além de desviarem a atenção do cliente comprometem a imagem do funcionário e da própria empresa; fale mal do chefe e de colegas da empresa em que trabalha ou de outros clientes também é um erro gravíssimo, uma vez que, agindo dessa forma, o cliente 28 poderá pensar que você também poderá criticá-lo assim que virar as costas; reclamar de salário, da vida, da família e do mundo deve ser evitado, uma vez que reclamações não são bem-vindas nestes momentos e excesso de intimidade deve ser evitado, principalmente em público. Nos dias atuais, a maioria das empresas já entende que satisfazer plenamente o cliente não é apenas uma estratégia de diferenciação, mas de sobrevivência. No entanto ainda existe uma distância entre o que sabemos que deve ser feito e o que acabamos encontrando nas empresas Whiteley (1992) mostra esta realidade ao afirmar que “... quase 70 % das razões identificáveis pelas quais os clientes abandonam as companhias nada tinham a ver com o produto” (Introdução). Deve-se considerar que tal pesquisa foi realizada por Whiteley em 14 grandes empresas do ramo industrial e na prestação de serviços. Diante de tal situação, um questionamento deveria permear as mentes dos empresários: como posso melhorar o padrão de qualidade do atendimento da minha empresa? Se como foi percebido, os clientes abandonaram as companhias não pelo produto, pode-se inferir que foi pela falta de qualidade no atendimento. Para melhorar tal situação pode-se pensar, como ponto de partida, ter como meta a superação das expectativas dos clientes, pois faz com que os mesmos passem a ser encarados como parceiros do sucesso das empresas e não, apenas, como "fregueses". Para Whiteley (1992) “infelizmente, a qualidade do serviço não tem sido abordada com efetividade pela maioria do movimento da qualidade” (Introdução). Pesquisas vêm mostrando que a atenção dada ao cliente é o ponto mais importante do negócio. Com pequenas diferenças, os números indicam que, aproximadamente, 68% dos clientes deixam de comprar de uma empresa por causa do atendimento e do comportamento de seus funcionários. Muitos procuram não demonstrar sua insatisfação e saem calados e até mesmo sem reclamar. Tal situação, no mundo dos negócios é bastante delicada, uma vez que o cliente não perde seu tempo nem mesmo para reclamar. Neste caso a atenção do bom funcionário deve estar voltada para este tipo de situação e procurar contorná-la. Proporcionar um serviço de qualidade ao cliente é muito mais do que zelar pelas suas necessidades ou encaminhar suas reclamações. Superar suas expectativas e encantá-lo requer uma preparação prévia. Um ótimo atendimento passa pela antecipação dos problemas dos clientes. Whiteley (1992), em sua pesquisa, mostrou resultados surpreendentes pela baixa qualidade no atendimento de empresas em que 20 % da clientela mudou pela falta de 29 contato e atenção individual e 49 % porque a atenção recebida era insuficiente. Whiteley (1992) considera que “para se obter uma qualidade de serviço, é preciso contratar gente voltada para fora – gente que goste de gente -, e depois dar-lhes uma visão de atendimento, um conhecimento do que o cliente necessita, e apoio para desempenharem sua tarefas” (Introdução). Para complementar Whiteley (1992) elaborou um gráfico onde mostra de como os clientes que receberam um atendimento que não atingiu suas expectativas, necessidades, atenção e o principal a sua satisfação, fez com que ocorresse uma mudança para o concorrente. Tal situação é percebida através da figura 4, elaborada por Whiteley (1992) que mostra a situação dos clientes insatisfeitos com atendimento que não atingiram suas expectativas Figura 4: Falhas de Atendimento Fonte: Whiteley (1992:Introdução). 30 Uma saída que se pode prever é o treinamento. Em uma época em que o sucesso dos negócios tem à frente o atendimento e na base o foco no cliente, conhecer plenamente o potencial dos colaboradores pode ser um bom caminho a ser trilhado. Treinar parece ser, acima de tudo, a valorização do funcionário e a preparação para a valorização do cliente. O senso comum nos ditam algumas frases já célebres tais como "O cliente é o que existe de mais importante para uma empresa" ou "O cliente é a razão de qualquer negócio". No entanto, seria interessante pesquisar até que ponto se tem consciência disso. O que parece acontecer na maioria dos primeiros contatos, entre os clientes e as empresas é o fato deles interagirem com os funcionários menos instruídos e treinados sobre os negócios da empresa. No entanto, parece ser imprescindível que os empresários invistam na capacitação de seus funcionários e que percebam nesta situação não um custo, mas sim um investimento. É estrategicamente inteligente capacitar esses profissionais de forma adequada, para que possam atender bem e superar as expectativas da clientela. Isso é o que podemos chamar de “treinamento estratégico de alto nível”. É estratégico porque atua diretamente com os profissionais que interagem com os clientes e é de alto nível porque gera níveis de produtividade e motivação nesses profissionais, além do alto nível de satisfação nas pessoas que recebem o atendimento (Cf Whiteley, 1992). É importante ressaltar que, infelizmente, vários programas de treinamento de atendimento ao cliente ensinam apenas como ser simpático, sorrir e cumprimentar pessoas. Não é que tratar o cliente com respeito e agradavelmente esteja errado. É, inclusive, bastante importante. Todavia, somente sorrisos forçados não garantem um atendimento de qualidade. O encanto e a simpatia parecem ser o início da excelência no atendimento. Deve-se ter consciência que o caminho é mais longo do que se imagina. Um erro comum e que parece ocorrer demasiadamente é aquele cometido por quem faz atendimento aos clientes e os trata como se eles tivessem os mesmos gostos e preferências. No entanto, muitos treinamentos ensinam que o bom atendimento é tratar os outros do mesmo modo como você gostaria de ser tratado. É preciso deixar claro que tratar os outros do modo que você gostaria de ser tratado não significa que o cliente e funcionário tenham o mesmo gosto ou preferência. Deve sim, haver honestidade no tratamento. Não pretender “empurar” algo para o cliente pelo simples fato de se efetivar uma venda. Pode ocorrer de você 31 ganhar a venda e perder o cliente para outro que tenha mais ética. Nesse sentido Les Giblin (1985) afirma que “se você não souber exatamente o que dizer, é melhor não abrir a boca (...) ninguém jamais foi criticado por falar pouco (...) o silêncio é o vencedor” (p.35). Conhecer os clientes e através de atitudes simples, no início dos contatos possibilita descobrir o que os mesmos desejam. Isso não tarefa difícil de ser realizada. Basta que as pessoas sejam treinadas lembrando-se que atender bem parece significar a realização das necessidades dos clientes. 2.5.4. Qualificação dos colaboradores para o atendimento As constantes mudanças nas características das organizações, a crescente competitividade, o fenômeno da globalização, a qualidade no atendimento, levou as empresas a buscarem otimizar a eficácia da qualidade em seu atendimento, inovando e ampliando os recursos alocados nesta área. Desde modo, todos os colaboradores devem contribuir de forma efetiva no processo de relacionamento Empresa X Cliente. Talvez este cenário ainda não seja a realidade da maior parte das empresas e sim próprio daquelas que são lideres de mercado. Porém, o papel da força qualidade no atendimento e sua contribuição para os resultados almejados trazem, neste período de transação uma nova agenda de preocupações. Sem dúvida a qualidade no atendimento deverá ser reinventada de forma a adquirir competências que adicionem valor e gerem resultados para as empresas. Esta mudança de paradigma no processo tem exigido que os colaboradores envolvidos na qualidade do atendimento sejam capazes de perceber essas novas exigências, de desempenhar o seu papel em novas funções e padrões, sabendo lidar de forma criativa e espontânea com os desafios e mudanças decorrentes do novo ambiente de negócios. Ações específicas com o objetivo de adaptar e familiarizar estes profissionais aos requisitos necessários para o desenvolvimento e desempenho na área da qualidade tornou-se fundamental, de forma que o segredo do sucesso parece estar na palavra “treinar”. Segundo Whiteley (1992) o bom treinamento é “... essencial na transformação de uma companhia de modo a servir o cliente” (p.79). 