1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ - UNESPAR CAMPUS DE UNIÃO DA VITÓRIA CURSO DE MATEMÁTICA JÉSSICA MUNHOZ O TEOREMA DE PITÁGORAS: UMA PROPOSTA DE ENSINO UNIÃO DA VITÓRIA 2014 2 JÉSSICA MUNHOZ O TEOREMA DE PITÁGORAS: UMA PROPOSTA DE ENSINO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de licenciado em Matemática, da Universidade Estadual do Paraná, Campus de União da Vitória – UNESPAR. Orientador: Prof. Mestre Everton José Goldoni Estevam. UNIÃO DA VITÓRIA 2014 3 AGRADECIMENTOS Inicialmente, ao Senhor meu Deus, por saber que onde estão as minhas mãos também estão as Suas, por conceder a realização desse sonho. À minha família, meu pai Manoel, minha mãe Luzmari e meu irmão Reinaldo, pelo carinho, compreensão e incentivo que recebi. Ao meu namorado pela paciência, compreensão e carinho dedicado. Ao meu Orientador, Prof. Everton, por sua admirável dedicação e paciência, e por suas sugestões e orientações para que fosse possível a concretização deste trabalho. Aos Professores do colegiado, pelos ensinamentos e ajuda, que dedicaram durante todo esse processo de graduação. Aos meus colegas de graduação e a todos que contribuíram de maneira direta ou indireta para a realização deste trabalho. 4 “Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer.” Albert Einstein 5 RESUMO Nesse trabalho, discutimos o ensino e a aprendizagem do Teorema de Pitágoras no 9º ano do Ensino Fundamental. Apresentamos um estudo teórico sobre os ternos pitagóricos, a história de Pitágoras de Samos e o Teorema de Pitágoras. A partir desses apontamentos e pautados nas Investigações Matemáticas, apresentamos uma proposta de ensino, para se introduzir o conceito do Teorema de Pitágoras, a qual se acredita que pode propiciar ao aluno a construção das ideias que sustentam o Teorema com significado e ao professor acompanhar a linha de raciocínio do aluno e perceber as (in) compreensões deste sobre o Teorema em questão. Esta proposta de ensino foi produzida de forma a conter recursos visuais que levem os alunos a terem uma oportunidade de compreender de forma agradável o conteúdo. Palavra-chave: Teorema de Pitágoras. Investigações Matemáticas. Ensino. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Tableta Plimpton 322........................................................................... 11 Figura 2 Tradução da Plimpton 322.................................................................. 12 Figura 3 Triângulo retângulo ABC..................................................................... 12 Figura 4 Representação pitagórica.................................................................... 13 Figura 5 Triângulo retângulo.............................................................................. 16 Figura 6 Formação do triângulo (3, 4, 5) utilizando a corda de 13 nós............. Figura 7 Representação geométrica do Teorema de Pitágoras........................ 18 Figura 8 Demonstração geométrica utilizando o Teorema das Cordas............ 18 Figura 9 Demonstração geométrica A............................................................... 20 Figura 10 Demonstração geométrica B............................................................... 20 Figura 11 Ideia geral da demonstração Euclidiana............................................. 21 17 Figura 12 Demonstração Euclidiana.................................................................... 22 Figura 13 Triângulo Retângulo esperado no desenvolvimento da tarefa............ 30 Figura 14 Triângulo Retângulo esperado no desenvolvimento da tarefa............ 33 Figura 15 Triângulo Retângulo esperado no desenvolvimento da tarefa............ 33 Figura 16 Sobreposição dos quadrados possível no desenvolvimento da tarefa.................................................................................................... 34 Figura 17 Sobreposição dos retângulos possível no desenvolvimento da tarefa.................................................................................................... 37 7 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Momentos na realização de uma investigação................................... 25 Quadro 2 Quadro de referência para a ação dos alunos e do professor no desenvolvimento da tarefa 1............................................................... 31 Quadro 3 Quadro de referência para a ação dos alunos e do professor no desenvolvimento da tarefa 2............................................................... 36 Quadro 4 Quadro de referência para a ação dos alunos e do professor no desenvolvimento da tarefa 3............................................................... 41 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 09 2 ESTUDO HISTÓRICO........................................................................... 11 2.1 TEOREMA DE PITÁGORAS................................................................. 15 2.1.1 Algumas demonstrações do Teorema de Pitágoras........................ 18 2.1.1.1 Demonstração do tipo algébrica utilizando uma circunferência............ 18 2.1.1.1.1 Considerações do ponto de vista matemático....................................... 18 2.1.1.1.2 Considerações do ponto de vista didático............................................. 19 2.1.1.2 Demonstração Hindu (geométrica, por transposição de elementos, por equivalência)................................................................................... 19 2.1.1.2.1 Considerações do ponto de vista matemático....................................... 20 2.1.1.2.2 Considerações do ponto de vista didático............................................. 20 2.1.1.3 Demonstração Euclidiana...................................................................... 21 2.1.1.3.1 Considerações do ponto de vista matemático....................................... 21 2.1.1.3.2 Considerações do ponto de vista didático............................................. 23 3 INVESTIGAÇÕES MATEMÁTICAS E O ENSINO DE MATEMÁTICA. 24 3.1 PRESSUPOSTOS DAS INVESTIGAÇÕES MATEMÁTICAS............... 24 4 PROPOSTA DE ENSINO...................................................................... 29 4.1 DISCUSSÃO E SISTEMATIZAÇÃO...................................................... 41 5 CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR E NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS................................................................................................ 43 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 46 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 47 ANEXO A – TAREFA 1.......................................................................................... 48 ANEXO B – TAREFA 2.......................................................................................... 51 ANEXO C – TAREFA 3.......................................................................................... 