Editorial Caros leitores A segunda edição da revista Canavieiros traz reportagens importantes sobre os cenários, as perspectivas, as novas tecnologias e artigos que pretendem auxiliar o produtor de cana em suas decisões e atividades diárias. Foi com esse objetivo que a revista foi lançada no mês passado: o de ser uma ferramenta de auxílio para os plantadores associados ao sistema Copercana/Canaoeste/Cocred, e a toda cadeia sistêmica da cana-de-açúcar. tra os principais fatos que aconteceram no sistema Copercana/Canaoeste/ Cocred no mês de agosto. Nas páginas da Canaoeste, um relato das reuniões sobre “as perspectivas do setor sucroalcooleiro”, que contou com a participação do deputado federal Antonio Carlos de Mendes Thame e “as perspectivas e os desafios para o agronegócio paulista”, cujo palestrante foi o deputado estadual Antonio Duarte Nogueira Júnior. Nesta edição, a reportagem de capa tem como tema o processo de expansão do setor sucroalcooleiro na região noroeste de São Paulo, considerada a última fronteira para a cana no Estado, onde a cultura já ocupa, aproximadamente, 4 milhões de hectares. A finalidade da reportagem é mostrar os atrativos da região e a experiência de produtores que abriram mão de suas propriedades em regiões tradicionais para investir na nova fronteira. A revista mostra também novas tecnologias de cana-de-açúcar a disposição dos produtores, apresentando as quatro novas variedades de cana do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) que foram lançadas no mês de agosto. As CTC6, CTC7, CTC8 e CTC 9 exigiram dez anos de estudos, pesquisas e análises experimentais. Ainda sobre esse assunto, o presidente da UDOP (Usinas e Destilarias do Oeste de São Paulo), Luiz Guilherme Zancaner, enfoca, em artigo, a importância da distribuição de renda, do crescimento sustentável e as projeções otimistas. Os desafios para o Brasil se consolidar como o principal fornecedor de energias renováveis do mundo são apontados pelo professor Marcos Fava Neves, coordenador do PENSA (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial), ligado à USP. Em seis páginas a Canavieiros mos- A matéria de destaque conta os principais fatos que aconteceram durante o 5º Congresso Brasileiro de Agrobusiness, promovido pela ABAG (Associação Brasileira de Agrobusiness). A matéria traz a integra da carta aos candidatos à presidência da república com as principais demandas do agronegócio brasileiro. E mais, informações sobre a brocada-cana-de-açúcar mostranto seus métodos de controle, tecnologias da colheita mecanizada da cana e uma reportagem especial sobre produtores de cana que têm um hobby muito interessante: a cachaça artesanal. Boa leitura! Conselho Editorial Revista Canavieiros - Agosto de 2006 03 Indice EXPEDIENTE Capa CONSELHO EDITORIAL: Antonio Eduardo Tonielo CORRIDA PARA O OESTE Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Expansão do setor sucroalcooleiro para novas regiões do Estado Pg. Oscar Bisson EQUIPE DE JORNALISMO: Carla Rossini – MTb 39.788 20 Cristiane Barão – MTb 31.814 Marino Guerra – MTb 39.180 DEST A QUES DESTA OUTRAS Entrevista DESTAQUE P g . Marcos Fava Neves Planejar para se estabelecer é o conselho do coordenador do PENSA/USP P g . P g . 05 24 INFORMAÇÕES SETORIAIS 28 LEGISLAÇÃO P g . 30 REPERCUTIU Luiz Guilherme Zancaner P g . O presidente da UDOP fala sobre distribuição de renda e crescimento sustentável Notícias Márcio Carvalho FOTOS: Carla Rossini Marino Guerra 32 Márcio Carvalho COMERCIAL E PUBLICIDADE: Samira Mamed [email protected] DEPARTAMENTO DE MARKETING E COMUNICAÇÃO: 08 10 NOVAS P g . 3 4 TECNOLOGIAS Marino Guerra, Roberta Faria da Silva, Samira Mamed CULTURA São Francisco Gráfica e Editora AGENDA TIRAGEM: 8.000 exemplares P g . Carla Rossini, Daniel Pelanda, Letícia Pignata, Márcio Carvalho, IMPRESSÃO: P g . P g . P g . PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: CULTURAS P g .3 3 DE ROTAÇÃO 1 Canaoeste Mais tecnologia a disposição dos associados Notícias 31 PRAGAS E DOENÇAS P g . Copercana O presidente da Copercana recebe diretores da DUPONT Notícias Igor Fernando Ardenghi CAPA (Elaboração) : Ponto de Vista P g . REVISÃO GRAMATICAL: 4 16 Cocred Linha de financiamento para próxima safra de amendoim P g . 36 37 CLASSIFICADOS P g . 38 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Cocred. As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Antes da Porteira Cooperados investem na produção de cachaça artesanal 04 Pg. 26 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 ENDEREÇO DA REDAÇÃO: Rua Dr. Pio Dufles, 532 Sertãozinho – SP CEP:- 14.170-680 Fone: (16) 3946 3311 Entrevista Marcos Fava Neves Engenheiro Agrônomo Planejar para se estabelecer Cristiane Barão A pesar da euforia em torno da expansão do mercado de açúcar e álcool para os próximos anos, o Brasil precisa estar atento a quatro questões caso queira se firmar como principal fornecedor de energia renovável no mundo, são elas: gestão estratégica da cadeia, investimento em infra-estrutura, inovação e a formulação de uma política de promoção do etanol no mundo. Essa é a opinião do coordenador do PENSA/USP (Programa de Agronegócios de Pesquisadores da USP), Marcos Fava Neves. P e r f i l Marcos Fava Neves é engenheiro agrônomo formado pela Esalq, em 1991, mestre e doutor em Administração de Empresas pela FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP (1999). É pós-graduado em Agribusiness & Marketing Europeu na França (1995) e em Planejamento de Canais (Networks) de Distribuição na Holanda (1998/1999). Autor/co-autor e organizador de 11 livr os, já proferiu mais de 200 palestras no Brasil e outras 50 no exterior sobre planejamento, marketing, estratégia e agronegócio. É professor da FEA desde 1995, tornou-se livre docente em Marketing e Estratégia pela USP em 2004 e é coordenador do PENSA/USP (Programa de Agronegócios de Pesquisadores da USP). Na entrevista a seguir, ele defende a constituição de uma associação vertical, formada por todos os elos, monitorada pelo governo e gerida pelo setor privado para um planejamento integrado da cadeia, fala sobre a participação do capital estrangeiro no setor sucroalcooleiro brasileiro e da necessidade do Brasil promover o etanol como combustível da paz no mercado internacional. Fava Neves classifica o exministro Roberto Rodrigues como uma das poucas luzes que brilharam nessa gestão e concorda que as coisas estão melhorando. “Mas é preciso trabalhar, e muito”, diz. Revista Canavieiros - Agosto de 2006 05 Entrevista CANAVIEIROS: O setor sucroalcooleiro tem hoje perspectivas de expansão nunca vistas por conta do forte aumento da demanda interna e externa, principalmente de álcool. Nesse contexto, quais os principais desafios do setor? MARCOS FAVANEVES: Esta nova fase é de fundamental importância ao Brasil. Eu destacaria quatro grandes desafios para nos consolidarmos como o principal fornecedor de energia renovável no mundo. 1) A constituição de uma associação vertical (“CanaBrasil”) para o setor, com participação de produtores, usinas, distribuidores e do setor de insumos, enfim, todos os elos em que pode ser feito um processo de gestão estratégica da cadeia da cana-de-açúcar. É importante que as cadeias produtivas se planejem integradamente, e em conjunto com o governo, via associações verticais fortes e representativas. A participação deve ser mandatória, porém, a organização deve ser gerida pelo setor privado e monitorada pelo Estado. Entre suas funções estariam a efetiva coordenação da cadeia produtiva (contratos, formas de pagamento), fórum de discussões, um programa de marketing e promoção da cana, adequação da cadeia agroindustrial da cana aos padrões de qualidade exigidos pelos países desenvolvidos – inclusive na questão de sustentabilidade – com capacitação e adoção, por parte dos agentes, de certificados reconhecidos internacionalmente. É importante que a cadeia da cana esteja sintonizada com as exigências mundiais. 2) De- 06 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 vemos pensar também nas políticas de promoção do etanol no mundo, divulgando a imagem do Brasil como um fornecedor mundial de agroenergia seguro e de soluções ambientais – álcool combustível, biodiesel, créditos de carbono, tecnologias limpas etc. Pena que nosso governo federal não aproveitou adequadamente a oportunidade dada pelo presidente Bush quando fez aquele discurso em que citava o etanol. Se tivéssemos um plano, uma boa estratégia de comunicação, poderíamos nos posicionar, imediatamente após seu discurso, como quem resolveria o problema da sociedade americana. 3) Logística e melhoria da infra-estrutura de escoamento da produção de álcool, pois a maior parte do álcool produzido no país deixa a usina em caminhões, um meio de transporte que pode comprometer a rentabilidade de áreas no Sempre temos que ter em mente a sustentabilidade econômica de todos os agentes. Não existe cadeia produtiva se um agente está sendo esmagado. interior do país. É necessário melhorar os portos, destravar a regulamentação das PPPS (Parcerias Público-Privadas), mudar o planejamento no setor de transportes, priorizando a integração, retomar a transferência ao setor privado de estradas, portos e áreas portuárias, aumentar a oferta na navegação de cabotagem, da participação das hidrovias no transporte de álcool, e incentivar a construção de dutos pelas refinarias para facilitar e estimular a comercialização e produção de álcool. 