Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento PATRÍCIA KAREN DE OLIVEIRA “ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO BIOQUÍMICA DA PELE POR ESPECTROSCOPIA RAMAN” São José dos Campos, SP 2011 Patrícia Karen de Oliveira “ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO BIOQUÍMICA DA PELE POR ESPECTROSCOPIA RAMAN” Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia Biomédica da Universidade do Vale do Paraíba, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica. Orientador: Prof. Dr. Leandro José Raniero Co- Orientador: Prof. Dr. Airton A. Martin São José dos Campos, SP 2011 PATRICIA KAREN DE OLIVEIRA "ANÁLrsE DA coMposrÇÃo BIoeuÍMIc DÀ PELEPoR EsPEcrRoscoPrA RAMAN" Dissertaçãoaprovada como requisito paÌcial à obtençãodo grau de Mestre cÍn Engeúaria ern Engeúaria Biomédica,do Instituto de Pesquisa Biomédica,do Progama de Pós-Graduação e Desenvolvimentoda Universidad€do Vale do Paraíba,SãoJosédos Campos,SP,pela seguinte bancaexaminadora: Prof.Dr. AIRTON A. MARTIN (UNIVAP) Prof. Dr. LEANDRO JOSE RANIf,RO íUNIVAP) PTOf.DÌA. EDILÉIA BAGATIN (I.JNIFESP) Prcf. Dra. SandmMaria Fonsecada Costa DiretoÌ do IP&D Univap SãoJosédosCampos, 21 de janeio de 2ol1'. Dedico primeiramente, não só o meu trabalho mas também toda minha vida a Deus, presente em todos os momentos me dando forças e sabedoria para a realização deste trabalho. Aos meus pais: Helena e João Roberto que são “gigantes”, que me colocaram nos ombros para que eu pudesse crescer e ver novos horizontes, com muito amor e apoio nos momentos difíceis desta caminhada. Abriram as portas do meu futuro, sacrificaram seus sonhos em favor dos meus, sem nada pedir, nem reclamar. Sempre do meu lado me ensinaram a viver com dignidade e fizeram com que me tornasse um ser humano cheio de virtudes. Vocês presenciaram todos os meus esforços nessa conquista, apoiaram minhas decisões e testemunharam minha dedicação. Ás vezes esqueci-me de agradecer a vocês, que são meus pais maravilhosos, o meu reconhecimento e agradecimento. Ao meu amado noivo Leonardo, que sempre esteve presente ao longo desta jornada, sempre me apoiando, incentivando e compreendendo toda renúncia necessária. A Paula minha querida irmã, pelas orações, incentivo, companheirismo e carinho em busca sempre do melhor para mim. AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom inexplicável da vida, por iluminar e encaminhar todos os meus passos e permitir um relacionamento harmonioso com as pessoas que devo toda minha gratidão pela realização deste trabalho. Aos meus pais pela oportunidade e pela confiança que sempre depositaram em mim. Ao Prof. Dr. Leandro José Raniero e Airton A. Martin pela orientação neste trabalho. Agradeço pela confiança em mim depositada, paciência e total compreensão pelas minhas limitações intelectuais e principalmente por permitir meu crescimento acadêmico. A Profª Priscila Fávero por toda compreensão e disponibilidade em me orientar em todos os momentos e me atender nos domingos de manhã. A Doutoranda Maira Gaspar Tosato pela prontidão que sempre me atendia, principalmente na medida dos aminoácidos, conversas e conselhos. A querida Juliana Chaves Piva pelas conversas e desabafos que juntas tivemos. Rani pela colaboração no processamento dos dados. Ao Dr. Karl Jalkanen por todas as ajudas e sublimes informações prestadas me auxiliando nos momentos mais difíceis da execução deste trabalho. Prof. Nilton Syogo Arakawa pelos desenhos dos aminoácidos. Profª. Maria Angélica por toda paciência para me ensinar como cultivar as células e por disponibilizar seu laboratório. Carol pela companhia e conselhos durante o ano em que moramos juntas e desculpome pelas vezes que deixei a desejar. A todos do LEVB, Profª. Renata, Maiara, João Lucas, Magno, Rodrigo e Jéssica que contribuíram de forma direta ou indireta para realização do meu trabalho. Bibliotecária Rúbia pela paciência e compromisso com a formatação final deste trabalho. Secretárias do IP&D Ivone e Neuza por sempre me auxiliarem com muita disposição sempre que solicitadas. Enfim, agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para confecção deste trabalho. PEGADAS NA AREIA Um dia eu tive um sonho... Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e no céu passavam cenas da minha vida. Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia: um era meu e o outro era do Senhor. Quando a última cena da minha vida passou diante de nós, Olhei para trás, para as pegadas na areia, e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia. Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiantes da minha vida. Isso aborreceu-me então perguntei ao Senhor: - Senhor, tu me disseste que, tendo eu resolvido te seguir, Tu andarias sempre comigo, em todo o caminho? Contudo, notei que durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas em que eu mais necessitava de ti, Tu me deixaste sozinho. O Senhor respondeu: - Minha querida filha, jamais te deixaria nas horas de provas e sofrimento. Quando viste na areia apenas um par de pegadas, eram as minhas Foi ai que eu te carreguei no colo. “ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO BIOQUÍMICA DA PELE POR ESPECTROSCOPIA RAMAN” RESUMO O envelhecimento cutâneo é um processo biológico complexo, contínuo que se caracteriza por alterações celulares e moleculares, com diminuição progressiva da capacidade de homeostase do organismo. Ele pode ser dividido em: Extrínseco e Intrínseco. Com os avanços tecnológicos, surgiram as metodologias não invasivas, cientificamente comprovadas e não traumáticas aplicadas nos estudos destes dois processos de envelhecimento cutâneo, impulsionando assim um interesse marcante por pesquisas nesta área. A aplicação dessas metodologias tem revolucionado a área cosmética, pois os profissionais que nela atuam têm conseguido avaliar de maneira quantitativa ou, melhor, comprovar cientificamente os efeitos dos produtos cosmecêuticos. Recentemente a espectroscopia Raman Confocal tem sido aplicada para a medição da profundidade na pele in vivo e vários trabalhos têm relatado tentativas de aplicação desta técnica para obter informações sobre a pele. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi identificar por espectroscopia Raman alguns dos principais constituintes do fator de hidratação natural da pele. Como objetivos secundários, buscamos: identificar do estrato córneo alguns desses constituintes em espectros Raman de pele em diferentes profundidades e correlacionar os picos existentes da pele com alguns dos constituintes entre as diferentes faixas etárias e profundidade. O estudo foi realizado em 32 voluntárias, sendo 11 para o Grupo A, 11 para o grupo B e 10 para o Grupo C, composto com as faixas etárias de 20 – 23 anos, 39 – 42 anos e 59 – 62 anos, respectivamente. De cada grupo foi feita a média dos espectros de pele tirados em 3 profundidade diferentes 0 µm, 30 µm e 60 µm. Diante dos resultados obtidos pode-se concluir que a espectroscopia Raman foi efetiva na caracterização dos compostos bioquímicos que compõe a pele e é uma técnica completamente não invasiva excepcionalmente adequada para estudos de concentrações moleculares. Houve correlação entre espectros coletados in vivo e alguns dos constituintes do fator de hidratação natural da pele. E o Grupo C: apresentou maior área espectral: no pico 809 cm-1 atribuído à presença de tirosina; no pico 875 cm-1 atribuído à presença de ácido pirrolidônico; no pico 930 cm-1 atribuído a presença de colesterol e carotenóides; no pico 1637 cm-1 atribuído à presença de amida I, o grupo C, apresentou uma menor área espectral. Palavras – Chaves: Pele, espectroscopia Raman, hidratação, NMF, melanina, anti-oxidante, colágeno. “DETERMINATION OF THE BIOCHEMICAL COMPOSITION OF SKIN BY RAMAN SPECTROSCOPY” ABSTRACT Skin aging is a complex biological process characterized by continuous cellular and molecular alterations with a progressive degradation in the capacity to maintain homeostasis. Skin aging can be divided into its intrinsic and extrinsic mechanisms. Along with technological advances have come scientifically proven and non-traumatic noninvasive techniques that have been applied in studies of the intrinsic and extrinsic processes of skin aging. This has created and allowed a marked interest and increase in fundamental molecular level research in this area. The application of these new methodologies has revolutionized the cosmetic area. Professionals working in both fundamental and applied skin research are able and required to assess and prove both quantitatively, as well as qualitatively, the scientific claims made about the effects that the cosmetic products have on skin. Recently confocal Raman spectroscopy has been used to measure the Raman spectra of various components in the skin at various depths. Several in vivo studies have reported attempts to obtain information about the skin from Raman spectra. Following up on those works, the objective of this study was to identify by Raman spectroscopy some of the major components of the natural moisturizing factor of the skin. A secondary objective was to then monitor the concentration and conformations of these identified constituents in the stratum corneum of the skin as a function of depth by using confocal Raman spectroscopy. Additionally, we sought to identify and correlate specific bands in the Raman spectra of the constituents of the skin in different age groups as a function of depth to further understand the aging process of the skin in these different groups. The study involved 32 volunteers: 11 in Group A (between the ages of 20 and 23), 11 in group B (between the ages of 39 and 42), and 10 in Group C (between the ages of 59 and 62). The spectra of the skin at three different depths (0 micrometers, 30 micrometers, and 60 micrometers) was measured for each individual in each group and subsequently averaged. Based on these results, which are consistent with those obtained from other independent studies, one can conclude that Raman spectroscopy is effective in the characterization of biochemical compounds that make up the skin. In addition, it is a completely noninvasive technique uniquely suited for studies involving the molecular concentrations of various constituents in the skin and the effect various cosmetic products have on them. Finally, a number of correlations between the spectra collected in vivo and in vitro with some of the constituents of the natural moisturizing factor of the skin was observed. A number of bands had larger average integrated areas, for example the peak at 809 cm-1 attributed to the presence of tyrosine, the peak at 875 cm-1 attributed to the presence of pyrrolidone carboxylic acid (PCA); while other peaks had smaller integrated areas, for example the peaks at 930 cm-1 attributed to the presence of cholesterol and carotenoids, and the peak at 1637 cm-1 attributed to the presence of amide I band in proteins. These observations were found for individuals from Group C and appear to be biomarkers of the aging process. Key - words: Skin, Raman spectroscopy, hydration, MFN, melanin, anti-oxidant, collagen. