MARCAÇÃO DE CASO EM KAIOWÁ (GUARANI)
Valéria Faria Cardoso (UNEMAT)
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O trabalho tem como objetivo apresentar uma análise de aspectos da
morfossintaxe do Kaiowá (Guarani) centrados na marcação de caso. A língua Kaiowá,
falada por cerca de 25.000 pessoas, pertence ao subgrupo I da família Tupi-Guarani
(Rodrigues, 1985). A pesquisa lingüística vem sendo realizada com auxílio de falantes
indígenas das aldeias Jaguapirú e Bororó, ambas circunvizinhas ao município de
Dourados (MS). Ponderamos que o sistema de marcação de caso aponta para dois níveis
diferentes de análise: no primeiro, consideramos a oposição entre predicados biargumentais e predicados monoargumentais e, no segundo nível, consideramos as
estratégias de codificação de caso relativas aos aspectos morfossintáticos intra-clausais
do Kaiowá. Ao analisarmos as propriedades formais mais diretamente ligadas às
funções gramaticais dos (SNs) como: a marcação de caso, a concordância e a ordem de
constituintes, juntamente com as indicações verbais de pessoa e número do Kaiowá,
tomamos os prefixos verbais da série I como marcadores de caso nominativo, em
concordância com SNs em função de sujeito de verbo transitivo (A) e em função de
sujeito de verbo intransitivo ativo (Sa), bem como tomamos os pronomes clíticos da
série II, como codificadores de caso absolutivo em concordância com os SNs em função
de objeto (O) e em função de sujeito de verbo intransitivo inativo (So). Entretanto,
verificamos que o Kaiowá também apresenta o morfema sufixal {-pe} que se afixa ao
núcleo de SNs em função de (O) codificando-o com caso acusativo. Além disso, a
língua em questão apresentar a ocorrência de outra série de prefixos verbais, a série III,
que ocorre apenas com predicados transitivos, codificando a função de (O) com o caso
acusativo, de modo a possuir duas estratégias diferentes para marcar a função de (O)
com caso acusativo, havendo, então, uma cisão denominada - cisão acusativa. Com
relação à marcação de caso, num nível em que se opõe predicados bi-argumentais e
mono-argumentais, assumimos que o Kaiowá, assim como o Kamaiurá (Seki, 2000), é
uma língua de Sistema Ativo/Inativo (Cisão Intrasitiva, para Dixon (1994)), por marcar
(Sa) da mesma forma que (A), e (So) da mesma forma que (O).
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Marcação de caso em Kaiowá (Guarani)