32 No entanto, para que um treinamento tenha sucesso parece ser necessário suportar iniciativas consistentes de treinamento. Na verdade, estamos falando de ações específicas cujo objetivo é adaptar e familiarizar os profissionais aos requisitos necessários para o desenvolvimento e desempenho na qualidade no atendimento. De uma forma simples, as ações de treinamento devem garantir o aprendizado necessário de informação e conceitos a serem transmitidos e de habilidades e atitudes a serem melhoradas ou modificadas na área de atendimento. Pode-se considerar que todo processo de treinamento visando a qualidade no atendimento deve estar relacionado à: transmissão de conteúdo e conceitos; desenvolvimento de habilidades no atendimento e aprimoramento para modificar habilidades de atendimento. A construção de um programa de treinamento que efetivamente traga sucesso para os objetivos buscados por uma organização deve iniciar por um roteiro com um diagnóstico detalhado das carências existentes na qualidade de atendimento. Tal diagnostico pode envolver desde a apresentação e postura de seus profissionais até a forma como fazem a prospecção. Deve ainda utilizar a forma de abordagem e as técnicas de qualidade no atendimento e habilidades para com as pessoas. Após esta etapa, deve-se repensar os objetivos a serem alcançados, lembrando sempre que a eficácia de um programa de treinamento está diretamente relacionada à clareza com que são definidos tais objetivos, bem como a escolha da metodologia aplicada. Diante de tal situação e uma vez percebida que a maior dificuldade está na qualidade no atendimento pode-se determinar como objetivo a ser alcançado o desenvolvimento das habilidades de atendimento com qualidade. De uma forma geral, segundo Whiteley (1992) “O bom treinamento é essencial na transformação de uma companhia de modo a servir o cliente. O bom treinamento permite as pessoas adotarem e sustentarem o tipo adequado de conduta no trabalho” (p.79). 33 Mesmo diante de tanto cuidados, é preciso esclarecer que estamos no caminho certo. Contudo é preciso atentar para a escolha da metodologia de treinamento a ser utilizada, uma vez que ela normalmente acaba sendo escolhida decorrente de fatores ligados às necessidades dos clientes. Como regra, sempre damos preferência ou indicamos aquela que facilita o processo e esteja adequada às características das pessoas escolhidas para receber o treinamento. Para Whiteley (1992) é preciso “... envolver os talentos das pessoas não somente nas suas tarefas normais para o cliente, mas também no constante processo da companhia. Por muito tempo, as companhias tenderam a contratar pessoas pela sua força muscular. Atualmente, precisamos também de sua força cerebral...” (p.87). Como não existe um sistema único e infalível de treinamento para todas as empresas, tendo em vistas as diferentes realidades empresariais, o programa aplicado na qualidade no atendimento, deverá procurar soluções específicas voltados para o crescimento do volume da qualidade no atendimento, reforço no atendimento das necessidades dos clientes e na constante busca de satisfação desses mesmos clientes. Segundo Whiteley (1992) “as necessidades dos clientes precisam ser ensinadas, enfatizadas e relevadas constantemente” (p.39). Dentre os vários tipos e formas de metodologia de treinamento as empresas que desejam processar mudanças de atitude em seus colaboradores, devem adotar programas que privilegiem uma proposta de treinamento experiencial e não meramente de “lavagem cerebral”. Isto porque, a forma como o adulto aprende é regulada por princípios próprios relacionados aos seus valores culturais, sociais, físicos e emocionais. Se atentarmos para as premissas do aprendizado de um adulto qualquer pode-se constatar que ele somente ocorre nas seguintes condições: se estiver interessado e quando o que aprender o auxiliar a solucionar problemas ou desafios no seu dia-a-dia e, principalmente, se ele estiver e se sentir participativo neste processo. Sabemos que o conhecimento pode ser interiorizado por meio de diferentes técnicas como aulas expositivas, discussões em grupo, estudos de casos ou 34 demonstrações. Práticas na qual se pode vivenciar uma situação comercial e que podem ser complementadas por outras metodologias como: as dinâmicas de grupo, vídeos e psicodrama. Este último merece destaque por ser sinestésico, ou seja a dinâmica está ocorrendo em cena e o “script” tem o aspecto auditivo, ou seja, os participantes protagonizam histórias e ações que envolvem a realidade presente da empresa e seu segmento de atuação. Com efeito, a técnica do psicodrama parece auxiliar, de forma efetiva, mudanças de expectativas no profissional atuante na área de atendimento. Além destas, outra técnica que vem ganhando aceitação pelo mercado em razão dos resultados gerados é a prática de exercícios orientados à reflexão através de “Brainstorming”. Ou seja, com tal prática se consegue orientar os participantes a produzirem seu próprio conteúdo, abandonando suas defesas e criando diferentes soluções que funcionem posteriormente como “benchmarking” interno nas empresas. Entender os riscos do negócio e preparar-se adequadamente para os novos modelos de atuação exige um preço a ser pago. Priorizar os investimentos em treinamento com um modelo de identificação, discussão e aprovação que contemple de forma ideal e abrangente as ameaças e oportunidades do negócio parece ser fundamental para se colher os benefícios e resultados reais que compensem esses investimentos. A esse respeito Whiteley (1992) assim se coloca “se você pensa que está trabalhando bem porque seus clientes não estão reclamando, pense novamente” (p.27). 35 CAPÍTULO 3: Abordagem Metodológica Para verificar a qualidade do atendimento como sinal de sucesso em uma empresa e o que seria esta qualidade de atendimento, optou-se pelo estudo de caso em uma abordagem qualitativa. Tomamos uma posição ao nos apoiarmos em Santos et al. (2000) quando eles afirmam que: “O tipo de informação que se quer obter (...) determina a escolha do instrumento que será utilizado para a coleta de dados e também o método de aplicação deste instrumento (...) a pesquisa qualitativa (...) é um modelo de pesquisa que se preocupa fundamentalmente com a compreensão e a interpretação do fenômeno (...) é um tipo de estudo que busca entender a situação pesquisada”. (p.50-1) 3.1. Contexto da Pesquisa A pesquisa desenvolveu-se na cidade de Botucatu - SP, que possui aproximadamente 180.000 habitantes. Esta cidade possui uma diversificação no ramo industrial, atacadista e varejista. Nosso objeto de pesquisa foram duas redes de supermercados que se constituem em grandes empresas do setor varejista da região. O estudo foi realizado no segundo semestre do ano de 2004. 