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1: Esquema da anatomia da pele 6 FIGURA 2: Imagem da Cultura de Queratinócitos 7 FIGURA 3: Camadas da epiderme 8 FIGURA 4: Esquema da anatomia da pele 10 FIGURA 5: Imagem da Cultura de Melanócitos 10 FIGURA 6: Imagem da Cultura de Fibroblasto 12 FIGURA 7: Estrutura dos Principais Constituintes do Estrato Córneo 16 FIGURA 8: Diagrama do Microscópio Confocal 19 FIGURA 9: Diagrama do Microscópio Raman Confocal 19 FIGURA 10: Sonda Confocal Jobin Yvon 27 FIGURA 11: Espectro Raman de Fenilalanina 29 FIGURA 12: Espectro Raman de Glicina 30 FIGURA 13: Espectro Raman de Isoleucina 31 FIGURA 14: Espectro Raman de Lisozima 32 FIGURA 15: Espectro Raman de Ornitina 33 FIGURA 16: Espectro Raman de Prolina 34 FIGURA 17: Espectro Raman de Àcido Aspártico 35 FIGURA 18: Espectro Raman de PCA 36 FIGURA 19: Espectro Raman de Serina 37 FIGURA 20: Espectro Raman de Valina 38 FIGURA 21: Espectro Raman de Treonina 39 FIGURA 22: Espectro Raman de Histidina 40 FIGURA 23: Espectro Raman de Alanina 41 FIGURA 24: Espectro Raman de Citrulina 42 FIGURA 25: Espectro Raman de Arginina 43 FIGURA 26: Espectro Raman Médio Característico da superfície da pele 44 FIGURA 27: Média dos Espectros do Grupo A 47 FIGURA 28: Média dos Espectros do Grupo B 48 FIGURA 29: Média dos Espectros do Grupo C 49 FIGURA 30: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades na faixa: 50 781– 849 FIGURA 31: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades na faixa: 51 849 – 887 FIGURA 32: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades na faixa: 53 887 – 1005 FIGURA 33: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades na faixa: 54 1005 – 1087 FIGURA 34: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades na faixa: 55 1087 – 1167 FIGURA 35: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades na faixa: 56 1167 – 1225 FIGURA 36: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades na faixa: 57 1225 – 1355 FIGURA 37: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades na faixa: 58 1355 – 1483 FIGURA 38: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades na faixa: 1483 – 1707 59 LISTA DE TABELAS TABELA 1: PKa Conforme Dawson 17 TABELA 2: Modos Vibracionais Aproximados da Fenilalanina 29 TABELA 3: Modos Vibracionais Aproximados da Glicina 30 TABELA 4: Modos Vibracionais Aproximados da Isoleucina 31 TABELA 5: Modos Vibracionais Aproximados da Lisozima 32 TABELA 6: Modos Vibracionais Aproximados da Ornitina 33 TABELA 7: Modos Vibracionais Aproximados da Prolina 34 TABELA 8: Modos Vibracionais Aproximados do Ácido Aspártico 35 TABELA 9: Modos Vibracionais Aproximados do PCA 36 TABELA 10: Modos Vibracionais Aproximados da Serina 37 TABELA 11: Modos Vibracionais Aproximados da Valina 38 TABELA 12: Modos Vibracionais Aproximados da Treonina 39 TABELA 13: Modos Vibracionais Aproximados da Histidina 40 TABELA 14: Modos Vibracionais Aproximados da Alanina 41 TABELA 15: Modos Vibracionais Aproximados da Citrulina 42 TABELA 16: Modos Vibracionais Aproximados da Arginina 43 TABELA 17: Modos Vibracionais Aproximados da Pele 45 TABELA 18: Cálculo das Áreas Integradas Sob a Curva do Espectro do Grupo 47 A nas profundidades: 0 μm, 30 μm, 60 μm. TABELA 19: Cálculo das Áreas Integradas Sob a Curva do Espectro do Grupo 48 B nas profundidades: 0 μm, 30 μm, 60 μm. TABELA 20: Cálculo das Áreas Integradas Sob a Curva do Espectro do Grupo C nas profundidades: 0 μm, 30 μm, 60 μm. 49 LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS CaF2: Fluoreto de cálcio CCD: Charge Coupled Device CEP: Comitê de Ética em Pesquisa IP&D: Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento NMF: Fator de Hidratação Natural PBS: Tampão Fosfato Salino PCA: Ácido Pirrolidona Carboxílico m: micro metro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................20 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................23 2.1 Anatomia da Pele................................................................................................................23 2.1.1 Epiderme.............................................................................................................24 2.1.2 Derme .................................................................................................................28 2.1.3 Hipoderme ..........................................................................................................29 2.1.4 Pele e o Processo do Envelhecimento ................................................................29 2.1.5 Aminoácidos.......................................................................................................30 2.2 Espectroscopia Raman........................................................................................................34 2.3 Espectroscopia Raman Confocal ........................................................................................35 2.4 Espectroscopia Raman no estudo de pele...........................................................................37 3 OBJETIVOS.....................................................................................................................40 4 MATERIAIS ....................................................................................................................41 5 MÉTODOS.......................................................................................................................43 5.1 Procedimento Experimental - Medida Raman dos Aminoácidos.......................................43 5.2 Procedimento Experimental - Medida Raman “in vivo”..................................................43 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................................45 6.1 Espectros Base dos Aminoácidos ......................................................................................45 6.1.1 Fenilalanina .............................................................................................................46 6.1.2 Glicina .....................................................................................................................47 6.1.3 Isoleucina.................................................................................................................48 6.1.4 Lisozima ..................................................................................................................49 6.1.5 Ornitina....................................................................................................................50 6.1.6 Prolina......................................................................................................................50 6.1.7 Ácido aspártico ........................................................................................................51 6.1.8 PCA .........................................................................................................................53 6.1.9 Serina .......................................................................................................................54 6.1.10 Valina ....................................................................................................................55 6.1.11 Treonina.................................................................................................................56 6.1.12 Histidina ................................................................................................................57 6.1.13 Alanina ..................................................................................................................58 6.1.14 Citrulina .................................................................................................................59 6.1.15 Arginina .................................................................................................................60 6.2 Espectro Raman da Superfície da Pele ..............................................................................61 6.3 Média dos Espectros do Grupo A: 0 µm, 30 µm, 60 µm. ..................................................63 6.4 Média dos Espectros do Grupo B: 0 µm, 30 µm, 60 µm...................................................65 6.5 Média do Espectro do Grupo C: 0 µm, 30 µm, 60 µm......................................................66 6.6 Análise das áreas por faixas espectrais correlacionadas às faixas etárias e profundidades............................................................................................................................67 6.6.1 Faixa: 781 – 849 (cm-1) ...........................................................................................67 6.6.2 Faixa: 849 – 887 (cm-1) ......................................................................................68 6.6.3 Faixa: 887 – 1005 (cm-1) ....................................................................................69 6.6.4 Faixa: 1005 – 1087 (cm-1) ..................................................................................70 6.6.5 Faixa: 1087 – 1167 (cm-1) ..................................................................................71 6.6.6 Faixa: 1167 – 1225 (cm-1) ..................................................................................72 6.6.7 Faixa: 1225 – 1355 (cm-1) ..................................................................................73 6.6.8 Faixa: 1355 – 1483 (cm-1) ..................................................................................74 6.6.9 Faixa: 1483 – 1707 (cm-1) .......................................................................................75 7 CONCLUSÃO..................................................................................................................77 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................18 1 INTRODUÇÃO A indústria de beleza mundial tem um crescimento médio de 9% ao ano e fatura cerca de R$16 bilhões de dólares. O Brasil ultrapassou a França e já é o terceiro do “ranking" mundial, liderado pelos Estados Unidos e Japão. Tudo isso se deve a busca incessante pela máxima aproximação do padrão de beleza e jovialidade (VALENÇA, NASCIMENTO, GERMANO 2010; VIEIRA, LAPLANE, 2001). Isso porque com o passar dos anos, a pele apresenta um declínio de todas as suas funções e este é o motivo pelo aumento das vendas de produtos cosmecêuticos, na busca pela beleza já que as alterações macroscópicas e histológicas são evidentes no processo de envelhecimento cutâneo. O envelhecimento cutâneo é um processo biológico complexo, contínuo que se caracteriza por alterações celulares e moleculares, com diminuição progressiva da capacidade de homeostase do organismo. Podendo ser dividido em: Intrínseco ou cronológico: é o natural inevitável, relacionado a fatores genéticos, encurtamento progressivo dos telômeros até um tamanho crítico (quando a célula entra em apoptoses) (RABE et al 2006); caracterizado por atrofia da pele e rugas finas, por afetar principalmente as fibras elásticas (BAGATIN, 2008). Extrínseco ou fotoenvelhecimento: depende da relação do fototipo e a exposição solar continua e sem proteção, caracterizado por rugas profundas, ceratose, pele espessada, amarelada, seca, telangiectasias, queratoses e melanoses. As modificações decorrentes da exposição prolongada e cumulativa a radiação ultravioleta, levam ao fotoenvelhecimento, comprometendo assim as áreas do corpo constantemente expostas e pode ser evitado (BAGATIN, 2008). Os fatores que propiciam o envelhecimento cutâneo precoce são aproximadamente: 50% estilo de vida (fotodano, fumo, álcool, exposição solar, profissão), 20% são as causas ambientais (climas quentes, secos, ventos), e 30% a herança genética (modificações bioquímicas, moleculares, estresse