IV – Uma nova visão do Espaço e do Tempo Contração do Comprimento Considere uma barra em repouso em relação a um referencial R’, que se movimenta com velocidade constante u relativamente a um sistema de referência inercial R. Fig 1.6 Contração do Comprimento. O comprimento da barra em cada um desses referenciais é L = x2 − x1 e L' = x 2' − x1' Pelas equações da relatividade de Einstein x2' = γ ( x 2 − ut ) x1' = γ ( x1 − ut ) subtraindo membro a membro x2' − x1' = γ[( x 2 − ut ) − ( x1 − ut )] x2' − x1' = γ ( x2 − x1 ) Logo v2 ' L = 1− L c2 Sendo γ > 1, resulta L < L’ onde a contração do comprimento só ocorre na direção do movimento. “O comprimento medido do referencial em relação ao qual um objeto está em movimento é menor do que o comprimento medido em relação ao qual o objeto está em repouso” Fig 1.7 Se o carro pudesse se deslocar com velocidade próxima à da luz, o observador parado na calçada veria o carro mais curto. O observador no carro veria os quarteirões mais estreitos. Dilatação do Tempo Na relatividade de Galileu-Newton, o tempo é absoluto; não dependendo do referencial em que é medido. Entretanto, se assumirmos como verdadeiro o princípio da constância da velocidade da luz da relatividade de Einstein, somos forçados a aceitar a relatividade do tempo. Fig 1.8 Uma fonte de luz F, situada no piso do veículo, emite um feixe vertical que atinge o teto de percorrer a distância d (em relação ao referencial R’), durante um intervalo ∆t’[d = c ∆t’]. Em ∆ relação ao referencial R (fixo no solo), a luz percorre a distância D com a mesma velocidade c, num intervalo de tempo ∆t. Assim, temos: d = c ∆t. ∆ No intervalo de tempo ∆t o veículo percorre a distância u ∆t. ∆ Aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo na Fig. 1.8 (c), temos: (c ∆ t )2 = (u ∆ t )2 + (c ∆ t ')2 ⇒ ∆t2 = 2 2 2 2 c ∆ t' c −u ( ) ⇒ ∆ t 2 c 2 − u 2 = c 2 ∆ t'2 ⇒ ∆t2 = ∆ t' 2 ⇒∆t = 2 1− u c2 ∆ t' 1− u2 c2 isto é ∆ t = γ∆ t ' = ∆ t' 1− v2 c2 Como o fator de Lorentz γ > 1 => ∆t > ∆t’. O intervalo de tempo ∆t’ é chamado intervalo de tempo próprio. Assim, para quem está dentro do veículo (∆ ∆t’=tempo próprio=∆t0), o intervalo de tempo medido é menor, isto é, o tempo passa mais devagar! Por outro lado, se u << c temos γ ≈ 1 e ∆ t ≅ ∆ t 0 , isto é, os intervalos de tempo “são iguais” nos dois referenciais (∆t representa o intervalo de tempo dilatado). Fig 1.8 Em velocidades próximas à da luz, o movimento afeta a medida do tempo. Em (A) o trem parte da estação às 9 h (o relógio da estação e o do trem estão sincronizados). Em (B), ao chegar em outra estação, o relógio da estação marca 10 h (tempo dilatado) e o do trem 9:35 h (tempo próprio) Massa e Energia Para que o princípio da conservação da quantidade de movimento continuasse válido no domínio de colisões interatômicas (onde a velocidade das partículas é comparável à velocidade da luz), Einstein reformulou os conceitos de massa e energia. Seja m0 amassa de repouso de um corpo, isto é, a massa de um corpo que está em repouso em relação a um sistema de referência inercial R. Seja m a massa do mesmo corpo quando se move com velocidade u, em relação ao mesmo referencial R. A relação entre m e m0 é dada por: m = γ m0 = m0 1− u2 c2 Com γ > 1 (γ = 1 quando u = 0), decorre m > m0, isto é, a massa do corpo é maior quando em movimento do que quando em repouso. O aumento de massa não significa que aumenta o número de partículas (átomos, moléculas etc.) do corpo, e sim a inércia deste. Se o corpo atingisse a velocidade da luz, nenhuma força seria capaz de acelerá-lo, pois foi atingida a velocidade limite. Nesse caso, a inércia do corpo seria infinita. Uma das maiores conseqüências da teoria da relatividade especial é o fato de que a massa é uma forma de energia, ou seja, a energia tem inércia. Essa dualidade massa - energia é expressa pela equação E = mc 2 Essa equação estabelece que a energia total (em joules) de um corpo de massa m (em quilogramas) é o produto de sua massa pelo quadrado da velocidade da luz no vácuo (em metros por segundo). Por essa equação, 1 kg de massa é equivalente a 9 × 10 6 J , ou seja, 2,5 × 1011 kWH . Com essa energia, uma lâmpada de 100 W poderia ficar acesa durante 2,5 × 1011 horas , o que equivale a aproximadamente 2,8 × 10 7 anos . A conversão de matéria em energia ocorre continuamente em fontes de energia como o Sol e estrelas, e em todos os processos nos quais a energia é liberada, como, por exemplo, nas bombas atômicas. Observe que E é a energia total do corpo para um observador que mediu a massa m. Se o corpo está em repouso relativamente ao observador, a massa do corpo é a massa de repouso m0, sendo que a energia: E = m0 c 2 é chamada energia de repouso do corpo. Se E é a energia total do corpo e E0, sua energia de repouso, decorre que a energia cinética Ec será: E c = E − E 0 = mc 2 − m0 c 2 como m = γ m0 , temos: E c = γ m0 c 2 − m 0 c 2 isto é E = m0 c 2 (γ − 1) Energia e Quantidade de Movimento Seja m a massa de um corpo que se move com velocidade u, em relação a um sistema de referência inercial R. A energia total do corpo e sua quantidade de movimento p são dadas por: E = mc 2 = m0 c 2 1− p = mu = u2 c2 m0 u 1− u2 c2 A relação entre E e p é ( E 2 = p 2 c 2 + m0 c 2 2 ) Para m0 = 0, resulta: E = pc Portanto, partículas que possuem massa de repouso nula têm energia e quantidade de movimento. É o caso dos fótons.