4) Inovação: atividades integradas de P&D para o setor. É fundamental que tenhamos sempre aqui as melhores inovações, seja modificação genética ou outras, estimulando a formação de parcerias público/privadas e parques tecnológicos entre Embrapa, Institutos Agronômicos, centros de excelência nas universidades, empresas privadas, centros de tecnologia (CTC) entre outros. A inovação guia a competitividade. Cuidar também em conseguir patentes internacionais. CANAVIEIROS: A relação entre produtores de matéria-prima e indústria sempre foi difícil. Os produtores acabam sendo o elo mais frágil da cadeia e isso não se restringe ao setor de cana, açúcar e álcool. O que poderia ser feito para evoluirmos nessa questão? FAVA NEVES: Esta questão sem dúvida é conflituosa e sempre será, pois envolve preços, renda e lucros dos agentes. O importante é controlar os conflitos. Na relação produtor – indústria, o governo, via a associação vertical (“CanaBrasil”), deve apenas monitorar a fórmula de pagamento (Consecana), discutida e acordada entre todos os agentes da cadeia produtiva, sendo atualizada a cada safra agrícola. Em novas regiões, outras formas de parcerias também devem aparecer, mas sempre temos que ter em mente a sustentabilidade econômica de todos os agentes. Não existe cadeia produtiva se um agente está sendo esmagado. Associações verticais devem incentivar o cooperativismo, associativismo e consórcio de produtores para aquisição de insumos, máquinas, arrendamento de terras e contratos com agroindústrias. A idéia para os produtores é sempre usarem da melhor forma seus ativos, para que a fazenda fique enxuta. CANAVIEIROS: O investimento, em um momento de euforia no mercado, é sempre temerário. A tendência é que, safras depois, haja maior produção e queda nos preços. Com as perspectivas positivas para o setor, investir na produção de cana-de-açúcar é um negócio seguro? FAVA NEVES: Veja, na situação tecnológica atual é seguro, pois a cana tem a sorte de fornecer produtos a mercados que hoje são firmes. Com o crescimento das economias e distribuição Entrevista de renda, o consumo de açúcar deve crescer, não in natura, mas nos produtos que levam açúcar. Isto é, firme no mundo asiático e aqui também. No álcool, também existe grande espaço de crescimento para as exportações e no mercado interno. No interno, um preço por litro de R$ 1,20 no posto já remunera adequadamente a cadeia produtiva. Veja o espaço de crescimento que existe apenas no consumo interno se os preços estiverem neste patamar no país todo, ou algo mais, que seja. Aqui na nossa região o preço está neste patamar, mas vou a Porto Alegre, estive agora em Recife, Fortaleza, e lá você vê preços perto de R$ 2,00. É uma questão fiscal e de logística. Então, eu considero que no mercado interno tem enorme espaço para crescimento também. No externo é que as possibilidades são enormes. Vejam que os EUA já passaram o Brasil em produção de etanol, algo como 16 bilhões de litros. Existe uma febre de investimentos para o álcool vindo de milho, que já está afetando os preços do milho e, futuramente afetarão os preços da soja, para nossa sorte. O que eles produzem hoje representa apenas 2,5% do consumo de gasolina americano. Vejam que potencial, eles realmente estão vendo que, produzir etanol lá é uma forma de deixar os recursos deles nas mãos do setor produtivo americano, dos fazendeiros americanos, ao invés de mandar para os países de quem eles compram petróleo, onde as relações não são amistosas. CANAVIEIROS: O senhor acha que a expansão para o noroeste de São Paulo irá deslocar o centro da região maior produtora para lá? Nesse caso, a região de Ribeirão Preto perderia importância? FAVA NEVES: A região de Ribeirão pode até perder participação relativa, mas não perderá o posto de centro decisório do setor. A migração da cana será para muitas regiões do Brasil como Minas Gerais, Goiás, Paraná e até no Pará, onde ainda existe área para expansão e o preço da terra é menor. Visitei recentemente uma usina na região de Petrolina/Juazeiro, com cana totalmente irrigada e índices de produtividade impressionantes. Lá também no Vale do São Francisco será área de expansão nos novos projetos da Codevasf. Isto será importante para que o preço do álcool caia nestas regiões e o consumo no mercado interno cresça, como também será importante para espalhar o desenvolvimento em regiões do Brasil que precisam. CANAVIEIROS: Como o senhor avalia a entrada de capital estrangeiro no setor sucroalcooleiro brasileiro? FAVA NEVES: A estrutura competitiva do setor deve sofrer fortes alterações nos próximos anos, entre elas, a entrada de novos investidores, abertura de capital em bolsas, fusões e aquisições, novos modelos de governança Quanto mais produtores estiverem envolvidos no fornecimento de cana, mais a renda será distribuída. Daí minha visão que o associativismo e o cooperativismo são fundamentais nas novas áreas. (parcerias e contratos de longo prazo com plantadores independentes), concentração na atividade fim e terceirização de funções. Veja, este debate sobre capital estrangeiro é outra coisa recheada de ideologias. Primeiro: é melhor ter o investimento que não ter o investimento. Segundo, eu posso provar a você que o capital estrangeiro é melhor que o nacional em termos de desenvolvimento, apenas perguntando onde estão sendo investidos os lucros. Podemos ter o caso de uma empresa de capital nacional que remete todos seus lucros para atividades internacionais e vice-versa. Acho que, em termos de efetivo desenvolvimento e distribuição de renda, o ponto que deveria ser observado é que a expansão para novas áreas não seja feita via integração vertical (usina dona das terras produtoras). Acho que quanto mais produtores estiverem envolvidos no fornecimento de cana, mais a renda será distribuída. Daí minha visão que o associativismo e o cooperativismo são fundamentais nas novas áreas. Uma cooperativa de fornecedores forte, pode pensar em começar a diversificar para outras culturas em áreas não ocupadas pela cana, e termos um modelo de desenvolvimento sustentável daquela região, com distribuição de renda e consumo. CANAVIEIROS:Apesar da modernização do setor, do crescimento da produção e das perspectivas positivas, o mercado interno de álcool ainda sofre oscilações de preços na safra e entressafra. O que pode ser feito para amenizar isso? FAVA NEVES: Deve-se pensar na constituição de estoques reguladores. Os estoques reguladores podem melhorar a imagem do setor no Brasil e no mundo, podendo fornecer segurança no abastecimento do mercado interno e externo. Além disso, a coordenação adequada do setor e o que chamei de gestão estratégica da cadeia, feito pela organização vertical. Todo planejamento atua de forma preventiva. Então, se está claro que pode haver grande crescimento dos preços, o próprio setor deve se organizar para não maltratar o consumidor brasileiro que ele vem conquistando, e que é do setor. CANAVIEIROS: O ex-ministro Roberto Rodrigues dizia que em 2007 a crise será menor. Qual a análise do senhor? FAVA NEVES: Compartilho com a opinião do agora sempre “ministro Roberto”, uma das poucas luzes que brilharam nesta gestão, pois para muitas culturas o cenário é bom. Para grãos no Centro-Oeste é um problema que exige um pensamento específico em como resolver, mas para quase todas as outras cadeias produtivas, as coisas estão melhorando. Mas é preciso trabalhar, e muito. Revista Canavieiros - Agosto de 2006 07 Ponto de Vista Melhor distribuição de renda e crescimento sustentável M uito se fala que vivemos hoje um “boom” de crescimento no setor sucroalcooleiro, com a implantação de várias usinas de açúcar e álcool, principalmente no Oeste do Estado de São Paulo e em estados como: Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e outros. Mas essa expansão requer alguns cuidados essenciais para que seja alicerçada em bases profundas, no que chamamos de crescimento sustentável. são personagens essenciais e fundamentais para os propósitos de crescimento harmônico de nosso setor. Desenvolvimento sustentável é justamente termos uma cadeia produtiva forte, em todos os seus segmentos. Não adianta querer acreditar que conseguiremos dobrar a nossa produção sem que haja um forte engajamento e condições para que todos os elos da cadeia sejam integrados de forma equilibrada. Hoje essa “euforia” vivida pelo seA categoria se mostor deve ser ordenada tra muito fortalecida, por ações que visem com a liderança do emmelhorar a distribuição presário Manoel de renda por toda a caOrtolan, que recentedeia produtiva. Concenmente encabeçou a motrar o crescimento nas dificação do sistema mãos de poucos é um Consecana, dando, asrisco, e riscos não são sim, uma melhor eqüibem vindos nesta fase. dade na cadeia produDevemos nos lembrar tiva. como exemplo a crise da *Luiz Guilherme soja e da pecuária, agraZancaner Esse entendimento, vada nestes três últimos conseguido após muitas discussões e anos. exaustivos debates, demonstra o quão O futuro próximo nos faz crer que a importante é, termos todo o setor preodemanda por álcool, no mercado inter- cupado em crescer de forma ordenada no e externo, terá a médio e longo pra- e justa, possibilitando com isto que zos uma perspectiva melhor até que a haja uma irrigação melhor de renda por do açúcar, mas temos que ter cautela. A todo o segmento. criação de mão-de-obra especializada Bem, os desafios estão lançados e deve ocorrer na mesma proporção do crescimento do setor. Devemos seguir as perspectivas são muito otimistas. o exemplo dos grandes grupos de nos- Agora é unirmos as forças no trabalho so setor, em que o crescimento é integrado e escolhermos representanalicerçado em uma administração pro- tes para os cargos eletivos das eleições de outubro que tenham uma afinidade fissional e visão de longo prazo. com nossos propósitos e que vistam Para esse crescimento também é ne- nossa camisa: a camisa do desenvolvicessário que haja uma integração cada mento do Brasil, tendo por base um vez maior entre as indústrias do setor e agronegócio forte; que é, e sempre foi, os fornecedores de cana-de-açúcar, que a vocação de nosso País. *presidente da UDOP (Usinas e Destilarias do Oeste Paulista) 08 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 Revista Canaplanta - Julho de 2006 09 Notícias Copercana Presidente da Copercana recebe diretores da DUPONT Carla Rossini N o dia 26 de julho, o presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo recebeu, na sede da cooperativa em Sertãozinho, integrantes da diretoria da Dupont. A finalidade da visita foi expor o balanço dos negócios Copercana/Dupont, o qual apresentou excelentes resultados no ano de 2005 e, desempenhos superiores projetados para 2006. Também foram apresentadas as perspectivas para o mercado de açúcar e álcool, aberturas de novas usinas e mercados de fornecedores. No final da tarde, os integrantes fizeram uma visita à sede da Usina Virálcool. Segundo Antonio Eduardo Tonielo, para a Copercana, é motivo de satisfação concretizar parcerias com empresas que agregam valores aos serviços prestados e produtos vendidos aos cooperados. “Estamos muito satisfeitos com os resultados das parcerias que estamos fazendo há alguns anos. Isso permite que possamos atender melhor os nossos cooperados”, afirmou. Além do seu presidente, a Copercana foi representada pelo diretor Manoel Carlos Azevedo Ortolan; o gerente financeiro, Paulo Calixto e o gerente comercial, Frederico José Dalmaso. Pela Dupont, estiveram presentes os seguintes representantes: o vice-presidente de produtos agrícolas da América Latina, José Perdomo; o gerente de negócios de cana-de-açúcar, Daniel Gheller; o gerente de marketing de cana-de-açúcar, Márcio Farah; o diretor de produtos agrícolas do Brasil, Juan Carlos Bueno; o representante comercial, José Antonio Marossi e o gerente de contas, Christian Menegatti. Visita dos integrantes da DUPONT à Copercana. 