53 9 1 INTRODUÇÃO O processo de ensino de Matemática consiste em criar estratégias que propicie ao aluno a capacidade de atribuir sentido e construir significados a ideias matemáticas de modo a estabelecer relações, justificar, discutir e criar (PARANÁ, 2008). Tendo uma visão crítica sobre esta situação, pretende-se através deste trabalho apresentar uma proposta de ensino e aprendizagem utilizando a Investigação Matemática para se trabalhar o Teorema de Pitágoras, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Quando trabalhei o Teorema de Pitágoras, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, em 2012, tendo como metodologia a aula expositiva dialogada, percebi que foi um dos assuntos pelo qual os alunos demonstraram mais interesse. Devido a este fato, fui incitada a desenvolver uma proposta de ensino diferenciada para se trabalhar com este Teorema tendo em vista que, em uma aula tradicional não é possível perceber se os alunos compreenderam, de fato, o conceito, ou apenas, sabem desenvolver o algoritmo. Já em uma aula com Investigação Matemática é possível acompanhar o raciocínio do aluno durante todo o processo de resolução de uma tarefa, diferente de uma aula expositiva, tendo em vista que o aluno, na maioria das vezes, apenas desenvolve os algoritmos com priorização dos resultados em detrimento do processo de resolução. Todo esse trabalho foi criado com a intenção de se desenvolver uma proposta de ensino pensada com vistas a ampliar as condições de aprendizagem dos alunos, pautada em atividades investigativas, em que os alunos são desafiados a procurar as soluções, compreender a questão, coletar os dados da mesma, organizar esses dados, formular outras questões e conjecturas, envolver todos os seus conhecimentos matemáticos já adquiridos, executar a tarefa e, por fim, apresentar os resultados, validando suas justificativas. Para tanto, o presente trabalho está dividido em capítulos sendo apresentado no capítulo 2 o estudo histórico sobre o Teorema de Pitágoras, além de abordar o Teorema e algumas de suas demonstrações. No capítulo 3 é feita uma abordagem sobre as Investigações Matemáticas e o ensino de Matemática. No capítulo 4 é apresentada a Proposta de Ensino, utilizando a Investigação Matemática e os possíveis encaminhamentos para o decorrer da aula, apresentando 10 ainda, um quadro de referências (orientações) com algumas ações que podem ser executadas pelo professor em contrapartida com as ações dos alunos. Já no capítulo 5 são apresentadas as possíveis contribuições do trabalho ao processo de formação do professor e no ensino e aprendizagem dos alunos. E por fim, as considerações finais trazem uma visão geral do trabalho proposto. 11 2 ESTUDO HISTÓRICO O estudo histórico tem como finalidade caracterizar a origem e os processos de identificação do Teorema de Pitágoras. A análise teórica permite patentear as diferentes abordagens descritas ao longo do tempo. Segundo Boyer (1974) e Eves (2004), a relação pitagórica já era conhecida desde os povos egípcios, babilônios e gregos. Embora não haja nenhum registro em documentos egípcios, o Teorema de Pitágoras já era bastante utilizado na Mesopotâmia, o que é possível verificar através das tabletas deste período. Figura 1 - Tableta Plimpton 322 A tableta conhecida como Plimpton 322, continha ternos1 pitagóricos, ou seja, medidas dos lados de um triângulo. Isso mostra que os babilônios tinham conhecimento da relação entre os lados de um triângulo retângulo. Não havia demonstrações, porém, eles conheciam a relação de que a medida ao quadrado do lado maior de um triângulo retângulo é igual à soma dos quadrados dos outros dois lados, e através dela resolviam os problemas. De acordo com Boyer (1974), a Plimpton 322 era parte de uma tableta maior, em que havia quatro colunas, sendo que, a coluna da direita continha os números de um a quinze, o que evidencia uma ordem para se considerar os números das próximas colunas. 1 Embora alguns livros utilizem ternas pitagóricas, neste trabalho, adotaremos o termo como ternos pitagóricos. 12 Figura 2 - Tradução da Plimpton 322 Para entender o que os números dispostos na tableta significavam, consideremos a figura 3: Figura 3 - Triângulo retângulo ABC De acordo com Boyer, Se os números na segunda e terceira colunas (da esquerda para a direita) forem considerados como os lados a e c respectivamente, a primeira coluna a esquerda contém em cada caso o quadrado da razão de c para b. Assim, a coluna da esquerda é uma curta tabela de valores de sec² A, mas não devemos assumir que os babilônios conheciam nosso conceito de secante (1974, p. 25). Boyer (1974, p. 26), ainda diz que “os que construíram a tabela evidentemente começaram com dois inteiros sexagesimais regulares, que 13 chamaremos p e q, com p q, então formaram a tripla de números p² - q² e 2pq e p² + q²”. Estes inteiros formam um triângulo pitagórico, onde o quadrado do lado maior é igual a soma do quadrado dos outros dois lados. “Portanto esses números podem ser usados como dimensões do triângulo retângulo ABC, com a = p² - q², b = 2pq e c = p² + q²” (BOYER, 1974, p. 26), onde c² = a² + b². Figura 4 - Representação pitagórica A relação pitagórica foi testada pelos povos egípcios, babilônios e gregos, em diversos triângulos retângulos, porém, não era possível afirmar que tal relação era válida para todos os triângulos retângulos. Então, Pitágoras lançou uma demonstração matemática sob tal relação e tornou-se possível generalizar o conceito, partindo do particular/concreto para chegar ao geral/abstrato. Da vida de Pitágoras não é possível afirmar quase nada com plena certeza, pois, muitos documentos daquela época se perderam, inclusive, de acordo com Boyer (1974), uma biografia escrita por Aristóteles. Entretanto, segundo Eves (2004, p. 97), “ao que parece Pitágoras nasceu por volta de 572 a.C. na ilha egéia de Samos”. Depois viveu por algum tempo no Egito e audaciou-se em algumas viagens mais extensas. “Aos quarenta anos, Pitágoras voltou a Samos, onde encontrou uma recepção hostil da população, que não entendia a proposta de uma pessoa que se julgava possuidora de sabedoria” (PEREIRA, 2002, p. 48). Então ele percebeu que só receberia confiança se representasse um oráculo ou algum aparato mitológico. Pensando nisso, foi para Delos e Creta, a fim de estudar sobre mistérios secretos. 14 “Ao retornar a Samos encontrou o poder nas mãos do tirano Polícrates e a Jônia sob o domínio persa [...]” (EVES, 2004, p. 97), e conseguiu despertar o interesse pela sua filosofia. Pitágoras não comia feijões, pois dizia que era abrigo das almas de seus amigos mortos e, também, dizia que não deviam comer carne dos animais, porque caso não houvesse corpos humanos suficientes, as almas dos mortos poderiam encarnar nos animais (PEREIRA, 2002). Pitágoras dominava várias relações matemáticas e isso recrutava um grande respeito. Pereira, diz que: Pitágoras afirmava ter domínio sobre a matemática em virtude de poderes recebidos de Apolo, ou seja, sendo dotado de poderes mágicos, poderia transmitir seus conhecimentos a quem o escutasse, o que fazia os jovens simianos ficarem maravilhados e manifestarem aos seus pais o desejo de o seguirem em seus ensinamentos (2002, p. 49). Devido a isso, e levando em consideração que a inteligência de Pitágoras podia prejudicar-lhe, o tirano Polícrates expulsou-o da ilha. Então, Pitágoras, juntamente com sua mãe e um discípulo, seguiram para Crotona, atual Itália. “Crotona estava ‘madura’ para receber Pitágoras, pois havia sido derrotada pelos lócrios e o seu povo possuía o desejo de dominar Síbaris” (PEREIRA, 2002, p. 49). Eles buscavam no atletismo e no espírito a esperança de dias melhores, estavam frágeis, mais já tinham ouvido falar em Pitágoras e a poderes atribuídos a ele. De acordo com Bergua (1995 apud PEREIRA, 2002, p. 49), Milón, chefe dos aristocratas, junto a sua esposa e sua filha Teano, hospedaram Pitágoras, sua mãe e seu discípulo. “Conta-se ainda que Teano teria se casado posteriormente com Pitágoras, dando-lhes dois filhos e uma filha [...]”