UM BRASIL DESENVOLVIDO COM PENSAMENTOS ALIENADOS NOGUEIRA, Jose Carlos Nogueira Unisal - Mestre em Educação, Professor de Matemática [email protected] O QUE É EDUCAÇÃO? A beleza de ensinar é descobrir a graça nos pequenos gestos dos nossos educandos. O saber ensinar é a arte da educação. D`Ambrosio (2001, p.70), em um de seus livros, define educação: “Educação é a estratégia definida pelas sociedades para levar cada individuo a desenvolver seu potencial criativo, e para desenvolver a capacidade dos indivíduos de se engajarem em ações comuns”. No curso de Mestrado em Educação, na dissertação que apresentei em 2009, escrevi que: antes de tudo, educação é amor. O educador precisa amar aquilo que faz e fazê-lo com carinho e respeito, ou seja, amar ao próximo deve ser uma troca de respeito, tanto do educador quanto do educando. Igualmente, acredito que a educação acontece em lugares diferentes, ou seja: na família com todas as pessoas que a constitui; na escola com toda equipe escolar; na comunidade em que a escola está inserida; na observação de costumes e experiências de um líder ou de um grupo; na igreja nos ensinamentos; nas necessidades da própria comunidade; entre outros. A isso se dá os nomes de: educação formal, educação informal e educação não formal. A educação acontece, em certos casos, de forma planejada, ou seja, de forma intencional, com métodos, teorias para as quais são traçados caminhos específicos para se alcançar certo objetivo, o que evidencia a presença de uma pedagogia, que constitui a Educação Formal. Outras vezes, porém, ocorre sem a intenção de educar, a essa se dá o nome de Educação Informal, pois é representada pelas reuniões de grupos, atividades específicas, ou seja, numa brincadeira, num trabalho, dentro da comunidade, lugares do cotidiano de cada indivíduo. Já a Educação Não Formal é uma prática planejada, mas não oficial, pois, geralmente, se desenvolve fora da escola; é mais flexível nos métodos e conteúdos. Costuma ser oferecida por organizações sociais, organizações não governamentais, em programas de formação, nos programas de inclusão, entre outros. Com base na Educação formal, que é oferecida na escola, pergunto: Que caminho trilha a Educação formal, especificamente, da Rede Pública do Estado de São Paulo? Em pesquisa realizada na referida dissertação alguns educadores foram questionados sobre a educação e, segundo relato de um educador da rede pública, a educação está sendo falha há muito tempo. O educador, muitas vezes, está trabalhando para poucos alunos, mesmo que a sala esteja superlotada, ou seja, sala numerosa e, ao mesmo tempo vazia, de alunos interessados em adquirir os conhecimentos oferecidos pela escola, sem objetivos de aprender, pois, os mesmos sabem que no próximo ano letivo estarão na série subsequente. E os educadores o que pensam sobre esse fato? Num outro relato, os educadores mostram-se divididos. Alguns defendem, fielmente, a tese de que tem que haver uma mudança, que seja significativa e que seja algo que possa dar bom resultado. Promover algo real, uma mudança com o consentimento de toda a equipe escolar. Por outro lado, outros educadores não estão preocupados, aceitam tudo da forma como recebem, ou seja, do alto escalão, sem fazer algum questionamento imediato. Só depois se dá conta que não é uma boa proposta, mas, já é tarde. Parece que a educação está se resumindo nas tecnologias advindas de computadores, internet, data-show, mídias digitais e muitas outras. Algo sem vida. Contudo, esquece que a maior delas é a tecnologia humana, a tecnologia intelectual, aquela que ajuda a dar sentido às aprendizagens, ou seja, ajuda a transformar o educando, oferecendo-lhe um novo estilo de aprender a vida. O educador transformador deve ser dotado de alguns valores universais como a razão, a verdade, a justiça, a liberdade, a ética, a moral e a emancipação (aqui seria autonomia? pode ser). É tarefa do educador se esmerar na sua conduta. O educador é um eterno vigilante. UM BRASIL DESENVOLVIDO? Nós brasileiros, nos acostumamos com o rótulo de pertencermos a um país do terceiro mundo, sobretudo, quando o Brasil era considerado um país em desenvolvimento, rótulo este, pois por longos anos recebemos tudo pronto, vindo de fora, de forma passiva. Importamos tecnologias já ultrapassadas para os países exportadores, ou seja, o que não é mais útil para eles são aceitos como avançados pelos nossos governantes que pagam preços exorbitantes. Durante muito tempo fizeram, fazem e ainda farão com que o povo brasileiro acredite na possibilidade desse processo ser útil ao Brasil, em especial na Educação do Estado de São Paulo, que é ultrapassada em todos os sentidos, com arquitetura antiga, quase derrubada e desmoronada. Aliás, era e continua sendo considerada “nova” aos olhos dos