10 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 Notícias Copercana Copercana realiza obras de melhoria no seu barracão de insumos Marino Guerra Cooperativa realiza obras que resultaram na melhoria da estrutura e aumento da capacidade de armazenamento, com o objetivo de atender, com mais agilidade, às necessidades do cooperado C om o objetivo de ampliar sua capacidade de armazenamento, a Copercana executou obras de melhoria em seu barracão de insumos. Com isso, a cooperativa espera melhorar e agilizar as entregas de defensivos e fertilizantes necessários, afim de que os cooperados possam assegurar uma colheita produtiva. As obras, que demoraram cerca de um mês para serem concluídas, aumentou a capacidade de estoque em 10 vezes, isso devido à compra de 500 port-pac (equipamento que otimiza a área útil do barracão). Além da compra desse equipamento, ainda foram realizadas obras para a melhoria da aparência, trocando o reboco interno e externo, efetuando nova pintura além da instalação de telas de proteção nas janelas e portões. PORTPAC: otimização da área útil interna do barracão. ÁREA EXTERNA DO BARRACÃO DE INSUMOS: capaciadade de estoque 10 vezes maior Revista Canavieiros - Agosto de 2006 11 Notícias Canaoeste Mendes Thame discute o futuro do setor sucroalcooleiro com produtores da Canaoeste Marino Guerra N a manhã do dia 27 de julho, o deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame – PSDB-SP, proferiu uma palestra sobre as perspectivas do setor sucroalcooleiro para cerca de 200 fornecedores de cana, no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho. Segundo o deputado, a demanda mundial de combustíveis alternativos ao petróleo poderá ser até 20 vezes maior em comparação com a produção brasileira atual de álcool. Com isso, ele defende não só o investimento na ampliação do setor, mas também a exportação de tecnologia de plantio e produção. “Para exportarmos o álcool brasileiro precisamos de união entre as cadeias, ação da política pública e investimento em infra-estrutura imediatamente. Não podemos deixar essa oportunidade passar”, afirmou o deputado. O deputado também fez um resgate sobre as crises que o setor já enfren- José Alberto Gimenez, Mendes Thame, Manoel Ortolan, Nério Costa e Roberto Cestari tou e enfatizou a união de todas as cadeias que compõem a cana (açúcar e álcool) como fator primordial para a saída das crises. “Todos os produtores de cana sabem das dificuldades enfrentadas durante a crise de 1998/99. Não podemos deixar que aquele terror volte a perturbá-los. Para isso precisamos trabalhar unidos em prol dos mesmos objetivos”, defendeu. Por fim, falou sobre os grandes ob- jetivos políticos do setor de biocombustíveis. “O mundo está enxergando a necessidade de investimentos em energias limpas e renováveis. As reservas de petróleo não são eternas, por isso afirmo com toda convicção que, através do álcool, conviveremos na frente da humanidade por, no mínimo 30 anos”, declarou Thame. Junto com o deputado Mendes Thame, compuseram a mesa: o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan; o prefeito municipal de Sertãozinho, José Alberto Gimenez; o seu vice, Nério Costa e o presidente da Coplana (Cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba), Roberto Cestari. Quem é Antonio Carlos Mendes Thame: Cerca de 200 produtores participaram da reunião 12 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 Deputado Federal em seu quarto mandato pelo PSDB-SP, foi secretário de recursos hídricos do Estado de São Paulo e Prefeito de Piracicaba-SP. É engenheiro agrônomo, professor licenciado da ESALQ/USP (Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo) e advogado formado pela PUC-Campinas. Preside a Associação dos Municípios Canavieiros e de Agricultura Energética do Estado de São Paulo e o Conselho da Associação dos Municípios Citrícolas de São Paulo. Notícias Canaoeste Canaoeste discute “as perspectivas e os desafios para o agronegócio paulista” com o deputado Duarte Nogueira Carla Rossini O encontro reuniu aproximadamente 200 fornecedores de cana no auditório da Associação, em Sertãozinho A “ s perspectivas e os desafios para o agronegócio paulista” foi o tema abordado na reunião com o deputado estadual Antonio Duarte Nogueira Júnior (PSDB-SP), que aconteceu no auditório da Canaoeste na tarde da sexta-feira, 11 de agosto. Ao lado do deputado, compuseram a mesa: o presidente da Canaoeste e Orplana, Manoel Ortolan; o presidente da Copercana e Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, além do prefeito de Sertãozinho, José Alberto Gimenez e do seu vice, Nério Garcia da Costa. O evento teve a coordenação do presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan que, durante a sua apresentação, lembrou as medidas que estão sendo tomadas em relação às normas de queima da palha da cana-de-açúcar e a área de preservação permanente. Manoel Ortolan também lembrou do importante papel que o deputado Duarte Nogueira desenvolveu quando era secretário da Agricultura do Esta- do de São Paulo. “Precisamos de pessoas experientes e competentes, que demonstram afinidade com o nosso setor. Temos que ter segurança em nossas propriedades porque representamos uma fatia importante para a agricultura nacional”, declarou. afirmando que isso só foi possível porque o governo e a iniciativa privada trabalharam juntos e uniram esforços em torno de um objetivo comum. “A luta pelo fortalecimento do agronegócio deve ser diária, permanente e conjunta”. Durante sua palestra, Nogueira falou sobre suas perspectivas para o desenvolvimento da agricultura no Estado de São Paulo e no Brasil. “São Paulo é a maior plataforma agrícola do Brasil sendo responsável por um quarto das exportações brasileiras do setor. Tamanha importância requer ações eficazes e arrojadas para estimular a produção e oferecer soluções para o setor, que tem uma participação marcante em nossa economia”, defendeu o deputado. No final do discurso, o deputado defendeu os agricultores que, segundo ele, estão sendo prejudicados por leis inconstitucionais e inadequadas. “Precisamos defender os produtores rurais porque eles representam o elo mais importante de uma cadeia produtiva, porém são os mais prejudicados por medidas inadequadas e inconstitucionais”, finalizou Nogueira. Duarte Nogueira Jr . Jr. Nogueira também lembrou que, mesmo com o agronegócio brasileiro em crise, São Paulo continuou crescendo e dando sua contribuição ao país, Duarte Nogueira tem 42 anos, é casado e tem três filhos. É engenheiro agrônomo e deputado estadual pelo terceiro mandato. Foi secretário estadual de Habitação de 95 a maio de 96. Foi vice-líder do governador Mário Covas na Assembléia Legislativa e, em março de 2001, nomeado líder do governo Geraldo Alckmin. Foi reeleito para o terceiro mandato de deputado estadual em 2002 e em janeiro de 2003 assumiu, a convite do governador Alckmin, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Desincompatibilizou-se em março deste ano, por força da legislação eleitoral. Revista Canavieiros - Agosto de 2006 13 Foto: Divulgação Notícias Canaoeste Mais tecnologia a disposição do associado Marino Guerra Centro de Tecnologia Canavieira mostra mais uma vez os resultados de seu amplo programa de melhoramento genético e libera quatro novas variedades de cana-de-açúcar. 14 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 Vista aérea do Centro de Tecnologia Canavieira em Piracicaba. Foto: Divulgação CTC 6 – Recomendada para a colheita do meio para o final da safra, em ambientes de médio potencial de produção. Apresenta alto teor de sacarose, baixo teor de fibra, florescimento esparso e pouca isoporização. Tem resistência à escaldadura das folhas, síndrome do amarelecimento, ferrugem, carvão e mosaico, além de ser moderadamente resistente à broca Diatraea. Zaramella Boeta, lembrou que, além do tempo, a manutenção de um programa de melhoramento genético exige um investimento próximo a R$10 milhões anuais. “Trata-se de um trabalho de ponta, decisivo para que o Brasil mantenha seus diferenciais na produção de açúcar e álcool e sua posição como líder em tecnologia para o mercado sucroalcooleiro mundial”, resume Nilson. A Canaoeste é uma das 127 associações, junto com usinas e destilarias, que compõem o CTC, com isso, seus associados tem a chance de conhecer novas tecnologias para os canaviais, como as quatro novas variedades. Foto: Divulgação Foto: Divulgação epois de aproximadamente dez anos de estudos, pesquisas e análises experimentais, a diretoria e o corpo técnico do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) apresentaram, no último dia 10 de agosto, sua segunda geração de variedades de cana-deaçúcar composta pela CTC 6, CTC 7, CTC 8 e CTC 9. Segundo os técnicos do centro de pesquisa, as principais características das quatro variedades são: adaptabilidade à colheita mecanizada, elevados teores de sacarose, resistência a doenças da cultura e alta probabilidade de adaptação a regiões nas quais o cultivo esteja em expansão. O diretor geral do CTC, Nilson CTC 7 – Apresenta maturação precoce com alto teor de sacarose. É recomendada para colheita no início da safra em ambientes de alto potencial de produção. Apresenta fibra média, não floresce e não isoporiza. Tem resistência à escaldadura das folhas, síndrome do amarelecimento, ferrugem, carvão, mosaico, além de ser moderadamente resistente à broca Diatraea. CTC 8 – Tem ótima brotação de soqueira, recomendada para colheita do meio para o final da safra, em ambientes de alto a médio potencial de produção. Apresenta alto teor de fibra, florescimento esparso e pouca isoporização. Tem resistência à escaldadura das folhas, síndrome do amarelecimento, ferrugem e carvão, além de ser moderadamente resistente à broca Diatraea e ao Mosaico. Foto: Divulgação D CTC 9 – Apresenta maturação precoce com alto teor de sacarose. É recomendada para colheita no início da safra em ambientes de médio a baixo potencial de produção. Apresenta teor médio de fibra, florescimento esparso e pouca isoporização. É resistente ao carvão, ferrugem e síndrome do amarelecimento, além de ser moderadamente suscetível ao mosaico e intermediária à escaldadura das folhas e broca Diatraea. Consecana Notícias Canaoeste Conselho dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo CIRCULAR Nº 06/06 DATA: 31 de julho de 2006 A seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue durante o mês de JULHO de 2006. O preço médio do kg de ATR para o mês de JULHO é de R$ 0,3881. Os preços levantados pela ESALQ/ CEPEA de faturamento do açúcar e do álcool, anidro e hidratado, destinados aos mercados interno e externo, nos meses de MAIO a JULHO e acumulados até JULHO, são apresentados ao lado: Os preços do Açúcar de Mercado Interno (AMI) e os do álcool anidro e hidratado destinado à industria (AAI e AHI), incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar de mercado externo (AMEBco e AMEVHP) e do álcool anidro e hidratado, carburante e destinados ao mercado externo, são líquidos (PVU/PVD). Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos meses de MAIO a JULHO e acumulados até JULHO, calculados com base nas informações contidas na Circular 03/05, são os seguintes: Notícias Cocred Cocred abre linha de financiamento para a próxima safra de amendoim Marino Guerra Márcio Meloni, gerente da Cocred e Augusto Paixão, gerente da UNAME Em parceria com a Copercana, cooperativa de crédito pretende estimular a produção de amendoim na rotação de cultura com a cana-de-açúcar. A Cocred e a Copercana colocaram a disposição de seus cooperados o “Programa de Parceria Agrícola para a Produção de Amendoim safra 2006/ 2007”. O programa visa criar recursos para que os cooperados tenham a oportunidade de financiar a produção da leguminosa na rotação de cultura com a cana-de-açúcar. O projeto tem o objetivo de garantir o recebimento, na Unidade de Grãos da Copercana, de 1,5 milhões de sacas do produto, sendo 1,2 milhões do tipo Runner e 300 mil de Tatu. Para ter acesso ao programa, o cooperado precisa dispor de infra-estrutura de produção, possuir bens e imóveis, tecnologia de produção e experiência no cultivo de amendoim. Os produtores que aderirem ao projeto poderão contar com acompanhamento técnico desde o início da safra com orientação referente aos melhores insumos a serem utilizados, análise de solo, orientação no decorrer do ciclo da cultura quanto ao melhor momento das aplicações de defensivos, monitoramento periódico da lavoura, 100% do financiamento do custeio agrícola para a condução da lavoura, condições especiais para investimento em máquinas e equipamentos agrícolas, prioridade na escolha do lote para a aquisição de sementes, desconto de 10% aos produtores que entregarem mais de 80% de sua produção à Unidade de Grãos da Copercana e redução no tempo de descarregamento. Segundo o gerente-geral da Cocred, Márcio Meloni, a estrutura de secagem e armazenamento oferecida pela Copercana aos produtores de amendoim foram quesitos importantes para que a cooperativa de crédito entrasse no negócio. “O produtor que optar pelo cultivo do amendoim na rotação de cultura de seu canavial terá toda estrutura técnica e financeira para ter uma safra que supere suas expectativas”, analisa Meloni. Comercialização: Os produtos terão seus preços referentes à qualidade segundo o sistema vigente na Copercana, em que o valor é fixado de acordo com suas características físicas e químicas. Amendoim sendo preparado para o armazenamento na Unidade de Grãos da Copercana 16 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 Notícias Cocred Bancoob entra para a lista dos 40 maiores bancos do Brasil Marino Guerra Instituição financeira ocupa a 39ª colocação no ranking dos 100 maiores bancos publicado pelo Valor Econômico O Bancoob, Banco Cooperativo do Brasil - instituição financeira da qual a Cocred faz parte - passou da 41ª para a 39ª colocação no ranking dos 100 maiores bancos divulgado anualmente pelo jornal Valor Econômico, em um suplemento denominado de Valor 1000. A instituição financeira fechou o ano de 2005 com um total de ativos de R$ 2,59 bilhões, registrando um crescimento de 33% sobre 2004, ou seja, o crescimento do seu total de ativos foi o 15º maior entre os 50 maiores bancos que atuam no Brasil. O banco cooperativo tem maior destaque no item “alavancagem”, que é o indicador que mede, em pontos, a agressividade da instituição pois mostra a relação entre recursos de terceiros e capital próprio, no qua é o primeiro no Brasil, com 32,88 pontos. Outros aumentos significativos do Bancoob que aparecem no ranking são o de 23,8% nas operações de crédito e 41% no número de depósitos. Para o presidente da Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, esses números significam que o movimento cooperativista, principalmente na área de crédito, vem ganhando espaço no território nacional. “A política de juros altos fizeram com que todos os setores procurassem alternativas na obtenção de crédito e a entrada para o cooperativismo de crédito foi a saída que muitos escolheram, os números do Valor Econômico são a prova de que essas pessoas não estavam erradas”, disse Tonielo. O líder do ranking, o Banco do Brasil, registrou um crescimento menor do ativo total de 27,8% em relação ao Bancoob. Nas operações de crédito, o líder cresceu menos 8,9%, e no número de depósitos o seu crescimento foi 21,8% menor. No período analisado pela pesquisa da publicação os dez maiores bancos tiveram um crescimento em suas operações de crédito de 20%, para se ter idéia do crescimento do cooperativismo de crédito, no mesmo quesito, a Cocred aumentou 27%. O mais impressionante são os números do crescimento do ativo total em que os dez maiores bancos ficaram nos 20% de crescimento, enquanto que a Cocred fechou o exercício de 2005 com um aumento de 37%. Notícias Cocred Demonstração dos Resultados do Semestre CÓDIGO CADOC: 44.1.6.040-1 Balanço Patrimonial CNPJ:- 71.328.769/0001-81 Reportagem de Capa A corrida para o OESTE Carla Rossini e Cristiane Barão Gerson, Gustavo, Ademir e Carlos Eduardo: produtores que deixaram a região tradicional e partiram em busca de novas terras 20 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 O aumento da demanda de álcool, principalmente no mercado doméstico, e as boas perspectivas para as exportações de açúcar, deram início ao mais importante processo de expansão do setor sucroalcooleiro dos últimos tempos. Segundo estudo encomendado pela Câmara Setorial de Açúcar e Álcool à Dedini (Indústrias de Base) serão necessárias 73 novas unidades de produção para atender a demanda estimada para 2010. Pelo menos 40 delas devem ser instaladas na região noroeste paulista, considerada a última fronteira para a cana-de-açúcar no Estado. Hoje, nessa região, estão em atividade 62 unidades de produção. Com um mercado voraz por açúcar e álcool, a expansão nessa região de São Paulo pode ser comparada à Corrida do Ouro, que ocorreu no final do século XIX no oeste dos Estados Unidos. A Califórnia, recém-conquistada do México, era um território com poucos atrativos, até que os fazendeiros, que se aventuravam por aquelas terras, encontraram ouro no fundo de um riacho. Depois disso, houve uma forte migração para o oeste norte-americano. O noroeste de São Paulo, até então fortemente marcado pela pecuária, já dá sinais de mudanças em seu perfil agropecuário. De todo o Estado, as regiões administrativas de São José do Rio Preto e Araçatuba foram as que mais ampliaram suas áreas com cana. Segundo o IEA (Instituto de Economia Agrícola - órgão do governo do Estado), a área para a nova cultura é estimada em 587 mil hectares, 107 mil somente na região de São José do Rio Preto, a maior expansão do Estado, e outros 40 mil hectares na de Araçatuba. De acordo com levantamento da UDOP (Usinas e Destilarias do Oeste Paulista), hoje, a cana ocupa, na região noroeste, 1,3 milhão de hectares. A estimativa é que até 2010 essa área suba para 2,7 milhões. A expansão deverá ocorrer sobre pastagens degradadas ou com baixo uso de tecnologia. Além da implantação de novas usinas, há também outros atrativos. O preço da terra é um deles, pois o hectare na região de Araçatuba varia de R$ 8.000 a R$10 mil, enquanto na região de Ribeirão Preto o valor médio chega a R$16 mil. Isso de acordo com os EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural), e da secretaria de Agricultura do Estado das duas regiões. Segundo o diretor do EDR de Ribeirão, Carlos Gaeta Filho, nessa região, há poucas áreas destinadas à venda e as propriedades são consideradas pequenas – em torno de 30 hectares. Segundo o diretor do EDR de Araçatuba, Marcelo Moemás, na ponta do lápis a cana é mais rentável. “Com a cana, o produtor acaba ganhando líquido, mais do que ganhava bruto na pecuária. A cana hoje é um negócio tentador”. Ele ressalta que a terra já começa a se valorizar nas áreas próximas onde se instalará as novas usinas e que as áreas mais baratas estão nas regiões de Presidente Venceslau e General Salgado. Foram essas mesmas razões que chamaram a atenção do produtor Ademir Valochi, 48 anos, que vendeu os 53 hectares que possuía em Sertãozinho e partiu para Planalto (cidade próxima a São José do Rio Preto) e Monte Aprazível. Ademir conta que durante 30 anos plantou cana e amendoim em terras próprias e arrendadas na região de Ribeirão Preto, mas foi depois de um convite da Usina Moreno de Monte Aprazível que o produtor decidiu arriscar e partir para uma nova região. “Recebi o convite da usina e como estava desanimado já que o valor de venda do amendoim não cobria o custo de produção e, principalmente, pelo alto valor dos arrendamentos, vendi tudo em Sertãozinho e vim para Planalto”, afirma Ademir. Em Planalto, o produtor conseguiu crescer. Ele e seus filhos (Gustavo e Rodrigo) trabalham para cuidar dos 307 hectares próprios. Comprou dez novos tratores e só pensa em ampliar suas proRevista Canavieiros - Agosto de 2006 21 Reportagem de Capa priedades. A família Valochi cultiva hoje, entre terras próprias e arrendadas, 556,6 hectares. “Fiz um ótimo negócio. Não me arrependo de ter deixado minha terra natal”, diz o produtor. O valor das terras nessas novas regiões também mudou. Ademir conta que em 2001 pagou aproximadamente R$ 4 mil o hectare. Hoje, o mesmo pedaço de terra em Planalto custa em torno de R$ 13 mil. “A cana valorizou as terras dessa região. Antes era tudo pastagem, mas agora os próprios pecuaristas estão partindo para cana”, afirma. Ademir, que continua sendo cooperado da Copercana e Cocred, faz suas compras de insumos e fertilizantes em Sertãozinho, mas não quer voltar para a região para plantar porque acredita que não tem mais para onde crescer. “Não tem mais como expandir na região de Sertãozinho. Quem pretende ampliar sua produção tem que partir para novas áreas”. O produtor ainda faz um alerta: “É preciso analisar o negócio muito bem para não entrar em fria. A distância entre a propriedade e a usina deve ser analisada com muito cuidado. Porque aqui não é como na região de Sertãozinho que as usinas estão bem próximas”. Outro assunto que merece destaque para quem deseja investir em novas áreas é o preparo do solo. Segundo Ademir, os gastos são grandes já que as pastagens que estão sendo substituídas pela cana não recebiam tratos culturais e preparo de solo. “Gastei muito para transformar os pastos que comprei em plantações de cana, a terra não estava preparada para produzir”, declara. Mas as boas perspectivas pelas quais atravessa o setor sucroalcooleiro animam o produtor. “Esse momento da cana está bom demais. Nesses trinta anos que planto cana nunca tinha visto um momento tão promissor. Agora é a hora de investir e crescer”, finaliza Ademir. Oportunidades à vista D e acordo com o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, que também preside a Orplana, (organização que representa 23 associações de fornecedores independentes), os produtores devem aproveitar o bom momento e investir nessas novas áreas. Segundo ele, dos 1,4 milhão de hecta- res que devem ser ampliados na região noroeste até 2010, pelo menos 400 mil podem ser cultivados por pequenos e médios produtores. “Nós, pela Orplana, estamos realizando encontros com os produtores para mostrar que a cana é um negócio rentável e que investir nessas novas regiões é um bom negócio. O momento para crescer é agora e não podemos deixar passar essa oportunidade”, afirma. De acordo com ele, as associações são o caminho mais fácil e seguro para dar assistência aos produtores que querem iniciar na cultura da cana, ou então migrar para novas regiões. “As associações oferecem suporte técnico, informações de mercado e também orientação quanto ao processo