. Pitágoras acreditava que “o número é o princípio de todas as coisas”. Pereira (2002, p. 50), enfatiza que para Pitágoras e seus seguidores “[...] os números não eram entendidos como símbolos destinados a expressar grandezas diversas, eram, sim, reais, essências realizadas, mostrando-se como a ‘alma das coisas’”. Foi com essa ideia que ele criou uma escola na cidade de Crotona, a qual era conhecida como Escola Pitagórica. De acordo com Marques (2011), os ensinamentos da Escola eram fundamentados em Matemática, Filosofia, Música e Astronomia. Para que alguém fosse admitido na escola, era necessário apresentar um mínimo de inteligência, caso contrário, eram excluídos da mesma. “Quanto às mulheres, eram admitidas nas 15 mesmas condições que os homens, o que era uma novidade para a época” (PEREIRA, 2002, p. 51). A Escola Pitagórica escolheu como símbolo o Pentagrama, ou seja, uma estrela de cinco pontas que, segundo Marques (2011), representava o número cinco, que simboliza para eles a união, o casamento. Marques (2011, p.106) ainda ressalta que: O número 1 era considerado o gerador de todos os outros números, o número 2 era o primeiro número par (considerados femininos) e o 3 era o primeiro número ímpar (considerados masculinos), logo 5 era a junção do primeiro feminino, com o primeiro masculino, simbolizando toda a criação. Segundo Boyer (1974, p. 36), “a escola pitagórica era politicamente conservadora e tinha um código de conduta rígido”. Os pitagóricos acreditavam na metempsicose (transmigração da alma de um corpo para outro) e devido a isso o vegetarianismo era imposto a eles. Em relação à estrutura e funcionamento da Escola Pitagórica, pouco se pode afirmar, em virtude de seu caráter secreto. A Escola partilhava de alguns princípios, entre eles o de que todos os seguidores da ordem deveriam manter lealdade e segredo. “Este último impedia que qualquer aluno falasse ou comentasse o que se passava na escola, bem como os resultados e as descobertas realizadas” (MARQUES, 2011, p. 105). Por consequência disso e “[...] como era costume da irmandade atribuir todas as descobertas ao reverenciado fundador, é difícil agora saber exatamente que descobertas matemáticas se devem ao próprio Pitágoras e quais se devem a outros membros da confraria” (EVES, 2004, p. 97). Entretanto, por volta de 500 a.C, sob a acusação de apoiar a aristocracia, contrária ao governo, a escola foi fechada. Devido a isso, Pitágoras foi para a cidade de Metaponto, onde ficaria até morrer, aproximadamente 497 a.C. Porém, seus discípulos transmitiram seus ensinamentos por diversas regiões. 2.1 TEOREMA DE PITÁGORAS A história do teorema de Pitágoras vem sendo divulgada, através de fatos e lendas, o que dificulta uma abordagem bibliográfica confiável. Não há registros históricos que evidenciem quando e como o Teorema foi incorporado aos conhecimentos de Pitágoras. 16 Consideremos o triângulo retângulo ABC, onde a é a medida da hipotenusa, ou seja, o lado oposto ao ângulo de 90º, b e c é a medida dos catetos, ou seja, os lados adjacentes ao ângulo de 90º. Figura 5 - Triângulo retângulo Hoje, pode-se enunciar o Teorema do seguinte modo: dado um triângulo retângulo, ou seja, um polígono de três lados que possui um ângulo de 90°, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos, ou de maneira geral, (hipotenusa)² = (cateto)² + (cateto)². De acordo com a figura 5, temos então, . A descoberta do teorema foi atribuída a Pitágoras, pois segundo estudos realizados no campo da História da Matemática (BOYER, 1974; EVES, 2004), foi ele quem primeiro apresentou uma demonstração geral para este teorema, ficando assim conhecido como Teorema de Pitágoras. Apesar dessa atribuição, os egípcios utilizavam uma corda com treze nós, espaçados igualmente, para determinar um ângulo reto fazendo a sobreposição do primeiro e do décimo terceiro nó, conforme mostra a figura 6. 17 Figura 6 - Formação do triângulo (3, 4, 5) utilizando a corda de 13 nós. O Teorema de Pitágoras embasa a noção de distância, um dos conceitos mais importantes da Matemática e da Física. É possível relacioná-lo a diversas situações problema do cotidiano, desde que seja possível formar, ainda que intuitivamente, a figura de um triângulo retângulo, pois o mesmo, só é válido em triângulos retângulos (COELHO, 2010). O Teorema de Pitágoras é uma das maiores descobertas da História da Matemática, pois estabelece um elo vital entre Geometria e Álgebra, permitindo calcular distâncias, alturas e diagonais de polígonos. As relações entre os lados do triângulo retângulo permitem explorar as figuras geométricas de diversas maneiras. Podemos utilizar o Teorema de Pitágoras na Matemática, na Física, na Biologia. No campo da física, em questões que envolvem grandezas vetoriais, cálculo de deslocamentos, força resultante, geralmente, faz-se o uso do Teorema para efetuar a resolução. Da mesma forma, na biologia, o Teorema é utilizado para calcular a força resultante exercida sobre corpos, em diversas situações. A figura 7 traz uma representação geométrica do enunciado do Teorema de Pitágoras. 18 Figura 7 - Representação geométrica do Teorema de Pitágoras Se a é a medida da hipotenusa e se b e c são as medidas dos catetos então, podemos enunciar o Teorema da seguinte forma: a² = b² + c². Na figura 7 é possível observar que, de acordo com o Teorema de Pitágoras, a área do quadrado amarelo, mais a área do quadrado verde, é igual à área do quadrado vermelho. Porém, somente perceber isto através de uma visualização geométrica não é suficiente, é necessária uma demonstração para que seja possível considerar este fato verdadeiro. 2.1.1 Algumas Demonstrações do Teorema de Pitágoras 2.1.1.1 Demonstração do tipo algébrica utilizando-se uma Circunferência 2.1.1.1.1 Considerações do ponto de vista matemático Figura 8 - Demonstração utilizando o Teorema das Cordas 19 Seja o triângulo ABC retângulo em C. Com centro em B e raio AB traça-se a circunferência. Pelo Teorema das Cordas: CE.CD = AC.CL Considerando AB = h, AC = b e BC = a, temos que: CE = h – a, AC = b, CD = h + a, CL = b. Portanto, pelo teorema das cordas, temos: (h – a).(h + a) = b.b h² + ha – ha – a² = b² h² - a² = b² h² = a² + b² 2.1.1.1.2 Considerações do ponto de vista didático Esta demonstração pode ser usada como aplicação do Teorema das Cordas, supondo que o aluno já tenha conhecimento do Teorema de Pitágoras, é interessante para que o mesmo perceba que se pode chegar a um mesmo resultado por diferentes métodos. Em relação às considerações cognitivas, é necessário, a partir de um dado triângulo ABC, retângulo em C: traçar a circunferência de centro B e raio AB, prolongar BC para obter os pontos E e D e prolongar AC para obter o ponto L; o reagrupamento pertinente das partes elementares CE, CB, BD, AC, CL forma uma subfigura convexa (dois pares de ângulos opostos pelo vértice); não há substituição de partes elementares. 2.1.1.2 Demonstração Hindu (Geométrica, por transposição de elementos, por equivalência) 20 Figura 9 – Demonstração Figura 10 – Demonstração geométrica A geométrica B 2.1.1.2.1 Considerações do ponto de vista matemático Ao retirar os quatro triângulos das duas figuras respectivamente, temos: um quadrado de lado c na figura 9 e dois quadrados na figura 10, um de lado b e o outro de lado a. Em outras palavras, o complementar dos triângulos na figura 9 é o quadrado que tem como lado a hipotenusa do triângulo retângulo. Reconfigurando-se de modo conveniente os quatro triângulos, o complementar deles em relação ao quadrado maior, é a reunião dos quadrados cujos lados são os catetos. Logo a área do quadrado de lado c é a soma das áreas dos quadrados cujos lados medem a e b, ou seja: c² = a² + b² Algebricamente: para a Figura 9: (b + a)² = c² + 4 para a Figura 10: (b + a)² = b² + a² + 4 . . Portanto, temos: c² + 2ba = b² + a² + 2ba Disto, c² = b² + a². 2.1.1.2.2 Considerações do ponto de vista didático 21 A demonstração propicia uma variedade de abordagens: o fracionamento da figura em partes elementares; para formar a figura 9, o “triângulo chave” sofre rotações e para formar a figura 10, sofre translações; as características do contorno da subfigura, da figura 9, formada pela reunião dos quatro retângulos, favorecem a visibilidade para encontrar, no quadrado maior, os dois quadrados complementares. O fato de não apresentar o obstáculo do desdobramento aumenta o grau de visibilidade para a aplicação da operação. 