governantes do Estado. Nossos educadores se encontram numa situação de acomodação devido à desmotivação que envolve uma grande maioria em exercício. Hoje, o Brasil, buscando acelerar seu desenvolvimento, necessita de educadores e gestores com macro visão do sistema educacional, que crêem numa educação adequada ao povo brasileiro, que pensa com sua própria cabeça, que fala com a própria voz, sem ter que seguir modelos estrangeiros. É comum nas conversas entre educadores, nos corredores das escolas, estes se manifestarem confirmando que seguem o que determinam e desejam os governantes, ou seja, “dançam conforme a música”; uma música sem ritmo, sem atrativo, que visa produzir ou reproduzir a sociedade nos moldes desejados pelas classes dominantes. Todavia, o que nos parece pior é o fato real de que, em sua grande maioria, nossos alunos estão em concordância com tudo isso, chegando algumas vezes a expressar que o que efetivamente interessa é a certificação ao final do curso. Tais dúvidas, então, nos leva a refletir no sentido de que os governantes têm o controle dos educadores, uma vez que estes querem controlar, e os educadores querem ser controlados. Qual será o questionamento correto: - Devemos fazer exatamente aquilo que os governantes querem? - Os governantes devem fazer o que solicitam os educadores? Se observarmos as preocupantes falhas no sistema educacional, e nada fizer por elas, acabaremos ainda mais preocupados por reproduzirmos as mesmas falhas, colaborando para que o sistema caminhe para o insucesso. Entendemos que precisamos de muitas reflexões, de idéias e ações significativas, de revisão de conceitos e um repensar do papel da educação, da escola, dos educadores e dos alunos. Os educadores, comumente, se dizem neutros com relação à política educacional, no entanto, ao tomarem tal posição, já estão colaborando na reprodução de uma sociedade resignada e alienada. Para tanto devem ocorrer transformações, não apenas na sala de aula, mas em todos os lugares, paulatinamente, até atingir toda a comunidade educativa. Quando o aluno é envolvido numa educação transformadora, esta se reflete no ambiente em que o aluno está inserido, contagiando os grupos, a comunidade, a sociedade, pois na educação, o processo de aprendizagem não precisa de lugar específico para acontecer. Aprendemos em todos os lugares e momentos. Contudo, se estamos produzindo ou reproduzindo na escola uma sociedade que se mostra passiva e acomodada diante de tantas e quaisquer desigualdades, no ambiente no entorno da escola, esses educandos, igualmente reproduzirão as mesmas desigualdades. Acreditamos num educador comprometido com os valores educacionais, morais e éticos, que consigam, abordando as questões sociais, apresentarem os aspectos negativos da desigualdade social, ao invés de se omitirem perante os alunos. A educação é um processo contínuo e desse processo faz parte toda a escola, por meio do diretor, vice-diretor, coordenador, professores, alunos, auxiliares, secretárias, merendeiras, família, ou seja, não há um ponto final. Há responsabilidades para todos nesse processo, mas, especialmente, para o professor. Em muitos casos, mostrar certa realidade significa ir contra o sistema; o que para muitos educadores significa sinônimo de repressão. Temem ser apontados como radicais, incentivadores de bagunça ou mesmo, chamados de opositores. Afinal, nos tempos atuais não é comum nos depararmos com grandes movimentos contra o sistema. Cita Paulo Freire (1993, p. 68) que “quem protesta agora, torna-se individualmente mais visível, e, portanto, mais vulnerável.” Contudo, a maioria dos educadores, prefere ser conservadora, assistir de perto os acontecimentos, concordando ou não com eles e, de certa forma, acabam se neutralizando. Do mesmo modo, os estudantes também têm medo de correr riscos e, assim, igualmente se neutralizam. Neutralizam-se para uma aprendizagem de boa qualidade, para o aperfeiçoamento e construção dos seus conhecimentos, para a aquisição de novos conhecimentos. O que encontramos, comumente, é aquele educando que se mostra contente com o básico que recebe e, se não houver qualquer interferência, certamente ele chegara no básico do básico. Podemos afirmar que o medo faz com que haja acomodação, seja por parte do educador ou do educando. Um medo de ser diferente. Paulo Freire (1993, p. 71), em sábias reflexões aborda que o “medo não é uma coisa que diminui, mas faz reconhecer que sou ser humano”, no entanto, temos que reconhecer os nossos limites. Em muitos casos, o medo nos impede de realizar diversas coisas, sendo uma delas a de ser um educador agente de transformação. Na concepção de Paulo Freire e Ira Shor (1993, p.71), “eu não posso fazer isto, porque estou com medo, mas não permito que o medo me impeça de fazer aquilo”. Em