de comercialização”, diz. Segundo ele, o produtor deve estar atento a alguns pontos, como por exemplo, a distância entre a lavoura e a unidade de produção e as variedades de cana que mais se adaptam às características do solo e clima da região. “Vinculados às associações, os produtores têm mais segurança e suporte para iniciar na atividade”, diz. Ortolan também destaca que a presença dos fornecedores independentes de cana está estreitamente ligada à questão da distribuição de renda. “Quanto maior o número de pequenos e médios produtores no processo de expansão de cana, maior será a distribuição de renda”, afirma. Segundo ele, os fornecedores independentes descentralizam a compra de insumos, equipamentos e contratação de mão-deobra, privilegiando os municípios onde moram e, dessa forma, aquecendo a economia local e regional. Manoel Ortlona, presidente da Canaoeste 22 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 Atualmente, os fornecedores independentes são responsáveis pela produção de 25% da matéria-prima processada pela indústria em São Paulo. No entanto, essa participação já foi maior, chegou a 35% na década de 80. De lá para cá, houve um intenso processo de concentração, com aumento da participação da cana própria das usinas. Destaque Aprender a superar os “MATA-BURROS” do Setor Marino Guerra ABAG realiza o 5º Congresso Brasileiro de Agribusiness, com a proposta de unir a todos para superar os problemas da crise na agricultura. O mata-burro é uma forma que as fazendas usam para impedir que os animais da propriedade fujam pelas porteiras. Paralelo a isso, nos últimos anos, várias cadeias produtivas do agronegócio brasileiro, principalmente os setores agrícolas, tiveram muitos “mata-burros” que impediram o seu crescimento. O real valorizado, altas taxas de juros, seca, falta de entendimento entre campo e indústria, ferrugem, aftosa, super produção entre outros fatores, geraram uma das piores crises da história da agricultura nacional, parodiando o ex-ministro Roberto Rodrigues. Com esse pensamento, apresentando o slogan “Bases Para o Futuro”, aconteceu em São Paulo, durante os dias 1 e 2 de agosto, o 5º Congresso Da Esquerda para Direita, o secretário de Agricultura de SP, Alberto Macedo; o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan; o presidente da ABAG, Carlo Lovatelli; o governador de SP, Cláudio Lembo; o ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes Pinto; o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Abelardo Lupion e o presidente da Apex, Juan Quiroz. Brasileiro de Agribussines da ABAG (Associação Brasileira de Agribussines). Na abertura, estiveram presentes os ministros da agricultura, Luis Carlos Guedes Pinto, e do desenvolvimento/indústria/comércio exterior, Luiz Fernando Furlan, dentre outras autoridades. Durante os dois dias foram discutidos diversos assuntos relacionados ao agronegócio brasileiro e, no encerramento do evento, foram apresentadas as respostas dos candidatos à presidência Christovam Buarque, Geraldo Alckimin e Heloísa Helena sobre as propostas da entidade sobre a criação das bases para o futuro. Vale lembrar que o atual presidente da república e candidato a reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, não gravou um vídeo em respos- ta às perguntas. O presidente da Abag, Carlo Lovatelli, em seu discurso de encerramento, declarou estar satisfeito com o que viu nos dois dias de evento e lamentou a falta de comprometimento do atual presidente da república por não ter respondido as propostas da entidade. “O que ouvimos? Do atual presidente e candidato, infelizmente nada. Ele não gravou. Dos candidatos Christovam Buarque, Geraldo Alckimin e Heloísa Helena, posturas muito positivas, animadoras até! Pudemos sentir que nossos pontos foram aceitos e houve efetivo compromisso deles. De quem não ouvimos, não comentamos”, disse Carlo Lovatelli Carta aos candidatos à presidência da república com as principais demandas do agronegócio brasileiro Considerando que: · O setor de agronegócio representa mais de 30% do PIB, cria 37% dos empregos, é responsável por mais de 40% das exportações e por cerca de 80% do superávit da balança comercial; · O Brasil tem condições de liderar o ranking das nações agrícolas exportadoras nos próximos dez anos; · O agronegócio brasileiro acumulou um saldo comercial de US$ 116,3 bilhões nos últimos quatro anos; · O saldo comercial deve ser mantido e ampliado com o incentivo às exportações; · Alimentos, fibras e energia são os maiores desafios dos novos tempos; · É preciso garantir meios para enfrentar as condições climáticas cíclicas do setor; 24 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 · O período atual é o de maior crise na área nos últimos anos; · O papel do agronegócio é estratégico para o Brasil na produção de alimentos, energias, fibras, geração de empregos e renda; · É necessário mobilizar a competência científico-tecnológica, líder mundial do agronegócio tropical instalada nas Instituições de Ensino, Pesquisa, Tecnologia e Inovação; Decidimos: · Oferecer apoio e solicitar o urgente comprometimento oficial de todos os candidatos a presidente (e não apenas aqueles que gravaram depoimentos para este Congresso) nos seguintes pontos considerados prioritários por representantes das mais diversas cadeias produtivas do agronegócio: · Montagem Institucional, com reor- ganização dos órgãos agrícolas; · Distribuição mais adequada e redução da carga tributária; garantia de Crédito de custeio e investimentos para reduzir o endividamento Rural; dotação orçamentária do Ministério da Agricultura Compatível com o setor de Agronegócio; · Implantação de Parceria PúblicoPrivada (PPP) e redução do Custo Brasil; · Garantia de Segurança Fundiária e manutenção da paz no campo; · Sustentabilidade e Implementação do Zoneamento Ecológico Econômico; · Criação de uma Agência Sanitária para evitar riscos de epidemias; · Implantação do Seguro Rural; São Paulo, 2 de agosto de 2006 Diretoria da ABAG e participantes do 5º Congresso Brasileiro de Agribusiness Antes da Porteira Cooperados INVESTEM NA PRODUÇÃO DE CACHAÇA ARTESANAL Carla Rossini Co’a marvada pinga é que eu me atrapaio Eu entro na venda e já dô meus taio Pego no copo e dali num saio Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio Só pra carregá é queu dô trabaio, oi lá! Esse texto foi retirado da composição de Ochelsis Laureano e Raul Torres. José Natal Lucato, produtor de cachaça P inga, marvada, branquinha, birita...não importa como o apreciador vai chamá-la. Quem gosta de uma boa cachaça, dispensa comentários quando o assunto é a produção artesanal. “Sou apreciador de uma boa cachaça há 40 anos. Foi assim que comecei a produzir minha própria cachaça, tudo artesanal, tomei gosto e hoje estou produzindo cerca de cinco mil litros por dia”, afirma o produtor rural e cooperado José Natal Lucato. 26 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 O mercado interno de cachaça começou a se consolidar em 2001 e hoje, movimenta de R$ 7 a R$ 8 bilhões anualmente. O Brasil produz 1,3 bilhão de litros de cachaça por ano – deste volume, 35% são bebidas de alambique. A aguardente industrial, ou de coluna, domina o mercado nacional com os outros 65% da produção. A cachaça de alambique é produzida artesanalmente e seu processo de destilação é diferente do aplicado à bebida industrial. Na produção artesanal são usados tradicionalmente alambiques de cobre (ou alambique “cebola” como é conhecido), que favorece a qualidade da bebida, atuando como catalisador de importantes reações que ocorrem durante a destilação. Nesse quesito, o produtor Lucato diz que está entre a “Cruz e a Espada”. “O processo que utilizo não é industrial, porém não é totalmente artesanal porque utilizo um aparelho destilador diferente do alambique”, explica. Antes da Porteira O objetivo é conquistar o mercado externo J osé Natal Lucato, produtor da região de Pontal está com 65 anos e planta cana-de-açúcar há pelo menos 30 anos. Por volta de 1.980 ele comprou uma pequena moenda fabricada pela antiga indústria Zanini. Por apreciar a bebida, começou a produzir cachaça por hobby, na época conseguia 60 litros no final do dia. Hoje, 70% da produção dos 120 hectares da família é destinado ao seu pequeno engenho que produz aproximadamente cinco mil litros da bebida por dia. Na safra passada, ele e os filhos Pedro e Sandro que trabalham diretamente na produção, empregaram 20 funcionários e fabricaram 450 mil litros da Cachaça Lucato. Grande parte da produção é vendida para a Copacesp (Cooperativa dos Produtores de Cana, Aguardente, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo) com sede em Barrinha e que reúne 20 produtores de cachaça. A maioria comercializa o produto a granel, mas muitos possuem marcas próprias. de-açúcar, a família cultiva 328 hectares e entregaram 32 mil toneladas na safra 2005/2006. tenho intenção de investir e começar a engarrafar a cachaça que hoje tem um mercado muito promissor pela frente”. Nelson e o filho Jorge, 52 anos, contam que desde quando adquiriram a fazenda, foi criada uma tradição na família que é passada de pai para filho: a produção de cachaça artesanal. “Meu avô nunca deixou os estoques de cachaça acabarem e ensinou isso ao meu pai, que agora passou a responsabilidade para mim”, explica Jorge. Segundo os produtores, a venda do produto pode ser muito lucrativa. “Consigo obter 110 litros de pinga com uma tonelada de cana e consigo vender cada litro à R$ 1,15. Na usina, eles me pagam R$ 60 pela tonelada. É só fazer as contas e ver como o produto pode ser lucrativo”, finaliza. Nos tonéis de carvalho, a família Melo consegue armazenar 120 mil litros da bebida. “Na safra passada o estoque estava quase esgotado. Tratei de colocar o engenho para funcionar e consegui recuperar o volume”, diz Jorge. Mas, alguns especialistas no assunto explicam que a verdadeira valorização da cachaça está relacionada com o planejamento adequado das instalações. Ao fazer esse planejamento é preciso levar em consideração os aspectos estéticos, econômicos, técnicos e de qualidade. O produtor afirma que vende o produto apenas para pessoas que já conhecem a tradicional cachaça da família. “As pessoas conhecem o nosso produto e compram aqui na fazenda”, afirma. Mas os Melo tem a pretensão de começar a investir no produto. “Eu “Enquanto não consigo exportar vou continuar vendendo aqui mesmo na fazenda. A diferença no sabor entre a cachaça industrial e a artesanal é muito grande, principalmente aos apreciadores de uma boa cachaça”, define Nelson de Melo. “Meu objetivo agora é exportar minha cachaça. Estou fazendo novos investimentos e em breve, pretendo colocar o meu produto à disposição do mundo”, afirma Lucato. Cooperados conservam engenho do Século XIX Q uando o cooperado Nelson de Melo, hoje com 85 anos, assumiu a administração da fazenda São Jorge, propriedade de sua família na cidade de Pitangueiras, o engenho já estava lá. Ele conta que até hoje tudo é mantido da mesma forma e que de lá