2.1.1.3 Demonstração Euclidiana (do livro elementos, de Euclides) 2.1.1.3.1 Considerações do ponto de vista matemático O objetivo desta demonstração é provar que a área do quadrado e do retângulo alaranjados são iguais e a área do quadrado e do retângulo azuis, conforme retrata a figura 11. Figura 11 – Ideia geral da demonstração euclidiana. Para isso, utiliza-se a congruência entre triângulos. Seja ABC um triângulo retângulo em C. 22 Figura 12 – Demonstração Euclidiana Construir sobre o lado , o quadrado ABIK e sobre os lados e , os quadrados CBGF e CADE, respectivamente. Traçar CJ//AK. Temos que os triângulos ACK e ADB são semelhantes (por L.A.L), pois AC=AD e AB=AK (lados de um quadrado) e . Chamando de x a área do quadrado ADEC e de y a do quadrado CBGF, temos: x = 2 vezes a área de (ABD), pois a área de ABD = = Portanto, teremos que: x = 2 vezes a área de (ACK), pois os dois triângulos são congruentes. Porém: área de (ACK) = = área Então x = c² = 2 área (ABD) = área (AHJK). Analogamente: y = b² = 2 área (ABG) = área (HBIJ). Desta forma, a área do quadrado (ABIK), formado pelos retângulos (AHJK) e (HBIJ), é igual a soma das áreas b² + c², portanto, a² = b² + c². 23 2.1.1.3.2 Considerações do ponto de vista didático Através desta demonstração é possível discutir outros conteúdos, como por exemplo: congruência de triângulos; cálculo de áreas de triângulos, analisando as diferentes posições da figura; fracionamento da figura em partes elementares. Pode-se colocar a situação-problema em etapas, o que possibilitará reinvestir em tópicos anteriores. Há um grande número de possibilidades, tanto algébricas quanto geométricas, para se demonstrar o Teorema de Pitágoras. As expostas aqui, servem como exemplo notório de como se demonstrar este Teorema. 24 3 INVESTIGAÇÕES MATEMÁTICAS E O ENSINO DE MATEMÁTICA Atualmente, muito se discute sobre os métodos de se trabalhar no ensino da Matemática com o intuito de propiciar ao aluno maior adequabilidade em relação ao conteúdo e à forma como são trabalhados em sala de aula (PARANÁ, 2008). Essa busca por diferentes metodologias e propostas de ensino ocorre em virtude de resultados de pesquisas que mostram o grande nível de dificuldade dos alunos em aprender Matemática. Propor condições e situações diferenciadas e contextualizadas que permitam explorar e descobrir a Matemática é fundamental no processo de ensino e aprendizagem. Os professores devem buscar cada vez mais ideias e condições para que os alunos desenvolvam suas potencialidades e capacidades cognitivas e, não somente, saberes acumulados, dada à importância que vem sendo atribuída aos conteúdos e aos métodos de Ensino de Matemática, nas propostas curriculares. Estas sugerem como esperada uma educação em que o aluno seja capaz de compreender o que está fazendo e porque está fazendo daquela forma. Com base nesses argumentos, optamos pelo uso da Investigação Matemática como metodologia de ensino do Teorema de Pitágoras. Acreditamos que ela pode contribuir no processo de aprendizagem quando desenvolvida de acordo com os pressupostos que a sustentam. 3.1 PRESSUPOSTOS DAS INVESTIGAÇÕES MATEMÁTICAS Investigar é procurar saber algo que não se sabe. A palavra investigação está relacionada à descoberta, pesquisa, exploração, autonomia, tomada de decisões, espírito crítico e tem como objetivo descobrir algo. “Para os matemáticos profissionais, investigar é descobrir relações entre objetos matemáticos conhecidos ou desconhecidos, procurando identificar as respectivas propriedades” (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2009 p. 13). Esse processo de criação matemática pode trazer acontecimentos inesperados de forma lógica ou dedutiva. Na concepção de investigação matemática, Frota e Grazire, citado por Strapason e Bisogni (2010), afirmam que, 25 [...] uma situação problematizadora dispara o processo investigativo, a busca de métodos e processos e do levantamento de estudos teóricos na busca de uma solução. De acordo com essa concepção, uma aula de Matemática é sempre organizada a partir de uma situação problematizadora, que se pode configurar, por exemplo, na forma de uma pergunta, um problema, uma atividade investigativa, uma tarefa exploratória (2009, p. 1306). De acordo com Ponte, Brocardo e Oliveira (2009), uma atividade de investigação matemática é dividida em quatro momentos principais, os quais estão sistematizados no quadro 1. Na primeira coluna estão identificados os momentos e na segunda coluna as atitudes e ações dos alunos durante a realização de uma tarefa investigativa. Reconhecer uma situação problemática; Exploração e formulação de questões Explorar a situação problemática; Formular questões. Organizar dados; Conjecturas Formular conjecturas (e fazer afirmações sobre uma conjectura). Testes e reformulação Realizar testes; Refinar uma conjectura. Justificar uma conjectura; Justificação e avaliação Avaliar o raciocínio ou o resultado do raciocínio. Quadro 1 – Momentos na realização de uma investigação Fonte: Ponte, Brocardo, Oliveira, (2009, p. 21). No início da atividade o professor busca envolver os alunos no trabalho, propondo-lhes a realização de uma tarefa. Vamos discutir um pouco sobre cada um dos momentos da realização da atividade, os quais estão sintetizados no quadro 1. A exploração e formulação das questões é uma etapa em que os alunos podem gastar demasiado tempo, o professor pode achar que os mesmos estão com dificuldades e que nada estão fazendo. No entanto, este é o momento em que os alunos vão se familiarizando com os dados e se identificando com a tarefa (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2009). Por vezes, os alunos são levados a gerar novos dados, para depois organizá-los e, posteriormente, começarem a formular questões. Há a possibilidade 26 do surgimento de conjecturas, logo após a formulação das questões, o que os leva a fazerem testes. Durante este processo o professor deve estimular que os alunos integrem seus conhecimentos matemáticos na investigação. Essas conjecturas podem surgir aos alunos de diversas formas, seja através da observação direta dos dados, por analogias, ou ainda, por manipulação de dados. É importante que o professor oriente seus alunos de que eles devem registrar todas as informações, pois, desta forma, todas as conjecturas serão verbalizadas, deixando de existir somente no pensamento do aluno. Segundo Ponte, Brocardo e Oliveira, o professor precisa estar atento a todo esse processo de formulação e teste de conjecturas, para garantir que os alunos vão evoluindo na realização de investigações. Desse modo, cabe-lhes colocar questões aos alunos que os estimulem a olhar em outras direções e os façam refletir sobre aquilo que estão a fazer (2009, p. 36). Na hora de justificar o desenvolvimento da tarefa, os alunos tendem a chamar as conjecturas de