oxidativo e proteases) (TRUEB 2005). Recentes avanços têm beneficiado tanto médicos dermatologistas como os profissionais que trabalham no desenvolvimento de produtos cosmecêuticos. Antes do emprego de metodologias não invasivas, a dermatologia e suas áreas de atuação baseavam-se, na maioria das vezes, na observação clínica e também métodos invasivos, que muitas vezes causam desconforto aos pacientes. Com o avanço da tecnologia contam com o auxilio de ferramentas não invasivas, cientificamente comprovadas e não traumáticas, não envolvendo qualquer agressão ou desconforto. A aplicação dessas metodologias tem revolucionado a área cosmética, pois os profissionais que nela atuam têm conseguido avaliar de maneira quantitativa ou, melhor, comprovar cientificamente os efeitos dos produtos cosmecêuticos (LEONARDI, GASPAR, CAMPOS, 2002). Várias dermatoses têm sido estudadas, como xerose e até as formas mais graves de psoríase. Existe uma necessidade de técnicas que proporcionem um conhecimento sobre os constituintes do NMF da pele. O uso de métodos não invasivos é importante no estudo da pele, em seu estado natural, sem afetar sua integridade, morfologia ou composição molecular. Com a espectroscopia Raman essas medições podem ser feitas e sem afetar sua integridade (CASPERS, NIJSSEN, PUPPELS, 2004). A técnica de espectroscopia Raman in vivo permite a identificação, caracterização, em tempo real das alterações bioquímicas decorrentes dos processos degenerativos dos tecidos vivos, nos estudos dos principais constituintes da pele, como, proteínas, lipídeos e água (MARROT, MEUNIER 2008; SCHROEDER, HAENDELER, KRUTMANN 2008). Recentemente a espectroscopia Raman tem sido aplicada para a medição da profundidade na pele in vivo e vários estudos relatam a aplicação desta técnica para obter informações sobre a pele (EGAWA, TAGAMI, 2008). Muitos dermatologistas, cientistas e empresas de cosméticos têm interesse na avaliação da concentração de água no estrato córneo, do chamado fator de hidratação natural ou NMF e lipídios. No entanto, informações sobre a concentração de água em função da profundidade no estrato córneo não podem ser obtidos sem utilizar um método invasivo. Por outro lado, os atuais progressos em técnicas de espectroscopia Raman permitiram obter informações sobre a composição molecular in vivo da pele usando um método não invasivo. A espectroscopia tem sido utilizada para a avaliação quantitativa e qualitativa de água, além de controlar a da profundidade de penetração (EGAWA, TAGAMI, 2007). As principais vantagens do uso da espectroscopia Raman confocal que permitem sua disseminação no mercado são elas: a não necessidade de preparação da amostra, a ótima resolução espacial. Assim a técnica é útil em vários domínios como na indústria cosmética, farmacêutica e pesquisas acadêmicas e tem uma grande perspectiva de crescimento em longo prazo. Entretanto, para se obter uma avaliação qualitativa ou mesmo semi-quantitativa das alterações no NMF por espectroscopia Raman confocal, é necessário ter disponível os espectros bases dos principais constituintes do NMF para que possam adquirir estas referências espectrais. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Anatomia da Pele A pele é o maior órgão do corpo humano por sua extensão e peso, correspondendo a cerca de 20% da massa corporal total, indispensável à vida e apresenta as seguintes funções: revestir o corpo, barreira entre os meios interno e externo, conservar os fluidos corporais, impedir a penetração de microorganismos, absorver a radiação ultravioleta, participar na síntese da vitamina D, além de desempenhar um papel fundamental nos mecanismos de termorregulação e vigilância imunológica (JOHNSON, WOLFF, 2008 ). Existem dois tipos de pele que podem variar de 1 mm a 4 mm de espessura, a pele glabra caracterizada por camada espessa de queratina (regiões palmares e plantares) e a pele pilificada que é mais fina e recobre o restante do corpo. A pele é composta por 3 camadas: epiderme, formada por tecido epitelial; derme formada por tecido conjuntivo e hipoderme que é a camada inferior contendo gordura conforme ilustrado na figura 1 (WOLF, 2008). A epiderme humana apresenta camadas com complexa organização. O estrato córneo é a mais superficial responsável pela das função de barreira (DARLENSKI et al 2009). Figura 1: Esquema da anatomia da pele Fonte: www.afh.bio.br/sentidos/sentidos10.asp 2.1.1 Epiderme A epiderme é a camada externa da pele com espessura variável tendo como célula principal os queratinócitos (visualizados na figura 2) que ao se moverem em direção à superfície, sofrem alterações na forma e composição molecular. Por último, sofrem uma transição para uma camada de células achatadas, que é o estrato córneo. O estrato córneo tem espessura de 10-15 µm, exceto nas regiões palmares e plantares onde pode ser 10 vezes mais espesso. Apesar de sua espessura o estrato córneo constitui uma barreira altamente eficiente contra a perda de água e de proteção contra agressões químicas e microbianas. O principal constituinte do estrato córneo é a queratina, que representa 80% do seu peso seco (CASPERS, LUCASSENY, PUPPLES, 2003). Os queratinócitos têm como função prover uma camada de proteção (figura 2) e produção de alguns compostos. Eles são células epidérmicas primárias de formato irregular que sintetizam grande número de fatores de crescimento, proteínas e enzimas (WOLFF, 2008). Figura 2: Imagem da Cultura de queratinócitos Fonte: Autora A epiderme está disposta em camadas distintas conforme ilustrado na figura 3: Junção dermoepidérmica: Atua como suporte para epiderme, com espessura de 60 nm a 140 nm de colágeno. Camada basal: que contém células germinativas que por divisão mitótica proporcionam os queratinócitos das camadas superiores; Camada espinhosa: composta de cinco a seis camadas de queratinócitos, as pontes intercelulares que ligam as células adjacentes são chamadas desmossomos; Camada Granulosa: é a camada mais superficial da porção nucleada da epiderme; Camada Córnea: (visualizada na figura 3 e 4) acima da transição abrupta entre as células nucleadas da camada granulosa composta por células planas e anucleadas; Lâmina Lúcida: camada de transição entre as células granulosas e os corneócitos, presente apenas em algumas áreas corporais (JOHNSON, WOLFF, 2008 ). Na camada basal da epiderme, as células proliferam, e diferenciam-se perdendo organelas celulares e transformando-se química e fisicamente em células resistentes cornificadas, os corneócitos. No estrato córneo, os corneócitos são incorporados na matriz lipídica intercelular. Após a extrusão de corpos lamelares na interface entre o estrato granuloso e estrato córneo, os lipídios são metabolizados e formam a matriz lipídica intercelular (BOUWSTRA et al 2008). Figura 3: Camadas da Epiderme Fonte: http:// ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/imagens/estrutura-epiderme.gif O estrato córneo é composto por: Queratina: é a principal proteína da epiderme. Lipídeos: a maioria dos lipídeos da pele é encontrada na epiderme. Os lipídeos do estrato córneo são compostos principalmente de colesterol (25%), ceramidas (50%) e ácidos graxos (15%) e outros tipos de lipídeos em quantidades menores. Água: é responsável pela flexibilidade da pele e se ausente provoca fissuras e rachaduras. Em uma série de estudos a quantidade de água no estrato córneo tem sido relacionada com a condição da pele seca. NMF: é responsável pela manutenção do nível de hidratação do estrato córneo. É uma mistura de aminoácidos, derivados de aminoácidos e sais específicos, produzido exclusivamente pelas células do estrato córneo. Os constituintes químicos são altamente solúveis em água e higroscópicos, absorvem a água da atmosfera mesmo em umidade relativa baixa. Isso permite a manutenção dos níveis de água mesmo em ambiente extremamente seco. A filagrina é a única fonte de aminoácidos dos componentes do NMF. A proteína precursora NMF é chamada de profilagrina e é encontrada na camada espinhosa e granulosa da epiderme. Após a permeabilidade de água na barreira epidérmica, a filagrina é hidrolisada e convertida em NMF em um processo abrupto que ocorre na parte inferior das poucas camadas de células do estrato córneo. A conversão de filagrina em NMF é um processo enzimático que, como muitos outros são influenciados pelo nível de hidratação. O teor de água no estrato córneo esta entre 10 e 20%. A retenção de água é essencial para manter sua flexibilidade e prover a hidratação necessária às enzimas envolvidas em vários aspectos de função e maturação do estrato córneo (CASPERS 2003). O conteúdo de água, por sua vez, segue um gradiente, diminuindo conforme se aproxima da superfície. As camadas mais profundas contêm aproximadamente 65-70% de água enquanto as mais externas contêm aproximadamente 10-15%. A maior parte esta na derme ligada à glicosaminoglicanas, em particular, ao àcido hialurônico e ao sulfato de condroitina. A derme e a epiderme são compostas por aproximadamente 70% de água (DARLENSKI et al 2009). A função do estrato córneo depende da presença de umidificantes, especialmente constituintes do fator de hidratação natural. Quando as células epidérmicas morrem e se transformam em estrato córneo, as proteínas são degradadas em aminoácidos e transportadas para o estrato córneo. Cerca de metade do NMF é formada por aminoácidos e ácido carboxílico pirrolidona (PCA) derivado do glutamato (CASPERS 2003). Figura 4: Esquema da anatomia da Pele Fonte: www.sobiologia.com.br/figuras/Reinos3/epiderme.gif Dentre os principais constituintes do NMF encontram – se o ácido carboxílico pirrolidona (PCA), ácido urocânico, lactato, uréia, serina, glicina, arginina, ornitina, citrulina, alanina, histidina, fenilalanina (HARDING, WATKINSON, RAWLINGS 2000). A segunda maior população de células na epiderme são os melanócitos grandes, dendritícos e localizados na camada basal, conforme ilustrado na figura 5. Sua função é produzir melanina que protege as células da radiação ultravioleta. Eles transportam a melanina aos queratinócitos através dos dendritos. Figura 5: Imagem da Cultura de melanócitos Fonte: Autora As células de Langerhans têm um importante papel no sistema imune da pele. A cultura primária destas células é menos estável que a de queratinócitos e melanócitos e, portanto, menos utilizada como modelo in vitro (MAJMUDAR; SMITH, 1998). 