pra cá já se passaram mais de cem anos. Na fazenda, já foram plantadas diversas culturas como café, milho e laranja, mas hoje se planta apenas cana- Jorge e Nelson de Melo: proprietários do Engenho com mais de cem anos. Revista Canavieiros - Agosto de 2006 27 Informações setoriais Chuvas de Julho e Prognósticos Climáticos A s chuvas do mês de julho de 2006, anotadas em vários postos meteorológicos na região de abrangência da CANAOESTE, são apresentadas no quadro abaixo. As chuvas de julho, com exceção da Usina MB, “ficaram” abaixo das médias históricas em todos os locais observados e, até mesmo, aquém das previsões. Retrato climático este, semelhante ao que vem ocorrendo desde meados de abril. Mapa 1: Água Disponível no Solo no período de 17 a 19 de julho de 2006. Engº AGRÔNOMO OSWALDO ALONSO Consultor AgronômicoCANAOESTE O mapa 1, mostra que o índice de Água Disponível no Solo, no período de 16 a 19 de julho (que não foi muito diferente na semana anterior ou posterior), encontrava-se como nível crítico em praticamente toda área canavieira do Estado de São Paulo. Isso permite um alto aproveitamento do tempo disponível para a colheita e processamento de matéria-prima (cana) mais rica. Em tais condições climáticas e com baixíssima umidade no solo, as operações de colheita em nada ou pouco estão adensando o solo, permitindo dispensar as operações mecânicas de cultivos, principalmente escarificações do solo. Entretanto, na região de abrangência 28 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 Informações setoriais da CANAOESTE, as últimas chuvas que foram anotadas até meados de abril e muito poucas em maio, junho e julho, causam preocupação aos produtores em áreas plantadas após meados de abril e quanto às brotações das soqueiras recémcolhidas, que já apresentam ataques de elasmo. Mapa 2: Água Disponível no Solo ao final de julho de 2005. Mapa 3: Água Disponível no Solo ao final de julho de 2006. Comparando-se os mapas 2 e 3, observa-se que, ao final de julho de 2005 (mapa 2), o índice de Água Disponível no Solo já se encontrava crítico em larga faixa central do Estado e nas regiões de Barretos e Franca; enquanto que este mesmo índice mostrava-se de médio a bom nas regiões em torno de Araçatuba, Assis, Ourinhos, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Porém, ao final de julho deste ano (mapa 3), é possível afirmar que, em todas as regiões canavieiras do Estado de São Paulo, a disponibilidade de água no solo era muito baixa para crítica, deixando claro que o retrato climático é totalmente diferente dos dois anos anteriores, pois, desde o final deste abril, na somatória destes meses de 2006, os índices de Água Disponível no Solo estão se mostrando muito aquém da média histórica em quase todo Estado de São Paulo. C om o fim de subsidiar em planejamentos de atividades futuras, o Departamento Técnico da CANAOESTE resume o prognóstico climático de consenso entre o Instituto Nacional de MeteorologiaINMET e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE, para os meses de agosto, setembro e outubro de 2006, como se seguem: - As temperaturas à Superfície-TSM do Oceano Pacífico Equatorial encontram-se próximos da neutralidade, não se notando mais condições à manifestações do fenômeno “La Nina”, como também e ainda, para o início do “El Nino”; - Mesmo que de média/baixa confiabilidade, os prognósticos de consenso INPE-INMET apontam que: - Na Região Centro-Sul, prevê-se que as temperaturas serão próximas às médias históricas, com grande variação ao longo deste período. Exceto os Estados de Goiás e Mato Grosso, que ainda não está descartada, durante o mês de agosto, ou mesmo, até meados de setembro, a possibilidade de “entradas” de massas polares (frias); - As chuvas poderão “ficar” próximas às precipitações históricas nos Estados das Regiões Centro Oeste e Sudeste, mas semelhantes ou ligeiramente abaixo das respectivas médias históricas nos estados da Região Sul. Com a finalidade de exemplificar, tomando-se a região de abrangência da CANAOESTE e normas anotadas pelo Centro Apta IAC - Ribeirão Preto, as chuvas poderão vir a ser de 20mm em agosto. Mas infelizmente só a partir do dia 18 (Somar Meteorologia e Agritempo - Unicamp e Embrapa), 55mm em setembro e 125mm em outubro. Revista Canavieiros - Agosto de 2006 29 Legislação DITR Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural A través da Instrução Normativa SRF nº 659/2006, a Secretária da Receita Federal disciplina o prazo, a forma e o procedimento para entrega da DITR (Declaração do Imposto sobre a Propriedade Rural) do exercício 2006, bem como fixa o prazo para entrega do ADA (Ato Declaratório Ambiental) perante o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), requisitos obrigatórios para manter devidamente regularizada a propriedade rural. Está obrigada a entregar a DITR (Declaração do Imposto sobre a Propriedade Rural) toda pessoa física e/ ou jurídica que, em relação ao imóvel a ser declarado seja, na data da efetiva entrega, proprietária ou possuidora, condômina, expropriada a partir de 1º janeiro de 2006, inventariante, compossuidora, etc., independente de estar imune ou isenta do ITR (Imposto Territorial Rural). No caso de morte do proprietário do imóvel, como já dito, a declaração deverá ser feita pelo inventariante, enquanto não terminada a partilha ou, se ainda não foi nomeado inventariante, está obrigado o cônjuge, o companheiro ou o sucessor do imóvel a qualquer título. Informamos que toda pessoa física ou jurídica, na referida DITR, está obrigada a apurar o ITR (Imposto Territorial Rural), desde que não seja imune ou isenta, sendo certo que a DITR corresponde a cada imóvel rural e é composta dos seguintes documentos: DIAC – Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR, mediante o qual as informações cadastrais correspondentes a cada imóvel rural e a seu titular (obrigatório para todos os proprietários rurais) devem ser prestadas à Secretaria da Receita Federal; DIAT - Documento de Informação e Apuração do ITR, no qual as informações necessárias ao cálculo do ITR e apurado o valor do imposto correspondente a cada imóvel (que se torna dispensável em caso de o imóvel 30 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 ser imune ou isento do ITR) também devem ser prestadas à Secretaria da Receita Federal. O valor do imposto é apurado aplicando-se uma alíquota (variável de 0,02% a 4,50%) sobre o Valor da Terra Nua Tributável (VTNt), considerando a área total do imóvel e o seu grau de utilização (GU), ressalvando que esse valor nunca poderá ser inferior a R$10,00. Demais disso, a propriedade rural, localizada no Estado de São Paulo, que possuir área de até 30 hectares, estará imune do ITR desde que o seu proprietário a explore sozinho ou com sua família, e não possua outro imóvel urbano ou rural. Por seu turno, estão isentos de ITR: os imóveis rurais compreendidos em programa oficial de reforma agrária oficial, bem como o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total não exceda os 30 hectares e desde que o proprietário o explore sozinho ou com sua família (admitindo ajuda eventual de terceiros) e não possua imóvel urbano. O prazo para a apresentação da DITR de 2006 será de 7 de agosto a 29 de setembro de 2006, podendo ser feita de três formas, conforme o seu tamanho e localização: pela Internet no endereço www.receita.fazenda.gov.br; por disquete a ser entregue nas agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal; ou em formulário próprio a ser entregue nas agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Se o imóvel estiver localizado no Estado de São Paulo e tiver área superior a 200 hectares, a declaração deverá ser feita pela internet ou por disquete. Se a declaração for apresentada após o prazo, o proprietário terá de pagar multa de 1% do valor do imposto ao mês. Nos casos de imóvel rural imune ou isento do ITR, a multa será de R$50,00. O pagamento do imposto (ITR) apurado poderá ser realizado em até 4 Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste (quatro) quotas, mensais e sucessivas, desde que: nenhuma quota possua valor inferior a R$50,00; o imposto de valor inferior a R$100,00 será pago de uma só vez; a primeira cota deverá ser paga até 29 de setembro de 2006; as demais quotas serão pagas até o último dia útil de cada mês, acrescidas de juros com base na taxa Selic, calculada a partir de outubro de 2006 até o mês anterior ao do pagamento e, ainda, de 1% no mês do pagamento. Por fim, o contribuinte deve ainda protocolizar o ADA (Ato Declaratório Ambiental) perante o IBAMA com prazo até o dia 31 de março de 2007, com a informação de áreas não-tributáveis, ou, caso as áreas não-tributáveis tenham sido alteradas em relação ao ADA protocolizado anteriormente, inclusive no caso de alienação de área parcial. Isto porque, as áreas consideradas como sendo de preservação permanente (mata ciliar) e de Reserva Florestal Legal (20% da propriedade averbada na matrícula do imóvel com vegetação nativa) são isentas da tributação do ITR (Imposto Territorial Rural), desde que devidamente informadas no formulário ADA (Ato Declaratório Ambiental) que podem ser adquiridos diretamente em algum posto de atendimento do IBAMA local, onde deverá, inclusive, ser protocolizado. Portanto, para efeito de obtenção do benefício da isenção tributária do ITR (Imposto Territorial Rural) em áreas de preservação permanente e de reserva florestal legal, basta, ao proprietário rural, preencher ao formulário do ADA (Ato Declaratório Ambiental) e enviar ao IBAMA, informando referidas áreas de uso restrito. Ainda é importante enaltecer que, visando um maior controle administrativo das propriedades rurais, o IBAMA começou a cruzar suas informações com a Receita Federal e o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, responsáveis pelo controle e recolhimento anual do ITR. Repercutiu Queima de palha de cana-deaçúcar Suspensão das autorizações C omo é de conhecimento dos fornecedores de cana-de-açúcar, O DEPRN (Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais) suspendeu as autorizações para uso do fogo como método despalhador da cana-de-açúcar em todo Estado de São Paulo, nos dias 26, 27 e 28 de Julho de 2006, sob o fundamento de que a umidade relativa do ar estava muito baixa, o que poderia ocasionar risco à saúde pública, com base no artigo 7º, da Lei nº 11.241/2002. Tal suspensão foi revogada às 16:00 horas do dia 28 de Julho, em virtude do aumento da umidade relativa do ar decorrente da vinda de uma frente fria no Estado de São Paulo. Porém, nada impede que o DEPRN possa suspender mais vezes a autorização de queima quando as condições climáticas ou a qualidade do ar estiverem desfavoráveis e, se isso ocorrer, cumpre informar que não se pode efetuar a queima em hipótese alguma - até mesmo porque os órgãos ambientais estarão procedendo intensiva fiscalização nestes períodos -, sob pena de sofrerem as sanções cabíveis, tais como multas vultosas, além de responder judicialmente em ações