conclusões. Isso muitas vezes é decorrente da própria linguagem utilizada pelo professor. “Sem se aperceberem os alunos transformam as suas conjecturas em conclusões sem passarem por um processo de justificação” (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2009, p. 37). Os processos de validação e de provas das conjecturas são extremamente importantes e muitas vezes são “esquecidos”, principalmente nos níveis de escolaridade mais elementares. Porém, é fundamental que o professor leve o aluno a compreender o caráter provisório dessas conjecturas. Em todos esses momentos, há uma interação dos alunos, oportunizando-os a uma vivência de um ambiente onde eles são a figura central e não o professor. “Essa interação torna-se obrigatória, na parte final, tendo em vista a divulgação e a confirmação dos resultados” (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2009, p. 21). O aluno deixa de atuar de forma passiva e passa a ser crítico e atuante. A decisão de se trabalhar com investigação matemática recai sobre o professor. A pesquisa e a estruturação de tarefas investigativas estimula a integração deste tipo de trabalho. Vale ressaltar que, trabalhos com investigação matemática exigem muito do professor, pois, perante as descobertas e os encaminhamentos dos alunos, na hora da execução da tarefa, o professor deixa de ter controle dos métodos e processos que os alunos utilizam. 27 Tanto em Matemática quanto em qualquer outra disciplina, o envolvimento do aluno é fundamental no processo de aprendizagem. Pensando nisso, verificamos a importância de propor tarefas que estimulem esse envolvimento, fazendo com que o aluno utilize de recursos cognitivos e participe da aula buscando atingir um objetivo. A partir do momento em que o aluno envolve-se na formulação e resolução das questões, passa a favorecer a sua própria aprendizagem. Para Ponte, Brocardo e Oliveira (2009, p. 23), “o conceito de investigação matemática, como atividade de ensino aprendizagem, ajuda a trazer para a sala de aula o espírito da atividade matemática genuína, construindo, por isso, uma poderosa metáfora educativa”. Em uma tarefa investigativa, o aluno é chamado a agir como um matemático, desde a formulação das questões, passando pelas resoluções, provas, até a obtenção dos resultados finais, sendo estes apresentados através de uma discussão e argumentação aos colegas e ao professor (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2009). As investigações matemáticas são um tipo de atividade a qual todos os alunos deveriam ter a oportunidade de experimentar, ou seja, de realizarem em sala de aula, juntamente com seus professores. Entretanto, é indispensável que o professor tenha conhecimento sobre o conteúdo a ser trabalhado, bem como sobre a metodologia, para que o mesmo seja capaz de organizar as tarefas de maneira adequada. É imensa a multiplicidade de situações que podem ocorrer em uma aula investigativa, porém, deve-se levar em conta alguns aspectos principais, que norteiam a atividade. Ponte, Brocardo e Oliveira, destacam três fases de uma atividade de investigação, (i) introdução da tarefa, em que o professor faz a proposta à turma, oralmente ou por escrito, (ii) realização da investigação, individualmente, aos pares, em pequenos grupos ou com toda a turma, e (iii) discussão dos resultados, em que os alunos relatam aos colegas o trabalho realizado. Essas fases podem ser concretizadas de muitas maneiras (2009, p. 25). Vamos discutir um pouco sobre cada uma dessas fases. Na introdução, o professor deve fazer com que os alunos entendam o sentido da tarefa e o que se espera no decurso da atividade. Caso a tarefa seja proposta à turma por escrito, pode-se fazer a leitura oralmente junto com os alunos, isto ajuda na compreensão dos mesmos. Contudo, nesta fase inicial, é indispensável que o professor garanta que os alunos compreendam o que é investigar e propicie um bom ambiente de 28 aprendizagem na sala de aula. Os alunos “[...] devem saber que podem contar com o apoio do professor, mas que a atividade depende, essencialmente, da sua própria iniciativa” (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2009, p. 28). Após a compreensão dos alunos, sobre o que se deve fazer na tarefa investigativa, o professor passa a acompanhar o trabalho deles, de maneira a compreender os processos que estão sendo utilizados e dar-lhes o apoio necessário. Alguns dos processos que se referem a uma atividade investigativa são: a exploração e formulação de questões, a formulação de conjecturas, o teste e a reformulação de conjecturas e, ainda, a justificação de conjecturas e avaliação do trabalho. E por último, ao final de uma investigação, deve-se realizar uma discussão sobre o trabalho realizado. Este é um momento importante, no qual é feita a partilha de conhecimentos. De acordo com Ponte, Brocardo e Oliveira (2009, p. 41), “o professor deve garantir que sejam comunicados os resultados e os processos mais significativos da investigação realizada e estimular os alunos a questionarem-se mutuamente”. É indispensável que os alunos percebam a importância da validação e justificação matemática das conjecturas Este momento de discussão final é fundamental para que o aluno perceba o que é investigar e, por outro lado, desenvolva a capacidade de comunicar-se matematicamente. É interessante ressaltar que, sem este momento final de discussões, a tarefa investigativa pode perder todo o sentido. 29 4 PROPOSTA DE ENSINO A partir dos apontamentos feitos anteriormente, elaboramos uma proposta de ensino que abrange o Teorema de Pitágoras. A metodologia de ensino utilizada para se desenvolver essa proposta é a Investigação Matemática. A proposta em si consiste de três momentos, os quais serão subdivididos nas Tarefas 1, 2 e 3. Ao final de cada uma há um quadro que objetiva orientar as possíveis ações dos alunos e do professor no decorrer da(s) aula(s). Inicialmente o professor pode dividir os alunos em duplas ou trios e entregar as tarefas, uma após o término da anterior. Tarefa 1 – Considere os três quadrados representados abaixo: a) Reúna os vértices dos quadrados tomados dois a dois respectivamente e verifique o que acontece registrando suas conclusões. A tarefa 1 deve ser entregue impressa aos alunos e, ainda, três quadrados idênticos a estes, porém recortados, pois será necessário para que possam realizar o que se pede. Ao fazerem a sobreposição dos vértices, os alunos devem colar os 30 quadrados em uma folha sulfite, para que, posteriormente, possam dar continuidade ao que se propõe. Figura 13 – Triângulo retângulo esperado no desenvolvimento da tarefa. O professor pode auxiliar os alunos no ato da tarefa para que eles consigam sobrepor os vértices, tomados dois a dois, caso estejam com dificuldades. Com esta tarefa espera-se que os alunos consigam perceber a construção de um triângulo. Ao perceberem isto, como mostra a figura 13, com o auxílio de um transferidor os alunos deverão medir os respectivos ângulos do triângulo, para que seja possível identificar um ângulo de 90º e, consequentemente, reconhecer o triângulo retângulo, onde o lado do quadrado verde e o lado do quadrado azul são as medidas dos catetos e o lado do triângulo vermelho é a hipotenusa. Segue abaixo o Quadro 2 com algumas das possíveis considerações que podem servir de referência para a ação dos alunos e do professor. Ação dos Alunos Ação do professor - Pode ler a tarefa junto com os alunos. - Compreender a tarefa (concluir que se - Verificar se os alunos compreenderam que deve sobrepor os vértices dos polígonos para realizar a tarefa devem sobrepor dois tomados dois a dois). dos vértices desses quadrados tomados dois a dois, respectivamente. 