muitas situações, o medo acaba silenciando o educador e o educando e estes, não são mais capazes de tornar o medo um aliado para a própria libertação. Nas aulas, muitos educadores seguem fielmente aos interesses, previamente estabelecidos, dos livros didáticos e dos responsáveis pelos currículos, ou seja, o livro determina o conteúdo para um número de aulas e este conteúdo é seguido à risca e, com isso, vão dando sequência aos conteúdos. Quando o aluno, recém formado, sai da faculdade e como educador chega à escola para trabalhar este, de imediato, tem boas intenções, vontade de ensinar de forma mais liberal, contextualizada e prazerosa, no entanto, com o tempo, parece contaminar-se pelas concepções daqueles que ensinam de forma tradicional; daqueles que valorizam as diferenças e, muito menos, se importam com as desigualdades sociais. Há casos em que o educador tenta promover alguma mudança, contudo, logo é desestimulado pela resistência dos alunos e, até mesmo, da equipe gestora da escola. As mudanças aceitas são aquelas que vêm de cima para baixo, de modo imperativo. Para muitos educandos, a voz do educador não tem muito significado e não representa sinônimo de transformação ou mudança. Não há crédito. No entanto, quando a mesma voz vem de um ângulo diferente, como, por exemplo, das classes dominantes, há melhor aceitação. Assim também funciona com muitos educadores; a voz de um colega pode, quase sempre, nada significar, logo é preciso que a mesma voz venha dos gestores ou órgãos superiores. Por outro lado, é grande a lista de conteúdos que o educador tem que cumprir a cada ano ou série e, se não bastasse tudo isso, ainda são encaixados no planejamento, muitos projetos que, nem sempre tem qualquer contexto com a realidade vivenciada pela escola, o que aumenta, significativamente, as dificuldades no desenvolvimento do trabalho do educador, principalmente de forma transformadora. Se refletirmos friamente, até parecem intencionais esse amontoado desconexo que dificulta, sobremaneira, o trabalho do educador inviabilizando a sua ação educativa. SER CRÍTICO É SER TRANSFORMADOR? Paulo Freire (2003, p. 135) afirma que o desenvolvimento crítico dos educandos é fundamental para que aconteça transformação da sociedade, e continua: “sua curiosidade, sua percepção crítica da realidade são fundamentais para a transformação social, mas não são por si só, suficientes”. Ou seja, o aluno deve vincular sua aprendizagem com as possíveis transformações que possam acontecer e que, também, suas críticas devem estar relacionadas aos seus esforços e às suas ações. Aqui se faz um questionamento: Fazer críticas contra quem? Para quê? Possivelmente, muitas das críticas são feitas de modo que não propicie os processos de transformação, uma vez que servem apenas para dar continuidade a um mesmo sistema e repetitivo. Não são críticas transformadoras e sim, críticas isoladas e individuais que nada acrescentam no processo. Toda transformação, por si só, é um processo longo e, em muitas circunstâncias, alguns envolvidos nesse processo, acabam vencidos pela demora ou pela burocracia do sistema. Sempre há resistência à mudança, porque qualquer mudança desencadeia uma série de conflitos, contudo, é uma resistência cultural. É comum na educação, a percepção de que muitos educadores estão alienados às políticas dos governantes que oferecem bônus àqueles educadores pelos números e aprovações obtidas. Geralmente, tais educadores se recusam a comentar o assunto. Devemos fazer críticas das acríticas de que muitos educadores aceitam com tranquilidade e com acomodação, o que diz respeito à política de “Bonificação por Resultados” (BR), e, costumeiramente, apresentam muita resistência a qualquer comentário que venha ferir essa política de bonificação do Governo. São educadores capazes de macular resultados da educação, em particular, os números que representam uma aprendizagem de qualidade. Conhecer, para mim, é algo de belo! Na medida em que conhecer é desvendar um objeto, o desvendamento dá „vida‟ ao objeto, chama-o para a „vida‟, e até mesmo lhe confere uma nova „vida‟. Isto é uma tarefa artística, porque nosso conhecimento tem qualidade de dar vida, criando e animando os objetos enquanto os estudamos. (FREIRE; SHOR, 1993, p. 145). Chega a ser agressivo o silêncio e a acomodação dos educadores e educandos com essa política de bonificação por resultados, pois acreditamos nisso como tentativas constantes de manipulação dos educadores. Freire e Shor (1993) denominam essa forma de manipulação de “violência simbólica”. Jogam conforme as regras do jogo. São comportamentos e sentimentos que carregam muitos dos nossos educadores. Quando nos reunimos para analisar o sistema de certa forma negativa, é uma forma de defender nossa autonomia, dar uma resposta defensivamente