2.1.2 Derme A camada interna, a derme, possui entre 1 - 4 mm de espessura sendo composta de tecido conjuntivo (fibras colágenas e elásticas envoltas por substância fundamental amorfa), e outras estruturas incluindo nervos, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e glândulas está localizada entre a epiderme e a hipoderme, é responsável pela resistência mecânica e elasticidade da pele. Os folículos pilossebáceos e glândulas sudoríparas se abrem na epiderme, também se localizam na derme. A região que une a epiderme e a derme se une é chama de junção dermo-epidérmica. Nesta área, a epiderme se projeta em direção à derme, formando as cristas epidérmicas como mostrado na figura 4, que aumentam a superfície de contato entre as 2 camadas, facilitando a nutrição das células epidérmicas pelos vasos sanguíneos da derme. Descrevem-se na derme duas camadas, de limites pouco distintos, que são a derme papilar, mais superficial; e a derme reticular, mais profunda. Derme papilar: delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo, seu nome relacionase ao fato dela penetrar nas papilas dérmicas. Nesta camada existem fibrilas especiais de colágeno, que se inserem na mesma membrana basal e penetram profundamente na derme. Estas fibrilas têm a função de unir a derme à epiderme. Derme reticular: mais espessa constituída por tecido conjuntivo denso. Ambas as camadas contêm muitas fibras elásticas, responsáveis, em parte, pela elasticidade da pele. Além dos vasos sanguíneos e linfáticos, e dos nervos, também são encontradas na derme as seguintes estruturas, derivadas da epiderme: pêlos, glândulas sebáceas e sudoríparas, e unhas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). Os Fibroblastos são as células em maior número nesta camada. São largamente utilizados na cultura celular devido a sua alta capacidade de crescimento, quando comparada a outras linhagens celulares. São células maiores que os queratinócitos, de formato alongado, com terminações pontiagudas. A função principal dos fibroblastos é sintetizar proteínas da matriz extracelular, como o colágeno, fibronectina, elastina e proteoglicanos além das enzimas de sua degradação, como a colagenase, elastase e outras metaloproteinases da matriz (CASPERS; LUCASSEN; PUPPLES, 2003). Figura 6: Imagem da Cultura de fibroblastos Fonte: Autora 2.1.3 Hipoderme A hipoderme mostrada na figura 1, também chamada de tecido celular subcutâneo, é a porção mais profunda da pele. Formada por tecido conjuntivo frouxo que envolve células gordurosas (adipócitos) e formam lóbulos de gordura. É a camada responsável pelo deslizamento da pele sobre as estruturas na qual se apóia. Dependendo da região e do grau de nutrição do organismo, a hipoderme poderá ter uma camada variável de tecido adiposo que, quando desenvolvida, constitui o panículo adiposo. Como a gordura é um bom isolante térmico, o panículo adiposo proporciona proteção contra o frio. (JUNQUEIRA; CARNEIRO 1999). 2.1.4 Pele e o Processo do Envelhecimento Alguns estudos verificaram que com o processo de envelhecimento existem alterações tanto na histologia como na fisiologia da pele tais como: afinamento da epiderme, achatamento da junção dermoepidérmica, redução da celularidade na derme, redução da sinuosidade do trajeto da epiderme ao longo do comprimento da superfície dérmica, aplanamento da derme papilar. Os melanócitos aumentam em número e tamanho, enquanto as células de Langerhans diminuem e tem sua função comprometida. A derme, ao contrário da pele apenas cronologicamente envelhecida, apresenta maior número de fibroblastos, mastócitos e histiócitos, caracterizando o processo inflamatório denominado heliodermatite ou dermato-heliose. No fotoenvelhecimento ocorre: elastose solar, com substituição das fibras colágenas maduras por colágeno de aspecto basofílico (degeneração basofílica do colágeno) na derme papilar e reticular, fragmentação das fibras elásticas e modificações na estrutura e composição das fibrilas de ancoragem, proteoglicanas e glicosaminoglicanas (MANELAAZULAY et al 2010). 2.1.5 Aminoácidos Os aminoácidos são uns dos principais constituintes do NMF, sendo as unidades estruturais básicas das proteínas. Um α-aminoácido é constituído de um grupamento amino, uma carboxila, um átomo de hidrogênio e um grupamento R diferenciado, todos eles ligados a um átomo de carbono α. Eles diferem uns dos outros através de suas cadeias laterais ou grupos R. Este átomo de carbono é chamado de α por ser adjacente à carboxila ácida (STRYER, 1996). O átomo de carbono α é assim um centro quiral devido ao arranjo tetraédrico das orbitais de ligação ao redor do carbono α dos aminoácidos, duas disposições espaciais distintas são chamadas estereoisômeros. Os estereoisômeros de todos os compostos quirais são designados pela letra L (de levorrotatório que significa “esquerdo”) e pela letra D (de destrorrotatório que significa “direito”). Os símbolos L e D referem-se à configuração absoluta dos quatro substituintes ao redor do átomo de carbono quiral. Os aminoácidos nas moléculas protéicas são sempre L-estereoisômeros os Daminoácidos são encontrados nas paredes de células bacterianas. Os aminoácidos em soluções aquosas estão ionizados e podem agir como ácidos ou bases. Aqueles α – aminoácidos, que têm um único grupo amino e um único grupo carboxila, cristalizam-se de soluções aquosas neutras como espécies totalmente ionizadas conhecidas como “zwitterions” (palavra alemã para “íons híbridos”), cada um tendo uma carga negativa e uma positiva. Estes íons permanecem estacionários, isto é, não migram quando colocados em um campo elétrico. Os aminoácidos podem ser classificados de acordo com o grupo R: Grupo R Apolares (hidrofóbica), Alifáticos: Os grupos R nesta classe de aminoácidos são apolares e hidrofóbicas. As cadeias de alanina, valina, leucina, isoleucina tendem a se agrupar dentro de proteínas e a estabilização das proteínas é estruturada por meio de interações hidrofóbicas. A glicina tem a estrutura mais simples, apesar de formalmente apolar, a sua cadeia lateral muito pequena não faz real contribuição para a interação hidrofóbica. A prolina tem uma cadeia lateral alifática, com uma estrutura distinta cíclica. O grupo amino secundário de resíduos de prolina tem conformação rígida, que reduz estruturalmente a flexibilidade das regiões que o contém. Grupo R Aromáticos: fenilalanina, tirosina e triptofano, com as suas cadeias laterais aromáticas, são relativamente apolares. Todos podem participar de interações hidrofóbicas. O grupo hidroxila da tirosina pode formar pontes de hidrogênio, e é um importante grupo funcional de algumas enzimas. Tirosina e triptofano são significativamente mais polares do que a fenilalanina. Triptofano e tirosina, num grau muito menor que a fenilalanina, absorvem a luz ultravioleta. Isso explica a forte absorção de luz por proteínas no comprimento de onda 280 nm, uma propriedade explorada por investigadores na caracterização de proteínas. Grupo R, Polar sem carga: O grupo R desses aminoácidos são os mais solúveis em água, ou mais hidrofílicos, que os aminoácidos apolares, porque eles contêm um grupo funcional que forma pontes de hidrogênio com a água. Esta classe de aminoácidos inclui serina, treonina, cisteína, asparagina e glutamina. A polaridade da serina e treonina é devido aos grupos hidroxila; a cisteína pelo grupo sulfidrila e a asparagina e glutamina pelo grupo amida. Asparagina e glutamina são os outros dois aminoácidos encontrados também em proteínas, aspartato e glutamato, respectivamente, aos quais asparagina e glutamina são facilmente hidrolisados por ácido ou base. Grupo R Carregado positivamente: os aminoácidos em que os grupos R tem uma carga positiva e significativa com pH 7.0 são a lisina, arginina e histidina. Grupo R Carregado negativamente: os dois aminoácidos com grupos R com uma carga líquida negativa em ph 7.0 são aspartato e glutamato, cada qual com um segundo grupo carboxila. Os mais hidrofílicos dos grupos R são aqueles que são carregados positivamente ou negativamente. A ornitina e a citrulina também são aminoácidos encontrados em células com uma variedade de funções, mas derivadas de proteínas e merecem uma atenção especial porque são intermediários importantes na biossíntese da arginina e no ciclo da uréia (NELSON, COX, 2008; STRYER 1996). A figura 7 mostra as estruturas dos principais constituintes encontrados no estrato córneo: COO+NH3 H C CH2 CH2 COO- CH2 +NH3 H C HN O -OOC CH2 H O C CH2 C HC CH HC CH COO+NH3 C C H H (a) (b) HN C HC CH HC CH H C H COO- CH2 C +NH3 CH2 H C CH2OH O (c) (d) (e) COOCOO- +NH3 C H +NH3 CH2 COO+NH3 COOC HC NH N CH2 CH2 CH2 +NH3 C (f) CH2 CH2 CH2 NH NH NH2 O H CH3 CH H CH2 CH2 H C C O (g) NH2 (h) O H2N N+H2 (i) NH2 (j) O N OH H3C OH HO HN (k) (l) Figura 7: Estrutura dos principais constituintes do NMF do estrato córneo: (a) Fenilalanina, (b) Glicina, (c) Ornitina, (d) Ácido Carboxílico da Pirrolidona, (e) Serina, (f) Histidina, (g) Alanina, (h) Citrulina, (i) Arginina, (j) Uréia, (k) Ácido Urocânico, (l) Lactato. Fonte: Autora A tabela 1 mostra as propriedades e convenções associadas com alguns dos aminoácidos e outros constituintes do NMF, sendo o pka o grau de acidez dos aminoácidos segundo Nelson e Cox (2008) e Sanz-Nebot et al (2002). Tabela 1: Os pka conforme Nelson e Cox (2008) e Sanz-Nebot et al (2002). PK1 PK2 PKR PI - COOH - NH+3 R Group Arginina 2.17 9.04 12.48 10.76 Aspartato 1.88 9.60 3.65 2.77 Histidina 1.82 9.17 6.00 7.59 Treonina 2.11 9.62 - 5.87 Serina 2.21 9.15 - 5.68 Fenilalanina 1.83 9.13 - 5.48 Isoleucina 2.36 9.68 - 6.02 Valina 2.32 9.62 - 5.97 Prolina 1.99 10.96 - 6.48 Alanina 2.34 9.69 - 6.01 Glicina 2.34 9.60 - 5.97 Ornitina 1.71 8.69 10.76 - Ácido Carboxílico da Pirrolidona 3.32 - - - Ácido Urocânico 5.8 3.5 - - Lisozima - - - 11 Citrulina 2.39 9.58 - - 2.2 Espectroscopia Raman A espectroscopia Raman foi demonstrada pela primeira vez, em 1928, por Chandrasekhara Venkata Raman, após experimentos em que iluminava diferentes meios com lâmpadas de mercúrio. A luz espalhada pela amostra era analisada pelo espectrógrafo que apresentava bandas diferentes do espectro da luz de mercúrio. Desta forma Chandrasekhara Venkata Raman concluiu que as freqüências representavam as vibrações das moléculas da amostra. Se a energia do fóton incidente é inalterada após colisão com uma molécula, o fóton espalhado tem a mesma freqüência que o fóton incidente – este efeito é conhecido como Rayleigh ou espalhamento elástico. Quando a energia é transferida a partir da molécula para o fóton, ou vice-versa, o fóton espalhado tem maior ou menor energia que o fóton incidente, este é o espalhamento inelástico ou espalhamento Raman. Estes efeitos foram descritos em 1928 por C.V.Raman, pelo qual recebeu o Prêmio Nobel. A diferença entre a freqüência incidente e a luz espalhada denomina-se espalhamento Raman. Se o fóton tem uma freqüência maior e, portanto, menor energia do que a luz incidente, este efeito é conhecido como StokesRaman. Assim, o espectro Raman, é um método baseado no espalhamento inelástico da luz e fornece informações em nível molecular da composição bioquímica do composto em análise. (MOVASAGHI, REHMAN, REHMAN, 2007; APELDOORN et al, 2005). 2.3 Espectroscopia Raman Confocal O primeiro microscópio confocal foi inventado em 1955 e patenteado em 1957 por Marvin Minsky, estudante de pós-doutorado da Universidade de Harvard (USA). Ele acreditava que toda a luz espalhada poderia ser bloqueada antes de entrar na objetiva do microscópio. De acordo com seu ponto de vista, um microscópio ideal seria aquele que conseguisse medir o espalhamento da luz apenas de um único ponto da amostra. Dentro deste contexto, Marvin Minsky, instalou uma fenda circular após a fonte de luz; a pequena abertura refocalizava a luz na objetiva, e, assim, iluminava apenas um único ponto na amostra. Deste modo o espalhamento de luz de outros elementos não existiria mais, a quantidade de luz espalhada seria reduzida por um número de ordens de grandeza, sem afetar o brilho do foco. Uma segunda fenda foi colocada entre a objetiva e o plano da imagem para rejeitar qualquer raio de luz que estivesse fora de foco, funcionando como um filtro de frequência espacial. O princípio do microscópio confocal idealizado por Minsky é mostrado no diagrama da Figura 8. Figura 8: Diagrama do microscópio confocal Fonte: Autora A microscopia confocal pode ser associada com diferentes técnicas, tal como: Absorção, Reflexão, Transmissão, Emissão, Fotoluminescência, Fluorescência ou Espectroscopia Raman (figura 9, diagrama esquemático do microscópio confocal utilizado nesta dissertação). Dentre estas, a Espectroscopia Raman tem-se recentemente destacado. Amostra 4 Objetiva 3 5 2 2 Câmera Legenda: 1 - Fibra 2 - Lente 3 - Espelho 4 - Espelho móvel 5 - Separador de feixe 1 2 1 espectrômetro 2 1 Laser Luz Visível Figura 9: Diagrama do microscópio Raman confocal Jobin Yvon Fonte: manual do equipamento A sonda Microscópica Confocal é composta por fibras, lentes, espelhos, câmera e por uma objetiva. As fibras são responsáveis por guiar o laser até a sonda e também levar o sinal espalhado da amostra até o espectrômetro. As lentes e os espelhos são necessários para fazer o caminho óptico dentro do microscópio e o acoplamento dos sinais nas fibras e objetiva. A câmera serve para visualizar a superfície da amostra em análise. O diagrama esquemático do funcionamento do microscópio confocal é mostrado na figura 9. 