cíveis e criminais. É preciso informar que o setor canavieiro está em conversação com os órgãos públicos estaduais, no sentido de pré-estabelecer critérios técnicos que justifiquem qualquer suspensão das autorizações de queima controlada, razão pela qual é de extrema importância que os fornecedores se informem com antecedência junto os técnicos/agrônomos da CANAOESTE sobre as condições futuras de clima, para evitar transtornos em seu planejamento de queima. Matéria escrita em 1º de Agosto de 2006. “Não existe tristeza, sofrimento, dor, que deva ou que possa ser transmitidos para os outros. A dor tem de ser tratada como a gente trata a alegria, mostrando para aqueles que estão à sua frente que não existe dor e que dela você pode fazer flor”. Do ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues em declaração publicada no Valor Econômico do dia 28 de julho de 2006. “Esse tema é muito polêmico porque a lei vale para todo o país, não respeitando as especificidades de cada região. Um produtor de São Paulo ou Paraná não tem a mesma facilidade de cumprir essa lei que um agricultor do Pará ou Mato Grosso”. Do governador do Estado de São Paulo Cláudio Lembo , durante discurso de abertura do 5º Congresso Brasileiro de Agribusiness, sobre a obrigatoriedade de toda propriedade rural ter 20% de área de reserva legal. “O decreto do governador Cláudio Lembo que dispõe sobre a reserva legal dos imóveis rurais representa um retrocesso na política de estímulo ao setor produtivo paulista e que irá trazer prejuízos ao produtor e ao desempenho do agronegócio de São Paulo”. Do presidente da Orplana e Canaoeste, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan em reunião com fornecedores de cana-deaçúcar no auditório da Associação em Sertãozinho Revista Canavieiros - Agosto de 2006 31 Pragas e Doenças Produção de Vespinhas em laboratório Fase de Pupa Vespa parasitando a Broca Broca-da-cana-de-açúcar: Uma praga que ataca durante todo o ciclo da cultura Carla Rossini A cana-de-açúcar é atacada por cerca de 80 pragas, porém pequeno número causa prejuízos à cultura. Dependendo da espécie e do nível populacional, as pragas podem provocar importantes prejuízos à cana-deaçúcar, com reduções significativas nas produtividades agrícola e industrial. Nesse contexto, uma das principais pragas que atacam a cultura é a brocada-cana (Diatraea saccharalis), um inseto que penetra no interior da planta e cava galerias internas, causando grandes prejuízos aos produtores. Essa praga pode causar danos diretos e indiretos. Segundo a bióloga Maria Aparecida Vicente Cano, que há 30 anos desenvolve trabalhos para combater a praga, classifica-se como danos diretos: a perda de peso, morte da gema apical (coração morto), encurtamento dos gomos, enraizamento aéreo, germinação lateral e quebra da cana. Os danos indiretos são causados pela penetração de microorganismos responsáveis pela inversão da sacarose, escurecimento dos açucares e infecção nas dornas de fermentação. “Isso pode prejudicar tanto a produção de açúcar quanto de álcool”, explica a bióloga. Para se ter uma idéia, essas perdas são estimadas em 8 quilos de peso, 0,353 quilos de açúcar e 0,28 litros de 32 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 álcool por tonelada de cana, para cada ponto percentual de intensidade de infestação. “Se considerarmos que um hectare esteja com 1% de infestação, podemos dizer que ele deixará de produzir 60 litros de álcool”, exemplifica Maria Aparecida. Segundo o engenheiro agrônomo Mauro Sampaio Benedine, houve um aumento considerável de broca-dacana no Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso. “As novas áreas, estão propícias para infestação da broca”, afirma Mauro. Se a propriedade possui 1% de infestação numa área que produz 85ton/ ha, deixarão de ser produzidos 680 quilos de cana, 30 quilos de açúcar e 23,8 litros de álcool/ha. Método O ataque O maior controle existente para a broca-da-cana é o controle biológico. Uma conhecida e eficiente forma de controle é a introdução da vespinha Cotesia flavipes. Ela surgiu no Brasil, na década de 70 e desde então, a sua liberação passou a ser o melhor método de controle da broca. O ataque dessa praga ocorre durante todo o ciclo da cana-de-açúcar, sendo menor quando a planta é jovem e não apresenta entrenós formados. “Os danos aumentam ou diminuem em função da época do ano. Em áreas plantadas nos primeiros meses do ano a ocorrência de lagartas é mais freqüente no início da primavera (setembro/outubro)”, diz Maria Aparecida. Em certas variedades e regiões, o ataque é quase constante ao longo do ano, com ligeira queda no inverno e aumento nos períodos quentes e úmidos. Por essas diversas variáveis, somente por meio de levantamentos específicos, se consegue conhecer o nível da praga, a partir do qual se podem estimar os danos ou preconizar medidas de controle. de controle biológico Maria Aparecida explica que uma vez liberada no canavial, a vespinha procura pela broca nos colmos e a parasita. “Ela põe seus ovinhos na broca, as larvas que nascerem irão se alimentar da broca até estarem bem desenvolvidas. Depois saem de dentro da lagarta, perfurando-a e matando-a, em seguida, se transformam em casulos (pupas) que, juntos, formam uma massa branca. Da massa saem novas vespinhas, que irão parasitar outras lagartas”, afirma. Culturas de Rotação Mais uma alternativa para a rotação de cultura Foto: Divulgação Monsanto Marino Guerra Mesmo com o preço da soja em baixa, a utilização de variedades transgênicas na rotação de cultura poderá virar um grande negócio através do programa de biodiesel A liberação do plantio da soja transgênica, mais conhecida como RR (Roundup Ready) e que tolera herbicidas à base de glifosato, abriu, na safra 2005/2006, mais uma alternativa de plantio aos produtores de canade-açúcar que praticam a rotação de cultura na reforma de suas lavouras. O engenheiro agrônomo, Júnio Gomes, da Aralco, localizada no município de Santo Antônio do Aracanguá, descreve os resultados obtidos com o plantio da variedade geneticamente modificada. “A vantagem da soja é quebrar o ciclo de algumas plantas daninhas que competem com a cana, preparar o solo para a safra e otimizar todo o maquinário que fica parado na entressafra. O objetivo é gerar uma economia de custos e isso a soja transgênica pode trazer”, explica Júnio. Outra usina que já utilizou a soja RR como rotação de cultura foi a Zanin, que fica no município de Araraquara, e que, segundo seu diretor agrícola, Narciso Zanin, cumpriu bem o seu papel dentro de uma lavoura canavieira. “Pela lei, as usinas devem cultivar boa parte de sua área em cana crua, com corte mecanizado, sem queimadas. A soja tolerante ao glifosato facilita o emprego do Plantio Direto”, disse Narciso. O pesquisador, Marcelo Montezuma, da Monsanto, empresa que desenvolveu a tecnologia RR, lembra do imenso mercado que a soja cultivada em áreas destinadas a rotação de cultura com a cana-de-açúcar poderá entrar a partir do momento em que o Programa Nacional do Biodiesel começar a todo vapor. sidade do nitrogênio, pois ela não consegue fixá-lo do ar, como as leguminosas. Se plantar sorgo ou milho, eles vão concorrer pelo nitrogênio, deixando uma terra fraca nessa substância”, explica Antônio Garcia. “A soja Roundup Ready agrega valor à produção de cana-de-açúcar, pois propicia um maior volume de nutrientes para o primeiro ano de implantação da lavoura de cana, possibilita uma menor pressão por pragas e plantas daninhas e com menor custo. Além disso, é uma fonte de renda alternativa com benefícios a toda sociedade”, analisa Montezuma. Variedades indicadas para a região da Canaoeste: Em entrevista à redação da Revista Canavieiros, o pesquisador da Embrapa Soja, Antônio Eduardo Pípolo, indicou os cultivares de soja transgênicas desenvolvidas pelo centro de pesquisa que mais poderia se adaptar em áreas de rotação nas áreas de abrangência da Canaoeste. A importância das leguminosas: Para a escolha da cultura que será utilizada na prática de rotação é sempre importante observar a questão do preço, ou seja, o valor no mercado e o custo de produção. Outro aspecto importante é a questão agronômica, como explica o pesquisador da Embrapa Soja, Antônio Garcia. “A vantagem que existe do ponto de vista agronômico, é que depois de uma cultura como a soja ou o amendoim, ou seja, depois de uma leguminosa e não de uma gramínea, como sorgo e milho, a matéria seca que fica no campo é rica em nitrogênio, o que vai beneficiar a cana do ano seguinte, pois o fato da cana-de-açúcar ser uma gramínea cria a neces- “A BRS 243 – RR é uma soja que pode ser indicada para o plantio em rotação com o canavial, o seu ciclo é de 125 a 130 dias, lembrando que, nessa região, esse ciclo é muito interessante, pois o cuidado necessário é em relação a sua exigência para solos férteis. Existem também duas opções bem atrativas que são: BRS 244 - RR e a BRS 246 – RR, mas seu ciclo de 130 a 150 dias seria o único problema, pois no caso da rotação de cultura, uma soja mais precoce é mais interessante devido à necessidade do produtor aproveitar as épocas das águas para realizar o plantio do novo canavial. Outro material que é interessante é a BRS 255 – RR, pois ela é bastante precoce e com características que se encaixariam muito bem para essa função”, apresenta o pesquisador. Revista Canavieiros - Agosto de 2006 33 Novas Tecnologias Colheita Mecanizada: O cooperado Eduardo Soares de Oliveira, que tem 100% de sua cana colhida mecanicamente Um futuro inevitável Marino Guerra Com a pressão do governo através da implantação de leis trabalhistas e ambientais cada vez mais rígidas, o corte manual da cana crua vê os seus dias contatos. A implantação da NR-31, que é um conjunto de leis trabalhistas que vem tornando cada vez mais caro e difícil manter um grupo grande de trabalhadores na lavoura, e a lei ambiental, que prevê o fim da queimada da palha da cana no Estado de São Paulo para o ano de 2.031, obrigam os profissionais ligados a cultura canavieira a observar, com mais atenção, às alternativas que o mercado oferece para a redução de custos e aumento da qualidade da matéria-prima colhida mecanicamente. Segundo o produtor de cana, Eduardo Soares de Oliveira, que entrega toda a sua produção utilizando o corte mecanizado, para se investir em maquinários é necessário uma quantidade expressiva de cana a ser colhida. “O investimento em maquinário é necessário a uma colheita de 50 mil toneladas de cana, senão o produtor começa a ter prejuízos com a tecnologia”, diz Eduardo. O produtor ainda enfatizou os motivos que o fez investir nos equipamentos que compõe a colheita mecanizada da cana (colhedora, trator, transbordo, caminhão de incêndio, caminhão oficina, comboio e as carretas de transporte da matéria-prima para a usina). “Um dos fatores foi o problema ambiental, outro foi a longevidade que esse tipo de corte dá no momento em que se usa a esteira nas colhedoras, e, por fim, a necessidade de se trabalhar com uma equipe enxuta em