ao regime que nos é imposto. Ficamos convictos, a cada ano e a cada dia que passa que não é na sala de aula que vai acontecer a transformação social, pois, por mais que lutamos, a educação vai ser apenas reprodutora das desigualdades sociais e das incertezas. Mesmo que haja iniciativa, por meio de projetos, de alguns grupos fora da escola, sensibilizados por essa luta e visando qualquer possibilidade de transformação, quando este chega à escola, esta se encarrega de desencorajar os grupos, se estes forem contrários ao que se considera dominante na escola. Freire e Shor (1993 p. 157) debatem que, neste sentido: “a educação não é a alavanca para a transformação da sociedade, pois corremos o perigo do desespero e do ceticismo se impusermos limites a nossa luta à sala de aula”. E continuam afirmando que a educação tem que ter consciência de seus limites. Isso não significa que a escola não deve buscar a transformação, mas sim, é dever da escola ajudar nas iniciativas de transformação. “ Se compreendermos a natureza limitada e vinculada da educação, se compreendermos como a educação formal se relaciona com a sociedade global, sem ser, apenas, a reprodutora da ideologia dominante, e sem ser, também, a principal alavanca da transformação; se compreendermos desse modo nossa prática educacional, evitaremos, então, um certo otimismo ingênuo que pode levar-nos no futuro, a um terrível pessimismo. Ao evitar o otimismo ingênuo no inicio, estaremos evitando cair no desespero e no ceticismo. ": (FREIRE; SHOR, 1993, p. 157). A transformação está em todos os segmentos, seja nas escolas, nos movimentos sociais ou de qualquer outra natureza. O educador deve ser um observador dos acontecimentos fora da escola e, a seu modo, deve levar tais acontecimentos para dentro da escola, ou seja, o trabalho fora da escola deve ajudar na transformação dentro da escola e, consequentemente, o trabalho dentro da escola promoverá a transformação social fora da escola. Assim sendo, o processo didático na sala de aula não pode, por si só, refazer a sociedade. Ele pode fazer evoluir a curiosidade crítica; pode desenvolver o compromisso do professor e de alguns alunos com o objetivo da transformação. Mas é nos movimentos fora da escola que se reúne a maior parte das pessoas que sonham com a mudança social. Estar ciente disse ajuda a evitar a euforia e o desespero ao praticar a educação libertadora na sala de aula. (FREIRE; SHOR, 1993, p. 161). Parece não ser do interesse das classes dominantes trazerem estes acontecimentos do cotidiano para reflexão na sala de aula e, quando o faz, é de forma superficial, nada aprofundado, sem discussões das causas que geraram determinado problema. Lembrando Paulo Freire devemos nos focar na discussão aprofundada dos problemas para chegarmos às causas e estas podem significar ameaças às classes detentoras do poder, as classes dominantes. Terminamos este artigo tecendo as considerações finais com uma citação de Paulo Freire e Ira Shor, que é bastante significativa Ao ler palavras, a escola se torna um lugar especial que nos ensina a ler apenas as „palavras da escola‟, e não as „palavras da realidade‟. O outro mundo, o mundo dos fatos, o mundo da vida, o mundo da discriminação e da crise econômica (todas essas coisas estão aí!), não tem contato algum com os alunos na escola através das palavras que a escola exige que eles leiam. Você pode pensar nessa dicotomia como uma espécie de „cultura do silencio‟ imposta aos estudantes. A leitura da escola mantém silêncio a respeito do mundo da experiência, e o mundo da experiência é silenciado, sem seus textos críticos próprios. (FREIRE; SHOR, 1993, p. 164) Será que não está na hora da escola sair dessa “cultura do silêncio” para gritar aos seus educandos esses mundos da vida, dos fatos, da crise e das experiências? REFERÊNCIAS D`AMBRÓSIO, Ubiratan. Transdisciplinaridade. 2ª ed. São Paulo: Palas Athena, 2001. FERRETTI, Celso João e outros (orgs.). Novas tecnologias, trabalho e educação – um debate multidisciplinar. 9ª ed. Petrópolis, Vozes, 1994. FREIRE, Paulo. Entrevista concedida a Pedro Paulo Scandiuzzi. In. BOLEMA, Ano 16 - N° 20, 2003. ______. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa, 35ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1993. FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. FREITAS, Marcos Cezar de (orgs). Desigualdade Social e Diversidade Cultural na infância e na juventude. São Paulo: Cortez, 2006. GUSMÃO, Neusa Maria Mendes (Org). Diversidade, cultura e educação: Olhares Cruzados. São Paulo: Biruta, 2003. LIMA, Luzia M. S. Motivação em sala de aula: a mola propulsora da aprendizagem. In. SISTO, OLIVEIRA e FINI (orgs.) Leituras de Psicologia para formação de professores. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 2001.