36 Os sujeitos foram: o gerente da empresa e um empresário. Deve-se explicitar que o gerente preferiu sigilo em relação ao seu nome e ao de sua empresa. Para tanto optamos por identificá-lo por Rafa e a sua empresa por Empresa X. Já, o outro sujeito não se opôs à explicitação do seu nome e nem mesmo de sua empresa. No entanto, optamos por identificá-lo como Dasa. A sua empresa é popularmente conhecida por “Zé do Queijo”. A opção por esta pesquisa decorreu da nossa necessidade de buscar entender como neste mundo globalizado, em que a rapidez de informações, a tecnologia, a tomada de decisões e o poder de criatividade, parecem ser condições necessárias para o profissional auxiliar na qualidade do atendimento que pode ocasionar o devido sucesso para uma empresa. No entanto, tais qualidades podem não ser suficientes para o alcance do sucesso se o indivíduo não desempenhar o seu trabalho com ética, solidariedade, responsabilidade e principalmente respeito ao próximo. Diante disso, optou-se pela compreensão da qualidade do atendimento em uma visão holística visando contribuir significativamente para que haja uma nova visão e avanços nesta qualidade que proporcionem a satisfação dos clientes, uma vez que a mesma parece ser a chave da sobrevivência e do sucesso das empresas no mercado. 3.2. A Abordagem Teórico-Metodológica A opção pela pesquisa qualitativa decorreu do fato da mesma acontecer no seu estado natural e poder buscar entender como os fatos ocorreram em sua essência, ou seja, no significado atribuído às ações dos sujeitos no seu ambiente natural. O pesquisador, neste caso, foi o elemento principal tanto para a coleta quanto para a análise dos dados. Pois como consideram Ludke e André (1986): “A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento (...) os dados coletados são predominantemente descritivos (...) o significado que as pessoas dão ás coisas e à sua vida são focos de atenção especial do 37 pesquisador (...) a análise dos dados tende a seguir um processo indutivo” (p.11-3) O interesse pelo estudo de caso decorreu do fato de procurarmos entender de forma mais profunda como ocorre o diferencial de duas redes de Supermercados que parecem garantir o sucesso na qualidade do atendimento. Suas características nos impeliu para novas descobertas, para retratarmos de forma completa as situações dos sujeitos através de relativa fonte de informações. Para tanto, nos apoiamos em Ludke e André (1986) que afirmam “Os estudos de caso visam à descoberta (...) enfatizam a interpretação em contexto (...) buscam retratar a realidade de forma completa e profunda (...) usam uma variedade de fontes de informação (...) revelam experiência vicária e permitem generalizações naturalísticas (...) procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social” (p.18-20). 3.3 Procedimentos para Coleta de Dados Para verificar a qualidade do atendimento como sinal de sucesso em duas empresas e o que seria esta qualidade de atendimento, optou-se pelo estudo de caso em uma abordagem qualitativa. Os procedimentos para a coleta de dados empíricos foram: questionário e entrevista semi-estruturada. Inicialmente, tinha-se por intenção utilizarmos mais duas técnicas: a observação e a análise documental. No entanto, estas técnicas não foram possíveis de acontecer decorrentes da não aceitação, total, de nossa presença por parte da “Empresa X”. Também pelo fato de não termos tido acesso aos documentos da referida empresa. Quando nos dirigimos à empresa “Zé do Queijo”, fomos muito bem recebidos mas não houve mais o tempo possível para a realização de todas as técnicas inicialmente pretendidas para a coleta dos dados. Devemos esclarecer que, inicialmente, a nossa intenção era apenas pela “Empresa X”, para que pudéssemos aprofundar melhor nossa análise tal como requer o estudo do caso. 38 3.3.1 Entrevista A entrevista é uma técnica de coleta de dados que, em conjunto com outras torna-se um instrumento essencial. Ela nos permitiu estabelecer uma relação de interação com uns de nossos sujeitos, pois como afirmam Lüdke e André (1986), na entrevista, há “uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde” (p.33). O fato da entrevista permitir a resposta imediata do informante, de forma natural, facilitou na qualidade do material adquirido para posterior análise. A nossa opção foi pela entrevista semi-estruturada, que como definem Lüdke e André (1986): “... não há a imposição de uma ordem rígida de questões, o entrevistado discorre sobre o tema proposto com base nas informações que ele detém e que no fundo são a verdadeira razão da entrevista (...) permite correções, esclarecimentos e adaptações” (p.33-4). Devemos esclarecer que não houve tempo suficiente para maiores esclarecimentos, uma vez que o material da entrevista foi coletado com bastante atraso. Elaboramos um roteiro de questões abertas para que não fugíssemos de nossos objetivos e tomamos alguns cuidados em relação aos nossos sujeitos, combinando com os mesmos um local e horário previamente marcados e que foram devidamente cumpridos. Oferecemos-lhes garantia de sigilo e anonimato. Soubemos ouvir e estimular a conversa para o alcance dos objetivos/problemas da pesquisa. Também estabelecemos com os mesmos um clima de confiança. Decorrente do modo rápido como conseguimos outro sujeito e que este concordou em realizar a entrevista, a forma de registro, deste segundo sujeito, foi por escrito. Pode-se até mesmo considerar como um diálogo informal em que fomos anotando, a mão, a suas respostas. Nos apoiamos em Lüdke e André (1986) que afirmam 39 “É muito importante que o entrevistado esteja bem informado sobre os objetivos da entrevista e de que as informações fornecidas serão utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa, respeitando-se sempre o sigilo em relação aos informantes” (p.37). O modelo da entrevista e as respostas da mesma se encontram no Anexo 1. 3.3.2 Questionário O questionário é um instrumento de coleta de dados muito utilizado. É uma lista organizada de perguntas que visa obter informações específicas dos objetivos do trabalho em questão. Para a elaboração do questionário e uma vez definido o que queríamos saber com clareza, que em nosso caso era sobre a qualidade no atendimento, elaborarmos questões abertas para que nossos sujeitos pudessem responder de modo mais franco e aberto. O questionário ficou com o sujeito da empresa “Zé do Queijo” e pudemos perceber pelas suas respostas que nem sempre foi fácil interpretá-las. Foi difícil saber se ele estava respondendo o que sentia ou se respondeu somente por responder. Suas respostas nem sempre atingiram as nossas expectativas. Devemos reconhecer que não nos foi possível auxiliá-lo em questões talvez, até mesmo, mal formuladas. As respostas foram digitadas e tanto o modelo como as respostas se encontram no Anexo 2. 