31 - Os alunos podem não lembrar o que é o vértice de um polígono. - Perceber que está se formando um triângulo entre os quadrados. - Os alunos podem não conseguir perceber que entre os quadrados, formou-se um triângulo (ou ainda, que o triângulo formado é retângulo). - Orientar os alunos durante a realização da tarefa, fazendo-lhes perguntas do tipo: “Quem são os vértices do quadrado?”, “Como se faz para sobrepor o vértice de um quadrado com o vértice de outro?”. - Identificar nas ações dos alunos se, eles lembram o que é o vértice de um polígono (relembrar com eles caso os mesmos não se recordem). - Questionar os alunos sobre que tipo de figura geométrica que se forma com a justaposição dos vértices dos quadrados. - O professor pode perguntar aos alunos se, os triângulos são todos iguais ou se é possível classificá-los por suas características diferenciadas. - Sugerir aos alunos que meçam os ângulos to polígono que se formou entre os quadrados após a junção dos vértices. - Verificar se os alunos compreendem quais elementos que possibilitam classificar a figura e se determinam esses elementos com clareza. - Questionar os estudantes sobre quais figuras geométricas eles conhecem. Quais delas são possíveis identificar após ser feita a sobreposição dos vértices? Como é possível classificar que tipo de polígonos são estes? - O professor pode propor uma nova tarefa, com os mesmos objetivos e encaminhamentos, porém, utilizando desta vez, retângulos ao invés de quadrados. Quadro 2 – Quadro de referência para a ação dos alunos e do professor no desenvolvimento da tarefa 1. Fonte: A autora, 2014. Após a realização dessa primeira tarefa, o professor pode propor aos alunos que repitam a tarefa, porém, desta vez, ao invés de quadrados eles terão retângulos e triângulos retângulos. O propósito de se trabalhar com diferenciados polígonos, surge do fato de os alunos não terem conseguido perceber e visualizar os fatos que ocorreram e que, se tinha como objetivo que eles visualizassem na primeira tarefa. Trata-se de um complemento da tarefa, com o intuito de proporcionar aos alunos a percepção de que, os resultados obtidos com os quadrados, irão se repetir com os retângulos e triângulos retângulos, neste caso. 32 b) Repita a tarefa 1, porém, agora, utilizando os retângulos e posteriormente, os triângulos retângulos abaixo: 33 Figura 14 - Triângulo retângulo esperado no desenvolvimento da tarefa. Figura 15 - Triângulo retângulo esperado no desenvolvimento da tarefa. 34 Observação: Nas figuras 14 e 15, é possível que cada aluno construa-a de maneira diferente, pois os lados dos polígonos (retângulo, triângulo retângulo), são diferentes. Após este primeiro momento, é importante discutir com os alunos as percepções que os mesmos tiveram durante a realização da tarefa e, relembrar alguns pontos relevantes, como por exemplo: os polígonos regulares possuem como características, lados congruentes e ângulos congruentes; dados dois polígonos, estes serão semelhantes quando: os ângulos correspondentes tem medidas iguais; as medidas dos segmentos correspondentes são proporcionais; os elementos das figuras são comuns; um polígono será convexo se, e somente se todo segmento de reta, cuja extremidade pertence à região só tem pontos na mesma região. Tarefa 2 – Recorte (se necessário), os quadrados menores (da tarefa anterior) e coloque-os sob o quadrado maior. Verifique o que acontece e registre suas conclusões: Figura 16 – Sobreposição dos quadrados possível no desenvolvimento da tarefa. 35 Neste momento espera-se que os alunos percebam que a área dos dois quadrados menores, verde e azul, é equivalente à área do quadrado vermelho. Caso os alunos perguntem como devem recortar, o professor pode orientálos para que observem que os quadrados estão subdivididos em quadradinhos menores, o que pode facilitar a realização da tarefa. Após a realização desta atividade, o professor deve pedir aos alunos que calculem as respectivas áreas dos quadrados que estão sendo utilizados por eles. Aq = = , sendo Aq a área do quadrado e l a medida do lado do quadrado. Aq = 3 3 = 9 Aq = 4 4 = 16 Aq = 5 5 = 25 36 O Quadro 3 apresenta algumas possíveis considerações que podem servir de referência para a ação dos alunos e do professor no desenvolvimento da tarefa. Ação dos alunos - Perguntar como devem recortar os quadrados (afirmando não terem compreendido o que devem fazer). - Os alunos podem não lembrar como se calcula a área do quadrado. - O quadrado vermelho é igual ao quadrado azul adicionado do quadrado verde. - Perceber que se somarem a área dos quadrados menores será igual à área do quadrado maior. - Os alunos podem simplesmente, dizer que as áreas calculadas foram 9, 16 e 25, respectivamente. - Não concluírem nada a respeito das áreas dos respectivos quadrados. Ação do professor - Questionar os alunos se é necessário recorte os dois quadrados ou é possível sobrepô-los sem recortá-los. Há só uma maneira de fazer esses recortes? É necessário utilizar as subdivisões quadriculadas dos respectivos quadrados para recortá-los? - O professor pode lembrar com os alunos, como é que se calcula a área de um quadrado. - Questionar os alunos, do por que chegaram a essa conclusão? E se tivessem recortado os quadrados de maneira diferente, obteriam os mesmos resultados? - Provocar os alunos: É possível representar isso matematicamente? Como posso fazer isso? - Incentivar os alunos a descreverem esse processo de que justificam as conclusões que obtiveram da tarefa. - Indagar os alunos a respeito da sobreposição dos polígonos após os recortes. O que aconteceu? Foi possível sobrepor conforme se pedia na tarefa? O que é possível verificar a partir disto? Há alguma relação entre estes quadrados? - Propor uma nova tarefa, baseada nos mesmos princípios, porém, utilizando agora retângulos, ao invés de quadrados. Quadro 3 – Quadro de referência para a ação dos alunos e do professor no desenvolvimento da tarefa 2. Fonte: A autora, 2014. O objetivo desta tarefa é fazer com que os alunos percebam as relações entre a área dos polígonos trabalhados respectivamente, ou seja, que a soma da área de dois quadrados menores é igual à área do terceiro quadrado (maior). Após a realização desta etapa, o professor pode propor aos alunos que, realizem novamente esta tarefa, porém, utilizando retângulos e triângulos, para que assim, os alunos possam ampliar suas visões sobre o que de fato está acontecendo e, no caso de não terem chego a nenhuma conclusão anteriormente, possibilitá-los-á novas percepções. 