2.4 Espectroscopia Raman no estudo de pele A espectroscopia Raman é hoje rotineiramente utilizada em estudos de pele in vivo. A capacidade de medir a composição química da pele sem nenhum dano invasivo a torna uma ferramenta valiosa e, portanto, muito aceita (VAN DER POL; CASPERS, 2008; MÉLOT et al, 2009). As diferentes camadas da pele (estrato córneo, epiderme, derme) podem ser identificadas. A Microscopia Raman confocal in vivo é uma ferramenta em potencial que pode substituir a biópsia (CASPERS, LUCASSEN, PUPPLES, 2003). Caspers et al (2003) realizaram um estudo com espectroscopia Raman confocal como um método não – invasivo para obter informações detalhadas sobre a composição molecular da pele in vivo e in vitro. Eles analisaram semi – quantativamente a concentração dos principais aminoácidos livres que constituem o NMF (serina, glicina, pirrolidona, arginina, ornitina, citrulina, alanina, histidina, etc). Esta análise permitiu a obtenção de informações dos compostos em amostras in vivo. A determinação do perfil dos constituintes do NMF foi realizada na região espectral de 400 – 2000 cm-1. Chrit et al (2005) realizaram um estudo na pele de voluntários saudáveis com o objetivo de avaliar o potencial da espectroscopia Raman confocal in vivo . Os autores utilizaram uma micro-sonda acoplada em que fibra óptica é um laser de 633 nm. Examinaram mudanças na composição molecular e na estrutura do estrato córneo, a partir de diferentes sítios anatômicos e camadas da pele. Principais variações espectrais foram detectadas nas seguintes regiões: 800-900 cm-1 (aminoácidos); 1200-1290 cm-1 (proteínas); e de 1030 a 1130 cm-1, 1300-1450 cm-1, e 2800 a 2900 cm-1 (lipídios). Esses achados resultam de alterações no estrato córneo nos componentes naturais tais como hidratação, lipídios, proteínas. O laser de titânio safira utilizado na espectroscopia do Raman dispersivo por fibra óptica com comprimento de onda de 785 nm permite uma boa penetração da luz na pele, minimiza a fluorescência e não causa qualquer degradação térmica ou fotoquímica. A potência do laser focalizada sobre a amostra foi mantida a 50 mW, o que não destrói amostras biológicas (TFAYLI et a,l 2007). Já na técnica FT-Raman o laser de excitação é de 1064 nm, a profundidade de penetração chega a aproximadamente 1 a 4 mm na pele, ou seja, a penetração chega até a derme (CARNIOL, SADICK 2007). O padrão de segurança internacional prescreve os limites máximos admissíveis de exposição de laser para a pele, que são dependentes do comprimento de onda da luz e a duração da exposição. O máximo permitido de exposição para a pele são os limites que não apresentam risco de dano, ou seja, instrumento em limite de 30 mW para o laser de excitação com comprimento de onda de 785 nm e 20 mW para o de 671 nm (VAN DER POL; CASPERS, 2008). Pudney, Melot e Caspers (2007) calcularam o perfil de concentração de água e a concentração dos constituintes do NMF no limite entre o estrato córneo e a epiderme. Ao chegar a uma profundidade de 30% onde foi encontrado o teor máximo do NMF e uma profundidade segundo a qual a concentração de água é de 55% em massa, são obtidos dois locais espaçados. Esta abordagem permitiu uma estimativa sistemática da localização do limite, para cada ponto de medição individual. Já no estudo de Chrit, Bastien e Sockalingum (2006), foi estudada a eficácia de um creme hidratante em 26 voluntárias, brancas e de pele seca. Elas receberam o creme no antebraço com um emoliente sem agente de hidratação e um tratamento com 3% de glicerol contendo o creme. Uma medida controle foi incluída. Observaram que o creme com glicerol induziu um aumento significativo no conteúdo de água em comparação com os valores basais em todas as profundidades entre 0 e 20 µm, já que a 15 µm está situado a interface do estrato córneo e epiderme. Em 2000, Caspers et al realizaram um estudo in vivo sobre a concentração de água na pele, em função da profundidade. Observaram que a concentração de água é baixa no estrato córneo (15-30%) e aumenta drasticamente no limite entre o estrato córneo e a epiderme (localizado 10 – 15 μm abaixo da superfície da pele) onde atinge uma concentração de cerca de 70%. Esta informação foi confirmada em 2001, por Caspers e colaboradores onde observouse um aumento na concentração de água abaixo da superfície da pele indica a interface estrato córneo e epiderme, mas o estiramento O–H da água só é visível numa larga banda espectral centrada em torno de 3.450 cm-1. A partir do estudo de Caspers concluiu-se que uma rápida diminuição do teor NMF (região de 1398 cm -1 no espectro de pele) é um marcador alternativo para identificar a interface estrato córneo - epiderme. Em 2006, Matsumoto et al apresentaram os resultados da distribuição de água na pele em áreas não tratadas até uma profundidade de 200 µm, em dois grupos constituídos de 20 voluntários japoneses com faixas etárias médias de 64 anos e de 27 anos. Surpreendentemente, não houve diferenças no perfil de concentração de água no estrato córneo e epiderme entre estes dois grupos. Rawlings e Harding (2004) demonstraram uma zona de filagrina estável existente na parte inferior da camada córnea, onde a barreira de água da epiderme é formada. A conversão de filagrina em NMF é acima dessa zona, perto da superfície da pele. Os perfis de concentração mostram que para a maioria dos componentes do NMF concentram de 0 a 70 μm abaixo da superfície da pele. Entre 70 e 50 μm as concentrações aumentaram significativamente e de 50 a 10 μm abaixo da superfície da pele as concentrações permanecem constantes. Isto sugere que, para esta profundidade em particular, a conversão de filagrina em NMF tem lugar entre 50 e 70 μm abaixo da superfície da pele. A pele envelhecida tem níveis menores de NMF do que a de jovens, refletindo, principalmente, a redução da formação natural de profilagrina. 3 OBJETIVOS Este estudo teve como objetivo a caracterização individual dos principais constituintes que compõem o fator de hidratação natural da pele humana, por espectroscopia Raman. A caracterização da pele humana em diferentes profundidades e faixas etárias, por meio da espectroscopia Raman confocal. Então, os espectros da pele e os espectros dos principais constituintes que compõem o fator de hidratação natural foram correlacionados. 4 MATERIAIS O projeto foi desenvolvido no Laboratório de Espectroscopia Vibracional Biomédica na Universidade do Vale do Paraíba, após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D) sob o protocolo de número I033CEP/2009. Os principais constituintes do fator de hidratação natural da pele (NMF) foram comprados individualmente da empresa Sigma Aldrich, com alto grau de pureza. Sendo eles: Ácido Carboxílico da Pirrolidona, Arginina, Ornitina, Citrulina, Glicina, Serina, Histidina, Alanina, Lisozima, Prolina, Ácido aspártico, Treonina, Valina, Isoleucina e Fenilalanina. Os espectros Raman foram analisados e as atribuições das bandas foram feitas de acordo com a literatura. As medidas in vivo da pele foram feitas em 32 voluntárias. A execução deste estudo foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Paraíba seguindo as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, conforme Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sob o protocolo nº H48/CEP/2008. As voluntárias foram selecionadas segundo os critérios de exclusão: Histórico de patologias epidérmicas e dérmicas, Histórico de irritação ou sensibilidade a produtos cosméticos, Voluntárias sob qualquer tipo de tratamento intensivo para envelhecimento, Voluntárias que apresentassem necessidade de alteração medicamentosa durante o período de estudo, Grávidas e/ou lactante. Após a seleção, elas foram divididas em três grupos em função de sua faixa etária, independentemente do fototipos da pele (classificação de Fitzpatrick ), sendo eles: Grupo A de 20 – 23 anos com 11 voluntárias; Grupo B de 39 – 42 anos com 11 voluntárias; e Grupo C de 59 – 62 anos com 10 voluntárias. Em todos os grupos, as peles das voluntárias foram medidas três vezes, em pontos diferentes, para cada profundidade de 0 µm (superfície), 30 µm e 60 µm. Portanto, os espectros Raman apresentados serão a média destes três pontos em sua respectiva profundidade. Os espectros Raman da pele foram divididos em 9 regiões espectrais. O cálculo da área de cada região levou em consideração uma determinada biomolécula, sendo elas: Região 1: 781 – 849 (cm-1): pico em 809 cm-1 Tirosina Região 2: 849 – 887 (cm-1): pico em 875 cm-1 Ácido Pirrolidônico Região 3: 887 – 1005 (cm-1): pico em 930 cm-1 Colesterol e carotenóides Região 4: 1005 – 1087 (cm-1): pico em 1041 cm-1 Lipídeos Região 5: 1087 – 1167 (cm-1): pico em 1139 cm-1 Lipídeos Região 6: 1167 – 1225 (cm-1): pico em 1216 cm-1 Tirosina e Fenilalanina Região 7: 1225 – 1355 (cm-1): pico em 1283 cm-1 Amida III Região 8: 1355 – 1483 (cm-1): pico em 1441 cm-1 Lipídeos e Proteínas Região 9: 1483 – 1707 (cm-1): pico em 1637 cm-1 amida I Depois de obtidos os espectros dos constituintes do NMF e os espectros de pele das voluntárias foram feitas a correlação da prolina e do ácido carboxílico da pirrolidona e também se analisou as alterações em relação a faixa etária e profundidade. 5 MÉTODOS 5.1 Procedimento Experimental - Medida Raman dos Aminoácidos A fonte de excitação foi um laser com comprimento de onda igual a 785 nm (Sacher Laser Technik). A potência máxima de saída no laser foi de 110 mW e a potência na amostra igual a 25 mW. O Espectrômetro foi o PiActon Spectra Pro 2500i, acoplado a um detector de CCD (Charge Coupled Device) resfriado por nitrogênio líquido. A resolução espectral do sistema é de 7 cm-1 e a grade de difração utilizada foi a de 300 gr/mm. Para melhor acomodação dos aminoácidos, estes foram colocados em um porta amostras e a medida foi feita em duas regiões e posteriormente calculou-se a média dos espectros. O tempo total de integração foi igual à 120 segundos, ou seja, 60 segundos e 2 acumulações em cada ponto da amostra, e com exceção do ácido carboxílico da pirrolidona que teve tempo de 20 segundos e 2 acumulações para cada ponto. Após a obtenção dos espectros, fizeram-se a subtração da fluorescência utilizando uma rotina matemática do software Matlab 6.1. Nesta rotina, pode-se determinar o grau do polinômio e a faixa espectral de interesse. Desta forma foi escolhido polinômio de grau 6 e a região espectral entre 750 cm-1 a 1800 cm-1 para a linha de base (que é a faixa espectral de análise para a grade de 300 gr/mm). Uma vez tendo os espectros com a fluorescência subtraída realizou-se a normalização e cálculo da média dos espectros utilizando o programa Origin 7.5. 