3.4 Procedimentos para Análise dos Dados Para realizarmos a análise e a interpretação dos dados coletados optou-se por definir um plano de análise. Tal opção decorreu da necessidade de evitarmos finalizar a pesquisa simplesmente com a apresentação dos dados coletados (Cf. Gil, 1996:123) Optamos pela análise de conteúdo, cujo objetivo é a busca de sentido ou dos sentidos de um texto (Franco, 1986; Krippendorff, 1980). Diante de tal idéia levantamos os 40 dados que nos interessaram e que foram conseguidos através das duas técnicas utilizadas na coleta de dados. Obviamente, estivemos sempre atentos aos dados que nos dessem respostas e esclarecessem os objetivos desta pesquisa. Segundo Franco (1986) os pressupostos que garantem relevância a esse enfoque são: “... toda mensagem falada, escrita ou sensorial contém, potencialmente, uma grande quantidade de informações sobre seu autor: suas filiações teóricas, concepção de mundo, interesses de classe, traços psicológicos, motivações, expectativas (...) o produtor/autor é antes de tudo um selecionador e essa seleção não é arbitrária. Da multidão de manifestações da vida humana, seleciona o que considera mais importante para dar seu recado e interpreta-as de acordo com seu quadro de referência: obviamente, essa seleção é pré-concebida (...) A `teoria´, da qual o autor é o expositor, determina sua concepção (consciente ou inconsciente), é filtrada por seu discurso e resulta em implicações extremamente importantes, para quem se propõe a fazer análise de conteúdo” (p.13). Uma vez escolhido o conteúdo a ser analisado e tal como considera Krippendorff (1980): “... no processo de decodificação das mensagens o receptor utiliza não só o conhecimento formal, lógico, mas também um conhecimento experiencial onde estão envolvidas sensações, percepções, impressões e intuições. O reconhecimento desse correto subjetivo da análise é fundamental para que possam ser tomadas medidas específicas e utilizados procedimentos adequados ao seu controle” (apud Lüdke e André, 1986:41). Diante de tal situação, buscou-se eliminar, ao máximo, a subjetividade, fato este que nem sempre foi possível diante de nosso envolvimento com o assunto pesquisado. 41 Procurou-se, no entanto, estar sempre refletindo os objetivos/problema do nosso trabalho, tendo como apoio tanto indícios explícitos quanto implícitos nas falas ou mensagens dos pesquisados. Relacionou-se, sempre os dados sobre os conteúdos das mensagens com outros dados, usando sempre o nosso referencial teórico como um vínculo entre os mesmos no sentido de buscar fazer inferências. Segundo Franco (1986) produzir tais referências: “Pressupõe a comparação dos dados, obtidos na leitura do discurso, com os pressupostos teóricos de diferentes concepções de mundo e com a situação concreta de seus produtores. Situação concreta que se expressa nas condições de sobrevivência e na situação de classe de ambos os elementos, acrescida do momento histórico e contextual da produção” (p.17). Dessa maneira, nos apoiamos em Patton (apud Ludke e André, 1986:42) quando ele considera que “A análise de dados qualitativos é um processo criativo que exige grande rigor intelectual e muita dedicação. Não existe uma forma melhor ou mais correta. O que se exige é sistematização e coerência do esquema escolhido com o que pretende o estudo” (grifo nosso). Realizamos inúmeras leituras, escolhermos alguns temas mais freqüentes em torno dos quais estabelecemos algumas categorias. O estabelecimento dessas categorias só foi possível ocorrer diante do vai e vem entre nosso referencial teórico e os dados coletados através das diferentes técnicas. Tais categorias foram criadas, de forma intencional, sempre refletindo os objetivos da pesquisa. O que nas palavras de Guba e Lincoln (1981) significa dizer que: “Se uma categoria abrange um único conceito, todos os itens incluídos nessa categoria devem ser homogêneos, ou seja, devem estar lógica e coerentemente integrados (...) devem ser mutuamente exclusivas, de 42 modo que as diferenças entre elas fiquem bem claras” (apud Lüdke e André, 1986:43). Lendo, relendo novamente, fazendo ligações e ampliações das categorias passamos então a reorganizá-las. Neste processo, buscou-se, identificar os elementos que foram emergindo e que precisavam de maior aprofundamento. A forma de codificação foi o uso de letras do nosso alfabeto para ir identificando o momento em que tais elementos apareciam nos trechos escritos, das diferentes técnicas de coleta de dados. Em seguida reuniu-se cada uma das categorias com código semelhante e subdividiu-se, posteriormente, em componentes menores. Finalmente, e uma vez explorados todos os dados coletados, sentiu-se a necessidade de se parar novas explorações para que não ocorresse conforme afirma Guba (1978): “... quando a exploração de novas fontes leva a redundância de informação (...) e, quando há um sentido de integração na informação já obtida, é um bom sinal para concluir o estudo” (apud Lüdke e André, 1986:44). Buscou-se ir além, tentando acrescentar algo de novo. E até mesmo sugerindo novos questionamentos para o problema em questão, pois tal como consideram Lüdke e André (1986) “... é preciso dar o `salto´ (...) acrescentar algo ao já conhecido (...) conjunto de proposições bem concatenadas (...) que configuram uma nova perspectiva teórica até o simples levantamento de novas questões...” (p.49). Este foi o caminho metodológico percorrido na intenção de compreender como ocorre a qualidade no atendimento e o que faz com que essa qualidade torne a empresa “um sucesso”. 43 CAPÍTULO 4: Qualidade no Atendimento Para entender como funciona o processo de qualidade no atendimento e o quanto tal fato pode auxiliar no sucesso de uma empresa, buscou-se, primeiramente entender a qualidade no atendimento como sendo um diferencial competitivo. Num segundo momento, analisou-se e interpretou-se a qualidade de atendimento tendo como um foco principal o cliente. Num terceiro momento, explicitou-se a necessidade da empresa estar se auto-avaliando para possível reciclagem. Finalmente, relacionou-se a necessidade de cursos de capacitação de treinamento para os funcionários das empresas com o diferencial competitivo que faz com que a mesma obtenha o sucesso esperado. 4.1 Qualidade no Atendimento: Um diferencial A qualidade, tanto pode ser entendida como um conjunto de valores agregados aos produtos finais, como a um determinado serviço que induz os consumidores ou usuários para que optem por um determinado produto ou serviço de sua preferência. Uma empresa de qualidade necessita além de ser inovadora saber aproveitar as oportunidades do mercado. Neste sentido, elas conseguem ter uma rápida percepção dos seus clientes e dos modos de fazer com que suas necessidades sejam atingidas. Realizar de um atendimento com qualidade depende da estrutura organizacional e de uma equipe envolvida em seus objetivos. Depende também de uma gerência que dê apoio aos seus funcionários, encaminhando-os na realização de seu trabalho. 44 Uma empresa voltada para o cliente é aquela que busca estar atualizada com as inovações, tecnologias e recursos para conforto, comodidade, custo baixo e praticidade. Isto porque, tais componentes auxiliam no modo como uma empresa se sobrepõe à outra. Além disso, é fundamental que se esteja sempre atento à voz do cliente. A qualidade surge, então, como um diferencial, como a possibilidade de surpreender o cliente na sua experiência com o produto e com o serviço. Assim, a qualidade parece ser o conjunto de valores agregados aos funcionários no atendimento a seus clientes. Tal situação parece levar ao que chamamos de diferencial no atendimento com qualidade. Segundo nossos sujeitos “Saber e entender a necessidade do cliente e qual o nível de importância da compra; buscar esgotar as informações necessárias sobre o produto ou serviço em questão, mesmo que não tenha sido questionado a fundo. Essa medida evita a cumplicidade da empresa em futuros arrependimentos do cliente pela compra; transparência na higiene do pessoal e do ambiente; procurar conhecer nominalmente seus clientes e referir-se a eles com o devido tratamento: senhor, senhora, você, etc... por favor, com licença, obrigado, etc...; conforto espacial (lembrar que conforto não significa luxo). Respeitar o cliente segundo o código de defesa do consumidor, oferecendo produtos honestos e não pratica preços abusivos” (Dasa, 2004). “Na minha opinião muitas coisas podem contribuir para um atendimento de qualidade, entre outras destaco o respeito, a empatia, conhecimento do produto e serviços prestados e procurar surpreender o cliente de forma positiva (...) Sim, os aspectos citados anteriormente são colocados em pratica no dia–a–dia da empresa isto são diferenciais de atendimento” (Rafa, 2004). 