37 Agora repita a tarefa 2, utilizando os retângulos e triângulos retângulos. Figura 17 – Sobreposição dos retângulos no desenvolvimento da tarefa. Cálculo das áreas dos retângulos: Ar = , sendo Ar a área do retângulo e Ar = a medida dos lados. = 18 38 Ar = = 32 Ar = Cálculo da área dos triângulos: At = , sendo At a área do triângulo, b a base e h a altura. At = = At = = 4,5 = =8 = 50 39 At = = = 12,5 A intenção desta tarefa e proporcionar aos alunos a percepção de que, ao adicionar as áreas dos polígonos menores será igual à área do polígono maior. Após a realização da tarefa, discutir com os alunos, como foi que eles fizeram a sobreposição dos polígonos, se há a possibilidade de se fazer de outra forma e se houve dificuldade na hora de calcular as respectivas áreas. Tarefa 3 – Calcule a área dos polígonos abaixo: 6 cm 8 cm 10cm 12 cm 16 cm 20 cm 1 cm 3 2 cm 4 cm 2,66 cm 5 cm 333 3 333 cm 333 333 333 4 cm 5 cm 40 3 cm 4 cm 5 cm Com base nas relações encontradas nas tarefas 1 e 2, o que você pode concluir na tarefa 3? O Quadro 2 apresenta algumas possíveis considerações que podem servir de referência para a ação dos alunos e do professor no desenvolvimento da tarefa. Ação dos alunos - Os alunos podem não conseguir calcular as áreas dos polígonos, pelo fato de não lembrarem-se das fórmulas. - Perceber que as medidas dos respectivos lados dos polígonos são os ternos pitagóricos. - Concluir que em todos os casos a área dos polígonos menores é igual à área do polígono maior, respectivamente. - Os lados dos polígonos são os lados de um triângulo e, este triângulo é retângulo. - Não conseguem perceber se há alguma relação entre as áreas dos polígonos. Ação do professor - Questionar os alunos sobre a área de quais polígonos eles sabem calcular. É possível usar as subdivisões dos paralelogramos e dos hexágonos para calcular as respectivas áreas, utilizando-se do cálculo de áreas que já conhecem? - Incentivá-los e orientá-los até que lembrem-se de como calcula-se as áreas pedidas. - Indagar os alunos do por que, desta afirmação sobre os ternos. Como chegaram a essa conclusão? Que relação há com o triângulo retângulo? - Verificar se os alunos compreendem o que são os ternos. - Provocar os alunos: Como chegaram a essa conclusão? Em todos os casos isto é válido ou somente para estes polígonos? - É possível generalizar matematicamente esta relação? - Incentivar os alunos a transcreverem por escrito, suas afirmações e conclusões desta tarefa. - Pedir aos alunos que retomem a tarefa 1, perguntar à eles se é possível realizar o processo da antiga tarefa, com os polígonos da tarefa 3. - Solicitar que os alunos recortem esses polígonos e realizem as tarefas anteriores, utilizando os polígonos da tarefa 3. - Indagar os alunos até que eles percebam que os processos estão se repetindo para os diversos polígonos e que em todos os 41 casos nos deparamos com triângulos retângulos. - Proporcionar a generalização do Teorema de Pitágoras. Quadro 4 – Quadro de referência para a ação dos alunos e do professor no desenvolvimento da tarefa 3. Fonte: A autora, 2014. O objetivo desta tarefa é fazer com que os alunos percebam que em todos os casos analisados por eles, se adicionarem as áreas dos polígonos menores será igual a área do polígono maior. E desta forma, propiciar a generalização do Teorema de Pitágoras. 4.1 DISCUSSÃO E SISTEMATIZAÇÃO Após a realização da tarefa, fazer uma discussão geral com os alunos, a respeito de todos os processos de resoluções e as suas respectivas conclusões. A discussão terá como foco a compreensão das relações entre as áreas dos respectivos polígonos e a correspondência de seus lados com os lados de um triângulo retângulo. A seleção da ordem dos grupos para a apresentação será feita de acordo com os diferentes procedimentos utilizados na resolução (pictórico, aritmético, algébrico), partindo dos menos algébricos para os que mais (ou completamente) evidenciam uma relação explícita com o Teorema de Pitágoras. Durante as apresentações o professor deve promover a participação dos alunos nas discussões, fazendo questionamentos e enfatizando a percepção dos mesmos sobre os (possíveis) diferentes procedimentos que utilizaram para resolver a tarefa. Ao final das apresentações dos alunos e a discussão das tarefas, o professor deve fazer no quadro a sistematização dos conceitos abordados a partir de comparações das resoluções dos alunos e, posteriormente, a generalização do Teorema de Pitágoras. Há aspectos relevantes que devem ser discutidos e esclarecidos a respeito da validação do Teorema a partir das tarefas desenvolvidas. Dado um triângulo retângulo tem-se que, a área do quadrado formado a partir da medida da hipotenusa será igual à soma das áreas dos quadrados formados a partir da medida do lado dos catetos, respectivamente. Isto vale para todo e qualquer quadrado, desde que, formados a partir das medidas dos lados de um triângulo retângulo. No caso de polígonos regulares esta relação também é 42 válida. Porém, ao tomarmos polígonos não regulares é necessário que a medida dos lados desses polígonos seja proporcional, para que tal relação seja válida. O teorema ainda é válido para figuras circulares, por exemplo, tomando a medida dos lados do triângulo retângulo como sendo o diâmetro da circunferência, a partir daí, constrói-se os semicírculos donde o pode ser feita a aplicabilidade do Teorema de Pitágoras. 43 5 CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR E NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS Apesar das variadas opções para se trabalhar em relação às metodologias e as propostas de ensino, ainda há uma grande resistência por parte dos professores ao tomar a decisão de se propor uma aula diferente. Os motivos para isso são inúmeros: falta de tempo, os alunos não estão acostumados, não se interessam, etc. Contudo, também acreditamos que há certo receio, certo medo, por parte dos professores, pois alguns nunca vivenciaram, nunca participaram de uma aula diferenciada, sendo que outros, já com alguns anos de experiência, nunca ouviram falar e muito menos como se trabalhar, proceder, no decorrer de uma aula que envolva uma Investigação Matemática, por exemplo. Em relação ao desenvolvimento de uma aula investigativa, é evidente que o professor terá mais trabalho. É necessária uma boa preparação no que diz respeito ao conhecimento matemático, pois, ao se trabalhar com Investigações Matemáticas, perde-se um pouco do controle dos encaminhamentos e generalizações dos alunos no que concerne ao que lhes é proposto. Por outro lado, é possível perceber a linha de raciocínio dos alunos através das ações e registros dos mesmos durante as aulas. Caso os alunos não façam nada, o professor deve intervir de maneira a questioná-los e instigá-los a respeito da tarefa que está sendo proposta. Em uma aula expositiva a ação perceptível dos alunos, aparece na realização e resolução do algoritmo, porém, não há como saber se eles compreendem o conceito em questão, ou somente, são capazes de efetuar os cálculos. A partir destas considerações é que preponderamos à importância de se proporcionar uma aula investigativa. O processo didático deve ter como objetivo principal a participação e interação ativa dos alunos durante o processo de construção e validação de um determinado algoritmo. Desta forma será possível que todos (alunos e professores), trabalhem de maneira onde cada um exerce um papel importante e fundamental durante este caminho de formação. Assumindo essa perspectiva “o professor de matemática já não é mais considerado somente como aquele que ensina, nem os alunos como meros sujeitos de um processo de aprendizagem” (CHEVALLARD; BOSCH; GASCÓN, 2001, p. 201). 