5.2 Procedimento Experimental - Medida Raman “in vivo” Antes de iniciar as avaliações da pele, a voluntária ficou em ambiente climatizado a 23ºC e umidade relativa de aproximadamente 51% durante 15 minutos e fez-se a assepsia do local com algodão embebido em 1,0 ml de álcool etílico 97%. As avaliações da pele foram realizadas no Laboratório de Espectroscopia Vibracional Biomédica da Univap por uma sonda Raman Confocal Jobin Yvon utilizando um laser de 785nm como energia de excitação e uma objetiva de 50X (Figura 9 e 10). O sinal Raman foi coletado por um CCD acoplado a um espectrômetro PiActon Spectra Pro 2500i. A potência na pele foi de aproximadamente 27mW, as medidas foram feitas com 4 acumulações de 30 segundos. A coleta do sinal Raman foi realizada nas profundidades de 0, 30, 60 µm na parte inferior do antebraço com 3 espectros em cada região (conforme indicado na figura 10). A fluorescência foi subtraída por ajuste de curva polinomial de grau 6 e os espectros resultantes foram normalizados em relação ao modo vibracional das proteínas / lipídeos em 1445 cm-1. Figura 10: Sonda Confocal Jobin Yvon utilizando um laser de 785 nm como energia de excitação e uma objetiva de 50X (LEVB). 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados e discussões serão apresentados em duas partes. A primeira são os espectros Raman dos principais constituintes do NMF, em sua forma pura. Na segunda serão analisados os espectros da pele e a identificação das principais biomoléculas nas faixas espectrais na qual foram divididos. 6.1 Espectros Base dos Aminoácidos Embora tenham sido analisados 14 aminoácidos e uma enzima, apenas alguns deles puderam ser associados ao processo de envelhecimento da pele. Os espectros do ácido carboxílico da pirrolidona (PCA) e da prolina foram de extrema importância na identificação de alguns picos que puderam ser correlacionados com o processo de envelhecimento. Além disso, existe um interesse considerável na capacidade do PCA e seus derivados de hidratar o estrato córneo, utilizando produtos cosméticos contendo o sal sódico deste composto com a função de melhorar a pele seca e escamosa (WALTERS; ROBERTS, 2008). Paralelamente, estudaram-se alguns picos da prolina visto que esta exerce forte influencia na constituição do colágeno (PHILLIPS et al 1994). As figuras 11 a 25 mostram os espectros Raman obtidos dos principais constituintes do NMF e as tabelas 2 a 16 as atribuições de suas bandas (substâncias puras, comerciais). Embora os espectros possuam vários picos, as tabelas mostram apenas os picos identificados na literatura. Para uma caracterização completa do espectro é necessário, através de programas, simular os movimentos vibracionais das moléculas destes compostos. 1001.69 6.1.1 Fenilalanina 0.8 1600.795 1441.14 1406.657 1311.944 1340.364 1158.987 1033.512 912.377 0.2 953.641 0.4 1215.565 0.6 827.114 Intensidade (u.a) 1.0 0.0 800 1000 1200 1400 1600 1800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 11: Espectro Base de Fenilalanina Fonte: Autora Tabela 2 – Modos Vibracionais Aproximados da Fenilalanina por Espectroscopia Raman ( MARY.; SASIREKHA; RAMAKRISHNAN, 2005 ). Faixa (cm-1) Atribuições 827 912 1001 1033 Deformação Simétrica [ NO3]Estiramento C - C Deformação no plano do anel fenil Estiramento Simétrico [NO3]- ; Anel aromático fenil no plano Deformação no plano do anel fenil grupo CH Deformação fora de fase do anel Fenil grupo CH; Torção CH2 Deformação assimétrica [NH3]+; Estiramento no quadrante do anel fenil 1158 1215 1600 892.536 6.1.2 Glicina 1328.68 0.8 1674.954 1499.746 0.2 1133.078 0.4 1576.908 1405.01 1434.589 0.6 1044.076 Intensidade (u.a) 1.0 0.0 800 1000 1200 1400 -1 1600 Deslocamento Raman (cm ) Figura 12: Espectro Base de Glicina Fonte: Autora Tabela 3 – Modos Vibracionais Aproximados da Glicina por Espectroscopia Raman (BARAN; RATAJCZAK, 2007). Faixa (cm-1) 892 1328 1434 1674 Atribuições Estiramento Simétrico do Grupo CCN Torção CH2 Deformação do grupo CH2 Deformação Assimétrica de NH3 1800 1328.68 1352.024 1624.575 1391.811 1509.452 0.2 1268.191 1089.627 0.4 1186.491 825.285 854.464 0.6 1134.809 923.17 991.055 0.8 1029.986 1.0 Intensidade (u.a) 1446.048 6.1.3 Isoleucina 0.0 800 1000 1200 1400 1600 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 13: Espectro Base de Isoleucina Fonte: Autora Tabela 4 – Modos Vibracionais Aproximados da Isoleucina por Espectroscopia Raman (NEMEC; MICKA, 2001). Faixa (cm-1) 1089 1134 1352 1391 1446 Atribuições Balanço CH3 Estiramento C- C Deformação CH, NH Estiramento C- O; Torção de CH2 Deformação assimétrica do CH3 1800 982.169 6.1.4 Lisozima 0.8 0.6 0.4 1072.151 0.2 1155.54 870.812 Intensidade (u.a) 1.0 0.0 800 1000 1200 1400 -1 1600 Deslocamento Raman (cm ) Figura 14: Espectro Base de Lisozima Fonte: Autora Tabela 5 – Modos Vibracionais Aproximados da Lisozima por Espectroscopia Raman (MOVAGASHI; REHMAN; REHMAN, 2007) Faixa (cm-1) 870 982 1155 Atribuições Estiramento C – C Estiramento C – C; β folha; deformação = CH (lipídeos) Estiramento C – C 1800 935.737 6.1.5 Ornitina 1414.887 1616.66 1254.658 1517.528 0.2 1685.911 1082.643 989.279 0.4 1115.738 901.563 0.6 1333.691 872.625 0.8 777.551 Intensiade (u.a) 1.0 0.0 800 1000 1200 1400 1600 1800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 15: Espectro Base de Ornitina Fonte: Autora Tabela 6 – Modos Vibracionais Aproximados da Ornitina por Espectroscopia Raman (VIA et al 2006.) Faixa (cm-1) 935 1414 1508 6.1.6 Prolina Atribuições Estiramento C - C Estiramento Simétrico COO Deformação simétrico N- H 897.954 1624.575 1450.952 1375.269 1283.376 1242.789 1174.475 985.725 1548.103 0.2 951.853 0.4 1082.643 0.6 1038.797 843.54 0.8 792.281 Intensidade (u.a) 1.0 0.0 800 1000 1200 1400 1600 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 16: Espectro Base de Prolina Fonte: Autora Tabela 7 – Modos Vibracionais Aproximados da Prolina por Espectroscopia Raman ( ZHANG et al 2008; MOVAGASHI, REHMAN, REHMAN 2007). Faixa (cm-1) 843 897 1038 1082 1174 1242 1283 1450 Atribuições Balanço CH2 Balanço NH Sacudida CH2 Carboidratos resíduos de colágeno; ácidos nucléicos Tirosina, fenilalanina, deformação C – H Amida III, β folha Diferença em quantidades de colágeno Deformação CH2 6.1.7 Ácido aspártico 1800 1414.887 1333.691 935.737 872.625 1616.66 1252.964 1506.219 0.2 1115.738 991.055 0.4 1551.311 0.6 1692.162 1082.643 0.8 777.551 Intensidade (u.a) 1.0 0.0 800 1000 1200 1400 1600 1800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 17: Espectro Base de Ácido Aspártico Fonte: Autora Tabela 8 – Modos Vibracionais Aproximados do Ácido Aspártico por Espectroscopia Raman (RAJKUMAR; RAMAKRISHNAN; RAJARAM, 1998) Faixa (cm-1) 872 935 1082 1252 1414 1692 Atribuições Deformação assimétrica NO3 Estiramento C – C Estiramento Simétrico C – N Torção CH Deformação CH Deformação assimétrica NH3+ 901.563 6.1.8 PCA 1.0 0.6 1222.384 980.39 0.2 1082.643 1454.219 0.4 1022.928 Intensidade (u.a) 0.8 0.0 800 1000 1200 1400 1600 1800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 18: Espectro Base de PCA Fonte: Autora Tabela 9 – Modos Vibracionais Aproximados do PCA por Espectroscopia Raman (BILLES; GEIDEL, 1997) Faixa (cm-1) 901 980 1082 1290 1454 Atribuições Estiramento do anel; Deformação do anel CH Deformação do anel CH Deformação do anel CH; Deformação do grupo metil CH Estiramento do anel; Deformação do anel CH Deformação do anel CH 854.464 6.1.9 Serina 1323.664 1089.627 0.2 1460.746 1418.176 969.706 919.575 0.4 1220.68 0.6 1126.149 1010.554 0.8 812.473 Intensidade (u.a) 1.0 0.0 800 1000 1200 1400 1600 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 19: Espectro Base de Serina Fonte: Autora Tabela 10 – Modos Vibracionais Aproximados da Serina por Espectroscopia Raman (JARMELO et al 2007, MOVAGASHI, REHMAN, REHMAN 2007). Faixa (cm-1) 612 812 854 969 1220 1323 1418 1460 1624 Atribuições Deformação COOBalanço COOEstiramento Cα – C Estiramento CN Amida III Guanina Estiramento simétrico COODeformação CH2 Deformação assimétrica NH3+ 1800 1450.952 944.696 1.0 1626.157 1509.452 1268.191 1186.491 1065.146 1029.986 901.563 0.4 1124.415 0.6 1393.463 0.8 849.004 Intensidade (u.a) 1347.03 6.1.10 Valina 0.2 0.0 800 1000 1200 1400 1600 Deslocamento Raman (cm-1) Figura 20: Espectro Base de Valina Fonte: Autora Tabela 11 – Modos Vibracionais Aproximados da Valina por Espectroscopia Raman (PANDIARAJAN et al 2005, MOVAGASHI, REHMAN, REHMAN, 2007) Faixa (cm-1) 944 1065 1347 1450 1626 Atribuições Estiramento simétrico ClO2 Estiramento simétrico C –N Deformação β C – H Deformação CH2 Deformação simétrica H2O 1800 1114.001 870.812 930.355 1638.793 1548.103 1454.219 1251.27 0.2 1189.919 1040.557 0.4 1597.616 0.6 1414.887 0.8 905.17 Intensidade (u.a) 1.0 1340.364 6.1.11 Treonina 0.0 1000 1200 1400 1600 1800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 21: Espectro Base de Treonina Fonte: Autora Tabela 12 – Modos Vibracionais Aproximados da Treonina por Espectroscopia Raman (PAWLUKOJC et al 2001). Faixa (cm-1) 1114 1251 1340 1414 1454 1548 1597 1638 Atribuições Balanço CH3 Deformação OH Balanço CH Deformação simétrica NH3 Deformação assimétrica CH3 Deformação assimétrica NH3 Deformação assimétrica NH3 Estiramento assimétrico CO2 1318.645 6.1.12 Histidina 0.8 1640.37 1570.52 1406.657 1431.31 1498.127 1271.569 1227.492 1174.475 1061.64 971.488 923.17 0.2 854.464 0.4 1089.627 1114.001 1143.456 0.6 806.973 Intensidade (u.a) 1.0 0.0 800 1000 1200 1400 1600 1800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 22: Espectro Base de Histidina Fonte: Autora Tabela 13 – Modos Vibracionais Aproximados da Histidina por Espectroscopia Raman (PETROSYAN, 2007; MOVAGASHI; REHMAN; REHMAN, 2007). Faixa (cm-1) Atribuições 971 1061 1318 1406 1640 Estiramento C – C Deformação no plano C – C Guanina (anel aromático de bases de DNA/RNA); deformação C – H; Amida III α - hélice Estiramento simétrico COOEstiramento assimétrico COO-, Amida I 1358.675 0.8 0.0 800 1596.026 1460.746 1409.951 1234.296 1146.911 1114.001 1019.395 0.4 0.2 1303.557 0.6 919.575 Intensidade (u.a) 1.0 850.825 6.1.13 Alanina 1000 1200 1400 1600 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 23: Espectro Base de Alanina Fonte: Autora Tabela 14 – Modos Vibracionais Aproximados da Alanina por Espectroscopia Raman ( ROSADO; DUARTE; FAUSTO, 1997). Faixa (cm-1) 773 850 919 1019 1114 1303 1409 1469 Atribuições Estiramento CN Estiramento C-COO Balanço NH3 Balanço CH3 Balanço CH3 Torção CH2 Estiramento simétrico COO Deformação assimétrica CH3 1800 1450.952 1342.032 1296.838 1065.146 991.055 0.2 1632.479 1491.645 1576.908 1418.176 0.4 1254.658 1174.475 941.114 0.6 908.775 0.8 854.464 Intensidade (u.a) 1.0 1120.946 6.1.14 Citrulina 0.0 800 1000 1200 1400 1600 1800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 24: Espectro Base de Citrulina Fonte: Autora Tabela 15 – Modos Vibracionais Aproximados da Citrulina por Espectroscopia Raman (JINNAH; SASIREKHA; RAMAKRISHNAN, 2005; MOVAGASHI; REHMAN; REHMAN, 2007). Faixa (cm-1) 854 941 1065 1120 1296 1342 1450 1576 1710 Atribuições Anel aromático tirosina Modo esqueletal (polissacarídeos, amilose) Ácido palmítico, ácido graxos Banda forte C – O Deformação CH2 