45 Como se pode perceber, de acordo com nossos sujeitos fica explícito que nestas condições, percebe-se que a participação consciente, criativa e motivada do colaborador pode atender as expectativas do cliente. Além disso, conhecer as necessidades implícitas e explícitas do cliente auxilia no diferencial da qualidade. Estar atento as tendências de mercado, produzir produtos e prestar serviços que superem as expectativas constituem-se fatores que tornam a qualidade, um diferencial! 4.2 O Cliente e a Qualidade no atendimento A qualidade começou a ser incorporada à produção industrial no início do século XX visando que produtos defeituosos chegassem às mãos dos clientes e se tornou conhecida como “controle de qualidade”. Diante de inúmeros esforços esse controle de qualidade foi evoluindo e no mundo globalizado o atendimento às necessidades básicas do cliente passou a ser a chave da competitividade entre as empresas. 4.2.1 O Cliente Os clientes são o que de mais importante as empresas possuem. Elas dependem deles para sua sobrevivência e, assim, precisam compreender as sua demandas presentes e futuras. Devem procurar atender suas exigências e lutar para superar as suas expectativas. Fala em uma organização focada no cliente, significa definir as estratégias da empresa e influenciar toda a cultura da mesma para tal atendimento. Como temos diferentes tipos de clientes e todos precisam estar satisfeitos, assim, tanto os clientes externos quanto os internos e os intermediários precisam ser escolhidos e mantidos e este parece ser o grande desafio para as empresas. Segundo nossos sujeitos 46 “... devemos buscar a cada dia melhorar nosso atendimento e procurar atender as necessidades e expectativas de nossos clientes (...) abrindo espaço para sugestões do cliente, que nos permite antecipadamente surpreender o cliente” (Rafa, 2004). “Saber e entender a necessidade do cliente e qual o nível de importância da compra...” (Dasa, 2004) 4.2.2 A Satisfação do Cliente O foco no cliente requer compreender a demanda e expectativa dos seus clientes fazendo com que os objetivos interno da empresa se voltem exatamente para essa questão. Para tanto, é importante avaliar constantemente o nível de satisfação de seus clientes, procurando agir tanto de forma preventiva quanto corretiva. Um primeiro ponto para se considerar em relação ao consumidor é a motivação. Pode-se considerar que, com raras exceções, o ser humano não irá consumir nada se não estiver devidamente motivado a comprar. Assim é de fundamental importância a realização das necessidades dos clientes e para tanto, os funcionários devem estar atentos às características dos mesmos. Em outras palavras, perceber tanto nos clientes introvertidos quanto nos extrovertidos as suas características fundamentais e procurar atendê-los de modo que satisfaçam as suas necessidades. Deve-se atentar para o fato de que as relações entre o indivíduo e o mundo que o rodeia são regidas pelo mecanismo perceptivo e todo o conhecimento é necessariamente adquirido através da percepção. Cada indivíduo possui o seu modo próprio de captar, selecionar, organizar e interpretar suas ações diante de um mesmo estímulo. É fundamental, compreender este processo, com vista ao conhecimento dos principais fatores que determinam a captação de um estímulo e a sua interpretação e para tanto devemos estar atentos ao comportamento dos clientes, assim como as empresas em geral estão o reconhecendo a importância de conhecer o comportamento dos mesmos. Segundo nossos sujeitos: 47 “O atendimento pessoal permite que o nível de satisfação seja percebido no dia-a-dia das atividades, deixando que o feedback ocorra de maneira natural, sem pressionar o cliente (...) Esporadicamente são realizadas pesquisas através de questionários escritos com perguntas objetivas e dissertativas, o que permite na apuração uma avaliação de caráter estatístico bem como subjetivo ...” (Dasa,2004). “Procuramos constantemente avaliar a qualidade de nosso atendimento através de pesquisas de satisfação entendemos que essa é a melhor ferramenta para corrigirmos possíveis falhas, melhorias dos serviços prestados e abrindo espaço para sugestões do cliente, que nos permite antecipadamente surpreender o cliente” (Rafa, 2004). Se a empresa não estiver preparada para atender a satisfação do cliente, nesse processo pode acontecer da mesma “perder” o seu cliente. Deve-se considerar que é mais difícil manter um cliente satisfeito do que conquistá-lo. Quando o cliente se aproxima de uma loja ou departamento, quer toda sua atenção e compreensão para resolver problemas e apontar soluções. O bom atendimento garante a satisfação do cliente, fazendo com que ele não só tenha vontade de procurar seu serviço novamente, mas também o de divulgá-lo para outras pessoas. Segundo nossos sujeitos “Diante de tal situação, entramos em contato com o cliente a fim de verificar as causas da insatisfação, com conseqüente correção de falhas no atendimento. A gerencia mantém ainda contato freqüente com o cliente disponibilizando uma carta de desculpas e oferecendo novos produtos e serviços para satisfazer o cliente, além de brindes e outros meios” (Rafa,2004). “As doenças tem diversas causas e pendem diversos tratamentos. Da mesma maneira, a insatisfação será corretamente tratada e repudiada 48 de acordo com a sua causa. As pessoas são muitos diferentes umas das outras, portanto cada caso é um caso” (Dasa, 2004). 4.3 Avaliação e Capacitação nas Empresas Proporcionar um serviço de qualidade ao cliente é muito mais do que zelar pelas suas necessidades ou encaminhar suas reclamações. Superar suas expectativas e encantá-lo requer uma preparação prévia. Um ótimo atendimento passa pela antecipação dos problemas dos clientes. 4.3.1 A Necessidade da Avaliação Para antecipar-se às necessidades do cliente é necessário a construção de um programa de treinamento realmente efetivo. Tal programa deve iniciar-se por um roteiro com um diagnóstico detalhado das carências existentes na qualidade de atendimento. Tal diagnostico pode envolver desde a apresentação e postura de seus profissionais até a forma como fazem a prospecção. Deve ainda, utilizar a forma de abordagem e as técnicas de qualidade no atendimento e habilidades para com as pessoas. Após esta etapa, deve-se repensar os objetivos a serem alcançados lembrando sempre, que a eficácia de um programa de treinamento está diretamente relacionada à clareza com que são definidos seus objetivos bem como a escolha da metodologia aplicada. Diante de tal situação e uma vez percebida que a maior dificuldade está na qualidade no atendimento, pode-se determinar como objetivo a ser alcançado o desenvolvimento das habilidades de “atendimento com qualidade”. Segundo nosso sujeitos: “...são realizadas pesquisas através de questionários escritos (...) o que permite na apuração uma avaliação de caráter estatístico bem como subjetivo (...) O nível de satisfação é difícil de ser quantificado. Entretanto, a insatisfação é alarmantemente diagnosticada. É natural o 49 ser humano mostrar com mais facilidade seu descontentamento que o contrário” (Dasa,2004). “Procuramos constantemente avaliar a qualidade de nosso atendimento através de pesquisas de satisfação entendemos que essa é a melhor ferramenta para corrigirmos possíveis falhas, melhorias dos serviços prestados e abrindo espaço para sugestões do cliente, que nos permite antecipadamente surpreender o cliente” (Rafa, 2004). 