44 O aluno passa a perceber o que está acontecendo, porque isso acontece, pois, ele participa da construção do processo de resolução e, por si mesmo, sente a necessidade de buscar algo que ainda não conhece. Através desse comportamento, percebe que, não se tratam de fórmulas, mas sim, de construções que possibilitam resolver determinados problemas e fatos em questão. Isto proporciona que os alunos desenvolvam maior habilidade de pensar em diversificadas formas de resolução e o processo de ensino e aprendizagem a eles proposto, reveste-se de qualidade em relação ao conjunto de possibilidades da forma de raciocínio para concluir a tarefa proposta. Essa mudança em relação à metodologia para se trabalhar de maneira diferenciada, utilizando a Investigação Matemática é fundamental para um encaminhamento diferenciado em vários pontos do assunto abordado. Primeiramente, a tarefa matemática deixa de ter um desenvolvimento voltado para a responsabilidade do professor, mas, adquire condições próprias dos seus protagonistas (aluno, professor). Em nossa Proposta de Ensino, tivemos como objetivo exatamente isto, os alunos, por si só, buscariam e construiriam os resultados. O papel do professor era auxiliar de maneira discreta e ponderada para que, os mesmos, através de suas investigações e tentativas (considerando-se os erros e acertos, respectivamente), fossem capazes de avançar e proceder de maneira significativa na construção de seu conhecimento sobre o Teorema de Pitágoras. Chevallard, Bosch e Gascón dizem que, “[...] a visão estanque do professor como ‘aquele que ensina’ e do aluno como ‘aquele que aprende o que lhe é ensinado’ pode evoluir para uma visão na qual os papéis de professor e de aluno são definidos de maneira menos rígida” (2001, p. 2001). Ambos exercem função fundamental durante a realização das tarefas. Isto proporciona aos alunos um maior reconhecimento perante suas descobertas de como proceder na realização da tarefa. Quanto mais os alunos participam e são capazes de verificar os resultados, maior é o interesse dos mesmos pelo assunto em questão. Os processos de construção são fundamentais para que seja possível perceber o que, como e porque está acontecendo, de modo a buscar uma compreensão visível e satisfatória dos fatos. Ao desenvolver esta Proposta de Ensino com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, é possível proporcionar a 45 eles esse momento de integração onde eles serão os responsáveis pela construção de seu conhecimento. Segundo Caraça, quanto mais alto for o grau de compreensão dos fenômenos naturais e sociais, tanto melhor o homem se poderá defender dos perigos que o rodeiam, tanto maior será o seu domínio sobre a Natureza e as suas forças hostis, tanto mais facilmente ele poderá realizar aquele conjunto de atos que concorrem para a sua segurança e para o desenvolvimento da sua personalidade, tanto maior será, enfim, a sua liberdade (1998, p. 62). Ou seja, não basta aprender a fazer, mas sim, como e porque fazer. Nós professores devemos buscar cada vez mais, subsídios para que nossos alunos sejam capazes de compreender de fato, os processos utilizados para a efetivação de um algoritmo. Chevallard, Bosch e Gascón afirmam que: “não é possível, nem para o matemático profissional nem para os alunos de uma série do ensino fundamental, atuar matematicamente com verdadeira eficácia sem entender o que está fazendo” (2001, p.275). Pautados nessas afirmações, nos deparamos com a relevância de se desenvolver tarefas dinâmicas, como as que estão propostas neste trabalho e que possibilitem a integração e participação ativa dos alunos, no processo de construção e resolução da mesma. Desta forma, acreditamos que será possível que os alunos compreendam o conceito do Teorema de Pitágoras, partindo do pressuposto que eles mesmos irão construí-lo através das situações nas tarefas 1, 2 e 3. 46 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando trabalhei o Teorema de Pitágoras, em 2012, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, propus o conteúdo a eles na metodologia de uma aula expositiva e dialogada, devido ao fato de não ter tempo para planejar uma aula diferenciada, apropriando-se da metodologia de Investigações Matemáticas, por exemplo, dentre outros fatores. O que motivou a realização deste trabalho foi a percepção de que os alunos despertaram um grande interesse pelo conteúdo. Devido ao fato de não conseguir verificar se os alunos, de fato, compreenderam o conceito do Teorema de Pitágoras ou, somente, aprenderam a fazer os cálculos de aplicação, senti a necessidade de desenvolver uma aula alternativa, com metodologias diferenciadas, mais especificamente a Investigação Matemática. Busquei uma proposta diferenciada, onde os alunos tivessem a oportunidade de atribuir significados ao Teorema. Embora no referencial teórico discute-se sobre as diversas possibilidades de aplicação do Teorema de Pitágoras, o objetivo das tarefas proposta neste trabalho foi a introdução do conceito do Teorema. A intencionalidade desta Proposta de Ensino visa à compreensão do Teorema de Pitágoras através de construções realizadas pelos próprios alunos, utilizando-se de métodos que caracterizam a Investigação Matemática. Foi de grande valia o desenvolvimento deste trabalho, pois, além de propiciar o conhecimento da parte histórica do tema abordado, também, foi possível esclarecer para quais casos de polígonos o Teorema é válido. Eu particularmente, acreditava que a relação era válida somente para quadrados e não expandia-se para os demais polígonos, conforme vistos no desenvolvimento da pesquisa. Além disso, foi desenvolvida uma proposta de ensino, a qual acredita-se que, ao ser desenvolvida com os alunos poderá trazer resultados significativos para a compreensão dos mesmos sobre o Teorema de Pitágoras. Através desta pesquisa foi possível perceber que ao utilizar a Investigação Matemática podemos analisar toda a linha de pensamento do aluno sobre determinada questão, o que não é possível em uma aula expositiva e dialogada. Isto é, de fato, extremamente importante, para que, o professor seja capaz de perceber onde estão as dificuldades 47 de seus alunos e, para que os alunos tenham a oportunidade de expor suas ideias e compartilhar suas experiências. 48 REFERÊNCIAS BOYER, C. B. História da Matemática. São Paulo, SP: Edgard Blucher Ltda, 1974. CARAÇA, B. de J. Conceitos Fundamentais da Matemática. Lisboa, Ed. 2. Gradiva, 1998. COELHO, A. de B. Teorema de Pitágoras: Qual a sua importância para o Ensino das Ciências da Natureza? 2010. Dissertação (Mestrado em ensino de Ciências na Educação Básica). Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”. CHEVALLARD Y.; BOSCH M.; GASCÓN J. Estudar Matemática: O elo perdido entre o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre, Artmed, 2001. EVES, H. Introdução à História da Matemática. Campinas, SP: Unicamp, 2004. MARQUES, S. C. A descoberta do Teorema de Pitágoras. São Paulo, Livraria da Física, 2011. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Paraná, 2008. PEREIRA, L. H. F. Teorema de Pitágoras lembranças e desencontros na matemática. Passo Fundo, UPF, 2002. PONTE, J. P. da; BROCARDO, J.; OLIVEIRA, H. Investigações Matemáticas na Sala de Aula. Belo Horizonte, Autêntica, Ed. 2, 2009. STRAPASON, L. P.; BISOGNI, V. Investigação Matemática na Sala de Aula: Experiência com alunos do Ensino Médio sobre sucessões numéricas. X Encontro Nacional de Educação Matemática, Salvador, 2010. 49 ANEXO A – TAREFA 1 50 Tarefa 1 – Considere os três quadrados representados abaixo: a) Reúna os vértices dos quadrados tomados dois a dois respectivamente e verifique o que acontece registrando suas conclusões. b) Repita a tarefa 1, porém, agora, utilizando os retângulos e posteriormente, os triângulos retângulos. 51 52 ANEXO B – TAREFA 2 53 Tarefa 2 – Recorte (se necessário), os quadrados menores (da tarefa anterior) e coloque-os sob o quadrado maior. Verifique o que acontece e registre suas conclusões: 54 ANEXO C – TAREFA 3 55 Tarefa 3 – Calcule a área dos polígonos abaixo: 6 cm 8 cm 10cm 12 cm 16 cm 20 cm 1 cm 3 2 cm 4 cm 2,66 cm 5 cm 333 3 333 cm 333 4 cm 333 5 cm 333 3 cm 4 cm 5 cm Com base nas relações encontradas nas tarefas 1 e 2, o que você pode concluir na tarefa 3?