Guanina (DNA/RNA), Deformação CH Deformação CH2 Ácido nucléico Estiramento C=O 982.169 6.1.15 Arginina 1189.919 1268.191 1029.986 0.4 923.17 1311.944 0.6 1439.503 1079.148 0.8 867.183 Intensidade (u.a) 1.0 801.468 0.2 0.0 800 1000 1200 1400 1600 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 25: Espectro Base de Arginina Fonte: Autora Tabela 16 – Modos Vibracionais Aproximados da Arginina por Espectroscopia Raman (PETROSYAN; SUKIASYAN, 2008; MOVAGASHI, REHMAN, REHMAN 2007). Faixa (cm-1) 923 982 1079 Atribuições COOHEstiramento C - C Estiramento C – N 1800 6.2 Espectro Raman da Superfície da Pele A figura 26 mostra o espectro médio característico da superfície da pele dividido em nove regiões e cada região com um pico que foi levado em consideração e a biomolécula correspondente. Figura 26: Espectro Raman Médio característico da superfície da pele De acordo com a tabela 17 as bandas centradas aproximadamente em 808 cm-1, 839 cm-1, 1217 cm-1 e 1591 cm-1, correspondem à presença de tirosina na pele que é responsável pela síntese de melanina. A presença da enzima tirosinase, concentrada no aparelho de golgi dos melanócitos é responsável pela produção de tirosina. O pigmento é originado a partir da polimerização do aminoácido tirosina por intermédio da ação da tirosinase, a qual passa de um aminoácido incolor a um pigmento castanho. A tirosina polimerizada deposita-se em vesículas denominadas melanossomas, as quais se deslocam pelos prolongamentos citoplasmáticos dos melanócitos, sendo transferidos para os queratinócitos através de um processo de secreção citócrina (de célula para célula). Os grânulos de melanina permanecem no citoplasma dos queratinócitos (OLIVEIRA, ROCHA, GUILLO, 2004). O pico centrado em 874 cm-1 refere-se à presença de ácido pirrolidônico, que é um dos principais constituintes do NMF da pele (CASPERS, 1999; PENTEADO, 2008; TFAYLI et al 2007). Tabela 17: Modos Vibracionais da Pele (CASPERS, 1999; PENTEADO, 2008; TFAYLI et al 2007). POSIÇÃO DO ESTRUTURA ATRIBUIÇÃO 808 δ(CCH) alifático Tirosina 839 δ(CCH) aromático Tirosina 874 v (CC); v (CN), PCA Ác. Pirrolidônico 930 v (CC) α- hélice Carotenóides e colesterol 985 δ(CCH) Oleofinas 1040 v (CC) cadeia random Lipídeos 1141 v (CC) cadeia trans Lipídeos PICO (cm-1) 1217 Tirosina e Phe 1249 δ(CH2) wag; δ(CN) Amida III desordem 1283 v (CN), δ(NH) Amida III α- hélice 1293 δ(CH2) 1398 δ(CH3) NMF 1440 δ(CH2) Lipídeos e Proteínas 1557 v (C=C) Oleofinas 1591 v (C=C) Oleofinas, Tirosina e Phe 1636 v (C=O) Amida I α- hélice v: estiramento; δ: deformação Em 930cm-1 é atribuída a presença de carotenóides na pele. Lademann et al (2009) demonstraram um método não invasivo para a determinação in vivo de carotenóides na pele humana e observaram que os indivíduos com altos níveis de carotenóides têm menos sulcos e rugas que aqueles com menores níveis de antioxidantes. Os carotenóides não podem ser produzidos pelo organismo, eles precisam ser incorporados na dieta rica em frutas e legumes. Em 985 cm-1, 1040 cm-1 e 1141 cm-1 atribui-se à presença de lipídeos e colesterol na pele que exercem uma importante função de barreira no estrato córneo, e sua integridade e organização são fundamentais para prevenir o aumento da perda de água transepidérmica (CASPERS, 1999; PENTEADO, 2008; TFAYLI et al 2007). Os picos centrados em 1249 cm-1, 1283 cm-1 e 1293 cm-1 referem-se à banda de Amida III que é relacionada ao precursor do colágeno (procolágeno) (CASPERS, 1999; PENTEADO, 2008; TFAYLI et al 2007). Em 1398 cm-1 encontra-se o pico do NMF o qual é composto por moléculas de baixo peso molecular, higroscópicas, prevenindo assim a evaporação da água. Essas moléculas são principalmente aminoácidos, o ácido pirrolidônico carboxílico, lactato de sódio, ácido lático e uréia (CASPERS, 1999; PENTEADO, 2008; TFAYLI et al 2007). A banda de 1440 cm-1 refere-se à presença de lipídeos e proteínas na pele que apresentam como função impermeabilizar a pele prevenindo perda de água (CASPERS, 1999; PENTEADO, 2008; TFAYLI et al 2007). Em 1557 cm-1 e 1591 cm-1 encontram-se as oleofinas, fenilalanina e tirosina, respectivamente (CASPERS, 1999; PENTEADO, 2008; TFAYLI et al 2007). O pico posicionado em 1636 cm-1 é referente à amida I atribuída ao colágeno (MOVAGASHI, REHMAN, REHMAN 2007). Os modos vibracionais característicos da amida I são estiramento C=O, com menor contribuição de deformação de N – H (CHOI; CHO, 2009). 6.3 Média dos Espectros do Grupo A: 0 µm, 30 µm, 60 µm. As áreas dos espectros médios foram calculadas em diferentes regiões, e cada região corresponde a biomoléculas com funções na pele. As atribuições de cada pico e banda encontram-se figura 26 e Tabela 17. Os cálculos de área fornecem informações sobre o aumento ou diminuição relativa na quantidade de distintas biomoléculas da pele. A figura 27 mostra a média dos espectros do grupo A nas três profundidades. Intensidade (u.a.) 1.2 Profundidade m m m 0.9 0.6 0.3 0.0 800 1000 1200 1400 1600 1800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 27: Média dos Espectros do Grupo A Tabela 18: Cálculo das áreas integradas sob a curva do espectro do Grupo A nas profundidades: 0 µm, 30 µm e 60 µm. Regiões (GRUPO A) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Faixa Espectral 781 - 849 849 - 887 887 - 1005 1005 - 1087 1087 - 1167 1167 - 1225 1225 - 1355 1355 - 1483 1483- 1707 0 µm 3,37±1,01 0,79±0,11 9,33±1,02 8,07±0,76 7,34±1,03 2,72±0,52 33,38±1,23 47,97±8,42 107,78±6,29 Profundidade 30 µm 3,72±0,94 1,12±0,17 11,75±0,98 7,78±0,49 4,69±0,82 1,98±0,38 35,92±1,47 50,03±8,78 118,51±9,04 60 µm 3,37±0,78 1,26±0,19 12,32±0,89 8,77±0,46 5,26±0,61 1,68±0,21 34,58±1,52 51,12±9,70 116,60±11,52 6.4 Média dos Espectros do Grupo B: 0 µm, 30 µm, 60 µm. A figura 28 mostra a média dos espectros do grupo B nas três profundidades. 1.4 Intensidade (u.a.) 1.2 Profundidade 0 m 30 m 60 m 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 800 1000 1200 1400 -1 Deslocamento Raman (cm ) 1600 1800 Figura 28: Média dos Espectros do Grupo B Tabela 19: Cálculo das áreas integradas sob a curva do espectro do Grupo B nas profundidades: 0 µm, 30 µm e 60 µm. Regiões (GRUPO B) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Faixa Espectral 781 - 849 849 - 887 887 - 1005 1005 - 1087 1087 - 1167 1167 - 1225 1225 - 1355 1355 - 1483 1483- 1707 0 µm 2,96±0,43 2,11±0,26 9,50±0,61 7,33±0,47 6,54±0,62 2,61±0,35 36,73±1,31 53,37±9,44 102,97±5,87 Profundidade 30 µm 3,48±0,41 1,54±0,24 10,41±1,01 6,64±0,64 5,76±1,22 1,91±0,44 36,34±1,63 52,25±9,94 107,76±8,33 60 µm 3,36±0,33 1,32±0,24 12,77±1,63 7,87±0,50 5,45±0,91 1,70±0,24 34,33±1,15 50,79±11,37 110,97±5,68 6.5 Média do Espectro do Grupo C: 0 µm, 30 µm, 60 µm. A figura 29 mostra a média dos espectros do grupo C nas três profundidades. 1.4 Intensidade (u.a.) 1.2 1.0 Profundidade 0 m 30 m 60 m 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 800 1000 1200 1400 1600 1800 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 29: Média dos Espectros do Grupo C Tabela 20: Cálculo das áreas integradas sob a curva do espectro do Grupo C nas profundidades: 0 µm, 30 µm e 60 µm. Regiões (GRUPO C) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Faixa Espectral 781 - 849 849 - 887 887 - 1005 1005 - 1087 1087 - 1167 1167 - 1225 1225 - 1355 1355 - 1483 1483- 1707 0 µm 4,91±0,42 2,25±0,44 11,65±1,13 9,47±0,93 7,39±0,96 5,31±0,79 39,83±1,98 50,85±6,75 105,60±6,63 Profundidade 30 µm 5,54±1,35 2,46±0,49 13,93±1,09 10,77±1,36 6,98±1,64 5,46±1,25 37,49±2,03 44,19±6,29 106,12±5,96 60 µm 4,80±0,63 1,85±0,31 15,10±1,45 10,60±1,58 6,82±1,34 4,19±0,74 36,13±1,08 46,13±9,60 116,53±10,77 Os dados obtidos pelo cálculo das áreas para cada região espectral, profundidade e grupos são melhores visualizados nos gráficos abaixo. 6.6 Análise das áreas por faixas espectrais correlacionadas às faixas etárias e profundidades. 6.6.1 Faixa: 781 – 849 (cm-1) A figura 30 mostra os valores de área calculados para os três grupos nas três profundidades estudadas. A barra indica o desvio padrão e o ponto o valor da área média, onde a linha, meramente ilustrativa, mostra a tendência das áreas em função da profundidade. A área de maior valor acontece em 30 μm para os três grupos. Grupos: A B C 6.5 6.0 Área (u.a.) 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 0 10 20 30 40 Profundidade (m) 50 60 Figura 30: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades. O grupo C apresenta uma área em torno de 50% maior que o grupo A e 58% em relação ao grupo B. Esses valores foram encontrados através da diferença relativa para a profundidade de 30 μm em todas as faixas do espectro de pele nos 3 grupos etários. Nota-se também a existência de uma convergência entre o grupo A e B em 60 μm. No entanto, não é possível afirmar que esta convergência permaneça para profundidades maiores de 60 μm e constata-se que a área em A é maior que em B e menor que em C. Nessa faixa espectral o pico principal levado em consideração foi o 809 cm-1 atribuído à presença de tirosina, relacionado à melanina na pele e, conforme mostrado na figura 30, o grupo C apresentou uma área maior que os demais. Este efeito pode estar relacionado ao aumento da idade que leva a uma maior concentração desse pigmento, podendo ser responsável pelas manchas e hipercromias (NICOLETTI et al 2002). 6.6.2 Faixa: 849 – 887 (cm-1) A figura 31 mostra os valores de área calculados para os três grupos nas três profundidades estudadas. A barra indica o desvio padrão e o ponto o valor da área média, onde a linha, meramente ilustrativa, mostra a tendência das áreas em função da profundidade. O grupo C apresenta uma área em torno de 120% maior que o grupo A e 59% em relação ao grupo B a 30 μm, ou seja, a área em B é maior em A e menor que em C. Grupos: A B C 3.0 Area (u.a) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 10 20 30 40 50 60 Profundidade (m) Figura 31: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades. Nessa faixa espectral o pico levado em consideração foi o 875 cm-1 atribuído à presença de ácido pirrolidônico na pele. Conforme mostrado na figura 31 o grupo C apresentou uma área maior que os demais, sendo que o ácido pirrolidônico é um dos principais constituintes do NMF e com o aumento da idade a pele torna-se mais seca. A incidência e gravidade da xerose aumenta com a idade (ENGELKE et al., 1997; BERRY; CHARMEIL;GOUJON,1999). Contrariando os resultados desta pesquisa Harding, Watkinson e Rawlings (2000), relatam que a pele envelhecida tem níveis menores de NMF, refletindo, principalmente, a redução da produção do NMF devido à reduzida síntese de profilagrina. Provavelmente a redução do NMF determina o declínio da função barreira relacionada com a idade (RAWLINGS, HARDING, 2004). 