4.3.2 Capacitação de Funcionários e Qualidade no Atendimento O treinamento é uma ds causas que pode auxiliar as empresas a melhorarem a qualidade no atendimento. Em uma época em que o sucesso dos negócios tem a frente o atendimento e na base o foco no cliente, conhecer plenamente o potencial dos colaboradores pode ser um bom caminho a ser trilhado. Assim, treinar parece ser, acima de tudo, a valorização do funcionário e a preparação para a valorização do cliente. Se é verdade que o cliente é a causa mais importante para uma empresa seria interessante saber até que ponto existe tal consciência. O que parece acontecer na maioria dos primeiros contatos, entre os clientes e as empresas é o fato dos mesmos interagirem com os funcionários menos instruídos e treinados sobre os negócios da empresa. Para que tal situação seja evitada, parece ser imprescindível que os empresários invistam na capacitação de seus funcionários e que percebam nesta situação não um custo, mas sim um investimento. Assim sendo, é estrategicamente inteligente capacitar esses profissionais de forma adequada, para que possam atender bem e superar as expectativas da clientela. As empresas não devem ficar “presas” somente a programas de treinamento de atendimento ao cliente que ensinam como ser simpático, sorrir e cumprimentar as pessoas. Isto porque, tal situação não é suficiente. Não porque tratar o cliente com respeito e agradavelmente esteja errado. Pelo contrário, é até muito importante. No entanto, somente sorrisos forçados não garantem um atendimento de qualidade. O encanto e a simpatia parecem ser o início da excelência no atendimento. Deve se ter consciência que o caminho parece ser bastante longo. 50 Conhecer os clientes e através de atitudes simples, no início dos contatos pode auxiliar descobrir o que os mesmos desejam. Isso não é tarefa difícil de ser realizada. Basta que as pessoas sejam treinadas, lembrando-se que atender bem parece significar realização das necessidades dos clientes. Talvez este cenário ainda não seja a realidade da maior parte das empresas e sim próprio daquelas que são lideres de mercado. Porém, o papel da força qualidade no atendimento e sua contribuição para os resultados almejados, neste período de transação, deverão ser reinventados de forma a adquirir competências que adicionem valor e gerem resultados para as empresas. No entanto, após a realização do diagnóstico dos problemas apresentados pela empresa, o caminho mais correto para atingir a qualidade no atendimento, em relação à capacitação dos funcionários é o fato da empresa ter metas de contrapartida, ou seja, oferecer as devidas condições de melhor treinamento aos seus funcionários. Para que um treinamento tenha sucesso parece ser necessário suportar iniciativas consistentes de treinamento. Na verdade, estamos falando de ações específicas cujo objetivo é adaptar e familiarizar os profissionais aos requisitos necessários para o desenvolvimento e desempenho na qualidade no atendimento. De uma forma simples, as ações de treinamento devem garantir o aprendizado necessário de informação e conceitos a serem transmitidos e de habilidades e atitudes a serem melhoradas ou modificadas na área de atendimento. Acredita-se que todo processo de treinamento visando a qualidade no atendimento deve estar relacionado à: transmissão de conteúdo e conceitos; desenvolvimento de habilidades no atendimento e aprimoramento para modificar habilidades de atendimento. Segundo nossos sujeitos: “Nosso funcionários não participam de métodos explícitos de treinamento. A experiência de mercado, bem como a dos funcionários mais antigos são transmitidos aos mais novos a fim de adequá-los aos padrões da empresa, eliminando certos vícios anteriormente adquiridos em outros serviços. (...) O atendimento pessoal permite que o nível de satisfação seja percebido no dia-a-dia das atividades, deixando que o 51 feedback ocorra de maneira natural, sem pressionar o cliente” (Dasa, 2004). “Na minha opinião muitas coisas podem contribuir para um atendimento de qualidade, entre outras destaco o respeito, a empatia, conhecimento do produto e serviços prestados e procurar surpreender o cliente de forma positiva (...) A empresa procura transmitir constantemente para nossos colaboradores a importância da satisfação dos nossos clientes com palestras semanais sobre atendimento de qualidade e transmite também a postura ética que a empresa vivencia no seu cotidiano, ou seja, tais práticas fazem parte da cultura organizacional da empresa (...) Procuramos constantemente avaliar a qualidade de nosso atendimento através de pesquisas de satisfação entendemos que essa é a melhor ferramenta para corrigirmos possíveis falhas, melhorias dos serviços prestados e abrindo espaço para sugestões do cliente, que nos permite antecipadamente surpreender o cliente” (Rafa, 2004). Diante do explicitado, percebe-se que as empresas parecem estar abertas a um novo paradigma de qualidade no atendimento. Então buscando soluções para alcançar a excelência no atendimento e têm consciência que o caminho é longo e árduo mas não impossível. Ele é o que podemos denominar de garantia de sucesso ou não de uma empresa. De acordo com nossos sujeitos: “Devido ao nosso ramo de atividade, em que a prestação de serviços é nosso `carro chefe´, a qualidade no atendimento significa nossa sobrevivência no mercado, então devemos buscar a cada dia melhorar nosso atendimento e procurar atender as necessidades e expectativas de nossos clientes” (Rafa, 2004). 52 “Trabalhando neste ramo de atividade e com o segmento de mercado no qual atuamos, a qualidade de atendimento significa a fronteira entre o sucesso e o fracasso do nosso negócio” (Dasa, 2004). 53 CAPÍTULO 5: Conclusão A intenção de entender como funciona a qualidade no atendimento e se esta é garantia para o sucesso das empresas, após análise e interpretação dos dados coletados nos levam a algumas conclusões: • A excelência no atendimento é fundamental e não adianta focá-la apenas nos produtos e na propaganda, pois a realidade só é percebida no momento em que se interage com o cliente procurando atendê-lo em suas necessidades e expectativas. • Todo empresário/gerente/supervisor deve realizar um diagnóstico de sua empresa, levantar os pontos fortes e fracos e revê-los em conjunto com seus funcionários. • O atendimento deve reciclar-se e evoluir com a mesma velocidade e freqüência com que mudam os desejos, exigências e vontades dos consumidores. • O papel dos gerentes e dos supervisores é fundamental no processo de capacitação dos funcionários e no diálogo com os mesmos. • A qualificação profissional dos empregados que lidam diretamente com os clientes é um ponto relevante e merece a devida atenção, uma vez que esta qualificação faz a diferença entre as empresas que primam pela qualidade no seu atendimento. • As empresas devem rever seus conceitos de atendimento e perceber que pequenos gestos e detalhes fazem diferença no mercado globalizado. • O centro do processo de qualidade no atendimento é o cliente e as empresas precisam adaptar-se à essa nova realidade. Os clientes, na maioria das vezes determinam à organização que irá prosperar. 54 • Um atendimento personalizado e ético parecem ser características de uma empresa de sucesso. É fundamental que o empresário pense e reflita no modo como está a qualidade no atendimento de sua empresa. Que avalie se seu cliente está satisfeito com o seu atendimento. É necessário que invista nas metas de contrapartida para sua equipe, oferecendolhes, treinamentos que os auxiliem num atendimento de qualidade. Atrair, converter e fidelizar os clientes são etapas de um caminhar sem fim. Assim como cita Peter Senge (1986) que as empresas vão mudar de acordo com o ciclo dos sistemas vivos, ou seja, ao invés de “extrair, produzir, vender, usar e descartar”, elas vão “produzir, reciclar e regenerar” podemos fazer uma analogia com os funcionários das empresas, ou seja, que ao invés de descartá-los devemos capacitá-los para um atendimento de excelência (p.60). 