decorrência das novas leis trabalhistas que estão em vigência. Estes foram os fatores preponderantes que me levaram a partir para a mecanização”, explica Eduardo. Como um usuário do sistema de 34 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 colheita mecanizada, o produtor rural também tem uma visão do que pode ser melhorado em termos de tecnologia. “Eu acho que a principal evolução será o corte de base que vai copiando o solo, evitando, dessa forma, o arranque da soqueira da cana ou, às vezes, deixando o toco muito alto. Com essa tecnologia, ela vai cortar praticamente acompanhando o solo, vai deixar a uma altura só, aproveitando o máximo possível da cana e do açúcar que está mais embaixo. Quanto mais próximo do solo você puder cortar sem ofender a soqueira, melhor para a sua produtividade em relação à quantidade de açúcar”, completa. Sobre o problema da soqueira da cana, o pesquisador do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), Roberto da Cunha Melo, desenvolveu um novo sistema de corte que, só com a troca do disco, a redução na destruição da soqueira pode chegar até em 20%. “O corte da base da cana é um dos principais problemas da colheita mecanizada, pois ele danifica bastante a soqueira que prejudica a rebrota. Ao ver esse problema nós desenvolvemos um produto que utilizará facas serrilhadas, então nós alteramos o corte, que antigamente era por impacto, como o processo do podão, e agora será por deslizamento, através da serrinha que deslizará sobre a cana”, explica Roberto. Segundo o pesquisador, o sistema consiste na utilização de lâminas serrilhadas acopladas em um disco de forma inclinada, nas máquinas colhedoras automotrizes, usadas nas lavouras de cana. A moldagem das lâminas foi desenvolvida no Centro de Engenharia e Automação do IAC, em Jundiaí, e os testes de campo foram realizados na Usina Santa Elisa, localizada em Sertãozinho. Mercado de Colhedoras: O mercado possui hoje quatro fabricantes de colhedoras de cana-de-açúcar (Case IH, John Deere, Motocana e Santal), que evoluem a cada ano com novos modelos, sempre com os principais objetivos: a baixa compactação do solo e a preservação da soqueira na hora do corte da base do canavial. A colhedora Santal Tandem, lançada em 2004, traz um dispositivo de corte de base flutuante automático (sistema mecânico eletro-hidráulico que permite que o disco de corte copie as ondulações do terreno) e um disco que possibilita a troca rápida das facas de corte. Nesse ano, a John Deere colocou no mercado a colhedora 3510, que possui um corte de base com maior pressão de atuação através de um controle automático, buscando assim a maior preservação das soqueiras. Em relação a compactação do solo, os modelos fabricados pela John Deere e Case IH possuem a opção da utilização de esteira como alternativa aos pneus na redução da agressão da máquina ao solo. Já a Santal desenvolveu uma tecnologia em que o eixo de sua colhedora possui tração nas quatro rodas traseiras e pneus de alta flutuação o que, segundo a empresa, reúne em um único equipamento as vantagens das esteiras e dos pneus. Novas Tecnologias Foto: Roberto da Cunha Melo / IAC Foto: Roberto da Cunha Melo / IAC Rebrotamento após o corte com o DISCO SERRILHADO Foto: Roberto da Cunha Melo / IAC após o corte com o DISCO DE IMPACTO Foto: Roberto da Cunha Melo / IAC Revista Canavieiros - Agosto de 2006 35 Biblioteca Cultura Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de esclarecer , de maneira didática, esclarecer, algumas dúvidas a respeito do português “DIA-A-DIA”, Pedro aumenta seu prestígio profissional na empresa. ...mas não em relação ao Português!!! Prezado amigo leitor, há grande confusão entre as expressões DIA-A-DIA e DIA A DIA. Veja: DIA-A-DIA (com hífen) : significa cotidiano, rotina diária... Ex.: O dia-a-dia daquela empresa é intenso em todos os departamentos.(=rotina) DIA A DIA (sem hífen): significa dia após dia, diariamente, com o correr dos dias... Ex.: Dia a dia, Pedro aumenta seu prestígio profissional na empresa.(=dia após dia) Ao “CHEGAR NUMA” festa de aniversário devemos cumprimentar e presentear o aniversariante... Segundo o “Guia da Boa Etiqueta e Educação” , devemos presentear, também, não só no aniversário, bem como no Natal... E a Gramática? Devemos aprender corretamente a Língua Portuguesa!!! O VERBO CHEGAR, como outros que indicam movimento, exigem a preposição A. Exemplos de verbos de movimento: ir, vir, levar, descer, voltar... Os substantivos correspondentes também exigem a preposição ‘A’: ida a, vinda a, chamada a... O correto é: AO CHEGAR À festa de aniversário... Outro exemplo correto: Chegando ao sítio, encontrou a família reunida. OBS.: CHEGAR EM, só é usado em relação a TEMPO. Ex.: Pedro chegará em 7 dias.(=tempo) A simpática moça da meteorologia do Jornal da Televisão disse: — Na região sul, há “NUVENS NO CÉU”. Nuvens no céu...onde mais poderiam pairar as nuvens???!!! O mesmo vale para: A LUA aparece bem clara NO CÉU. Prezados amigos leitores, precisamos ter mais atenção com o Português... Errata: Na coluna Cultivando a Língua Portuguesa da Edição de julho de 2006, a frase “Prezado amigo leitor, mesmo preferindo fazenda à palestra há redundância foi nítida na frase” está incorreta. O certo é: “Prezado amigo leitor, mesmo preferindo fazenda à palestra, a redundância foi nítida na frase”. 36 Revista Canavieiros - Agosto de 2006 RENATA CARONE SBORGIA Advogada e Prof.ª de Português e Inglês Mestra—USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, MBA em Direito e Gestão Educacional, Escreveu a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras) com Miriam M. Grisolia “GENERAL ÁLVARO T AVARES CARMO” N os últimos anos, a ABAG (Ass ociação Brasileira de Agrobusiness) levantou diversas bandeiras de grande importância para o complexo agro-industrial brasileiro. Uma delas foi colocar a disposição do público um livro da História do Brasil, mas do ponto de vista do agronegócio. Isso porque era necessário dar ao cidadão brasileiro uma visão panorâmica dos primeiros quinhentos anos do país, durante os quais, de maneira indubitável, a contribuição da agropecuária foi preponderante, como continua e continuará a ser. Dentro desse contexto, uma das sugestões de leitura para a segunda edição da Revista CANAVIEIROS é a obra de Rogério Furtado: “Agrobusiness Brasileir o – A História”, que objetiva aproximar o cidadão um pouco mais daquilo que se passa na agropecuária. A segunda sugestão dessa edição é a obra “Guia de Identificação de Pragas Agrícolas” dos autores: Roberto Antonio Zucchi; Sinval Silveira Neto; Octavio Nakano. A primeira etapa para a solução de qualquer problema entomológico na agricultura está diretamente relacionada à identificação da praga. Uma vez conhecido o nome científico do inseto, é possível obter toda informação bibliográfica sobre o mesmo. Com a finalidade de auxiliar os entomologistas da área agrícola (engenheiros agrônomos, biólogos, técnicos agrícolas, produtores rurais, etc), na identificação de pragas, elaborou-se esse guia. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros, podem procurar a Biblioteca da Canaoeste em Sertãozinho – Rua Augusto Zanini, nº 1461 ou pelo telefone (16) 3946 3300 Ramal 2016. Agende-se Setembro , Outubro e Novembro de 2006 Setembro 19 a 22 – 14ª Fenasucro (Feira Internacional da Indústria Sucroalcooleira) – Sertãozinho/SP Informações: Múltiplus Eventos (16) 3623 8936 Site: www.fenasucro.com.br 19 a 22 – IV Agrocana (Feira de Negócios e Tecnologia da Agricultura da Cana-de-Açúcar) – Sertãozinho/SP Informações: Múltiplus Eventos (16) 3623 8936 Site: www.fenasucro.com.br Outubro 25 a 27 – Fatia (Feira de Fornecedores e Atualização Tecnológica da Indústria de Alimentação) – Goiânia/GO Informações: Múltiplus Eventos (16) 3623 8936 Site: www.ffatia.com.br Novembro 13 a 15 – Enerbio/2006 (Feira Internacional de Agroenergia e Biocombustíveis) – São Paulo/SP Informações: BrasilAgro (11) 4154-2366 Site: www.enerbio.com.br Vendo Implementos Agrícola Trator Massey Fergunson 650 Ano 95 Trator Massey Fergunson 265 Ano 90 Canhão CONDOR-JACTO 600 com controle remoto ano 96 Plantadeira SEMEATO 5 linhas Ano 87 Arado 3 bacias reversível SANTA ISABEL Ano 86 Carroceria de Caminhão SANTA ROSA semi-nova com 8m de comprimento X 1,80 de altura Ano 2000 Guincho de cana Massey Fergunson 65R Ano 1980 Grade aradora de controle remoto TATU 20 discos Ano 2000 Grade niveladora de arrasto TATU 24 discos Ano 90 1- Grade niveladora TATU 32 discos Ano 90 1- Cultivador de soja 5 linhas MUNARI Ano 90 1- Roçadeira marca KAMAC Entrar em contato à noite Fabiano/Maria Lucia (16) 3952-1587 res Adauto (16) 9172-7411 cel ou [email protected] 38 nheiro, cozinha com fogão a gás e a lenha, varanda nas laterais e à frente do imóvel”, criação de gado (pequena quantidade); fartura em água de córrego e em cisterna . Contato com Mateus pelos telefones (16) 3945-0148/8123-1506 VENDO - Carregadeira de cana CBT 8440 simples motor MWM, ano 87, em bom estado, R$ 18.000,00 e Carregadeira MF 290 traçada, ano 95, motocana, com torque, R$ 49.000,00. - Pacotão de Tratores Dois Ford 4630/4 ano 95 e 97 + MF 275 simples ano 88, ambos com rodagem fina, único dono, nota fiscal de origem, R$ 86.000,00 - Tratores Massey Ferguson MF 275 traçado, ano 2001 com 2000 horas, R$ 53.000,00. MF 292 ano 2001, com lamina e concha, todo revisado, R$ 58.000,00. Vendo Caminhões 04 caminhões Mercedes Benz modelo 2635, ano 97/97, traçados, no chassi, todos em bom estado de conservação. Preço: R$ 145.000,00 cada. Em caso de interesse, falar com Wilson através do telefone 17.9739.2000. - Tratores Valmet/Valtra Valmet 885 simples ano 98, R$ 36.000,00. Valmet 985 traçado ano 95, R$ 50.000,00 Valtra BH 180 ano 2002, novo, R$ 90.000,00. Valmet 85iD com lamina, ano 78 com direção hidraulica, R$ 16.000,00. Valmet 78 ano 90, R$ 28.000,00. 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Revista Canavieiros - Agosto de 2006 VENDO - Fazenda de café tipo exportação Fazenda de 250 ha com 490.000 pés de café, estruturada para exportação, diversas máquinas, alojamentos, exportadora de café para a Europa com vários prêmios internacionais, fazenda nota 10, localizada no Estado de Minas Gerais, R$ 5.500.000,00. - 900 alq. com Laranja 900 alq. de laranja no Estado de São Paulo, Packhouse completo para exportação, 842.926 plantas, produção de 2.000.000 caixas em 2006, direto com os proprietários, consulte preço! - 135 alq. no Triângulo Mineiro próximo a Usina 135 alqueirão em Sacramento próximo a Usina Delta, R$ 40.000,00/alq. - 777 ha toda com cerrado no Maranhão Fazenda toda fechada, documentação completa, sem benfeitorias, solo vermelho amarelo, diretamente com o proprietário, ótima oportunidade, R$ 500.000,00. - 88 alq. completíssima para gado leiteiro 88 alq. com capacidade de 10.000 litros/ dia, asfalto até a fazenda, 25 casas de empregado, 8 açudes, pastagem de primeira qualidade, 15.000 pés de café, ótima para cana, R$ 50.000,00/alq. 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