6.6.3 Faixa: 887 – 1005 (cm-1) A figura 32 mostra os valores de área calculados para os três grupos nas três profundidades estudadas. A barra indica o desvio padrão e o ponto o valor da área média, onde a linha, meramente ilustrativa, mostra a tendência das áreas em função da profundidade. Vale salientar que para as bandas 781- 849 cm-1 e 849- 887cm-1 o grupo C apresentava um tendência de uma curvatura e agora apresenta-se na forma de uma reta crescente. Os grupos A e B têm tendências semelhantes porque apresentam dois pontos que se interceptam, e mais uma vez o grupo C apresentou uma área maior que os demais grupos, aproximadamente 18% maior que o A e 34% maior que B, ou seja, a área em A é próxima a de B e menor que C. 17 16 15 Grupos: A B C Area (u.a.) 14 13 12 11 10 9 8 0 10 20 30 40 50 60 Profundidade (m) Figura 32: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades. Nessa faixa, o pico levado em consideração foi o 930 cm-1 atribuído à presença de colesterol e carotenóides, e observa-se que de acordo com o aumento da profundidade, aumenta área do pico em consideração, o que se deve à maior concentração na derme. Considerando a faixa etária, os carotenóides deveriam ter uma maior concentração nos grupos A e B e não no grupo C já que este tipo de antioxidante representa a defesa do organismo. Nesta região é observado o pico em 901 cm- 1 do PCA refere-se ao estiramento e deformação do anel CH (BILLES.; GEIDEL, 1997). Nos grupos A, B e C observa-se que a área aumentou nessa região com o aumento da profundidade. Observa-se que, de acordo com o aumento da idade, há um aumento da área sob a curva. Os achados de HARDING et al (2003) contrariam os resultados encontrados, pois estudando seres humanos com idades entre 20 e 70 anos, por meio do emprego da técnica da remoção do estrato córneo com fitas adesivas, foi observada a diminuição da concentração de PCA no estrato córneo com o aumento da idade. 6.6.4 Faixa: 1005 – 1087 (cm-1) A figura 33 mostra os valores de área calculados para os três grupos nas profundidades estudadas. A barra indica o desvio padrão e o ponto o valor da área média, onde a linha, meramente ilustrativa, mostra a tendência das áreas em função da profundidade. No gráfico da figura 33, o grupo C volta a apresentar uma curvatura negativa. Os grupos B e C apresentam curvaturas positivas dispostas de forma aproximadamente paralela, ou seja, não se verifica uma convergência para pontos próximos à superfície e nem da profundidade de 60 µm. 12 11 Grupos: A B C Area (u.a.) 10 9 8 7 6 0 10 20 30 40 Profundidade (m) 50 60 Figura 33: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades. O grupo C apresenta uma área em torno de 38% maior que A e 62% maior que B, isso significa que a área em A é maior que B e menor que C. Nessa faixa o pico levado em consideração foi o 1041 cm-1 atribuído à presença de lipídeos. Pode-se observar um aumento da área de acordo com a profundidade. E segundo Bowstra et al (1998) as pessoas mais velhas apresentariam uma diminuição de lipídeos no estrato córneo que se deve a limitações funcionais que ocorrem na pele, incluindo o "turn over" celular reduzido na epiderme, que resulta na deficiência funcional das células envelhecidas, e conseqüentemente diminuição da síntese de lipídeos. 6.6.5 Faixa: 1087 – 1167 (cm-1) A figura 34 mostra os valores de área calculados para os três grupos nas três profundidades estudadas. A barra indica o desvio padrão e o ponto o valor da área média, onde a linha, meramente ilustrativa, mostra a tendência das áreas em função da profundidade. O grupo C apresenta uma área em torno de 49% maior que A e 21% maior que B, constatando que a área em B é maior que em A e menor que em C. 9.0 Grupos: A B C 8.5 8.0 Area (u.a.) 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 0 10 20 30 40 50 Profundidade (m) Figura 34: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades. 60 Nessa faixa o pico levado em consideração foi o 1139 cm-1 atribuído à presença de lipídeos. Acredita-se que o grupo C apresenta uma área maior que os demais, pois com o aumento da idade o tecido epitelial perde uma parte de suas reservas nutricionais e capacidade de adaptação e torna-se mais vulnerável às agressões do meio ambiente. A diminuição da sua flexibilidade o torna frágil (MIQUEL et al 1985) ele sofre alteração da composição tecidual corpórea, com redução da massa magra, que tem maior atividade metabólica, e aumento da quantidade de tecido adiposo, metabolicamente menos ativo (ALENCAR, 1992). 6.6.6 Faixa: 1167 – 1225 (cm-1) A figura 35 mostra os valores de área calculados para os três grupos nas três profundidades estudadas. A barra indica o desvio padrão e o ponto o valor da área média, onde a linha, meramente ilustrativa, mostra a tendência das áreas em função da profundidade. A figura 35 mostra que a função da área apresenta valores e tendências semelhantes quando se avalia os grupos A e B, especialmente para profundidades acima de 30 µm, e o Grupo C apresenta curvatura com uma área 176% maior que A e 163% maior que B, ou seja, a área em A é próxima a área em B e menor que a área em C. 6.5 Grupos: A B C 6.0 5.5 Area (u.a.) 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 0 10 20 30 40 50 Profundidade (m) Figura 35: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades. 60 Nessa faixa o pico levado em consideração foi o 1216 cm-1 atribuído à presença de tirosina e fenilalanina. A fenilalanina é um aminoácido essencial que é hidroxilado em tirosina e, a tirosina por sua vez é relacionada à melanina. O aumento da idade leva a uma maior concentração desse pigmento no grupo C (NICOLETTI et al 2002). 6.6.7 Faixa: 1225 – 1355 (cm-1) A figura 36 mostra os valores de área calculados para os três grupos nas três profundidades estudadas. A barra indica o desvio padrão e o ponto o valor da área média, onde a linha, meramente ilustrativa, mostra a tendência das áreas em função da profundidade. O grupo C apresenta uma função aproximadamente retilínea, o grupo A apresenta curvatura e B uma constante seguida de declínio negativo. O grupo C apresenta uma área 4% maior que o grupo A e 3% maior que o grupo B. 42 Grupos: A B C Area (u.a.) 40 38 36 34 32 0 10 20 30 40 50 60 Profundidade (m) Figura 36: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades. Observa-se uma redução muito pequena da diferença das áreas de C com relação à B e A em comparação com as diferenças anteriores. Constata-se que a área em B é maior que a área em A e menor que a área em C. Nessa faixa o pico levado em consideração foi o 1283 cm-1 atribuído à presença de amida III, onde se evidencia a banda do aminoácido prolina, que se refere à diferença nas quantidades do colágeno (MOVAGASHI, REHMAN, REHMAN 2007). As moléculas de prolina e hidroxiprolina forman ¼ dos aminoácidos do colágeno (CASPERS et al. 1999). No grupo A o maior valor da área encontra-se na profundidade de 30 μm; no grupo B nas profundidades de 0 e 30 μm os valores são muito próximo, e maiores que o valor da profundidade de 60 μm; no grupo C a profundidade de 60 μm apresenta o menor valor e 0 μm apresenta o maior valor. Nota-se que o maior valor encontrado da área sob a curva foi no grupo C e na profundidade de 0 μm. Infere-se que isso ocorra devido ao grupo amino secundário de resíduos de prolina que tem conformação rígida, reduzindo estruturalmente a flexibilidade das regiões contendo prolina (NELSON, COX, 2008). Como o grupo C é o de indivíduos de maior faixa etária pode-se associar as alterações do envelhecimento com a maior área sob a curva. A epiderme é fina e tem a renovação celular mais lenta, resultando em menor resistência aos danos externos (LAUBE, 2004). 6.6.8 Faixa: 1355 – 1483 (cm-1) A figura 37 mostra os valores de área calculados para os três grupos nas três profundidades estudadas. A barra indica o desvio padrão e o ponto o valor da área média, onde a linha, meramente ilustrativa, mostra a tendência das áreas em função da profundidade. Grupos: A B C 65 Area (u.a) 60 55 50 45 40 35 0 10 20 30 40 50 60 Profundidade (m) Figura 37: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades. O grupo C apresenta-se como uma curvatura positiva ao passo que A e B são retas, sendo A crescente e B decrescente. O grupo C é 11,7% menor que o grupo A e 15% menor que o grupo B, ou seja, a área A é maior que em C e menor que em B. Nessa faixa o pico levado em consideração foi o 1441 cm-1 atribuído à presença de lipídeos e proteínas. Na epiderme, ocorrem alterações estruturais significativas como – afinamento de todas as camadas, variando de 10 a 50% entre os 30 e 80 anos. A análise histológica da epiderme permite constatar que o afinamento da pele está relacionado à diminuição dos queratinócitos, sem alteração no estrato córneo (BOISNIC, BLANCHET, 2005). Os queratinócitos aumentam de tamanho com a idade, enquanto a filagrina epidérmica, responsável pela união dos feixes de queratina, e os lipídios intercelulares, especialmente as ceramidas, diminuem. Esse decréscimo provoca aumento da secura e da descamação da pele, além de modificações de sua função de barreira (BOISNIC, BLANCHET, 2005; HADSHIEW, ELLER, GILCHREST, 2000). 6.6.9 Faixa: 1483 – 1707 (cm-1) A figura 38 mostra os valores de área calculados para os três grupos nas três profundidades estudadas. A barra indica o desvio padrão e o ponto o valor da área média, onde a linha, meramente ilustrativa, mostra a tendência das áreas em função da profundidade. 130 125 Grupos: A B C Area (u.a.) 120 115 110 105 100 95 0 10 20 30 40 50 60 Profundidade (m) Figura 38: Valor da área dos três grupos, nas três profundidades. O grupo C é 10% menor que o grupo A e 1,5% menor que o grupo B, ou seja, a área em B é próxima a de C e menor que a de A. Nessa faixa o pico levado em consideração foi o 1637 cm-1 atribuído à presença de amida I atribuída ao colágeno (MOVAGASHI, REHMAN, REHMAN 2007) e o grupo C é o que apresenta menor porcentagem, possivelmente devido à menor concentração em indivíduos com maior idade. Na epiderme envelhecida ocorre o achatamento da junção da dermo-epidérmica com diminuição das fibras de ancoragem, especialmente de colágeno (SILVA, CARNEIRO, 2001; BOISNIC, BLANCHET, 2005; TZAPHLIDOU, 2004). A degradação do colágeno predomina sobre sua síntese, com o aumento das ligações cruzadas e desorganização das fibras (HADSHIEW, ELLER, GILCHREST, 2000). 7 CONCLUSÃO A espectroscopia Raman foi efetiva na caracterização dos compostos bioquímicos que compõe a pele, sendo uma técnica completamente não invasiva excepcionalmente adequada para estudos de concentrações moleculares. Houve correlação entre espectros coletados in vivo e alguns dos constituintes do NMF da pele, onde: Grupo C: apresentou maior área espectral: - No pico 809 cm-1 atribuído à presença de tirosina; - No pico 875 cm-1 atribuído à presença de ácido pirrolidônico; - No pico 930 cm-1 atribuído à presença de colesterol e carotenóides. O pico 1441 cm-1 atribuído à presença de lipídeos e proteínas o grupo C foi o que apresentou uma menor área já que na epiderme envelhecida ocorrem alterações estruturais da pele. No pico 1637 cm-1 atribuído à presença de amida I, o grupo C, apresentou uma menor área, possivelmente devido à menor concentração em indivíduos com maior idade já que na epiderme envelhecida ocorre diminuição das fibras de ancoragem, especialmente de colágeno. 8 TRABALHOS FUTUROS As sugestões de trabalhos futuros são: Simulação do espectro da pele por meio dos espectros Raman dos aminoácidos medidos, utilizando métodos de regressão linear; Quantificação do percentual destes aminoácidos na pele, pelo ajuste da curva teórico e as medidas dos espectros in vivo; Avaliar a penetração de produtos cosmecêuticos na pele, por meio do ajuste do espectro teórico da pele ao medido. REFERÊNCIAS ALENCAR, Y.M.G. Polivitamínicos em geriatria. Rev. Med. Bras., v.49, n.6, p. 359-362, 1992. APELDOORN, A.A. et al. Parallel high resolution confocal Raman SEM analysis of inorganic and organic bone matrix constituents J. Roy. Soc. Interface, v.2, n.2, p. 39–45, 2005. BAGATIN, E. 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