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEMING, William Edward A Qualidade e o Consumidor. In: ______ Qualidade: A Revolução da Administração. Rio de Janeiro: Marques – Saraiva, 1990. pg. 124 - 135 DI BARTOLOMEO, Ricardo e OLIVEIRA, Paulo André de. Manual de Normas para Elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC da graduação em: Administração Geral, Administração com Habilitação em Marketing e Administração com Habilitação em Comércio Exterior. Faculdade Marechal Rondon – FMR. Apostila, São Manuel: FMR. 2003. 23p. FRANCO, Maria Laura Barbosa. O que é análise de conteúdo. Cad. Psicol. Educ. São Paulo: PUC, 1986. GARITA, Rosaly Mara Senapeschi, SENAPESCHI, Alberto Nicodemo e SANT´ANNA, Edvaldo José. Iniciação à pesquisa. Centro Universitário Central Paulista – UNICEP. Associação de Escolas Reunidas de São Carlos – ASSER. Apostila. São Carlos: UNICEP/ASSER, 2003. 60p. GIBLIN, Les T. Para aqueles que almejam: Uma Carreira de Sucesso, Uma vida familiar Mais Feliz, Uma vida Social Melhor. In: ______ Habilidades com as pessoas. 3 ed. São Paulo: National, 1985. pg. 14 – 35 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª. ed. São Paulo: Atlas AS, 1996. 159p. 56 ISHIKAWA, Kaoru. Controle de qualidade total. In: ______Á maneira japonesa. 6 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. pg. 45 - 86 JUNG, Carl Gustav. Psicologia do Inconsciente. In: ______ Psicologia. 12 ed. São Paulo: Vozes, 1987. pg. 28 - 52 LUDKE, Menga. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. 99p. MARONI, Amnéris. Individuação e coletividade In: ______ Jung 1 ed. São Paulo:Moderna,1998. pg. 42 - 43 PLANEJAMENTO como Aprendizado. In: ______ Rev. Harvard Business Review. São Paulo: Abril/Março 1988. pg. 27 SANTOS, Gerson Tenório dos., ROSSI, Gisele e JARDILINO, José Rubens Lima. Orientações metodológicas para elaboração de trabalhos acadêmicos. 2ª.ed. São Paulo: Gion Editora e Publicidade, 2000. 122p. SHETH, Jagdish N.; MITTAL, Banwari; NEWMAN, Bruce I. Disposição Mental do Cliente. In: ______ Comportamento do Cliente. 1º ed. São Paulo: Atlas, 2001. pg. 283 – 320. SHETH, Jagdish N.; MITTAL, Banwari; NEWMAN, Bruce I. Importância do Comportamento do Cliente em Administração. In: ______ Comportamento do Cliente. 1º ed. São Paulo: Atlas, 2001. pg. 27 - 50. SHETH, Jagdish N.; MITTAL, Banwari; NEWMAN, Bruce I. Motivação do Cliente: Necessidades, Emoções e psicografia. In: ______ Comportamento do Cliente. 1º ed. São Paulo: Atlas, 2001. pg. 325 – 362. 57 SHETH, Jagdish N.; MITTAL, Banwari; NEWMAN, BruceI. Importância do comportamento do cliente em administração. In: ______ Comportamento do Cliente. 1º ed. São Paulo: Atlas, 2001. pg. 27 – 52. WHITELEY, Richard C. Libere os Defensores dos seus Clientes. In: ______. A empresa totalmente voltada para o cliente. 20ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992. pg. 63 –88. WHITELEY, Richard C. Sature a Sua Companhia com a Voz do Cliente. In: ______. A empresa totalmente voltada para o cliente. 20ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992. pg.19 – 44. 58 ANEXO I FACULDADE MARECHAL RONDON ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA EMPRESA: Inicial do nome: Dasa Função: ( x ) Empresário(a)/Gerente Danilo – Fale sobre o diferencial que pode manter um atendimento com qualidade. Dasa – Saber e entender a necessidade do cliente e qual o nível de importância da compra; buscar esgotar as informações necessárias sobre o produto ou serviço em questão, mesmo que não tenha sido questionado a fundo. Essa medida evita a cumplicidade da empresa em futuros arrependimentos do cliente pela compra; transparência na higiene do pessoal e do ambiente; procurar conhecer nominalmente seus clientes e referir-se a eles com o devido tratamento: senhor, senhora, você, etc... por favor, com licença, obrigado, etc...; conforto espacial (lembrar que conforto não significa luxo). Respeitar o cliente segundo o código de defesa do consumidor, oferecendo produtos honestos e não prática preços abusivos. 59 Danilo – Você considera que seu supermercado possui um diferencial? Qual é esse diferencial? Ele é decorrente do que? Dasa – Nossa empresa busca atender considerando sempre a prática dos aspectos qualitativos supra citados. Danilo – Fale sobre o modo como a rede faz para capacitar seus funcionários no atendimento. Dasa – Nosso funcionários não participam de métodos explícitos de treinamento. A experiência de mercado, bem como a dos funcionários mais antigos são transmitidos aos mais novos a fim de adequá-los aos padrões da empresa, eliminando certos vícios anteriormente adquiridos em outros serviços. Danilo – Como vocês percebem que a capacitação oferecida aos funcionários atende às necessidades dos clientes? Dasa – O atendimento pessoal permite que o nível de satisfação seja percebido no dia-a-dia das atividades, deixando que o feedback ocorra de maneira natural, sem pressionar o cliente. Danilo – A empresa realiza pesquisas para avaliar as conseqüências no seu atendimento? Como elas são realizadas? Dasa – Esporadicamente são realizadas pesquisas através de questionários escritos com perguntas objetivas e dissertativas, o que permite na apuração uma avaliação de caráter estatístico bem como subjetivo. Danilo – Explique os procedimentos que a empresa realiza para saber o nível de satisfação do cliente. 60 Dasa – O nível de satisfação é difícil de ser quantificado. Entretanto, a insatisfação é alarmantemente diagnosticada. É natural o ser humano mostrar com mais facilidade seu descontentamento que o contrário. Danilo – Fale sobre o procedimento da empresa quando percebe que ocorreu alguma perda de cliente. Como ela faz para conquista-lo novamente Dasa - As doenças tem diversas causas e pendem diversos tratamentos. Da mesma maneira, a insatisfação será corretamente tratada e repudiada de acordo com a sua causa. As pessoas são muitos diferentes umas das outras, portanto cada caso é um caso. Danilo – Há reciclagem de funcionários, ou seja, eles sabem trabalhar em diversos setores ou específicos. Dasa – A maioria dos cargos são fixos, entretanto não redime que tenham conhecimento e saibam desenvolver tarefas de outros setores. Essa eventuais mudanças são sempre úteis e situações de férias, folgas, faltas, licenças e demandas sazonais. Danilo – O que significa qualidade de atendimento na sua empresa. Dasa – Trabalhando neste ramo de atividade e com o segmento de mercado no qual atuamos, a qualidade de atendimento significa a fronteira entre o sucesso e o fracasso do nosso negócio. Entrevista realizada dia: 25 de Novembro de 2004. Ás 14:00 hs. 61 ANEXO II FACULDADE MARECHAL RONDON ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA EMPRESA: X Inicial do nome: Rafa Função: ( x ) Empresário(a)/Gerente Danilo – Fale sobre o diferencial que pode manter um atendimento com qualidade. Rafa - Na minha opinião muitas coisas podem contribuir para um atendimento de qualidade, entre outras destaco o respeito, a empatia, conhecimento do produto e serviços prestados e procurar surpreender o cliente de forma positiva. Danilo – Você considera que seu supermercado possui um diferencial? Qual é esse diferencial? Ele é decorrente do que? Rafa – Sim, os aspectos citados anteriormente são colocados em pratica no dia–a–dia da empresa isto são diferenciais de atendimento. Danilo – Fale sobre o modo como o supermercado faz para capacitar seus funcionários no atendimento. 62 Rafa – A empresa procura transmitir constantemente para nossos colaboradores a importância da satisfação dos nossos clientes com palestras semanais sobre atendimento de qualidade e transmiti também a postura ética que a empresa vivencia no seu cotidiano, ou seja, tais práticas fazem parte da cultura organizacional da empresa. Danilo – Como vocês percebem que a capacitação oferecida aos funcionários atende às necessidades dos clientes? Como a empresa avalia as conseqüências no seu atendimento? E como elas são realizadas? Rafa – Procuramos constantemente avaliar a qualidade de nosso atendimento através de pesquisas de satisfação entendemos que essa é a melhor ferramenta para corrigirmos possíveis falhas, melhorias dos serviços prestados e abrindo espaço para sugestões do cliente, que nos permite antecipadamente surpreender o cliente. Danilo – Fale sobre o procedimento da empresa quando esta percebe que ocorreu alguma perda de cliente.Como ela faz para conquistá-lo novamente? Rafa – Diante de tal situação, entramos em contato com o cliente a fim de verificar as causas da insatisfação, com conseqüente correção de falhas no atendimento. A gerencia mantém ainda contato freqüente com o cliente disponibilizando uma carta de desculpas e oferecendo novos produtos e serviços para satisfazer o cliente, além de brindes e outros meios. Danilo – O que significa qualidade de atendimento na sua empresa. Rafa – Devido ao nosso ramo de atividade, em que a prestação de serviços é nosso “carro chefe”, a qualidade no atendimento significa nossa sobrevivência no mercado, então devemos buscar a cada dia melhorar nosso atendimento e procurar atender as necessidades e expectativas de nossos clientes. Entrevista realizada dia: 20 de Novembro de 2004. Ás 10:30 hs. 63 APÊNDICE Casos Verídicos de Falhas no Atendimento Algumas pequenas coisas, alguns pequenos gestos, alguns detalhes podem tornar-se o diferencial para muitas empresas, nessa época de globalização. Mesmo que o cuidado com a profissionalização do serviço possa ser percebido por todos os meios de avaliação, ainda falta muito para se chegar a um estado ético em muitos estabelecimentos. Sabemos que a história tem seus ciclos e os livros estão repletos de casos de estabelecimentos tidos como padrão, com aparência de quem jamais teria qualquer revés nos seus negócios e findaram extintas. E a extinção, muitas vezes pareceu resultar do desrespeito ao cliente, razão maior de ser de qualquer empresa. Citamos alguns casos com base em experiências do nosso dia-a-dia. Caso 1 – Numa certa manhã o cliente chegou querendo consumir um café expresso e não ia ser atendido porque faltava troco na empresa A. O cafezinho custava 10% da cédula que ele iria usar. Quando ele saía, outro cliente chegou e fez uma compra suficiente para gerar o seu troco. Então depois disto ele foi atendido. Onde estava o erro? Neste tempo ninguém em sã consciência deveria deixar de efetuar qualquer venda por falta de troco. Caso 2 – existem alguns “shoppings centers” cuja administração parece acreditar que o movimento será sempre idêntico pelo simples fato de terem aqueles pontos privilegiados, mesmo cuidando da rotatividade de muitas lojas, que se instalam e fecham em pouco tempo. No primeiro contato com estes “shoppings”, encontramos porteiros sisudos, grosseiros e alheios. Desavisados, despreparados e nunca instruídos para receber ou despedir-se dos clientes. Não seria demais um "bom dia" na chegada e um "volte sempre" na saída, pelo menos. 64 Caso 3 – Nada mais constrangedor que observar a propaganda de certos estabelecimentos, principalmente em farmácias, que oferecem descontos para pagamentos à vista e nunca concedem o abatimento. Quando chegamos ao caixa com as mercadorias, o valor nos é cobrado sem o devido desconto. Somente quando questionamos nosso direito ao desconto, é que somos atendidos. Se tínhamos tal direito, o desconto deveria ter sido concedido automaticamente. Pode-se afirmar que os funcionários foram treinados deste modo, o estabelecimento pode estar correndo risco de perder o cliente. Se a iniciativa é do funcionário, a situação fica pior ainda, pois demonstra falta de controle das gerências sobre os atos dos seus funcionários. Caso 4 - Um cliente tinha um imóvel alugado e comparecia mensalmente à sua sede para efetuar o pagamento do aluguel. Tinha que esperar, durante certo tempo, até que fosse chamado. Considerando que o normal é qualquer empresa criar facilidades para se efetivar pagamentos, o cliente procurou uma melhor forma de realizá-lo e, então lhe indicada a conta para depósito. O cliente passou, então a se utilizar deste recurso. Num certo dia, a imobiliária tinha três pagamentos com valor idêntico a receber e não conseguiu identificar o valor pago pelo cliente. A funcionária chamando o cliente de “meu amor” disse lhe ter dúvidas sobre a transferência bancária. O cliente finalmente reagiu mostrando à funcionária que esta havia extrapolado o limite do razoável. Tal fato pode ser percebido como mostra de uma imobiliária que não possui pessoal qualificado. Caso 5 – Um cliente atrasou algumas prestações e terminou por negocialas com um escritório de cobrança. Após o envio de uma correspondência de cobrança, uma funcionária ligou para agendar o seu comparecimento ao escritório. O encontro foi marcado e ele compareceu. Como surgiram dúvidas sobre a documentação, ele precisou voltar por duas vezes no mesmo mês. Ao final, foi fechado um acordo, e o cliente pagou metade na ocasião e se comprometeu a pagar o restante dentre de trinta dias. O escritório chamou a atenção pela organização no atendimento: uma máquina para retirar a ficha de espera pela ordem de chegada; cadeiras confortáveis para quem está esperando pelo atendimento, guichês suficientes para não causar demora no atendimento e funcionários simpáticos e prestativos. O cliente elogiou o escritório. No entanto, no sábado seguinte, pela manhã, recebeu uma ligação daquela mesma funcionária. Ela queria saber se ele havia comparecido ao encontro agendado. O cliente deixou 65 claro para a funcionária, que não era ligando para ele, no fim-de-semana que ela saberia sobre seu comparecimento ou não. Tal fato mostrou a falta de organização do escritório. Caso 6 - Um empresário foi até uma loja de discos, onde pretendia comprar alguns brindes para distribuir aos clientes. No entanto, por ser próximo ao Natal, os empregados estavam querendo encerrar o expediente. Começaram, então a enviar certos sinais que o cliente fazia questão de ignorar, para ver até onde iria a pressão. Um deles passou a chave na porta, não entraria mais ninguém. Em seguida, diminuíram a iluminação, sinal de que estavam começando a fechar. Começaram a varrer a loja, como se não houvesse mais ninguém no ambiente. Tal situação fez com que com está loja acabasse fechando. Caso 7 - Um cliente tinha necessidade de comprar uma estante. Procurou por um bairro comercial onde se concentravam muitas lojas de móveis e onde poderia ter maior variedade de preços, marcas e de diferentes qualidades. Em uma das lojas encontrou a estante que resolveria seu problema. Nesta loja havia apenas um vendedor e este não sabia o preço do produto. Além disso, não sabia onde encontrar o preço e o proprietário estava fora e sem hora para retornar. Diante de tal situação o cliente acabou comprando em outro lugar. Caso 8 - Um cliente estava numa grande banca de revistas olhando as “chamadas” da capa de uma delas. A vendedora, distraída e mal humorada, simplesmente pegou a revista e colocou-a numa prateleira distante. Obviamente o cliente foi comprar a revista em outro local.